343o 2009 - boletim informativo) - advidassociação para o desenvolvimento da viticultura duriense...

Post on 24-Jul-2020

2 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

TRANSCRIPT

Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense •••• “Cluster” dos Vinhos da Região do Douro 15 de Julho de 2009

Boletim Informativo 05-09

ADVID Evolução do Ano Vitícola 2008-2009 Previsão do Potencial de Colheita

Evolução do clima

O ano vitícola, para o período entre Novembro (2008) e Junho (2009), caracteriza-se por uma diminuição global dos valores da

precipitação acumulada (entre 25% e 40% menos), quando com-parada com a média de 30 anos. Para esta situação contribuíram

os meses de Novembro e sobretudo Março e Maio. Pontualmente e fruto de maior concentração de trovoadas, foi possível encon-

trar locais, onde a diminuição não foi tão negativa.

A temperatura do ar, para o mesmo período, apresentou-se ligei-ramente superior ao valor da média. Importa no entanto fazer

uma referência para o início do Inverno bem como para o mês de

Abril, significativamente mais frios que o normal, especialmente neste mês, com influencia no crescimento vegetativo.

Deste modo, o ano vitícola, para as três sub-regiões do Douro,

pode caracterizar-se como um ano seco, com baixa disponibilida-de hídrica para as plantas e com temperatura de uma forma geral

amena, onde se destacam as fortes oscilações diárias do valor da temperatura, em especial durante o mês de Maio e sobretudo em

Junho.

ADVID • Quinta de Santa Maria • Apartado137 • 5050-106 GODIM (Peso da Régua) • Tel: +351 254 312940 • Fax: +351 254 321350 • e-mail: advid@advid.pt • www.advid.pt

Aspectos da evolução do ciclo vegetativo

Em consequência das condições climáticas verificadas registou-se uma antecipação nas datas de abrolhamento da videira em todas

as sub-regiões. No entanto logo após o abrolhamento e com um decréscimo nos valores da temperatura média (Abril), verificou-se

uma abrandamento de crescimento. Com a temperatura a regres-

sar em Maio aos valores habituais e com uma disponibilidade hídrica, ainda adequada, verificou-se uma retoma do crescimento

vegetativo, dando origem nos locais mais férteis do Baixo e Cima-Corgo a situações de elevada expansão vegetativa, causando

dificuldades na condução da vegetação .

Fotos 1 e 2 - Floração - Casta Tinta Roriz com abertura anormal dos botões florais

(1) e apresentando um normal desenvolvimento da floração (2).

1

2

0

6

12

18

24

30

0

50

100

150

200

250

Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Temp.(ºC)Prec. (mm)

MESES

Baixo Corgo - Régua

0

6

12

18

24

30

0

50

100

150

200

250

Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Temp.(ºC)Prec. (mm)

MESES

Cima Corgo - Pinhão

0

6

12

18

24

30

0

50

100

150

200

250

Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Temp.(ºC)Prec. (mm)

MESES

Douro Superior - Vilariça

Gráfico 1 - Condições climáticas mensais da RDD de Novembro

de 2008 a Junho de 2009 – Estação meteorológica Baixo Corgo - Régua, Cima Corgo - Pinhão e Douro Superior – Vilariça.

Prec 31-60 Prec 08-09 Temp 31-60 Temp 08-09

Foto 3 - Vinha com elevado vigor vegetativo Foto 4 - Oídio no bago

Aspectos da evolução do ciclo vegetativo (continuação)

A floração em 2009 teve início nas sub-regiões do Baixo e Cima-Corgo

na primeira década do mês de Maio, com o pico da floração a ocorrer na

terceira semana do mês, acontecen-

do, anormalmente, uma semana antes na sub-região Douro Superior.

A temperatura baixa que se fez sentir na segunda década do mês de Maio,

associada a precipitação, afectou a floração em particular em algumas

castas mais sensíveis como são exemplos a Tinta Roriz e a Touriga

Nacional. A primeira casta é um

exemplo tradicional dos desequilí-brios provocados por variações

importantes de temperatura, pelo que em colaboração com a Faculda-

de de Ciências da Universidade do Porto, Departamento de Botânica,

iniciaram-se estudos com o objectivo de determinar a origem daqueles

problemas.

Aspectos fitossanitários

Doenças

O míldio teve em 2009 uma reduzida importância, fruto das con-

dições climáticas observadas, nomeadamente, a baixa temperatu-ra na fase inicial do período de risco para a doença e posterior-

mente devido à reduzida precipitação. Deste modo o míldio mani-festou-se tardiamente, em meados de Junho, e de forma muito

reduzida, ao nível dos cachos (Fig. 1).

O oídio da videira tem sido, até à data, a doença que suscitou

uma maior preocupação dos viticultores. O intenso crescimento

vegetativo associado à ocorrência de condições climáticas favorá-veis ao desenvolvimento da doença e uma estratégia incorrecta

de intervenção, tem conduzido ao desenvolvimento da doença nas folhas e nos cachos.

Deve no entanto referir-se que, apesar de se observar oídio nesta fase, em que já se regista início de pintor, a doença não parece

ter-se desenvolvido com a agressividade esperada, salvo algumas excepções verificadas em castas mais sensíveis (Malvasia fina,

Tinta Amarela, Tinta Roriz) (Fig. 1)

Pragas

A traça da uva desenvolveu uma primeira geração que apresen-

tou reduzida nocividade. Em meados de Junho, verificou-se no entanto, uma subida bastante significativa dos adultos nas arma-

dilhas. A evolução das condições climáticas durante o mês de Junho, e o elevado desenvolvimento vegetativo permitiram que

os ovos de segunda geração colocados nos cachos por estes adultos encontrassem boas condições para eclodi-

rem, tendo-se observado diversas parcelas onde o núme-

ro de cachos atacados ultrapassou o nível económico de ataque definido para esta fase (1 a 10% de cachos ataca-

dos).

Durante os meses de Maio e Junho, a primeira geração da

cigarrinha verde atingiu níveis de presença bastante signi-ficativos, já que nas estimativas do risco realizadas foi

frequentemente contabilizado um número de ninfas na ordem das 7 a 8 por folha.

Apesar de se terem verificado sintomas de avermelha-mento marginal das folhas (Touriga Franca e Sousão) não

foi necessário na maior parte dos casos recorrer a trata-

mentos fitossanitários, já que as videiras apresentavam

um elevado vigor, diluindo-se os sintomas da presença da praga.

Essa presença acabou por ser confirmada pela subida significativa dos adultos capturados nas armadilhas na segunda quinzena de

Junho, verificando-se nesta fase já a presença de algumas ninfas de segunda geração, as quais deverão ser monitorizadas através

da realização de estimativas do risco durante o mês de Julho.

Disponibilidades hídricas

O potencial hídrico de base é um potente indicador fisiológico do estado que incorpora a disponibilidade de água no solo ao nível

do sistema radicular.

Com base nas determinações que a ADVID realiza desde 2002,

numa das parcelas de referência (Quinta dos Aciprestes em Sou-telo do Douro, na casta Touriga Nacional x 196-17), observa-se

que em 2009, nesta data as plantas têm uma disponibilidade hídrica inferior à verificada nos três últimos anos. Esta constata-

ção, pode ter consequência no resultado final do potencial de

produção, caso se mantenha a situação de seca que tem sido observada, pode ocorrer uma rápida deterioração do estado

vegetativo das plantas. Importa ainda referir, que têm sido regis-tados neste local os valores mais importantes de precipitação

acumulada, sendo a diferença para a média de apenas -8% con-trastando com os valores mais negativos referidos para a Região.

Fig. 1 - Evolução fitossanitária do míldio e oídio em 2009

0

10

20

30

40

0

10

20

30

40

01-04 11-04 21-04 01-05 11-05 21-05 31-05 10-06 20-06 30-06

Temp

.(ºC)P. (

mm

)

DATAS

P(mm) TMin.ºC TMáx.ºC TMed. TMed. Mensal (31-60)

Míldio

Oídio

Observação de sintomas Contaminações

-1,6

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

15-6 22-6 29-6 6-7 13-7 20-7 27-7 3-8 10-8 17-8 24-8 31-8 7-9 14-9 21-9

Data

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

Po

ten

cial

híd

rico

de

bas

e (

MP

a)

Quinta dos Aciprestes x Touriga Nacional x 196-17

2009

Gráfico 2 - Evolução do potencial hídrico foliar de base para os anos de 2002 a 2009

2

Previsão quantitativa de Produção (Método polínico)

Em 2009 os equipamentos de recolha de pólen foram colocados no dia 5 de Maio em Cambres (Peso da Régua) e Valença do Dou-

ro e no dia 14 de Maio em Vila Nova de Foz Côa e retirados em 16

de Junho em Vila Nova de Foz Côa e 23 de Junho nas outras duas estações.

No gráfico 4 apresenta-se a dinâmica da floração para os três

locais de recolha de pólen. Com base na análise da quantidade de pólen e integração com os dados climáticos e fenológicos da

região (gráfico 3), apresenta-se a previsão do potencial de produ-ção (projecto com o apoio do IVDP, logística da ADVID e análise

laboratorial e estatística da Faculdade de Ciências da Universida-de do Porto), conforme o quadro seguinte, cujo valor central do

intervalo de previsão aponta para uma tendência de ligeira subida (14%) relativamente ao valor da declaração de 2008 devendo,

contudo, situar-se abaixo dos valores médios de produção da

região nos últimos 10 anos.

Importa referir, que relativamente ao funcionamento dos postos

de recolha, verificou-se um atraso na colocação dos filtros no

Douro Superior e que os resultados foram expressos em área (Peso da Régua e Vila Nova de Foz Côa) e em volume (Valença do

Douro).

Unidade Mínimo Médio Máximo

hL x 1 000 1 204 1 323 1 455

Pipas x 1 000 219 241 265

PREVISÃO DO POTENCIAL DE COLHEITA NA RDD Estimativas de previsão de produção em 10 de Julho de 2009

Quadro 1 - Intervalo de previsão para o potencial de colheita de mosto em 2009

Valor médio do intervalo de previsão

Produção regional declarada

Gráfico 3 - Estimativa de previsão dos últimos 10 anos com os respectivos valores de

variação do intervalo estimado e a produção regional declarada (valor médio de 259

mil pipas, 1 426 Milhões de hectolitros).

1.5

15

1.0

60

1.6

42

1.5

76

1.7

19

1.5

88

1.7

01

1.5

20

1.3

10

1.1

59 1

.32

3

-1,5

%

23

,9%

7,6

%

-20

,3%

-10

,0%

-10

,4%

-10

,7%

-0,1

%

-5,0

%

1,0

%

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

1.800

2.000

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Pro

du

ção

(h

L x

1.0

00

)

ANOS

Graficos do Clima durante floração

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0

5

10

15

20

25

30

35

40

01-05 06-05 11-05 16-05 21-05 26-05 31-05 05-06 10-06 15-06 20-06 25-06 30-06

Pre

c. (

mm

)/

HR

Méd

ia /

3 (%

)

Tem

p. M

édia

(ºC

) / P

óle

n .m

-2.d

ia-1

.10-4

DATAS

PESO DA RÉGUA

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0

5

10

15

20

25

30

35

40

01-05 06-05 11-05 16-05 21-05 26-05 31-05 05-06 10-06 15-06 20-06 25-06 30-06

Pre

c. (m

m) /

HR

Méd

ia /

3 (%

)

Tem

p. M

édia

(ºC

)/

len

.m-3

.dia

-1

DATAS

VALENÇA DO DOURO

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0

5

10

15

20

25

30

35

40

01-05 06-05 11-05 16-05 21-05 26-05 31-05 05-06 10-06 15-06 20-06 25-06 30-06

Pre

c. (

mm

) / H

R M

édia

/3

(%)

Tem

p. M

édia

(ºC

) / P

óle

n .m

-2.d

ia-1

.10-4

DATAS

VILA NOVA DE FOZ CÔA

Gráfico 4 - Emissões de pólen e condições climáticas para Peso da Régua, Valença do

Douro e Vila Nova de Foz Côa.

3

Previsão do potencial de colheita Método

A previsão do potencial de colheita teve inicio no ano de 1992, segundo proposta da ADVID e apoio do IVDP, com a colaboração cientifica do

CEMAGREF (França). Mais tarde foi enquadrado num projecto de âmbito nacional, apoiado pelo PAMAF IE&D e pelo AGRO, Medida 8, Acção 8.1 - Desenvolvimento Experimental e Demonstração (DE&D). Actualmente a ADVID conta para este projecto como parceiros o Instituto dos

Vinhos do Douro e Porto, I.P. e a Faculdade de Ciências do Porto (Departamento de Botânica e

Ciências Agrárias).

No inicio do projecto na Região do Douro foram

estudados, Cambres e Valença do Douro, esten-

dendo-se mais tarde para Vila Nova de Foz Côa. A definição do local de amostragem, reveste-se

de grande importância para o sucesso da aplica-ção prática do método. Assim, a escolha dos

locais de amostragem está condicionada com vários factores a saber:

• Contribuição local (no caso Douro o conce-

lho) nas produções totais da região;

• estrutura do encepamento;

• variabilidade da produção do local

(concelho);

• rumo dos ventos durante o período da flora-

ção;

• estabilidade inter-anual entre as produções

do concelho e a região;

• existência de estrutura elevada (entre 10 a 20 m), que permita a colocação do equipamento;

• perenidade, protecção dos equipamentos e facilidade de acesso.

A justificação para a existência do modelo aeropolínico prende-se com o crescente controlo do método produtivo, tornando-se deste modo indispensável termos instrumentos que nos permitam ajuizar, com alguma antecipação, o potencial de produção de uma determinada área.

Esta permite antever algumas medidas, adequar tarefas ou prever equipamentos que a seu tempo terão de estar disponíveis para levar a bom termo a colheita, dão-se

como exemplo, a quantidade de mão de obra para a vindima, a quantidade de cubas de fermentação e/ou armazenamento necessárias para receber a colheita, eventuais

alterações ao dimensionamento dos equipamentos da adega, às necessidades de pro-dutos enológicos.

Na Fig. 2, procura-se, de uma forma resumida, esquematizar a utilidade da previsão da colheita como um elemento essencial na tomada de decisões dos diversos agentes e

organismos de controlo e gestão do sector vitivinícola.

Este estudo para além da recolha do pólen e a consequente previsão do potencial de colheita, permite avaliar a dinâmica das emissões de pólen, quer por diferenças signifi-

cativas na quantidade de vinha ou mesmo pela incidência de doenças criptogâmicas pré-florais.

Fig. 3 – Esquema da múltipla utilidade da previsão quantitativa

de vindima para os diferentes agentes do sector vitivinícola

(adaptado de Cunha, M., 2001)

Análise dos filtros

Locais de amostragem

Recolha dos filtros e

informação da coluna

de vento

Fig. 2 - Esquema do método pólen

Construção da relação pólen/produção regional

FICHA TECNICA Coordenação:

Geral - Fernando Alves.

Textos, gráficos, figuras e fotos - Paulo Costa e Fernanda Almeida.

Autores: Paulo Costa, Branca Teixeira, Cristina Carlos, Jorge Costa e

Fernando Alves.

PARCERIAS:

IVDP - Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, I.P.: Engº Ana Limpo

Faria

Faculdade de Ciências da Universidade do Porto: Professora Doutora

Ilda Noronha e Professor Doutor Mário Campos Cunha.

4

top related