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Constituição e Classificação

• Composição

Aglomerante

Argamassa + Água Agregado fino

A pasta é que liga os grãos de areia entre si, formando um todo

A proporção dos ingredientes é variável, além de poder variar a natureza ou tipologia do aglomerante e agregado, o que dá uma grande diversidade de características e tipos de argamassas

Aglomerantes usuais: cal, cimento e gesso. O agregado fino é a areia, em suas diversas formas.

Pasta

A água deve ser limpa, doce e isenta de sais e matéria orgânica.

A quantidade de água não deve ser insuficiente nem excessiva; a maneira prática de saber na obra se é adequada a quantidade de água empregada é fazer uma bola de argamassa de 8cm de diâmetro e colocá-la sobre uma superfície horizontal; a bola não deve se deformar mais de 5mm.

• Traço

É a relação entre os diversos componentes com exceção da água

É fornecido em volume ou peso; o primeiro é mais prático e comum; o segundo é mais exato

Quando há mais do que um aglomerante, adota-se a ordem do aglomerante mais caro para o mais barato; assim, o traço 1:2:8 significa 1 unidade de cimento, 2 unidades de cal e 8 unidades de areia, em volume ou peso.

Sabidas as densidades aparentes, é fácil transformar um traço dado em volume no seu equivalente em peso.

Exemplo Seja dado o traço em volume 1:2:8 (cimento: cal hidráulica; areia), transformá-lo no seu equivalente em peso. Densidades aparentes: cimento: d=1,42; cal hidráulica: d=0,65; areia: d=1,5. 1cm3 de cimento pesa 1×1,42= 1,42g 2cm3 de cal hidráulica pesam 2×0,65= 1,30g 8cm3 de areia pesam 8×1,5= 12g

O traço em peso seria 42,112:

42,130,1:

42,142,1

= 1:0,92:8,45

O traço experimental costuma ser quantificado em termos de areia seca. Se a areia tiver uma certa umidade, este fato deve ser levado na quantificação do traço. Exemplo Seja dada uma areia média com uma umidade de 5%; como vimos, para este tipo de areia o inchamento é cerca de 28%. Determinar o equivalente de areia seca no traço 1:4 feito com areia úmida. Quatro litros de areia úmida = 4×(100-0,28) litros de areia seca, ou seja, 4×0,72= 2,88 litros de areia seca. A redução foi significativa. Portanto, para um traço 1:4, em areia seca, deveria ser usado 4/0,72= 5,55 de areia úmida.

• Classificação das Argamassas

Critério Tipo Função Argamassa aérea Revestimento e assentamentoNatureza do

aglomerante Argamassa hidráulica Revestimento e assentamentoArgamassa simples Revestimento e assentamentoNúmero de

aglomerantes Argamassa mista ou composta Revestimento e assentamentoArgamassa de cimento Revestimento e assentamentoArgamassa de cal Revestimento e assentamentoArgamassa de cimento e cal Revestimento e assentamentoArgamassa de gesso Revestimento Argamassa magnesiana Revestimento Argamassa pozolânica Revestimento e assentamento

Tipo de aglomerante

Argamassa de barro Revestimento e assentamentoArgamassa aditivada Revestimento e assentamentoArgamassa de pó de pedra Revestimento Argamassa de cimento de alvenaria Revestimento e assentamentoArgamassa colante Revestimento Argamassa de aderência melhorada Revestimento Argamassa hidrófuga Revestimento Argamassa de proteção radiológica Revestimento Argamassa redutora de permeabilidade Revestimento

Propriedades específicas

Argamassa termoisolante Revestimento Argamassa de chapisco Revestimento Argamassa de emboço Revestimento Função no

revestimento Argamassa de reboco Revestimento Argamassa dosada em central Revestimento e assentamentoArgamassa preparada em obra Revestimento e assentamentoArgamassa industrializada Revestimento e assentamento

Forma de preparo ou

fornecimento Mistura semipronta para argamassa Revestimento e assentamento

Principais Condicionantes das Propriedades • Influência da Composição

Dada a grande diversidade, pode-se dizer que os vários tipos de argamassa apenas têm em

comum as características de serem moldáveis enquanto não secam e de endurecerem com maior ou menor resistência, ao fim de certo tempo.

Para cada serviço, deve-se estabelecer primeiro as qualidades convenientes e só depois escolher a mistura a ser adotada.

As propriedades das argamassas – tempo de pega, trabalhabilidade, resistência, etc. – são, assim, influenciadas por Tipologia do(s) aglomerante(s) Tipologia do agregado Proporção ou traço entre componentes Quantidade de água de amassamento

• Influência do Aglomerante

O aglomerante influi pela Natureza Resistência Idade Pureza

• Influência do Agregado

O agregado influi tanto pela sua constituição

como pela composição granulométrica

As principais funções da areia são: Dar porosidade à argamassa, facilitando a penetração do gás carbônico do ar que participa do endurecimento. Resistir às tensões decorrentes da retração do aglomerante Conferir resistência à argamassa. A resistência da pasta de um cimento puro classe 25 é 4MPa aos 28 dias. A resistência da pedra é cerca de 150Mpa. A argamassa de consistência normal e com traço 1:3 é de 25MPa, no mínimo, conforme a norma.

A resistência da argamassa será maior com uma areia de composição granulométrica variada do que uniforme. Uma areia só de grãos grossos precisa de muito aglomerante para preenchê-los e fica mais fraca. Uma areia só de grãos finos, devido à sua elevada superfície específica, também, precisa de muito cimento para envolvê-los, o que enfraquece a argamassa.

Em proporção ao agregado, não só a falta de cimento torna a argamassa fraca, por faltar aglomerante para ligar os grãos, mas também o excesso de cimento, pois a pasta de cimento é mais fraca do que a matéria mineral da areia.

A resistência ao desgaste depende em grande parte da boa dosagem granulométrica do conjunto agregado-aglomerante.

A adição de uma pequena porcentagem de argila (≤ 5%) melhora a trabalhabilidade e a impermeabilidade da argamassa.

• Influência do Traço

Muito aglomerante aumenta muito a força de retração e leva a argamassa a fendilhar.

Pouco aglomerante, levará alguns grãos da areia a não participarem da massa resistente.

Cada argamassa tem uma faixa de dosagem ideal. O traço é estabelecido mais em função do agregado fino utilizado, de modo a obter-se a trabalhabilidade (consistência) necessária com o mínimo de redução de resistência.

• Influência da Água

Muita água diminui a resistência e a impermeabilidade da argamassa, pois aumenta a porosidade e o fendilhamento.

A quantidade de água deve ser a estritamente necessária a dar a trabalhabilidade requerida.

A água de ser pura, ou seja, isenta de óleos, ácidos, álcalis, matérias orgânicas e elementos químicos que afetem negativamente as propriedades dos aglomerantes.

Características Básicas dos Tipos Mais Comuns de Argamassas

• Características das Argamassas de Cal

Resistência mínima à flexão e ao esforço cortante e razoável à compressão.

Má resistência à umidade.

Boa aderência ao substrato.

Relativamente às argamassas de cimento, são mais leves, mais econômicas e racham menos.

Endurecimento lento, pela necessidade de recarbonatação pelo CO2.

• Características das Argamassas de Cimento

Relativamente às argamassas de cal, são mais caras e mais fortes. Também, resistem melhor às solicitações mecânicas. Têm aderência menor ao substrato. São mais quebradiças.

Retração da pasta de cimento: 10 a 4mm/m.

Boa impermeabilidade e resistência às intempéries.

• Características das Argamassas de Cimento e Cal

Tanto econômica como tecnicamente, combinam se situam entre as argamassas de cimento e as argamassas de cal.

Quando se adiciona uma pequena quantidade de cal às argamassas de cimento, retarda-se a pega e diminui-se o risco de fendilhamento.

Quando se adiciona uma pequena quantidade de cimento às argamassas de cal, se consegue maior resistência mecânica, maior impermeabilidade e pega mais rápida.

• Características das Argamassas Magnesianas

Têm endurecimento mais rápido, mas resistência menor do que as argamassas de cimento.

A pasta deve ser bem queimada e ter um longo período de cura, antes da aplicação, senão, gretam e empolam.

Devem ser evitadas.

• Características das Argamassas de Gesso

Feitas só com água e gesso, ou adicionando areia, cabelo, crinas, serragem, fibras e cal.

O calor e a umidade atacam e desagregam o gesso.

Aderem bem às superfícies ásperas, mas mal à madeira.

• Características das Argamassas Pozolânicas

Mais usadas nos casos de contato com águas agressivas aos cimentos comuns.

Nelas podem ser adicionados cimento ou cal.

• Características das Argamassas de Barro

Também, chamadas de argamassas de saibro ou de argamassas de argila.

São mais utilizadas em construções rústicas.

Endurecem pela secagem da água de amassamento.

Podem apresentar boa resistência mecânica, porém má às intempéries.

• Características das Argamassas de Pó de Pedra

Também, chamadas de rebocos nobres, cirex ou granito.

São feitas com cal hidratada, cimento branco, pedra moída – normalmente granito – e, eventualmente, areia e mica.

Apresenta três tipos: liso, raspado e pongado.

No tipo liso, usa-se mica para dar brilho. A argamassa é colocada sobre a parede e depois batida com desempenadeira. Depois de seca, é lavada com solução de ácido muriático a 1:7,

para destacar o brilho.

No tipo raspado, a massa é raspada logo após a colocação, com escova de aço. Ou é aplicada diretamente com máquina própria que dá o aspecto raspado já na colocação.

No tipo pongado, a massa é aplicada com mais desuniformidade e a escova não passa sobre a superfície, mas apertada contra ela.

Têm grande resistência à abrasão, ao choque e ao risco.

Têm boa impermeabilidade, mas mofam facilmente, por causa da superfície irregular. Por isso, devem ser pintadas com silicone ou hidrófugo transparente.

O maior defeito é o elevado coeficiente de dilatação, que é responsável pela fissuração, caso a superfície não seja dividida em painéis de, no máximo, 1,30m×1,30m.

• Características das Escaiolas

É feita de areia finíssima e cimento branco e, eventualmente, gesso.

É um revestimento muito barato, impermeável, liso, higiênico, normalmente, usado para substituir os azulejos.

Uma boa escaiola pode ser obtida com pó finíssimo de mármore e cimento branco, mais areia finíssima (economia), cal hidratada (aderência) e gesso (acelerador de pega).

Após a colocação em camada bem fina, para evitar a fissuração, é alisada com boneca de pano e encerada.

Pode ser pintada enquanto úmida, para ficar com aspecto marmorizado.

• Características do Solo-Cimento

Mistura íntima de solo natural, cimento e água.

Muito usado na pavimentação viária. Também, em edificações residenciais de pequeno porte, em paredes monolíticas ou de blocos.

A durabilidade depende de rigorosas análises laboratoriais, que demoram cerca de 40dias, para quantificar a dosagem, avaliar a retração do composto e a expansibilidade do solo.

A compactação do solo-cimento é de importância primordial para o seu bom desempenho.

O solo deve ter menos de 15% de silte e argila, 50 a 70% de areia média a grossa e até 35% de pedregulho (entre 4,8mm e 76mm).

As camadas superficiais do solo, até uma profundidade de 60cm, com predomínio de matéria orgânica, não podem ser utilizadas.

A quantidade ideal de cimento situa-se de 5 a 12% da quantidade de solo e a quantidade de água é de 150 litros por tonelada de cimento.

Para cura, as peças devem ser molhadas 3 vezes ao dia, por um período mínimo de 7 dias.

A resistência à compressão aos 7 dias dos corpos-de-prova cilíndricos deve situar-se entre 16 e 40kg/cm2.

A resistência à tração aos 7 dias deve ser inferior a 10kg/cm2, para diminuir o risco de fissuração por retração.

Possíveis defeitos: ocorrência de trincas e empenamentos, principalmente, se o solo contiver argila muito expansiva.

Propriedades no Estado Fresco

1. Consistência 2. Trabalhabilidade 3. Coesão e Tixotropia 4. Plasticidade 5. Retenção de água 6. Massa Específica 7. Adesão Inicial

• Consistência

É a tendência da argamassa resistir à deformação no estado fresco.

De acordo com a consistência, as argamassas podem ser classificadas em argamassas secas, argamassas plásticas e argamassas fluidas.

Como mostra a figura:

Na argamassa seca, a pasta de aglomerante preenche os vazios entre os grãos de areia, mas estes ainda permanecem em contato. Na argamassa plástica, uma película fina de pasta de aglomerante atua como lubrificante na superfície dos grãos do agregado. Na argamassa fluida, os grãos ficam completamente imersos na pasta aglomerante.

A consistência é diretamente determinada pela quantidade de água e influenciada pelos seguintes fatores: 1. relação água/aglomerante 2. relação aglomerante/areia 3. granulometria da areia 4. natureza e qualidade do aglomerante

Constata-se que para uma mesma relação aglomerante/areia é necessária uma maior relação água/aglomerante para manter a mesma consistência, à medida que cresce o teor de cal.

• Trabalhabilidade

Significa facilidade de manuseio por quem a prepara e aplica.

Está associada com as propriedades de plasticidade, retenção e exsudação de água, coesão interna, tixotropia, adesão, massa específica e consistência.

Influência das características do agregado: a trabalhabilidade aumenta à medida em que diminui o módulo de finura da areia, mantém-se a continuidade da granulometria e decresce o teor de grãos angulosos.

Influência das características do aglomerante: a trabalhabilidade aumenta com o uso de cal; os cimentos que têm maior finura resultam em argamassas com maior trabalhabilidade e maior retenção de água.

• Coesão e Tixotropia

Coesão refere-se às forças de atração física

entre as partículas sólidas da argamassa e às ligações químicas da pasta aglomerante.

A cal melhora as condições de estabilidade plástica, consistência e trabalhabilidade das argamassas porque proporciona coesão interna, por diminuição da tensão superficial da pasta aglomerante e aumento da adesão ao agregado.

Tixotropia é a propriedade pela qual um material experimenta transformações térmicas irreversíveis, passando do estado sólido ao estado de gel. Isto ocorre na massa coesiva da pasta aglomerante, após a hidratação dos silicatos C3S e C2S, o que ocasiona o endurecimento.

• Plasticidade

É a propriedade pela qual a argamassa fresca tende a reter a deformação, após a redução do esforço de deformação.

A plasticidade e a consistência determinam a trabalhabilidade da argamassa.

Os fatores que influem na plasticidade são: Natureza e teor dos aglomerantes

Teor de ar incorporado Intensidade da mistura

Boa plasticidade é sinônimo de boa retenção de água, ou seja, baixa segregação de água (exsudação).

A plasticidade é também influenciada pelo conteúdo de finos menores que 0,0075mm:

% mínima de finos da mistura seca da argamassa Plasticidade Sem aditivo plastificante Com aditivo plastificanteRica >25 >20

Média ou Cheia 25 a 15 20 a 10 Pobre <15 <10

• Retenção de Água

É a capacidade da argamassa fresca em manter a sua consistência ou trabalhabilidade quando sujeita a solicitações que provocam perda de água – evaporação, sucção e absorção pelo componente.

A retenção de água influi sobre as propriedades no estado endurecido, resistência mecânica e aderência do revestimento, porque determina as condições de hidratação do cimento e de carbonatação da cal e age sobre a retração de secagem.

A retenção de água pode ser melhorada por aditivos na argamassa. Há os que impedem a perda de água para o componente, como é o caso de derivados de celulose, e os que impedem a percolação da água capilar, como os incorporadores de ar.

A cal favorece a retenção de água pela sua elevada superfície específica e pela grande capacidade de absorção dos seus cristais (até 100% do seu volume)

A figura apresenta a perda de água das argamassas em função da sucção dos blocos, com um tempo de contato de 4 minutos:

Os fatores que influem na capacidade de retenção de água são: Área específica dos constituintes e o número de íons ativos por unidade de superfície Natureza da cal (cal dolomítica melhora a retenção de água) Relação cal/cimento no traço Relação agregado/aglomerante no traço

Para melhorar a retenção de água, o teor de cal deve ser pelo menos igual ao de cimento. Também, quando diminui o consumo de aglomerante, a retenção de água melhora com o aumento da relação cal/cimento. Fixando-se a relação cal/cimento, a retenção de água fica prejudicada com o aumento da relação agregado/aglomerante.

• Massa Específica

Massa específica absoluta da mistura aglomerante/agregado é a relação entre a massa de material sólido seco e no vácuo e o seu volume a uma temperatura estabelecida, portanto, sem considerar os vazios.

Massa específica aparente é determinada com os vazios impermeáveis incluídos no volume do

material sólido.

A massa unitária constitui-se na massa do material que ocupa um recipiente com volume unitário, e é utilizada para a conversão de quantidades expressas em massa para quantidades expressas em volume. Para uma dada massa específica, a massa unitária varia com o adensamento do material, isto é, depende da forma e distribuição de tamanho das partículas, relacionando-se com a composição granulométrica da areia.

Os vazios na argamassa são de ar aprisionado ou incorporado e de espaços deixados pela evaporação do excesso de água. Também, depende da granulometria das partículas mais finas da mistura.

• Adesão Inicial

Depende das características de trabalhabilidade da argamassa e da porosidade, rugosidade e da base ou de tratamento prévio (limpeza) que aumente a superfície de contato entre os materiais.

Determina a aderência pós-endurecimento.

Propriedades no Estado Endurecido

1. Resistência Mecânica 2. Elasticidade ou Capacidade de Deformação 3. Resistência ao Fogo 4. Resistência ao Ataque Químico 5. Retração 6. Aderência 7. Permeabilidade 8. Condutividade Térmica

• Resistência Mecânica

É a capacidade da argamassa resistir às tensões de tração, compressão e cisalhamento.

A resistência mecânica e a elasticidade condicionam o comportamento da argamassa quando sujeitas a solicitações podendo, quando insuficientes, determinar o aparecimento de fissuras ou a desagregação, o que compromete a durabilidade das obras.

A resistência mecânica é muito influenciada pelo proporcionamento, tipologia e qualidade dos materiais. Por exemplo, a adição de pequenos volumes de cal aumenta as resistências à compressão e à tração, mas volumes elevados

originam diminuição dessas resistências. A resistência ao desgaste e à abrasão é influenciada pelo teor de aglomerante, pela granulometria e natureza da areia e é prejudicada pela presença de finos argilosos.

• Elasticidade ou Capacidade de Deformação

É a capacidade da argamassa se deformar sem que ocorra ruptura, retornando às dimensões iniciais quando cessam as solicitações.

Quando a elasticidade e a resistência à tração são inadequadas, diante das tensões de tração resultantes da retração de secagem, retração térmica ou de ações externas, ocorrem fissuras.

A adequação da elasticidade e da resistência à tração não significa total ausência de fissuras, mas sim a ocorrência de fissuras microscópicas e muito próximas, de modo que não se propagam por efeito térmico ou higroscópico, o que não prejudica a estanqueidade e a durabilidade.

Com o aumento do espaçamento entre as fissuras é que cresce o risco do descolamento da camada de argamassa.

A elasticidade da argamassa é expressa pelo seu módulo de elasticidade na compressão.

• Resistência ao Fogo

É a propriedade que se refere à estabilidade e integridade dos componentes da argamassa quando sujeitos à ação direta do fogo.

A argamassa de revestimento contribui para a resistência ao fogo da parede.

• Resistência ao Ataque Químico

A resistência da argamassa aos ataques químicos está ligada à sua composição, à natureza dos materiais, à sua resistência ao desgaste superficial e, principalmente, à sua permeabilidade e dos materiais adjacentes.

Os ataques químicos mais comuns são: 1. reações de materiais instáveis em relação à

umidade; 2. reações com ácidos e álcalis; 3. reações com sulfatos.

A hidratação da cal dolomítica, ocorrendo depois

da aplicação da argamassa, faz com esta se expanda. As reações de expansão também podem provir de impurezas como argilominerais, pirita, mica, concreções ferruginosas e matéria orgânica.

Os agentes ácidos mais agressivos provêm de esgotos e de gases (anidrido sulfúrico e anidrido carbônico) que na presença da umidade atacam os produtos à base de cimento e cal.

A permeabilidade tem um papel importantíssimo na resistência ao ataque por sulfatos, pois o principal mecanismo observado neste tipo de deterioração consistiu na cristalização de sais que são transportados pela umidade que se propaga nas paredes por capilaridade.

A cristalização dos sais se dá nos poros com grande aumento de volume e o desenvolvimento de grandes pressões que induzem à fissuração e desagregação da argamassa.

• Retração

É o mecanismo que consiste na variação de volume que ocorre na argamassa devido à remoção da água retida pelas forças superficiais

do gel da pasta aglomerante (água adsorvida) e da água retida entre as superfícies dos cristais (água intersticial ou zeolítica), durante o processo de secagem.

O agregado tem o papel mais importante como inibidor da retração. A granulometria da areia determina o volume de vazios a ser preenchido pela pasta aglomerante. Quanto maior o volume de vazios entre os grãos de areia maior será a retração da pasta.

A retração tende a aumentar com a diminuição do grão da areia e com o aumento da descontinuidade da sua granulometria. Por exemplo, uma areia fina com granulometria descontínua tem uma retração cerca de três vezes maior do que uma areia Normal.

Se aumentar a quantidade de água na mistura, o potencial de retração cresce, porque o volume de agregado será reduzido comparativamente ao volume de pasta.

O aumento do teor de cimento eleva o potencial de retração – retração por hidratação – que é superior à retração por carbonatação da cal.

A elevação da temperatura pela incidência solar

continuada acelera a retração inicial da argamassa de revestimento e é responsável pelo aparecimento precoce de fissuras. É uma boa prática manter as argamassas úmidas nos primeiros dias de cura.

• Aderência

É essencialmente a capacidade de absorção de tensões que surgem na interface da argamassa com os componentes da base.

É influenciada pelas condições da base, como a porosidade, absorção de água, resistência mecânica, textura superficial e pelas próprias condições de assentamento dos componentes da base.

Um assentamento homogêneo sem descontinuidades excessivas entre juntas dos componentes da base favorece a aderência da argamassa de revestimento.

As argamassas de cal, em geral, devido à sua maior plasticidade e retenção de água, permitem o melhor preenchimento das irregularidades da base o que favorece a aderência. Neste aspecto, a cal dolomítica é preferível à cal cálcica.

Ao contrário da retração, a aderência é favorecida pela granulometria fina da areia.

• Permeabilidade

É a propriedade que caracteriza a passagem de água através da argamassa endurecida por meio de infiltração sob pressão, capilaridade ou difusão de vapor de água.

A permeabilidade da argamassa é influenciada pela granulometria da areia e pela natureza e teor de aglomerante. É diretamente proporcional à relação água/aglomerante e inversamente proporcional à resistência da pasta aglomerante. Assim, as argamassas de cimento são menos permeáveis.

A absorção capilar da argamassa, deve ser inferior à absorção capilar da base, a fim de dar proteção contra a passagem da água da chuva.

• Condutividade Térmica

As propriedades termofísicas da argamassa dependem de: 1) composição e quantidade de matéria sólida; 2) distribuição, geometria e

dimensões dos poros que conferem estrutura celular à argamassa; 3) teor de umidade nos poros; 4) tipo de gás contido nos poros.

A condutividade térmica é inversamente proporcional à quantidade ar no material e diretamente proporcional à massa específica aparente. A água é menos isolante que o ar, por isso, a umidade nos poros aumenta a condutividade térmica.

Propriedades no Período de Uso

• Durabilidade

Está vinculada não só às propriedades da argamassa, mas também à ação dos agentes degradantes, às condições de exposição e às decisões tomadas durante o processo de produção, uso e manutenção da edificação. A quantificação da durabilidade é extremamente difícil diante de tantos fatores intervenientes.

• Resistência ao Congelamento

Depende de estrutura porosa, resistência mecânica, permeabilidade e condições de congelamento.

Ensaios de Argamassas Métodos de ensaio para caracterização das argamassas

Categoria Característica/ Propriedade

Método de Ensaio Normalizado

plasticidade RILEM MR-13/1982 consistência NBR 7215/1991 capacidade de retenção de água e de retenção de consistência

NBR 9287/1986

massa específica e teor de ar incorporado NBR 11686/1990

A Argamassa fresca no estado plástico

exsudação RILEM MR-6/1992 resistência à compressão NBR 7215/1991

resistência à tração NBR 7222/1982 BS 4551 cl 15/1980

massa específica NBR 9778/1986 módulo de elasticidade NBR 8522/1983 retração por secagem NBR 8490/1984 absorção de água por capilaridade

NBR 9779/1987 DIN 52617/1987

permeabilidade à água CSTB/CA 1779/1982permeabilidade ao vapor de água

DIN 52615/1987 CSTB/CA 2669-4/93

B Argamassa endurecida

resistência química ASTM C 267/1982 resistência de aderência à tração

NBR 13528 IPT ME-10/1981

resistência de aderência ao cisalhamento RILEM MR-20/1992

resistência de aderência à abrasão RILEM MR-9/1992

permeabilidade à água CSTB NIT 140/1982 resistência superficial RILEM MR-18/1992 resistência ao impacto

C Argamassa

aplicada sobre substrato ou

ensaio in loco

resistência ao impacto LNEC FE PA 27/80

• Consistência na Mesa ABNT (NBR 7215/91)

Procedimentos do flow table test Corpo-de-prova: forma tronco-cônica Método: queda da mesa com 30 golpes em 30 segundos Medida: espalhamento em mm nos dois diâmetros ortogonais Consistência normal: espalhamento=165±5mm

• Retenção de Água (NBR 9287/86)

Procedimentos Preparação do ensaio: determinação prévia da consistência na mesa ABNT- medida B (mm)

Método: submeter a argamassa a uma sucção de 51mm de Hg durante 60 segundos no funil de Bϋchner modificado (ver Figura)

Medida final: determinação final da consistência na mesa ABNT- medida A (mm) Índice de retenção de água RA:

%100125125

×−−

=BARA

• Massa Específica no Estado Fresco (NBR 11686/90)

Procedimentos Corpo-de-prova: cilíndrico, moldado em molde metálico de volume (Vm) e massa (Mm) conhecidos

Método: após adensamento e nivelamento da superfície da argamassa e limpeza do recipiente externamente, é determinada a massa do conjunto (Mma) Massa específica da argamassa γarg:

VmMmMma −

=argγ • Exsudação (RILEM MR-6/82)

Procedimentos Definição: tendência de separação da água da argamassa Método: colocar 5 amostras de argamassa fresca de 500ml em béqueres de vidro de 600ml e medir a quantidade de água que exsuda da argamassa nos tempos de 15min, 30min, 1h, 2h e 4h Cuidado a observar: a água exsudada em cada béquer deve ser vertida sem agitação emedida separadamente

• Resistência à Compressão (NBR 7215/91)

Procedimentos Corpos-de-prova (CP): 4 cilindros (5cm de diâmetro e 10cm de altura), para cada idade, moldados em forma metálica própria

Moldagem dos CP: achada a argamassa normal, os moldes são enchidos em 4 camadas, devendo ser compactada cada uma com 30 golpes de soquete de ½″; são colocadas lâminas de vidro nos topos para o seu alisamento; após 6 a 15h, retira-se o vidro e alisa-se novamente com nata de cimento Cura dos CP: depois de 20-24h da moldagem, é feita a desforma dos CP e estes imersos em água até o dia do ensaio de compressão Método: ruptura dos CP nas idades de 3, 7 e 28 dias

• Resistência à Tração por Compressão Diametral

(NBR 7222/82)

Procedimentos Dimensões, moldagem e cura dos CP: como anteriormente Princípio do ensaio:

Fórmula de cálculo da resistência à tração por compressão diametral Rt,D (MPa):

DHPR Dt π

2, =

, com P em N e D e H em mm • Resistência à Tração por Flexão (NBR 7222/82)

Procedimentos Dimensões dos CP: prismas de 2,5x2,5x10cm ou 4x4x16cm Cura dos CP: como anteriormente Número de CP: 3 Princípio do ensaio:

Fórmula de cálculo da resistência à tração por compressão diametral Rt,f (MPa):

2, 23bdPLR ft = ou 2, bd

PLR ft = , com P em N e L, b e d em mm

• Massa Específica no Estado Endurecido (NBR 9778/86)

Procedimentos Corpos-de-prova: cilindros de 15x30cm, moldados conforme a NBR 7215 ou testemunhos extraídos (>200cm3), num mínimo de três(3) Método: saturação por imersão e determinação da massa imersa Mi (g) pelo método de deslocamento de água , medido através da balança hidrostática, além das massas prévias Mseca (g) e Msat (g) Massas específicas da argamassa endurecida , nas condições seca (γseca)e saturada (γsat):

)/(1000 3secsec mkg

MMM

isat

aa ×

−=γ

)/(1000 3mkgMM

M

isat

satsat ×

−=γ

• Retração Hidráulica ou por Secagem (NBR 8490/84)

Procedimentos Dimensões dos CP: prismas de 2,5x2,5x25cm Número de CP: 3 Condições de secagem: T=(23±2)oC e UR= (50±4)%

Medida: comprimento, com precisão de 0,002mm a 0,004mm Passos do ensaio: 23±½h no molde; imersão em água por 15min; leitura inicial li; imersão em água + cal por 28 dias; leitura l2; armazenamento para secagem; medidas 32, 35, 42, 56 dias e 12, 20, 36 e 68 semanas. Cálculo da retração: Sendo a l a leitura em uma dada idade a retração ε é determinada por

(%)100250

×−

= illε

• Absorção de Água por Capilaridade (NBR 9779/87)

Procedimentos CP: no mínimo três por amostra, os quais podem ser moldados em formas cilíndricas (NBR 7215), ou obtidos por extração de testemunhos, co relação h/d=2 e >200cm3 Método de ensaio: o CP seco é imerso parcialmente na água, de modo que o nível de água permaneça constante a 5±1mm acima da base. Medidas: para 3, 6, 24, 48 e 72 horas o CP deve ser pesado e a altura da mancha de umidade medida; após a última leitura, o CP deve ser rompido por compressão diametral visando a observação interior da mancha de umidade.

Expressão da absorção de água: tSW ×=

, onde: W = absorção capilar, em kg/m2 S = coeficiente de absorção, em kg.m-2.h-0,5 t = tempo, em horas ou minutos Gráficos: durante o ensaio é traçado o gráfico da absorção em função da raiz quadrada do tempo, podendo o ensaio ser interrompido se quatro pontos experimentais estiverem alinhados segundo uma reta (DIN 52617/87; com CP impermeabilizados lateralmente, de 20cm de diâmetro e 2cm de altura)

• Resistência de Aderência à Tração (NBR 13528)

Procedimentos Corpo-de-prova: in loco, em revestimentos de paredes e tetos, cortando a camada de argamassa perpendicularmente ao seu plano com serra-copo e até o corte atingir um pouco do substrato Método: sobre o CP é colada uma pastilha com epóxi ou metil metaclilato; após a cura da cola, o equipamento de tração é acoplado à pastilha e esta é arrancada de forma contínua e uniforme, a uma velocidade de 0,1MPa/s.

Medida: a tensão de aderência é calculada pela divisão da carga de ruptura pela área da seção transversal do CP, expressa em MPa (N/mm2)

Locais de ruptura

• Permeabilidade à Água (CSTC NIT 140/87)

Procedimentos Nome mais conhecido: método do cachimbo, por ser usado um dispositivo de vidro em forma de cachimbo Método de ensaio: fixado o cachimbo à parede através de um mastique, é avaliada a absorção de água em cm3, sob uma pressão de 92mm de coluna de água, por esta ser correspondente á ação estática do vento a 140km/h sobre a parede molhada. Gráfico de resultados: em função do tempo em minutos, conforme a Figura.

Preparo das Argamassas

De forma geral, devem ser observados os seguintes cuidados no preparo das argamassas: Não fazer argamassa no chão, nem sobre pavimentos, pois isso leva a perda de água ou aglomerante da mistura e a alterações na argamassa ou nos pavimentos. Preparar a argamassa em betoneira ou em caixa de madeira bem calafetada. A quantidade de água deve ser a mínima possível para se obter uma consistência plástica ou normal. A água deve ser colocada em último lugar. Quando são usados aditivos, estes devem ser misturados previamente com a água num reservatório próprio. Os materiais devem ser bem misturados. Seguir rigorosamente o traço especificado. Devem ser feitas caixas específicas para a dosagem: 45cm×35cm×(altura= 30cm; 25cm; 20cm). O balde comum de pedreiro tem 10 litros, quando bem cheio e um saco de cimento (50kg) equivale a 35 litros, aproximadamente.

Cuidados específicos no preparo das argamassas de cal:

A cal só pode ser misturada a areia após um período mínimo de 20 dias após a sua extinção. Após a preparação, a argamassa de cal aérea pode se manter quase indefinidamente, se guardada ao abrigo do sol, sem aeração e se for molhada periodicamente. As argamassas de cal prontas devem ser usadas com cautela, pois não há absoluta segurança sobre a sua idade e traço. Para obter argamassa fina de revestimento, a cal e a areia devem ser peneiradas.

Cuidados específicos no preparo das argamassas mistas de cimento e cal: A argamassa deve ser usada imediatamente após a adição de cimento à argamassa de cal. É aconselhável que a adição de cimento seja feita já no balde ou carrinho ou estrado pelo próprio pedreiro. A argamassa que começar a endurecer já não deve ser usada, ainda menos, com adição de água além da prevista no traço original.

Cuidados específicos no preparo das argamassas de cimento: Devem ser aplicadas com maior rapidez do que as de cal ou as mistas. A pega inicia normalmente 1 hora depois da adição de água.

Cuidados específicos no preparo das argamassas de gesso: Não deve ser feita argamassa demais por causa da pega muito rápida do gesso (15-30 minutos).

Cuidados específicos no preparo das argamassas de pó de pedra (cirex): A mistura deve ser feita em fábrica e entregue em sacos impermeáveis. Após a adição de água, devem ser aplicadas em 3 horas, no máximo.

Dosagem das Argamassas

• Coeficiente de Rendimento

Rendimento do aglomerante é o volume de pasta obtido com uma unidade de volume desse aglomerante.

Determinado experimentalmente ou analiticamente pela fórmula:

aDdCR +=

, sendo d= densidade aparente do aglomerante seco, D= sua densidade absoluta e a= volume unitário de água.

A tabela abaixo indica os valores de d, D e a (para pasta de consistência normal) mais usados nos cálculos do Coeficiente de Rendimento:

Aglomerante d D a Cimento solto 1,22 Cimento compactado 2,70 Cimento na obra 1,42

3,05 0,43

Cal aérea 1,00 2,20 1,20 Cal hidráulica 0,40-0,64 2,3-2,9 0,80-1,00 Gesso 0,85 2,50 0,52

• Influência da Umidade no Traço

A umidade resulta em inchamento I (%) das areias.

Um volume de areia seca, depois do umedecimento, fica aumentado para:

1001 I+

Um volume de areia úmida tem o seguinte volume de areia seca:

1001

1I

+

Logo, se temos um traço 1:n com areia seca, seu equivalente com areia úmida é:

+

1001:1 In

• Traços mais Comuns para Assentamento

Situação Traço Tipo de Bloco

Construtivo

Condições de

Exposição Parede sustentação 1:1/4:3 Todos

1:1/4:3 Argila 1:1/2:4 Concreto

Parapeitos, Muros, abaixo das camadas de

tijolos impermeáveis 1:1:6 Silico-calcário

Normal

1:1:6 Todos Severas 1:1:6 Todos

1:1:6 a 1:2:9 Argila

Externas

Parede no solo e entre beirais

1:2:9 Conc./ Silico.

Moderadas ou

abrigadas 1:1:6 Argila 1:2:9 Conc./ Silico. Internas

1:2:9 a 1:3:12 Todos -

Fonte: BUILDING RESEARCH STATION DIGEST

• Traços mais Comuns para Revestimento

Paredes Teto

(concreto ou misto)

Camadas sobre o

chapisco Externa acima do

solo

Externa abaixo do

solo Internas

Externo ou Interno

Emboço 1:2:8 a 10 1:1:6 1:1/4:3

1:2:8 a 10 ou

1:3:12 1:2:8 a 10

Reboco 0:1:3 ou

1:2:9 1:1:6

0:1:3 ou

1:2:9

1:1/4:3 ou

1:0:3 *

0:1:3 ou

1:2:9 Fonte: ABPC/ IPT; Nota: * até 1,60m em banheiros, cozinhas e pias.

• Cálculo das Dosagens

Observar as indicações da Tabela no. 4- “Cálculo das dosagens de vários tipos de argamassas”, de Ernesto Ripper em Como evitar erros na construção, Pini, 1984.

• Traços e Consumos para Diversos Serviços

Observar os dados da Tabela no. 5- “Traços comuns das argamassas para diversos serviços”, de Ernesto Ripper em Como evitar erros na construção, Pini, 1984.

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