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Enfrentar o problema dos resíduos de plástico Ambiente Ambiente para os Europeus Revista da Direcção-Geral do Ambiente JUNHO DE 2013 | N.° 50

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Enfrentar o problema dos resíduos de plástico

Ambiente

Ambientepara os Europeus

Revista da Direcção-Geral do Ambiente

JUNHO DE 2013 | N.° 50

Í N D I C E

03 Fusão dos objetivos em matéria de pobreza e desenvolvimento sustentável04 Estratégia para redução dos resíduos de plástico05 Ecogestão: A UE mostra o caminho06 Construir um mercado único para os produtos ecológicos07 Promover a ecoinovação08 Nantes explora novas possibilidades09 SEIS: apoiar uma política ambiental baseada em provas10 As regras REACH fazem sentir os seus efeitos11 A luta contra as espécies alóctones invasivas12 Abordagem em duas fases para estabilizar o mercado de carbono13 Um quadro para as políticas de clima e de energia em 203014 Levar a luta contra as alterações climáticas a novos patamares15 Novas publicações / Agenda16 Breves

E D I T O R I A L

O facto pode não ter suscitado a mesma atenção que algumas outras come-morações de aniversários, mas passaram agora 40 anos desde que a União Europeia começou a participar na política ambiental. Nestas quatro décadas, as suas atividades foram-se gradualmente expandindo por uma multiplicidade de áreas no intuito de garantir a qualidade e sustentabilidade do ambiente para a geração atual e as gerações futuras.

Dada a importância deste marco, afigura-se adequado o lançamento pela Comissão de um programa para desenvolver um mercado único de produtos ecológicos. À imagem do mercado único original, que é um dos alicerces funda-mentais da União, o objetivo é encorajar a livre circulação de bens e serviços através das fronteiras internas da UE, e designadamente, neste caso, os que possuem fortes credenciais ambientais.

Há um número demasiadamente elevado de empresas que pretendem realçar o desempenho sustentável dos seus produtos, mas se veem confrontadas com obstáculos práticos que se podem tornar dispendiosos e induzir em erro os con-sumidores. Esta situação levou várias associações do setor a pedirem uma abor-dagem pan-europeia, estando a Comissão agora a dar resposta a esses apelos.

À medida que se envolvia mais profundamente na questão ambiental, a Comissão realizou ativamente consultas no exterior para poder ouvir o maior número possível de pessoas sobre questões que afetam as suas vidas quoti-dianas. Ambiente para os Europeus, que celebra a sua 50.ª edição, fez uma ampla cobertura destas iniciativas em números anteriores e continua a fazê-lo.

Este empenho em envolver os interessados está patente em muitos artigos da presente edição. A Comissão está a trabalhar numa estratégia para abordar o crescente problema dos resíduos de plástico e iniciou este processo com um Livro Verde de cariz consultivo, tendo apresentado também opções possíveis para a reforma do mercado de carbono que visam aumentar a eficiência no regime de comércio de licenças de emissão.

É encorajador refletir na posição que a UE irá adotar nas negociações relativas a um tratado internacional sobre o clima em 2015 e, numa perspetiva de mais longo prazo, a Comissão encetou um debate sobre a política da UE para a ener-gia e o clima até 2030. As decisões finais serão tomadas pelos governos nacio-nais e pelo Parlamento Europeu, mas a sua configuração poderá ser influenciada pela qualidade dos contributos externos recebidos.

Ambiente para os Europeus ec.europa.eu/environment/news/efe/index.htm

INFORMAÇÃO EDITORIALAmbiente para os Europeus é uma revista trimestral publicada pela Direcção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia. Está disponível em alemão, búlgaro, checo, espanhol, estónio, francês, grego, inglês, italiano, lituano, polaco, português e romeno. Assinatura grátis. Para assinar a revista, preencha o formulário que se encontra no seu interior ou faça-o em linha através do seguinte endereço: http://ec.europa.eu/environment/mailingregistration/main/mailing_reg.cfmChefe de redacção: Róbert KonrádCoordenador: Jonathan MurphyPara mais informações, contacte a Unidade de Comunicação:http://ec.europa.eu/environment/contact/form_en.htmInformação e documentos: http://ec.europa.eu/environment/contact/form_en.htmPágina Internet da revista Ambientepara os Europeus:http://ec.europa.eu/environment/news/efe/index.htm

AMBIENTE EM LINHAQuer saber o que é que a União Europeia está a fazer para proteger o meio ambiente, o que são políticas integradas de produtos ou como obter o «rótulo ecológico»? Descubra isto e muito mais na página Internet da DG Ambiente:ec.europa.eu/environment/index_pt.htm

ADVERTÊNCIAA Comissão Europeia, ou qualquer pessoa agindo em seu nome, não pode ser responsabilizada pela utilização das informações contidas nesta publicação ou por quaisquer erros que, não obstante os cuidados na sua preparação e a sua constante verificação, possam ter ocorrido.

Impresso em papel reciclado certificado com o «rótulo ecológico» para papel gráfico.(ec.europa.eu/environment/ecolabel)

Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia, 2013ISSN 1831-5798© União Europeia, 2013© Imagens: Laurent DurieuxA reprodução de texto é permitida mediante a indicação da fonte.Interdita a reprodução de imagens.Printed in Belgium

R e v i s t a d a D i r e c ç ã o - G e r a l d o A m b i e n t e ● N o 5 0

O esgotamento dos recursos naturais e a degradação do ecossistema estão a ter um significativo impacto negativo nas vidas das pessoas, à medida que as catástrofes naturais se tornam mais frequentes e adquirem maior intensidade.

R I O + 2 0

Fusão dos objetivos em matéria de pobreza e desenvolvimento sustentável

© Shutterstock: arindam

banerjee

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio têm sido uma poderosa ferramenta para abordar a pobreza mundial, mas terão de ser renovados em 2015. Para-lelamente foi lançada na Conferência Rio+20 do último verão uma iniciativa para formular Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável. A Comissão Europeia entende que estes dois processos deviam ser fundidos. Uma recente comunicação vem estabelecer a forma de se conseguir a desejada abordagem integrada.

Existe uma relação fundamental entre a sustentabilidade ambiental e a erradicação da pobreza a nível mundial. O esgo-tamento dos recursos naturais e a degradação do ecossistema estão a ter um significativo impacto negativo nas vidas das pessoas, à medida que as catástrofes naturais se tornam mais frequentes e adquirem maior intensidade. Desde 1992, estes fenómenos já causaram prejuízos de 750 mil milhões de euros e mataram 1,3 milhões de pessoas, recaindo o fardo mais pesado nas populações mais pobres do mundo.

Na sua comunicação Uma vida digna para todos: Erradicar a pobreza e dar ao mundo um futuro sustentável, a Comissão defende que os esforços para se lutar contra a pobreza deviam acompanhar a par e passo o desenvolvimento sustentável, com um único quadro de ação conjunto e prioridades e objetivos comuns. Este quadro de ação pós-2015 devia abordar a erradicação da pobreza e a mudança de padrões insustentáveis de consumo e pro-dução, assim como a proteção e gestão dos recursos naturais que estão na base do desenvolvimento económico e social.

Princípios do novo quadro de ação mundial

O novo quadro de ação mundial poderia, por exemplo, compor-tar objetivos que estabelecessem, o mais tardar até 2030, con-dições mínimas para um nível de vida abaixo do qual ninguém deveria descer, e poderia incluir um cronograma com uma pers-petiva de mais longo prazo que fosse até 2050. Podia também servir para atualizar os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio já existentes e impulsionar um crescimento sustentável e inclusivo que reforçasse a transição para uma economia verde inclusiva. A Comissão recomenda que se aplique um número restrito de objetivos a todos os países, mas ajustados em função da capacidade de cada país para os cumprir.

Um importante resultado da Conferência Rio+20 foi a abertura do debate sobre o financiamento do desenvolvimento susten-tável. Os debates sobre o financiamento no âmbito do clima, da biodiversidade, do desenvolvimento e do desenvolvimento sus-tentável realizam-se em diferentes fóruns, ainda que as poten-ciais fontes de financiamento sejam as mesmas. A Comissão gostaria de uma abordagem mais coerente e integrada que aumentasse a eficiência e evitasse a sobreposição de esforços, e planeia apresentar, em meados de 2013, um relatório para estabelecer a forma de o conseguir.

Próximos passos

Esta comunicação despoletou um debate entre os Estados-Membros e no Parlamento Europeu num momento em que a União Europeia está a concluir o seu contributo para os dois processos paralelos de revisão, neste outono, dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A Comissão defende que estas duas vertentes sepa-radas deveriam ser fundidas numa só para se criar um quadro de ação abrangente pós-2015.

Descubra maishttp://ec.europa.eu/europeaid/documents/2013-02-22_communication_a_decent_life_for_all_post_2015_pt.pdf

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O plástico, um dos materiais mais comuns no nosso quotidiano, é utilizado para uma vasta gama de fina-lidades, porque é barato, versátil, leve e duradouro. Porém, estas mesmas características tornam extre-mamente difícil a sua eliminação. A Comissão Euro-peia está a desenvolver atualmente uma estratégia para fazer face aos resíduos de plástico e pediu con-tributos tanto a peritos como a não-especialistas.

A produção mundial de plástico cresceu vertiginosamente nos últimos anos. Em 1950, era de 1,5 milhões de toneladas. Passados 60 anos, aumentou para 245 milhões de toneladas, subindo em linha com o produto interno bruto. À medida que a produção aumenta, o mesmo se passa com os resíduos de plástico, a menos que iniciativas como uma conceção mais aperfeiçoada dos produtos e medidas de gestão dos resíduos consigam inverter esta tendência.

Hoje em dia, metade de todos os resíduos de plástico produzidos na UE são depositados em aterros, embora a UE pretenda elimi-nar tais práticas até 2020. A colocação do plástico em aterros pode provocar problemas no futuro, uma vez que este tipo de material pode conter componentes tóxicos suscetíveis de originar emissões perigosas e resíduos poluentes. Apenas cerca de 21 % dos resíduos de plástico são atualmente reciclados.

Os resíduos de plástico constituem um especial flagelo para o ambiente marinho e representam 80 % de todo o lixo encon-trado nos mares e oceanos do planeta. São uma séria ameaça para a biodiversidade marinha e servem de veículo para os chamados desreguladores endócrinos penetrarem na cadeia alimentar, pondo potencialmente em perigo a saúde humana.

Livro Verde

Para enfrentar a raiz do problema, a Comissão apresentou um Livro Verde sobre uma estratégia europeia para os resíduos de plástico no ambiente. Nele se reconhece o importante papel desempenhado pelo plástico na nossa sociedade e nos processos industriais, ao mesmo tempo que são explicados os desafios que o seu crescente uso implica para a gestão de resíduos.

O Livro Verde salienta ainda os lucros que se poderiam obter com taxas mais elevadas de reciclagem do plástico. Os baixos níveis atuais, conjugados com a prática de exportar para fora da União Europeia resíduos para reciclagem, constituem uma importante perda de recursos não renováveis e postos de trabalho. Se for possível atingir taxas de reciclagem de 70 % até 2020, poderão ser criados mais 162 000 postos de trabalho na UE.

O reforço dos objetivos de reciclagem e a promoção da recolha separada de resíduos de plástico, que se tornará obrigatória a partir de 2015, são formas de conseguir esse aumento. Está também a ser ponderado o recurso a contratos públicos ecoló-gicos para aumentar a procura de produtos fabricados a partir de plástico reciclado.

Através de 26 perguntas específicas, o Livro Verde desenca-deou uma consulta pública que decorreu até ao início de junho. As observações alimentarão novas ações neste domínio, no próximo ano, integradas numa revisão mais alargada da polí-tica para os resíduos.

Descubra maishttp://ec.europa.eu/environment/consultations/plastic_waste_en.htm

R E S Í D U O S D E P L Á S T I C O

Estratégia para redução dos resíduos de plástico

O problema dos resíduos de plástico foi ilustrado no filme Trashed.

No papel principal surge o ator britânico Jeremy Irons, que esteve presente para manifestar o seu apoio no lançamento

do Livro Verde pelo Comissário Potočnik.

© Shutterstock

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Alargar o campo de influência

Inicialmente, o EMAS estava limitado às empresas industriais europeias. Três anos depois da sua criação, a primeira norma ISO 14001 para a gestão ambiental veio incorporar muitos ele-mentos do sistema europeu. Como resultado disso, o próprio sis-tema EMAS adquiriu maior notoriedade e, em 2001, foi alargado a todas as atividades económicas dos setores público e privado da UE. Oito ano mais tarde, o EMAS Global começou a acolher organizações de todo o mundo. O primeiro centro não europeu a registar-se no decurso deste último alargamento foi a fábrica de pasta de papel Fray Bento do grupo UPM, no Uruguai, que se inscreveu em 2012.

Nesse mesmo ano, o EMAS chegou à China. Os produtos «fabri-cados na China» têm proliferado cada vez mais por todo o mundo, mas o seu apelo é por vezes afetado por questões sobre o poten-cial impacto ambiental negativo do tremendo aumento da base produtiva deste país.

Para responder a estas preocupações, um projeto-piloto permite que as empresas europeias com centros de produção na China se registem no EMAS Global. As primeiras auditorias oficiais do EMAS realizaram-se em 2012 e muitas outras deverão seguir-se.

Estes marcos e as numerosas organizações que põem o EMAS em prática todos os dias irão dar o seu contributo para a agenda, em curso de elaboração, das comemorações de 2015.

Descubra maishttp://ec.europa.eu/environment/emas/index_en.htm

O Sistema de Ecogestão e Auditoria (EMAS), introdu-zido em 1993, é uma valiosa ferramenta que permite às empresas e outras organizações avaliarem e aper-feiçoarem o seu desempenho ambiental. Está agora a ser preparada a celebração do 20.º aniversário deste sistema e das primeiras empresas que aderiram ao EMAS em 1995.

A popularidade do EMAS continua a crescer à medida que o sis-tema ajuda todos os tipos de organizações a reforçarem o seu desempenho ambiental e financeiro e a divulgarem estes êxitos junto dos interessados e do público em geral.

Aproximadamente 4 400 organizações, com cerca de 12 000 cen-tros em 28 países europeus, aderiram ao sistema, que é reco-nhecido como a ferramenta de gestão ambiental mais robusta e credível existente no mercado.

O leque de utilizadores tanto abrange multinacionais como empresas mais pequenas e vai desde estabelecimentos de ensino a autarquias locais. A resposta tem sido especialmente significativa na Itália, Espanha, Alemanha e Áustria e nos setores da indústria de resíduos, eletricidade e gás, assim como em seto-res de serviços como a administração pública e a hotelaria.

Para realçar as melhorias ambientais concretas alcançadas com este sistema, foram dados a conhecer os exemplos mais inspi-radores nos Prémios EMAS. Estas melhores práticas inspiraram a Comissão Europeia a iniciar a elaboração de um inventário da quantidade de poupanças cumulativas, a começar pelas emis-sões de CO2, relacionadas com todas estas melhores práticas.

E M A S

Ecogestão: A UE mostra o caminho

O EMAS ajudou a Comissão, em 2011, a reduzir em cerca

de 600 000 euros as suas despesas com energia, água e papel nos muitos edifícios

que possui em Bruxelas.

© Shutterstock

R E V I S T A D A D I R E C Ç Ã O - G E R A L D O A M B I E N T E ● N . ° 5 0 5

As centenas de rótulos e sistemas de certificação ecológica existentes confundem a opinião pública e podem até gerar desconfiança, reduzindo potencialmente a procura de produtos ecológicos.

As empresas e associações comerciais que desejam progredir e estão interessadas em desenvolver as potencialidades dos produtos que utilizam recursos de forma eficiente e são ecoló-gicos abordaram estes problemas com a Comissão, tal como o fizeram governos da UE. Em resposta, a Comissão propôs um sistema voluntário que permita alcançar um acordo sobre defi-nições comuns de organizações e produtos ecológicos.

A proposta contempla dois métodos de avaliação do desempe-nho ambiental – um para os produtos e outro para as organi-zações – que têm a mesma filosofia subjacente. A Pegada Ambiental dos Produtos, ou PAP, e a Pegada Ambiental das Organizações, ou PAO, usam critérios claros para fazer avalia-ções do ciclo completo de vida.

O sistema foi concebido para facultar ao público informações fiáveis e comparáveis sobre o impacto ambiental e as creden-ciais de produtos e organizações. Tal permitirá fazer opções ponderadas e reduzir os custos das empresas.

A iniciativa foi uma das medidas fulcrais anunciadas no Acto para o Mercado Único de 2011 e na comunicação do ano seguinte que veio atualizar a política industrial. É também parte integrante do Roteiro para uma Europa Eficiente na utilização de recursos num momento em que a União Europeia põe em prática políticas para garantir um crescimento ecológico.

Descubra maiswww.ec.europa.eu/environment/eussd/smgp/index.htmhttp://ec.europa.eu/environment/eussd/product_footprint.htmhttp://ec.europa.eu/environment/eussd/corporate_footprint.htm

O mercado único de bens e serviços é um dos principais trunfos da UE. No entanto, está longe de ser uma rea-lidade no caso dos produtos ecológicos, aos quais se aplicam diferentes sistemas nacionais para validação do seu desempenho ambiental. A ausência de procedi-mentos uniformes aumenta os custos para as empre-sas e a confusão entre os consumidores. Uma iniciativa da Comissão vem dar uma solução a este problema.

As empresas e organizações tentam, cada vez mais, exibir as credenciais ecológicas dos seus produtos e atividades. Se pre-tenderem que estes produtos sejam vendidos ou divulgados em vários Estados-Membros, terão de usar diferentes selos de cer-tificação ecológica de sistemas de aprovação propostos pelas autoridades nacionais ou pelos grandes retalhistas.

Estes obstáculos práticos reduzem as oportunidades de comér-cio transfronteiriço de produtos ecológicos e têm ainda outras consequências nocivas. As centenas de rótulos e sistemas de certificação ecológica existentes confundem a opinião pública e podem até gerar desconfiança, reduzindo potencialmente a procura de produtos ecológicos. Aumentam também os cus-tos e a burocracia suportados pelas empresas, que se veem forçadas a facultar informação sobre o mesmo produto a dife-rentes organizações.

P R O D U T O S E C O L Ó G I C O S

Construir um mercado único para os produtos ecológicos

Procuram-se voluntários

Está em curso um período de ensaio com a duração de três anos para desenvolver regras específicas para cada produto e setor. A Comissão está a incentivar com insistência as empresas, entidades públicas, ONG e outras, tanto dentro como fora da UE, a darem o seu contributo para este processo oferecendo se como voluntárias para participarem nas pegadas ambientais de produtos e organizações. Os resultados irão ajudar a determinar a próxima fase no desenvolvimento do mercado único para os produtos ecológicos.

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Entre as áreas prioritárias figuram a reciclagem e reutilização de materiais, a construção civil, o setor da alimentação e bebi-das e outras inovações que ajudem a enfrentar as alterações climáticas. Nos termos da iniciativa para a indústria sustentável com um baixo teor de carbono, por exemplo, a UE cofinancia projetos industriais para setores específicos executados por consórcios de indústrias interessadas.

O apoio a estes projetos é concebido de forma a eliminar bar-reiras a uma aplicação mais ampla da ecoinovação, reforçar a procura desses produtos e melhorar a competitividade geral das empresas europeias nos mercados mundiais.

Através do Fundo Europeu de Investimento, a Comissão Europeia apoia também PME ecoinovadoras que procuram a equidade e uma pequena mas dinâmica comunidade de capitais de risco disposta a investir em tecnologias limpas.

O caminho a percorrer

A partir de 2014, a principal fonte da UE para o financiamento da ecoinovação será o Horizon 2020, um novo programa de investigação e inovação que será financiado pelo próximo qua-dro financeiro plurianual.

A Comissão planeia criar uma rede europeia de financiadores da ecoinovação que estejam prontos a investir em tecnologias limpas, a prestar assistência técnica às PME para desenvolverem projetos financiáveis pelos bancos e a reforçar o extremamente bem suce-dido programa de participação no capital no âmbito do Programa-Quadro para a Competitividade e a Inovação, que recebeu 218 milhões de euros entre 2008 e 2013. Outros financiamentos, acessíveis às empresas ecoinovadoras, serão disponibilizados pelos fundos estruturais de âmbito regional e social da UE.

Descubra maishttp://ec.europa.eu/environment/eco-innovation/

O Plano de Ação para a Ecoinovação investiu 433 milhões de euros entre 2008 e 2013 para estimular um desenvol-vimento e uma adoção da inovação que beneficie o ambiente e gere crescimento e postos de trabalho. O Plano de Ação visa conciliar a defesa do ambiente e os interesses das empresas para criar soluções sustentá-veis para os desafios ambientais ao mesmo tempo que se presta um serviço à economia na sua globalidade.

A ecoinovação é essencial se se pretende que a União Europeia avance para uma economia circular e que utilize os recursos de uma forma eficiente. A importância do setor ecoindustrial está em rápida expansão, com os seus 3,4 milhões de postos de tra-balho e um volume de negócios que ultrapassa o da indústria siderúrgica, automóvel e farmacêutica.

Contudo, muitas tecnologias promissoras revelam-se incapazes de fazer a transição do laboratório para o mercado apesar das suas potencialidades ambientais e comerciais. Há obstáculos que vão desde as barreiras técnicas e os custos associados ao desenvolvimento de protótipos até a uma capacidade limitada de gestão. Para ajudar as empresas ecoinovadoras, especial-mente PME, a ultrapassarem os obstáculos, o Programa Quadro para a Competitividade e a Inovação (CIP) proporciona equi-dade, facilidades para a ligação em rede e subvenções pontuais para projetos potencialmente viáveis.

O financiamento está disponível para primeiras candidaturas e projetos de replicação no mercado que desenvolvam técnicas, produtos, serviços ou práticas ecoinovadoras com vantagens ecológicas, e que possam demonstrar o seu sucesso técnico, mas não tenham ainda conseguido penetrar no mercado. Em média, um único euro de uma subvenção gera, ao fim de cinco anos, 29 euros em rendimento bruto e 46 postos de trabalho equivalentes a tempo inteiro.

E C O I N O V A Ç Ã O

Promover a ecoinovação

© Shutterstock

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transformação da antiga zona industrial de Larivière num espaço para empresas com fins sociais e de solidariedade.

Esta característica de inclusão é visível no forte apoio dado pela população local quando foi convidada, em julho do ano pas-sado, a sugerir formas concretas de promover um desenvolvi-mento sustentável dentro e em redor da cidade. As autoridades esperavam receber ideias para cerca de 80 projetos, mas no final surgiram mais de 200, cobrindo temas como a biodiversi-dade, a gestão de resíduos e os transportes sustentáveis.

Ir mais longe

Nantes, na qualidade de Capital Verde da Europa, está represen-tada por uma espetacular construção com 15 metros de altura designada por Aéroflorale II, que evoca a imaginação futurista associada ao escritor Júlio Verne, nascido nesta cidade.

A máquina está a viajar pela Europa, com paragens em Bruxelas, Turim, Hamburgo e Istambul. Cada destino proporciona uma oportunidade de explicar o que Nantes está a fazer ao longo do ano e, mais especificamente, de demonstrar os progressos cien-tíficos registados na extração de energia das plantas.

A Aéroflorale II não só está a ajudar a disseminar uma men-sagem ecológica pelo continente como também está a criar novos laços entre as várias cidades visitadas.

Descubra maiswww.europeangreencapital.euhttp://www.nantesgreencapital.fr/en

A cidade de Nantes é a primeira vencedora francesa do prestigioso Prémio Capital Verde da Europa, que reconhece os esforços para combinar o respeito pelo ambiente com uma excelente qualidade de vida para os habitantes e a promoção do crescimento da econo-mia local. A cidade galardoada em 2013 está a usar esta plataforma para liderar, com o seu exemplo, os esforços para se incentivar uma tendência para uma vida mais ecológica, tanto na sua região como, de uma forma mais alargada, em toda a Europa.

Nantes será a primeira cidade da União Europeia a acolher a Conferência Internacional Ecocity, um indício claro de que os prémios anuais para a Capital Verde da Europa estão a obter um reconhecimento mais global.

O evento, agora no seu décimo ano, irá reunir peritos de todo o mundo para debater de que forma se pode melhorar o tecido humano e ambiental das nossas cidades, sendo esta apenas uma das cinco principais conferências internacionais que Nantes irá acolher em 2013. As outras focar-se-ão na mobili-dade sustentável, nos direitos humanos e desenvolvimento sustentável, nas infraestruturas verdes e na redução das emis-sões de gases com efeito de estufa em 230 cidades que assi-naram o Pacto do México.

Atividades locais

Um traço particularmente marcante das muitas atividades a realizar é a ênfase na inclusão social, algo que pode ser visto nas zonas industriais transformadas em espaços de lazer na ilha de Nantes, para oferecer à cidade um coração verde, e na

N A N T E S

Nantes explora novas possibilidades

Datas relevantes em Nantes22 a 25 de maio: 5.º Fórum Mundial de Direitos Humanos14 de junho: Cerimónia para anunciar a cidade vencedora do Prémio Capital Verde da Europa 20159 a 13 de setembro: Congresso Mundial da Infraestrutura Verde25 a 27 de setembro: Ecocity 2013 – Cimeira Mundial das Cidades Sustentáveis28 de setembro: 3.ª Cimeira dos Signatários do Pacto da Cidade do México

© Em

manuel Bourgeau

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Próximos passos

De um ponto de vista técnico e tecnológico, a partilha e reutili-zação das informações são questões relativamente fáceis, mas, na prática, isso pode ser dificultado por barreiras institucionais, financeiras, administrativas, jurídicas e comportamentais que é necessário eliminar para que o sistema permita aos seus uti-lizadores ficarem a par da vasta informação disponível.

O novo programa-quadro de investigação e inovação da UE, o Horizon 2020, também empenhado em apoiar esta política, prevê uma via para se aumentar o fluxo de informações sobre o ambiente. Outra via é a Agenda Digital para a Europa da UE. Os governos nacionais reconheceram a importância dos contri-butos que o SEIS pode dar. Em dezembro de 2010, apelaram a um plano concreto de implementação que estabelecesse as medidas que as diferentes partes envolvidas deviam tomar.

A Comissão respondeu pedindo aos seus serviços que elabo-rassem um documento de trabalho no início de janeiro. Neste documento eram identificadas diversas deficiências, como a falta de dados nacionais comparáveis, variações no grau de pormenorização disponível e procedimentos que não eram fáceis de utilizar.

Para minorar estas deficiências, o documento estabelece algumas prioridades que agilizariam os requisitos para a comunicação, reforçariam a supervisão da implementação da legislação ambiental, melhorariam o acesso do público aos dados e incentivariam a participação pública na recolha e dis-seminação das informações.

Descubra maiswww.ec.europa.eu/environment/seis

O Sistema de Informação Ambiental Partilhada (SEIS – Shared Environmental Information System) desempenha um papel fulcral no reforço da base de conhecimentos sobre as políticas ambientais da UE, estabelecendo prin-cípios para gerar e partilhar dados e ultrapassar obstá-culos que impeçam o acesso à informação disponível. Este sistema está em constante evolução e um recente documento da Comissão indica de que forma pode ser levado a um novo patamar.

A resolução dos muitos desafios ambientais atualmente exis-tentes depende de uma cuidadosa avaliação da informação proveniente de uma variedade de setores e fontes, e isto tanto é válido para emergências como incêndios e inundações como o é para a gestão diária do abastecimento de água e a preser-vação da qualidade do ar.

O SEIS, que funciona desde 2008, é uma de três iniciativas – as outras são o INSPIRE e o Copernicus – que ajudam a reforçar a base de conhecimentos ambientais da UE, implementando deste modo uma das nove prioridades propostas pelo Programa de Ação em Matéria de Ambiente da UE.

O sistema coloca a sua ênfase na totalidade da cadeia de infor-mação ambiental, desde a recolha dos dados até à sua disse-minação. Baseia-se no princípio de que a informação credível e testada cientificamente permanece na fonte e é aí atualizada. O sistema proporciona uma orientação para os fornecedores de informações a montante, ao passo que a jusante diferentes pontos de entrada garantem que estas podem ser consultadas por qualquer interessado, desde decisores políticos e empresas até investigadores e o público em geral.

O SEIS foi concebido para garantir que dados ambientais fiá-veis, comparáveis e oportunos possam ser incluídos num con-junto de políticas europeias, entre as quais se encontram políticas relacionadas com o emprego e a agenda para o cres-cimento sustentável, à medida que a UE avança para uma economia ecológica circular.

S E I S

SEIS: apoiar uma política ambiental baseada em provas

© Shutterstock

R E V I S T A D A D I R E C Ç Ã O - G E R A L D O A M B I E N T E ● N . ° 5 0 9

A Comissão está a solicitar à indústria química que melhore a qualidade dos dossiês de registo e garanta a sua imediata atu-alização. A Comissão identificou a necessidade de desenvolver o uso de fichas de dados de segurança e pretende que a Agência Europeia das Substâncias Químicas e as autoridades nacionais deem uma maior atenção ao respeito pelas empresas dos requi-sitos em matéria de informação aplicáveis aos dossiês.

A Comissão respondeu rapidamente à recomendação feita no documento de revisão de que a sobrecarga financeira e adminis-trativa suportada pelas PME com a implementação do REACH fosse reduzida. No prazo de seis semanas após a publicação do relatório, baixou ainda mais as taxas normais de registo, entre 35 e 95 %, e o custo dos pedidos de autorização entre 25 e 90 %, consoante a dimensão da empresa.

Além disso, estão a ser desenvolvidos esforços, com a ajuda dos 330 milhões de euros atribuídos à investigação pela UE desde 2007, para encontrar alternativas aos testes em animais.

Olhar o futuro

A mais longo prazo, a Comissão está a desenvolver um roteiro para as substâncias que suscitam elevada preocupação (SVHC – Substances of Very High Concern), como por exemplo as que são cancerígenas, mutagénicas ou tóxicas para a reprodução. Depois de 138 substâncias desse tipo terem figurado na lista de candidatas em dezembro passado – o primeiro passo do pro-cesso de autorização –, a Comissão está agora a planear a sua expansão para incluir, até 2020, todas as SVHC conhecidas. O roteiro estabelece o modo de concretizar tal compromisso.

Descubra maishttp://ec.europa.eu/environment/chemicals/reach/review_ 2012_en.htm

A legislação europeia que entrou em vigor há seis anos tornou consideravelmente mais segura a utili-zação de produtos químicos na União Europeia, segundo um novo relatório da Comissão. Embora notando que podem ainda ser introduzidos aperfeiço-amentos na implementação do registo, avaliação, autorização e restrição de produtos químicos (REACH), o documento conclui que não se afigura necessário ponderar alterações nas atuais condições principais.

O REACH está a dar um relevante contributo para uma melhor compreensão dos produtos químicos à venda na União Europeia, à medida que fabricantes e importadores submetem informa-ções sobre a segurança dos seus diferentes produtos químicos e respetivas aplicações. Por sua vez, isso leva a um melhor dire-cionamento das medidas de gestão de riscos. É provável que esta tendência continue à medida que a indústria trabalha para encontrar substitutos de produtos químicos mais perigosos.

Concebido para melhorar a proteção do ambiente e da saúde humana, o REACH obriga as empresas a fornecerem dados específicos à Agência Europeia das Substâncias Químicas, com sede em Helsínquia. No início do ano, tinham sido registados 30 601 ficheiros descrevendo as aplicações e propriedades de 7 884 produtos químicos.

Estes números são agora ainda mais elevados, porque, até termi-nar o último prazo fixado, 31 de maio, a indústria teve de registar todos os produtos que iniciaram a sua produção ou importação num volume igual ou superior a 100 toneladas por ano.

Recomendações

O relatório nota que, cinco anos após a entrada em vigor do REACH, é ainda demasiado cedo para quantificar os benefí-cios, embora as tendências sejam nitidamente positivas. Ainda assim, é possível introduzir aperfeiçoamentos.

R E A C H

As regras REACH fazem sentir os seus efeitos

© Shutterstock

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da sua entrada na UE, por exemplo efetuando mais controlos fronteiriços do tipo dos que já são feitos a plantas e animais importados vivos.

Em caso de falha na prevenção, um sistema de alerta precoce permitiria às autoridades nacionais agirem de imediato. Como terceira solução, está a ser enfatizada uma gestão mais eficaz e coordenada dos riscos já existentes.

Será necessário atuar no controlo das vias de entrada das espé-cies alóctones invasivas, e a proposta aponta para um gradual reforço das medidas tomando como base as necessidades e a experiência acumulada.

Descubra maishttp://ec.europa.eu/environment/nature/invasivealien/index_en.htm

As espécies alóctones invasivas (IAS – Invasive Alien Species) são uma das mais importantes causas de perda da biodiversidade, de danos aos serviços ecossistémicos e de ameaças a ecossistemas frágeis como os de ilhas. Podem também ser nocivas para a saúde humana e a economia. Para prevenir e fazer face à destruição que provocam, a Comissão propôs legislação destinada a garantir uma resposta coordenada por parte das autoridades nacionais da União Europeia.

A Europa acolhe cerca de 12 000 espécies alóctones, sendo 10 a 15 % consideradas invasivas. O seu número tem aumentado à medida que aumentam as viagens e o comércio a nível mun-dial. As alterações climáticas podem também gerar novas opor-tunidades para as espécies alóctones proliferarem e se tornarem invasivas, causando efeitos ambientais nocivos que podem per-durar durante gerações.

O problema não só está a aumentar como também a tornar-se dispendioso. Os prejuízos causados pelas espécies alóctones invasivas na Austrália, Brasil, Índia, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos são estimados em cerca de 300 mil milhões de dólares por ano. Só na Europa, calcula-se que os custos eco-nómicos resultantes destas invasões sejam pelo menos de 12 mil milhões de euros por ano.

Como agir

A necessidade de fazer face às espécies alóctones invasivas é uma das seis prioridades identificadas na estratégia de bio-diversidade da UE para 2020, aprovada há dois anos. O novo projeto legislativo põe estes objetivos em prática.

Uma vez que as espécies alóctones invasivas não conhecem fron-teiras, a Comissão está a enfatizar a necessidade de uma abor-dagem coordenada, que respeite os compromissos internacionais e permita aos países flexibilidade para contemplar as suas con-dições específicas. Terão de ser estabelecidas prioridades conjun-tas. Com várias centenas de espécies deste tipo presentes na Europa, a atenção será direcionada para as mais prejudiciais.

A prevenção é a primeira linha de defesa, e esta abordagem está também a ser implementada nos Estados Unidos, na Austrália, no Canadá e na Nova Zelândia. Nos termos da pro-posta, introduzir-se-ia uma proibição das espécies mais noci-vas. Os Estados-Membros seriam responsáveis pela prevenção

E S P É C I E S A L Ó C T O N E S I N V A S I V A S

A luta contra as espécies alóctones invasivas

O que é uma espécie alóctone?

Uma espécie alóctone é um organismo que foi introdu-zido pela atividade humana fora da sua zona natural, passada ou presente, de uma forma direta ou indireta e de modo intencional ou acidental. As espécies que têm um impacto negativo na biodiversidade, na econo-mia social ou na saúde humana são consideradas espécies invasivas. A Fallopia japonica, por exemplo, que chegou da Ásia no séc. XIX como planta ornamen-tal, tem desde então invadido os campos europeus.

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Os contributos das partes interessadas e os recolhidos em duas consultas efetuadas já este ano irão ajudar a delinear a agenda da reforma estrutural.

A Comissão Europeia apresentou uma estratégia dupla de reforma do Regime de Comércio de Licen-ças de Emissão (RCLE) da UE para dar resposta ao cada vez maior excedente de direitos de emissão em virtude da crise económica, propondo algumas medi-das de curto prazo e lançando o debate sobre mudanças estruturais a mais longo prazo.

O RCLE entrou na sua terceira fase em 2013 e abrange atu-almente cerca de metade de todas as emissões de gases com efeito de estufa na UE. No entanto, e devido ao abrandamento da atividade económica, este regime herdou um amplo exce-dente da fase anterior, que se prevê que venha a aumentar nos próximos dois anos.

Como medida de curto prazo para corrigir o desequilíbrio entre a oferta e a procura no mercado de carbono, a Comissão pro-pôs o adiamento do leilão de 900 milhões de licenças de emissão de 2013-2015 para 2019-2020, momento em que se espera uma retoma da procura.

São, contudo, necessárias outras medidas, uma vez que é pro-vável vir a registar-se um considerável excedente estrutural de licenças de emissão ao longo da terceira fase, que afetaria o funcionamento regular do mercado de carbono e poderia enfraquecer a capacidade do RCLE para cumprir objetivos mais exigentes para as emissões pós-2020.

Uma reforma mais ambiciosa

Para resolver este problema estrutural, a Comissão está a reco-lher opiniões externas sobre seis opções possíveis que apresen-tou no seu primeiro relatório sobre a situação do mercado europeu do carbono, em novembro de 2012, sendo que qual-quer uma delas poderia resolver o problema do excedente.

A primeira seria aumentar o objetivo para 2020 de redução das emissões de gases com efeito de estufa na UE de 20 % para 30 % – uma promessa já assumida pela União, desde que os seus parceiros internacionais façam mais para combater as alterações climáticas.

Duas outras opções poderiam ser a retirada definitiva de uma série de licenças de emissão ou um maior aumento da redução anual de licenças de emissão disponibilizadas. Está também a ser ponderada a hipótese de incluir mais setores da indústria no sistema, ou limitar o acesso a créditos internacionais, que são atualmente concedidos como substitutos das licenças de emissão do RCLE.

Uma sexta possibilidade, mais complexa, poderia ser tentar influenciar o mercado através da fixação de um preço mínimo para o carbono ou usando uma reserva especial para regular o número de licenças de emissão disponíveis.

Os contributos das partes interessadas e os recolhidos em duas consultas efetuadas já este ano irão ajudar a delinear a agenda da reforma estrutural. O processo decorre ao mesmo tempo que se pondera a futura estratégia para 2030 (ver artigo), que poderia ser o meio para implementar quaisquer opções de mais longo prazo que viessem a ser escolhidas.

Descubra maishttp://ec.europa.eu/clima/policies/ets/index_en.htm

M E R C A D O D E C A R B O N O

Abordagem em duas fases para estabilizar o mercado de carbono

NER300

Este programa financia projetos inovadores de demonstração no domínio da energia de baixo teor de carbono para a captação e armazenamento seguros de dióxido de carbono (CAC) e fontes de energia renováveis (FER) inovadoras. Foi concedido um pri-meiro financiamento de mais de 1,2 mil milhões de euros a 23 projetos de FER em dezembro de 2012. Em abril de 2013, foi feito um segundo convite à apresentação de propostas. O nome do programa teve a sua origem na venda de 300 milhões de licen-ças de emissão da reserva para novos membros (NER – New Entrants Reserve).

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A UE já está a fazer grandes progressos para atingir, em 2020, os objetivos em matéria de energia e clima que estabeleceu para si própria. Chegou o momento de nos focarmos num horizonte mais longínquo. A Comis-são desencadeou o processo ao publicar um Livro Verde que visa estimular um amplo debate sobre o quadro que deveria servir de orientação às suas polí-ticas para o clima e a energia até 2030.

O sucesso das iniciativas para enfrentar as alterações climáticas e obter um aprovisionamento energético seguro e sustentável requer um planeamento a longo prazo. Esse planeamento é essencial para os setores envolvidos, uma vez que ciclos de investimento longos significam que a infraestrutura a desenvol-ver nos próximos anos continuará ainda operacional em 2030.

A existência de objetivos claros para obter uma economia com baixa produção de carbono devia estimular a procura de novas tecnologias, impulsionar a investigação, o desenvolvimento e a inovação, e traduzir-se em novas oportunidades em matéria de emprego e crescimento. Essa tendência irá reduzir a depen-dência europeia dos combustíveis fósseis importados, reduzir a respetiva fatura e reforçar a segurança energética.

Existem também razões internacionais mais vastas para que a UE chegue rapidamente a um acordo sobre a sua estratégia de mais longo prazo. Até ao final de 2015 deverá ser aprovado um acordo global sobre medidas destinadas a dar resposta às alte-rações climáticas. Se a UE quiser ajudar a definir o grau de ambi-ção desse acordo, vai precisar de estabelecer previamente e de forma clara a sua posição negocial.

Questões a abordar

A perspetiva a mais longo prazo da UE é que os países desen-volvidos deviam reduzir em 80 a 95 % as emissões de gases com efeito de estufa até 2050, por comparação com os níveis de 1990, de forma a haver coerência com o objetivo acordado internacionalmente de limitar o aquecimento global a menos de 2°C. O roteiro para uma baixa produção de carbono, publi-cado pela Comissão há dois anos, mostra que é necessária uma redução de 40 % nas emissões na UE até 2030 para ajudar a alcançar este objetivo de longo prazo.

O documento de consulta coloca várias questões. Baseado na estratégia, geralmente bem-sucedida, de estabelecer vários objetivos em matéria de clima e energia para 2020, este docu-mento questiona-se sobre o modo de adaptar estes objetivos para 2030 e as respostas necessárias para os atingir no quadro desta política. O documento salienta a interligação entre as mudanças no setor energético e a competitividade económica da União, bem como a necessidade de tomar em consideração as diferentes capacidades dos Estados Membros de contribuí-rem para os objetivos gerais.

É ainda salientado que o futuro quadro deve refletir mudanças importantes ocorridas desde que a atual estratégia para 2020 foi acordada em 2008-2009, entre as quais se inclui a crise económica e financeira que levou a restrições nos orçamentos nacionais e das famílias. Pelo lado positivo, os avanços tecno-lógicos estão a tornar possíveis e acessíveis novos tipos de pro-dução energética. Entretanto, os mercados mundiais de energia estão a mudar e os parceiros da UE exibem diferentes níveis de ambição para enfrentarem o aquecimento global.

A consulta pública decorre até 2 de julho e o seu contributo aju-dará a definir o quadro para 2030 que a Comissão planeia apresentar no final do ano.

Descubra maishttp://ec.europa.eu/energy/green_paper_2030_en.htm

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Um quadro para as políticas de clima e de energia em 2030

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R E V I S T A D A D I R E C Ç Ã O - G E R A L D O A M B I E N T E ● N . ° 5 0 13

A Conferência de Doha sobre as alterações climáticas realizada no passado mês de dezembro impulsionou a campanha contra o aquecimento global a entrar numa nova fase, ao estabelecer um calendário claro para uma atuação mais ambiciosa. A Comissão Europeia está agora fortemente empenhada em garantir que os com-promissos assumidos sejam respeitados na prática.

A Conferência da ONU sobre as alterações climáticas abriu caminho para o início dos trabalhos em duas frentes. A primeira reconhece a necessidade de esforços internacionais mais ambi-ciosos até 2020 para colmatar a disparidade existente entre os atuais compromissos de redução das emissões e aquilo que é necessário para manter o aquecimento global abaixo de 2 graus Celsius, uma vez que acima deste nível o impacto das alterações climáticas aumentará dramaticamente.

Segundo a última análise do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) e do Banco Mundial, as emissões de gases com efeito de estufa continuam a aumentar e, se o mundo não ampliar a escala da sua atuação e acelerar sem demora as medidas contra as alterações climáticas, o aumento das emis-sões poderá levar a uma subida da temperatura de mais de 4 graus Celsius até ao final deste século.

O segundo domínio de intervenção vincula os governos de todo o mundo a assinarem um novo acordo global sobre o clima até 2015, que entraria em vigor em 2020. Para dar um impulso

político a ambas as frentes, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, revelou a sua intenção de convocar uma cimeira de líderes mundiais sobre alterações climáticas no próximo ano.

No curto prazo, a Conferência de Doha subscreveu a segunda fase do Protocolo de Quioto, que se iniciou em 1 de janeiro de 2013 e irá vigorar oito anos, garantindo-se deste modo que não haverá nenhum lapso de tempo entre o seu fim e a entrada em vigor de um novo acordo global em 2020.

Garantir a implementação

No que respeita à segunda fase de Quioto, a UE aceitou um compromisso para redução das emissões, de acordo com o seu objetivo interno de reduzir os níveis de emissões de 1990 em 20 % até 2020, deixando simultaneamente em aberto a possi-bilidade de aumentar esta percentagem para 30 % se outras partes fizerem esforços comparáveis.

Em termos gerais, foram cerca de 60 os países que assumiram compromissos. Enquanto toma as suas próprias medidas, como a redução das emissões de CO2 dos automóveis, a UE está agora a trabalhar com os seus parceiros internacionais para tentar garantir a total implementação dos compromissos.

Esta mensagem será destacada na reunião de acompanha-mento de Doha em Varsóvia, este ano, e novamente em 2014, quando forem desenvolvidos esforços para aumentar as metas de todos os países que participam na segunda fase de Quioto.

No entanto, o facto de apenas os países desenvolvidos terem de agir nesta segunda fase, e de muitos – designadamente os Estados Unidos, a Rússia, o Canadá, o Japão e a Nova Zelândia – não participarem, significa que Quioto se aplica apenas a 14 % das emissões mundiais. É por esta razão que a UE está a dar muita importância ao novo acordo, que deverá garantir que todas as grandes economias contribuam com a devida quota--parte para a meta global.

A Comissão está atualmente a consultar um leque de interessa-dos sobre as componentes do novo acordo, que poderá tirar par-tido de um conjunto de dados científicos muito mais vasto do que aquele que estava à disposição do seu predecessor em Quioto.

Descubra maishttp://ec.europa.eu/clima/news/articles/news_ 2013032601_en.htm

D O H A

Levar a luta contra as alterações climáticas a novos patamares

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N O V A S P U B L I C A Ç Õ E S

Nantes, Capital Verde da Europa 2013Com uma atraente apresentação, este livro fornece um inestimável conjunto de informações sobre os muitos êxitos conseguidos por Nantes no domínio ambiental, que levaram a cidade a ser escolhida como Capital Verde da Europa este ano. O livro mostra histórias específicas de sucesso para melhorar a qualidade de vida dos habi-tantes, dá pormenores sobre atividades a realizar este ano e enco-raja um debate mais amplo sobre o futuro desta metrópole.Disponível em francês e inglês http://bookshop.europa.eu/pt/nantes-pbKH3012626/

Projeto do programa LIFE para os recursos hidrográficosPara a Comissão Europeia, o tema ambiental de 2012 foi a água. Esta publicação apresenta um projeto para se agir na prática e explica de que modo a abordagem com base num projeto do programa LIFE da UE tem contribuído para sustentar as iniciati-vas tomadas neste domínio. Os projetos têm abordado questões cruciais relacionadas com a água, como a qualidade e quanti-dade das águas subterrâneas e de superfície e o apoio a medidas para retenção natural da água.Disponível em inglêshttp://bookshop.europa.eu/pt/life-s-blueprint-for-water--resources-pbKHAJ12004/

As vantagens económicas da rede Natura 2000 A prosperidade e o bem-estar económicos da UE são sustenta-dos pelo seu capital natural, que inclui ecossistemas naturais que fornecem bens e serviços essenciais. Este estudo faz uma primeira avaliação das vantagens da rede Natura 2000, uma área de elevada riqueza em termos de biodiversidade. Investir no Natura 2000 salvaguarda o valor intrínseco da Natureza e proporciona múltiplas vantagens à sociedade e à economia.http://bookshop.europa.eu/pt/the-economic-benefits-of-the--natura-2000-network-pbKH3012137/

O Regime de Comércio de Licenças de Emissão da UE (RCLE-UE) O RCLE é a pedra angular do esforço da União Europeia para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa originadas pela atividade humana. Esta ficha explica, numa linguagem clara, como isso funciona na prática. Disponível em inglês, francês, alemão, espanhol e polacohttp://bookshop.europa.eu/pt/the-eu-emissions-trading-system--eu-ets--pbML3012162/

A G E N D A

Cerimónia do prémio «Capital Verde da Europa» 14 de junho, NantesA meio do ano em que decorrem em Nantes as comemorações da Capital Verde da Europa 2013, a cerimónia de atribuição do prémio anunciará a cidade que vai ser galardoada com este prestigioso título em 2015. www.europeangreencapital.euwww.nantesgreencapital.fr/en

Conselho do Ambiente da UE18 de junho, LuxemburgoOs ministros do ambiente irão realizar a sua reunião periódica de verão no Grão-Ducado. A ordem de trabalhos poderá incluir conclusões sobre a adaptação às alterações climáticas e o seguimento a dar à Cimeira do Rio+20.www.consilium.europa.eu

5.ª conferência sobre a recuperação de rios na Europa 11-13 de setembro, Viena Os rios e as águas fluviais são a seiva vital da paisagem europeia, mas preci-sam de proteção e de serem recupera-dos. Este evento proporciona uma oportunidade para partilhar experiências e aprender com os êxitos e desafios da recuperação de rios e participar na recuperação de rios na Europa.www.ecrr.org

Convenção das Nações Unidas de combate à desertificação (CNUCD)16 a 27 de setembro, Namíbia A degradação dos solos custa à comunidade internacional 490 mil milhões de dólares americanos por ano. A Conferência das Partes (CdP 11) será a reunião mais recente para enfrentar este desafio. www.unccd.int

20.ª Conferência Anual do Instituto Florestal Europeu (IFE)23 a 27 de setembro, Nancy O tema será «As nossas florestas no séc. XXI – prontas para os riscos e as oportunidades?». Diversos eventos paralelos terão lugar após a conferên-cia principal no dia 25 de setembro.www.eficent.efi.int/portal/home

Salvo indicação em contrário, as publicações podem ser obtidas gratuitamente na EU Bookshop em http://bookshop.europa.eu

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B R E V E S

Uma nova proteção para cinco espécies de tubarõesA Comissão Europeia congratulou-se especialmente com a decisão da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES) de conceder uma proteção suplementar a cinco espécies de tubarões que estão ame-açadas pelo comércio internacional não sustentável. São elas o tubarão-de-pontas-brancas, o tubarão-martelo-recortado, o grande-tubarão-mar-telo, o tubarão-martelo e o tubarão-sardo. Estas espécies registaram um alarmante declínio em todos os oceanos do mundo, mas a partir de agora apenas poderão ser comercializadas com licenças CITES e será necessário apresentar provas de que são pescadas de forma sus-tentável e legal.Estas medidas constituem um marco na proteção dos recursos marinhos a nível mundial e vêm complementar as que foram já adotadas por organismos regionais de pescas e novas normas da UE referentes à proibição total da remoção de barbatanas de tubarões no mar.www.cites.org

Novo regulamento relativo à madeira entra em vigorNo início de março entrou em vigor legislação que proíbe a venda de madeira ilegal na UE. Concebida para lutar contra o abate ilegal em todo o mundo, aplica-se tanto à madeira impor-tada como à madeira produzida internamente, assim como a um conjunto de produtos que vão desde o papel e a pasta de papel até à madeira sólida e para pavimentos.Quando os produtos de madeira são colocados, pela primeira vez, no mercado da União, os vendedores têm de agir com a devida diligência para se certificarem se a madeira que comer-cializam é legal. Veem-se assim obrigados a efetuar uma avaliação do risco para minimiza-rem o perigo de comercializarem madeiras ilegais. Os intermediários que compram ou vendem madeira já introduzida no mercado devem manter registos adequados para que seja facilmente feito o rastreio da madeira que comercializam.O abate ilegal pode levar à desflorestação e a alterações climáticas, prejudicar o modo de vida dos operadores legítimos e ser fonte de conflitos relacionados com os solos e os recur-sos. Os Estados Unidos e a Austrália tomaram iniciativas idênticas.http://ec.europa.eu/environment/eutr2013/

Procurando as melhores soluções para o climaNo quadro da campanha de ação climática «Um mundo que me agrada», a Comissão lançou um concurso especial para projetos com baixo teor de carbono. O concurso «Um mundo que me agrada» convidou pessoas e organizações residentes na UE a apresentarem projetos ino-vadores que ajudem a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.A lista de projetos finalistas pode ser encontrada no sítio Web da campanha, onde os visitan-tes, nos meses de maio e junho, poderão votar naqueles que considerarem mais criativos. De entre os 10 projetos mais populares serão selecionados 3 vencedores por um júri inter-nacional na Cerimónia de Atribuição de Prémios Sustainia, que se realiza em Copenhaga no mês de outubro. A campanha terá como alvo especial cinco países – Bulgária, Itália, Lituânia, Polónia e Portugal – onde os vencedores nacionais irão ver os seus projetos divulgados em grandes campanhas publicitárias este outono.http://world-you-like.europa.eu/pt/https://www.facebook.com/EUClimateActionhttps://twitter.com/EUClimateAction#worldulike

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