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Acesse: http://chenqsehondeymateriaisdeestudo.blogspot.com.br/ Contato: [email protected] 1 AULA 36 18.04.2012 Twitter: @fabiano_prof 1. Princípios do Direto Ambiental 2. Constituição e Meio Ambiente 3. Competências Constitucionais 4. SISNAMA PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL 1. Princípio do Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado como um Direito Fundamental 2. Princípio do Desenvolvimento Sustentável 3. Princípio da Solidariedade Intergeracional 4. Princípio da Função Sócio-Ambiental da Propriedade Privada 5. Princípio da Prevenção

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AULA 36

18.04.2012

Twitter: @fabiano_prof

1. Princípios do Direto Ambiental

2. Constituição e Meio Ambiente

3. Competências Constitucionais

4. SISNAMA

PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

1. Princípio do Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado

como um

Direito Fundamental

2. Princípio do Desenvolvimento Sustentável

3. Princípio da Solidariedade Intergeracional

4. Princípio da Função Sócio-Ambiental da Propriedade

Privada

5. Princípio da Prevenção

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6. Princípio da Precaução

7. Princípio da Informação

8. Princípio da Participação Comunitária

9. Princípio da Educação Ambiental

10.Princípio do Poluidor-Pagador

11.Princípio do Usuário-Pagador

PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

1. Princípio do Meio Ambiente Ecologicamente

Equilibrado como um

Direito Fundamental Declaração do Rio/1992

É a norma matriz. Sem o meio ambiente não se tem a efetivação

dos direitos de primeira e segunda dimensão, sem ele não há vida, saúde,

lazer etc.

Art. 225 – caput – CF/88

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum

do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

Não há como falar em sadia qualidade de vida, sem o meio

ambiente equilibrado, pois o grande fundamento axiológico é a dignidade

da pessoa humana, quanto mais um direito fundamental se aproxima da

dignidade da pessoa humana, mais essencial ele se torna.

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PRINCÍPIO 1 – Os seres humanos estão no centro das

preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida

saudável e produtiva, em harmonia com a natureza.

M.S. nº 22.164/SP

Relator Ministro Celso de Mello (30/10/1995)

"O direito à integridade do meio ambiente — típico direito de terceira geração —

constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva,refletindo, dentro do processo de afirmação

dos direitos humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo

identificado em sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, à própria

coletividade social” (...).

ADI 3540/DF

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Trata-se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que

assiste a todo o gênero humano (RTJ 158/205-206).

Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a especial obrigação de defender e

preservar, em benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva e de

caráter transindividual.

2. Princípio do Desenvolvimento Sustentável

Quem primeiro conceituou este principio foi o relatório “nosso

futuro comum” ou Relatório Brundtland . Relatório da ONU de 1987.

Desenvolvimento sustentável: “desenvolvimento sustentável é

aquele que atende as necessidades das presentes gerações, sem

comprometer as necessidades das gerações futuras”. É o conceito do

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princípio na ordem internacional. Em 1988 o constituinte incorporou o

princípio em nossa CF.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade

o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

Desenvolvimento sustentável em nosso ordenamento jurídico: é

compatibilizar as atividades econômicas com a proteção ao meio ambiente.

É conjugar o art. 170 com o art. 225 CF. É dizer, nem sempre prevalece o

meio ambiente a CF pede para compatibilizar.

O art. 3° da CF tem como objetivo do Brasil o desenvolvimento, porém não pode

ocorrer em dissonância com o meio ambiente.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre

iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,

observados os seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o

impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

Declaração do Rio/1992

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PRINCÍPIO 4 – Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a

proteção ambiental deve constituir parte integrante do processo de

desenvolvimento, e não pode ser considerada isoladamente deste.

ADI 3540/DF Relator Ministro Celso de Mello

(...) O princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter

eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais

assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as

exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado,

quando ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição

inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais

significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de

uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras

gerações (...). A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER EXERCIDA EM DESARMONIA COM OS

PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE (...).

3. Princípio da Solidariedade Intergeracional e equidade no

acesso aos recursos naturais

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem

de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público

e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para às presentes e futuras gerações.

É usar os recursos naturais olhando para as gerações futuras, sem

esgotá-los. Trata-se de uma questão ética entre as gerações.

Como diferenciar com o princípio anterior: se aparecer na prova

“presentes e futuras gerações” no âmbito internacional, estará relacionado

ao relatório Brundtland (Brandtlan) é princípio do desenvolvimento

sustentável. Se aparecer “presentes e futuras gerações” vinculado à CF, ou

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seja, no direito interno, é princípio da solidariedade intergeracional,

Declaração do Rio/1992.

PRINCÍPIO 3 – O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de

modo a permitir que sejam atendidas equitativamente às necessidades de

gerações presentes e futuras.

3. Princípio da função socioambiental da propriedade

Constituição Federal

São obrigações negativas, por exemplo, não poluir, não degradar e

positivas, por exemplo, fazer vedação acústica, plantar árvores etc.

No nosso ordenamento jurídico só se legitima a propriedade

quando ela atende a função social e a coletividade. A CF publicizou o

conceito de propriedade.

Ao adquirir uma propriedade desmatada o comprador adquire o

passivo ambiental – obrigação “propter rem”.

Atenção: Não dizer que a função social limita o direito de

propriedade, pois pela CF/88 no conceito de propriedade, a função social é

elemento essencial interno, ou seja, integra o direito de propriedade.

Função é o contrário de autonomia da vontade, significa dever

jurídico, assim pode exercer o direito de propriedade quem cumpre os

deveres inerentes a ela, por exemplo, manter APP, Reserva legal etc.

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Rural: Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade

rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência

estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I – aproveitamento racional e adequado; (é o aspecto econômico)

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e

preservação do meio ambiente; (é o aspecto ambiental da propriedade)

III – (aspecto social)

IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos

trabalhadores. (aspecto social)

Em toda propriedade rural é preciso manter a reserva legal; se

houver rio/lago, é preciso ter APP.

Reserva legal:

Amazônia legal: 80% se for floresta, se for cerrado 35% da

propriedade

Campos gerais e demais regiões do país: 20% da propriedade

deve ser reserva legal

Urbana - Art. 182

§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências

fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor (que é obrigatório para as

cidades com mais de 20 mil habitantes).

Cuidado!! O rol previsto no Estatuto das Cidades art. 41 – política

urbana Lei 10257/01- é maior que o da CF.

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Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades:

I – com mais de vinte mil habitantes;

II – integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;

III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no § 4o do art.

182 da Constituição Federal; (parcelamento, IPTU progressivo, edificação compulsória)

IV – integrantes de áreas de especial interesse turístico;

V – inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo

impacto ambiental de âmbito regional (dois estados) ou nacional (Brasil e outros países). Ainda que tenha

menos de 20 mil habitantes.

VI - incluídas no cadastro nacional de Municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de

deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos.

(Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012)

§ 1o No caso da realização de empreendimentos ou atividades enquadrados no inciso V do

caput, os recursos técnicos e financeiros para a elaboração do plano diretor estarão inseridos entre as

medidas de compensação adotadas.

§ 2o No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado um plano

de transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido.

Art. 1228 - Código Civil

§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades

econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a

flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como

evitada a poluição do ar e das águas.

REsp 745363 / PR

Ministro Luiz Fux – 20/09/2007.

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PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. DANOS AMBIENTAIS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE.

TERRAS RURAIS. RECOMPOSIÇÃO. MATAS.

(...) 2. A obrigação de reparação dos danos ambientais é propter rem, por isso que a Lei

8.171/91 vigora para todos os proprietários rurais, ainda que não sejam eles os responsáveis por eventuais

desmatamentos anteriores, máxime porque a referida norma referendou o próprio Código Florestal (Lei

4.771/65) que estabelecia uma limitação administrativa às propriedades rurais, obrigando os seus

proprietários a instituírem áreas de reservas legais, de no mínimo 20% de cada propriedade, em prol do

interesse coletivo.

AgRg no REsp 471864 / SP

Ministro Francisco Falcão

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS AMBIENTAIS. RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE. TERRAS

RURAIS. RECOMPOSIÇÃO. MATAS. RECURSO ESPECIAL. INCIDÊNCIA DA

SÚMULAS 7/STJ, 283/STF.

III - O adquirente do imóvel tem responsabilidade sobre o desmatamento, mesmo que o dano

ambiental tenha sido provocado pelo antigo proprietário. Precedentes: REsp nº 745.363/PR, Rel. Min. LUIZ

FUX, DJ de 18/10/2007, REsp nº 926.750/MG, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 04/10/2007 e .REsp nº

195274/PR, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ de 20.06.2005

5. Princípio da Prevenção

Significa agir antecipadamente. É quando se têm dados, pesquisas

e informações ambientais. O princípio da prevenção trabalha com o risco

conhecido. A adoção deste princípio é justificada pela impossibilidade de

retorno ao “status quo ante” a eliminação de uma espécie da flora e fauna.

Exemplos: poder de policia ambiental, licenciamento ambiental

etc.

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A essência do direito ambiental é preventiva, pois uma vez

configurado o dano, não é possível voltar ao “status quo ante”. Ex. cortar

uma florestal milenar, acidente nuclear etc.

Deve-se atentar que o princípio da prevenção trabalha com o risco

conhecido. Ex. a atividade minerária causa degradação ambiental, todos

sabem disso, vez que já ocorreu diversas vezes.

O poder de policia ambiental segue a mesma lógica do direito

administrativo art. 78 do CTN, é atividade preventiva.

O licenciamento ambiental está na resolução 237 do CONAMA,

porém alguns pontos dela encontram-se revogados. Hoje, muitas regras do

licenciamento ambiental, estão na LC 140/2011. Estudar esta LC!!!!

REsp 625249/PR Min. Luiz Fux (15/08/2006)

2. O sistema jurídico de proteção ao meio ambiente, disciplinado

em normas constitucionais (CF, art. 225, § 3º) e infraconstitucionais (Lei

6.938/81, arts. 2º e 4º), está fundado, entre outros, nos princípios da

prevenção, do poluidor-pagador e da reparação integral.

6. Princípio da Precaução

Trabalha-se com o risco desconhecido. É o perigo em abstrato.

É a incerteza científica, que é a ausência de pesquisas conclusivas. “In dubio

pro ambiente”. Ex1. Organismos geneticamente modificados (alimentos

transgênicos). Não temos pesquisas conclusivas sobre o uso destes

alimentos, no organismo humano ou para a natureza. Ex.2 mudanças

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climáticas (aquecimento global), sabe-se que está ocorrendo, mas não se

tem certeza da dimensão do problema.

A lei de biossegurança 11105/05 – art. 1° trabalha com o princípio

da precaução.

Lei 11.105/05 - OGM

Art. 1. Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de

fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o

transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento,a

pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o

descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus

derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de

biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal

e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do

meio ambiente.

Na dúvida deve se decidir pelo meio ambiente.

A inversão do ônus da prova: é possível a inversão do ônus da

prova em matéria ambiental, com base no CDC art. 6, VIII, bem como pelo

princípio ambiental da precaução.

O MP, por exemplo, ajuíza uma ACP e pede para que o

empreendedor demonstre que sua atividade não causa prejuízo ao meio

ambiente ou à saúde humana.

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Prognose negativa: pro (antecipação), gnose (conhecimento).

Quando não se tem pesquisas conclusivas, o magistrado usa o princípio da

precaução e faz um exercício de prognose negativa, dizendo não ao pedido.

Declaração do Rio/1992

PRINCÍPIO 15 – De modo a proteger o meio ambiente, o princípio

da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo

com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou

irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada

como razão para postegar medidas eficazes e economicamente viáveis para

prevenir a degradação ambiental.

RECURSO ESPECIAL Nº 972.902 – RS

PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DANO AMBIENTAL –

ADIANTAMENTO DE HONORÁRIOS PERICIAIS PELO PARQUET – MATÉRIA PREJUDICADA – INVERSÃO DO

ÔNUS DA PROVA – ART. 6º, VIII, DA LEI 8.078/1990 C/C O ART. 21 DA LEI 7.347/1985 – PRINCÍPIO DA

PRECAUÇÃO.

1. Fica prejudicada o recurso especial fundado na violação do art. 18 da Lei 7.347/1985

(adiantamento de honorários periciais), em razão de o juízo de 1º grau ter tornado sem efeito a decisão que

determinou a perícia.

2. O ônus probatório não se confunde com o dever de o Ministério Público arcar com os

honorários periciais nas provas por ele requeridas, em ação civil pública. São questões distintas e

juridicamente independentes.

3. Justifica-se a inversão do ônus da prova, transferindo para o empreendedor da atividade

potencialmente perigosa o ônus de demonstrar a segurança do emprendimento, a partir da interpretação do

art. 6º, VIII, da Lei 8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei 7.347/1985, conjugado ao Princípio Ambiental da

Precaução.

7. Princípio da Informação

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É direito do cidadão ser informado de projetos públicos ou

privados, que possam afetar a qualidade ambiental e a saúde humana.

Lei 10650/03 – garante acesso aos bancos públicos do SISNAMA,

contendo dados, pesquisas etc. O EIA/RIMA é um estudo a que se deve dar

publicidade. Contudo, fica resguardado o sigilo industrial, pois a empresa

para desenvolver uma determinada tecnologia gasta milhões e não é justo

que o concorrente tenha acesso a ela de forma gratuita.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade

o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente

causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a

que se dará publicidade; (Regulamento

Declaração do Rio/92

PRINCÍPIO 10 – A melhor maneira de tratar questões ambientais

é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos

interessados. No nível nacional, cada indivíduo deve ter acesso adequado a

informações relativas ao meio ambiente de que disponham autoridades

públicas, inclusive informações sobre materiais e atividades perigosas em

suas comunidades, bem como a oportunidade de participar em processos

de tomada de decisões. Os Estados devem facilitar e estimular a

conscientização e a participação pública, colocando a informação à

disposição de todos. Deve ser propiciado acesso efetivo a mecanismos

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judiciais e administrativos, inclusive no que diz respeito à compensação e

reparação de danos.

9. Princípio da Participação (comunitária)

Pode ocorrer de três formas:

Na esfera administrativa:

a)direito de petição;

b) audiências públicas;

c) participação em Conselhos de meio ambiente. Para efetuar o

licenciamento ambiental no Brasil o ente federado tem de manter conselho

de meio ambiental, com corpo técnico capacitado.

Na esfera legislativa: plebiscito, referendo, iniciativa popular de

projeto de lei. Art. 14 CF.

Na esfera judicial: Ação popular ambiental, MS, MI.

10.Princípio da Educação Ambiental

Art. 225

§ 1º (...)

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização

pública para a preservação do meio ambiente;

Lei 9.795/00 – Política Nacional de Educação Ambiental

Art. 1 Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o

indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e

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competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,

essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação

nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do

processo educativo, em caráter formal e não-formal.

11.Princípio do Poluidor Pagador

Tem um aspecto preventivo e um aspecto repressivo ou

reparador. Há uma expressão que identifica este princípio que é a

“internalização das externalidades negativas”.

Internalização é igual a processo produtivo. Ex. madeira passa por

um processo produtivo para virar cadeira.

Externalidade: é tudo que está fora do processo produtivo, não

tem valor econômico. Ex. CO2.

Exemplo: um laticínio não pode jogar os efluentes no rio, pois o

empresário estaria internalizando os lucros e socializando os prejuízos.

Então, o empresário deve tratar os efluentes e depois jogá-los no rio. É claro

que o produto vai ficar mais claro.

Aspecto preventivo: o empreendedor precisa adotar medidas

preventivas, para não gerar danos ao meio ambiente.

Aspecto reparador: o empreendedor deve reparar os danos

causados ao meio ambiente, por sua atividade, pois a responsabilidade civil

é objetiva, conforme art. 4°, VII, da Lei 6938/81. Não interessa se a

atividade é licita ou se tem licenciamento ambiental.

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Lei n°. 6. 938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente)

Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de

recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição

pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Declaração do Rio/1992

PRINCÍPIO 16 – Tendo em vista que o poluidor deve, em

princípio, arcar com o custo decorrente da poluição, as autoridades

nacionais devem procurar promover a internalização dos custos ambientais

e o uso de instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse

público, sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais.

12.Princípio do Usuário Pagador

O principio do usuário pagador visa quantificar em dinheiro o uso

dos recursos naturais. Evitar o custo zero, vez que gera a hiperexploração e

com isso a escassez. Ex. água que é um bem dotado de valor econômico. Art.

19, I, Lei 9433/97 – política nacional dos recursos hídricos.

Lei n°. 6. 938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente)

Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar

os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins

econômicos.

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13.Princípio da Ubiqüidade e Princípio da variável ambiental

no processo decisório das políticas de desenvolvimento

Declaração do Rio/1992

PRINCÍPIO 17 – A avaliação do impacto ambiental, como

instrumento nacional, deve ser empreendida para atividades planejadas

que possam vir a ter impacto negativo considerável sobre o meio ambiente,

e que dependam de uma decisão de autoridade nacional competente.

14.Princípio do Controle do Poluidor Pelo Poder Público

Constituição Federal (CF)

Art. 225.

§ 1° (...)

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e

substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

15.Princípio da Cooperação

Declaração do Rio/1992

PRINCÍPIO 2 - Os Estados, de conformidade com a Carta das

Nações Unidas e com os princípios de Direito Internacional, têm o direito

soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias

políticas de meio ambiente e desenvolvimento, e a responsabilidade de

assegurar que atividades sob sua jurisdição ou controle não causem danos

ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da

jurisdição nacional.

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PRINCÍPIO 7 - Os Estados deverão cooperar com o espírito de

solidariedade mundial para conservar, proteger e restabelecer a saúde e a

integridade do ecossistema da Terra. Tendo em vista que tenham contribuí

do notadamente para a degradação do ambiente mundial, os Estados têm

responsabilidades comuns, mas diferenciadas.

Lei n°. 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais)

Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, o

Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro

país, sem qualquer ônus, quando solicitado para (...).

A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O MEIO AMBIENTE

Classificação do meio ambiente:

a)Meio ambiental natural art. 225 CF

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem

de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e

à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo

ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento)

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e

fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

(Regulamento) (Regulamento)

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus

componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão

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permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a

integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (Regulamento)

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade

potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de

impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento)

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos

e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

(Regulamento)

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a

conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem

em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a

crueldade. (Regulamento)

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio

ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público

competente, na forma da lei.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente

sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,

independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o

Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-

se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente,

inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

Memorizar os cinco biomas: Floresta Amazônica, a Mata

Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense a Zona Costeira.

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A expressão patrimônio nacional não significa dizer que são

patrimônio da União. Deve ser entendido no sentido da relevância

desses biomas.

§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por

ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização

definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

Existe um conceito legal de meio ambiente – art. 3°, I, da lei

6938/81 O artigo reúne dois elementos: bióticos (fauna, flora) e abióticos

que é aquele que não tem vida (água, ar, atmosfera etc). É artigo de

altíssima incidência em prova.

Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem

física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

b) Meio ambiente cultural art. 215 e 216 CF

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes

da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

§ 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras,

e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

§ 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os

diferentes segmentos étnicos nacionais.

§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao

desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à: (Incluído pela

Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

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I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluído pela Emenda Constitucional

nº 48, de 2005)

II produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48,

de 2005)

III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões;

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

IV democratização do acesso aos bens de cultura; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48,

de 2005)

V valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de

2005)

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,

tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos

diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações

artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,

paleontológico, ecológico e científico.

§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio

cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras

formas de acautelamento e preservação.

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§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação

governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.

§ 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores

culturais.

§ 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.

§ 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas

dos antigos quilombos.

§ 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à

cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e

projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda

Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de

19.12.2003)

II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações

apoiados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

O patrimônio cultural brasileiro é formado pelos bens de origem

material (corpóreo, físico, palpável, móveis e imóveis) e imaterial

(incorpóreo) é a forma de fazer, por exemplo, acarajé, queijo minas, samba

de roda do recôncavo baiano, danças. São os modos de fazer, criar e viver.

Formas de proteção:

- tombamento: Decreto lei 25/37

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- registro: forma de proteger o patrimônio cultural imaterial. Ex.

muqueca capixaba, Sírio de Nazaré etc.

- inventário: Ex. inventariar as obras sacras de uma igreja, pode-se

inventariar bens materiais e imateriais.

- vigilância: fiscalização. Ex. fiscalização de imóvel tombado.

- desapropriação:

- outras formas de acautelamento e preservação:

Como se protege os bens imateriais? Não é por tombamento é por

registro.

c) Meio ambiente artificial art. 182 CF

É o meio ambiente construído, temos espaços abertos (ruas,

praças, parques) e espaços fechados (museus, teatros, escolas). Nos espaços

fechados a uma intervenção antrópica (do homem).

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público

municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno

desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com

mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão

urbana.

§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências

fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa

indenização em dinheiro.

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§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área

incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não

edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,

sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios;

II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão

previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas

anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

d) Meio ambiente do trabalho art. 200, VIII, CF

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos

termos da lei:

I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse

para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos,

hemoderivados e outros insumos;

II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de

saúde do trabalhador;

III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - participar da formulação da política e da execução das ações de

saneamento básico;

V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e

tecnológico;

VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor

nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;

VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e

utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do

trabalho. Ex. condições ergonômicas, gases a que o empregado é submetido etc.

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A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O MEIO AMBIENTE

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem

de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e

à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

O pronome indefinido “todos” inclui os brasileiros e estrangeiros

residentes no Brasil. Pode-se estender o conceito e incluir as futuras

gerações.

Quando ocorre um dano ambiental, a ação para reparação dos

danos é imprescritível, justamente para preservar as gerações futuras.

Agora, temos a seguinte discussão: como nas provas de

magistraturas tem humanística, está sendo incluida a questão da ética

ambiental, tratando dos seguintes temas:

- antropocentrismo:coloca no centro de todas as relações

jurídicas o homem. Os gregos diziam que o homem era a medida de todas as

coisas. Toda a proteção jurídica é para o homem, no antropocentrismo não

se reconhece valor intrínseco a outros seres vivos. Só se preocupa com a

fauna e a flora em função do homem e não por si só. O art. 225 da CF é

antropocêntrico.

- biocentrismo: Tem ganhado força a concepção do biocentrismo,

que coloca os seres vivos no centro das relações jurídicas. Aqui se

reconhece valor intrínseco aos outros seres vivos, ou seja, haverá tutela dos

outros seres vivos independentemente do homem ter interesse por eles.

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Em nosso ordenamento há alguns manifestações de biocentrismo.

Ex. 225, VII, CF.

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que

coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os

animais a crueldade. (Regulamento

Ex. farra do boi, brigas de galo etc.

O art. 3, I, da Lei 6938/81 é biocêntrico. Conceito jurídico de meio

ambiente.

Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem

física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS:

- Competência administrativa/material: art. 23 CF – competência

comum entre União, DF, estados e municípios. Em matéria ambiental é o

poder de polícia, fiscalização, licenciamento ambiental. Todos os entes da

federação podem proteger o meio ambiente, combater a poluição etc.

Estudar os incisos I, IV, VI, VII, XI do art. 23 CFF

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios:

I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e

conservar o patrimônio público;

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros

bens de valor histórico, artístico ou cultural;

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

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VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e

exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;

Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a

União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do

desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional

nº 53, de 2006)

Atenção: a primeira lei foi editada LC 140/11, regulamenta o

inciso III, VI e VII

- Competência legislativa/legiferante: art. 24 CF – competência

concorrente entre União, Estados, e DF. Os municípios não aparecem no art.

24, porém o art. 30, II, CF, lhe concede tal prerrogativa, pode suplementar a

legislação federal e estadual, no que couber.

- Competência legislativa plena. Art. 24, parágrafo único, CF.

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a

estabelecer normas gerais.

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a

competência suplementar dos Estados.

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência

legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei

estadual, no que lhe for contrário.

SISNAMA

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Sisnama: Efetivar a política nacional do meio ambiente e a

proteção ao meio ambiente – art. 6°, Lei 6938/81

Art 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos

Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis

pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio

Ambiente - SISNAMA, assim estruturado:

I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente

da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio

ambiente e os recursos ambientais; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)

II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de

políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de

sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente

equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)

III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República,

com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política

nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº

8.028, de 1990)

IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e

diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de

1990)

V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução

de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a

degradação ambiental; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)

VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e

fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)

§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição,

elaboração normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente,

observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.

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§ 2º O s Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais,

também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior.

§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo

deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por

pessoa legitimamente interessada.

§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a criar

uma Fundação de apoio técnico científico às atividades do IBAMA. (Redação dada pela Lei nº

7.804, de 1989)

Órgão superior: Conselho de Governo é o órgão de

assessoramento da presidência da república nas questões ambientais, é

composto pelos ministros de estado.

Órgão consultivo e deliberativo: CONAMA – Ele tem duas funções,

é órgão consultivo do conselho de governo e no aspecto deliberativo ele

estabelece normas e padrões compatíveis com o meio ambiente

ecologicamente equilibrado. E o faz através de suas resoluções, que é ato

administrativo típico dos conselhos. Duas são fundamentais 1/86

(EIA/RIMA) e 237/97. As resoluções 302, 303 e 369 estudar para a prova

da BA.

Competências CONAMA ART. 8°:

Órgão central: Ministério do meio ambiente. Na legislação

aparece como órgão central a Secretaria de Meio ambiente da presidência

da república. Ocorre que a secretaria foi extinta em 1992 e surgiu o

Ministério do Meio ambiente. Tomar cuidado, pois pode cair a literalidade

da lei.

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Órgão executor: IBAMA – autarquia federal. Exerce o poder de

polícia ambiental, faz o licenciamento ambiental de grandes obras. A lei

6938/81 art.8, I, aparece IBAMA. No edital da BA consta o decreto

99274/90, que regulamenta a Lei 6938/81 e lá aparece como órgão

executor o IBAMA e o ICMBIO, que também é uma autarquia federal.

Órgão seccional: órgão ambiental estadual

Órgão local: órgão ambiental municipal

JURISPRUDÊNCIAS:

ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS

ADI 3.540- Rel. Min. Celso de Mello (2005)

Espaços territoriais especialmente protegidos (CF, art. 225, § 1º, III) — Alteração e

supressão do regime jurídico a eles pertinente — Medidas sujeitas ao princípio constitucional da

reserva de lei — Supressão de vegetação em área de preservação permanente — Possibilidade de a

Administração Pública, cumpridas as exigências legais, autorizar, licenciar ou permitir obras e/ou

atividades nos espaços territoriais protegidos, desde que respeitada, quanto a estes, a integridade

dos atributos justificadores do regime de proteção especial — Relações entre economia (CF, art. 3º,

II, c/c o art. 170, VI) e ecologia (CF, art. 225).

BRIGAS DE GALO

ADI 3.776 – Rel. Min. Cezar Peluso (14.6.2007)

"Lei n. 7.380/98, do Estado do Rio Grande do Norte. Atividades esportivas com aves das

raças combatentes. ‘Rinhas’ ou ‘Brigas de galo’. Regulamentação. Inadmissibilidade. Meio

Ambiente. Animais. Submissão a tratamento cruel. Ofensa ao art. 225, § 1º, VII, da CF. Ação julgada

procedente. Precedentes. É inconstitucional a lei estadual que autorize e regulamente, sob título de

práticas ou atividades esportivas com aves de raças ditas combatentes, as chamadas ‘rinhas’ ou

‘brigas de galo’."

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FARRA DO BOI

RE 153.531 – Min. Marco Aurélio – DJ de 13.3.98

“A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais,

incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância da norma

do inciso VII do artigo 225 da Constituição Federal, no que veda prática que acabe por submeter os

animais à crueldade. Procedimento discrepante da norma constitucionaldenominado ‘farra do

boi’".

CRUELDADE CONTRA ANIMAIS

REsp 1115916

01/09/2009

3. A meta principal e prioritária dos centros de controles de zoonose éerradicar as

doenças que podem ser transmitidas de animais a seres humanos, tais quais a raiva e a

leishmaniose. Por esse motivo, medidas de controle da reprodução dos animais, seja por meio da

injeção de hormônios ou de esterilização, devem ser prioritárias, até porque, nos termos do 8º

Informe Técnico da Organização Mundial de Saúde, sãomais eficazes no domínio de zoonoses.

4. Em situações extremas, nas quais a medida se torne imprescindível para o resguardo

da saúde humana, o extermínio dos animais deve ser permitido. No entanto, nesses casos, é defeso a

utilização de métodos cruéis, sob pena de violação do art. 225 da CF, do art. 3º da Declaração

Universal dos Direitos dos Animais, dos arts. 1º e 3º, I e VI do Decreto Federal n. 24.645 e do art. 32

da Lei n. 9.605/1998.

5. Não se pode aceitar que com base na discricionariedade o administrador realize

práticas ilícitas. É possível até haver liberdade na escolha dos métodos a serem utilizados, caso

existam meios que se equivalham dentre os menos cruéis, o que não há é a possibilidade do

exercício do dever discricionário que implique em violação à finalidade legal.

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6. In casu, a utilização de gás asfixiante no centro de controle de zoonose é medida de

extrema crueldade, que implica em violação do sistema normativo de proteção dos animais, não

podendo ser justificada como exercício do dever discricionário do administrador público.

PATRIMÔNIO NACIONAL

RE 134.297 –Min. Celso de Mello, julgamento em 13-6-95, DJ de 22-9-95

O preceito consubstanciado no art. 225, par. 4°, da Carta da República, além de não

haver convertido em bens públicos os imóveis particulares abrangidos pelas florestas e pelas matas

nele referidas (Mata Atlântica, Serra do Mar, Floresta Amazônica brasileira), também não impede

a utilização, pelos próprios particulares, dos recursos naturais existentes naquelas áreas que

estejam sujeitas ao domínio privado, desde que observadas as prescrições legais e respeitadas as

condições necessárias a preservação ambiental.

RE 300.244, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 20-11-01.

"Não é a Mata Atlântica, que integra o patrimônio nacional a que alude o artigo 225,

§4º, da Constituição Federal, bem da União”.

EPIA/RIMA

ADI 1.505 Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-11-04

Lei n. 1.315/2004, do Estado de Rondônia, que exige autorização prévia da Assembléia

Legislativa para o licenciamento de atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas

efetivas e potencialmente poluidoras, bem como capazes, sob qualquer forma, de causar

degradação ambiental. Condicionar a aprovação de licenciamento ambiental à prévia autorização

da Assembléia Legislativa implica indevida interferência do Poder Legislativo na atuação do Poder

Executivo, não autorizada pelo art. 2º da Constituição.

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ADI 1086 / SC - Min. ILMAR GALVÃO – Julgamento: 10/08/2001

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 182, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO

DO ESTADO DE SANTA CATARINA. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL. CONTRARIEDADE AO

ARTIGO 225, § 1º, IV, DA CARTA DA REPÚBLICA. A norma impugnada, ao dispensar a elaboração

de estudo prévio de impacto ambiental no caso de áreas de florestamento ou reflorestamento para

fins empresariais, cria exceção incompatível com o disposto no mencionado inciso IV do § 1º do

artigo 225 da Constituição Federal. Ação julgada procedente, para declarar a

inconstitucionalidade do dispositivo constitucional catarinense sob enfoque.

EPIA/RIMA E OGM`s

REsp 592682/RS – Min. Denise Arruda – 06/12/2005

9. Os estudos de impacto ambiental, conquanto previstos na CF/88, são exigidos, na

forma da lei, nos casos de significativa degradação ambiental. No sistema normativo

infraconstitucional, o EIA e o RIMA não constituem documentos obrigatórios para realização de

experimentos com OGMs e derivados, salvo quando, sob o ponto de vista técnico do órgão federal

responsável (CTNBio), forem necessários.

Responsabilidade Civil Objetiva

REsp 745363/PR – Min. Luiz Fux – 20.09.2007

1. A responsabilidade pelo dano ambiental é objetiva, ante a ratio essendi da Lei

6.938/81, que em seu art. 14, § 1º, determina que o poluidor seja obrigado a indenizar ou reparar

os danos ao meio-ambiente e, quanto ao terceiro, preceitua que a obrigação persiste, mesmo sem

culpa (...).

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REsp 884150/MT 19-06-1998 Min. Luiz Fux

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL.

ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EDIFICAÇÃO DE CASA DE VERANEIO. AUTORIZAÇÃO

ADMINISTRATIVA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO FACULTATIVO.

1. A ação civil pública ou coletiva por danos ambientais pode ser proposta contra

poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou

indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (art. 3º, IV, da Lei 6.898/91), co-

obrigados solidariamente à indenização, mediante a formação litisconsórcio facultativo, por isso

que a sua ausência não tem o condão de acarretar a nulidade do processo.

REsp 625249/PR Min. Luiz Fux (15/08/2006)

3. Deveras, decorrem para os destinatários (Estado e comunidade), deveres e

obrigações de variada natureza, comportando prestações pessoais, positivas e negativas (fazer e

não fazer), bem como de pagar quantia (indenização dos danos insuscetíveis de recomposição in

natura), prestações essas que não se excluem, mas, pelo contrário, se cumulam, se for o caso.

Responsabilidade Civil Objetiva

REsp 745363/PR – Min. Luiz Fux – 20.09.2007

1. A responsabilidade pelo dano ambiental é objetiva, ante a ratio essendi da Lei

6.938/81, que em seu art. 14, § 1º, determina que o poluidor seja obrigado a indenizar ou reparar

os danos ao meio-ambiente e, quanto ao terceiro, preceitua que a obrigação persiste, mesmo sem

culpa (...).

Responsabilidade do Estado por Dano Ambiental

REsp 1056540 / GO

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DJe 14/09/2009

PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DANOAMBIENTAL –

CONSTRUÇÃO DE HIDRELÉTRICA – RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA – ARTS. 3º, INC.

IV, E

14, § 1º, DA LEI 6.398/1981 – IRRETROATIVIDADE DA LEI – PREQUESTIONAMENTO

AUSENTE: SÚMULA 282/STF – PRESCRIÇÃO – DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO: SÚMULA

284/STF – INADMISSIBILIDADE.

1. A responsabilidade por danos ambientais é objetiva e, como tal, não exige a

comprovação de culpa, bastando a constatação do dano e do nexode causalidade.

2. Excetuam-se à regra, dispensando a prova do nexo de causalidade, a

responsabilidade de adquirente de imóvel já danificado porque, independentemente de ter sido ele

ou o dono anterior o real causador dos estragos, imputa-se ao novo proprietário a

responsabilidade pelos danos.

Precedentes do STJ.

3. A solidariedade nessa hipótese decorre da dicção dos arts. 3º, inc. IV, e 14, § 1º, da

Lei 6.398/1981 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente).

4. Se possível identificar o real causador do desastre ambiental, a ele cabe a

responsabilidade de reparar o dano, ainda que solidariamente com o atual proprietário do imóvel

danificado.

5. Comprovado que a empresa Furnas foi responsável pelo ato lesivo ao meio ambiente

a ela cabe a reparação, apesar de o imóvel já ser de propriedade de outra pessoa jurídica.

6. É inadmissível discutir em recurso especial questão não decidida pelo Tribunal de

origem, pela ausência de prequestionamento.

7. É deficiente a fundamentação do especial que não demonstra contrariedade ou

negativa de vigência a tratado ou lei federal.

8. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido.

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REsp 650728 / SC

(...)

13. Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano ambiental,equiparam-se

quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem deixa fazer, quem não se importa que façam,

quem financia para que façam, e quem se beneficia quando outros fazem.

14. Constatado o nexo causal entre a ação e a omissão das recorrentes com o dano

ambiental em questão, surge, objetivamente, o dever de promover a recuperação da área afetada e

indenizar eventuais danos remanescentes, na forma do art. 14, § 1°, da Lei 6.938/81.

REsp 442586/SP – Ministro Luiz Fux – Publicado em 24/02/2003

3. O poluidor, por seu turno, com base na mesma legislação, art. 14 - "sem obstar a

aplicação das penalidades administrativas" é obrigado, "independentemente da existência de

culpa", a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, "afetados por sua

atividade".

4. Depreende-se do texto legal a sua responsabilidade pelo risco integral, por isso que

em demanda infensa a administração, poderá, inter partes, discutir a culpa e o regresso pelo

evento.

REsp 997538 / RN

DIREITO AMBIENTAL. RECURSOS ESPECIAIS. PROJETOS DE

CARCINICULTURA EM MANGUEZAL. DANO AO MEIO AMBIENTE.

RECUPERAÇÃO DA ÁREA.

1. O ente público, que concedeu licença para a exploração de atividade econômica em

zona ambiental, sem as exigências legais, responde solidariamente com o infrator pelos danos

produzidos.

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2. Existência de dano ambiental comprovada. Obrigação de recomposição da área.

3. Inexistência de afronta ao devido processo legal.

4. Área de manguezal, considerada de proteção ambiental. Instalação, em seu meio, de

atividades que, comprovadamente, afetam a estrutura tradicional da natureza.

5. Recursos especiais conhecidos e não-providos. Responsabilidade Penal da Pessoa

Jurídica

REsp 889528/SC – Min. Felix Fischer – 17/04/2007

PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE.

DENÚNCIA REJEITADA PELO E. TRIBUNAL A QUO. SISTEMA OU TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO.

Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais desde que

haja a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu

benefício, uma vez que "não se pode compreender a responsabilização do ente moral dissociada da

atuação de uma pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio" cf. Resp nº 564960/SC, 5ª

Turma, Rel. Ministro Gilson Dipp, DJ de 13/06/2005 (Precedentes).