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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÃNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA O PORTADOR DE

NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS – VISUAL DE ANGRA DOS REIS

Marise Braga Corrêa

Orientador: Professor Marco Antonio Chaves

Rio de Janeiro, RJ, agosto / 2001.

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÃNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA O PORTADOR DE

NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS – VISUAL DE ANGRA DOS REIS

Marise Braga Corrêa

Trabalho Monográfico apresentado

como requisito parcial para obtenção

de Grau de Especialista em

Psicomotricidade

Rio de Janeiro, RJ, agosto / 2001.

Agradeço a todos que direta e

indiretamente contribuíram para a

execução desta pesquisa.

Dedico este trabalho de pesquisa a

todos os colegas que têm estado

presentes nesta jornada de pós-

graduação e de trabalho e que

mantêm vivo o espírito de uma

educação baseada no lúdico e na

consciência do movimento.

Onde existe vida existe movimento e onde

existem crianças existe movimento quase

que perpétuo. A criança adquire suas

primeiras experiências sensoriais sobre o

meio ambiente através da exploração.

Wickstrom

SUMÁRIO

Resumo.............................................................................................................5

Introdução..........................................................................................................6

Capítulo l: Histórico...........................................................................................8

Capítulo ll: Do Trabalho Pedagógico a Psicomotricidade...............................10

Capítulo lll: As Atividades Psicomotoras na Expressão Corporal.....19

Conclusão.........................................................................................................25

Bibliografia Recomendada...............................................................................28

Anexos..............................................................................................................29

RESUMO

O presente trabalho apresenta uma pesquisa sobre a

importância da psicomotricidade para os alunos de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, do

Serviço de Educação Visual Especial Portadores de Necessidades Especiais -

Visual da Secretaria Municipal de Angra dos Reis, apresentando um histórico do

serviço, os objetivos pedagógicos traçados pelos professores que envolvem a

área psicomotora e as atividades psicomotoras realizadas pela professora de

Expressão Corporal na aula integrada.

Perceber que as atividades psicomotoras já fazem parte

do processo pedagógico, e que as mesmas devem fazer parte integrante do

processo de desenvolvimento do aluno com necessidades educativas especiais -

visual é o objetivo deste trabalho realizado no decorrer desta pesquisa,

entendendo que a psicomotricidade possibilita o desenvolvimento do esquema

corporal, da coordenação global e fina, da lateralidade da estrutura espaço -

temporal e outros. Procurando despertar o interesse pela descoberta do mundo,

estimulando a iniciativa e a autonomia do portador de necessidades educativas

especiais - visual.

INTRODUÇÃO

O trabalho com atividades psicomotoras com as

crianças portadoras de necessidades educativas especiais – visual, é de grande

valia e quando mais cedo forem realizadas, mais cedo teremos chances de

prevenir outras deficiências secundárias e as despertarmos para atividades

prazerosas e espontâneas.

A criança em atividades livres descobre o seu corpo.

Esta descoberta é fundamental, pois o corpo é o elo obrigatório entre a criança e

mundo.

A psicomotricidade se utiliza dos movimentos para

atingir aquisições mais elaboradas, como as intelectuais, envolvendo portanto a

relação entre pensamento e ação. A psicomotricidade é a base da educação e

reeducação da criança, sendo parte integrante do trabalho pedagógico com os

portadores de necessidades educativas especiais – visual. Para eles a formação

dos esquemas sensório-motores permite a estruturação e a organização da

realidade, através das experiências motoras e da capacidade de percebê-las,

através dos órgãos sensoriais. O conhecimento é constituído através do vivido, do

sentido e do significado que os objetos adquirem.

As atividades devem ser significativas e levar a criança

a construir o seu sistema de significação, organizando as suas ações, para que

possa adquirir suas noções de tempo – espaço – causalidade. O portador de

necessidades educativas especiais – visual tem em sua capacidade de construir o

conhecimento uma dificuldade não apenas pela necessidade que apresenta, mas,

principalmente pela qualidade de troca com o meio. Assim, pelo trabalho com a

psicomotricidade, tentamos compreender as necessidades, facilitar a construção

do conhecimento através de atividades e vivências, que possibilitem o

desenvolvimento do seu esquema corporal, sua coordenação global e fina, sua

lateralidade, sua estrutura espaço – temporal, e outros, procurando despertar o

interesse pela descoberta do mundo, estimulando a iniciativa e a autonomia do

portador de necessidades educativas especiais – visual.

CAPÍTULO I

HISTÓRICO

O trabalho realizado com as pessoas Portadoras

de Necessidades Educativas Especiais Visual, da Secretaria Municipal de

Educação de Angra dos Reis - S.M.E., iniciou em 1999. Falo aqui das pessoas

portadoras de deficiência visual tanto consideradas cegas (perda total da visão),

quanto as que possuem resíduos visuais (subnormal, ou baixa visão).

Desde o início de 1999 algumas ações foram

tomadas para a implantação de um atendimento aos Portadores de Deficiência

Visual, em março do mesmo ano a Secretaria Municipal De Educação de Angra

dos Reis, assinou um convênio de cooperação técnica com o Instituto Benjamin

Constant e durante o primeiro semestre do ano capacitou 15 (quinze) professores

da Rede Municipal de Ensino.

Com o objetivo de promover o desenvolvimento

educacional do aluno com deficiência visual, através da aplicação de uma

dinâmica especial de estudos e de vivências pedagógicas e sociais a Secretaria

Municipal De Educação De Angra Dos Reis, implantou em outubro de 1999 o

programa de atendimento aos Portadores de Necessidades Educativas Especiais -

Visual em 2 (duas) salas da Escola Estadual Conde Pereira Carneiro, cedido pela

Secretaria Estadual de Educação / RJ (S.E.E. /RJ).

Desde sua implantação com atendimento para 10 (dez)

alunos entre eles crianças e adultos até os dias de hoje com 27 (vinte e sete)

alunos, o trabalho vêm sofrendo modificações possibilitando assim a ampliação

dos atendimentos e suas modalidades.

O trabalho desenvolvido tem possibilitado o acesso à

leitura e a escrita, através do sistema Braille; uma vivência mais significativa da

realidade e uma locomoção mais autônoma dos alunos, com as aulas de

Atividades de Orientação e Mobilidade (OM), de Atividades da Vida Diária (AVD) e

de Expressão Corporal.

CAPÍTULO II

DO TRABALHO PEDAGÓGICO A PSICOMOTRICIDADE

O trabalho pedagógico vem proporcionando aos alunos

uma vivência mais significativa da realidade, os profissionais que atuam com os

alunos portadores de deficiência visual acreditam que para possibilitar o

desenvolvimento integral dos mesmos, precisam vivenciar junto às possibilidades

que a realidade individual oferece.

O ATENDIMENTO E SUAS MODALIDADES

Por atendimento entende-se a classe de Educação

Especial e Sala de Recursos.

Por modalidades o que a sala de recursos oferece: as

Atividades da Vida Diária, de Orientação e Mobilidade, a Expressão Corporal, a

leitura e escrita em Braille, a Reabilitação e o Programa Educacional Alternativo.

Observando os objetivos da Sala de Recursos vê-se

que muitas atividades psicomotoras são realizadas pelos professores no seu dia a

dia em sala de aula. Diante disto percebe-se uma grande preocupação e uma

inquietação dos professores em busca de um conhecimento em Psicomotricidade

e da possibilidade de se criar à modalidade, dentro da Sala de Recursos, do

trabalho específico com a Psicomotricidade.

Dentro dos objetivos das atividades de Orientação e

Mobilidade, do Programa Educacional Alternativo e de Expressão Corporal, fica

bem visível que a área psicomotora faz parte do dia a dia dos alunos.

De início veremos os objetivos das atividades de

Orientação e Mobilidade, a seguir os do Programa Educacional Alternativo e o de

Expressão Corporal.

As atividades de Orientação e Mobilidade, entendendo

que orientação vem da construção das noções de espaço e temporalidade

vivenciadas pelo indivíduo entre seu corpo e o ambiente e lhe dá a habilidade de

reconhecer o ambiente que o rodeia; e que a locomoção se dá quando há o

movimento físico intencional do indivíduo de ir de um lugar ao outro.

Entendendo o que vem a ser as Atividades de

Orientação e Mobilidade vamos aos objetivos traçados pelo Serviço de Educação

Especial da Secretaria Municipal de Angra dos Reis para os Portadores de

Necessidades Educativas Especiais - Visual em conjunto com os professores da

área.

Objetivos gerais:

• Estimular a auto confiança e auto disciplina para que o Portador de

Deficiência Visual possa caminhar independentemente;

• Proporcionar a habilidade do aluno em reconhecer ambiente que o cerca a

partir da construção de noções temporais baseadas nas relações

vivenciadas entre seu corpo e o ambiente;

• Estimular o movimento do aluno de um lugar para o outro, através de uma

ação física intencional, objetivando sua segurança e autonomia.

Objetivos específicos:

• Inserir a técnica de proteção para que os alunos adquiram maior segurança

e tenham noção dos obstáculos e de pontos de referência imprescindíveis

para a locomoção;

• Identificar “pontos de referência” e “pistas” do meio ambiente;

• Deslocar-se para sondagem do ambiente escolar;

• Reconhecer “pontos de referência” e “pistas” do meio ambiente;

• Orientar-se na sala de aula e nas dependências da escola, utilizando

“pontos de referência” e “pistas”;

• Utilizar “pontos de referência” e “pistas” do meio ambiente;

• Deslocar-se demonstrando o conhecimento e domínio do ambiente escolar;

• Situar o corpo no meio ambiente;

• Deslocar-se no ambiente, com indicações de distância, familiarizando com

as técnicas de “rastrear” e do “guia vidente”;

• Controlar o deslocamento do corpo no ambiente;

• Utilizar técnicas de “rastrear” e do “guia vidente” no deslocamento;

• Dominar o deslocamento do corpo com segurança;

• Deslocar-se com desembaraço no ambiente escolar, utilizando técnicas de

“rastrear” e do “guia vidente”;

• Familiarizar com a pré-bengala a fim de indicar os obstáculos facilitando

assim sua locomoção;

• Proporcionar atividades que desenvolvam a capacidade para elaborar e

utilizar mapas mentais;

• Utilizar mapas mentais para deslocar-se com segurança;

• Deslocar-se com desenvoltura no ambiente escolar;

• Utilizar corretamente as técnicas da bengala no seu dia a dia.

• Diferenciar objetos:

Ü Fixos: escadas, portas, postes, armários embutidos, ar condicionado.

Ü Móveis: carros, bicicletas, móveis, latas de lixo.

Ü Movimento: carros, balanço, etc.

• Reconhecer e empregar corretamente as técnicas de:

Ü Subir e descer escadas fixas e rolantes;

Ü Entrar e sair de um carro;

Ü Passar atrás da porta:

Ü Entrar na fila e sentar-se no auditório;

Ü Aproximar-se e sentar-se numa cadeira;

Ü Acrescentar polidez social às técnicas ensinadas;

Com o desenvolvimento das noções espaço - temporais

mais complexas o portador de deficiência visual começará também a aprender a

locomover-se com mais independência usando técnicas e recursos específicos

para conseguir sua segurança e autonomia como indivíduo.

A postura do portador de deficiência visual apresenta

quase sempre problemas como: marcha rígida sem balanço fisiológico reflexo do

braço e outros comportamentos. Sendo assim as atividades psicomotoras que

tenham como objetivo uma melhor distribuição do peso corporal, maior exploração

dos pontos de apoio poderá educar seus movimentos proporcionando um andar

mais harmonioso.

A Expressão Corporal faz parte da sala de recurso,

uma necessidade apresentada pelos professores, que ao trabalhar com os alunos

perceberam suas dificuldades de locomoção, de postura e de expressão desse

corpo tão acostumado a posições sem muita movimentação (sentados ou

deitados), pelo cuidado dos responsáveis em proteger o portador de necessidades

especiais acreditando estar oferecendo o melhor enquanto educação e poupando-

o de situações que venham oferecer risco ou decisões em sua vida.

Os objetivos traçados nesta área foram pensados no

sentido de se garantir atividades básicas que venham a oferecer ao aluno uma

oportunidade de expressar, através do corpo, experiências vividas como: correr,

pular, brincar livremente, dançar, jogar bola.

Objetivos gerais:

• Utilizar o potencial sensorial e psicomotor;

• Desenvolver a auto – estima;

• Estimular a autonomia e a independência;

• Possibilitar o acesso à prática da atividade física como fazer e reabilitação;

• Superar a limitação psicomotora apresentada;

• Desenvolver habilidades físicas como: coordenação, ritmo e equilíbrio;

Objetivos específicos:

a) Esquema corporal:

• Descobrir as possibilidades de expressão de movimentos das diferentes partes

do corpo;

• Definir sua dominância lateral, identificando e utilizando os termos direita e

esquerda (em relação a si, aos outros e aos objetos);

• Perceber o corpo como instrumento de auto – expressão;

• Incentivar a prática de atividades físicas para manutenção da saúde, valorizar

brincadeiras populares como elástico, amarelinha, cantigas de roda,

desenvolvidas adaptadas à realidade;

• Desenvolver os movimentos naturais andar, correr, pular, etc.

• Permitir o uso de esquemas motores secundários: bater, puxar, sacudir,

empurrar e levantar objetos de diferentes texturas, pesos e consistência;

• Explorar objetos fazendo movimentos corporais para reconhecer formatos,

texturas, sons, cheiros e sabores;

• Coordenar esquemas motores testando as possibilidades do próprio corpo;

b) Orientação espaço temporal:

• Orientar-se no espaço discriminando direção e dimensão;

• Identificar e executar movimentos, observando as diferentes velocidades e

trajetória no deslocamento do corpo e objetos;

• Utilizar recursos sensoriais, perceptivos e cognitivos;

• Perceber a necessidade de organização individual e coletiva para o

desenvolvimento de brincadeiras e jogo em espaços determinados;

• Valorizar objetos que caíram ao lado, à frente, atrás e embaixo do seu corpo;

• Promover jogos como passar por dentro de arcos, tubos, de cima para baixo,

nomeando as posições;

• Andar em passos lentos, rápidos com marcação rítmica do som sozinho e

acompanhando colegas;

c) Transformação:

• Descobrir diferentes formas de lidar com brinquedos (arcos, corda, bolas e

bonecas).

• Participar de atividades corporais de conteúdo expressivo como a dança e

dramatizações;

• Criar atividades de interação com o meio (visitas externas, integração com a

educação de surdos);

• Ampliar recursos expressivos de gestos do cotidiano;

• Imitar movimentos e gestos da professora, colegas, apalpando para

identificação (trabalho de espelho);

• Descobrir e conhecer as possibilidades da pessoa cega no campo desportivo

encorajando-os a prática.

O Programa Educacional Alternativo veio com o

objetivo de proporcionar oportunidades para o pleno desenvolvimento dos

Portadores de Necessidades Educativas Especiais - Visual, que por motivos de

não terem freqüentado a escola desde cedo ou um atendimento especializado

adquiriram desvios não inerentes à deficiência visual e sim conseqüência da

falta de estímulos na infância, bem como sua integração e participação em seu

grupo social (família, escola, comunidade).

Com esta modalidade na sala de recursos os alunos

freqüentam a escola com um programa mais adequado as suas necessidades,

já que os mesmos não apresentavam condições de uma participação

satisfatória na Classe Especial.

O programa educacional alternativo trabalha com

três áreas que são chamadas de: área sócio – afetiva, área cognitiva e área

psicomotora.

Os objetivos aqui apontados são da área

psicomotora por se tratar do tema em questão:

Objetivos específicos:

a) Esquema corporal:

• Auxiliar o aluno a adquirir boa noção de espaço e lateralidade e boa orientação

em relação a seu corpo, aos objetos e pessoas;

• Coordenar mudanças de postura e movimentos;

• Utilizar seu corpo demonstrando lateralidade definida e noção de direita e

esquerda;

• Demonstra domínio da coordenação de movimento globais e parciais do corpo;

• Promover situações onde o aluno ande com segurança;

• Discriminar a posição das pessoas e objetos entre si;

• Distinguir identificando os objetos formando pares.

b) Coordenação motora grossa:

• Realizar movimentos que envolvam braços, pernas e troncos;

• Desenvolver no aluno as habilidades para manusear, apanhar, segurar,

largar, empurrar, puxar, abrir, fechar, encaixar, empilhar, arremessar, rolar;

• Manipular objetos através do tato global, analítico: cortar, separar e juntar;

• Dominar o corpo nas ações que exijam equilíbrio;

• Demonstrar controle dos movimentos;

c) Coordenação motora fina:

• Executar movimento dos braços, antebraços e mãos;

• Realizar movimentos com as mãos;

• Executar movimentos simultâneos e alternados com as mãos;

• Coordenar e controlar movimentos das mãos, dedos, braços e antebraços;

• Realizar movimentos de pinça;

Percebe-se que as atividades psicomotoras

estão intimamente ligadas a vida do deficiente visual que desde muito cedo deve

ter contato com o mundo através da estimulação sensório motora. Pois como as

crianças videntes que imitam desde cedo o que os adultos fazem, criando assim

seu mundo de faz de conta ou movimentando-se em busca dos objetos,

engatinhando para o que ela deseja, com isso desenvolvendo sua musculatura

corporal, a criança cega permanece por muitas vezes indiferente com o ambiente,

as coisas e as pessoas que a cercam. Um portador de deficiência visual que não

tenha sido estimulado, quando criança, e ou não tenha freqüentado um serviço

especializado desde cedo pode apresentar uma dificuldade em sua atividade

psicomotora.

CAPÍTULO III

AS ATIVIDADES PSICOMOTORAS NA EXPRESSÃO CORPORAL.

Dentro do trabalho com a expressão corporal o

professor visa não só a integração da criança cega, mas principalmente o

conhecimento de seu corpo e suas possibilidades. Neste sentido ele proporciona

as atividades de esquema corporal, de relaxamento, além das atividades livres e

lúdicas tanto dentro do ambiente escolar, quanto no ambiente externo (parquinho,

praia, campo de areia e outros).

Uma grande possibilidade criada pelos professores do

serviço de atendimento aos alunos portadores de necessidades educativas

especiais - visual de Angra dos Reis foi à aula integrada onde todos os alunos e

professores participam juntos.

As experiências vivenciadas levam cada um a perceber

o seu corpo em movimento, mudando de posição nas brincadeiras, e esta relação

do seu corpo com o movimento por ele produzido, leva-o a conhecer suas

possibilidades corporais.

Este conhecimento sensível do seu corpo por

intermédio das experiências vivenciadas, principalmente nas brincadeiras,

possibilita o portador de necessidades educativas especiais - visual a superar

sua limitação psicomotora dando-lhe um conhecimento de: imagem corporal

(percepção do corpo); conceito do corpo (advindo do social); e esquema corporal

(conhecimento físico do próprio corpo ).

As atividades preparadas para a aula integrada são

sempre lúdicas e exploratórias, os jogos e as brincadeiras ajudam a reconhecer as

possibilidades de cada um e a desenvolver o raciocínio e o pensamento.

As atividades com o “pet - guia”, brinquedo

confeccionado para o auxilio do trabalho de locomoção, onde o aluno segue de

um lado ao outro sem a ajuda da bengala ou do guia vidente, proporciona uma

maior segurança ao aluno cego quando o mesmo começar a se locomover

sozinho com a sua bengala.

Figura 1 - Trabalhando deslocamentos (frente, para trás), com o “pet – guia”.

A atividade de construção de objetos com massa de

modelar, argila ou barro, permite a criança cega a experimentar sensações táteis,

além de desenvolver o seu pensamento, de exprimir suas idéias e emoções.

Figura 2 - Brincando de modelagem com barro.

As brincadeiras populares como brincadeiras de roda, “mamãe posso ir” devem

ser valorizadas como espaço de troca, ou seja, de dar e receber, dividir e

emprestar e principalmente pelo convívio em grupo.

Figura 3 - Brincando com as cantigas de roda.

As atividades em grupo proporcionam uma troca de

experiência muito boa e valiosíssima, pois cada um passa a confiar mais no outro

e em si mesmo, aprendendo a brincar e a atuar em grupo trocando o isolamento

por novas amizades.

Figura 4 – Fazendo amigos.

Se para uma criança vidente as brincadeiras são de

fundamental importância, para a criança cega é essencial, pois permite que ela

vivencie experiências diversificadas. Neste sentido não só a escola estará

proporcionando momento para que isto aconteça, mas o responsável por ela

deverá ser orientado na tarefa de ensinar a brincar. Deverá levá-la a brincar com

objetos além dos convencionais como carrinho e as bonecas e sim com sucatas,

caixas, areia, lama, brinquedos de madeiras e outros. Com isto estarão também

desenvolvendo um fino e precioso tato além do gosto pelo brincar. Outro contato

muito importante é com as brincadeiras nos parquinhos, praias ou outro lugar com

outras crianças que a ajudará na socialização com o meio evitando que ela

brinque sempre sozinha ou com os adultos que a cerca.

Figura 5 - Brincando na cachoeira.

CONCLUSÃO

Nota-se que todas ações envolvem o desenvolvimento

psicomotor, voltando ao tempo e pensando sobre o homem primitivo, suas

atividades diárias como a caça, a pesca, a colheita de alimentos necessitava de

agilidade, força, velocidade e coordenação, práticas essenciais à continuidade do

grupo, até as atividades de recreação, os ritos cerimoniais e de dança para

exaltação aos Deuses eram atividades também desenvolvidas pelos mesmos. E

os movimentos foram se estruturando de forma a ficar mais precisos e úteis.

O homem, hoje, necessita de um bom domínio corporal,

de sua lateralidade bem definida, da apropriação do jogo simbólico, de uma boa

percepção auditiva e visual, percepção de formas, domínio dos diferentes

comandos psicomotores como equilíbrio, coordenação fina e global, orientação

espaço – temporal e poder de concentração. Habilidades aprimoradas com o

tempo para uma melhor adaptação ao meio em que vive.

O ser humano de um modo geral portador ou não de

diferenças, apresentam suas características básicas. O papel de integrar o ser

humano, dentro do possível, no meio em que vive é a grande questão. Como

educadores e ou psicomotricistas devemos assumir como tarefa à

responsabilidade de lidar com as diferenças.

O correr, saltar, escalar, levantar peso, carregar,

pendurar, arremessar são movimentos inerentes ao homem. A criança em suas

atividades espontâneas movimenta-se naturalmente, não necessitando de ser

ensinada, mostra-se ativa.

Com o portador de necessidades educativas especiais -

visual, estes movimentos muitas vezes ficam prejudicados, não só pela própria

deficiência, mas, principalmente, pela qualidade de troca com o meio. Assim pelo

trabalho psicomotor procura-se proporcionar atividades, vivências para despertar

sua curiosidade, seu jogo simbólico, a sua descoberta de mundo, estimulando sua

iniciativa e autonomia.

O trabalho psicomotor com o portador de necessidades

educativas especiais - visual deve proporcionar condições favoráveis para o seu

desenvolvimento numa relação interpessoal, corporal e afetiva.

O ambiente para o trabalho psicomotor também poderá

existir de forma adequada como: Ter uma sala ampla para o desenvolvimento das

vivências e onde possa se encontrar materiais de uso convencional; como

bonecos, bolas, bem como os não convencionais como as almofadas, os tecidos,

colchões, bambolês e outros.

Este espaço é uma luta no processo de ampliação do

serviço de educação especial para o portador de necessidades educativas

especiais - visual de Angra dos Reis e uma grande preocupação pela necessidade

de existir um profissional que realize este trabalho, que hoje é feito pelos

professores apenas dentro de suas modalidades.

Percebe-se que há um grande entendimento por parte

de todos os envolvidos, professores, Secretaria de Educação de Angra dos Reis,

da importância do trabalho do psicomotricista, pois o sucesso do trabalho

psicomotor não está somente nos recursos utilizados e materiais disponíveis, mas

na condição do psicomotricista em proporcionar a oportunidade de vivências em

grupo com os alunos cegos, pois todos acreditam que o sucesso maior é vê-los

relacionando-se com o mundo, com os outros e estes com eles.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

BRUNO, M.M.G. O Desenvolvimento Integral do Portador de Deficiência Visual

Da Intervenção Precoce a Integração Escolar. São Paulo: Loyola, 1993.

FERREIRA, C. A. M. (ORG). Psicomotricidade da Educação Infantil a Gerontologia

– Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

GOMES, V. M. Prática Psicomotora na Pré-Escola. São Paulo: Ática, 1995.

LAPIERRE e AUCOUTURIER. A Simbologia do Movimento. Porto Alegre: Artes

Médicas, 1986.

LAPIERRE e AUCOUTURIER. Fantasmas Corporais e Práticas Psicomotora. São

Paulo: Manole, 1985.

OLIVEIRA, G. C. Psicomotricidade – Educação e Reeducação num Enfoque

Psicopedagógico, 4a ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

PREFEITURA MUNICIPAL DE ANGRA DOS REIS – Secretaria Municipal de

Educação. Revista Escola Participativa - 12 anos. Angra dos Reis: Oficina

Gráfica do Banco do Brasil, 2000.

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