a espiritualidade na educação: algumas questões
Post on 18-Jun-2015
336 Views
Preview:
DESCRIPTION
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
V SEMINÁRIO ARTE E IMAGINÁRIO NA EDUCAÇÃO
IMAGINÁRIO, ARTE E EDUCAÇÃO DA ALMA
A espiritualidade na educação: algumas questões
Adilson Marques – doutor em Educação/ USP
Professor da Fundação Educacional São Carlos
Eixo três: educação e espiritualidade
Resumo:
Esta comunicação apresenta algumas questões para se pensar o tema
espiritualidade na educação, sobretudo, na educação de adultos e idosos. Partindo das
reflexões de Feyerabend que sugere que a educação deve ser independente das religiões
e também da ciência, a espiritualidade pode ter sua cidadania reescrita no processo
educativo. E aqui apresentamos uma proposta de curso, fundamentada no que estamos
chamando de Gerontagogia Holonômica, com duração de 15 horas, no qual o tema
espiritualidade é discutido com idosos, sem alienação ou tentativa de doutrinação.
O curso possui quatro temas gerais: 1 - o conceito de espírito, refletindo sobre os
vários sentidos em que o termo foi utilizado ao longo da história; 2 - o conceito de
consciência, refletindo se este é um epifenômeno do cérebro, ou se ela é independente,
um atributo do espírito; 3 - na hipótese do espírito existir, se ele “evolui” ou se ele já é
“perfeito”, refletindo a partir das contribuições das principais religiões; 4 - a relação
entre a faticidade e a transcendência na vida cotidiana, refletindo sobre alguns
fenômenos como a telepatia, a clarividência etc. Todos os encontros terminam com
algum exercício bioenergético: meditação, visualização curativa, chi kung etc.
Em mais de 10 anos de experiência com a Gerontagogia Holonômica o tema
espiritualidade, dentro da perspectiva apresentada acima, atrai pessoas das mais
diferentes religiões, em um ambiente que prioriza e favorece a cultura de paz e o
respeito pela diversidade religiosa.
Palavras-chaves: Educação. Espiritualidade. Cultura de paz
Introdução:
Em seu mais famoso livro “Contra o método”, Paul Karl Feyerabend (2007)
questiona a valoração da ciência no mundo moderno ocidental. Entendendo-a como
fruto de uma ideologia repressiva, na qual se encontra, de forma dissimulada, atitudes
elitistas e racistas, ele defende a seguinte ideia: uma sociedade pluralística deveria
também se proteger do cientificismo.
Um de seus argumentos é de vital importância para se pensar também o processo
educativo. Ele afirma que as suposições científicas não são suficientes para determinar
quais problemas merecem ser resolvidos ou julgar o mérito de outras fontes de saber,
como a religião, a arte e as chamadas pseudociências, por exemplo. Dentro desta
perspectiva, da mesma forma que o estado laico não se vincula a uma religião, deveria
também se separar da ciência para a consolidação de uma sociedade livre, ou seja, para
que todas as tradições passassem a ter iguais direitos e igual acesso aos centros de poder
e decisão.
No caso da educação, sobretudo de idosos, colocar em prática as ideias de
Feyerabend é permitir também aos próprios alunos decidir sobre o conteúdo das
disciplinas, aprofundando temas que possuem interesse, mesmo que não sejam aqueles
elegidos por psicólogos, pedagogos, filósofos ou cientistas racionalistas, quase sempre
presos a um cientificismo de cunho ideológico e partidário. A proposta da Gerontagogia
Holonômica, compreendendo que o cotidiano, a história de vida, os valores pessoais e a
singularidade de cada aluno devem ser valorizados no processo educativo, pois seu
axioma básico parte da aceitação que a parte também contém o Todo, valoriza essa
iniciativa e, quando isso é feito, o tema espiritualidade costuma se destacar.
Obviamente que não estamos aqui defendendo a reintrodução no processo
educativo de um ensino voltado para doutrinação ou para proselitismo religioso, mas
compreendendo que a espiritualidade é um dos assuntos que mais intrigam a
humanidade, refletindo diretamente sobre questões básicas como Quem somos? De
onde viemos? Para onde vamos?, a Gerontagogia Holonômica não pode deixar de lado o
tema em nome de uma pretensa educação laica que confunde a busca espiritual
autêntica com doutrinação religiosa.
Métodos e resultados
Em 2003, partindo das teorias sobre a imaginação de Kant (1994), interpretadas
por David-Ménard (1996) e Kneller (2010), até chegar à proposta de Gilbert Durand
(1992, 1995 e 1996) de uma arquetipologia do imaginário, idealizei um programa de
Gerontagogia Holonômica com o objetivo de auxiliar no processo de individuação na
pessoa idosa, trabalhando com o seu imaginário e sua relação com o sagrado e o
transcendental, entre outros temas, inserindo, assim, a dimensão simbólica do
envelhecimento no processo antropolítico que passei a chamar de (re)envolvimento
humano, apresentado, originalmente, na tese de doutorado “nossas lembranças mais
pessoais podem vir morar aqui”, defendida em 2003, na Faculdade de Educação da
USP.
Colocando em prática este programa na Universidade Aberta da Terceira idade
(UATI), em São Carlos, a partir de 2004, foi possível constatar o valor e a importância
do tema espiritualidade e da religião para os idosos. E, apesar da maioria dos
participantes relatar a opção pelo catolicismo (82 %, em dados coletados em 2011), os
idosos que se inscrevem no curso manifestam interesse em conhecer outras doutrinas
religiosas ou filosofias espiritualistas, inclusive, visitar locais sagrados, como templos
budistas, e não se incomodam em participar de atividades normalmente associadas ao
movimento esotérico “nova era”, como meditação, yoga, tai chi chuan etc.,
reconhecendo o benefício destas práticas em suas vidas, mesmo quando não concordam
com suas concepções teóricas ou doutrinárias.
E a principal conclusão a que chegamos, neste dez anos de trabalho, é que a
dimensão espiritual não pode ser menosprezada no processo de envelhecimento, pelo
menos no cenário “pós-moderno” em que nos encontramos, onde, apesar de tantas
mudanças tecnológicas e processos de secularização e profanação da vida, a consciência
da (in)finitude e a busca espiritual autêntica que os idosos manifestam não parece ser
apenas “ópio” ou uma fuga para velhos indefesos, mas a afirmação de uma forma de
pensar e agir no palco da vida humanizada onde a metanoia, ou o processo de
individuação, realizou-se completamente ou caminha para esse fim.
Um estudo de caso: A espiritualidade na perspectiva da Gerontagogia Holonômica
O envelhecimento humano se tornou uma preocupação socioeconômica e
cultural na sociedade contemporânea. O aumento da expectativa de vida é acompanhado
por novos campos de trabalho, como é o caso da Gerontologia, e uma infinidade de
serviços surge diariamente visando oferecer opções para o uso e ocupação do tempo
livre da população idosa.
Dentro desse contexto apresentamos a proposta de uma Gerontagogia
Holonômica, ou seja, uma proposta educativa que valoriza o processo de individuação
(Carl Gustav Jung, 1991, 1994 e 1998) vivenciado pela pessoa idosa buscando a
integração de sua personalidade (ego) ao Self, sua essência anímica, estimulando e
auxiliando na sua autorrealização.
Além da técnica da criação de textos ficcionais ou autobiográficos, apresentada
no artigo Educação, Espiritualidade e Envelhecimento (Marques, 2014), que valoriza a
imaginação ativa, colocando a pessoa idosa em contato com os estágios importantes de
sua vida, outra atividade realizada com os alunos da Universidade Aberta da Terceira
Idade (UATI), na cidade de São Carlos, é um curso que aborda o tema espiritualidade,
dividido em quatro módulos, totalizando 15 horas de duração.
No primeiro módulo discutimos alguns usos para a palavra espírito, deixando
que os participantes apresentem suas opiniões. Frequentemente, a palavra espírito é
utilizada pelos alunos como sinônimo de ser incorpóreo, fantasma de um morto,
desencarnado.
Após essa introdução, costumo apresentar o uso do termo em diferentes
doutrinas e filosofias, entre elas, o espiritismo, a teosofia e o cristianismo. Também
conversamos sobre a visão budista que não crê na sobrevivência de um Eu após a morte
e que se constitui em uma filosofia espiritualista não-teísta, o que não significa que seja
ateia. Além do conceito metafísico de espírito, analisamos também o conceito
metafórico da palavra, como nos casos em que aparece relacionada aos valores, cultura
e a mentalidade de um período histórico quando se fala, por exemplo, em “espírito da
época”; em seu sentido psicológico, representando “o conjunto das faculdades
intelectuais” ou no político, quando se fala em “espírito da lei” para se identificar os
interesses que ela defende.
Também buscamos apresentar algumas interpretações religiosas e espiritualistas
que distinguem espírito e alma (em grego pneuma/psyque e, em latim, spiritus/anima)
sem defender uma como sendo a “verdadeira” e outras como “falsas”, como se uma
fosse o “trigo” e as demais o “joio” que deve ser arrancado. Essa atitude vale para
doutrinação e não em um trabalho educativo laico.
O segundo módulo suscita muitas discussões e é mais extenso. O tema proposto
é a relação matéria/consciência. No curso é apresentada a concepção cartesiana, que
fundamentou boa parte da ciência moderna, inclusive no século XX e as concepções
denominadas não-cartesianas ou pós-cartesianas, entre elas, a do “indeterminismo
quântico”, presente em boa parte das filosofias e práticas espiritualistas denominadas
Nova Era. Neste módulo costumo apresentar também a concepção metafísica da
Animagogia, uma prática de educação espiritual transreligiosa que vem sendo elaborada
e colocada em prática desde 2003, na cidade de São Carlos, pela ONG Círculo de São
Francisco.
Neste módulo comparamos a Animagogia com os ensinamentos de Edgar Morin
presentes no livro “O método 4 – as ideias” e também com as principais teses do
movimento identificado como “indeterminismo quântico”. Em linhas gerais, a
Animagogia parte também do pressuposto que a vida na Terra só foi possível após o Big
Bang e que a sequência do processo evolutivo é aquele descrito por Jacques Monod
(2006) no livro “O acaso e a necessidade”, tese praticamente aceita por toda a
comunidade científica: vazio quântico – reino das subpartículas – átomos e moléculas –
reino inorgânico – vida orgânica – consciência. Porém, a Animagogia tem como axioma
que o Bing Bang não marcou, necessariamente, o início da criação do Universo, mas
uma expansão. O pressuposto teórico da Animagogia é que o Universo, criado por Deus
ou um demiurgo, já existiria em outra dimensão, processando-se em uma velocidade
superior a da luz e sendo formado por “matéria” espiritual.
E a consciência, que Morin, no livro supracitado, associa à noosfera, e que é
pensada, na linha de Monod, como um epifenômeno do cérebro, uma vez que a
noosfera, em sua proposta, está imersa na biosfera e se decompõe junto com a morte
física, tem outro sentido na Animagogia. Aqui é a biosfera que está imersa na noosfera e
o cérebro passa a ser compreendido como uma forma necessária de antena para captar
as vibrações mentais e espirituais provenientes da noosfera. Portanto, não seria o
cérebro o criador dos pensamentos, mas o organismo necessário para a manifestação das
criações mentais no plano material. Na perspectiva da Animagogia a consciência
permanece existindo em outra dimensão, mesmo com a morte física.
Apesar dessa inversão paradigmática, reconhecendo a antecedência da
consciência sobre a matéria, a Animagogia também se distingue do “indeterminismo
quântico”, que ressuscita a filosofia idealista para a qual a realidade exterior não passa
de uma projeção mental e que, através do pensamento e da intenção, seria possível
manipular a matéria que forma o mundo exterior. Essa concepção que vem sendo
chamada também de “misticismo quântico”, e que tem na obra de Fritjof Capra (1983)
uma de suas inspirações teóricas, associa o Tao dos taoistas, o deus Brahman do
hinduísmo ou a realidade última (a causa primária de todas as coisas) como sendo o
vazio quântico. Nessa perspectiva, Deus se confunde com a chamada “energia cósmica”
que constituiria o mundo material.
Na ótica da Animagogia, o vazio quântico seria o campo para a criação do Prâna
(hinduísmo) ou do Ki (taoismo). Como o Tao Te Ching (1988) afirma ser o Tao
incognoscível e Brahman, em várias upanishads (Tinoco, 1996), não pode ser atingido
pelo pensamento, para a Animagogia não seria possível associá-los ao campo
quantizável da física atômica.
A proposta metafísica da Animagogia é monista, compreendendo um continuum
espirito/matéria, de forma análoga ao fenômeno físico do som e da luz. Em outras
palavras, seu axioma é que, ao se diminuir a velocidade de ação do plano espiritual, este
vai originar a energia presente no vazio quântico e, consequentemente, a matéria. O
processo inverso também ocorre, porém, enquanto a ciência acadêmica e o misticismo
quântico aceitam que da desagregação atômica da matéria surge a energia, a
Animagogia tem como pressuposto que a energia também se desagrega para voltar a ser
um elemento constituinte do universo espiritual, onde se encontra a noosfera.
Na perspectiva da Animagogia não haveria uma dicotomia matéria/espírito, mas
um processo contínuo de transformação de um sistema no outro.
E no terceiro módulo do curso, abordamos a reflexão sobre a possível evolução
do espírito ou não. As filosofias e religiões como o espiritismo e a umbanda se
fundamentam na crença que o espírito é criado simples e ignorante e que, ao longo das
encarnações vai evoluindo até se tornar um espírito puro e perfeito. As abordagens
orientalistas, de forma geral, distinguem o espírito, considerado como um ser perfeito, e
o ego, a personalidade humana. Nesta outra concepção acredita-se que não haveria
necessidade de evoluir, mas de despertar a consciência espiritual. Esse despertar
também é chamado de processo de iluminação. Ou seja, a “luz” interior que se encontra
apagada precisaria apenas ser acesa. O importante, porém, é salientar que
independentemente de uma ou outra concepção espiritualista, evoluir ou iluminar-se se
processa através da compaixão e da solidariedade, que se intensificam com a metanoia,
ou seja, com a mudança consciencial e de sentimentos.
E, no último módulo, abordamos alguns eventos considerados anômalos,
transpessoais ou parapsicológicos como a clarividência, a premonição, a experiência de
quase morte etc. Os alunos que participam do curso, em sua totalidade, já vivenciaram
ou conhecem algum parente ou amigo que vivencia tais fenômenos e, raramente, são
acontecimentos, mas sim parte da rotina da vida cotidiana dessas pessoas. É muito
comum encontrar um idoso católico que tem um filho que atua como médium em algum
centro espírita. Neste caso, estes idosos costumam afirmar que passaram a aceitar ou
superaram o preconceito que manifestavam em relação a religiões como o espiritismo e
a umbanda quando algum familiar começou a manifestar sinais de mediunidade e
encontraram o equilíbrio psíquico em tais religiões. É comum encontrar idosos que vão
às missas católicas dominicais e também receber um “passe” em um centro espírita.
Entre os anos de 2008 e 2010, entrevistei alguns destes alunos e seus parentes para uma
pesquisa denominada “História oral e transcendentalismo: imagens e imaginário do
invisível”, apresentada no III colóquio internacional sobre educação, utopia e
imaginário, na UFF, na cidade de Niterói. Alguns dos depoimentos foram gravados em
vídeo e podem ser acessados no youtube, como o da senhora Pompéia, que faz
comentários muito instrutivos sobre a sua clarividência, um fenômeno transpessoal ou
anomalístico que ela diz vivenciar desde a infância. Um dos vídeos pode ser acessado
através do link: http://youtu.be/6uxYvjn_Rck?list=PL2E5F9C933250E80C.
Considerações finais
Em 10 anos de atuação com a Gerontagogia Holonômica, a hipótese que
lançamos em 2004 parece cada vez mais próxima de se confirmar. A espiritualidade, ou
a sua busca, é um aspecto pulsional presente no inconsciente coletivo e parece ser
independente do condicionamento da infância e da vida. Como a Gerontagogia
Holonômica considera importante a interação do consciente com o inconsciente, como
também aceita o irracional, o paradoxo e a presença da dimensão espiritual no esquema
universal das coisas, é impossível deixar de fora uma reflexão sobre a morte e o morrer.
Os idosos sabem e esperam, muito mais que os jovens, o momento em que a
foice de Cronos virá ceifar mais uma existência. Todos os anos a morte encontra algum
aluno da escola.
O processo de individuação ou de reencontro com a própria essência, o Self, não
se processa se as emoções, os sentimentos de perda ou luto etc. não fizerem parte dele.
A experiência de vida se enriquece com a busca espiritual e a crença em uma realidade
transcendental, não importa qual, é um instrumento importante para superar frustrações
e sofrimentos, encontrando um sentido para a vida.
Uma das principais características do período que vem sendo denominado como
“pós-moderno” é a (re)descoberta da espiritualidade. O sentimento religioso dogmático,
alienante e conservador parece que perdeu força com a modernidade iluminista, porém,
ao invés do ateísmo, a pós-modernidade parece valorizar um sentimento espiritual
pleno, independente de vínculos religiosos ou doutrinações. Jovens, adultos e idosos
parecem necessitar e buscam respostas para suas inquietações espirituais, refletindo
sobre as questões básicas da humanidade: de onde viemos? Para onde vamos? E o que
estamos fazendo aqui?
O idoso da pós-modernidade não se parece tanto com o idoso estudado por Ecléa
Bosi (1987), na década de 1970, em seu clássico livro “Memória e sociedade:
lembranças de velhos”. Atualmente, o idoso demonstra ser bem menos desarmado e
parece interessado em reinventar o tempo ocioso de forma constante e não-entrópica,
sem descuidar de sua vida espiritual.
Assim, pensar a terceira idade dentro da perspectiva proposta pela Gerontagogia
Holonômica é trabalhar também pelo processo de (re)envolvimento humano, ou seja,
buscando uma forma mais harmônica de vivenciar a natureza, a comunidade, o corpo e,
sobretudo, a alma. E este trabalho não compete, mas complementa aquele que o idoso
vivencia no seio de sua religião ou seita. Nelas o idoso também busca algo que o
fortaleça para enfrentar o mundo desencantado, violento e secularizado. Nelas também
encontra acolhimento e calor humano, pois não é tratado como mais um número, como
acontece frequentemente em hospitais e outros locais públicos.
Porém, no seio da religião ou da seita, o idoso não se encontra com o Outro, com
o diferente. É fácil viver em paz com quem tem os mesmos pensamentos e crenças.
Nesse sentido, conhecer e aprender a respeitar quem tem crenças diferentes é o que
ajudará a criar uma cultura de tolerância e de respeito pelas diferentes buscas espirituais.
Ninguém precisa deixar suas crenças e nem precisa concordar com as crenças alheias,
mas é de fundamental importância que aprenda a respeitar, sobretudo quem professa
uma religião não dominante, inclusive, quem não professa nenhuma.
Quando começamos este trabalho em 2004, notamos como a Umbanda era
vítima de preconceito por parte dos alunos. Quando discutíamos um local para
visitação, todos escolhiam um tempo budista, por exemplo, mas diziam que em um
terreiro não entrariam. Gradativamente, porém, alunos que frequentavam a Umbanda
foram perdendo a vergonha e passaram a assumir sua religiosidade frente aos demais,
fato que foi muito positivo.
Além do aspecto espiritual, o mais importante, obviamente, podemos dizer
também que o curso acima descrito se transformou em um evento importante de defesa
da diversidade religiosa e de valorização da cultura de paz, sem, em nenhum momento,
desrespeitar a laicidade do Estado.
Referências bibliográficas
BACHELARD, Gaston. A dialética da duração. São Paulo: Ática, 1988.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. São Paulo: EDUSP, 1987.
CAPRA, Fritjof. O tao da física. São Paulo: Cultrix, 1983.
DAVID-MÉNARD, Monique. A loucura na razão pura: Kant leitor de Swedenborg.
São Paulo: editora 34, 1996.
DURAND, Gilbert. Les structures anthropologiques de l’imaginaire. Paris: Dunod,
1992.
_______. A imaginação simbólica. Lisboa: edições 70, 1995.
_______. Campos do imaginário. Lisboa: Instituto Piaget, 1996.
JUNG, C.G. Fundamentos de psicologia analítica. Petrópolis: Vozes, 1991.
_______. Memórias, sonhos e reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
_______. A vida simbólica. Petrópolis: Vozes, 1998.
KANT, Emmanuel. Crítica da razão pura. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
1994.
KNELLER, Jane. Kant e o poder da imaginação. São Paulo: Madras, 2010.
LAO-TZU. Tao te ching. São Paulo: Attar, 1988.
MARQUES, Adilson. Nossas lembranças mais pessoais podem vir morar aqui. (tese
de doutoramento). São Paulo: FEUSP, 2003.
_______. História oral e transcendentalismo: imagens e imaginário do invisível. III
colóquio internacional sobre educação, utopia e imaginário. Niterói: UFF, 2009.
_______. Envelhecimento e individuação. In: SOUZA, Betulino; CÂMARA, Helder
(Org.). Imaginário: novos desafios, novas epistemologias. Coimbra: CIEDA, 2012. P.
59-84
_______. Educação, Espiritualidade e Envelhecimento. Maringa: Revista de
Educação e Complexidade, n.2, jan.2014. Disponível na internet em:
http://www.crc.uem.br/pedagogia/documentos/KOAN_02/Artigo_EDUCACAO_ESPIR
ITUALIDADE.pdf
MONOD, Jacques. O acaso e a necessidade. Petrópolis: Vozes, 2006.
MORIN, Edgar. O método 4 – as ideias. Porto Alegre: Sulina, 1998.
TINÔCO, Carlos Alberto. As upanishads. São Paulo: Ibrasa, 1996.
Nota sobre o autor:
Adilson Marques é graduado em Geografia, pela USP (1987-1992) e mestre (1993-
1996) e doutor (1999-2003) em Educação, pela USP. Atuou como animador cultural no
SESC (1996-1998), realizando atividades sócioculturais com idosos, e é educador da
Universidade Aberta da Terceira Idade desde 2003, na cidade de São Carlos, onde foi
também membro do conselho municipal do idoso. Tem 33 livros publicados, abordando
temas como envelhecimento, espiritualidade e cultura de paz.
top related