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AMIB- ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA Curso de Pós-Graduação em Medicina Intensiva TERAPIA NUTRICIONAL EM UTI Cuiabá, Outubro de 2011

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AMIB- ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA

Curso de Pós-Graduação em Medicina Intensiva

TERAPIA NUTRICIONAL EM UTI

Cuiabá, Outubro de 2011

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Manuela Nadine Amui Pinheiro

TERAPIA NUTRICIONAL EM UTI

Monografia apresentada ao Curso de Especialização

em Medicina Intensiva, em cumprimento à exigência

para obtenção do título de especialista.

Cuiabá, Outubro de 2011

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AGRADECIMENTOS

A meus Pais, pelo

esforço de uma vida inteira para educar

seus filhos.

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EPÍGRAFE

“O botão de rosa não é

menos flor do que a rosa

desabrochada”

Pedro de Alcântara

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 06

2.0-FISIOPATOLOGIA ........................................................................................................... 07

3.0- INDICAÇÕES DA TERAPIA NUTRICIONAL .............................................................. 08

4.0-ESTADO NUTRICIONAL ................................................................................................ 09

5.0-TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL .................................................................... 11

5.1-Indicações absolutas para nutrição parenteral ........................................................ 13

5.2-Contra-Indicações ................................................................................................... 13

5.3-Como calcular as necessidades nutricionais em nutrição parenteral ...................... 13

5.4-Necessidades Protéicas ........................................................................................... 14

5.5-Recomendações para a prescrição de nutrição parenteral ...................................... 15

5.6-Administração ........................................................................................................ 17

5.7-Reposições complementares ................................................................................... 19

6.0-TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL ........................................................................... 20

6.1-Vantagens e Desvantagens ..................................................................................... 20

6.2- Indicações, Contra-Indicações e Principais Complicações ................................... 21

6.3-Utilização da Terapia Nutricional Enteral em pacientes graves ............................. 24

6.3.1-Vias de acesso, métodos de administração e a pausa noturna ................ 24

CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 27

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 28

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INTRODUÇÃO

Denomina-se terapia nutricional a oferta de nutrientes pelas vias oral, enteral e/ou

parenteral, visando à oferta terapêutica de proteínas, energia, minerais, vitaminas e água,

adequadas aos pacientes, que, por algum motivo, não possam receber suas necessidades pela

via oral, convencional. Paralelamente, a desnutrição hospitalar é uma situação freqüente,

conhecida como predisponente para um aumento na morbidade e mortalidade, resultando em

hospitalização prolongada e onerosa. O paciente, em terapia intensiva, freqüentemente,

encontra-se em estado hipermetabólico, decorrente do trauma, sepse ou de qualquer outro

quadro de gravidade. O suporte nutricional para tais pacientes pode ser decisivo em sua

evolução.

As implicações da desnutrição sobre a evolução das doenças em pacientes

hospitalizados são relatadas como fatores coadjuvantes na morbidade e mortalidade.

(POWELL-TUCK, J., 1999) Estudos demonstram que a perda da massa magra, em seus

diferentes graus, eleva o risco de infecção, diminui a cicatrização, aumenta o risco de

mortalidade e é letal quando se aproxima a 40%.

Ao ser hospitalizado, o paciente geralmente apresenta algum grau de desnutrição

protéico-calórica que normalmente se acentua no transcorrer da internação, em conseqüência

de diferentes fatores. Para pacientes admitidos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o

processo de desnutrição é o mais freqüente e agravado no decurso da internação, pois

geralmente evolui para o quadro de hipermetabolismo, que pode preceder a Síndrome de

Disfunção de Múltiplos Órgãos (SDMO) e ser responsável por até 85% dos óbitos em UTI. O

acompanhamento do estado nutricional dos pacientes em todas as fases das doenças

(hipermetabolismo, estabilização e recuperação) é de fundamental importância. (SOUBA

MM., et al., 1990). No entanto, apesar de existir consenso quanto a isso nos estudos, sabemos

que não há um conhecimento completo sobre a evolução nutricional e as perdas apresentadas

no transcurso das doenças, sobretudo naqueles pacientes gravemente enfermos.

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2.0- FISIOPATOLOGIA

A prescrição adequada da terapia nutricional ao paciente grave depende do

entendimento da resposta metabólica que se segue à agressão aguda – trauma, choque, sepse e

inflamação sistêmica. Tal situação caracteriza-se por uma resposta generalizada, em que há

mobilização de energia para estimular a função imune e o reparo dos tecidos lesados, o que

ocorre às custas do consumo de massa magra e aumento na perda urinária, de nitrogênio. Os

aminoácidos são mobilizados do músculo esquelético, tecido conjuntivo e intestino, para

promover a cicatrização das feridas e para a síntese hepática de proteínas de fase aguda, além

de tornarem-se substrato para a gliconeogênese. (BARTON RG., 1994; KINNEY M., 1995)

A síntese de albumina diminui, compensando a maior síntese de substâncias

nitrogenadas, denominadas proteínas de fase aguda, entre elas: proteína C reativa,

mucoproteínas, fibrinogênio, transferrina, ceruloplasmina, e fatores do complemento. O papel

desses elementos encontra-se apenas parcialmente elucidado, mas acredita-se que, em sua

maioria, tenham a função de amenizar as repercussões da invasão bacteriana, do choque e das

lesões teciduais. Diversas proteínas da fase aguda comportam-se como antiproteases e

opsoninas, outras auxiliam na coagulação sanguínea e algumas parecem contribuir com a

cicatrização das feridas. (POWELL-TUCK, J., 1999)

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3.0-INDICAÇÕES DA TERAPIA NUTRICIONAL

A terapia nutricional (TN) não somente procura prevenir a deterioração do estado

nutricional, como, também é efetiva para minimizar as complicações devido ao jejum

prolongado. Nessa condição, a atrofia da mucosa intestinal contribui para o aumento da

permeabilidade e translocação bacteriana da luz para os linfonodos mesentéricos. A perda

ponderal, excedendo 10% do peso, antes da doença, pode comprometer a habilidade do

paciente em combater infecções e, em tais casos, a terapia nutricional está indicada.(4,5,6) A

identificação da desnutrição proteicocalórica é feita por meio da história clínica / exame

físico, perda ponderal, medidas antropométricas [peso, altura, comprimento do braço (Cob),

circunferência média do braço (Cb) e prega tricipital (Pt)], índice de massa corporal

(peso/altura2 = kg/m2), circunferência muscular do braço [Cb (cm) -

gordura do braço [Pt/Cob2 = mm/dm2], concentrações séricas de albumina / transferrina e

índice nutricional de risco. Os pacientes tornam-se nutricionalmente de risco, quando a

desnutrição resulta em aumento da morbidade específica. (SOUBA WW & WILMORE D.,

1999)

São candidatos a terapia nutricional os pacientes que não podem ou não devem se

alimentar ou que não ingerem quantidade adequada de nutrientes. Em geral estes doentes

apresentam sinais evidentes de desnutrição ou estão ou ficarão sem ingestão oral por mais de

cinco dias.

Também se recomenda terapia nutricional precoce nos doentes criticamente enfermos,

como medida para manter a integridade funcional do trato gastrintestinal e reduzir a

incidência de complicações infecciosas.

A terapia nutricional só está indicada se for possível melhorar o desfecho clínico ou a

qualidade de vida. A decisão para iniciar a TN é tomada com base no grau de

comprometimento nutricional, funcional e metabólico e na estimativa do número de dias que

o doente permanecerá sem se alimentar adequadamente por via oral. Sempre que possível

optar pela nutrição enteral (NE) reservando a nutrição parenteral (NP) para as situações onde

a via enteral está contra-indicada ou é insuficiente para suprir todas as necessidades.

Não encarar a NE e a NP como terapêuticas antagônicas, pois dependendo do caso

está indicada uma ou outra modalidade, a transição entre elas ou a utilização conjunta de

ambas.

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4.0- ESTADO NUTRICIONAL

O estado nutricional expressa o grau que as necessidades fisiológicas por nutrientes

estão sendo alcançadas, para manter a composição e funções adequadas do organismo,

resultando do equilíbrio entre ingestão e necessidade de nutrientes. As alterações do estado

nutricional contribuem para aumento da morbi-mortalidade. Assim sendo, a desnutrição

predispõe a uma série de complicações graves, incluindo tendência à infecção, deficiência de

cicatrização de feridas, falência respiratória, insuficiência cardíaca, diminuição da síntese de

proteínas a nível hepático com produção de metabólitos anormais, diminuição da filtração

glomerular e da produção de suco gástrico. Os objetivos da avaliação do estado nutricional

são: a) identificar os pacientes com risco aumentado de apresentar complicações associadas

ao estado nutricional (CAN), para que possam receber terapia nutricional adequada; b)

monitorizar a eficácia da intervenção dietoterápica.

A instituição de terapia nutricional precoce poder reduzir complicações, mortalidade e

custos melhorando a sobrevida, porém freqüentemente deficiências nutricionais permanecem

sem tratamento durante a hospitalização, por não ser dado importância ao estado nutricional

do paciente imediatamente no ato da sua internação. Desta forma, a triagem nutricional deverá

ser feita o mais precoce possível no sentido de detectar pacientes desnutridos ou em risco

nutricional no momento da admissão no hospital.

Os dados antropométricos podem estar alterados devido ao excesso de água corpórea,

secundário, por exemplo, à hipoalbuminenia. A oferta calórica é calculada em relação ao

valor estimado para o metabolismo basal (GEB), considerando-se o peso atual do paciente

sem acrescentar fatores de correção ao valor encontrado. (POWELL-TUCK, J., 1999)

Idealmente, seria indicada a medida real do gasto calórico por meio de calorimetria indireta

(determinação do Vo2 e Vco2). Uma das maneiras de estimar o metabolismo basal é por meio

da equação de Harris – Benedict. (CORREIA MITD., 1998)

Para mulheres, GEB(kcal/dia) = 655,1+ 9,6 x Peso (em kg) + 1,85 x Altura (em cm) –

4,68x Idade (em anos).

Para homens, GEB (kcal/dia) = 66,47 + 13,75 x Peso (em kg) + 5 x Altura (em cm) –

6,76 x Idade (em anos).

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Em pacientes que não respondem a cálculos estimados, pacientes com insuficiência de

múltiplosórgãos, com suporte nutricional prolongado, ou pacientes com insuficiência

respiratória, aguda, em ventilação artificial, recomenda-se o uso de calorimetria indireta.

Nessa situação, o GEB é igual a 3,9 x Vo2 + 1,1 x Vco2.

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5.0- TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL

A NP deve ser empregada quando o paciente necessitar de terapia nutricional e existir

contra-indicação ao uso da via enteral ou esta for insuficiente para suprir todas as

necessidades calculadas. Dependendo da formulação prescrita a NP pode ser administrada por

veia profunda ou por veia periférica, sendo a escolha definida pela duração prevista da NP,

estado das veias periféricas, necessidades nutricionais e osmolaridade no final da solução.

Como conduta geral, deve-se instituir terapia nutricional, se:

paciente sem nutrição há sete dias com índice de massa corporal (IMC) >18 kg/m2;

paciente sem nutrição há mais de três dias, se IMC <_ 18 kg/m2;

estimativa da duração da doença, que impossibilita a ingestão, via oral, de alimentos,

acima de 10 dias;

pacientes com perda ponderal, aguda, maior que 10%;

pacientes de alto risco – com infecção grave, queimado, com traumatismo grave.

Em todas essas situações, iniciar terapia nutricional após estabilização hemodinâmica

do paciente.

Se o trato gastrointestinal (TGI) estiver funcionante, fornecer nutrição enteral; usar

sonda em posição gástrica, se o risco de aspiração for baixo; caso contrário, usar sonda em

posição jejunal. Sempre monitorizar a presença de resíduos gástricos, observando o

surgimento de distensão abdominal, diarréia e anormalidades hidroeletrolíticas. Se TGI não

estiver funcionante (íleo paralítico, obstrução intestinal, hemorragia gastrointestinal), iniciar

NPT via cateter central.

Nessa situação, monitorizar a glicemia, distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásicos

além das condições gerais do paciente. Alguns pacientes com TGI funcionante não irão ou

não conseguirão comer. São aqueles com obstrução orofaríngea ou esofagiana e ainda os

pacientes portadores de seqüela neurológica, para os quais a alimentação nasogástrica ou

nasojejunal pode estar indicada. (SOUBA WW & WILMORE D., 1999)

A via utilizada para terapêutica nutricional deverá, sempre que possível, ser enteral,

em virtude de ser mais fisiológica e de menor custo. A Nutrição Parenteral (NP) é uma

solução ou emulsão, contendo carboidratos, aminoácidos, lipídios, água, vitaminas e minerais,

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administrada por via intravenosa, com a finalidade de fornecer aos pacientes os nutrientes em

quantidades necessárias para a síntese e/ou a manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas.

(BRASIL, 1998) É indicada, quando houver empecilho na alimentação via oral ou enteral ou,

ainda, quando a absorção dos nutrientes for incompleta ou insuficiente.

Planejar NP é um processo que deve ser seguido passo a passo levando-se em conta as

necessidades energéticas, protéicas, vitamínicas e eletrolíticas. O primeiro passo é definir, por

meio dos cálculos expostos, metas para a oferta energética, e distribuir as calorias entre

carboidratos, proteínas e lipídios.

Em NP, as recomendações de proteínas, no paciente em estado grave, têm sido

discutidas, sugerindo de 1,0 - 2,0 g/kg/dia, de acordo com a condição clínica e o estado

catabólico. (SOUBA WW & WILMORE D., 1999) As recomendações de lipídios são de 1-2

g/kg/dia. Quando a solução de lipídios não puder ser adicionada à NP na fórmula 3:1(glicose;

aminoácidos e lipídios na mesma solução) os lipídios devem ser ofertados 2-3x/semana, para

fornecer ácidos graxos essenciais, prevenindo sua deficiência. A maior parte das calorias, em

geral, é obtida com oferta de glicose. Para evitar, principalmente, a hiperglicemia e a

sobrecarga pulmonar pelo excesso de produção de CO2, é recomendado manter a taxa de

infusão de glicose em, no máximo, 5mg/kg/min (Vig-velocidade de infusão da glicose).

Em virtude de a maioria dos pacientes que recebem NP apresentarem quadro de má

absorção e grande perda hidroeletrolítica, podem ocorrer alterações de eletrólitos e minerais

como Na+, K+, Ca++, Mg++, PO4—, Cl-. A necessidade diária de minerais e vitaminas para

pacientes em bom estado cardiovascular, intestinal, renal e hormonal. Em caso de perdas

excessivas ou retenção anormal pelo intestino ou rins, prescrições precisam ser individuais,

com monitorização constante.(SOUBA WW & WILMORE D., 1999)

As soluções de NP devem ser mantidas em recipientes apropriados e em temperatura

entre 2° e 8°C, durante o armazenamento e/ou transporte por um período máximo de 24 h e

sua administração deve ser realizada, preferencialmente, com bomba de infusão à temperatura

ambiente. (BRASIL,1998) Cada instituição define soluções-padrão que têm, como vantagem,

a estabilidade, menor custo e menor manipulação no preparo, embora, às vezes, não atendam

às necessidades individuais. Já com as preparações individualizadas, ocorre o inverso.

(MARCHINI, JS., et al.,1998; SAKAMOTO LM., et al., 2001) É importante conhecer as

situações especiais em nutrição do paciente criticamente enfermo, como por exemplo: seu

tempo de utilização; em pacientes com insuficiência respiratória ou, ainda, nos pacientes com

insuficiência renal, cuja oferta protéica varia de acordo com o fato de o paciente estar ou não

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em diálise, deve ser evitada a oferta excessiva de hidratos de carbono, que resulta em aumento

da produção de CO2.(ECHENIQUE M. & CORREIA MITD, 1998; CERRA FB., 1997)

5.1- Indicações absolutas para nutrição parenteral

1. Impossibilidade de absorver nutrientes pelo trato GI por uma das condições:

ressecção intestinal maciça (> 70% delgado);

síndrome do intestino curto por doença prévia;

doença inflamatória intestinal ativa com necessidade de repouso intestinal por pelo

menos 5-7 dias: enterite actínica, enterite isquêmica, doença de Crohn.

2. Fístula êntero-cutânea:

com indicação de repouso por mais de 5-7 dias;

débito elevado (> 500 ml);

fístula colo-cutânea necessitando repouso trato GI por mais de 5-7 dias.

3. Impossibilidade de acesso enteral por obstrução intestinal ou íleo prolongado.

4. Pré-operatório de cirurgias do trato GI, na impossibilidade de utilização de nutrição via oral

ou enteral. Ex.: Neoplasia de esôfago ou estômago com obstrução, impedindo sondagem.

Indicações relativas para nutrição parenteral

1. Diarréia severa por má-absorção;

2. Cirurgias extensas com previsão de íleo prolongado por mais de 5-7 dias.

5.2- Contra-indicações

A NP não deve ser iniciada ou mantida em pacientes em condições terminais ou

quando a expectativa de vida é de menos de 3 meses. Não existe comprovação que a NP

aumente a expectativa de vida ou melhore a qualidade de vida destes pacientes.

5.3-Como calcular as necessidades nutricionais em nutrição parenteral

1. Usar o peso atual. Se o paciente estiver edemaciado estimar o “peso seco”. Se for obeso

usar o peso ajustado. Se peso atual não disponível usar o peso estimado.

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2. Estimar a necessidade de proteínas: em geral 1,5 g/kg/dia, variando de 1,0 a 2,0 g/kg/dia,

dependendo do grau de estresse metabólico.

gramas de proteínas x 4 = calorias protéicas

5.4- Necessidades Protéicas

As necessidades protéicas variam de acordo o com o “stress”metabólico, sendo mais

altas quanto maior for o grau de stress:

Sem estresse: 0,5 a 1 g/kg/dia

Estresse moderado (pós-operatório com SIRS leve): 1 a 1,5g/kg/dia

Estresse grave (politraumatizado, sepse grave): 1,5 a 2 g/kg/dia

Estresse severo (grande queimado): 2g/kg/dia

Atenção especial para a glutamina, que é o mais abundante aminoácido do plasma e

constitui aproximadamente 20% do total de aminoácidos livres circulantes. É classificada com

um aminoácido não-essencial, exceto em situações como trauma e infecções graves sendo

classificada como um aminoácido condicionalmente essencial. É considerado um

imunonutriente (melhora a resposta imunológica) e suas funções são:

Importante substrato para a gliconeogênese;

Transporte inter-orgãos de carbono e nitrogênio;

Precursor de nucleotídeos;

Essencial para a síntese protéica;

Regulador de síntese e hidrólise protéica;

Manter a integridade da barreira intestinal evitando translocação bacteriana;

Importante combustível metabólico para a rápida replicação celular.

Possivelmente, a deficiência de glutamina pode limitar, tanto a produção de proteínas

na resposta inflamatória, como a síntese da gluta-tiona, comprometendo as defesas

antioxidantes do organismo. A suplementação deste aminoácido promoveu redução das

infecções e do tempo de internação no grupo de pacientes cirúrgicos, sendo verificada

diminuição da mortalidade em pacientes críticos. Os resultados mais expressivos e

animadores foram obtidos com altas doses do aminoácido endovenoso.

A recomendação clínica para pacientes adultos, internados, é de 30g/dia de

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glutamina, tanto por via enteral quanto parenteral.

3. Estimar a necessidade calórica total: a maioria dos pacientes necessita 25-30 cal/kg/dia.

Pacientes com maior estresse metabólico estimar 30-35 cal/kg/dia.

4. Calcular a quantidade de carboidratos e de lipídios a ser administrada:

calorias não-protéicas = calorias totais –calorias protéicas

*gramas de glicose = (0,7 x calorias não protéicas)/ 3,4

gramas de lipídio = (0,3 x calorias não protéicas)/ 9

30% do Valor Calórico Total (VCT) são fornecidos como lipídeos, número que pode

chegar a até 50% do VCT em situações especiais. Não se deve fornecer mais de 2g/kg/dia ou

mais que 60% do VCT na forma de lipídeos. A taxa de oxidação da glicose é estimada em 4 a

5 mg/kg/min. A administração de glicose em valores próximos ou maiores que este, predispõe

à ocorrência de hiperglicemia e seus efeitos metabólicos indesejáveis, necessitando vigilância

cuidadosa.

5. Calcular as necessidades diárias de líquidos e eletrólitos

Água: 30-40 ml/kg/dia

Sódio: 1-2 mEq/kg/dia ou 40-60 mEq/l

Potássio: 1-2 mEq/kg/dia ou 40-60 mEq/l

Cloreto: 30-60 mEq/l

Cálcio: 10-15 mEq/dia

Fósforo: 10-15 mMol/l

Magnésio: 10-30 mEq/dia

6. Repor as necessidades diárias das vitaminas e oligoelementos com solução de

multivitaminas (MVI) e solução de oligoelementos. Nos pacientes com perdas intestinais

elevadas (ex.: fístulas de alto débito), repor 12 mg de zinco por litro de líquido perdido mais o

requerimento básico.

5.5- Recomendações para a prescrição de nutrição parenteral

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1. A NP só deve ser iniciada em pacientes com estabilidade hemodinâmica.

Indivíduos em uso de drogas vasoativas podem receber NP se o lactato sérico estiver

dentro da faixa de normalidade.

2. As soluções para NP periférica devem ter osmolaridade calculada igual ou menor a 900-

1000 mOsm/kg para evitar flebite.

A concentração final de glicose deve ser no máximo 10%. Limitar o acesso venoso a

72 horas em cada local para preservar as veias.

3. Antes de iniciar a NP central estabelecer acesso venoso central adequado, comprovado

radiologicamente.

É recomendável cateter exclusivo para a NP de lúmen único. Porém, se as condições

do paciente exigirem utilizar cateter com dois lumens e reservar uma via exclusiva para a NP,

de preferência a via distal. O acesso venoso central será estabelecido com técnicas assépticas

pelo Serviço responsável pelo paciente.

4. Solicitar a seguinte rotina laboratorial antes de iniciar NP: hemograma, glicose, uréia,

creatinina, sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, albumina, colesterol, triglicerídeos,

transaminases e fosfatase alcalina.

5. No primeiro dia prescrever 50% das necessidades calculadas.

Administrar a solução numa velocidade constante com bomba de infusão. Se bem

tolerada progredir para 100% do calculado no dia seguinte.

6. Realizar controle de glicemia capilar de 6/6 horas e administrar insulina regular subcutânea

para manter níveis glicêmicos abaixo de 150 mg/dl. Em pacientes estáveis com a função renal

normal, se os níveis se mantiverem constantemente abaixo de 150 mg/dl, poderá utilizar

glicossúria com monitoração da glicemia de 24/24 horas. Nos últimos anos, o controle

glicêmico intensivo (CGI), ou seja, controle rigoroso da glicemia entre 80 e 110 mg/dL,

utilizando infusão venosa contínua de insulina passou a ocupar lugar de destaque no manuseio

dos pacientes críticos. Para sua implementação é recomendável que se disponha de um

protocolo com estratégias definidas para manter a glicemia na faixa escolhida e para prevenir

e tratar as complicações, principalmente a hipoglicemia, devendo ser utilizado em ambiente

de Terapia Intensiva, por exigir monitorização e controle cuidadoso.

7. As emulsões de lipídios são utilizadas para prevenir deficiência de ácidos graxos (sinais

clínicos: descamação da pele; queda de cabelo; dificuldade de cicatrização; suscetibilidade a

infecções; transtornos visuais e do SNC) e como fonte calórica. Limitar a oferta a 20% a 30%

das calorias não protéicas.

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8. As emulsões lipídicas podem ser administradas isoladamente ou misturadas às soluções de

glicose e aminoácidos (mistura 3 em 1). Na administração conjunta na solução 3 em 1 o

tempo máximo de infusão é de 24 horas. A velocidade máxima de infusão da solução isolada

é de 10 g/hora (100 ml/hora da solução 10% e 50 ml/hora da solução 20%).

9. Suspender a administração da emulsão lipídica se os níveis séricos de triglicerídeos

estiverem acima de 400 mg/dl.

No paciente crítico, 15% a 30% das calorias devem ser oferecidas na forma de

lipídeos. A quantidade mínima a oferecer é de 1g/kg/dia, sem exceder a 1,5 g/kg/dia. Deve-se

evitar o aporte excessivo de lipídeos, pois está relacionado a efeitos imunossupressivos, com

aumento na incidência de infecções. O balanceamento dos vários tipos de ácidos graxos

também é importante, pois pode influenciar vias de síntese de eicosanóides. Atualmente são

utilizados no suporte nutricional, triglicerídeos de cadeia longa (TCL) pertencentes ás séries

n-3, n-6 e n-9, individualmente ou em combinação com triglicerídeos de cadeia média (TCM).

5.6-Administração

Reconhecidamente, a maior preocupação das nutrições parenterais do tipo 3 em 1 é a

instabilidade da emulsão lipídica frente ao uso de altas concentrações de eletrólitos e

oligoelementos.

As emulsões lipídicas são formadas por duas substâncias imiscíveis; uma oleosa na

forma de gotículas e outra aquosa, onde estão dispersas as gotículas de óleo. Para que este

sistema torne-se estável, acrescenta-se um agente emulsionante (as apresentações

comercialmente disponíveis apresentam a lecitina do ovo nesta função), que funciona através

de dois mecanismos: 1) barreira mecânica; ocorre a formação de um filme ao redor de cada

glóbulo oleoso, que funciona como uma interface entre as duas fases; 2) barreira eletrostática;

onde os grupos fosfato presentes na lecitina de ovo são ionizados e apresentam cargas

negativas. Estas cargas ficam ao redor de cada gotícula, garantindo a repulsão entre elas.

O pH determina o estado e o grau de ionização do emulsificante, sendo que a máxima

estabilidade da emulsão é atingida numa faixa de pH entre 5 e 10. A medida que se diminui o

pH, as cargas elétricas do emulsificante se neutralizam, desaparecendo as forças repulsivas e

favorecendo a quebra da emulsão lipídica.

A desestabilização ocorre principalmente pela neutralização das cargas elétricas do

emulsificante, que perde seu poder de repulsão eletrostática e favorece o agrupamento das

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gotículas oleosas, levando à coalescência e consequentemente quebra da emulsão. Assim,

todo o conteúdo eletrolítico presente em uma nutrição parenteral do tipo 3 em 1 é

potencialmente perigoso para a estabilidade da emulsão lipídica do sistema. Cabe assinalar

que quanto maior a valência de um cátion livre em solução, maior seu potencial de neutralizar

a ação do emulsificante, o que faz dos cátions divalentes (como o cálcio e o magnésio) e dos

oligoelementos as substâncias que apresentam perigo real.

Sendo a instabilidade multifatorial, há poucas referências bibliográficas quanto à

concentração máxima de cálcio que assegure a estabilidade da emulsão lipídica. O fabricante

do Intralip 10% e 20% (Kabi-Fresenius) preconiza o uso de até 8 mEq/L de cálcio enquanto

outros estudos apontam formação de precipitação em concentração de 7,2 mEq/L de cálcio.

Outro problema farmacotécnico da adição de grandes doses de cálcio em nutrições

parenterais é sua reação com fosfato, formando sais insolúveis. Do ponto de vista físico-

químico, são observadas duas situações de precipitação: 1) precipitação imediata, claramente

visível durante a manipulação da NPT, forma um precipitado amorfo branco, em flocos, cuja

estrutura corresponde ao fosfato cálcico -Ca3(PO4)2; 2)precipitação mediada pelo tempo, que

pode ou não ser visível, e ocorre pela cristalização do fosfato cálcico dibásico - CaHPO4, que

se apresenta como cristais semitransparentes e bem definidos, normalmente aderidos às

paredes da bolsa de NPT, mas que também podem se formar na linha de infusão do catéter,

obstruindo-o.

A precipitação de cálcio e fósforo nas misturas de nutrição parenteral apresenta

conseqüências clínicas importantes para o paciente (como embolia pulmonar) e não é

previsível apenas por simples cálculos, dependendo de múltiplos fatores. Tais fatores podem

estar ligados direta ou indiretamente à incorporação destes íons à nutrição parenteral,

conforme a tabela:

Fatores diretos Fatores indiretos

Ph

Concentração de Cálcio

Concentração de Fósforo

Fonte de Cálcio

Fonte de Fósforo

Concentração de Magnésio

Concentração final de aminoácidos

Ordem de adição

Temperatura e Tempo de conservação

Temperatura de administração

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Destes, o pH é o fator mais importante, regulando de forma determinante a

compatibilidade de qualquer sistema Ca-P. Assim, todos os fatores que alteram o pH final da

mistura influem na precipitação.

O pH ácido favorece a forma monobásica do fosfato (diidrogeno fosfato), mais

solúvel, diminuindo o risco da precipitação, enquanto que em pH = 7,4 predomina a forma

dibásica, aumentando o risco.

O segundo fator de maior importância para a precipitação destes íons é a concentração

final de cálcio iônico livre, que depende do grau de dissociação do sal de cálcio empregado.

Os sais inorgânicos (como o cloreto de cálcio - CaCl2) estão mais dissociados que os sais

orgânicos (como o gluconato de cálcio).

Desta maneira, observa-se que o risco de precipitação está intrinsecamente relacionado

ao grau de dissociação dos sais de cálcio e fosfato.

5.7- Reposições complementares

Ferro - fornecido por via endovenosa em pacientes que permanecerão em NPT por tempo

prolongado necessitam de fornecimento parenteral de ferro ou na presença de sinais de

deficiência desse mineral (anemia ferropriva). O montante de ferro coloidal a ser reposto é

calculado através da fórmula: Fe (g) = [Hb desejada - Hb do paciente] x 0,225

A dose total calculada é diluída em 500 ml de solução salina a 0,9% e administrada de

uma única vez em veia periférica. Iniciar com gotejamento lento (20 gotas/min) nos primeiros

cinco minutos de infusão, sob supervisão, observando o aparecimento de reação anafilática.

Afastada a ocorrência de anafilaxia, o gotejamento pode ser aumentado para 40 a 60

gotas/min.

As vitaminas hidro e lipossolúveis são componentes reconhecidamente essenciais no

metabolismo e manutenção da função e integridade celular. Estresse, cargas elevadas de

carboidrato e proteína e balanço nitrogenado positivo aumentam as necessidades normais de

vitaminas. São adicionadas na solução nutritiva sob a forma de polivitamínicos (ver quadro

abaixo), exceto o ácido fólico, vitamina B12, biotina e vitamina K. Ácido fólico, vitamina

B12 e biotina são fornecidos em frasco separado das outras vitaminas, pois podem sofrer

degradação quando misturadas a elas. Ácido fólico pode ser administrado semanalmente (3

mg) e vitamina B12 mensalmente (100 mcg), por via intramuscular. Vitamina K - reposta

uma vez por semana, em veia periférica (diluída em 18 mL de água bidestilada) ou

intramuscular, a depender da preparação disponível, na dose de 10 mg.

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6.0-TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL

A Terapia nutricional Enteral compreende um conjunto de procedimentos terapêuticos

para a manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente, por meio da ingestão

controlada de nutrientes (DAVID MC., 2001) .

Essa terapia tem se difundido rápida e progressivamente graças à precocidade na

indicação de seu uso, com o intuito de oferecer nutrientes necessários a pacientes com alto

catabolismo, sendo a primeira opção de escolha na prevenção da desnutrição hospitalar, na

impossibilidade de se implementar a ingestão oral. Essa difusão está ocorrendo, em razão do

aprimoramento do arsenal utilizado para sua administração, como a formulação enteral

industrializada, cumprindo rigoroso controle no padrão microbiológico; o emprego de bombas

de infusão específicas para a Terapia Nutricional Enteral, propiciando controle adequado do

volume administrado e a qualidade das sondas para reduzir as intercorrências tanto na

passagem como durante a manutenção destas (MATSUBA CST., 2003) .

6.1-Vantagens e desvantagens

Quando o trato gastrointestinal está íntegro ou parte dele funcionante, a via enteral

deve ser a escolhida, pois essa terapia custa 50% menos do que a via parenteral, evita o

rompimento das barreiras de defesa importantes como faz a via parenteral, além de manter o

principal sistema da absorção e metabolismo dos nutrientes. A contaminação de cateter

central é a principal causa de infecções sangüíneas intra-hospitalares e estas são responsáveis

pelo aumento da mortalidade. Tais infecções são difíceis de serem tratadas, por serem

causadas por microorganismos intra-hospitalares multirresistentes (ALVES VGF., et al.,

1999; UNAMUNO MRDL, CARNEIRO JJ, CHUEIRE FB, MARCHINI JS, SUENVMM.,

2005)

Estudos provam que a nutrição enteral preserva a integridade da mucosa do trato

gastrointestinal, diminui a translocação bacteriana, atenua a resposta inflamatória de fase

aguda mediada por citocinas, diminui riscos de infecções e pode reduzir o risco de

desenvolvimento de falência orgânica múltipla (COUTO JCF, BENTO A, COUTO CMF,

SILVA BCO, OLIVEIRA IAG., 2002).

Em 1988, alguns autores postularam a hipótese de que a Síndrome da Resposta

Inflamatória Sistêmica (SIRS) pudesse ser originada no intestino. Essa hipótese aponta o

papel da translocação bacteriana, que é a invasão de bactérias pela barreira da mucosa

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intestinal que invadem os linfonodos e outros órgãos, no desenvolvimento da SIRS, sepse,

choque e falência de múltiplos órgãos. À luz dessa percepção, a restauração e o suporte da

mucosa intestinal, como barreira, tem significado particular. Tanto o duodeno quanto o jejuno

são órgãos dinamicamente ativos, cuja função depende da presença dos nutrientes no espaço

intraluminal. A presença dos nutrientes é o maior estímulo para a manutenção da função e

integridade da mucosa intestinal. A completa ausência de alimentação oral e/ou enteral e a

utilização da nutrição parenteral resultam no comprometimento e na atrofia das

microvilosidades da mucosa intestinal (VASCONCELOS MIL, TIRAPEGUI J., 2002).

Em estudo ao se comparar os níveis de absorção da vitamina A, em pacientes que

estavam com Terapia nutricional enteral e parenteral, percebeu-se que o grupo com TNE

apresentou melhores níveis absortivos, em razão da manutenção da trofia da parede intestinal

e da permeabilidade da mucosa (SAITO H, FURUKAWA S, MATSUDA T., 1999)

Vários estudos propõem o uso de alimentação enteral precoce (2 a 48 horas) após

trauma físico, cirúrgico ou sepse. Sob o ponto de vista metabólico, o uso da Terapia

Nutricional Enteral precoce pode evitar a secreção excessiva de hormônios catabólicos ao

prevenir o aumento do cortisol e do glucagon séricos. Ocorre ainda preservação do estado

nutricional, com manutenção do peso corporal e da massa muscular, com diminuição do

balanço nitrogenado negativo (WAITZBERG DL., 2004)

A Terapia Nutricional Enteral é considerada precoce até 72horas após internação e

reduz o tempo de internação hospitalar, proporcionando maior reembolso diário do Sistema

Único de Saúde ao hospital (WATANABE S, CUKIER C, MAGNONI D, GUIMARÃES

RN, URENHIUKIKL, RAUBA A., 2002)

Diante dessas vantagens, deve-se buscar a infusão da Terapia Nutricional em doses

plenas, visando alcançar os benefícios que a mesma pode proporcionar. Entretanto, a

administração de TNE em UTI é prejudicada por vários fatores como disfunção do trato

gastrointestinal (estase, vômitos, diarréia, distensão abdominal), jejum para exames e

procedimentos médicos, de enfermagem e de fisioterapia (COUTO JCF, BENTO A, COUTO

CMF, SILVA BCO, OLIVEIRA IAG., 2002)

6.2-Indicações, contra-indicações e principais complicações

A Terapia Nutricional Enteral está indicada quando houver risco de desnutrição, ou

seja, quando a ingestão oral for inadequada para prover de dois terços a três quartos das

necessidades diárias nutricionais. Outra situação na qual também se indica essa terapia é

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quando o trato gastrointestinal está total ou parcialmente funcionante e quando o paciente não

pode alimentar-se pela boca. (CUPPARI L., 2002)

Essa terapia está contra-indicada nas situações em que o trato-gastrointestinal não se

encontra íntegro ou funcionante, como por exemplo, no íleo paralítico, nas obstruções

intestinais e hemorragias digestivas altas (MARINO PL, 2000).

Apesar dos avanços alcançados, a Terapia Nutricional Enteral não é isenta de

complicações e deve ser rigorosamente monitorizada com a finalidade de detectá-las

precocemente. As complicações relacionadas com a terapia podem ser gastrointestinais,

mecânicas, metabólicas, respiratórias, infecciosas e psicológicas (MATSUBA CST, 2003).

As dificuldades inerentes à população crítica ainda podem interferir com a Terapia e

criar riscos ao paciente. Entre elas estão os desarranjos da motilidade intestinal secundário ao

íleo pós-operatório; estase gástrica ou intestinal; hipoperfusão, especialmente no contexto de

sepse, trauma, choque e insuficiência de sistemas. Condições que podem influenciar o

peristaltismo são a mecânica ventilatória, a sedação, o uso de certos antibióticos e outras

drogas (SERPA LF, KIMURA M, FAINTUCH J, CECONELLO I., 2003).

As complicações mecânicas estão entre as mais freqüentes da Terapia Nutricinal

Enteral, fato explicado pela manipulação direta da sonda naso enteral (SNE), decorrente da

utilização de sondas de diferentes calibres, da administração de medicamentos, da

manipulação do paciente durante as aspirações do tubo endotraqueal ou das vias aéreas ou até

mesmo durante a passagem da sonda (SERPA LF, KIMURA M, FAINTUCH J,

CECONELLO I., 2003).

A obstrução da sonda naso enteral também faz parte das complicações mecânicas,

podendo estar relacionada com a retenção de resíduos da fórmula enteral em seu lúmem, em

conseqüência da alta osmolalidade; da formação de complexos insolúveis fórmula-

medicamento; de comprimidos macerados inadequadamente e injetados pela sonda e da

precipitação da fórmula em razão da acidez do conteúdo gástrico (MATSUBA CST., 2003).

Ao estudar as obstruções de sondas enterais, verificou-se a ocorrência de aglutinação

resultante da associação da fórmula enteral e de resíduos gástricos provenientes da aspiração

da sonda, em 80% dos casos (MATSUBA CST., 2003).

Como conseqüência da obstrução da SNE, pode-se observar o fornecimento

inadequado das calorias previstas e o atraso na administração de medicamentos e

complementos, além do gasto de tempo na repassagem da sonda, traumatismo e até mesmo

inserções acidentais no sistema traqueo pulmonar (MATSUBA CST., 2003).

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Podem ocorrer complicações gastrointestinais como diarréia, cólicas, distensão

abdominal, náusea, vômito, obstipação intestinal, refluxo e outros. Mas na maioria das vezes

essas intercorrências são atribuídas à condição clínica do paciente ou ao tratamento

medicamentoso. A definição mais eclética para refluxo é o retorno de mais de 50% da dieta

infundida nas últimas duas horas, que ocorre como uma das complicações mais freqüentes em

pacientes graves. Sua causa deve-se, muitas vezes, à administração de drogas usuais no

tratamento intensivo, como sedativos e analgésicos, fundamentalmente opiáceos, com

reconhecido poder de reduzir o esvaziamento gástrico e a motilidade intestinal. Além disso,

destacam-se as condições e situações clínicas como cirurgias, pancreatites, gastroparesia,

neuropatias e outros (DAVID MC., 2001).

O volume residual é usado por médicos, nutricionistas e enfermeiros como um

indicador para avaliar a tolerância ou intolerância na nutrição enteral. Volumes residuais

elevados sugerem a possibilidade de esvaziamento gástrico inadequado, risco potencial de

refluxo e aspiração. A aspiração do resíduo gástrico é relevante em pacientes graves e em

risco de gastroparesia, devem ser verificados a cada 4 horas ou quando necessário (BUZZO

CA, SILVA ALND, CARUSO L., 2004).

A complicação infecciosa pode ser causada pela pneumonia de aspiração considerada

de maior gravidade na nutrição enteral, sua incidência pode variar de 21% a 95%, ocorrendo

geralmente como conseqüência do refluxo. Os pacientes em risco de aspiração, são aqueles

com história de aspiração, esvaziamento gástrico lento, estado mental alterado, refluxo

gastroesofágico, gastroparesia, reflexo vagal diminuído, reflexo diminuído da tosse e

deglutição e com ventilação mecânica (BUZZO CA, SILVA ALND, CARUS O L., 2004).

Os pacientes graves que freqüentemente recebem antiácidos e/ou antagonistas da

histamina para alcalinização gástrica, prevenção da hemorragia digestiva alta e manutenção

do pH gástrico em níveis acima de 4,0, facilitam a proliferação bacteriana na luz do estômago,

favorecendo a ocorrência de pneumonia por ascensão bacteriana à orofaringe e vias aéreas

inferiores (DAVID MC., 2001)

Outra complicação infecciosa é causada, por meio de contaminação geralmente por

fungos em sondas/equipo, nos utensílios durante o preparo. Podem ocorrer complicações

metabólicas como distúrbios hidroeletrolíticos, hiperglicemia e disfunção hepática. A

alteração hidroeletrolítica pode ser produzida por falta de ingestão líquida adequada, e pela

hiperglicemia quando o organismo não tolera a glicose, levando a diurese osmótica (HUDAK

CM, GALLO BM., 1997).

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O paciente submetido à Terapia Nutricional Enteral pode apresentar desconforto pela

presença da sonda enteral, sede e boca seca, levando à falta de estímulo ao paladar. Os

horários fixos das dietas favorecem a monotonia alimentar, e a auto-imagem prejudicada

interferem na sociabilidade e inatividade do paciente, deixando-o deprimido e ansioso.

6.3-Utilização da Terapia Nutricional Enteral em pacientes graves

Entre os avanços tecnológicos no tratamento de pacientes graves internados em UTI, o

suporte nutricional pode será pontado como uma das importantes inovações da medicina no

século XX pelo seu potencial para interferir no curso das doenças, atuar em mecanismos

patogênicos ou estimular a resposta imunológica. A instituição precoce e adequada da terapia

nutricional pode diminuir a morbidade de pacientes graves, determinando um decréscimo das

complicações infecciosas, restaurando o fluxo sanguíneo esplâncnico, prevenindo a destruição

da mucosa gastrointestinal e evitando ulcerações (MATSUBA CST., 2003).

A terapia nutricional quando empregada em pacientes graves, visa fornecer substratos

para atender a demanda dos diferentes nutrientes e, dessa forma, proteger órgãos vitais e

amenizar a utilização do músculo esquelético e outros nutrientes de reservas como substrato

energético (VASCONCELOS MIL, TIRAPEGUI J., 2002).

6.3.1-Vias de acesso, métodos de administração e a pausa noturna

As vias de acesso em Terapia Nutricional Enteral podem estar dispostas no estômago,

duodeno ou jejuno, conforme as facilidades técnicas, as rotinas de administração, bem como

alterações orgânicas e/ou funcionais a serem corrigidas. Na dependência da localização, a

terapia enteral deverá apresentar características específicas de osmolaridade, pH e conteúdo

dos diferentes nutrientes indispensáveis ao paciente (VASCONCELOS MIL, TIRAPEGUI J.,

2002)

A alimentação intra gástrica é escolhida, pois o estômago tolera uma variedade de

fórmulas mais facilmente do que o intestino delgado; aceita normalmente grandes sobrecargas

osmóticas sem cólicas, distensão, vômitos, diarréia ou desvios hidroeletrolíticos, o mesmo

não ocorrendo no intestino delgado. Além disso, o estômago exibe uma enorme capacidade de

armazenamento e aceita mais facilmente as dietas intermitentes. Entretanto, a dieta naso

gástrica aumenta o risco de aspiração (MAGNONI D, CUKIER C., 2001

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Quando a sonda se localiza em porções distais ao piloro (duodeno ou jejuno), o

gotejamento da dieta deve ser observado com atenção, uma vez que o escoamento rápido pode

ocasionar cólica e diarréia, com conseqüente queda no aproveitamento nutricional e prejuízo

ao paciente. Essa via é preferida para pacientes com gastroparesias, retardo do esvaziamento

gástrico, alto risco de aspiração e no período pós-operatório imediato (CUPPARI L., 2002)

Em um estudo prospectivo, randomizado e multicêntrico, com pacientes críticos foram

avaliadas as incidências de complicações gastrointestinais relacionadas ao posicionamento da

sonda naso gástrica e naso gastrojejunal. Observaram-se que57% dos pacientes com sonda

posicionada naso gástrica e 24% dos que estavam com sonda posicionada gastro jejunal

apresentaram complicações gastrointestinais (MONTEJO JC, GRAU T, ACOSTA J, RUIZ-

SANTANA S, PLANAS M,GARCIA-DE-LORENZO et al., 2002)

Atualmente, observa-se em relação à localização da sonda, quequanto mais distal do

intestino delgado, menor a freqüência ou episódios de regurgitamento gastroesofágico,

refluxo duodeno-gástrico e micro aspiração pulmonar, sendo a dieta no intestino distal capaz

de prevenir este tipo de complicação em pacientes de alto risco (HEYLAND D, COOK DJ,

WINDER B, BRYLOWSKI L, VAN DEMARK H,GUYATT G.,1995)

O método de administração da Terapia Nutricional Enteral depende da tolerância do

paciente, da conveniência e do custo. Pode ser contínua ou intermitente, em bolo ou

gravitacional.

1. Intermitente:

a) gravitacional - é utilizada a força da gravidade para a administração de “porções” da

dieta;

b) em bolo: é administrado, através de uma seringa, 200 a 300 ml a cada 2-4 horas. A

regularidade e o volume dependem da condição do paciente. Geralmente o volume

administrado demora menos de 15 minutos. A alimentação é infundida de 4 a8 vezes ao

dia. Esse método de administração é preferível na alimentação em posição gástrica para

pacientes estáveis, pois permitem que eles realizem outras atividades.

Vantagens: não exige bomba de infusão e permite custo menor .

Desvantagens: maior risco de aspiração, náuseas, vômitos, diarréia, intolerância à

alimentação e maior instabilidade na glicemia capilar.

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2. Contínua:

É o método administrado por gotejamento lento e contínuo ou, preferencialmente, por

meio de bomba de infusão, volumétrica (ml/h) ou peristáltica (gotas/h). É utilizado

sempre que a sonda estiver em posição pós-pilórica, ou pode ser empregado quando

houver dificuldade de esvaziamento gástrico, distensão e risco de aspiração. A diarréia

pode ser também uma indicação. Permite que a TNE seja dada em pequenas

quantidades, por um longo período iniciando-se,geralmente, com 25 ml/h para

possibilitar o desenvolvimento gradual de tolerância ao volume e a osmolaridade da

fórmula. A velocidade final, de cerca de 80 a 125 ml/h, é geralmente eficaz para

induzir balanço nitrogenado positivo e progressivo ganho de peso, sem produzir

cólicas abdominais ou diarréia (DAVID MC., 2001)

Vantagens: bem tolerada pelos pacientes, menos risco de aspiração, diarréia, náuseas,

vômitos, possibilidade de fornecer maior aporte energético, pois os constituintes da dieta são

mais completamente absorvidos.

Desvantagens: exige bomba de infusão, oferece menor liberdade ao paciente, maior risco de

obstrução da sonda e maior custo.

A infusão contínua pode ser feita respeitando-se uma pausa noturna de seis horas com

objetivo de reduzir a população bacteriana intragástrica. Durante a pausa noturna, o pH

gástrico não bloqueado pela dieta, cai a níveis bactericidas, auxiliando o controle da

população bacteriana no estômago e do trato-gastrointestinal, favorecendo a diminuição de

índices de pneumonia naso comial por ascensão bacteriana (DAVID MC., 2001).

Em um estudo prospectivo comparando o método de infusão contínua com o intermitente,

verificou-se maior incidência de diarréia, deslocamento de sonda e pneumonia aspirativa no

método de administracão intermitente. O grupo que recebeu TNE contínua evidenciou maior

ocorrência de obstrução de sonda, mas como vantagem observou-se maior percentual de dieta

diária, sendo esse modo de administração o mais recomendado (CIOCON JO,

SILVERSTONE FA, GRAVER LM, FOLEY CJ.,1988).

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CONCLUSÃO

O tratamento do paciente deve incluir a terapia nutricional específica, uma vez que são

pacientes com alto risco de complicações. Depois de estratificados os riscos, deve-se optar

pela melhor via de terapia nutricional. A terapêutica nutricional, no paciente criticamente

enfermo, pode resultar numa melhor evolução da doença de base com maior sobrevida e

menor ônus hospitalar. Vale a pena ressaltar que a via oral é sempre a preferível, e que a

indicação da nutrição parenteral não deve ser retardada nos casos apropriados.

A terapia nutricional é fundamental na recuperação de pacientes críticos, porém deve

ser prescrita com cautela, a fim de evitar complicações que aumentem a morbi-mortalidade

dos mesmos.

Os grandes objetivos da terapia nutricional são corrigir, atenuar ou prevenir a

subnutrição protéico-energética em pacientes, a fim de garantir ou melhorar o seu estado

nutricional com o mínimo de complicações metabólicas.

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