a implantaÇÃo da contribuiÇÃo para custeio de … · 2 universidade candido mendes...
Post on 21-Jan-2019
214 Views
Preview:
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPLANTACcedilAtildeO DA CONTRIBUICcedilAtildeO PARA CUSTEIO
DE SERVICcedilO DE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA NO
MUNICIacutePIO DO RIO DE JANEIRORJ
Por Danieber Marchiori Muumlller
Orientador
Professor Dr Francis Rajzman
Rio de JaneiroRJ
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPLANTACcedilAtildeO DA CONTRIBUICcedilAtildeO PARA CUSTEIO
DE SERVICcedilO DE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA NO
MUNICIacutePIO DO RIO DE JANEIRORJ
Apresentaccedilatildeo de monografia agrave Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenccedilatildeo do grau de especialista em Direito
Empresarial e dos Negoacutecios
Por Danieber Marchiori Muumlller
3
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a Deus por nos dar a vida e nos permitir
aperfeiccediloamento constante
Agradeccedilo a minha matildee e minha irmatilde que me
incentivaram a me inscrever nesta Poacutes-
Graduaccedilatildeo
Agradeccedilo aos professores deste curso que com
dedicaccedilatildeo e entusiasmo souberam transmitir
conhecimento aos seus educandos em especial
ao Professor Dr Francis Rajzman que tambeacutem
foi meu orientador na presente monografia
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho ao meu pai Luiz Benedito
Muumlller e a minha avoacute Thereza Fraccedilatildeo Marchiori
que faleceram recentemente e natildeo puderam me
ver concluindo este curso mas sempre torceram
por mim e onde quer que estejam sempre estaratildeo
felizes com a vitoacuterias que eu for conquistando
neste plano
5
RESUMO
Ao apresentarmos esse breve trabalho procuramos analisar de forma
objetiva e sinteacutetica os aspectos da Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) e sua distinccedilatildeo para com a sua antecessora Taxa
de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP) que jaacute fora declarada inconstitucional
O tema evidentemente natildeo seraacute esgotado nessa breve siacutentese mas os
aspectos relevantes seratildeo de certo tratados aqui de modo a contribuir agrave
apreciaccedilatildeo de questotildees ocorridas em nossos Tribunais e tambeacutem no que diz
respeito agrave Doutrina
Preliminarmente a inconstitucionalidade da COSIP estaacute atrelada ao
condicionamento do pagamento de um tributo vinculado ao fornecimento de
um serviccedilo pois no caso em pauta se o consumidor natildeo pagar a conta da
concessionaacuteria de energia seja ou natildeo em virtude da COSIP a Light no caso
do Rio de JaneiroRJ cortaria seu fornecimento de energia eleacutetrica Nessa
linha a reuniatildeo das cobranccedilas em uma mesma fatura eacute que impediria o direito
de questionar o valor da mediccedilatildeo
Tratamos neste trabalho dos pontos defendidos em embate nesta
localidade pelo Promotor e dos pontos defendidos pela Prefeitura para ver as
razotildees que lhes assistem
Os cidadatildeos tem o direito de se insurgir pelo Judiciaacuterio contra qualquer
ameaccedila de lesatildeo a direitos
Como fizemos uma Pesquisa Exploratoacuteria com base na bibliografia
disponiacutevel temos como questotildees secundaacuterias quais caracteriacutesticas deveriam
ter a Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica para que esta
natildeo seja considerada inconstitucional face a forma de cobranccedila bem como
natildeo confunda sua essecircncia com outras taxas eou impostos
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho foi a descritiva e conta com um
levantamento bibliograacutefico sendo utilizados livros e artigos que versem sobre o
tema objeto para melhor fundamentar o mesmo bem como pesquisas em
revistas acadecircmicas da aacuterea jornais e artigos juriacutedicos em sites
especializados
Pesquisados ainda casos semelhantes ocorridos em outros municiacutepios
brasileiros confrontados com o que estaacute em debate no Rio de JaneiroRJ
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP 09
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO
QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32
CONCLUSAtildeO 46
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49
8
INTRODUCcedilAtildeO
O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada
a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo
O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta
Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do
Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de
cobranccedila
Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)
que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos
municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados
os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda
Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A
na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem
discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida
contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela
justiccedila
Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a
inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem
como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem
Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo
e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional
Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o
assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser
efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de
inconstitucionalidade
9
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP
De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria
compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo
constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada
O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as
necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem
tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias
constitucionais
Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes
do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou
natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria
Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem
constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se
confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo
deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado
enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade
de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do
ordenamento
O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios
Tributaacuterios sendo estes 1
Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria
determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute
as normas gerais de direito tributaacuterio)
1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman
10
Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute
proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de
ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da
denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)
Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores
ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou
aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)
Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo
exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)
Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de
decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)
Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de
confisco)
Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de
tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de
pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais
ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo
Poder Puacuteblico)
A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das
balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem
Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional
Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas
cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas
Impostos (art 145 I CF 16 CTN)
Taxas (art 145 II CF 77 CTN)
Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)
Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148
CF) e
11
Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)
Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute
normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees
por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica
apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por
diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada
Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos
princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que
formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a
roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio
do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria
enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees
espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz
Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal
poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das
respectivas leis para o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art
150 I e III
Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da
contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de
consumo de energia eleacutetrica
Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-
generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar
a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas
essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais
partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo
bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que
deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo
Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo
para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com
as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a
12
denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie
tributaacuteria
Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja
obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer
atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte
Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica
especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo
sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente
formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo
Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato
gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e
pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da
doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem
classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra
inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como
fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao
ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um
procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato
gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o
quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito
tributaacuterio
A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como
uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as
trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees
sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo
ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como
estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees
elencadas inicialmente no art 149 da CF
As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e
contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de
13
seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio
educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo
no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias
profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo
que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial
Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo
vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no
desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral
acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que
passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)
Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal
provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo
Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo
especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o
beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se
a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute
diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo
A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa
municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade
aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de
contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre
valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo
Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui
obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada
que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do
imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a
constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois
momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e
o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-
se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de
postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPLANTACcedilAtildeO DA CONTRIBUICcedilAtildeO PARA CUSTEIO
DE SERVICcedilO DE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA NO
MUNICIacutePIO DO RIO DE JANEIRORJ
Apresentaccedilatildeo de monografia agrave Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenccedilatildeo do grau de especialista em Direito
Empresarial e dos Negoacutecios
Por Danieber Marchiori Muumlller
3
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a Deus por nos dar a vida e nos permitir
aperfeiccediloamento constante
Agradeccedilo a minha matildee e minha irmatilde que me
incentivaram a me inscrever nesta Poacutes-
Graduaccedilatildeo
Agradeccedilo aos professores deste curso que com
dedicaccedilatildeo e entusiasmo souberam transmitir
conhecimento aos seus educandos em especial
ao Professor Dr Francis Rajzman que tambeacutem
foi meu orientador na presente monografia
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho ao meu pai Luiz Benedito
Muumlller e a minha avoacute Thereza Fraccedilatildeo Marchiori
que faleceram recentemente e natildeo puderam me
ver concluindo este curso mas sempre torceram
por mim e onde quer que estejam sempre estaratildeo
felizes com a vitoacuterias que eu for conquistando
neste plano
5
RESUMO
Ao apresentarmos esse breve trabalho procuramos analisar de forma
objetiva e sinteacutetica os aspectos da Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) e sua distinccedilatildeo para com a sua antecessora Taxa
de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP) que jaacute fora declarada inconstitucional
O tema evidentemente natildeo seraacute esgotado nessa breve siacutentese mas os
aspectos relevantes seratildeo de certo tratados aqui de modo a contribuir agrave
apreciaccedilatildeo de questotildees ocorridas em nossos Tribunais e tambeacutem no que diz
respeito agrave Doutrina
Preliminarmente a inconstitucionalidade da COSIP estaacute atrelada ao
condicionamento do pagamento de um tributo vinculado ao fornecimento de
um serviccedilo pois no caso em pauta se o consumidor natildeo pagar a conta da
concessionaacuteria de energia seja ou natildeo em virtude da COSIP a Light no caso
do Rio de JaneiroRJ cortaria seu fornecimento de energia eleacutetrica Nessa
linha a reuniatildeo das cobranccedilas em uma mesma fatura eacute que impediria o direito
de questionar o valor da mediccedilatildeo
Tratamos neste trabalho dos pontos defendidos em embate nesta
localidade pelo Promotor e dos pontos defendidos pela Prefeitura para ver as
razotildees que lhes assistem
Os cidadatildeos tem o direito de se insurgir pelo Judiciaacuterio contra qualquer
ameaccedila de lesatildeo a direitos
Como fizemos uma Pesquisa Exploratoacuteria com base na bibliografia
disponiacutevel temos como questotildees secundaacuterias quais caracteriacutesticas deveriam
ter a Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica para que esta
natildeo seja considerada inconstitucional face a forma de cobranccedila bem como
natildeo confunda sua essecircncia com outras taxas eou impostos
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho foi a descritiva e conta com um
levantamento bibliograacutefico sendo utilizados livros e artigos que versem sobre o
tema objeto para melhor fundamentar o mesmo bem como pesquisas em
revistas acadecircmicas da aacuterea jornais e artigos juriacutedicos em sites
especializados
Pesquisados ainda casos semelhantes ocorridos em outros municiacutepios
brasileiros confrontados com o que estaacute em debate no Rio de JaneiroRJ
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP 09
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO
QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32
CONCLUSAtildeO 46
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49
8
INTRODUCcedilAtildeO
O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada
a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo
O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta
Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do
Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de
cobranccedila
Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)
que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos
municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados
os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda
Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A
na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem
discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida
contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela
justiccedila
Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a
inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem
como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem
Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo
e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional
Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o
assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser
efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de
inconstitucionalidade
9
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP
De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria
compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo
constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada
O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as
necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem
tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias
constitucionais
Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes
do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou
natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria
Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem
constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se
confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo
deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado
enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade
de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do
ordenamento
O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios
Tributaacuterios sendo estes 1
Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria
determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute
as normas gerais de direito tributaacuterio)
1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman
10
Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute
proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de
ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da
denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)
Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores
ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou
aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)
Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo
exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)
Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de
decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)
Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de
confisco)
Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de
tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de
pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais
ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo
Poder Puacuteblico)
A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das
balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem
Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional
Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas
cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas
Impostos (art 145 I CF 16 CTN)
Taxas (art 145 II CF 77 CTN)
Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)
Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148
CF) e
11
Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)
Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute
normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees
por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica
apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por
diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada
Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos
princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que
formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a
roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio
do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria
enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees
espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz
Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal
poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das
respectivas leis para o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art
150 I e III
Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da
contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de
consumo de energia eleacutetrica
Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-
generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar
a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas
essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais
partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo
bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que
deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo
Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo
para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com
as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a
12
denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie
tributaacuteria
Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja
obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer
atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte
Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica
especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo
sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente
formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo
Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato
gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e
pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da
doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem
classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra
inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como
fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao
ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um
procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato
gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o
quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito
tributaacuterio
A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como
uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as
trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees
sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo
ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como
estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees
elencadas inicialmente no art 149 da CF
As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e
contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de
13
seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio
educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo
no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias
profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo
que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial
Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo
vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no
desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral
acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que
passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)
Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal
provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo
Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo
especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o
beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se
a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute
diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo
A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa
municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade
aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de
contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre
valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo
Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui
obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada
que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do
imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a
constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois
momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e
o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-
se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de
postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
3
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a Deus por nos dar a vida e nos permitir
aperfeiccediloamento constante
Agradeccedilo a minha matildee e minha irmatilde que me
incentivaram a me inscrever nesta Poacutes-
Graduaccedilatildeo
Agradeccedilo aos professores deste curso que com
dedicaccedilatildeo e entusiasmo souberam transmitir
conhecimento aos seus educandos em especial
ao Professor Dr Francis Rajzman que tambeacutem
foi meu orientador na presente monografia
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho ao meu pai Luiz Benedito
Muumlller e a minha avoacute Thereza Fraccedilatildeo Marchiori
que faleceram recentemente e natildeo puderam me
ver concluindo este curso mas sempre torceram
por mim e onde quer que estejam sempre estaratildeo
felizes com a vitoacuterias que eu for conquistando
neste plano
5
RESUMO
Ao apresentarmos esse breve trabalho procuramos analisar de forma
objetiva e sinteacutetica os aspectos da Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) e sua distinccedilatildeo para com a sua antecessora Taxa
de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP) que jaacute fora declarada inconstitucional
O tema evidentemente natildeo seraacute esgotado nessa breve siacutentese mas os
aspectos relevantes seratildeo de certo tratados aqui de modo a contribuir agrave
apreciaccedilatildeo de questotildees ocorridas em nossos Tribunais e tambeacutem no que diz
respeito agrave Doutrina
Preliminarmente a inconstitucionalidade da COSIP estaacute atrelada ao
condicionamento do pagamento de um tributo vinculado ao fornecimento de
um serviccedilo pois no caso em pauta se o consumidor natildeo pagar a conta da
concessionaacuteria de energia seja ou natildeo em virtude da COSIP a Light no caso
do Rio de JaneiroRJ cortaria seu fornecimento de energia eleacutetrica Nessa
linha a reuniatildeo das cobranccedilas em uma mesma fatura eacute que impediria o direito
de questionar o valor da mediccedilatildeo
Tratamos neste trabalho dos pontos defendidos em embate nesta
localidade pelo Promotor e dos pontos defendidos pela Prefeitura para ver as
razotildees que lhes assistem
Os cidadatildeos tem o direito de se insurgir pelo Judiciaacuterio contra qualquer
ameaccedila de lesatildeo a direitos
Como fizemos uma Pesquisa Exploratoacuteria com base na bibliografia
disponiacutevel temos como questotildees secundaacuterias quais caracteriacutesticas deveriam
ter a Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica para que esta
natildeo seja considerada inconstitucional face a forma de cobranccedila bem como
natildeo confunda sua essecircncia com outras taxas eou impostos
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho foi a descritiva e conta com um
levantamento bibliograacutefico sendo utilizados livros e artigos que versem sobre o
tema objeto para melhor fundamentar o mesmo bem como pesquisas em
revistas acadecircmicas da aacuterea jornais e artigos juriacutedicos em sites
especializados
Pesquisados ainda casos semelhantes ocorridos em outros municiacutepios
brasileiros confrontados com o que estaacute em debate no Rio de JaneiroRJ
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP 09
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO
QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32
CONCLUSAtildeO 46
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49
8
INTRODUCcedilAtildeO
O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada
a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo
O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta
Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do
Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de
cobranccedila
Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)
que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos
municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados
os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda
Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A
na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem
discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida
contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela
justiccedila
Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a
inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem
como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem
Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo
e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional
Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o
assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser
efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de
inconstitucionalidade
9
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP
De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria
compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo
constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada
O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as
necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem
tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias
constitucionais
Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes
do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou
natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria
Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem
constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se
confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo
deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado
enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade
de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do
ordenamento
O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios
Tributaacuterios sendo estes 1
Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria
determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute
as normas gerais de direito tributaacuterio)
1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman
10
Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute
proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de
ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da
denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)
Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores
ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou
aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)
Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo
exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)
Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de
decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)
Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de
confisco)
Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de
tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de
pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais
ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo
Poder Puacuteblico)
A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das
balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem
Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional
Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas
cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas
Impostos (art 145 I CF 16 CTN)
Taxas (art 145 II CF 77 CTN)
Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)
Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148
CF) e
11
Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)
Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute
normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees
por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica
apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por
diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada
Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos
princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que
formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a
roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio
do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria
enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees
espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz
Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal
poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das
respectivas leis para o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art
150 I e III
Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da
contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de
consumo de energia eleacutetrica
Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-
generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar
a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas
essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais
partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo
bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que
deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo
Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo
para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com
as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a
12
denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie
tributaacuteria
Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja
obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer
atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte
Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica
especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo
sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente
formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo
Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato
gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e
pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da
doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem
classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra
inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como
fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao
ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um
procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato
gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o
quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito
tributaacuterio
A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como
uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as
trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees
sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo
ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como
estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees
elencadas inicialmente no art 149 da CF
As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e
contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de
13
seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio
educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo
no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias
profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo
que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial
Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo
vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no
desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral
acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que
passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)
Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal
provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo
Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo
especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o
beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se
a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute
diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo
A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa
municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade
aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de
contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre
valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo
Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui
obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada
que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do
imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a
constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois
momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e
o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-
se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de
postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho ao meu pai Luiz Benedito
Muumlller e a minha avoacute Thereza Fraccedilatildeo Marchiori
que faleceram recentemente e natildeo puderam me
ver concluindo este curso mas sempre torceram
por mim e onde quer que estejam sempre estaratildeo
felizes com a vitoacuterias que eu for conquistando
neste plano
5
RESUMO
Ao apresentarmos esse breve trabalho procuramos analisar de forma
objetiva e sinteacutetica os aspectos da Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) e sua distinccedilatildeo para com a sua antecessora Taxa
de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP) que jaacute fora declarada inconstitucional
O tema evidentemente natildeo seraacute esgotado nessa breve siacutentese mas os
aspectos relevantes seratildeo de certo tratados aqui de modo a contribuir agrave
apreciaccedilatildeo de questotildees ocorridas em nossos Tribunais e tambeacutem no que diz
respeito agrave Doutrina
Preliminarmente a inconstitucionalidade da COSIP estaacute atrelada ao
condicionamento do pagamento de um tributo vinculado ao fornecimento de
um serviccedilo pois no caso em pauta se o consumidor natildeo pagar a conta da
concessionaacuteria de energia seja ou natildeo em virtude da COSIP a Light no caso
do Rio de JaneiroRJ cortaria seu fornecimento de energia eleacutetrica Nessa
linha a reuniatildeo das cobranccedilas em uma mesma fatura eacute que impediria o direito
de questionar o valor da mediccedilatildeo
Tratamos neste trabalho dos pontos defendidos em embate nesta
localidade pelo Promotor e dos pontos defendidos pela Prefeitura para ver as
razotildees que lhes assistem
Os cidadatildeos tem o direito de se insurgir pelo Judiciaacuterio contra qualquer
ameaccedila de lesatildeo a direitos
Como fizemos uma Pesquisa Exploratoacuteria com base na bibliografia
disponiacutevel temos como questotildees secundaacuterias quais caracteriacutesticas deveriam
ter a Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica para que esta
natildeo seja considerada inconstitucional face a forma de cobranccedila bem como
natildeo confunda sua essecircncia com outras taxas eou impostos
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho foi a descritiva e conta com um
levantamento bibliograacutefico sendo utilizados livros e artigos que versem sobre o
tema objeto para melhor fundamentar o mesmo bem como pesquisas em
revistas acadecircmicas da aacuterea jornais e artigos juriacutedicos em sites
especializados
Pesquisados ainda casos semelhantes ocorridos em outros municiacutepios
brasileiros confrontados com o que estaacute em debate no Rio de JaneiroRJ
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP 09
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO
QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32
CONCLUSAtildeO 46
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49
8
INTRODUCcedilAtildeO
O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada
a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo
O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta
Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do
Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de
cobranccedila
Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)
que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos
municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados
os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda
Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A
na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem
discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida
contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela
justiccedila
Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a
inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem
como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem
Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo
e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional
Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o
assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser
efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de
inconstitucionalidade
9
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP
De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria
compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo
constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada
O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as
necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem
tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias
constitucionais
Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes
do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou
natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria
Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem
constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se
confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo
deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado
enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade
de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do
ordenamento
O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios
Tributaacuterios sendo estes 1
Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria
determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute
as normas gerais de direito tributaacuterio)
1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman
10
Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute
proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de
ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da
denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)
Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores
ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou
aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)
Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo
exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)
Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de
decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)
Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de
confisco)
Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de
tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de
pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais
ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo
Poder Puacuteblico)
A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das
balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem
Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional
Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas
cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas
Impostos (art 145 I CF 16 CTN)
Taxas (art 145 II CF 77 CTN)
Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)
Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148
CF) e
11
Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)
Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute
normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees
por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica
apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por
diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada
Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos
princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que
formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a
roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio
do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria
enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees
espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz
Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal
poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das
respectivas leis para o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art
150 I e III
Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da
contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de
consumo de energia eleacutetrica
Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-
generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar
a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas
essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais
partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo
bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que
deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo
Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo
para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com
as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a
12
denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie
tributaacuteria
Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja
obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer
atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte
Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica
especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo
sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente
formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo
Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato
gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e
pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da
doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem
classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra
inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como
fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao
ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um
procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato
gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o
quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito
tributaacuterio
A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como
uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as
trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees
sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo
ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como
estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees
elencadas inicialmente no art 149 da CF
As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e
contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de
13
seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio
educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo
no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias
profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo
que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial
Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo
vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no
desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral
acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que
passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)
Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal
provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo
Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo
especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o
beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se
a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute
diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo
A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa
municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade
aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de
contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre
valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo
Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui
obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada
que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do
imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a
constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois
momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e
o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-
se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de
postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
5
RESUMO
Ao apresentarmos esse breve trabalho procuramos analisar de forma
objetiva e sinteacutetica os aspectos da Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) e sua distinccedilatildeo para com a sua antecessora Taxa
de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP) que jaacute fora declarada inconstitucional
O tema evidentemente natildeo seraacute esgotado nessa breve siacutentese mas os
aspectos relevantes seratildeo de certo tratados aqui de modo a contribuir agrave
apreciaccedilatildeo de questotildees ocorridas em nossos Tribunais e tambeacutem no que diz
respeito agrave Doutrina
Preliminarmente a inconstitucionalidade da COSIP estaacute atrelada ao
condicionamento do pagamento de um tributo vinculado ao fornecimento de
um serviccedilo pois no caso em pauta se o consumidor natildeo pagar a conta da
concessionaacuteria de energia seja ou natildeo em virtude da COSIP a Light no caso
do Rio de JaneiroRJ cortaria seu fornecimento de energia eleacutetrica Nessa
linha a reuniatildeo das cobranccedilas em uma mesma fatura eacute que impediria o direito
de questionar o valor da mediccedilatildeo
Tratamos neste trabalho dos pontos defendidos em embate nesta
localidade pelo Promotor e dos pontos defendidos pela Prefeitura para ver as
razotildees que lhes assistem
Os cidadatildeos tem o direito de se insurgir pelo Judiciaacuterio contra qualquer
ameaccedila de lesatildeo a direitos
Como fizemos uma Pesquisa Exploratoacuteria com base na bibliografia
disponiacutevel temos como questotildees secundaacuterias quais caracteriacutesticas deveriam
ter a Contribuiccedilatildeo para Custeio do Serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica para que esta
natildeo seja considerada inconstitucional face a forma de cobranccedila bem como
natildeo confunda sua essecircncia com outras taxas eou impostos
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho foi a descritiva e conta com um
levantamento bibliograacutefico sendo utilizados livros e artigos que versem sobre o
tema objeto para melhor fundamentar o mesmo bem como pesquisas em
revistas acadecircmicas da aacuterea jornais e artigos juriacutedicos em sites
especializados
Pesquisados ainda casos semelhantes ocorridos em outros municiacutepios
brasileiros confrontados com o que estaacute em debate no Rio de JaneiroRJ
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP 09
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO
QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32
CONCLUSAtildeO 46
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49
8
INTRODUCcedilAtildeO
O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada
a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo
O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta
Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do
Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de
cobranccedila
Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)
que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos
municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados
os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda
Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A
na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem
discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida
contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela
justiccedila
Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a
inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem
como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem
Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo
e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional
Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o
assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser
efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de
inconstitucionalidade
9
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP
De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria
compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo
constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada
O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as
necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem
tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias
constitucionais
Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes
do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou
natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria
Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem
constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se
confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo
deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado
enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade
de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do
ordenamento
O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios
Tributaacuterios sendo estes 1
Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria
determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute
as normas gerais de direito tributaacuterio)
1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman
10
Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute
proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de
ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da
denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)
Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores
ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou
aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)
Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo
exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)
Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de
decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)
Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de
confisco)
Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de
tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de
pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais
ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo
Poder Puacuteblico)
A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das
balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem
Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional
Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas
cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas
Impostos (art 145 I CF 16 CTN)
Taxas (art 145 II CF 77 CTN)
Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)
Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148
CF) e
11
Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)
Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute
normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees
por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica
apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por
diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada
Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos
princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que
formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a
roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio
do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria
enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees
espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz
Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal
poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das
respectivas leis para o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art
150 I e III
Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da
contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de
consumo de energia eleacutetrica
Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-
generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar
a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas
essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais
partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo
bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que
deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo
Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo
para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com
as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a
12
denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie
tributaacuteria
Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja
obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer
atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte
Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica
especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo
sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente
formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo
Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato
gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e
pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da
doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem
classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra
inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como
fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao
ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um
procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato
gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o
quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito
tributaacuterio
A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como
uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as
trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees
sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo
ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como
estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees
elencadas inicialmente no art 149 da CF
As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e
contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de
13
seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio
educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo
no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias
profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo
que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial
Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo
vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no
desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral
acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que
passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)
Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal
provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo
Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo
especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o
beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se
a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute
diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo
A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa
municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade
aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de
contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre
valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo
Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui
obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada
que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do
imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a
constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois
momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e
o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-
se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de
postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho foi a descritiva e conta com um
levantamento bibliograacutefico sendo utilizados livros e artigos que versem sobre o
tema objeto para melhor fundamentar o mesmo bem como pesquisas em
revistas acadecircmicas da aacuterea jornais e artigos juriacutedicos em sites
especializados
Pesquisados ainda casos semelhantes ocorridos em outros municiacutepios
brasileiros confrontados com o que estaacute em debate no Rio de JaneiroRJ
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP 09
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO
QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32
CONCLUSAtildeO 46
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49
8
INTRODUCcedilAtildeO
O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada
a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo
O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta
Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do
Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de
cobranccedila
Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)
que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos
municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados
os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda
Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A
na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem
discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida
contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela
justiccedila
Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a
inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem
como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem
Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo
e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional
Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o
assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser
efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de
inconstitucionalidade
9
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP
De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria
compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo
constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada
O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as
necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem
tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias
constitucionais
Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes
do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou
natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria
Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem
constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se
confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo
deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado
enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade
de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do
ordenamento
O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios
Tributaacuterios sendo estes 1
Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria
determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute
as normas gerais de direito tributaacuterio)
1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman
10
Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute
proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de
ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da
denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)
Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores
ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou
aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)
Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo
exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)
Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de
decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)
Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de
confisco)
Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de
tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de
pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais
ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo
Poder Puacuteblico)
A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das
balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem
Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional
Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas
cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas
Impostos (art 145 I CF 16 CTN)
Taxas (art 145 II CF 77 CTN)
Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)
Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148
CF) e
11
Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)
Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute
normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees
por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica
apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por
diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada
Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos
princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que
formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a
roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio
do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria
enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees
espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz
Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal
poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das
respectivas leis para o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art
150 I e III
Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da
contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de
consumo de energia eleacutetrica
Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-
generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar
a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas
essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais
partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo
bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que
deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo
Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo
para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com
as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a
12
denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie
tributaacuteria
Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja
obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer
atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte
Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica
especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo
sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente
formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo
Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato
gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e
pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da
doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem
classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra
inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como
fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao
ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um
procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato
gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o
quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito
tributaacuterio
A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como
uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as
trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees
sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo
ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como
estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees
elencadas inicialmente no art 149 da CF
As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e
contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de
13
seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio
educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo
no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias
profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo
que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial
Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo
vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no
desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral
acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que
passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)
Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal
provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo
Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo
especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o
beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se
a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute
diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo
A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa
municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade
aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de
contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre
valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo
Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui
obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada
que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do
imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a
constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois
momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e
o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-
se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de
postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP 09
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E HISTOacuteRICO
QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS 18
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP 32
CONCLUSAtildeO 46
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 49
8
INTRODUCcedilAtildeO
O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada
a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo
O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta
Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do
Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de
cobranccedila
Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)
que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos
municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados
os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda
Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A
na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem
discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida
contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela
justiccedila
Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a
inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem
como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem
Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo
e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional
Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o
assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser
efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de
inconstitucionalidade
9
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP
De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria
compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo
constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada
O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as
necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem
tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias
constitucionais
Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes
do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou
natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria
Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem
constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se
confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo
deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado
enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade
de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do
ordenamento
O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios
Tributaacuterios sendo estes 1
Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria
determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute
as normas gerais de direito tributaacuterio)
1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman
10
Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute
proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de
ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da
denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)
Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores
ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou
aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)
Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo
exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)
Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de
decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)
Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de
confisco)
Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de
tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de
pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais
ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo
Poder Puacuteblico)
A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das
balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem
Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional
Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas
cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas
Impostos (art 145 I CF 16 CTN)
Taxas (art 145 II CF 77 CTN)
Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)
Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148
CF) e
11
Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)
Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute
normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees
por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica
apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por
diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada
Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos
princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que
formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a
roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio
do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria
enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees
espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz
Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal
poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das
respectivas leis para o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art
150 I e III
Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da
contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de
consumo de energia eleacutetrica
Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-
generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar
a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas
essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais
partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo
bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que
deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo
Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo
para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com
as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a
12
denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie
tributaacuteria
Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja
obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer
atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte
Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica
especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo
sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente
formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo
Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato
gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e
pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da
doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem
classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra
inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como
fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao
ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um
procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato
gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o
quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito
tributaacuterio
A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como
uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as
trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees
sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo
ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como
estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees
elencadas inicialmente no art 149 da CF
As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e
contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de
13
seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio
educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo
no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias
profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo
que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial
Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo
vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no
desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral
acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que
passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)
Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal
provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo
Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo
especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o
beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se
a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute
diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo
A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa
municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade
aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de
contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre
valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo
Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui
obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada
que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do
imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a
constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois
momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e
o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-
se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de
postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
8
INTRODUCcedilAtildeO
O tema desta monografia eacute a Contribuiccedilatildeo para Custeio de Serviccedilo de
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) A questatildeo central deste trabalho esta relacionada
a se a mesma ou sua forma de cobranccedila satildeo inconstitucionais ou natildeo
O municiacutepio do Rio de JaneiroRJ se depara com a implantaccedilatildeo desta
Contribuiccedilatildeo e o promotor Dr Rodrigo Terra da 2ordf promotoria de Defesa do
Consumidor questiona sua constitucionalidade quanto a sua forma de
cobranccedila
Fazendo parte do passado temos a Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (TIP)
que fora declarada inconstitucional pelo STF e deixou com isso diversos
municiacutepios desprovidos de uma grande fonte de receitas Assim pressionados
os deputados e senadores tempo mais tarde promulgaram a Emenda
Constitucional nordm 39 de 19 de dezembro de 2002 introduzindo o artigo 149-A
na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que permitiu a cobranccedila da COSIP Poreacutem
discussotildees ainda persistem sobre este tema e em dezembro2009 referida
contribuiccedilatildeo no municiacutepio do Rio de JaneiroRJ chegou a ser proibida pela
justiccedila
Procura-se neste trabalho verificar em que ponto concentra-se a
inconstitucionalidade alegada pelo Ministeacuterio Puacuteblico do Rio de Janeiro bem
como em outros municiacutepios e se razotildees os assistem
Temos ainda a anaacutelise das caracteriacutesticas da denominada Contribuiccedilatildeo
e sua comparaccedilatildeo com a antiga TIP jaacute declarada inconstitucional
Apresentamos a seguir como diversas leis municipais tem disciplinado o
assunto seu histoacuterico os celeumas e eventuais adequaccedilotildees que caberiam ser
efetuadas para que as mesmas natildeo esbarrassem em reiteradas alegaccedilotildees de
inconstitucionalidade
9
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP
De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria
compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo
constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada
O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as
necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem
tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias
constitucionais
Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes
do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou
natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria
Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem
constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se
confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo
deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado
enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade
de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do
ordenamento
O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios
Tributaacuterios sendo estes 1
Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria
determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute
as normas gerais de direito tributaacuterio)
1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman
10
Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute
proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de
ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da
denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)
Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores
ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou
aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)
Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo
exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)
Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de
decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)
Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de
confisco)
Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de
tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de
pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais
ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo
Poder Puacuteblico)
A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das
balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem
Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional
Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas
cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas
Impostos (art 145 I CF 16 CTN)
Taxas (art 145 II CF 77 CTN)
Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)
Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148
CF) e
11
Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)
Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute
normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees
por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica
apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por
diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada
Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos
princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que
formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a
roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio
do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria
enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees
espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz
Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal
poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das
respectivas leis para o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art
150 I e III
Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da
contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de
consumo de energia eleacutetrica
Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-
generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar
a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas
essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais
partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo
bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que
deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo
Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo
para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com
as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a
12
denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie
tributaacuteria
Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja
obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer
atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte
Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica
especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo
sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente
formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo
Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato
gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e
pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da
doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem
classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra
inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como
fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao
ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um
procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato
gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o
quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito
tributaacuterio
A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como
uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as
trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees
sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo
ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como
estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees
elencadas inicialmente no art 149 da CF
As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e
contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de
13
seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio
educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo
no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias
profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo
que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial
Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo
vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no
desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral
acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que
passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)
Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal
provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo
Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo
especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o
beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se
a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute
diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo
A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa
municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade
aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de
contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre
valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo
Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui
obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada
que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do
imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a
constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois
momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e
o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-
se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de
postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
9
Capiacutetulo I ndash ESPEacuteCIES DE TRIBUTOS PRINCIacutePIOS E O
ENQUADRAMENTO DA COSIP
De acordo com o art 3ordm do CTN tributo eacute toda prestaccedilatildeo pecuniaacuteria
compulsoacuteria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que natildeo
constitua sanccedilatildeo de ato iliacutecito instituiacuteda em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada
O tributo tem como finalidade principal a obtenccedilatildeo de receita para as
necessidades puacuteblicas eou protegidas pelo Estado sendo exigida de quem
tenha realizado o fato descrito em lei seguindo os preceitos e competecircncias
constitucionais
Esta prestaccedilatildeo pecuniaacuteria eacute imposta pelo Estado ao contribuinte atraveacutes
do poder de impeacuterio A obrigaccedilatildeo deriva da lei e natildeo haacute opccedilatildeo em cumpri-la ou
natildeo por isso eacute tratada como compulsoacuteria
Apesar das penalidades pecuniaacuterias e de as multas fiscais tambeacutem
constituiacuterem receitas de natureza compulsoacuteria estas satildeo distintas e natildeo se
confundem com tributo O tributo como mencionado no segundo paraacutegrafo
deste capiacutetulo eacute destinado a atender as despesas essenciais do Estado
enquanto que as penalidades pecuniaacuterias e as multas fiscais tecircm a finalidade
de reprimir a praacutetica de atos iliacutecitos bem como manter a regularidade do
ordenamento
O sistema tributaacuterio nacional eacute regido e embasado pelos Princiacutepios
Tributaacuterios sendo estes 1
Legalidade tributaacuteria estabelecida no art 150 I CF (a Lei Ordinaacuteria
determina as regras para criaraumentar tributos a Lei Complementar daacute
as normas gerais de direito tributaacuterio)
1 Apostila de Direito Tributaacuterio Aula 1 Professor Francis Rajzman
10
Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute
proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de
ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da
denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)
Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores
ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou
aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)
Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo
exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)
Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de
decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)
Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de
confisco)
Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de
tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de
pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais
ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo
Poder Puacuteblico)
A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das
balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem
Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional
Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas
cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas
Impostos (art 145 I CF 16 CTN)
Taxas (art 145 II CF 77 CTN)
Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)
Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148
CF) e
11
Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)
Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute
normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees
por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica
apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por
diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada
Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos
princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que
formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a
roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio
do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria
enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees
espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz
Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal
poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das
respectivas leis para o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art
150 I e III
Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da
contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de
consumo de energia eleacutetrica
Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-
generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar
a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas
essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais
partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo
bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que
deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo
Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo
para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com
as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a
12
denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie
tributaacuteria
Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja
obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer
atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte
Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica
especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo
sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente
formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo
Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato
gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e
pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da
doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem
classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra
inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como
fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao
ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um
procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato
gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o
quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito
tributaacuterio
A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como
uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as
trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees
sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo
ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como
estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees
elencadas inicialmente no art 149 da CF
As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e
contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de
13
seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio
educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo
no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias
profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo
que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial
Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo
vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no
desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral
acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que
passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)
Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal
provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo
Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo
especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o
beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se
a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute
diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo
A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa
municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade
aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de
contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre
valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo
Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui
obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada
que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do
imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a
constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois
momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e
o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-
se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de
postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
10
Isonomia tributaacuteria art 150 II CF (este princiacutepio estabelece que eacute
proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situaccedilatildeo equivalente proibida qualquer distinccedilatildeo em razatildeo de
ocupaccedilatildeo profissional ou funccedilatildeo por eles exercida independentemente da
denominaccedilatildeo juriacutedica dos rendimentos tiacutetulos ou direitos)
Irretroatividade art 150 III a CF (a lei natildeo alcanccedilaraacute os fatos geradores
ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que os houver instituiacutedo ou
aumentado salvo exceccedilotildees reguladas)
Anterioridade tributaacuteria art 150 III b CF (natildeo aplicaccedilatildeo no mesmo
exerciacutecio financeiro em que haja sido publicada)
Anterioridade nonageacutesimal art 150 III c CF (natildeo aplicaacutevel antes de
decorrido no miacutenimo 90 dias apoacutes sua publicaccedilatildeo)
Vedaccedilatildeo ao Confisco art 150 IV (proibido utilizar tributo com efeito de
confisco)
Vedaccedilatildeo agrave limitaccedilatildeo de traacutefego de pessoas e bens por meio de
tributos Art 150 V (proibido estabelecer limitaccedilotildees ao traacutefego de
pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais
ressalvada a cobranccedila de pedaacutegio pela utilizaccedilatildeo de vias conservadas pelo
Poder Puacuteblico)
A exposiccedilatildeo destes princiacutepios serve de base para o entendimento das
balizas as quais o regramento juriacutedico tributaacuterio e legisladores se submetem
Tributo eacute o gecircnero dentro do ordenamento juriacutedico tributaacuterio nacional
Pela divisatildeo Pentapartite adotada pelo STF estes podem ser classificados nas
cinco espeacutecies tributaacuterias abaixo denominadas
Impostos (art 145 I CF 16 CTN)
Taxas (art 145 II CF 77 CTN)
Contribuiccedilotildees de melhoria ( art 145 III CF 81 CTN)
Contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo (art 149 CF) e de fomento social (art 148
CF) e
11
Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)
Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute
normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees
por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica
apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por
diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada
Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos
princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que
formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a
roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio
do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria
enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees
espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz
Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal
poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das
respectivas leis para o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art
150 I e III
Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da
contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de
consumo de energia eleacutetrica
Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-
generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar
a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas
essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais
partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo
bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que
deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo
Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo
para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com
as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a
12
denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie
tributaacuteria
Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja
obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer
atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte
Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica
especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo
sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente
formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo
Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato
gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e
pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da
doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem
classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra
inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como
fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao
ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um
procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato
gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o
quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito
tributaacuterio
A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como
uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as
trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees
sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo
ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como
estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees
elencadas inicialmente no art 149 da CF
As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e
contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de
13
seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio
educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo
no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias
profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo
que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial
Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo
vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no
desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral
acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que
passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)
Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal
provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo
Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo
especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o
beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se
a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute
diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo
A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa
municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade
aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de
contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre
valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo
Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui
obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada
que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do
imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a
constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois
momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e
o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-
se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de
postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
11
Empreacutestimo compulsoacuterio (art 148 CF88)
Embora todos os tributos se submetam a regras gerais comuns haacute
normas especiacuteficas para cada uma das espeacutecies tributaacuterias As contribuiccedilotildees
por exemplo satildeo exaccedilotildees tributaacuterias dotadas de natureza juriacutedica especiacutefica
apresentando atributos que as distinguem umas das outras e implicam por
diferenciaacute-la do regime juriacutedico aplicaacutevel a cada espeacutecie jaacute elencada
Partindo dos aspectos gerais e espeacutecies de tributos bem como dos
princiacutepios de Direito Tributaacuterio que jaacute expusemos passamos a considerar que
formalmente tendo em vista a localizaccedilatildeo do artigo que o inseriu bem como a
roupagem que os legisladores buscaram lhe dar a Contribuiccedilatildeo para Custeio
do Serviccedilo de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica (COSIP) objeto deste nosso trabalho seria
enquadrada como sendo uma sub-espeacutecie sui-generis de Contribuiccedilotildees
espeacutecie Tributo Vejamos o artigo 149CF que assim diz
Art 149-A Os Municiacutepios e o Distrito Federal
poderatildeo instituir contribuiccedilatildeo na forma das
respectivas leis para o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o disposto no art
150 I e III
Paraacutegrafo uacutenico Eacute facultada a cobranccedila da
contribuiccedilatildeo a que se refere o caput na fatura de
consumo de energia eleacutetrica
Mesmo com o enquadramento jaacute acima apontado (uma sub-espeacutecie sui-
generis de Contribuiccedilotildees espeacutecie Tributo) temos a necessidade de identificar
a natureza juriacutedica da COSIP e questionar este enquadramento pois apenas
essa identificaccedilatildeo seraacute capaz de nos fornecer os elementos com os quais
partiremos para o debate sobre a da constitucionalidade ou natildeo deste tributo
bem como de sua cobranccedila Verificaremos o regime juriacutedico especiacutefico que
deveraacute ser obedecido para a sua instituiccedilatildeo
Foi a emenda constitucional nordm 39 de 2002 que inseriu a autorizaccedilatildeo
para a instituiccedilatildeo da COSIP Figura esta inusitada quando confrontamos com
as espeacutecies existentes e princiacutepios tambeacutem jaacute narrados pois natildeo obstante a
12
denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie
tributaacuteria
Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja
obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer
atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte
Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica
especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo
sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente
formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo
Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato
gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e
pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da
doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem
classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra
inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como
fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao
ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um
procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato
gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o
quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito
tributaacuterio
A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como
uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as
trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees
sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo
ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como
estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees
elencadas inicialmente no art 149 da CF
As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e
contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de
13
seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio
educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo
no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias
profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo
que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial
Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo
vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no
desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral
acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que
passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)
Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal
provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo
Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo
especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o
beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se
a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute
diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo
A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa
municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade
aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de
contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre
valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo
Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui
obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada
que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do
imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a
constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois
momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e
o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-
se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de
postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
12
denominaccedilatildeo de contribuiccedilatildeo natildeo atrela seu perfil agrave essecircncia dessa espeacutecie
tributaacuteria
Nosso CTN em seu art 16 disciplina que imposto eacute o tributo cuja
obrigaccedilatildeo tem por fato gerador uma situaccedilatildeo independente de qualquer
atividade estatal especiacutefica relativa ao contribuinte
Tambeacutem no CTN em seu art 4deg temos que a natureza juriacutedica
especiacutefica dos tributos eacute definida pelo fato gerador da respectiva obrigaccedilatildeo
sendo indiferente a sua denominaccedilatildeo e outras caracteriacutesticas meramente
formais bem como a destinaccedilatildeo legal do produto de sua arrecadaccedilatildeo
Pode o fato gerador ser classificado em fato gerador em abstrato e fato
gerador em concreto A expressatildeo fato gerador utilizada no CTN eacute o gecircnero e
pode significar qualquer uma das espeacutecies comentadas embora a maioria da
doutrina a utilize no segundo sentido O fato gerador em abstrato eacute tambeacutem
classificado como hipoacutetese de incidecircncia e eacute a descriccedilatildeo que se encontra
inserida no texto da lei a qual eacute suficiente e necessaacuteria para o surgimento da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria Jaacute o fato gerador em concreto tambeacutem classificado como
fato imponiacutevel eacute a ocorrecircncia no mundo real do fato gerador em abstrato Ao
ocorrer o fato gerador em concreto deveraacute ocorrer o lanccedilamento ou seja um
procedimento administrativo que tem por objetivo observar a ocorrecircncia do fato
gerador da obrigaccedilatildeo tributaacuteria determinar a mateacuteria tributaacutevel calcular o
quantum de tributo devido apontar o sujeito passivo constituindo o creacutedito
tributaacuterio
A COSIP eacute um tributo associado a espeacutecie de ldquocontribuiccedilotildeesrdquo como
uma contribuiccedilatildeo sui generis sem que se confunda tal contribuiccedilatildeo com as
trecircs outras previstas no caput do art 149 da CF quais sejam as contribuiccedilotildees
sociais corporativas ou interventivas Trata entatildeo de um ldquotributo constitucionalrdquo
ateacute que se declare a inconstitucionalidade da Emenda em estudo Como
estudo comparativo e de debate partiremos agora para as contribuiccedilotildees
elencadas inicialmente no art 149 da CF
As contribuiccedilotildees em geral se subdividem em contribuiccedilotildees sociais e
contribuiccedilotildees especiais As Sociais (CF art 194) satildeo as contribuiccedilotildees de
13
seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio
educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo
no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias
profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo
que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial
Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo
vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no
desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral
acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que
passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)
Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal
provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo
Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo
especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o
beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se
a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute
diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo
A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa
municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade
aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de
contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre
valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo
Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui
obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada
que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do
imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a
constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois
momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e
o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-
se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de
postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
13
seguridade social (CF art 195 CF 195 sect 4ordm) e contribuiccedilotildees salaacuterio
educaccedilatildeo (CF art 212 sect 5ordm) As Especiais satildeo contribuiccedilotildees de intervenccedilatildeo
no domiacutenio econocircmico (CF art 149) contribuiccedilotildees de interesse de categorias
profissionais ou econocircmicas (CF art 149) contribuiccedilatildeo para o custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica (CF art 149-A) Ficamos entatildeo com a definiccedilatildeo
que formalmente a COSIP eacute uma contribuiccedilatildeo especial
Contribuiccedilatildeo social eacute tributo de destinaccedilatildeo intriacutenseca ou seja tributo
vinculado agrave atuaccedilatildeo do Estado Caracteriza-se pelo fato de o Estado no
desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral
acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuintes) que
passam a usufruir de benefiacutecios diferenciados dos demais (natildeo contribuintes)
Enfim baseia-se a contribuiccedilatildeo social no princiacutepio da maior despesa estatal
provocada pelo contribuinte e na particular vantagem a ele propiciada pelo
Estado Para caracterizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo social natildeo basta a destinaccedilatildeo
especiacutefica do produto da arrecadaccedilatildeo do tributo Eacute preciso que se defina o
beneficiaacuterio especiacutefico desse tributo que passaraacute a ser o seu contribuinte Se
a comunidade inteira for a beneficiaacuteria como no caso sob estudo estar-se-aacute
diante de imposto e natildeo de contribuiccedilatildeo
A COSIP eacute um tributo que aparenta ter efeito recuperatoacuterio de despesa
municipal e assim sendo a espeacutecie tributaacuteria prevista para tal finalidade
aparentemente seria a contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem para instituiccedilatildeo de
contribuiccedilatildeo de melhoria eacute imprescindiacutevel que a mesma incida sobre
valorizaccedilatildeo de imoacuteveis por obra puacuteblica o que natildeo eacute o caso da iluminaccedilatildeo
Puacuteblica Natildeo eacute toda a implementaccedilatildeo de equipamento urbano que constitui
obra puacuteblica como exemplo temos recapeamento de via puacuteblica jaacute asfaltada
que caracteriza serviccedilo puacuteblico e natildeo obra sem qualquer valorizaccedilatildeo do
imoacutevel natildeo autorizando a cobranccedila da contribuiccedilatildeo de melhoria Para a
constituiccedilatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica em determinada localidade teriacuteamos dois
momentos distintos o primeiro consiste na obra de instalaccedilatildeo da iluminaccedilatildeo e
o segundo momento seria o serviccedilo geral de manutenccedilatildeo Primeiramente leva-
se a um local natildeo servido de tal serviccedilo uma obra por meio da instalaccedilatildeo de
postes fios lacircmpadas transformadores que pode ateacute valorizar os imoacuteveis da
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
14
localidade e assim poderia se pensar que venha surgir o direito da exigecircncia
de contribuiccedilatildeo de melhoria Poreacutem frisamos aqui que a divagaccedilatildeo anterior
natildeo merece prosperar pois mesmo sendo necessaacuteria a construccedilatildeo de uma
rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica como a iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo
prestado pelas concessionaacuterias de energia eleacutetrica natildeo se enquadra no
conceito de obra puacuteblica Assim a COSIP tambeacutem natildeo pode ser classificada
como contribuiccedilatildeo de melhoria tal qual jaacute visto que a mesma tambeacutem natildeo eacute
uma contribuiccedilatildeo social
A palavra contribuiccedilatildeo natildeo foi empregada no texto legal como
sinocircnimo de contribuiccedilatildeo de melhoria cuja conceituaccedilatildeo no acircmbito do direito
tributaacuterio eacute restrito a um pagamento extraordinaacuterio a ser efetuado pelo
proprietaacuterio de imoacutevel valorizado pela obra puacuteblica especiacutefica
A lei ordinaacuteria deve trazer os elementos configuradores de todo tributo
(art 97 I a V CTN) no corpo da reserva legal ou tipicidade quais sejam
aliacutequota base de caacutelculo sujeito passivo multa e fato gerador No entanto o
texto constitucional atrela a COSIP apenas a trecircs princiacutepios constitucionais
tributaacuterios ndash legalidade irretroatividade e anterioridade ndash o que parece
constituir uma improacutepria postura reducionista haja vista a inafastaacutevel conexatildeo
dos tributos a todos os princiacutepios constitucionais tributaacuterios como inflexiacuteveis
limitaccedilotildees ao poder de tributar (art 140 a 152 CF) ressalvados os casos
discriminados no texto constitucional
Hipoacutetese tributaacuteria eacute o desenho normativo de uma situaccedilatildeo real que
em tese deve conter a sua completa descriccedilatildeo em lei possibilitando a sua
identificaccedilatildeo no plano faacutetico Eacute montada pelo legislador a partir de fatos obtidos
da realidade social que se deseja regular contando com caracteriacutesticas que
permitem a sua adequada identificaccedilatildeo criteacuterio material criteacuterio espacial e
criteacuterio temporal
A COSIP tem como finalidade natildeo um prestar serviccedilos mas sim um
custear serviccedilo ou seja o pagamento eacute devido natildeo porque se realiza fato
gerador mas por que haacute que se custear serviccedilos Aqui apontam os que
defendem-na que natildeo haacute qualquer vinculaccedilatildeo agrave utilizaccedilatildeo autocircnoma do
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
15
serviccedilo Trata-se de espeacutecie tributaacuteria ldquosui generisrdquo na qual basta a
disponibilidade de iluminaccedilatildeo para que seja autorizada a sua cobranccedila
Criteacuterio material eacute o nuacutecleo da hipoacutetese normativa identificado por
constituir-se em uma construccedilatildeo linguumliacutestica normalmente verbal seguida de um
complemento como por exemplo auferir renda ou circular mercadorias A
expressatildeo consumir energia eleacutetrica encerra o criteacuterio material da COSIP na
maioria dos municiacutepios abrangendo assim quaisquer pessoas fiacutesicas ou
juriacutedicas que tenham ligaccedilatildeo com a rede de transmissatildeo de energia eleacutetrica de
cada Municiacutepio
Considerando as espeacutecies tributaacuterias postas pelo art 145 da
Constituiccedilatildeo Federal tambeacutem as relacionadas pelo art 5ordm do Coacutedigo Tributaacuterio
Nacional os tributos satildeo especiacuteficos sendo eles os impostos as taxas e as
contribuiccedilotildees de melhoria acrescentando conforme jaacute ressalvado que o
Supremo Tribunal Federal (STF) entende pela existecircncia de cinco espeacutecies de
tributo admitindo aleacutem destes trecircs primeiros tambeacutem os empreacutestimos
compulsoacuterios (art 148 CF88) e as contribuiccedilotildees especiais (art 149 CF88)
cada qual possuindo caracteriacutesticas e forma de custeio proacuteprio Diversos
argumentam que natildeo se enquadrando a COSIP em sua essecircncia natureza
juriacutedica de taxa empreacutestimo compulsoacuterio contribuiccedilatildeo de melhoria ou
contribuiccedilotildees restaria apenas concluir que a COSIP apresenta-se como
verdadeiro imposto
Os impostos satildeo tributos desvinculados de qualquer atuaccedilatildeo estatal e
que tem como criteacuterio material um fato qualquer retirado da esfera do
contribuinte (art 16 CTN) portanto natildeo exigem qualquer contraprestaccedilatildeo do
Poder Puacuteblico Analisando diversas leis municipais que a instituem os fatos
eleitos para integrar a estrutura dessa exaccedilatildeo satildeo em geral o ser proprietaacuterio
de bem imoacutevel ou o consumir energia eleacutetrica Desta forma niacutetido que tais
circunstacircncias natildeo possuem qualquer relaccedilatildeo com o custeio do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica e portanto satildeo situaccedilotildees quaisquer e diversas retiradas
das esferas dos particulares
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
16
Tipologicamente e temporalmente a COSIP eacute distinta da TIP e embora a
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo venha sendo bem
aceita por boa parte dos Tribunais brasileiros em especial por acompanhar o
entendimento do Tribunal Supremo haacute ainda quem ouse manter posiccedilatildeo
divergente apegando-se agraves minuacutecias da relaccedilatildeo juriacutedica tributaacuteria existente
entre o ente puacuteblico e o contribuinte
A maioria das leis municipais natildeo tecircm se preocupado em especificar o
momento de ocorrecircncia no plano faacutetico da descriccedilatildeo contida na norma
hipoteacutetica e apenas prevecircem a periodicidade de sua cobranccedila Veja o
exemplo da Lei Complementar 312002 de Joatildeo PessoaPA em seu artigo 7ordm
Art 7deg A COSIP seraacute lanccedilada mensalmente e seraacute
paga juntamente com a fatura mensal de energia
eleacutetrica na forma do convecircnio ou contrato a ser
firmado entre o Municiacutepio e a empresa
concessionaacuteria distribuidor a de energia eleacutetrica
titular da concessatildeo para distribuiccedilatildeo de energia
no territoacuterio do Municiacutepio
O contribuinte da COSIP deveraacute ser a pessoa que reside ou exerce
atividades profissionais no local de prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O art 149-A da CF ao facultar a cobranccedila da COSIP na fatura de consumo
de energia eleacutetrica estabeleceu que o sujeito passivo da contribuiccedilatildeo
apresenta-se como algueacutem que de alguma forma estaacute ligado ao municiacutepio ou
ao Distrito Federal
O art 149-A da CF aponta que a finalidade da COSIP eacute custear o
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica pelo que se conclui que a sua base de caacutelculo
deve ser o custo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tatildeo loacutegico natildeo podendo ser
maior que esse valor despendido No mais os municiacutepios tem variado ao
estabelecer o aspecto quantitativo natildeo soacute em valores como tambeacutem na
forma pois em alguns eacute estabelecida quantia fixa e em outros uma
percentagem calculada com vistas ao consumo de energia eleacutetrica
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
17
No caso do Distrito Federal o mesmo foi expresso na base de caacutelculo
da COSIP (CIP) apontando tal qual nosso entendimento
A base de caacutelculo da CIP eacute o resultado do rateio
do custo dos serviccedilos de iluminaccedilatildeo das vias e
logradouros puacuteblicos pelos contribuintes em
funccedilatildeo do nuacutemero de unidades imobiliaacuterias
servidas pelo sistema de iluminaccedilatildeo puacuteblica2
A contribuiccedilatildeo para o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute uma
contribuiccedilatildeo iacutempar natildeo se enquadrando em sua totalidade em nenhuma das
espeacutecies de tributo Em consequumlecircncia disto alguns doutrinadores alegam ser
a mesma inconstitucional jaacute que natildeo se enquadra em nenhuma das espeacutecies
previstas pela Carta Magna poreacutem ficamos com o entendimento de ser uma
espeacutecie sui generis de contribuiccedilatildeo pela proacutepria definiccedilatildeo e consignaccedilatildeo legal
2 sect 3deg do art 4deg da Lei Complementar ndeg 6732002 Distrito Federal
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
18
Capiacutetulo II ndash DO CONCEITO SOBRE ILUMINACcedilAtildeO PUacuteBLICA E
HISTOacuteRICO QUANTO A COBRANCcedilA PELOS MUNIacuteCIPIOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute conceito que transcende a capacidade de clarear
uma aacuterea servindo entre outras coisas tambeacutem para coibir a criminalidade
A Resoluccedilatildeo da ANEEL nordm 456 de 29 de novembro de 2000 em seu
art 2ordm XXIV conceitua iluminaccedilatildeo puacuteblica como sendo ldquoserviccedilo que tem por
objetivo prover de luz ou claridade artificial nos logradouros puacuteblicos no
periacuteodo noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais inclusive aqueles
que necessitam de iluminaccedilatildeo permanente no periacuteodo diurnordquo 3
Tambeacutem o art 20 inciso IV da mesma resoluccedilatildeo classifica como
iluminaccedilatildeo puacuteblica como o
ldquofornecimento de energia eleacutetrica para iluminaccedilatildeo
de ruas praccedilas avenidas tuacuteneis passagens
subterracircneas jardins vias estradas passarelas
abrigos de usuaacuterios de transportes coletivos e
outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso
comum e livre acesso de responsabilidade de
pessoa juriacutedica de direito puacuteblico ou por esta
delegada mediante concessatildeo ou autorizaccedilatildeo
incluiacutedo o fornecimento destinado agrave iluminaccedilatildeo de
monumentos fachadas fontes luminosas e obras
de arte de valor historio cultural ou ambiental
localizadas em aacutereas puacuteblicas e definidas por
meio de legislaccedilatildeo especiacutefica excluiacutedo o
fornecimento de energia eleacutetrica que tenha por
objetivo qualquer forma de propaganda ou
publicidaderdquo
Iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute lazer natildeo eacute um luxo sequer eacute beleza e
turismo apesar de poder render reflexos nestes Iluminaccedilatildeo Puacuteblica eacute tambeacutem
3 httpwwwaneelgovbrcedocres2000456pdf
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
19
seguranccedila Puacuteblica Permite quando implantada na ausecircncia de luz natural a
circulaccedilatildeo e acesso da populaccedilatildeo as ruas praccedilas avenidas jardins estradas
e outros logradouros de domiacutenio puacuteblico de uso comum e de livre acesso
Dela dependem o tracircnsito dos trabalhadores que prestam serviccedilos noturno
dos estudantes que precisam seguir com seus estudos e que em diversos
casos somente podem fazecirc-lo agrave noite do comeacutercio que precisa manter visiacuteveis
estabelecimentos e vitrines e protegidos seus estoques bem como das casas
noturnas que necessitam ter facilitada a circulaccedilatildeo da populaccedilatildeo e clientes
entre outros
Esse serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica sempre gerou debates e
controveacutersias quanto ao seu custeio Os municiacutepios objetivando o reembolso
das despesas com o fornecimento de energia pensaram vez nos impostos
vez nas taxas Nos impostos por ser o natural tributo tendente a custear as
despesas puacuteblicas gerais natildeo referiacuteveis a contribuintes determinados o que
se coaduna com o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Nas taxas por ser um tributo
vinculado agrave atividade estatal ainda que se antevisse a inadequaccedilatildeo do
gravame em razatildeo da ausecircncia de especificidade e divisibilidade do serviccedilo
Importante que se diga ainda que ateacute a ediccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de
1988 os municiacutepios eram beneficiados com o repasse de recursos oriundos do
Fundo Uacutenico sobre a Energia Eleacutetrica que lhes assegurava ressarcimento de
despesas com a manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica 4
A extinccedilatildeo deste fundo e de seus repasses deixou os municiacutepios de
certa forma desacobertados para este custeio vez que este tem valores
elevados e natildeo houve uma preparaccedilatildeo para tal suporte e adequaccedilatildeo
orccedilamental
Os defensores da COSIP batem na tecla de que o eraacuterio municipal natildeo
suporta a multiplicidade de encargos que jaacute satildeo de responsabilidade dos
municiacutepios e insistem no sentido de que o cidadatildeo deve entender que os
recursos de arrecadaccedilatildeo proacutepria dos Entes Puacuteblicos Municipais natildeo satildeo
4 httpwww6senadogovbrsiconListaReferenciasactioncodigoBase=2ampcodigoDocumento=114118
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
20
capazes de englobar os custos de manutenccedilatildeo da Iluminaccedilatildeo Puacuteblica
devendo assim o cidadatildeo conceder este apoio por ser mateacuteria de grande
interesse Alegam que sem esse complemento ter-se-aacute a precaacuteria prestaccedilatildeo
do serviccedilo o endividamento dos cofres municipais e a impossibilidade de
ampliaccedilatildeo de redes e melhoramentos dos mesmos serviccedilos
Como jaacute dito iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute seguranccedila Puacuteblica e assim sendo
constitui-se em direito fundamental tal qual exposto no artordm da CF ldquoTodos satildeo
iguais perante a lei sem distinccedilatildeo de qualquer natureza garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Paiacutes a inviolabilidade do direito agrave
vida agrave liberdade agrave igualdade agrave seguranccedila e agrave propriedade rdquo (grifo nosso)
As primeiras legislaccedilotildees sobre a instituiccedilatildeo de cobranccedila de taxa para o
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica datam das deacutecadas de 60 80 e 90 Como
pioneiros na instituiccedilatildeo e cobranccedila da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica tivemos o
municiacutepio de CarazinhoRS (Lei Municipal nordm 194466) Lagoa FormosaMG
(Lei Municipal nordm 33889) e VitoacuteriaES (Lei nordm 370490) estando agrave frente de
muitos outros municiacutepios brasileiros
A Lei Municipal nordm 126180 de Satildeo Miguel do OesteSC teve a
inconstitucionalidade de seus artigos que instituiacuteram as taxas da coleta de lixo
limpeza puacuteblica conservaccedilatildeo de calccedilamento e iluminaccedilatildeo puacuteblica declarada
por meio de controle difuso pelo Tribunal de Justiccedila declaraccedilatildeo esta mantida
pelo STF no RE 100729SC pelo qual o Municiacutepio intentava manter a
cobranccedila da taxa cuja base de caacutelculo era a mesma definida para o IPTU
estando em desacordo com o art 77 do CTN (Lei 5172 de 1966) Tendo o
mesmo corrido em NiteroacuteiRJ com a Lei Municipal nordm 48083 sendo declarada
inconstitucional a instituiccedilatildeo de taxa para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica em
razatildeo de estar configurada espeacutecie tributaacuteria natildeo compatiacutevel com a natureza
do serviccedilo prestado pelo ente puacuteblico objeto que foi do RE 233332RJ
Sucessivamente fomos tendo negativas a instituiccedilatildeo da TIP tal qual
tambeacutem ocorreu com agrave Lei Municipal nordm 564189 do municiacutepio de Belo
HorizonteMG cuja decisatildeo do AI-AgR 505095MG pregou a
inconstitucionalidade das taxas de limpeza puacuteblica e de iluminaccedilatildeo puacuteblica E
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
21
acompanhando o desenrolar do tema nos mais diversos tribunais inuacutemeras
legislaccedilotildees municipais foram interpeladas judicialmente de modo que fosse
apurado o caraacuteter constitucional da cobranccedila de TIP nos municiacutepios sendo
que por derradeiro o STF comeccedilou a formalizar posiccedilatildeo e afastou as taxas de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Em outubro de 2003 publicou-se a suacutemula 670 do STF5
segundo a qual o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo pode ser remunerado
mediante taxa
Os municiacutepios estavam num impasse qual a maneira de suprir as
receitas municipais em face da impossibilidade de cobranccedila da iluminaccedilatildeo
puacuteblica por meio de taxas e tendo em vista a riacutegida discriminaccedilatildeo de tributos
prevista na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Comeccedilaram a ser
debatidasintentadas vaacuterias ideacuteias tais qual operar a diluiccedilatildeo dos custos
decorrentes da prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica em um percentual
adicional nas contas de energia eleacutetrica ou aumentar as aliacutequotas de outros
impostos municipais como o IPTU e o ISSQN ou ainda permitir a cobranccedila
da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de taxa fazendo constar uma autorizaccedilatildeo
expressa no texto constitucional Sabendo noacutes contribuintes que a carga
tributaacuteria sobre noacutes imputada jaacute eacute demasiadamente extensa nos insurge o
porque do debate natildeo se centrar na correta utilizaccedilatildeo e gestatildeo dos recursos
tributaacuterios jaacute auferidos pelos entes executivos Se forem instituiacutedas novas
cobranccedilas para cada prestaccedilatildeo de serviccedilo natildeo haacute uma efetiva necessidade
dos gestores puacuteblicos em terem seus orccedilamentos organizados e racionamente
utilizados
As primeiras legislaccedilotildees que implantaram a cobranccedila na forma de taxa
com a finalidade de custear a iluminaccedilatildeo puacuteblica tiveram sua
constitucionalidadevalidade posto agrave prova quando levadas ao Poder
Judiciaacuterio pois ao se deparar com a essecircncia da espeacutecie de tributo taxa
percebeu-se tratar de forma indevida de enquadramento de tributo Conforme
enunciado do art 77 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional as taxas satildeo tributos cujo
5 Brasil STF Suacutemula nordm 670 O serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica natildeo pode ser remunerado mediante taxa
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
22
fato gerador estaacute vinculado a uma atividade estatal especiacutefica em relaccedilatildeo ao
contribuinte
Art 77 As taxas cobradas pela Uniatildeo pelos
Estados pelo Distrito Federal e pelos Municiacutepios
no acircmbito de suas respectivas atribuiccedilotildees tecircm
como fato gerador o exerciacutecio regular do poder de
poliacutecia ou a utilizaccedilatildeo efetiva ou potencial de
serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel prestado ao
contribuinte ou posto agrave sua disposiccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico A taxa natildeo pode ter base de
caacutelculo ou fato gerador idecircnticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em
funccedilatildeo do capital das empresas
Extraiacute-se que a taxa qualquer que seja deve estar relacionada a um
serviccedilo especiacutefico mensuraacutevel divisiacutevel e passiacutevel de ser atribuiacutedo ao
contribuinte Assim os julgadores constataram a desarmonia existente entre o
tributo cobrado taxa e as reais caracteriacutesticas do objeto tributaacutevel iluminaccedilatildeo
puacuteblica Mesmo antes da Emenda Constitucional ndeg 3902 jaacute entendiam ser a
taxa forma indevida de promover o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Apoacutes reiteradas decisotildees do Supremo Tribunal Federal declarando a
inconstitucionalidade da taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda por diversos
municiacutepios promoveu-se a alteraccedilatildeo da CF com o intuito de contornar a
decisatildeo do Supremo e tornar possiacutevel a cobranccedila deste tributo pelos
Municiacutepios e Distrito Federal Assim nasceu atraveacutes da emenda constitucional
nordm 39 que inseriu o artigo 149-A na Constituiccedilatildeo a contribuiccedilatildeo para o custeio
do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute serviccedilo eminentemente uti universi
ou seja prestado de forma abstrata e difusa a todos daquela sociedade sendo
impossiacutevel a sua utilizaccedilatildeo ser mensurada e individualizada por contribuinte e
tambeacutem de certa forma impossiacutevel identificar quem se beneficia diretamente
dele de modo que pudesse ser responsabilizado por seu custeio Veio entatildeo
ante a ausecircncia dos atributos da especificidade e da divisibilidade que exige o
art 145 II CF trazer a suacutemula 670 do STF apartir do reiterado
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
23
reconhecimento pelo STF da inconstitucionalidade destas taxas a declaraccedilatildeo
de sua impossibilidade
Uma articulaccedilatildeo de diversos prefeitos do pais culminou na apresentaccedilatildeo
emenda constitucional visando introduzir a previsatildeo de um tributo
especificamente destinado a essa finalidade Como classifica-lo de taxa
incorreria em oacutebvia inconstitucionalidade jaacute debatida entatildeo a batizaram de
Contribuiccedilatildeo e esta ganhou previsatildeo em artigo proacuteprio (o 149-A ) A PEC
2222000 que viria a originar tal alteraccedilatildeo passou a tramitar na Cacircmara dos
Deputados inicialmente com a seguinte redaccedilatildeo
(PEC 2222000 redaccedilatildeo originaacuteria) Art 149-A
Os Municiacutepios e o Distrito Federal poderatildeo
instituir contribuiccedilotildees na forma das respectivas
leis para o custeio dos seguintes serviccedilos
puacuteblicos observado o disposto no art 150 III
I ndash Iluminaccedilatildeo puacuteblica
II ndash Limpeza de vias e demais logradouros
puacuteblicos municipais
III ndash Pavimentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias
puacuteblicas municipais
sect1ordm Satildeo contribuintes os beneficiaacuterios
diretos ou indiretos dos serviccedilos puacuteblicos sendo
sua capacidade contributiva aferida mediante o
emprego isolado ou combinado de indicadores
como renda pessoal receita bruta valor do bem
ou do capital montante do consumo
sect2ordm Eacute facultada a cobranccedila da contribuiccedilatildeo
referida no inciso I na fatura de consumo de
energia eleacutetrica
Poreacutem durante o periacuteodo em que esteve para aprovaccedilatildeo na Cacircmara
dos Deputadosa PEC 2222000 que visava dar nova redaccedilatildeo ao artigo 145
da CF permitindo a cobranccedila da TIP sofreu grandes alteraccedilotildees em virtude das
criacuteticas e sugestotildees que sobre ela caiacuteram veja-se o trecho do parecer do
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
24
Deputado Osmar Serraglio que de certa forma e em alguns pontos divergimos
de entendimento poreacutem que demonstra os embates modificativos tidos
Os obstaacuteculos conceituais do discurso juriacutedico
natildeo se resolvem por golpes de voluntarismo Natildeo
eacute sinal de maturidade poliacutetica e de espiacuterito
democraacutetico de querer decretar com um golpe de
texto legislativo soacute para contrariar a postura
paciacutefica da jurisprudecircncia que o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica seria divisiacutevel se a realidade
fiacutesica persistiraacute e insistiraacute em desmentir a ficccedilatildeo
legal
Entendo que isso eacute procedimento incompatiacutevel
com a dignidade do Poder Legislativo Eacute preciso
procurar uma soluccedilatildeo equilibrada e inteligente
que natildeo desfigure a loacutegica discursiva nem
prejudique a ordem juriacutedica
Natildeo vejo como salvar o texto da PEC 22200
indefensaacutevel sob todos os pontos de vista Impotildee-
se encontrar uma foacutermula alternativa capaz de
atingir seu objetivo essencial que eacute o
financiamento especial da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Outra dificuldade suplementar se agiganta na
segunda alteraccedilatildeo pretendida pela PEC nordm 22200
que eacute o estabelecimento de uma exceccedilatildeo em
favor da iluminaccedilatildeo puacuteblica na proibiccedilatildeo de que a
taxa tenha fato gerador idecircntico ao do imposto
Isso resulta em bombardear um criteacuterio essencial
de distinccedilatildeo entre taxa e imposto o qual natildeo pode
comportar exceccedilotildees sob pena de desfigurar a
admiraacutevel edificaccedilatildeo da tipologia tributaacuteria
brasileira
Sucede que se verifica desnecessaacuterio praticar
todo esse mal Se eacute para criar um tributo
qualificado pela finalidade pela prestaccedilatildeo de um
serviccedilo que natildeo eacute divisiacutevel e cujo fato gerador
possa ser idecircntico ao dos impostos essa figura eacute
a da contribuiccedilatildeo especial Eacute supeacuterfluo tanto
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
25
desgaste para explodir os limites da figura da
taxa Faltou aos estudiosos do assunto ateacute o
momento reconhecer que isso pelo que se anseia
eacute uma contribuiccedilatildeo Basta estudar entatildeo como
construir uma sede constitucional legiacutetima para
essa contribuiccedilatildeo que se procura6
A PEC 2222000 foi aprovada em primeiro turno e segundo turno na
Cacircmara Federal Mas foi rejeitada no Senado Federal jaacute no dia 18 de
dezembro do mesmo ano por falta do quorum miacutenimo exigido pela CF art 60
sect2ordm CF Os representantes dos municiacutepios passaram entatildeo a se mobilizar com
o propoacutesito de chegar a uma soluccedilatildeo para o tal problema na
arrecadaccedilatildeogestatildeo municipal Chegou-se inclusive a discutir a possibilidade
de permitira a cobranccedila via Medida Provisoacuteria por pressotildees junto ao
Presidente da Repuacuteblica Assim em busca de alternativas foi a proposta
reapresentada na Cacircmara dos Deputados por outras duas vezes sendo a
PEC 32002 que apresentada e aprovada em primeiro e segundo turnos no
Senado Federal foi derradeiramente aprovada pela Cacircmara dos Deputados
(PEC 5592002) em votaccedilotildees de primeiro e segundo turnos realizadas em 18
de dezembro de 2002 O texto aprovado Emenda Constitucional ndeg 39 foi
publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 20 de dezembro de 2002
Visando evitar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da anterioridade tributaacuteria com
seu efeito retardador caso houvesse a transposiccedilatildeo do exerciacutecio de 2002 que
se encerrava o tracircmite do processo elaborativo da EC 392002 teve os dois
turnos de votaccedilatildeo nas duas Casas do Congresso Nacional realizados no
mesmo dia de forma cumulativa e apressadamente Remetida agrave Cacircmara dos
Deputados em 21 de junho de 2002 onde recebeu o ndeg 5592002 e passou a
tramitar para regular aprovaccedilatildeo esta somente teve o primeiro turno para a sua
votaccedilatildeo realizado em 18 de dezembro de 2002 e para que fosse aprovada
ainda no exerciacutecio de 2002 dispensou-se o interstiacutecio de cinco sessotildees para
as votaccedilotildees de segundo turno Com isso a PEC 5592002 foi submetida a
6 Osmar Serraglio Parecer do relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
26
segunda votaccedilatildeo tambeacutem em 18 de dezembro de 2002 Tal circunstacircncia fez
nascer discussatildeo natildeo soacute na proacutepria Cacircmara dos Deputados como tambeacutem na
doutrina afirmando quanto a inconstitucionalidade formal da Emenda
Constitucional ndeg 392002 com fundamento no natildeo atendimento da previsatildeo
constitucional e regulamentar a respeito da mateacuteria
Nossa Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 60 sect2ordf determina que a
proposta de emenda agrave Constituiccedilatildeo deveraacute ser discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos considerando-se aprovada se
obtiver em ambos trecircs quintos dos votos dos respectivos membros Jaacute o
Regimento Interno da Cacircmara dos Deputados determina no seu art 202 sect6deg
que a proposta objetivando emendar a Constituiccedilatildeo seraacute submetida a dois
turnos de discussatildeo e votaccedilatildeo com interstiacutecio de cinco sessotildees Tal situaccedilatildeo
que desconsiderou o intervalo de cinco sessotildees entre as votaccedilotildees de primeiro
e segundo turno foi objeto de recursos dentro da proacutepria Cacircmara dos
Deputados poreacutem a Presidecircncia dessa Casa Legislativa considerou possiacutevel a
dispensa apontando natildeo ter a PEC 5592002 sofrido emendas na votaccedilatildeo de
primeiro turno afirmando assim que o interstiacutecio se prestaria ao reexame da
mateacuteria pela comissatildeo competente no caso de alteraccedilatildeo do texto
originariamente submetido agrave votaccedilatildeo Poreacutem em casos semelhantes o STF
tem entendido que a interpretaccedilatildeo do Regimento interno das Casas
Legislativas eacute mateacuteria interna corporis natildeo sendo suficiente para a declaraccedilatildeo
de inconstitucionalidade formal do tributo
Concluiacutemos que o procedimento legislativo para votaccedilatildeo da PEC
5592002 teve a formalidade da votaccedilatildeo em dois turnos exigida mas
desacobertou-se de sua essecircncia que eacute permitir um repensar sobre o assunto
em meio a novos debates e discussotildees Neste contexto vaacutelido a leitura de
trecho de acoacuterdatildeo oriundo do Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro que se
manifestou a respeito
Importante destacar que o Poder
Constituinte Originaacuterio criou procedimento
rigoroso para a aprovaccedilatildeo de emendas
constitucionais justamente com o intuito de natildeo
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
27
permitir que a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica de
caraacuteter nitidamente riacutegido possa ser alterada sem
que a sociedade discuta atraveacutes de seus
representantes de forma mais abrangente e
racional a mudanccedila que eacute proposta no texto
Verifica-se poreacutem da tramitaccedilatildeo do processo
legislativo da PEC que resultou na promulgaccedilatildeo
da emenda constitucional ora hostilizada que
houve violaccedilatildeo frontal ao estabelecido pelo sect2deg do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal ()
Depreende-se clariacutessima a regra ao
estabelecer que a proposta de emenda
constitucional impotildee a discussatildeo em dois turnos
em ambas as Casas do Congresso Destarte natildeo
basta que o projeto seja votado e aprovado em
dois turnos eacute essencial tambeacutem que haja duas
discussotildees pelos congressistas sobre a mateacuteria
analisada para que soacute apoacutes essa ampla reflexatildeo
o processo legislativo possa ser considerado
respeitado Nessa concepccedilatildeo extrai-se da norma
constitucional que eacute imprescindiacutevel que a
proposta de emenda seja discutida em duas
oportunidades (turnos) em cada Casa Legislativa
tendo como objetivo principal propiciar que a
mateacuteria sob anaacutelise seja discutida de forma mais
completa possiacutevel observando-se portanto a
inafastaacutevel regra atinente a heterogeneidade da
composiccedilatildeo parlamentar Assim sendo e
lsquoconsiderando que o nosso sistema constitucional
eacute riacutegido soacute podendo ser alterado mediante
processo legislativo solene natildeo resta duacutevida de
que apenas deve-se atribuir a tal sistemaacutetica uma
interpretaccedilatildeo restritiva quanto aos requisitos a
serem observadosrsquo (Joseacute Afonso Da Silva in
lsquoCurso de Direito Constitucional Positivorsquo Ed
Malheiros 1996) motivo pelo qual seria iloacutegico e
inoacutecuo se fosse permitida a discussatildeo e votaccedilatildeo
em dois turnos na mesma sessatildeo legislativa
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
28
()
Ou seja a norma regimental estaacute em
manifesta sintonia com o texto constitucional jaacute
que soacute com o intervalo de cinco Sessotildees
Legislativas eacute que sido observada a regra alusiva
agrave heterogeneidade da composiccedilatildeo parlamentar
Todavia ao analisarmos a processo legislativo da
Proposta de Emenda Constitucional 392002
verifica-se que esta ao ser encaminhada para a
Cacircmara dos Deputados apoacutes ter tramitado de
forma correta pelo Senado Federal foi levada para
primeira discussatildeo e consequentemente primeira
votaccedilatildeo junto ao Plenaacuterio da Cacircmara na data de
11 de dezembro de 2002 praticamente no
anteveacutespera do recesso legislativo constitucional
que teve iniacutecio em 16 de dezembro de 2002 Nesta
primeira tentativa a aludida Proposta de Emenda
a Constituiccedilatildeo natildeo foi levada a votaccedilatildeo ante a
exiguumlidade do quorum parlamentar No entanto
ante a grande pressatildeo dos prefeitos dos
municiacutepios brasileiros a apreciaccedilatildeo da Proposta
de Emenda constitucional ndeg 0032002 foi
retomada na semana seguinte jaacute no dia 18 de
dezembro de 2002 em Sessatildeo Extraordinaacuteria e
apoacutes ser discutida e votada pelos Deputados
Federais foi aprovada em primeiro turno A partir
de entatildeo iniciou-se a flagrante afronta ao
Regimento Interno da referida casa legislativa e
por corolaacuterio ao texto constitucional
A PEC 0032002 foi colocada em votaccedilatildeo
(segunda deliberaccedilatildeo dos Deputados da Cacircmara
Federal) na mesma Sessatildeo Legislativa em que foi
aprovada em primeiro turno mais precisamente
meia hora apoacutes a sua aprovaccedilatildeo em primeiro
turno Portanto as deliberaccedilotildees de primeiro e de
segundo turno foram realizadas na mesma data
(18122002) isto eacute na mesma Sessatildeo Legislativa
Ora ainda no calor da recente aprovaccedilatildeo em
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
29
primeiro turno seria tranquumlilo assegurar o quorum
qualificado para a segunda aprovaccedilatildeo E foi
justamente o que aconteceu jaacute que o segundo
turno quase que repetiu os nuacutemeros apresentados
no primeiro inexistindo diferenccedila da primeira para
a segunda votaccedilatildeo justamente porque natildeo
existiram as duas discussotildees previstas na Carta
Magna quebrando de forma manifesta o
procedimento exigido pela regra solene (sect2 do
artigo 60 da Constituiccedilatildeo Federal) Dessa forma
natildeo haacute que se falar em discussatildeo em dois turnos
se a proposta fora votada duas vezes na mesma
sessatildeo restando claro que a norma prevista natildeo
foi observada e por conseguinte foi violado o
processo legislativo constitucional padecendo o
ato normativo portanto de gritante
inconstitucionalidade
()7
Essa situaccedilatildeo trata-se de ofensa ao princiacutepio da separaccedilatildeo dos poderes
que eacute uma claacuteusula peacutetrea de nossa CF e estaacute prevista no art 60 sect4ordmIII
Tendo o STF proclamado que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica por constituir
serviccedilo geral somente pode ser custeado pela receita advinda da arrecadaccedilatildeo
de impostos natildeo poderia uma emenda constitucional veicular disposiccedilatildeo
frontalmente contraacuteria ao julgado da mais alta corte do paiacutes assim a Emenda
Constitucional nordm 392002 constitui uma fraude agrave coisa julgada e via de
consequumlecircncia atinge a independecircncia do Judiciaacuterio e a harmonia dos
Poderes Aparentando ser uma norma retificadora da jurisprudecircncia do
Supremo Tribunal Federal O conteuacutedo da disposiccedilatildeo contida no paraacutegrafo
uacutenico do mencionado artigo por sua diminuta importacircncia ndash modo de cobranccedila
da exigecircncia - natildeo justifica sua inclusatildeo no texto constitucional
Transposta esta etapa ou seja com a emenda constitucional e jaacute
novamente autorizados a capitar a receita desejada muitos municiacutepios
7 Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio de Janeiro Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm 200500147118 da 1ordf Cacircmara Ciacutevel Relatora Des Maria Augusta Vaz
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
30
instituiacuteram suas COSIPs aproveitando o teor das leis instituidoras das jaacute
inconstitucionais TIPs em uma exoacutetica reciclagem normativa Citamos por
exemplo o Municiacutepio de FortalezaCE cuja Lei nordm 86782002 em seu artigo 3ordm
instituidora da COSIP previu-se textualmente que ldquoeste tributo substituiraacute a
Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica adotando-se o mesmo fato gerador sujeito
passivo hipoacutetese de incidecircncia base de caacutelculo e aliacutequotardquo
Em 9 de dezembro de 2009 a Cacircmara dos Vereadores do Rio aprovou
projeto que cria neste municiacutepio a COSIP O carioca passaraacute a pagar em sua
conta de energia eleacutetrica um tributo cujo valor poderaacute variar de R$ 200 a R$
9000 de acordo com seu consumo mensal de eletricidade O dinheiro seria
investido em manutenccedilatildeo como troca de lacircmpadas e postes e em compra de
material natildeo podendo ser gastos com outra coisa Segundo o Municipio mais
de 30 das residecircncias ficaratildeo isentas porque tecircm consumo abaixo de 80
quilowatts piso estabelecido no regramento municipal desta assim como 40
mil clientes da induacutestria e do comeacutercio
A votaccedilatildeo na cacircmara ocorreu em torno de um substitutivo ao projeto
14312003 do ex-prefeito Cesar Maia que natildeo chegou a ir a plenaacuterio
Apresentado pelo vereador Luiz Carlos Ramos que foi a plenaacuterio criando a
COSIP com algumas modificaccedilotildees em vez de um valor fixo o novo texto diz
que o valor seraacute calculado sobre o consumo mensal estando isentos os
consumidores residenciais industriais e comerciais com consumo abaixo de
80kWh
Como nenhuma cobranccedila natildeo conta com popularidade junto aos
muniacutecipes o atual prefeito Sr Eduardo Paes argumenta que o projeto foi uma
iniciativa da administraccedilatildeo passada e jaacute vinha sendo discutido haacute muito tempo
Afirmou em nota A aprovaccedilatildeo dele eacute importante para a cidade O Rio eacute uma
das poucas capitais do paiacutes em que esta taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute
cobrada O projeto do meu antecessor tem o objetivo de reparar esta
distorccedilatildeordquo
A estimativa da RioLuz eacute que a Prefeitura arrecade entre R$120 milhotildees
e R$158 milhotildees por ano com a cobranccedila desta nova contribuiccedilatildeo
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
31
No Rio de JaneiroRJ pela lei que a instituiu a administraccedilatildeo deste
tributo coube agrave Secretaria de Financcedilas do Municiacutepio Caberaacute ao
concessionaacuterio de distribuiccedilatildeo de energia eleacutetrica calcular o montante do
tributo e cobraacute-lo juntamente com o valor da tarifa de energia eleacutetrica A tarefa
de lanccedilar e cobrar o tributo eacute atribuiacuteda agrave concessionaacuteria de energia eleacutetrica
que deveraacute transferir o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Tesouro Municipal nos
termos do convecircnio a ser firmado
Como comparativo apontamos que em BrasiacuteliaDF o dinheiro
arrecadado a tiacutetulo de COSIP natildeo chega a integrar materialmente os cofres
municipais por ordem legal do proacuteprio Municiacutepio o montante eacute remetido
diretamente agrave empresa responsaacutevel pelo efetivo fornecimento do serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica que coincide com a empresa arrecadadora
Estabelecida a distinccedilatildeo entre TIP e COSIP sento a primeira uma taxa
e a segunda uma contribuiccedilatildeo jaacute acobertada por nosso regramento temos
como situaccedilatildeo atual que a COSIP tem sido acolhida pela maioria dos tribunais
O Tribunal de Justiccedila do Estado do Paraacute bem como o de Minas Gerais em
uacuteltima postura vem declarando a inconstitucionalidade de legislaccedilatildeo que
instituiacutea a taxa como forma de custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica mas admitindo
sem obstaacuteculos a instituiccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica Natildeo
diferente se posicionou o Tribunal cearense agindo na conformidade dos
demais tribunais mencionados inadmitindo a taxa e acolhendo legislaccedilatildeo que
institui a contribuiccedilatildeo como forma de custeio para a iluminaccedilatildeo puacuteblica
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
32
Capiacutetulo III ndash CELEUMAS RELATIVAS A COSIP
Natildeo restam duacutevidas que todos os cidadatildeos tecircm interesse que todas as
vias transportaacuteveis da sua cidade possuam iluminaccedilatildeo puacuteblica O serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica eacute classificado pela melhor doutrina administrativista como
serviccedilo geral ou uti universi e como tal deve ser custeado por Impostos pois
satildeo tributos de natureza natildeo vinculada Representando a posiccedilatildeo uniacutessona da
doutrina paacutetria no que tange agrave classificaccedilatildeo dos serviccedilos gerais temos os
ensinamentos de HELY LOPES MEIRELLES abaixo transcritos
Satildeo os que atendem a toda a coletividade sem
usuaacuterios determinados como os de poliacutecia
iluminaccedilatildeo puacuteblica calccedilamento e outros dessa
espeacutecie Esses serviccedilos destinam-se
indiscriminadamente a toda a populaccedilatildeo sem que
se erijam em direito subjetivo individual de
qualquer administrado agrave sua fruiccedilatildeo particular ou
privativa de seu domiciacutelio de sua rua ou de seu
bairro Daiacute por que tais serviccedilos devem ser
mantidos por impostos (tributo geral) e natildeo por
taxa ou tarifa (remuneraccedilatildeo especiacutefica do
usuaacuterio)8
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica beneficia a todos os muniacutecipes e os
visitantes mesmo aqueles que natildeo consomem energia eleacutetrica de forma direta
naquele municiacutepio Eacute prestado em caraacuteter geral para toda a coletividade
assim natildeo poder ser caracterizada como divisiacutevel impedindo o cumprimento
de um dos pressupostos legais e constitucionais para sua cobranccedila na forma
de taxa a divisibilidade
Por tratar-se de seguranccedila puacuteblica eacute constantemente viacutetima de
vandalismo que impotildeem ao Ente Municipal uma despesa constante com
reposiccedilatildeo de lacircmpadas luminaacuterias fiaccedilotildees postes etc
8 MEIRELLES Paacuteg 321
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
33
Segundo o Coacutedigo Tributaacuterio Nacional em seus artigos 79 inciso I e II
os serviccedilos satildeo especiacuteficos quando puderem ser destacados em segmentos
autocircnomos de intervenccedilatildeo de utilidade ou de necessidade puacuteblicas Seratildeo
divisiacuteveis quando forem suscetiacuteveis de utilizaccedilatildeo individualmente por parte de
cada um dos seus usuaacuterios
Eacute faacutecil perceber que o serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica exterioriza por si
soacute uma dificuldade na identificaccedilatildeo do sujeito passivo o que gera grandes
contratempos agrave tipologia tributaacuteria provocando um cenaacuterio tendente ao
desrespeito dos princiacutepios da legalidade e da isonomia tributaacuterias aleacutem de
causar na tributaccedilatildeo uma maacutecula agrave razoabilidade e agrave proporcionalidade
Apenas como questatildeo compartiva temos que a problemaacutetica da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica se assemelha a problemaacutetica da taxa de lixo quanto aos
criteacuterios de especificidade e divisibilidade onde estes somente seriam
obedecidos se o lixo agrave porta do contribuinte fosse pesado e tal serviccedilo deveria
abrigar somente os adimplentes coisa que natildeo se vecirc como possiacutevel Assim a
coleta de lixo soacute eacute passiacutevel de ser cobrada por imposto Soluccedilatildeo encontrada
em Portugal para este problema foi a pesagem do lixo no momento da coleta
O serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute prestado a um nuacutemero
determinado ou determinaacutevel de contribuintes mas sim a qualquer pessoa
sobre a qual incidam os raios de luz oriundos dos postes de iluminaccedilatildeo nos
logradouros puacuteblicos Ainda a iluminaccedilatildeo puacuteblica traacutes seguranccedila a toda uma
regiatildeo eou vizinhanccedila incluindo indeterminavelmente pessoas que estatildeo
dentro de seus lares e natildeo estatildeo diretamente submetidos a iluminaccedilatildeo gerada
Destacamos e transcrevemos o decidido na apelaccedilatildeo ndeg 70388059-
00 em recurso interposto pela Prefeitura Municipal de Satildeo Joseacute do Rio
PretoSP com seguinte fundamentaccedilatildeo
Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo
puacuteblica Tributo destinado a custear atividade de
interesse geral Natureza juriacutedica que natildeo se
identifica com a de contribuiccedilatildeo Recurso Provido
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
34
Arguacutei-se o reconhecimento da impossibilidade de
cobranccedila da contribuiccedilatildeo para iluminaccedilatildeo puacuteblica
que viola a Constituiccedilatildeo Federal e o Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional e pleiteia a devoluccedilatildeo do que
foi indevidamente pago com correccedilatildeo e juros de
mora nos termos deduzidos na peticcedilatildeo inicial
Recurso bem processado e contra-arrazoado E o
relatoacuterio
A apelante tem por escopo o reconhecimento
da irregularidade de cobranccedila da contribuiccedilatildeo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica A r sentenccedila sustenta devida a
cobranccedila tendo em vista a ediccedilatildeo da emenda
constitucional 392002 que legitimou a
contribuiccedilatildeo em voga Registre-se no entanto o
desamparo teacutecnico-juriacutedico da posiccedilatildeo
monocraacutetica ao natildeo reconhecer a
inconstitucionalidade apontada na peticcedilatildeo inicial
Senatildeo vejamos
O art 149-A da Constituiccedilatildeo Federal
introduzido pela Emenda 3902 atribui
competecircncia aos municiacutepios e ao Distrito Federal
para instituiacuterem contribuiccedilatildeo voltada ao custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica observado o
disposto em seu art 1501 e III De ponderar
contudo que o tributo em foco natildeo se encaixa ao
conceito de contribuiccedilatildeo porquanto natildeo
vinculado agrave ou grupo social com o qual a atividade
a ser custeada tenha alguma relaccedilatildeo Daiacute a
convicccedilatildeo de que a propalada contribuiccedilatildeo para o
custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica tem na
verdade a natureza juriacutedica de imposto
Conveacutem citar por oportuno a liccedilatildeo de Hugo
de Brito Machado a respeito da contribuiccedilatildeo e da
espeacutecie tributaacuteria prevista no art 149-A da Magna
Carta ( ) a contribuiccedilatildeo identifica-se como
espeacutecie de tributo porque a) tem destinaccedilatildeo
constitucional especificamente estabelecida para
o custeio de determinada atividade estatal
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
35
especificamente referida a uma categoria ou grupo
de pessoas que provoca a sua necessidade ou
dela obtecircm especial proveito e b) tem como
contribuinte pessoa que compotildee a categoria ou
grupo de pessoas que provoca a necessidade de
agir estatal ou dele obteacutem proveito
Assim quando se diz que a contribuiccedilatildeo haacute
de ter finalidade constitucionalmente estabelecida
natildeo se quer dizer apenas que os recursos dela
provenientes devem ser destinados ao
financiamento de uma atividade estatal indicada
na Constituiccedilatildeo Se fosse assim poderiacuteamos ter
todas as atividades estatais custeadas mediante
contribuiccedilotildees Deixariam de ser necessaacuterios os
impostos e assim estaria destruiacutedo o sistema
constitucional tributaacuterio
Como se vecirc haacute verdadeira incompatibilidade
conceitual entre a exaccedilatildeo de que se cuida e a
espeacutecie tributaacuteria conhecida como contribuiccedilatildeo
Se eacute vaacutelida porque autorizada por Emenda
Constitucional uma contribuiccedilatildeo que tem as
caracteriacutesticas essenciais de um imposto poderaacute
entatildeo o constituinte reformador substituir todos
os impostos por contribuiccedilotildees contornando
assim a vedaccedilatildeo do art 167 IV E por que natildeo
poderia entatildeo instituir contribuiccedilotildees sem
obediecircncia ao princiacutepio da anterioridade ao
exerciacutecio financeiro de cobranccedila E por que natildeo
poderia assim aos poucos destruir todas as
garantias que a Constituiccedilatildeo outorgou ao cidadatildeo
contribuinte (iu Comentaacuterios ao Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Coordenador Ives Gandra da
Silva Marins Editora Saraiva Satildeo Paulo 4ordf ediccedilatildeo
volume I paacuteginas 4648)
De sorte que natildeo obstante os argumentos
expendidos nas contra-razotildees emerge do caderno
processual a incompatibilidade entre a natureza
juriacutedica da contribuiccedilatildeo propriamente dita e a do
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
36
tributo em exame Assim eacute porque a exaccedilatildeo
calcada no artigo 149-A da Carta Magna ao que
tudo indica destina-se ao custeio de atividade de
interesse geral sem contar que ofende tambeacutem o
princiacutepio da isonomia preconizado no art 150II
da CF uma vez que a base de caacutelculo da referida
contribuiccedilatildeo eacute o consumo de KWH das unidades
autocircnomas independendo de o contribuinte
efetivamente usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica
Inevitaacutevel portanto proclamar a ilegalidade
da cobranccedila da taxa de contribuiccedilatildeo para custeio
de iluminaccedilatildeo puacuteblica Para efeito de
prequestionamento observo que essa decisatildeo
natildeo viola a Constituiccedilatildeo Federal nem a lei federal
Pelo exposto DOU PROVIMENTO ao recurso
reconhecendo a irregularidade da cobranccedila da
contribuiccedilatildeo em comento e para julgar procedente
o pedido deduzido na peticcedilatildeo inicial condenando
a apelada agrave devoluccedilatildeo dos valores indevidamente
pagos com correccedilatildeo monetaacuteria da data de cada
desembolso acrescidos de juros de mora na base
de 1 ao mecircs contados a partir do tracircnsito em
julgado dessa decisatildeo Como corolaacuterio arcaraacute a
parte vencida com custas despesas processuais
e honoraacuterios advocatiacutecios que arbitro em 10
sobre o valor da condenaccedilatildeo atualizadordquo
O fato gerador da COSIP eacute a prestaccedilatildeo do serviccedilo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica o que denota o caraacuteter vinculado deste gravame genuinamente
finaliacutestico Havendo a atividade estatal mencionada haacute de haver a exigecircncia
da exaccedilatildeo atrelada agrave atuaccedilatildeo estatal uma vez que natildeo eacute possiacutevel discriminar
quais satildeo os usuaacuterios do serviccedilo disponibilizado
Questionamentos pelo contribuinte e populaccedilatildeo surgem quando
verificasse a maacute gestatildeo dos recursos vez que algumas ruas continuam natildeo
tendo luzes e em outras verificasse que as mesmas ficam acesas mesmo
durante o dia Luzes queimadas que demoram para ser trocadas etc
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
37
O cerne maculatoacuterio deste tributo objeto deste trabalho eacute que caso se
pudesse criar contribuiccedilotildees observando apenas a destinaccedilatildeo especiacutefica dos
recursos arrecadados amanhatilde poderiacuteamos ter contribuiccedilotildees para custeio da
seguranccedila puacuteblica contribuiccedilatildeo para custeio dos transportes coletivos para
higiene e sauacutede para fomento cultural para lazer para incrementaccedilatildeo do
turismo para combate aos mosquitos da dengue para manutenccedilatildeo de vias e
logradouros puacuteblicos para despoluiccedilatildeo dos rios antes navegaacuteveis entre
outros e assim o imposto propriamente dito poderia ser abolido do rol de
tributos Todos estes exemplos devem ser custeados por recursos
provenientes de impostos Haacute portanto dupla infraccedilatildeo constitucional
primeiramente porque instituiu imposto novo sem outorga constitucional em
segundo lugar porque vinculou o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo
a um Fundo violando o princiacutepio da vedaccedilatildeo previsto no art 167 IV da CF
Finalmente a referida lei conteacutem a claacutessica declaraccedilatildeo geneacuterica para custeio
das despesas decorrentes dessa lei sem apontar a dotaccedilatildeo especiacutefica
Art 1679 Satildeo vedados
IV - a vinculaccedilatildeo de receita de impostos a oacutergatildeo
fundo ou despesa ressalvadas a reparticcedilatildeo do
produto da arrecadaccedilatildeo dos impostos a que se
referem os arts 158 e 159 a destinaccedilatildeo de
recursos para as accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de
sauacutede para manutenccedilatildeo e desenvolvimento do
ensino e para realizaccedilatildeo de atividades da
administraccedilatildeo tributaacuteria como determinado
respectivamente pelos arts 198 sect 2ordm 212 e 37
XXII e a prestaccedilatildeo de garantias agraves operaccedilotildees de
creacutedito por antecipaccedilatildeo de receita previstas no
art 165 sect 8ordm bem como o disposto no sect 4ordm deste
artigo
Nosso legislador constituinte originaacuterio atribuiu agraves municipalidades a
obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os serviccedilos puacuteblicos de interesse local que
sejam essenciais A autorizaccedilatildeo da contribuiccedilatildeo para o custeio de iluminaccedilatildeo 9 Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil promulgada em 05101988 art 167
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
38
puacuteblica por meio da EC nordm 39 eacute destoa da proacutepria forma de organizaccedilatildeo
estatal promulgada em 1988 uma vez que a mesma autorizaria os Municiacutepios
a natildeo cumprirem os mandamentos do artigo 30 caput e inciso V
CF Art 30 Compete aos Municiacutepios
I - legislar sobre assuntos de interesse local
II - suplementar a legislaccedilatildeo federal e a estadual
no que couber
III - instituir e arrecadar os tributos de sua
competecircncia bem como aplicar suas rendas sem
prejuiacutezo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei
IV - criar organizar e suprimir distritos observada
a legislaccedilatildeo estadual
V - organizar e prestar diretamente ou sob regime
de concessatildeo ou permissatildeo os serviccedilos puacuteblicos
de interesse local incluiacutedo o de transporte
coletivo que tem caraacuteter essencial
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
preacute-escolar e de ensino fundamental
VI - manter com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira
da Uniatildeo e do Estado programas de educaccedilatildeo
infantil e de ensino fundamental (Redaccedilatildeo dada
pela Emenda Constitucional nordm 53 de 2006)
VII - prestar com a cooperaccedilatildeo teacutecnica e
financeira da Uniatildeo e do Estado serviccedilos de
atendimento agrave sauacutede da populaccedilatildeo
VIII - promover no que couber adequado
ordenamento territorial mediante planejamento e
controle do uso do parcelamento e da ocupaccedilatildeo
do solo urbano
IX - promover a proteccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-
cultural local observada a legislaccedilatildeo e a accedilatildeo
fiscalizadora federal e estadual
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
39
Art 31 A fiscalizaccedilatildeo do Municiacutepio seraacute exercida
pelo Poder Legislativo Municipal mediante
controle externo e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal na forma da
lei
sect 1ordm - O controle externo da Cacircmara Municipal seraacute
exercido com o auxiacutelio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Municiacutepio ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municiacutepios onde
houver
sect 2ordm - O parecer preacutevio emitido pelo oacutergatildeo
competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar soacute deixaraacute de prevalecer por
decisatildeo de dois terccedilos dos membros da Cacircmara
Municipal
sect 3ordm - As contas dos Municiacutepios ficaratildeo durante
sessenta dias anualmente agrave disposiccedilatildeo de
qualquer contribuinte para exame e apreciaccedilatildeo o
qual poderaacute questionar-lhes a legitimidade nos
termos da lei
sect 4ordm - Eacute vedada a criaccedilatildeo de Tribunais Conselhos
ou oacutergatildeos de Contas Municipais
Como mencionado no capiacutetulo anterior os Tribunais estaduais do Paraacute
Minas Gerais Cearaacute entre outros tem decidido pela constitucionalidade da
COSIP A ousadia na mateacuteria fica a cargo do Tribunal de Justiccedila do Rio
Grande do Sul o qual natildeo se conforma pela instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de
custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica admitindo incidente de inconstitucionalidade
sobre o tema No entender dos magistrados que compotildeem o Coleacutegio do Rio
Grande do Sul mesmo o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica sendo feita por meio de
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo tal modalidade natildeo guarda consonacircncia com os
preceitos fundamentais trazidos pela proacutepria Carta Magna O fato de estar o
tributo travestido de contribuiccedilatildeo ao inveacutes de taxa natildeo retira dele as suas
principais caracteriacutesticas senatildeo a desproporcionalidade do custeio de um
serviccedilo que a todos eacute dirigido sem quaisquer condiccedilotildees de se aferir forma
justa de divisibilidade no tocante ao que cada contribuinte deve pagar
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
40
acrescentando ainda a utilizaccedilatildeo de base de caacutelculo jaacute definida para o ICMS
gerando dessa forma bitributaccedilatildeo
Assim o Tribunal de Justiccedila gauacutecho decidiu no incidente de
inconstitucionalidade nordm 70014030910 que a forma ideal de custeio da
iluminaccedilatildeo puacuteblica deve ser por meio de imposto alegando que a contribuiccedilatildeo
de iluminaccedilatildeo puacuteblica natildeo se vecirc posta no rol de finalidades previstas no art
149 da Constituiccedilatildeo Federal entendendo que a Emenda Constitucional nordm
3902 instituiu a contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica de forma incompatiacutevel com
o Sistema Tributaacuterio Nacional declarando por fim inconstitucional a Lei
Municipal nordm 194202 do municiacutepio de CanelaRS
Inovador em se tratando da declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade de
legislaccedilatildeo municipal que prevecirc a instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo
puacuteblica por se entender que a norma posta pela Emenda Constitucional nordm
3902 senatildeo o art 149-A da CF88 contraria preceitos postos pelo Sistema
Tributaacuterio Nacional
Diante dos argumentos razoaacuteveis e perfeitamente sustentaacuteveis postos
pelos julgadores que compotildeem o Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande
do Sul resta assentar que merece guarida a tese de inconstitucionalidade da
instituiccedilatildeo de contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica a qual deveria vir na forma de
imposto fazendo-se ultrapassar os limites postos pelo presente trabalho
Observa-se que o Tribunal de Justiccedila do Rio Grande do Sul faz alusotildees
a aspectos natildeo abordados pelo Supremo Tribunal Federal assim como
tambeacutem pelo Senado Federal quando da aprovaccedilatildeo do texto da PEC nordm 0302
a qual em suas justificativas preocupou-se mais em mencionar a necessidade
dos Municiacutepios e do Distrito Federal terem fonte de custeio para a iluminaccedilatildeo
puacuteblica sem para tanto se apegarem aos pormenores relacionados agrave
obrigaccedilatildeo de custear de quem efetivamente eacute essa obrigaccedilatildeo
Quanto a forma alterar o Sistema Tributaacuterio Nacional pela EC nordm
39200 eacute violar o artigo 60 sect 4ordm da CF88 eis que as disposiccedilotildees das
Seccedilotildees I e II do Capiacutetulo I do Tiacutetulo VI abordados in casu compotildeem parte do
conjunto de direitos e garantias individuais dispersos no Texto Constitucional
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
41
O processo legislativo constitucional deve portanto obedecer a limitaccedilotildees
expressas e materiais
Art 60 A Constituiccedilatildeo poderaacute ser emendada
mediante proposta
I - de um terccedilo no miacutenimo dos membros da
Cacircmara dos Deputados ou do Senado Federal
II - do Presidente da Repuacuteblica
III - de mais da metade das Assembleacuteias
Legislativas das unidades da Federaccedilatildeo
manifestando-se cada uma delas pela maioria
relativa de seus membros
sect 1ordm - A Constituiccedilatildeo natildeo poderaacute ser emendada na
vigecircncia de intervenccedilatildeo federal de estado de
defesa ou de estado de siacutetio
sect 2ordm - A proposta seraacute discutida e votada em cada
Casa do Congresso Nacional em dois turnos
considerando-se aprovada se obtiver em ambos
trecircs quintos dos votos dos respectivos membros
sect 3ordm - A emenda agrave Constituiccedilatildeo seraacute promulgada
pelas Mesas da Cacircmara dos Deputados e do
Senado Federal com o respectivo nuacutemero de
ordem
sect 4ordm - Natildeo seraacute objeto de deliberaccedilatildeo a proposta de
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado
II - o voto direto secreto universal e perioacutedico
III - a separaccedilatildeo dos Poderes
IV - os direitos e garantias individuais
sect 5ordm - A mateacuteria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada natildeo pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessatildeo
legislativa
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
42
Face a natildeo plena interpretaccedilatildeo conceitual que arguumlimos quanto a
denominaccedilatildeo Serviccedilo de iluminaccedilatildeo Puacuteblica surgem as seguintes duacutevidas
Qual seraacute a base de caacutelculo do gravame Que aliacutequota seraacute razoaacutevel Quem eacute
sujeito passivo Se o tributo eacute sinalagmaacutetico como fica a questatildeo da
referibilidade
Aponta Eduardo Sabbag10 que parte da doutrina entende que a COSIP
eacute um imposto travestido de contribuiccedilatildeo E em sendo assim deflagra de
plano as seguintes celeumas (I) uma bitributaccedilatildeo com o ICMS no campo de
incidecircncia sobre a energia (II) ofensa ao pacto federativo pois haveria invasatildeo
de competecircncia dos municiacutepios no acircmbito do ICMS que eacute imposto estadual
(III) ofensa ao princiacutepio da natildeo afetaccedilatildeo dos impostos pois o imposto natildeo
pode ter sua arrecadaccedilatildeo vinculada a qualquer despesa (art 167 IV CF) (IV)
a necessidade de lei de caraacuteter nacional para definir fato gerador base de
caacutelculo e contribuintes (art 146 III a CF)
A lei conferiu destinaccedilatildeo intriacutenseca da contribuiccedilatildeo proacutepria dessa
espeacutecie tributaacuteria ao direcionar o produto de sua arrecadaccedilatildeo ao Fundo
Especial vinculado ao custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Soacute que como
dito anteriormente faltou o benefiacutecio especiacutefico dessa contribuiccedilatildeo que por
essa razatildeo passa a ter natureza de imposto novo
Muito importante destacar que o caput do artigo 149-A da CF
determina que o objetivo da COSIP eacute justamente este fim assim a receita
obtida seraacute vinculada agravequele custeio O natildeo vinculamento pode trazer
decisotildees judiciais condenando os Prefeitos nas penalidades do art 1ordm incisos
III e XV do Decreto-Lei n 20167 (Lei de Crimes de Responsabilidade dos
Prefeitos) e de infringirem a proacutepria Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n
10100)
O paraacutegrafo uacutenico do artigo 149-A da CF dispotildee que eacute facultada a
cobranccedila da COSIP na fatura de consumo de energia eleacutetrica com isso a
maioria dos municiacutepios efetua essa cobranccedila de modo casado sendo
impossiacutevel a quitaccedilatildeo da conta de energia eleacutetrica sem a quitaccedilatildeo da COSIP
10 Paacuteg 536
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
43
Essa sistemaacutetica inibitoacuteria de litigiosidade cria uma espeacutecie de blindagem ao
mecanismo de cobranccedila que se manteacutem inatacaacutevel aleacutem de obstar que se
tragam as exigecircncias agrave discussatildeo individualizadamente o que parece afrontar
o art 39 I do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a par do art 5ordm LIV e LV e
do art 60 sect 4ordm ambos da CF
O fato de haver a norma inserida na Constituiccedilatildeo pela Emenda n 39
dito ser facultada a cobranccedila da aludida contribuiccedilatildeo na fatura de energia
eleacutetrica com certeza ao quer dizer que possa o pagamento daquela
contribuiccedilatildeo ser colocado como condiccedilatildeo para o pagamento da conta de
energia eleacutetrica Realmente uma coisa eacute a cobranccedila da contribuiccedilatildeo ser feita
na fatura de consumo de energia eleacutetrica Outra bem diversa eacute a exigecircncia do
pagamento da contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de
energia
Como o natildeo pagamento da fatura de consumo de energia eleacutetrica
autoriza a concessionaacuteria do serviccedilo a interrompecirc-lo colocar o pagamento da
contribuiccedilatildeo como condiccedilatildeo para o pagamento da fatura de consumo de
energia seria dar ao sujeito ativo da obrigaccedilatildeo tributaacuteria um meio violento que
exclui o devido processo legal e atropela o direito de defesa do contribuinte
contra eventual cobranccedila indevida Meio de cobranccedila que por isto mesmo
natildeo tem sido admitido para os tributos em geral
Aqueles que rechaccedilam a COSIP alegam que ela ofende o princiacutepio da
discriminaccedilatildeo de rendas tributaacuterias pois instituiria imposto fora do elenco
taxativo do art 156 da CF bem como violentaria o art 167 IV da CF ao
destinar o produto da arrecadaccedilatildeo desse imposto novo a um Fundo Especial
O presidente da OABRJ Dr Wadih Damous encaminhou para anaacutelise
da Comissatildeo de Direito Tributaacuterio da entidade o referido texto da lei municipal
considerando que a taxa de iluminaccedilatildeo eacute de ldquoconstitucionalidade duvidosa
porque jaacute estaria coberta pelo pagamento de IPTU
Talvez o entendimento natildeo seria congruente o entendimento preliminar
da presidecircncia da OABRJ com alguns aspectos gerais mas merece ser
analisado O que faz nascer a obrigaccedilatildeo de pagar o IPTU eacute a propriedade o
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
44
domiacutenio uacutetil ou a posse no primeiro dia do ano de bem imoacutevel edificado ou
natildeo localizado na zona urbana do Municiacutepio Para os efeitos do IPTU a lei
define como urbana toda aacuterea em que existam pelo menos dois dos
seguintes melhoramentos meio-fio ou calccedilamento com canalizaccedilatildeo de aacuteguas
pluviais abastecimento de aacutegua sistema de esgotos sanitaacuterios rede de
iluminaccedilatildeo puacuteblica com ou sem posteamento para iluminaccedilatildeo domiciliar
escola primaacuteria ou posto de sauacutede a uma distacircncia maacutexima de trecircs quilocircmetros
do imoacutevel
O contribuinte do IPTU eacute o proprietaacuterio de imoacutevel o titular de seu
domiacutenio uacutetil o possuidor a qualquer tiacutetulo os promitentes compradores imitidos
na posse os posseiros ocupantes ou comodataacuterios de imoacuteveis pertencentes agrave
Uniatildeo aos Estados aos Municiacutepios ou a quaisquer outras isentas do imposto
ou a ele imunes
Reforccedilamos assim que ao longo deste trabalho transparece que a
COSIP eacute um imposto poreacutem nomeada em sua instituiccedilatildeo como sendo uma
contribuiccedilatildeo Oportunas portanto satildeo as liccedilotildees de Geraldo Ataliba sobre a
designaccedilatildeo das entidades e institutos do direito (nomen iuris)
Os nomes empregados em ciecircncia devem
corresponder a conceitos cientiacuteficos uniacutevocos
Nem sempre entretanto o legislador atende essa
recomendaccedilatildeo ou por natildeo ser um especialista ou
por maliacutecia ndash no intuito de subtrair-se a exigecircncias
constitucionais ndash e adota terminologia errada ou
equivocada11
Os que defendem a regularidade e necessidade da COSIP apontam que
natildeo eacute viaacutevel financiar serviccedilos de expansatildeo da iluminaccedilatildeo puacuteblica por meio de
impostos mas sim por uma fonte proacutepria Argumentam que as necessidades
humanas de natureza coletiva se multiplicam em alta velocidade tornando a
demanda por prestaccedilotildees administrativas maior e mais complexa a cada dia
Dizem ser uma forma mais justa de atender agrave demanda por tais serviccedilos na
medida em que transfere parte das despesas para os beneficiaacuterios diretos
11 Hipoacutetese de Incidecircncia Tributaacuteria p 139 Geraldo Ataliba
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
45
aliviando a receita geral dos impostos que que por natildeo comporta-la
totalmente tambeacutem natildeo deve ser empregada em custeio de despesas tatildeo
especiacuteficas
Verdade eacute que os tribunais julgaram a impossibilidade de estabelecer-se
um valor exato a cada contribuinte pela extensatildeo do serviccedilo que lhe eacute
oferecido poreacutem em nenhum momento teriam julgado pela natildeo obrigaccedilatildeo
dos beneficiaacuteriospopulaccedilatildeo em contribuir para o ressarcimento do custo do
serviccedilo
A EC ndeg 39 que introduziu o artigo 149-A sanou justamente a
impossibilidade juriacutedica quanto agrave forma de permitir a participaccedilatildeo do
beneficiado no ressarcimento do serviccedilo que lhe eacute oferecido permitindo a
instituiccedilatildeo de uma contribuiccedilatildeo que tem por base o consumo deste
beneficiado em sua residecircncia ou empresa o que de certa forma culmina que
cada um contribuiraacute de acordo com a sua capacidade de utilizaccedilatildeo do
benefiacutecio Aplica-se assim o princiacutepio da capacidade contributiva decorrente
do princiacutepio da isonomia
CONCLUSAtildeO
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
46
A COSIP requer a ediccedilatildeo de lei municipal ou distrital para que ocorra a
sua instituiccedilatildeo cobranccedila eou majoraccedilatildeo sendo proibida conforme princiacutepios
gerais aos Municiacutepios e ao Distrito Federal cobraacute-la em relaccedilatildeo a fatos
geradores ocorridos antes do iniacutecio da vigecircncia da lei que a houver instituiacutedo
ou aumentado Sua instituiccedilatildeo eacute de alccedilada dos Municiacutepios e do Distrito Federal
e destina-se exclusivamente ao custeio das despesas com o serviccedilo de
iluminaccedilatildeo puacuteblica quais sejam o consumo de energia eleacutetrica lacircmpadas
fiaccedilotildees serviccedilos especiacuteficos entre outros relacionados
O artigo 149-A da CF facultou a cobranccedila da COSIP em conjunto com a
conta mensal emitida pela concessionaacuteria de serviccedilo puacuteblico de energia
eleacutetrica Este fato gerou grande celeuma uma vez que esta cobranccedila em
conjunta inviabiliza a discussatildeo e resistecircncia do contribuinte Natildeo haacute como ele
consumidor residencial ou comercial resistir ao pagamento da COSIP sem se
ver ameaccedilado com a suspensatildeo de seu fornecimento individual o que
desrespeita o estado regular de direito
A COSIP ofende o princiacutepio da isonomia tributaacuteria pois cobra-se de
apenas uma parcela da populaccedilatildeo para custear um serviccedilo puacuteblico geneacuterico
que beneficia a sociedade como um todo Discrimina tambeacutem os usuaacuterios natildeo
residenciais onde estes pagam mais do que os usuaacuterios residenciais como se
aqueles consumissem mais iluminaccedilatildeo puacuteblica do que esses uacuteltimos Por
derradeiro eacute cobrada com base no consumo mensal de cada usuaacuterio partindo
do pressuposto que aqueles que consomem mais energia estaria consumindo
mais a iluminaccedilatildeo puacuteblica ao passo que sabemos que satildeo situaccedilotildees
totalmente distintas podendo em um exemplo hipoteacutetico um determinado
contribuinte possuir grande consumo mensal em virtude de equipamentos
meacutedicos e por sua limitaccedilatildeo natildeo poder usufruir da iluminaccedilatildeo puacuteblica externa
nas imediaccedilotildees
A impossibilidade de aplicar um tratamento isonocircmico para a
remuneraccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos uti universi faz com que estes devam ser
remunerados atraveacutes de impostos De forma distorcida temos que face a esta
dificuldade de identificaccedilatildeo dos beneficiaacuterios o regramento tem feito que
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
47
sejam contribuintes apenas as pessoas que de alguma forma estatildeo sendo
alcanccediladas pela tributaccedilatildeo municipal
Quanto a essecircncia e natureza juriacutedica o artigo 149-A de nossa
Constituiccedilatildeo Federal criou um verdadeiro imposto poreacutem com nome de
contribuiccedilatildeo que preliminarmente classificariacuteamos como uma espeacutecie sui
generis Como os sujeitos passivos da COSIP natildeo contam com especiais
benefiacutecios face aos natildeo contribuintes e tendo por criteacuterio material da hipoacutetese
de incidecircncia um fato qualquer da esfera do contribuinte tem-se que esta por
sua natureza juriacutedica eacute um imposto Como imposto estes soacute podem ser
exigidos se obedecido o rol taxativo declinado nos arts 153 155 e 156 da
Constituiccedilatildeo ou a competecircncia residual da Uniatildeo Federal prevista no art 154
do mesmo diploma
A CF determina as municipalidades obrigaccedilatildeo de organizar e prestar os
serviccedilos puacuteblicos de interesse local que sejam essenciais
Tratar como contribuiccedilatildeo uma cobranccedila tributaacuteria que natildeo o eacute natildeo faz
desaparecer o viacutecio que contaminava o projeto anterior e que fora declarado
inconstitucional o qual previa a instituiccedilatildeo de taxa de iluminaccedilatildeo puacuteblica (TIP)
sem que houvesse serviccedilo puacuteblico especiacutefico e divisiacutevel
A instituiccedilatildeo da COSIP tambeacutem conta com relativa inconstitucionalidade
uma vez que apesar de ter formalmente os dois turnos de votaccedilatildeo cumprida
natildeo se respeitou a essecircncia que o regramento buscava ao se efetuar estes
dois turnos em uma mesma tarde
Ao teacutermino das interpelaccedilotildees judiciais sobre o tema se mantida a
constitucionalidade da COSIP abrir-se-a o precedente para que a Uniatildeo
extrapole o seu poder constituinte derivado de que os Municiacutepios possam
instituir imposto disfarccedilado de contribuiccedilatildeo geral em desconformidade com
vaacuterios princiacutepios constitucionais e tributaacuterios para custear serviccedilos uti universi
Esses serviccedilos gerais e de benefiacutecios coletivos devem ser mantidos por
impostos Com o precedente poderatildeo vir a surgir novas contribuiccedilotildees para o
custeio da seguranccedila puacuteblica das forccedilas armadas da educaccedilatildeo e ensino
dentre outros serviccedilos assemelhados
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
48
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
49
ATALIBA Geraldo Hipoacutetese de incidecircncia tributaacuteria 6ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Malheiros 2003
BRASIL Supremo Tribunal Federal Disponiacutevel em lt
httpwwwstfjusbrportaljurisprudenciapesquisarJurisprudenciaaspgt
Acesso em 22 de maio de 2010
COSTA Regina Helena Curso de Direito Tributaacuterio Constituiccedilatildeo e Coacutedigo
Tributaacuterio Nacional Satildeo Paulo Saraiva 2009
DERBLI Jorge SABINO DOS SANTOS Ralph Luiz Vidal PEREIRA Arion
Rolim SCHERAIBER Ciro Expedito ABILHOA Angela Curi e CUNHA
Leonel Accedilatildeo Civil Puacuteblica sobre a inconstitucionalidade da taxa de
iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus Navigandi Teresina ano 2 n 25 jun 1998
Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrpecastextoaspid=201gt Acesso
em 19 mar 2010
HARADA Kiyoshi Contribuiccedilatildeo para o custeio da iluminaccedilatildeo puacuteblica Jus
Navigandi Teresina a 7 n 65 mai 2003 Disponiacutevel em
lthttpwww1juscomBrdoutrinatextoaspid=4076gt Acesso em 17
mai2010
LUZ Elaine Maria Tavares REBOUCcedilAS Osvaldo Joseacute Tributaccedilatildeo sobre a
iluminaccedilatildeo puacuteblica Aspectos tributaacuterios e a atual realidade juriacutedica Jus
Navigandi Teresina ano 13 n 2185 25 jun 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=13047gt Acesso em 29 mar
2010
MEIRELLES Hely Lopes Direito Municipal Brasileiro 12 ed Satildeo Paulo
Malheiros 2001
RAJZMAN Francis Apostila de Direito Tributaacuterio aula 1 Rio de Janeiro 2010
SABBAG Eduardo Manual de Direito Tributaacuterio 2ordf Ed Satildeo Paulo Saraiva
2010
SERRAGLIO Osmar Parecer do Relator Diaacuterio da Cacircmara dos Deputados
2001 Disponiacutevel em lt
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
50
httpwww2camaragovbrproposicoesloadFramehtmllink=PECgt
Acesso em 17 jun 2010
SILVA Rodrigo Dantas Coelho da A Contribuiccedilatildeo para o Custeio da
Iluminaccedilatildeo Puacuteblica dos Municiacutepios (COSIP) Jus Navigandi Teresina
ano 8 n 295 28 abr 2004 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5144gt Acesso em 29 mar
2010
SOUZA Daniel Barbosa Lima Faria Correcirca de Constitucionalidade da
contribuiccedilatildeo de iluminaccedilatildeo puacuteblica - Autor Daniel Barbosa Lima Faria
Cocircrrea de Souza Clubjus Brasiacutelia-DF 02 jul 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwclubjuscombrartigosampver=224466gt Acesso em 19 mar
2010
TRINDADE Germana Assunccedilatildeo Artigo Natureza juriacutedica da contribuiccedilatildeo para
o custeio do serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica Acesso em 29 mar 2010
WAINSTOCK Sergio Consideraccedilotildees sobre a contribuiccedilatildeo para custeio do
serviccedilo de iluminaccedilatildeo puacuteblica no Rio de Janeiro Jus Navigandi
Teresina ano 14 n 2365 22 dez 2009 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=14060gt Acesso em 29 mar
2010
top related