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AMARN VISITA PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RIO GRANDE DO NORTE ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS DO RIO GRANDE DO NORTE N. 45 Natal - RN JAN/FEV/MAR 2011 SEGURANÇA PARA OS MAGISTRADOS É O TEMA DA PRIMEIRA REUNIÃO ENTRE AMARN E TJRN 5 PERFIL COM A JUÍZA FLÁVIA DANTAS PINTO 6 ARTIGO DO JUIZ FÁBIO ATAÍDE 8 Informa Presidente da Assembleia Legislativa do RN e o presidente da AMARN

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AMARN VISITA PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RIO GRANDE DO NORTE

ASSOCIAÇÃODOS MAGISTRADOSDO RIO GRANDEDO NORTE

N. 45Natal - RNJAN/FEV/MAR2011

SEGURANÇA PARA OS MAGISTRADOS É O TEMA DA PRIMEIRA REUNIÃO ENTRE AMARN E TJRN

5

PERFIL COM A JUÍZA FLÁVIA DANTAS PINTO

6

ARTIGO DO JUIZ FÁBIO ATAÍDE

8

Informa

Presidente da Assembleia Legislativa do RN e o presidente da AMARN

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2 AMARN - JAN / FEV / MAR 2010 www.amarn.com.br - [email protected]

Caro associado,A AMARN apresenta a seus associados mais uma edição

do nosso elegante jornal AMARN Informa, referente ao primeiro trimestre de 2011.

No plano institucional o AMARN informa inicia com um be-líssimo trabalho de nosso Presidente, juiz Azevêdo Hamilton, abordando um tema sensível, mas que é muito necessário nes-ses tempos modernos: a meritocracia como forma necessária de reconhecimento na carreira dos Magistrados.

Em seguida, o jornal traz uma matéria elucidativa sobre o cumprimento, no Rio Grande do Norte, das várias metas apre-sentadas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

No quadro perfi l, apresentamos nada mais, nada menos que a professora doutora Flávia Dantas, esposa de nosso ex-presidente Guilherme Pinto. Em sua entrevista Flávia releva-se, como sempre, uma pessoa simples, sensível, antenada e muito inteligente. Traz também alguns detalhes de sua experiência ri-quíssima no curso de “formação de formadores”, oferecido pela Escola da Magistratura Francesa.

Já o também brilhante associado Fábio Ataíde, nos brinda com o texto “Magistratura, Discurso e Estruturas”, no qual pra-ticamente roga que o ensino jurídico e, em particular, a Magis-tratura, deva se pautar pelo estudo crítico e, em seguida, o Juiz Odinei W. Draeger apresenta como dica de leitura o escritor Is-sac Asimov, reconhecido como mestre do gênero da fi cção cien-tífi ca, com a obra “O fi m da Eternidade”.

Ainda em nosso periódico, a Unimed-Natal, nossa patro-cinadora do jornal, apresenta aos associados da AMARN seu Núcleo de Conciliação e Instrução Processual, com algumas práticas de sucesso.

Por fi m, uma rápida matéria sobre a visita institucional da diretoria da AMARN ao novo Presidente da Assembléia Legis-lativa do Estado, Deputado Ricardo Motta e fl ashes dos últimos compromissos institucionais da associação, além da programa-ção de eventos da AMARN para 2011.

Como pode ver, nosso pequeno jornal tem sido confeccio-nado com zelo e atenção para proporcionar a você, associado, uma leitura agradável, dinâmica e informativa.

Boa leitura!

Por Juiz Cleofas Coêlho de Araujo JuniorVice-Presidente de Comunicação da AMARN

CONSELHO EXECUTIVO

PresidenteJuiz Azevêdo Hamilton CartaxoVice-Presidente Institucional

Juiz Mádson Ottoni de A. RodriguesVice-Presidente AdministrativoJuiz Luciano dos Santos Mendes

Vice-Presidente FinanceiroJuiz Marcelo Pinto Varella

Vice-Presidente de ComunicaçãoJuiz Cleofas Coelho de A. Júnior

Vice-Presidente CulturalJuiz Odinei Wilson Draeger

Vice-Presidente SocialJuiz Jorge Carlos Meira Silva

Vice-Presidente dos EsportesJuiz Cleanto Fortunato da Silva

Vice-Presidente dos AposentadosJuiz Francisco Dantas Pinto

Coordenador da Região OesteJuiz Breno Valério F. de Medeiros

Coordenadoria da Região SeridóJuiz André Melo Gomes Pereira

CONSELHO FISCAL

Juíza Denise Léa SacramentoJuiz Fábio Antônio C. Filfueira

Juiz Fábio Wellington Ataíde AlvesJuiz João Eduardo R. de Oliveira

Juíza Leila N. de Sá Pereira NacreJuiz Luiz Alberto Dantas FilhoJuiz Marcus Vinicius P. Júnior

Juíza Rossana Alzir D. MacêdoJuíza Sulamita Bezerra Pacheco

de Carvalho

Editora executivaAdalgisa Emídia DRT/RN 784

Projeto Gráfi co e DiagramaçãoFirenzze Comunicação Estratégica

(84) 3344-5240

FotosElpidio JúniorFoto de capaJoão Gilberto

Associação dos Magistrados

do Rio Grande do NorteCondomínio Empresarial Torre Miguel

Seabra FagundesR. Paulo B. de Góes, 1840 - Salas

1002, 1003 e 1004.Candelária - Natal-RN - CEP:

59064.460Telefones: (84) 3206.0942 / 3206.9132

/ 3234.7770CNPJ: 08.533.481/0001-02

Editorial

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O Judiciário vive hoje um mo-mento difícil. Mais de 25 milhões de processos ingressam no sistema ju-dicial brasileiro por ano e nós juízes precisamos julgá-los com cada vez maior produtividade e efi ciência. A cobrança da sociedade é enorme. No curto espaço de tempo de 10 anos assisti a uma verdadeira revo-lução tecnológica no Poder Judiciário do RN, ainda em curso. Avançamos bastante quanto a nossas ferramen-tas de trabalho, mas nosso Calca-nhar de Aquiles permanece no cam-po mais estratégico: o do estímulo ao trabalho dos nossos juízes.

Atualmente, o único instrumento de motivação funcional dos juízes são as promoções por merecimento e ele não funciona adequadamente. Embora muitos juízes bastante pro-dutivos tenham sido promovidos por merecimento (e meu reconhecimen-to a eles), o mecanismo hoje adota-do não tem regras claras e objetivas, ou uma interpretação homogênea na sua aplicação. Deixo muito claro, apesar disso, que não critico meus colegas promovidos ou os membros dos Tribunais que os julgaram, mas sim um sistema claramente falho e fértil em gerar injustiças, incapaz de estimular alguém.

Falo sem difi culdades sobre isso, pois eu próprio fui promovido para a Comarca da Capital pelo critério de merecimento. Contudo, lhes digo que até hoje não sei se os demais colegas aptos a concorrer mereciam mais que eu. Nossas produtividades, qualifi cações acadêmicas, cursos de formação etc, não foram compara-

das entre si. Portanto, não sei dizer se eu era o melhor ou pior que os demais concorrentes. Aliás, diga-se que essas comparações, efetivas e objetivas, não acontecem nunca na avaliação do merecimento dos nos-sos juízes e que isso deveria ser um choque, se não estivéssemos tão calejados. Os critérios objetivos são mencionados en passant, como triste fórmula vazia, casca sem conteúdo, de todo irrelevantes para o resultado.

Num quadro como esse, por que reorganizar uma secretaria para tor-ná-la mais efi ciente? Por que fazer pós-graduação e cursos de aprimo-ramento? Por que julgar mais? Por que aceitar substituições não obri-gatórias? Por que fazer mais audiên-cias? Por que envolver-se em proje-tos sociais do Poder Judiciário? Por que cumprir metas de nivelamento impostas pelo CNJ? (apoiando o Tribunal? - excluir) Por que traba-lhar nove, dez horas por dia e entrar pelo fi m de semana em detrimento da família? Enfi m, por que ter com-promisso, se tudo isso faz pouca ou nenhuma diferença e se, ao fi m e ao cabo, o prêmio da promoção por me-recimento é concedido sem adoção dos critérios objetivos divulgados como sendo a regra do jogo? Só por amor à Justiça, por atenção ao jurisdicionado, porque não há outra razão, já que ser o melhor pontuado pela Corregedoria em nada garante o reconhecimento.

Escuto alguns dizerem que é “impossível” a adoção de critérios objetivos de avaliação do mereci-mento de juízes e que eles seriam

sempre falhos. Ora, critérios objeti-vos imperfeitos podem ser aprimo-rados e ganhar legitimidade com a ajuda dos próprios juízes avaliados. Certamente são melhores que crité-rios subjetivos, ou critério nenhum. Nisto o Ministério Público do RN até nos constrange porque respeita a pontuação dos critérios objetivos há anos, colocando-nos em situação de nítida inferioridade de desenvol-vimento institucional, que espero ser provisória. Seria tão difícil pon-tuar os candidatos e sempre premiar o mais capacitado com promoção? Se o Ministério Público consegue, por que nós não?

Tenho conversado com os De-sembargadores que me têm dado a liberdade de fazê-lo e lhes falado da oportunidade ímpar que Deus lhes deu, de liderarem a evolução do nosso Poder Judiciário, de apri-morá-lo e atualizá-lo para o contex-to republicano que vivemos hoje. A chance que nossos Desembarga-dores têm, sem exageros, é de fa-zer história e dar uma contribuição imensa: instituir a justa meritocracia em nosso centenário Judiciário.

Uns poucos e valorosos se con-tentam com a satisfação do dever cumprido e com o “amor à arte”, porém não se admite mais que os que trabalham mais duro que todos recebam apenas felicitações. Pode-mos mudar essa situação e sermos exemplo para o Brasil, se quisermos. A pergunta, de todos os juízes, fi ca: só parabéns, até quando?

Juiz Azevêdo Hamilton Presidente da AMARN

SÓ PARABÉNS...ATÉ QUANDO?

Palavra do Presidente

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Desde 2007 o CNJ – Conselho Nacional de Justiça – estabelece metas a serem cumpridas em todos os tribunais de justiça do Brasil. No Rio Grande do Norte, no ano passa-do, foram determinadas dez metas prioritárias e desse total o poder ju-diciário potiguar cumpriu 100% em três delas( metas 6, 9 e 10) e teve desempenho de mais de 97% nas metas 4 e 8.

META 4: Lavrar e publicar todos os acórdãos em até 10 dias após a sessão de julgamento;

META 6: Reduzir em pelo me-nos 2% o consumo per capita com energia, telefone, papel, água e combustível, tendo como ano de re-ferência o de 2009;

META 8: Promover cursos de capacitação em administração judici-

ária, com no mínimo 40 horas para 50% dos magistrados;

META 9: Ampliar para 2 Mbps a velocidade dos links entre o Tribunal de Justiça e 100% das unidades judi-ciárias instaladas na capital e, no mí-nimo, 20% das unidades no interior;

META 10: Realizar, por meio eletrônico, 90% das comunicações ofi ciais entre os órgãos do Poder Judiciário.

As outras metas não foram cum-pridas em 100%, como determina o CNJ, conforme relatório a ser di-vulgado nos próximos 30 dias, que apresenta a Justiça Estadual em si-tuação bastante desfavorável, em-bora pelos números levantados do TJRN os índices sobem considera-velmente, principalmente na meta 2, tendo em vista que os dados do CNJ

levam em conta os tribunais que já têm as suas Tabelas Processuais Unifi cadas implantadas.

No caso do Tribunal de Justiça do RN, as tabelas deverão ser implan-tadas a partir de março de 2011 e os dados a partir de então serão ex-traídos numa plataforma única, facili-tando o monitoramento dos números para acompanhamento das metas.

Pelos números do TJRN, a meta 2 que previa julgar todos os proces-sos de conhecimento distribuídos em primeiro e segundo graus e mais os tribunais superiores em até 31 de dezembro de 2006, apresentou em 31 de dezembro de 2009, 11.747 processos pendentes de julgamento. Em dezembro do ano passado, o nú-mero de processos da meta 2 caiu para 4.981. Considerando todas as

METAS DO PODER JUDICIÁRIONO RIO GRANDE DO NORTE

Metas

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A resolução 104, de abril de 2010, do CNJ, determina aos tribunais maior segurança aos juízes e aos fóruns e isso implicaria em instala-ções de detectores de metais e câmeras de vídeo nos fóruns. Esse foi um dos assuntos abordados na primeira reunião de trabalho entre a AMARN e a presidente do TJRN desembargadora Judite Nunes.

O encontro aconteceu no início de fevereiro com a presença do presidente da AMARN juiz Azevêdo Hamilton e os juízes Cleofas Coelho – vice-presidente de comunicação da associação, Odinei Draeger – vice-pres. cultural, Francisco Pinto – vice-pres. dos apo-sentados, Luiz Alberto Dantas Filho – assessor da presidência do TJ e o juiz Marcus José de Freitas Júnior. Ficou decidido, na reunião, um esforço de todos no sentido de se aprovar uma lei criando o Fun-do Estadual de Segurança dos Magistrados. A associação renovou o pedido de se garantir mais segurança aos magistrados em virtude de uma situação de ameaça e risco de morte. “Nós queremos que sejam tomadas providências antes que ocorra uma tragédia”, reve-lou o presidente da AMARN juiz Azevêdo Hamilton.

Ainda durante a reunião, a associação tratou sobre a questão dos assistentes para dar maior agilidade aos processos, principal-mente nas varas do interior. A associação pleitou junto ao Tribunal de Justiça a criação de todos os cargos e que a implantação seja feita de forma gradual nas varas com maior necessidade.

“Seria uma medida de igualdade entre os magistrados. Uma ex-pansão do quadro de assistentes. Todos os promotores do interior já têm assistentes”, disse o presidente da AMARN.

TJRN

AMARN FAZ SOLICITAÇÃO À PRESIDÊNCIA DO TJRN DE MAIS SEGURANÇA PARA OS MAGISTRADOS

comarcas do estado isso signifi ca que foram julgados 6.766 processos da meta 2 o que dá 57,60% do total.

A demanda no judiciário potiguar continua crescendo e as metas 1, 2 e 3, relacionadas a litigiosidade, fi caram com percentuais mais baixos em rela-ção aos outros tribunais do País. Mas, o Poder Judiciário potiguar vem unindo forças para suprir o volume de proces-sos. Em 2010 houve um aumento de 3,98% no número de novos casos em relação ao ano anterior. Ou seja, em 2009 foram 134.368 casos novos e no ano passado, 139.714.

Os magistrados Patrícia Gondim, juíza auxiliar da presidência do TJRN e o juiz auxiliar da corregedoria Bruno Lacerda, gestores das metas, enfa-tizam a importância do trabalho con-tínuo de todos os magistrados e ser-vidores para o alcance de resultados mais satisfatórios, uma vez que o CNJ continuará cobrando de todos os tribu-nais as metas dos anos anteriores que não foram cumpridas.

Para este ano de 2011, as metas prioritárias da Justiça estabelecidas para todos os tribunais são:

META 1: Criar unidade de geren-ciamento de projetos para auxiliar a implantação da gestão estratégica;

META 2: Implantar sistema de re-gistro audiovisual de audiências em pelo menos uma unidade de primeiro grau em cada tribunal;

META 3: Julgar quantidade igual a de processos de conhecimento distri-buídos em 2011 e parcela do estoque, com acompanhamento mensal;

META 4: Implantar pelo menos um programa de esclarecimento ao público sobre as funções, atividades e órgãos do Poder Judiciário em escolas ou quaisquer espaços públicos.

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Ao terminar o curso de Direito na UFRN, a juíza Flávia Sousa Dantas Pinto não pensava em seguir carrei-ra na magistratura. O objetivo era trabalhar como advogada especialis-ta em direito tributário e, para tanto, partiu para São Paulo onde concluiu mestrado pela PUC, mas ao mesmo tempo continuou estudando para concursos na área jurídica. Surgia, então, a juíza de Direito. “Eu queria advogar e sempre estagiei em escri-tório de advocacia. Mas a magistra-tura surgiu, me encantou e se conso-lidou na minha vida”, revela a juíza.

Segundo a magistrada, para ser juiz é preciso não só estudo mas também se identifi car com a judicatura porque além do conhe-cimento técnico e teórico se exige abnegação. “Por isso é interessante ter vivência com algum magistrado, conhecer seu ofício. Isso me faltou no início, e só tive a oportunidade quando já era magistrada. Só aí

revelou-se minha vocação”.As primeiras experiências foram

nas comarcas de Portalegre, se-guindo-se Taipu, Parelhas, Macau, e Currais Novos. Hoje, a juíza Flá-via Dantas atua no Juizado Especial Cível da Zona Sul, que funciona na UFRN. A diferença entre a advoga-da e a juíza, ela mesma revela: “O andamento do processo depende de muita gente, mas o magistrado tem um controle maior sobre ele. Do juiz depende mais a resposta que se dá à sociedade. Claro, nem sempre esta resposta é satisfatória mas qua-se sempre nos esforçamos mais do que as pessoas imaginam”. Ela atua ainda como professora, tendo lecio-nado na Esmarn e nos cursos de pós-graduação da FESMP, FARN, FAL. UNP e como professora as-sistente da especialização do IBET – Instituto Brasileiro de Estudos Tributários.

FRANÇA E SÃO PAULO –

Perfil

EU QUERIA ADVOGAR E SEMPRE ESTAGIEI EM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. MAS A MAGISTRATURA SURGIU, ME ENCANTOU E SE CONSOLIDOU NA MINHA VIDA”

COMO NASCE UMA JUÍZA

FLÁVIA DANTAS PINTO FALA DA CARREIRA E DE EXPERIÊNCIAS VIVIDAS FORA DA JUDICATURA

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Em 10 anos e meio como magistra-da, Flávia Dantas Pinto repaginou al-guns sonhos antigos. Em 2006 teve a oportunidade de retornar à França, onde já havia estudado, para parti-cipar de um curso de “formação de formadores”, oferecido pela Escola da Magistratura Francesa em con-vênio com a Embaixada da França e a Escola da Magistratura Nacio-nal. No Brasil, apenas ela e o juiz do trabalho do Rio de Janeiro Roberto Fragale foram selecionados, mas ela acredita que o domínio do francês foi decisivo na escolha. Uma experiên-cia de intercâmbio com países como Marrocos, Congo, Togo, Madagascar e Argélia, vivenciando a maneira de se formar juízes na França. “O curso mostrou diversos aspectos na forma-ção de magistrados. Desde a condu-ção de uma audiência, elaboração de uma sentença até a vivência em escritórios de advocacia e outros ambientes, como presídios. Esta

abrangência permite que o juiz pos-sa ter mais sensibilidade para enten-der as coisas do dia a dia”, afi rmou a juíza Flávia Dantas.

Recentemente também retornou à São Paulo para buscar, na atmos-fera acadêmica, novos horizontes para o exercício da judicatura, e outra vez estava na PUC. “Foi um grande desafi o. Saí da lógica jurídica de Dr. Paulo de Barros, meu orien-tador no mestrado, para trilhar os caminhos menos tranqüilos da so-ciológica teoria dos sistemas e o re-sultado foi uma juíza mais antenada com o mundo global”. Em dois anos de estudo se tornou a primeira dou-tora orientada por Marcelo Neves no Brasil, um desafi o que lhe custou es-forço redobrado. “Valeu a pena. Até esta proximidade com Marcelo me foi importante. Ele saiu de anos e anos como professor na Alemanha, para viver a realidade do Judiciário como Conselheiro do CNJ. Eu vinha

em sentido contrário. Da magistratu-ra para a Academia. Nos deparamos, em níveis e sentidos diversos, com a brusca intersecção entre a teoria e a prática. Choca, mas acrescenta. Acho que todo Juiz deveria ter uma experiência acadêmica”, conclui.

VIDA – Como a rotina é longa e muitas vezes o tempo livre curto, ela sente falta de não ter mais tempo para fi car com o fi lho. “O trabalho é sobrecarregado. A pressão é grande. Mas, o processo digital vai agilizar muito e um juiz vai poder despachar de qualquer lugar. É uma ferramenta útil, ágil e que traz perspectivas ani-madoras”, disse.

Flávia Dantas é casada com o também juiz Guilherme Pinto, que já foi presidente da AMARN e vice-presidente da AMB. Nas horas va-gas, ela gosta de fi car com a família, curtir os amigos e ir ao cinema. Nas férias, gosta de viajar e nutrir sua paixão por línguas.

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Quando de sua sabatina para preencher a 11ª vaga no Supremo Tribunal Federal, o Ministro Luiz Fux ocupou o Senado com um discurso politicamente correto, tomando o Judiciário como um agente institu-cional para o controle das nossas desigualdades. Além de correta, a mensagem deve ser reconhecida como emblemática para a história da Suprema Corte. Porém, ainda cabe refl etir sobre as difi culdades para torná-la efi caz à frente das es-truturas sociais e institucionais.

A expansão regulatória do ca-pitalismo neoliberal deixou o Judi-ciário em situação delicada. Novas ferramentas intervencionistas vie-ram, dentre as quais o próprio juiz, para dar ouvidos a uma sociedade tomada por expectativas. O sistema Judiciário foi forçado ao extremo, mesmo diante da inexistência de grandes ideias salvadoras. O mun-do civilizado conhece quase todas as medidas para um Judiciário efi -ciente. Nós é que pouco nos inte-ressamos por elas e ainda tentamos encontrar um novo modelo adequa-do à nossa realidade. Realidade aqui é utilizada como sinônimo de metadesorganização (M. Castells).

Fincado na violência estrutural, encontro as causas do problema ju-diciário nas próprias estruturais da sociedade, responsáveis pela má distribuição de poder (HO, Kathle-en. Structural Violence as a Human Rights Violation. “Essex Human Ri-ghts Review”. Vol. 4, no. 2, septem-ber 2007, p. 4). A sociedade soube muito bem estruturar as suas defi -ciências, habilmente mostrando de-sinteressada por mecanismos que garantam a todos a mesma compo-sição básica de educação, sanea-mento ou repressão punitiva. Sabe-se muito bem transferir recursos aos necessitados, mas pouco se faz para romper o ciclo de dependência por meio da tecnologia do saber.

E é o Judiciário que vai consertar esse estado (ou Estado) de coisas? O problema é que um Poder habitu-ado a ter o silêncio como resposta também pode fazer-se e faz ins-trumento de controle. Dentro deste quadro, a função precípua do juiz não tem a ver com a reprodução dos valores de uma classe sobre outra, nem tampouco assegurar a sobrevi-da do modelo econômico do País.

O Judiciário parece agir como o capitão Ahab, de Moby Dick, enve-

redando numa perseguição inces-sante da baleia que lhe tirou a per-na. Seja como for, o novo discurso político – tal qual como preconizado pelo Min. Luiz Fux – precisa perse-guir o direito à inclusão como meta democrática do Estado, reconhe-cendo o desequilíbrio das minorias diante das estruturas sociais. A in-clusão aqui signifi ca, v.g., a exclu-são do direito penal de certos assun-tos ou contra certas pessoas. Neste século, o sério questionamento ao direito de punir não apenas apressa uma profunda mudança nas solu-ções dos confl itos individuais, mas redefi ne os papéis das agências punitivas, desde juízes, promotores até delegados e defensores.

Para que assim seja, o ensino ju-rídico não deve ser apenas pautado por estudos limitados aos progra-mas de ingresso à carreira pública. Os concursos públicos são cada vez mais rigorosos e concorridos, porém não necessariamente voltados à va-lorização do conhecimento teórico. A valorização de candidatos que se dedicam ao estudo acrítico da estrutura legislativa não benefi cia a seleção de pessoas aptas para cor-rigir o sistema social e sua máquina

MAGISTRATURA,DISCURSO EESTRUTURAS

Fábio WellingtonAtaíde AlvesJuiz de Direito/RN e Professor de Direito Penal/UFRN

Artigo

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AMARN - JAN / FEV / MAR 2010 9www.amarn.com.br - [email protected]

Isaac Asimov é um dos maio-res expoentes da fi cção científi ca do séc. XIX. Em minha opinião é o melhor autor deste gênero, e notem que dentre os melhores estão Robert A. Heinlein e Arthur C. Clark. Ele fi cou conhecido mundialmente com a coletânea de histórias Eu, Robô e com a tri-logia Fundação, sua obra prima. Publicou mais de 500 livros ao longo da vida, tratando não só dos temas caros à fi cção científi ca, como robótica, viagens espaciais e viagens no tempo, mas também de ciência, romances policiais e até uma enciclopédia.

Em O Fim da Eternidade, Asi-mov demonstra porque é o mestre no gênero. O livro conta a história de Andrew Harlan, membro de uma organização – A Eternidade – que domina as técni-cas de viagem no tempo e que se estabelece como a guardiã da estabilidade do curso histórico da humanidade. O dilema ético da contínua alteração pontual do curso da história, de-sejada pela organização para evitar momentos catastrófi cos para a humanidade, é o pano de fundo da trama. Neste clima é que Andrew se apaixona por uma mulher cuja existência está ameaçada justamente por uma destas mudanças. A história se desenvolve nessa tensão entre seus sentimentos e suas obrigações para à Eternidade.

A técnica de Asimov usa os conceitos clássicos da fi cção científi ca e cria também uma elaborada rede de acontecimen-tos, o que, num clima permanente de mistério, dá ao avançar da leitura um misto de curiosidade crescente e de espanto com as revelações de fatos cujos detalhes já estavam presentes o tem-po todo, no melhor estilo dos bons romances policiais. O fi nal, como sempre acontece nas obras de Asimov, é surpreendente.

O FIM DA ETERNIDADE

Dica de livro

TítuloO fi m da eternidadeAutoresIsaac AsimovEditoraALEPHPreçoR$ 38,00 - Livraria Saraiva

Pelo Juiz de DireitoOdinei W. Draeger

judiciária. E o que é pior ainda. O ingresso em determinados cargos públicos confere status e privilégios ao cidadão, às vezes impedindo-o de revisar o papel das estru-turas sociais. Isto indica que a decadência do ensino jurídico cria um grande problema para o Estado e sua política governamental.

No estrito campo penal, as metas de todo dia buscam ampliar a produção dos juízes, mas pouco refl etem a capacidade de produção. A cobrança por produtividade judicial vem sem assegurar os meios e as causas estruturais da morosidade “no” e “do” Judiciário.

Incrivelmente, a rotina do Supremo Tri-bunal Federal em matéria criminal impres-siona pelos números de casos julgados, porém quase não existem execuções de penas para agentes com foro por prerro-gativa, o que torna a sua rotina menos re-levante do que o necessário. Desde este ponto de vista, parece mais incrível saber que a face autoritária das estruturas pode ser reconhecida na corriqueira aplicação nos tribunais superiores do princípio da insignifi cância para afastar a tipifi cação de pequenos crimes patrimoniais. Há alguns anos foi amplamente divulgado o caso de uma doméstica que fi cou presa durante 128 dias por furtar um pote de manteiga a custo de R$ 5,00, enquanto, no mesmo ano, um banqueiro, condenado a 21 anos de prisão por desviar 3 bilhões de reais, nem pensava em cumprir pena.

Levando a questão para a postura da magistratura, verifi co que o juiz pode fazer-se instrumento do controle dominante e, enquanto isso acontecer, não haverá ne-nhuma mudança; nenhuma inclusão; só o verbo existirá! E isso, de resto, signifi ca que o Judiciário deve agir não somente ciente das estruturas que lhe faltam, mas igual-mente consciente de que a matança de ne-nhuma baleia será capaz de dar pernas a quem não tem.

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Saúde

A atual diretoria da Unimed Na-tal, visando criar uma ferramenta de diálogo e conciliação com seus usuários, implementou no primeiro semestre de 2010 um Núcleo de Conciliação interno.

Com o objetivo de resolver admi-nistrativamente questões relativas a procedimentos não autorizados a usuários, o referido setor conciliou mais de 200 casos desde a sua ins-tauração. Entre os casos conciliados estavam não só demandas adminis-trativas, mas, também, algumas que já tramitavam em âmbito judicial.

Em razão do sucesso das ativi-dades desenvolvidas no ano passa-do, recentemente a Unimed Natal resolveu ampliar suas atividades, delegando ao Núcleo competência para atuar diretamente perante o Judiciário, não só auxiliando o es-critório de advocacia terceirizado na instrução processual, como também estreitando a distância entre Magis-trados e a Cooperativa.

Portanto, o Núcleo de Concilia-ção, que agora passa a se chamar Núcleo de Conciliação e Instru-ção Processual, formado por dois médicos, Dra. Camila Costa e Dr. Neuman Macedo; e por uma advo-

gada, Dra. Priscila Laranja, passa a ser um canal aberto ao Judiciário, sempre à disposição para prestar quaisquer informações o mais dili-gentemente possível, tanto referen-tes a questões médicas, quanto ju-rídicas, através de telefone, e-mail, ou mesmo intimação.

Ressalte-se que a idéia nasceu a partir da publicação da Recomen-dação n.º 31 do Conselho Nacio-nal de Justiça - CNJ, e busca dar apoio técnico aos Magistrados nas demandas que envolvam a assis-tência a saúde, auxiliando-os com informações técnicas e jurídicas in-trínsecas ao setor.

Assim, o Núcleo de Conciliação e Instrução Processual está à dispo-sição do Poder Judiciário para for-necer relatórios médicos, descrição de medicamentos, órteses, próteses e outras informações, tornando viá-vel a oitiva da Unimed Natal antes da apreciação de medidas de urgên-cia, sem prejudicar o jurisdicionado.

O Núcleo de Conciliação e Ins-trução Processual funciona no pré-dio da Rua Mipibú, n.º 511, Petró-polis, Natal/RN, CEP: 59.020-250, e pode ser acionado pelos telefones e e-mails ao lado:

NÚCLEO DE CONCILIAÇÃOE INSTRUÇÃO PROCESSUALDA UNIMED NATAL UMA FERRAMENTA À DISPOSIÇÃO DO USUÁRIO E DO JUDICIÁRIO.

PARA ACORDOS E QUESTÕES JURÍDICAS:Dra. Priscila Laranja, advogada, OAB/RN [email protected](84) 3220-6250 / 6247

PARA QUESTÕES TÉCNICAS/MÉDICAS:Dra. Camila Costa, médica, com especialização em Terapia Inten-siva, CRM/RN n.º [email protected](84) 3220-6250/6247

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AMARN - JAN / FEV / MAR 2010 11www.amarn.com.br - [email protected]

O presidente da AMARN - juiz Azevêdo Hamilton, acompanhado dos juízes Francisco Pinto e João Afonso Morais Prodeus, fez uma visita de cortesia no dia primeiro de março ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte – deputado Ricardo Motta, do PMN.

Essa foi a primeira visita do atual presidente da AMARN ao mais novo presidente do Poder Legislativo. No encontro, foram discutidos assuntos da magistratura estadual como a re-alização de concurso para preenchi-mento de quase 100 vagas para o car-go de juiz e de quase mil servidores. Segundo o presidente da AMARN, na região Oeste existem 5 juízes para atender a todos os municípios. “É urgente a realização do concurso. A situação é gravíssima, mas sabemos

das difi culdades orçamentárias, neste que é um ano de ajustes”, afi rmou o juiz Azevêdo Hamilton.

O presidente da Assembleia Le-gislativa aproveitou para ressaltar que tem como meta durante a sua gestão realizar concurso para servi-dores como forma de democratizar o acesso ao serviço público e disse que a Casa Legislativa deve ter uma rela-ção harmônica com os poderes.

Além disso, os magistrados fala-ram sobre a segurança nos fóruns, principalmente nos municípios do interior, onde os riscos de morte são iminentes. No fi nal do encontro o presidente da Assembleia Legis-lativa deputado Ricado Motta agra-deceu a visita e disse que os parla-mentares são sensíveis aos pleitos da magistratura.

AMARN VISITA PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RN

Política

Pres. da ALRN e a diretoria da AMARN

Juiz Francisco Pinto, presidente da Assembleia Legislativa Ricardo Motta, presidente da AMARN Azevêdo Hamilton e o juiz João Afonso Prodeus

É URGENTE A REALIZAÇÃO DO CONCURSO”JUIZ AZEVÊDO HAMILTON

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DIA DAS MÃES:Dia: 15/05/2011 Local: Sede campestre de Macaíba

SÃO JOÃODia: 18/06/2011Local: Sede campestre de Macaíba

VI CONGRESSO ESTADUALDE MAGISTRADOSA defi nir

DIA DOS PAISDia: 21/08/2011Local: Sede campestre de Macaíba

DIA DAS CRIANÇASDia: 15/10/2011Local: Sede campestre de Macaíba

CONFRATERNIZAÇÃO DE NATALA defnir

Diretoria da AMARN com o corregedor-geral de justiça desembargador Cláudio Santos.

Juiz Marcus José de Freitas Júnior, Pres. da AMARN, juiz Francisco Pinto e a pres. do TJRN

Evento

AMARN TEM REUNIÕES DE TRABALHO COM A PRESIDÊNCIA DO TJRN E A CORREGEDORIA DE JUSTIÇA

Fotos: Elpídio Júnior

Presidente da AMARN e Desembargadora Judite Nunes - pres. do TJRN