a intervenção fisioterapêutica na manutenção de um estilo …...primária e da fisioterapia...
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1Pós-graduando em traumato-ortopedia com ênfase em terapias manuais. 2Mestrando em Bioética e Direito em Saúde, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Graduada
em Fisioterapia.
A Intervenção Fisioterapêutica na Manutenção de um Estilo de
Vida Ativo no Idoso Ádria Táyna Lima Nogueira
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airda_18@hotmail.com
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em ortopedia e traumatologia com ênfase em terapias manuais – Faculdade Ávila
Resumo
O artigo científico com o tema A Intervenção Fisioterapêutica na Manutenção de um
Estilo de Vida Ativo no Idoso procura exemplificar como a fisioterapia pode ser
benéfica na vida do idoso para a manutenção da sua qualidade de vida. Como objetivos
específicos de estudo abordaremos métodos e técnicas de como o idoso pode ser
tratado humanizadamente, cuidados a serem seguidos, modos de como o idoso pode
influenciar positivamente no seu tratamento, ajudando desta forma o fisioterapeuta,
conselhos práticos a serem seguidos tanto pelo fisioterapeuta como para o paciente, a
importância da avaliação funcional e mental, recomendações úteis na vida diária,
mensurações da qualidade de vida, bem como fatores que influenciam a qualidade de
vida. O artigo se justifica à medida em que proporcionará conhecimentos sobre esta
fase da vida, permitirá outras discussões na área da saúde e vai, também, alertar as
pessoas sobre uma melhor qualidade de vida onde se pode desfrutar através da atuação
primária e da fisioterapia preventiva. Para o desenvolvimento da pesquisa utilizaremos
a revisão bibliográfica, através de acervo público, artigos, monografias e teses
retiradas da internet de fontes seguras como Scielo, Pubmed e Lilacs.
Palavras-chave: Idoso; Fisioterapia; Qualidade de vida.
INTRODUÇÃO
O referido artigo científico retrata de forma clara e objetiva os modos que a intervenção
fisioterapêutica pode ser atuada na manutenção do estilo de vida ativo no idoso.
O indivíduo ao envelhecer necessita de cuidados especiais nessa época da vida mesmo
com a ausência de patologias, no caso do idoso sadio, pensando nesse fator
desenvolvemos uma pesquisa científica com um enfoque voltado para as maneiras que
esse idoso necessita da intervenção fisioterapêutica sem deixar de lado as alterações
anatômicas que esse período carrega consigo, além de possíveis patologias que podem
estar afetando este idoso, Freitas (2006).
Na fase idosa os sistemas apresentam dificuldades normais como diminuição da
flexibilidade articular, perda de massa e força muscular, diminuição do reflexo de tosse
entre outras de acordo com O’Sullivan e J. Schmitz (2010).
No artigo, abordaremos métodos e técnicas de como o idoso pode ser tratado
humanizadamente, cuidados a serem seguidos, modos de como o idoso pode influenciar
positivamente no seu tratamento, ajudando desta forma o fisioterapeuta, conselhos
práticos a serem seguidos tanto pelo fisioterapeuta como para o paciente, a importância
da avaliação funcional e mental, recomendações úteis na vida diária, mensurações da
qualidade de vida, bem como fatores que influenciam a qualidade de vida. O artigo se
justifica na medida em que proporcionará conhecimentos sobre esta fase da vida,
permitirá outras discussões na área da saúde e vai, também, alertar as pessoas sobre uma
melhor qualidade de vida, que se pode desfrutar através da atuação primária e
fisioterapia preventiva.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Apesar de ser o envelhecimento um fenômeno comum a todos os seres vivos
animais, surpreende o fato de que ainda hoje persistam tantos pontos
obscuros quanto à dinâmica e à natureza desse processo[...] Pode-se
considerar o envelhecimento, como admite a maioria dos gerontologistas,
como a fase de todo um continuum que é a vida, começando esta com a
concepção e terminando com a morte[...] De qualquer forma, a demarcação
entre maturidade e envelhecimento, a qual este período aparentemente segue,
é arbitrariamente fixada, mais por fatores socioeconômicos e legais do que biológicos (FREITAS, 2006).
Para Komatsu (1996 apud RODRIGUES & DIOGO, 1996) envelhecer, nos dias de
hoje, não é mais exceção, é regra. Vivemos um momento caracterizado pela transição
demográfica e pelo rápido envelhecimento populacional.
Contrariamente ao que possa aparecer, a prevenção no idoso não só é
possível como absolutamente necessária. Não se trata de encontrar soluções
espetaculares, uma vez que a velhice não pode ser detida, mas tentar que o envelhecimento se faça o mais lentamente possível: que a velhice não nos
ultrapasse(RUIPÉREZ, 1998).
Para os seguintes autores (RODRIGUES & DIOGO,1996) acerca do envelhecimento:
O envelhecimento é um processo universal, é um termo geral que, segundo a
forma em que aparece, pode-se referir a um fenômeno fisiológico, de comportamento social, ou ainda cronológico, isto é, de idade. É um processo
em que ocorrem mudanças nas células, nos tecidos e no funcionamento dos
diversos órgãos. O homem em desenvolvimento durante o ciclo da vida é um
ser biopsicossocial, podendo sofrer influências e influenciar o ambiente em
que vive, num processo de adaptação, em suas relações com o mundo. O
ambiente físico, político e cultural em que o homem estiver situado pode
facilitar ou dificultar o processo de adaptação, acelerando ou retardando o
envelhecimento.
“O envelhecimento é um processo biológico diferente de qualquer doença, onde
popularmente é confundido erroneamente, que todo idoso é necessariamente doente...”
(PAPALÉO NETTO, 2004).
Podemos classificar de acordo com Shephard os idosos por faixa etária em indivíduos
de meia-idade, onde ocorre perda da função de 10 a 30% comparando-se à pessoa
quando jovem adulto; velhice, geralmente referente ao período da aposentadoria,
ocorrendo perda de função sem grandes danos à homeostasia, estendendo-se de 65 a 75
anos de idade e é descrita como início da velhice; velhice avançada, é o período em que
acorre dano substancial das funções quando se é adquirido muitas tarefas, estendendo-se
de 75 a 85 anos e é descrita como velhice mediana; velhice muito avançada, caracteriza-
se pelo estágio em que o idoso necessita de cuidados institucionais, ou de enfermagem,
ou ambos, geralmente os indivíduos estão acima de 85 anos de idade, (2003, p.4).
Podemos observar que na anatomia e fisiologia do idoso ocorrem importantes
transformações que alteram sua qualidade de vida, das quais podemos delinear
alterações musculoesqueléticas e respiratórias de acordo com O’Sullivan e J. Schmitz
(2010).
O envelhecimento e associado a uma diminuição progressiva na altura em
posição ereta. A maioria das pessoas também demonstra um aumento no
conteúdo de gordura corporal e uma diminuição na massa magra dos tecidos.
Ha uma progressiva atrofia dos músculos esqueléticos, uma perda de
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minerais ósseos e, frequentemente, uma restrição da mobilidade das
articulações(SHEPHARD, 2003, p.59).
Nos idosos a estrutura começa a diminuir a partir dos 40 anos acerca de 1 cm por
década, devido a diminuição dos arcos do pé, aumento das curvaturas da coluna
vertebral pelo fato de surgirem alterações nos discos intervertebrais (CARVALHO
FILHO e NETTO, 2004).
Segundo (SHEPHARD, 2003):
Em geral, tendões e ligamentos são fortalecidos por um programa de
atividade física moderada. Todavia, por causa de deteriorações relacionadas à
idade na estrutura do colágeno, diminuição no diâmetro das fibrilas do tendão
e um decréscimo na força de função no ponto de inserção óssea, há perigo de
que o treinamento excessivamente intenso provoque lesões nos tendões e
ligamentos, incluindo, em alguns casos, uma grave ruptura de tendão.
De acordo com o autor (RUIPÉREZ, 1998):
Os idosos devem receber cuidados de qualidade, com o mesmo apoio dos
demais indivíduos, sem discriminação pela idade. Embora, em muitos casos,
não possam recuperar plenamente a saúde, a eles deverão sempre ser
proporcionados os meios que garantam o seu bem-estar e conforto.
O envelhecimento está associado a uma variedade de limitações físicas e psicológicas.
Frequentemente, isso torna difícil para os indivíduos desempenhar certas ações.
Dependendo de sua motivação, circunstâncias ambientais e reações à incapacidade,
aqueles que são assim afetados podem também ficar inválidos. A consequência de tal
invalidez é uma deterioração na qualidade de vida, Shephard (2003).
Fonte: (O’SULLIVAN; J. SCHMITZ, 2010)
Imagem 001 – idoso realizando exercícios devido sua perda da funcionalidade locomotiva
Podemos observar que nos adultos mais velhos pode haver alterações relacionadas à
idade, que por sua vez afetam a flexibilidade articular dentre as quais incluem maior
viscosidade do fluido sinovial, endurecimento das cápsulas articulares e ligamentos e
calcificação da cartilagem articular para O’Sullivan e J. Schmitz (2010).
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A velhice para Rodrigues e Diogo (1996), é um período de constantes mudanças, dentre
as quais podemos citar as estruturas de locomoção e o sistema respiratório, pois os ossos
ficam mais frágeis podendo evoluir para fraturas; perda de massa e força muscular,
gerando desequilíbrio que leva o idoso a apresentar uma marcha lenta e arrastada, além
de regredir quanto a agilidade; em relação as alterações no sistema respiratório resultam
por apresentarem uma respiração menos profunda, diminuição do reflexo da tosse e de
sua eficácia, facilitando desta maneira o aparecimento de infecções pulmonares.
Para que ocorra um tratamento humanizado devemos seguir as seguintes recomendações
na vida diária como aceitar a pessoa como ela é, agir de modo sereno e competente,
sendo amável embora firme em suas decisões e tratamentos, chamar o paciente pelo
nome, não empregar uma linguagem infantil ao comunicar-se com o idoso, o
profissional deve identificar-se pelo nome e pela especialidade, respeitar a
individualidade de cada idoso, estar disponível para escutar, dar apoio e esclarecer o que
não foi entendível para o idoso, estabelecer um diálogo calmo sem pressões, pois os
idosos costumam responder intercalando pausas, responder às perguntas de forma
simples, breve e lentamente evitando confusões no entendimento, manter o contato
visual e tátil com o paciente, não elevar a voz, a menos que o paciente tenha uma
hipoacuasia, os pacientes inconscientes devem ser tratados como se estivessem
acordados, o paciente recém internado necessita de um bom acolhimento e informações
sobre o ambiente físico que o rodeia, respeitar sua intimidade, estabelecer um plano de
cuidados diários, levando em consideração seus hábitos e preferências, até onde for
possível, estimular o idoso a intervir nos seus cuidados, dando-lhes tempo suficiente
para que complete a atividade, mostrar otimismo e interesse pelo bem-estar do idoso e
de sua família, pois a imaginação e o entusiasmo são contagiantes segundo Ruipérez
(1998).
“A avaliação do ambiente é um fator importante para facilitar transição do paciente para
sua casa, trabalho e comunidade” (O’SULLIVAN; J. SCHMITZ, 2010).
Em relação à função social segundo (SHEPHARD, 2003, p.313):
Há relativamente poucas informações sobre interações entre a atividade física
e o funcionamento social. Entretanto, é amplamente reconhecido que muitas
pessoas idosas vivem muito solitárias e têm vidas isoladas. Uma razão para
esse isolamento social é que os idosos frágeis não têm força física necessária
para dirigir-se à comunidade, encontrar as pessoas e participar de eventos.
Uma melhora da condição física poderia obviamente auxiliar a preencher essa necessidade e, se a atividade tomar a forma de um programa de grupo,
ela também fornece uma fonte mais direta de apoio e interação social.
Fonte: Fonte: (O’SULLIVAN; J. SCHMITZ, 2010)
Imagem 002 – Banheiro nos padrões de acessibilidade para pacientes cadeirantes
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A relação entre o profissional e o idoso deve proceder acompanhada de uma boa prática
profissional evitando o reflexo de um preconceito social em tratá-los como crianças,
negando-lhes sua individualidade e capacidade. Geralmente, os idosos são considerados
inválidos, tolos egoístas, teimosos dentre outros adjetivos que os próprios aceitam,
dessa forma contribuindo para sua dependência deteriorando sua auto confiança. Outro
fato importante é a tendência em manter oculto as manifestações de dor por parte dos
pacientes e de seus familiares, onde são mecanismos de adaptação absolutamente
normais que facilitam o desabafo e a aproximação entre profissional e paciente para
Ruipérez (1998).
Diversas dificuldades são impostas aos pacientes idosos cadeirantes, aos quais podemos
citar a dependência, diminuição da velocidade e agilidade em realizar suas atividades de
vida diária, entre outros. Para tal eventualidade, contamos com uma grande variedade de
equipamentos adaptativos no mercado, sendo assistido no desempenho em áreas como
banho, cuidados pessoais, vestir-se, preparar alimentos e tarefas gerais relacionadas à
casa (O’SULLIVAN; J. SCHMITZ, 2010).
Para a elaboração de uma conduta fisioterapêutica eficaz a cada tratamento se faz
necessário uma avaliação fisioterapêutica voltada para o idoso.
Todo processo de avaliação guarda muita importância na medida em que
permite a elegibilidade das prioridades para a intervenção. A avaliação
funcional extrapola o diagnóstico orgânico, anatômico e psiquiátrico,
permitindo uma compreensão mais ampla das necessidades do idoso
(FREITAS, 2006).
Fonte: (O’SULLIVAN; J. SCHMITZ, 2010)
Imagem 003 – Amostra de dimensões e características de um quarto acessível
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Para (RUIPÉREZ, 1998, p.30) “a avaliação geriátrica define-se como a quantificação de
atributos e déficits importantes, clínicos, funcionais e psicossociais, com o fim de
elaborar um plano racional de tratamento e utilização de recursos”.
Ao que diz respeito a avaliação gerontológica global realizada pelo fisioterapeuta,
procuramos detectar a interferência de fatores associados ao envelhecimento como
alterações cognitivas, doenças associadas, alterações nos órgãos do sentido, efeitos
adversos de medicações, diminuição da força muscular, limitações articulares dentre
outras complicações que podem vir a mascarar os resultados da aplicação dos
protocolos específicos ao que acredita o autor (FREITAS, 2006).
Podemos alcançar com a avaliação funcional o estado de capacidade ou incapacidade
física do idoso, bem como incapacidade mental e conhecer o grau de independência de
um indivíduo para Ruipérez (1998).
De modo geral a avaliação gerontológica pode ser definida como multidimensional,
entretanto visando prioritariamente a capacidade funcional do idoso que tem sido a sua
chave de atenção, constituindo-se no indicador mais relevante de bem-estar das
populações idosas (FREITAS, 2006).
O bom funcionamento físico, social, cognitivo e emocional além da sensação de
produtividade pessoal e privacidade podem influenciar positivamente ou negativamente
na qualidade de vida de um indivíduo segundo Shephard (2003).
Fonte: (O’SULLIVAN; J. SCHMITZ, 2010)
Imagem 004 – Estratégias para melhorar o controle postural e a mobilidade funcional
A otimização da capacidade mental ao longo da vida permite desenvolver melhor o
funcionamento do cérebro quando é chegada a hora em que o indivíduo se encontra
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idoso. Música, artes, atividades físicas, ciência, filosofia, esportes, matemática, jogos,
diversão, espiritualidade e filantropia são alguns exemplos de áreas de desenvolvimento
humano que podem ser estimuladas ao longo da vida (FREITAS, 2006).
O bem-estar físico atual pode ser considerado como a posição do indivíduo
em um continum que varia da saúde excelente até a doença clínica. A posição do indivíduo ao longo desse contínuo depende do estado funcional, da
presença ou ausência de patologia orgânica e do estado de ânimo
(SHEPHARD, 2003, p.304).
Para adquirirmos um estilo de vida sadio no idoso ativo é necessário que exista
qualidade de vida, onde podemos definí-la na velhice através de quatro dimensões
interrelacionadas. A primeira diz respeito ao contexto físico, ecológico e ao construído
pelo homem, onde o ambiente deve oferecer condições humanas e adequadas à vida dos
idosos. A segunda compete à maneira pela qual cada indivíduo se comporta frente as
adversidades e obstáculos impostos à vida, influenciado pelo contexto histórico cultural.
A terceira, reflete a avaliação da própria vida, valores que foram agregados pelas
expectativas pessoais e sociais. A quarta, significa a satisfação com a própria vida, de
caráter subjetivo de acordo com Lawton (1983 apud FREITAS, 2006).
Shephard (2003) relata que “O envolvimento regular em atividade física pode retardar o
período de tempo em que a capacidade funcional declina até o limiar crítico para perda
de independência”.
O objetivo de incentivar a prática de exercícios é conseguir maior mobilização articular
ao mesmo tempo que se realiza alongamentos musculares, sendo de grande benefício
não apenas para manter a capacidade respiratória e resistência como também evitar o
aparecimento de deformidades. Os exercícios podem ser propostos de modo a respeitar
os limites de cada um, uma vez que nem todos possuem a mesma capacidade e
resistência, devendo evitar fadiga, dor excessiva, movimentos bruscos e intercalando
períodos de descanso com períodos de mobilidade (RUIPÉREZ, 1998).
Ao que diz respeito à auto estima e auto eficácia em alcançar certos objetivos, os
adultos mais velhos mesmo sem ter muitas expectativas em atingir um desempenho
atlético notável, continuam a manter sua satisfação pelo fato de realizarem atividades
intensas com capacidades que valorizam sua independência em relação a indivíduos que
fizeram menos para menter sua condição física (SHEPHARD, 2003).
A intervenção precoce para a manutenção da mobilidade articular, flexibilidade do
tecido, capacidade fisica e de seu funcionamente e de suma importancia para
alcançarmos um estilo de vida ativo seja no idoso, seja no jovem adulto. As tecnicas que
podem ser usadas incluem exercicios de ADM, alongamento muscular e mobilização
articular, podendo-se utilizar de modalidades de aquecimento terapeutico preliminar aos
exercicios com a finalidade de aumentar a temperatura muscular e a elasticidade, além
do alongamento do colágeno. A crioterapia também é de grande valia para esfriar os
músculos, minimizar espasmos musculares e imobilizações fisiológicas que este tende a
apresentar, além de ser adicionado após o alongamento, se necessário, para reduzir a
inflamação do tecido (O’SULLIVAN; J. SCHMITZ, 2010).
Para Ragheb e Griffith (1982 apud Shephard, 2003, p.309):
Observaram que quanto mais alta a frequência de participação em atividades
de lazer mais alto o nível de satisfação com a vida. O significado do lazer, a
atitude em relação a ele e a qualidade do lazer estavam mais intimamente
relacionados à satisfação com a vida do que a mera participação, com os
esportes e atividades ao ar livre mostrando as mais fortes ligações com a
satisfação com a vida.
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A atividade física é uma função vital e essencial para o ser humano podendo ser
comprometida diante de algum trauma ou doenças agudas ou crônicas que afetam as
funções de movimentação articular. Para exercer tal ato, é necessário que o idoso possua
o máximo de independência e que seja orientado em adotar uma conduta de cuidado
pessoal e de atenção ao meio ambiente, bem como envolvendo familiares e amigos
próximos nesta atividade. A movimentação é um dos melhores aliados para combater e
diminuir doenças crônicas que comumente afetam os idosos e suas funções motoras
(RODRIGUES & DIOGO, 1996).
Fonte: (O’SULLIVAN; J. SCHMITZ, 2010)
Imagem 005 – Estratégias para melhorar a locomoção
A cinesioterapia é um dos recursos terapêuticos mais usado pelos fisioterapeutas para a
manutenção da mobilidade articular e funcional do idoso, podendo ser associado a
agentes eletrofototermoterápicos, tais como as correntes elétricas analgésicas e
estimulantes ao infravermelho, à parafina, ao laser, ao aparelho de ondas curtas, ultra-
som, crioterapia e hidroterapia. Faz parte do arsenal que a fisioterapia pode intervir nos
idosos as orientações posturais, exercícios físicos globais e específicos, realizados
individualmente ou em grupo, pois a fisioterapia tanto pode atuar na abordagem do
envelhecimento motor como também na abordagem preventiva para melhorar a
capacidade funcional, diminuir a prescrição de medicamentos, influenciando na
qualidade de vida do indivíduo idoso (FREITAS, 2006).
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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (1948, apud Shephard, 2003)
“reconheceu, cerca de 50 anos atrás, que a saúde não era simplesmente a ausência de
doença: ela implicava um estado de completo bem-estar físico, social e mental”.
As atividades de lazer são fundamentais para os idosos, pois despertam seus aspectos
criativos e concomitantemente estimula a criação de novos contatos, participação ativa
na sociedade, visualizando-os presentes e participantes, tenderá a reconhecê-los e a
valorizá-los (RODRIGUES & DIOGO, 1996).
Podemos intervir na manutenção da qualidade de vida do idoso ativo na proposta de
tratamento voltada para a musicoterapia, onde de acordo com Souza (1997 apud
FREITAS, 2006):
É importante abordar a questão da reabilitação em todos os níveis em que ela
atua. No tratamento musicoterápico, o idoso terá a oportunidade, num
primeiro momento, de setimular suas atividades mnêmicas e, a partir delas,
atingir as demais funções cognitivas. No ato de tocar, cantar, improvisar,
criar e partilhar experiências, entre outras atividades, ele elabora conteúdos
mentais mais complexos a partir de sua produção sonoro-musical. É
estimulando a retomar movimentos corporais, ao mesmo tempo em que vê resgatada a sua memória como um todo.
Atividades de lazer são propostas que devem fazer parte da intervenção fisioterapêutica
na qualidade de vida do geronto. Lazer, como é definido por Dumazedier (1980, apud
RODRIGUES & DIOGO, 1996):
É o tempo que cada um tem para si. Representa o conjunto de ocupações não
obrigatórias às quais o indivíduo pode se entregar de bom grado, ou seja para
repousar, para se divertir, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social ou sua livre capacidade criadora,
depois de liberado de suas obrigações profissionais, familiares e sociais.
Para Hart e colaboradores (1990, apud Shephard, 2003) “A disponibilidade de moradia
adaptada e auxílio simples à vida diária podem fazer uma diferença substancial para a
qualidade desse estágio da vida”.
Ribeiro define (1991, apud Rodrigues & Diogo, 1996):
Só envelhece bem um cérebro que está livre, sem amarras, sem preconceitos,
sem tabus. Que deixa “rolar” a sensibilidade, as emoções, quem cria, quem se
comunica, quem se interessa, quem se deixa conhecer, quem compartilha,
quem se empenha em ser feliz. E, se pensarmos bem, ser feliz é o que
importa (...) só encontra a felicidade quem quer e está disposto a ir a seu
encontro para compartilhá-la com os outros, tenha a idade que tiver.
METODOLOGIA Quanto à natureza do objetivo de estudo, destaca-se a análise dentro de uma abordagem
qualitativa, com a preocupação da qualidade dos resultados obtidos ao término da
intervenção fisioterapêutica nos idosos. Quanto aos fins, classificou-se em descritiva,
por ser aquela que expõe características de determinada população ou de determinado
fenômeno. Quanto aos meios, a pesquisa foi feita através da revisão bibliográfica de
diversos autores e fontes de pesquisa de acordo com Iskandar (2003).
No entanto, essa pesquisa de revisão bibliográfica teve como objetivo através da
literatura, esplanar os inumeros benefícios que a Fisioterapia proporciona na
manutenção do estilo de vida ativo no idoso de acordo com Ruipérez (1998).
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Resultados e Discussão É notório a necessidade que o idoso tem com o envelhecimento e com o passar dos anos
nesta época de sua vida, da presença de uma equipe multiprofissional bem como do
fisioterapeuta para auxiliá-lo durante a presente fase em que se encontram, independente
de pertencerem a um determinado grupo de patologias agudas, crônicas e mesmo sem
nenhuma patologia para Ruipérez (1998).
Grande parte do decréscimo de atividades físicas habituais e o desenvolvimento de
incapacidades e dependências são visualizadas com o envelhecimento. Entretanto, tanto
as modificações nas atividades de vida diária como na qualidade de vida do idoso são
impostas por alterações patológicas, doenças e enfermidades. Um exemplo sugerido é o
aumento da pressão arterial sistêmica durante o envelhecimento, consequência de
alterações biológicas na estrutura das paredes arteriais. Quando é notado um aumento
limiar da pressão sistólica ou diastólica, é então diagnosticado a condição clínica da
hipertensão que pode vir acompanhada de perturbações subjetivas como fortes dores de
cabeça. Similarmente, todos os adultos demonstram uma redução progressiva no
conteúdo mineral ósseo com o envelhecimento (SHEPHARD, 2003).
De modo preventivo, a Fisioterapia pode ser atuante para evitar possíveis incapacidades
e ou complicações que podem atrasar seu desempenho funcional frente suas atividades
de vida diária, atrasar a evolução de complicações existentes melhorando sua função
residual e criando medidas de promoção à saúde para melhora e manutenção do estado
de saúde dos indivíduos, famílias e de diferentes grupos e classes sociais e em
comunidades (RUIPÉREZ, 1996).
Para Pope e Tarlov (1991 apud SHEPHARD, 2003):
É difícil determinar a causa patológica da incapacidade nos idosos, visto que
muitas condições coexistem; no início da velhice e no estágio intermediário
da velhice, doenças crônicas e limitações da mobilidade são predominantes,
porém nos indivíduos extremamente idosos, a limitação substancial consiste
na limitação motivada pela deterioração do intelecto e dos sentidos especiais.
Um fato que merece ser destacado, é que diferentemente de pessoas mais jovens, nos
idosos portadores de doenças, somam-se os efeitos das alterações próprias do
envelhecimento e os decorrentes de modificações advindas das doenças
concomitantemente. Podendo produzir ações deletérias mais acentuadas no idoso de
acordo com Papaléo Netto e Brito (2001 apud FREITAS, 2006).
Com o crescente aumento do envelhecimento da população, se faz necessário a
implementação de programas preventivos e reabilitativos, além do aumento de custos
futuros de cuidados médicos específicos para que possam conter a carga numerosa de
doenças crônicas. Durante o século XX, foram desenvolvidos tratamentos para a maior
causa de mortalidade dos idosos, a pneumonia. Isto levanta o importante tema de
política sanitária. Hoje, os padrões das doenças que mais afetam o idoso modificaram-
se, os tratamentos modernos de doenças terminais através de repetidas diálises renais ou
transfusões sanguíneas permitem períodos longos de sobrevivência (SHEPHARD,
2003).
Para Freitas (2006, p.10):
A distinção entre senescência ou senectude, que resulta do somatório de
alterações orgânicas, funcionais e psicológicas próprias do envelhecimento
normal, e senilidade, que é caracterizada por modificações determinadas por
afecções que frequentemente acometem a pessoa idosa, é, por vezes,
extremamente difícil. O exato limite entre esses dois estados não é preciso e caracteristicamente apresenta zonas de transição frequentes, o que dificulta
discriminar cada um deles.
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Com a chegada do envelhecimento a geriatria, ramo da medicina que se dedica ao idoso,
atua de maneira preventiva, elaborando diagnóstico e tratamento de doenças agudas e
crônicas, para promover sua recuperação funcional e reinserção na sociedade
(RUIPÉREZ, 1996).
Para Shephard (2003, p.287):
Não está claro se uma diminuição na atividade física habitual é uma parte normal do processo de envelhecimento. Entretanto, os seres humanos
também oferecem reforço cultural à idéia de que a atividade física deve
diminuir com o envelhecimento. Em sociedades desenvolvidas, espera-se que
um idoso diminua seu ritmo e “tenha descanso bem merecido”.
Freitas (2006, p. 241) acredita que na atuação de autocuidado aplicado à prática da
atenção à saúde do idoso, pode-se adquirir:
O cuidado primário em saúde é, predominante e basicamente, o autocuidado.
No entanto, há pouca pesquisa sobre esse assunto, particularmente em relação
ao idoso. A diminuição da capacidade funcional, fenômeno característico do
processo de envelhecimento, é a maior causa da perda da independência. O
autocuidado é uma importante estratégia para a manutenção da saúde funcional.
Para Shephard (2003, p.58):
Talvez o maior problema na interpretação de dados gerontológicos seja a
distinção entre o verdadeiro envelhecimento e surtos de doenças. Para muitas
variáveis a linha divisória entre o envelhecimento normal e a patologia é muito tênue, e de fato, bastante arbitrária.
Conclusão O idoso fará parte de grande proporção da população na maioria dos países nos
próximos 50 anos, o que cresce de importância a Intervenção Fisioterapêutica na
manutenção de um estilo de vida.
Ao término desta pesquisa notou-se que é de importante o reestabelecimento da função,
bem como o fator que limitará e retardará a evolução de patologias que afetam o idoso.
Ficou destacado, que a atuação do fisioterapeuta no atendimento ao idoso promove a
manutenção da mobilidade, propicia a máxima independência funcional em tempo livre,
o deslocamento do idoso do leito pelo ambiente, interferindo deste modo em sua auto
estima, no convívio social, satisfação e bem estar geral.
É importante relatar que o aumento crescente da sobrevivência do idoso na atualidade
mereça uma qualidade de vida, principalmente para aqueles que mantenham em dia
algum tipo de atividade física, seja ao nível moderada e regular. Sabe-se que
futuramente vai-se conseguir obter um método efetivo de custos para atingir esse
objetivo, trilhando novas expectativas e oportunidades para profissionais interessados
em atuar no campo da geriatria.
O campo de estudo sobre os idosos e a geriatria em si, é um campo ainda muito carente
de informações e de dados acerca de quando se inicia o envelhecimento e o que poderia
ser usado para evitar e prevenir situações que lhe fossem esperadas como uma das fases
do envelhecimento, uma vez que isso não é possível seja por falta de investimentos
intelectual e financeiro para acolher profissionais interessados nessa modalidade de
ensino.
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Finalmente, pode concluir que a manutenção de um estilo de vida ativo e saudável do
idoso pode passar sim por Intervenção Fisioterapêutica gerando assim inúmeros
benefícios para o ser humano.
Referências BARROS, Camila Miriam Suemi Sato. A Fisioterapia nas Algias da Coluna Lombar – Revisão de
Literatura. Belém, 2008. Disponível em:
<http://www.unama.br/editoraunama/download/latosensu/REVISTA_LATOSENSU_2008.pdf> Acesso
em: 21 de Abr 2013.
BIENFAIT, Maciel. As bases da fisiologia da terapia manual. Editora Summus, 2000.
DANGELO, J. & FATTINI, C. A. Anatomia Humana Básica. São Paulo: Atheneu, 2002.
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