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CONTABILIDADE SOCIAL

(VASCONCELOS, M.)

Macroeconomia: conceito de pleno emprego refere-se ao equilíbrio no mercado de trabalho

Microeconomia: conceito de pleno emprego refere-se à produção máxima da economia.

Principais postulados de Keynes (1936):

Os preços e salários não são perfeitamente flexíveis, não garantindo assim o pleno emprego dos recursos. Enfatizou o poder dos sindicatos, que tornava os salários monetários rígidos. A rigidez salarial levava ao chamado “desemprego involuntário”. Defesa da intervenção do governo para estimular a demanda agregada via gastos públicos.

Hicks (1937) : lança artigo que seria mais utilizado do que a própria obra de Keynes, incorporando o conceito IS/LM, estruturando assim a Síntese Neoclássica.

Da década de 30 até a década de 60, houve correspondência entre a realidade e a teoria.

Já na década de 50, algumas questões já surgiam: a teoria keynesiana apenas era eficiente numa economia que opera abaixo do pleno emprego. Já no Pleno emprego, políticas de estímulo fiscal e monetário causavam apenas movimento nos preços. A chamada Curva de Phillips (curva de oferta positivamente inclinada) buscou remover esta dicotomia. Caso a taxa de desemprego fosse mais elevada, isto indicaria maior excesso de oferta e diminuição do salário nominal, correspondendo a uma taxa de inflação menor.

Interpretação neoclássica: mais inflação, menor salário real, maior a contratação de trabalhadores pelas firmas, gerando assim um trade-off entre inflação e desemprego.

Entretanto, a noção de que a taxa de crescimento de uma variável nominal (inflação) afetava as variáveis reais (desemprego) não era aceita pela teoria neoclássica. Final da década de 60 (Friedman e Phelps), neoclássicos afirmam que nível do produto e emprego depende das condições técnicas (fatores de produção e racionalidade econômica dos agentes). Os agentes preocupam-se com variáveis reais e não nominais. Friedman propõe que na equação explicativa das taxas de crescimento dos salários nominais fosse introduzida, além da taxa de desemprego, a taxa esperada de inflação.

Para cada taxa de inflação, há uma Curva de Phillips diferente. Para efeito de política econômica, não haveria o trade-off entre inflação e desemprego (caso a taxa de inflação se elevasse, e com isso a economia apresentasse taxa de desemprego menor, os trabalhadores perceberiam que seus salários reais seriam menores e assim a taxa de desemprego volta à situação anterior.

Se o governo quisesse manter a economia com taxa de desemprego menor, teria de acelerar continuamente as taxas de inflação e esperar que os trabalhadores percebam essa aceleração (nova versão da Curva de Phillips: versão aceleracionista).

A partir daí fica evidente a importância das expectativas na decisão dos agentes econômicos. Essa é a base da Escola de Expectativas Racionais (que revolucionou a Macroeconomia das décadas de 70 e 80) – Escola dos Novos Clássicos.

Neste sentido, configuram-se 04 escolas principais no pensamento econômicos: keynesianos, neoclássicos, novos clássicos e pós-keynesianos. Neoclássicos e Novos Clássicos são denominados de monetaristas.

Diferença fundamental entre keynesianos e neoclássicos: neoclássicos admitem que economia de mercado podem gerar equilíbrios em nível de pleno emprego e o desemprego resultante deriva de certa rigidez; já os keynesianos procuram mostrar a incapacidade das economias capitalistas de alcançar o nível de pleno emprego.

Essência do pensamento keynesiano: movimentos nominais na demanda agregada não se traduzem em alterações nos preços nominais (como enfatizam os neoclássicos).

Mais especificamente, outros keynesianos (James Tobin e Modigliani), a política monetária e fiscal afetam o nível de produto e emprego de forma

rápida, mas sem efeitos significativos sobre a inflação. Para diminuir a inflação, deve-se utilizar de políticas de rendas (controle de preços e salários).

Essência do pensamento neoclássico: inflação é essencialmente monetário. Combater inflação diminuindo o estoque de moeda. Confiam na Curva de Phillips apenas no curto prazo (políticas de demanda agregadas estimulam o produto e o emprego), mas no longo prazo, o nível do produto e emprego depende das condições de produtividade dos fatores de produção.

Essência do pensamento novos clássicos: não há mecanismos pelos quais o governo possa aumentar ou diminuir sistematicamente o nível de emprego relativamente ao equilíbrio de longo prazo, pois os agentes são racionais e por isso os mercados entram em equilíbrio. Esta teoria foi um ponto nevrálgico para a Teoria Macroeconômica.

Essência do pensamento dos novos keynesianos: procuram dar sustentação à teoria Macroeconômica, aceitando a interpretação das expectativas racionais, apoiando-se na teoria microeconômica. Procuram explicar por que existem certos preços rígidos na economia e que promovem desequilíbrios, especialmente o mercado de trabalho. Procuram analisar as falhas de preços e salários.

Os chamados pós-keynesianos (neoricardianos, fundamentalistas e regulacionaistas): procuram voltar às interpretações de Keynes: insuficiência de demanda agregada que explicam o elevado desemprego e o baixo nível do produto.

Neo-ricardianos: importam com o longo prazo e reconhecem o princípio da demanda agregada.

Fundamentalistas: Fiéis à análise feita por Keynes. Privilegiam o papel das expectativas. A moeda é uma das formas que os agentes possuem para se proteger da incerteza. Incerteza e demanda agregada estão associadas por meio das decisões de investimento. Nada garante que o nível de emprego resultante das escolhas entre moeda, papéis no mercado financeiro e investimento leve à plena utilização do fator trabalho.

Regulacionistas: a análise econômica não pode prescindir da dimensão histórica. Inovações tecnológicas modificam a participação do fator trabalho na

geração de renda. Ajustes entre demanda e capacidade produtiva levam a crises de superprodução e/ou desemprego. Enfatizam tb a importância das demandas sociais.

Os pós-keynesianos entendem que o pleno emprego não está garantido, nem a curto e nem a longo prazo e que são necessárias políticas econômicas ativas.

Estágio atual da Macroeconomia:

Vive um dilema: sem sustenção microeconômica, os resultados macroeconômicos são instáveis. A relação entre moeda e preços – tanto para monetaristas como para a própria Curva de Phillips – tem se mostrado instável. Há uma distância muito grande entre a atual Teoria Macroeconômica e os modelos macroeconométricos. Na década de 60 estavam muito próximos. Diferentes interesses individuais, diferentes expectativas sobre o futuro, inter-relação dos comportamentos dos agentes não podem ser agregados de forma a garantir resultados sistemáticos.

(FEIJÓ E RAMOS, 2008)

CAPÍTULO 1

Visão Sistêmica das Estruturas de Produção, Acumulação e Apropriação

Decisões de consumo e investimento determinam a trajetória de crescimento da renda e do volume de emprego.

Mercados: Fatores, Bens e Serviços, Bens de Investimento e Fundos de Capital (famílias e empresas)

Novos elementos ao Fluxo Circular de Renda

- empresas nao-financeiras, financeiras, setor governo e resto do mundo

- fluxos monetários têm contrapartidas em fluxos físicos (bens, serviços e fatores de produção)

- movimentos de fluxos são acompanhados de modificações em ESTOQUES (solicitar pesquisa sobre estoques em macroeconomia)

Fluxo e Estoque

Bens Físicos:

- Gastos em BENS DE INVESTIMENTO (FLUXO) : máquinas e equipamentos nao são consumidos imediatamente e aumentam o estoque de capital do comprador

- Estoque de Capital: Gasto de Investimento menos depreciação

Variação de ESTOQUE (capital, patrimônio, estoque de dívida, estoque de riqueza) é igual ao Estoque em T1 menos o Estoque em T0, que é igual ao FLUXO DE INVESTIMENTO LÍQUIDO

Fluxo de Investimento Líquido é o Fluxo de Investimento Bruto menos o Fluxo de Reposição à depreciação

ATIVOS FINANCEIROS: mesmo raciocínio

- quando compra de ativos financeiros é maior que a venda, o estoque aumenta (e vice versa)

- quanto mais ativos financeiros, maior o estoque de riqueza

- estoques de ativos financeiros é mantido para equilibrar fluxos de receita e despesa

- se gastos excedem receitas, estoque de ativos financeiros deve se reduzir ou endividamento aumentar

- estes ativos são muito voláteis porque apresentam duas diferenças em relação a ativos reais:

a) são demandados pelos ganhos financeiros que podem oferecer, e nao pelo seu valor de uso

b) são facilmente conversíveis em outro tipo de ativo financeiro (juros, rendimento)

FUNCIONAMENTO MACROECONÔMICO

Elementos:

1. Fluxos Monetários e reais (diagrama)

2. Estoques reais e financeiros (variações nos fluxos)

SISTEMA DE CONTABILIDADE NACIONAL (SCN)

Primeiro movimento: relatório. “Definição e medição do Rendimento Nacional e Totais Relacionados", de 1947, produzido por Richard Stone

Inspiração teórica:

- Keynes

- Sistema de Contas Nacionais (Manual de Contas Nacionais de 1993 das Nações Unidas)

- Modelo de Insumo-Produto de W. Leontief, que relaciona o volume de produção com o consumo de insumos, dada a demanda final. Utiliza do pressuposto de Walras, em contraposição ao modelo de equilíbrio abaixo do pleno emprego de Keynes)

- Matriz de Fluxos de Fundos de Morris Coppeland: detalha os fluxos de poupança e investimento

O capítulo 3 trata das Contas Econômicas Integradas, descrevendo como os fluxos de produção, renda, consumo, investimento, poupança e financiamento alteram o patrimônio dos agentes.

O sistema de Contas Nacionais não captam as consequências sociais, econômicas e ambientais (p.e. terremotos), mas apenas pelas Contas Satélites.

SNA (1993): prevê a inclusão de quadros de população, permitindo cálculo de agregados macroeconômicos per capita, estudos de produtividade de mão de obra, contas nacionais sob a forma matricial (Matriz de Contabilidade Social)

Três funções principais do SCN:

1) coordenar a produção das estatísticas econômicas

2) oferece precisão e confiabilidade aos indicadores chave de desempenho da economia

3) entender as relações entre os setores da economia.

O SCN produzido pelo IBGE inclui:

1. Contas Econômicas Integradas (CEI)

2. Tabelas de Recursos e Usos (TRU)

3. Tabelas Sinóticas

4. Contas trimestrais

5. Contas regionais

6. PIB Municipal

Atividade (A história dos Manuais) pag. 13 - ver no Drive USJT

SISTEMA ECONÔMICO: ESTRUTURAS

Produção, repartição, intercâmbio e consumo

Desafio de estuda-los:

- principais elementos e suas relações em um tempo t.

- como foram formados e evoluíram no tempo (mostrar mapa do jornal nexo:

O modelo fornece diretrizes para a análise econômica para o enfrentamento de tres problemas econômicos fundamentais:

- quais mercadorias devem ser produzidas e em que quantidades (volume e bens alternativos)

- como deverão ser produzidos (por quem, com que recursos e com qual tecnologia)

- para quem (beneficiários e como sera distribuído o total de produto nacional entre os diferentes indivíduos)

Questoes gerais: o que é produzido? Em que quantidade? Quais os processos tecnológicos utilizados? Qual sua eficácia? Quais as regras de apropriação dos fatores e dos produtos? Quais as formas de consumo?

CAPÍTULO 2:

Principais agregados de medida: Produto, Renda e Despesa

Instrumentos básicos:

- Cadastros (empresas, estabelecimento, agentes)

- Classificações (categorias de agentes e critérios)

- Levantamento estatístico (censitários, amostrais, administrativos, fiscais e de importações)

Principais agregados de medida: Produto, Renda e Despesa (representam o esforço produtivo de um país)

Agregados Macroeconômicos

PIB e Óticas de Mensuração

PIB : representa a produção de todas as unidades produtoras (empresas públicas, privadas, autônomos, governo) num dado período a preços de mercado.

Fronteira de Produção segundo as Contas Nacionais (SNA 1993):

- produção de bens e serviços voltados para o mercado

- produção de bens e serviços pelo governo e instituições sem fins lucrativos, vendida ou não.

- produção de bens para autoconsumo das famílias

- produção de bens de capital pelas firmas para consumo próprio.

- produção de serviços pessoais e domésticos quando remunerados

- serviços de habitação pelos proprietários ocupantes (imputação de calor de aluguel às residências ocupadas pelos proprietários

- produção de bens e serviços de conhecimento incorporado produzidos por conta própria para seu uso final próprio ou para formação bruta de capital fixo (serviço definido como provisão, armazenamento, comunicação e disseminação de informação, entretenimento)

Valor de produção é diferente do valor de venda

Exemplo de apuração do PIB a partir de exemplo básico de uma firma:

ECONOMIA DE UM SETOR

Valor da produção (500 x R$ 2,00) = 1.000

Despesas Operacionais. 800

Pgto. salários. 500

Custo Matérias-primas. 300

LUCRO. 200

Como medir a contribuição da firma para o total do produto do país?

- se considerarmos os 1.000, incorreremos em dupla contagem (300 produzidos por outras empresas ou importados).

Devemos então descontar os 300, pois para a contabilidade do PIB o que importa é a produção final de CADA FIRMA (700 e 300). Assim, a medida relevante é o valor adicionado ou valor agregado (soma do que cada firma produz).

Valor adicionado (ou valor agregado) = valor do que se produziu MENOS valor do que se consumiu = 700 = 1.000 - 300

Esta é a ÓTICA DO PRODUTO

Fluxos de produção geram fluxos de renda. Outra forma de medir o PIB é pela soma de todas as remunerações aos fatores de produção (simplificadamente Capital e Trabalho)

No caso acima, somamos 500 (salários) e 200 (lucro), totalizando 700.

Esta é a ÓTICA DA RENDA

O produto gerado tem apenas um destino: gasto corrente (consumo) ou gasto em formação de capital (investimento)

No exemplo, podemos supor que os salários pagos às famílias se destinam à aquisição de bens e serviços de consumo; e o lucro da firma à formação bruta de capital.

Neste caso, somamos 500 (salários) e 200 (lucro da empresa)

Esta é a OTICA DA DESPESA

Resumidamente, os fluxos de produção, renda e despesa permitem calcular o VALOR ADICIONADO BRUTO ou PRODUTO BRUTO da economia a preço de mercado.

Todos estes agregados se referem ao total da economia, mas diferem quanto ao aspecto do processo econômico, conforme tabela abaixo (pag. 36 livro)

ECONOMIA DE DOIS SETORES

Incorporando o Setor Externo (economia aberta) - há fatores de origem estrangeira (capital e trabalho) produzindo no país e fatores de origem nacional produzindo fora do país. Assim, trabalha-se com PRODUTO INTERNO e RENDA NACIONAL

Exemplo: firma anterior de brasileiros e argentinos

Valor da produção 1.000

Despesas operacionais. 800

Pagamento de Salários. 500

A brasileiros. 400

A argentinos. 100

Custo das matérias primas

(Nacional e importada) 300

Receita liquida de vendas. 200

Paga a brasileiros. 100

Paga a argentinos. 100

Valor adicionado da firma: 700 (1.000 - 300)

Para calcular a Renda Nacional Bruta: 400 (salario brasileiros) + 100 (lucro pago a brasileiros)

Para passarmos do agregado PIB para o agregado RNB devemos descontar o pagamento dos fatores de produção estrangeiros (100 de salários e 100 de lucros aos argentinos)

PIB = 1.000 - 300

RNB = 700 - (100 + 100) = 500

O saldo entre recebimentos e pagamentos das remunerações a fatores de produção (dividendos, juros, lucros, royalties, alugueis e salários) envolve as transações internacionais, como segue:

PIB (inclui remuneração ao exterior) = RNB (Renda recebida por Residentes) - RLR (Renda paga a Residentes no exterior)

PIB inclui a Remessa Liquida Enviada ao Exterior (interno)

RNB exclui a Remessa Liquida Enviada ao Exterior (nacional)

As diferenças entre PIB e RNB podem ser grandes para países com alto grau de endividamento externo (pgto de juros a estrangeiros) ou com grande presença de multinacionais (remessas de lucros e royalties para suas matrizes).

Ainda no setor externo, temos a Renda Privada Disponível, que é a RNB + o saldo das transferências correntes (TUR) ou Transferências Unilaterais (não possuem contrapartida em produção)

Assim, RND = RNB + TUR* = C (consumo) + SB (poupança bruta)

* no Brasil este saldo é positivo

No geral, temos: PIB = RND + RLEE - TUR

ECONOMIA DE TRES SETORES

A RND é composta pela renda do governo, das empresas privadas (financeiras e não financeiras) e das famílias (consumidoras ou produtoras)

A Renda Liquida do Governo (RLG) é dada pela soma dos impostos diretos e indiretos e outras receitas MENOS as transferências e subsídios concedidos

RND = RLG (governo) + RPD (empresas e famílias, composta pela soma de salários, juros, lucros, alugueis, transferências menos impostos sobre renda e patrimônio, lucros retidos e reserva para depreciação).

Além da distinção entre INTERNO e NACIONAL, temos também a distinção entre LIQUIDO E BRUTO

Valor Bruto da Produção 1.000

Despesas operacionais. 810

Pagamento de salários. 500

Custo de matérias-primas 300

Reserva para depreciação. 10

Lucro. 190

PIB(B) = 1000 - 300 = 700

PIB(L) = 1000 - 300 - 10 = 690

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