althusser sobre o sujeito

7/25/2019 Althusser sobre o sujeito

http://slidepdf.com/reader/full/althusser-sobre-o-sujeito 1/11

www.psicologia.pt

Documento produzido em 09.03.2013

Arnaldo Toni Chagas 1 Siga-nos em

facebook.com/psicologia.pt

O SUJEITO IDEOLÓGICO NA PERSPECTIVA

DE LOUIS ALTHUSSER - O ASSUJEITAMENTO

2012

Arnaldo Toni ChagasPsicólogo. Sociólogo. Professor Universitário (ULBA!S"#. "estre e$ Psicologia Social e %nstit&cional

(U'S# e )o&tor e$ Ci*ncias da Co$&nica+,o (U-%S%-S#. L/der do gr&o de es&isa )rogas3 $/dia3

disc&rsos e ol/ticas P45licas (C-P# (Brasil#

6$ail7

arnaldotoni8g$ail.co$

RESUMO

filósofo franc*s L. Alth&sser rovoco& vigoroso ress&rgi$ento do "ar9is$o e$ vários

a/ses do $&ndo3 s&a leit&ra3 at: ho;e3 rova no $eio acad*$ico i$ortantes refle9<es &ando a

disc&ss,o : a ideologia. Trata=se neste artigo de aresentar ontos f&nda$entais das refle9<es de

Alth&sser so5re o fen>$eno da ideologia3 to$ando=se co$o 5ase o ensaio relativo aos

Aarelhos %deológicos de 6stado. )e in/cio3 tra+o considera+<es 5ásicas da reto$ada de "ar9

or Alth&sser3 ocasi,o e$ &e aresento a conce+,o da constit&i+,o da sociedade or "ar9 a

artir de d&as inst?ncias7 infra-estrutura e a superestrutura. -a se&encia3 roonho &$a

disc&ss,o so5re os Aarelhos %deológicos de 6stado. Por 4lti$o3 discorro so5re @ refle9,o central

da tese de Alth&sser7 a interpelação ideológica c&;o efeito de se& f&nciona$ento transfor$a

indiv/d&os concretos e$ s&;eitos

Palaras-!ha"# Aarelhos de estado3 interela+,o3 ideologia3 s&;eitos

$% RELA&'ES ENTRE A IN(RAESTRUTURA E A SUPERESTRURURA

Ca5e3 de in/cio3 alg&$as considera+<es f&nda$entais referentes @ reto$ada de "ar9 or

Alth&sser3 ocasi,o e$ &e o filósofo franc*s ress&<e a constit&i+,o da sociedade aoiado na



www.psicologia.pt




conce+,o $ar9ista.1 Al:$ disso3 na se&*ncia3 tra+a=se &$a disc&ss,o so5re os Aarelhos

%deológicos de 6stado e3 or 4lti$o3 chega=se @ refle9,o central da tese de Alth&sser3 a &al :7 a

interpelação ideológica c&;o efeito de se& f&nciona$ento transfor$a indiv/d&os concretos e$

s&;eitos.

-a ersectiva de "ar93 a sociedade : constit&/da e$ dois n/veis o& inst?ncias7 a infra-

estrutura e a superestrutura.2 )esse $odo3 ele co$reende e roc&ra reresentar o& e9licar a

estr&t&ra social3 &tiliando=se da analogia de &$ edif/cio7 &$ r:dio de dois andares recisa de

&$a 5ase ara s&stentar=se3 $anter=se fir$e esta 5ase3 ara o filosofo ale$,o3 : a infraestr&t&ra3

isto :3 a 5ase econ>$ica da sociedade3 so5 a &al se constrói os andaresD de ci$a &e

constit&e$ a s&erestr&t&ra. Sendo assi$3 a s&erestr&t&ra só e9iste e se $ant:$ e$ f&n+,o da

e9ist*ncia da infraestr&t&ra. Seg&ndo Alth&sser (1EE23 . F0#3 a $etáfora Gesacial do edif/cioH

te$ ent,o co$o o5;etivo ri$eiro3 reresentar a Ideter$ina+,o e$ 4lti$a inst?nciaJ ela 5ase

econ>$icaD3 isto :3 o &e acontece3 na 5ase econ>$ica3 aca5a deter$inando o &e ocorre nas&erestr&t&ra.

A infraestr&t&ra = 5ase econ>$ica da sociedadeK = : for$ada elo con;&nto3 o& &nidade3 das

rela+<es o& siste$a de rod&+,o e das for+as (for$as# $ateriais rod&tivas. Co$<e=se3

ortanto3 da econo$ia. 6sta : a 5ase real so5re a &al se eleva e se assenta a s&erestr&t&ra da

sociedade &e corresonde @s inst?ncias ;&r/dico=ol/tica (o direito e o 6stado# e a ideológica =

as diferentes ideologias7 religiosa3 :tica3 legal3 ol/tica etc. (ALTUSS63 in7 Mi:N3 1EE23.

1EE#.

6$ s/ntese3 e9iste &$a (inter#rela+,o dial:tica entre a$5as as inst?ncias.

As rela+<es sociais3 aliás3 s,o inerentes logo3 est,o interligadas @s for+as rod&tivas.

6n&anto a infraestr&t&ra : 5ase econ>$ica da sociedade (rela+,o esta5elecida entre o

ho$e$ e a nat&rea rorietário e roletário#3 a s&erestr&t&ra : a 5ase ideológica do siste$a

rod&tivo caitalista3 so5ret&do3 e$ ter$os de do$ina+,o or $eio da ideologia e das

instit&i+<es sociais (direito3 religi,o3 ed&ca+,o3 6stado etc#. 6$ s/ntese3 a s&erestr&t&ra ode ser

divida e$ dois n/veis o& inst?ncias7 1# estr&t&ra ;&r/dico=ol/tica e 2# 5ase ideológica7 religi,o3

arte3 filosofia etc.

Co$ 5ase na introd&+,o 5ásica e sint:tica de co$o "ar9 entende a constit&i+,o da

sociedade O rela+,o e interdeend*ncia entre infra e s&erestr&t&ra = co$o : o caso do siste$a

social caitalista3 assa=se agora a refletir so5re e a conce+,o de Alth&sser so5re Aarelhos

%deológicos de 6stado (A%6s# e Aarelhos eressivos de 6stado (A6s#. -este caso3 o filósofo

franc*s avan+a na conce+,o $ar9ista de sociedade3 so5ret&do3 na ocasi,o &e reto$a e a$lia o

conceito de ideologia lan+ado e n,o arof&ndando or "ar9.

1 Alth&sser rod& &$a releit&ra do $ar9is$o e avan+a e$ alg&ns de se&s conceitos e no+<es.2 er Lo&is Alth&sser O A%6 (1EE23 . QE# o& er MieN (1EEF3 . 10E#.K )eter$inis$o econ>$ico da a5ordage$ de "ar9 e 6ngels.



www.psicologia.pt


Arnaldo Toni Chagas K Siga-nos em


Alth&sser reto$a a disc&ss,o so5re a infra e s&erestr&t&ra no livro “Aparelhos Ideológicos

de Estado” (1EE23 . QE#. )e in/cio3 ele cha$a @ aten+,o ara o caráterD revol&cionário de

"ar93 ao disting&i=lo da totalidade hegelianaD. )eois disso3 &tilia a e9ress,o /ndices de

eficácia resectivoD (de ter$ina+,o#3 co$ vistas a refletir so5re a deter$ina+,o3 e$ 4lti$a na

análise3 da infraestr&t&ra so5re a s&erestr&t&ra. & se;a3 a $etáfora esacial (do edif/cio# de"ar93 confor$e Alth&sser3 visa $ostrar &e o &e ocorre nos andares de ci$a3 e$ 4lti$a análise3

: deter$inado ela eficácia da 5ase econ>$ica3 ois a infraest&r&tra afeta a s&erestr&t&ra3

;&sta$ente or diferentes /ndices de eficáciaD (ALTUSS63 1EE23 . F1#. ra3 se e9iste3 e$

rela+,o @ 4lti$a deter$ina+,o3 a &al : ainda deter$inada ela ri$eira.

-a tradi+,o $ar9ista3 co$o assevera Alth&sser (1EE23 . F1#3 e9iste$ d&as $aneiras de

refletir so5re o /ndice de eficácia7 1# a e9ist*ncia de &$a Ia&tono$ia relativaJ da s&erestr&t&ra

e$ rela+,o a 5ase 2# a e9ist*ncia de &$a Ia+,o de retornoJ da s&erestr&t&ra so5re a 5aseD.R

6ssas &est<es o5riga$ o a&tor refletir e avan+ar no &e di reseito ao ro5le$a do tio deeficácia IderivadaJ rório da s&erestr&t&raD. -a verdade3 Alth&sser n,o nega3 ne$ ref&ta a

$etáfora esacial roosta or "ar93 cont&do3 o &e se erce5e : &e tal reresenta+,o

er$anece &ra$ente descritiva e$ rela+,o ao f&nciona$ento da sociedade3 e$ ter$os de

ter$ina+,o econ>$ica s&racitada.

6$ s/ntese3 Alth&sser3 artindo o& to$ando co$o 5ase a reresenta+,o clássica $ar9ista

($etáfora esacial# aci$a descrita3 5&sca s&erá=la e$ ter$os conceit&ais3 aresentando o&

resondendo a &est,o so5 o&tra ersectiva. 6$ ter$os descritivosDQ3 a $etáfora de "ar9

oferece ao filósofo franc*s a ossi5ilidade de co$reender3 co$ 5ase na rerod&+,o3 of&nda$ento da e9ist*ncia e nat&rea da s&erestr&t&raD. A artir disso3 o a&tor assa a analisar o

)ireito3 o 6stado e a ideologia3 tendo co$o onto de artida a rerod&+,o. Conco$itante$ente3

lan+a $,o3 de &$ lado3 da rática e da rod&+,oD e de o&tro3 da rerod&+,oDF.

"ar9 (e Lenin#3 na verdade3 red& t&do de essencial ao aarelho = reressivo = de 6stado3

atrelando3 assi$3 esse $ecanis$o ao oder da (l&ta da# classe do$inante (5&rg&esa# so5re a

classe do$inada (oerária#3 e$ rol da $ais valia. 6ssa : a f&n+,o essencial do 6stado7 $anter

as condi+<es sociais de e9ist*ncia3 ortanto3 $anter a rerod&+,o desta realidade. Alth&sser

aca5a roondo &$a distin+,o entre o oder de 6stado e aarelho de 6stadoD3 confor$edescrita ela teoria $ar9ista do 6stado. Para o a&tor3 al:$ do aarelho reressivo de estado3 há

o&tro aarelho (o ideológico# &e n,o se conf&nde co$ ele.

R (%5id.3 . F1#.QAd;etivo &tiliado fre&ente$ente or Alth&sser ara e9licar a reresenta+,o teórica da $etáfora esacial de "ar9.Cont&do3 descri+,o3 a&i3 n,o te$ conota+,o de cr/tica ao $ar9is$o3 $as3 isso si$3 trata=se ;&sta$ente da&ilo &e&al&er teoria cientifica fa3 ri$eiro descreve os fen>$enos ara3 só deois disso s&erá=los. %sso foi o &eAlth&sser fe descreve& a ersectiva de "ar9 e da/ se ro>s avan+ar3 enfi$3 desenvolv*=la a artir de contradi+<ese9istentes O ide “Da teoria descritiva a Teoria propriamente dita” (%5id.3 . FK#.F U$a descri+,o do 6stado na ersectiva de Alth&sser3 e$ &e ele reto$a "ar93 o leitor encontra e$7 Aarelhos

ideológicos de 6stadoD (1EE23 . F2#. %5id.3 . FQ.



www.psicologia.pt


Arnaldo Toni Chagas R Siga-nos em


)ito isso3 Alth&sser (1EE2# reto$a a teoria $ar9ista (de certa for$a3 descritiva# do 6stado3

roondo avan+ar nesta a5ordage$3 acrescentando &$ rec&rso teórico e arof&ndando3 de tal

$odo &e aca5a dividindo (e disting&indo# os $ecanis$os do 6stado e$7 Aarelhos %deológicos

de 6stado e Aarelhos %deológicos de 6stado.

)% APARELHOS IDEOLÓGICOS DE ESTADO

Tratar=se=á3 agora3 so5re os Aarelhos %deológicos de 6stado O e ta$5:$ de s&a rela+,o

co$ os Aarelhos eressivos de 6stado = ara3 logo e$ seg&ida3 disc&tir=se a questão da

ideologia e3 conse&ente$ente do sueito3 na conce+,o de Lo&is Alth&sser.

-as alavras do a&tor3 aarelhos ideológicos do 6stado (A%6# : &$ certo n4$ero de

realidades &e aresenta$=se ao o5servador i$ediato so5 a for$a de instituiç!es distintas e

especiali"adasD (1EE23 .F#. )e acordo co$ esta conce+,o3 o a&tor ro<e3 e9a$ina e <e @

rova &$a lista e$/ricaD dos aarelhos7 as instit&i+<es &e co$<e$ os referidos aarelhos

s,o7 escolas3 igre;as3 e$resas3 fa$/lia3 ;&sti+a3 ol/tica3 sindicatos3 $eios de co$&nica+,o3

c&lt&ra. Alg&$as dessas instit&i+<es tanto ode$ ser 45icas o& rivadas3 co$o infor$a

Alth&sser3 “o que importa # o seu funcionamento”. s A%6 f&nciona$ or inter$:dio da

ideologia3 &$a ve &e s,o $ecanis$os &e est,o a servi+o da manutenção da realidade (das

rela+<es de rod&+,o#. A ideologia te$3 co$o f&n+,o ri$ordial3 asseg&rar a coes,o social3

reg&lar e nor$atiar as ráticas sociais e as atividades dos indiv/d&os. assi$ &e as instit&i+<essociais materiali"am as ideologias3 isto :3 assa$ do n/vel esirit&al ara o n/vel $aterial.

A distin+,o essencial entre aarelhos reressivos do 6stado (A6# e A%6 considera=se a

artir de3 en&anto o ri$eiro f&nciona 5asica$ente atrav:s da viol*nciaD3 o seg&ndo f&nciona

5asica$ente atrav:s da ideologiaD. etifica o a&tor3 ta$5:$3 &e o A6 (co$reendendo o

governo3 a ol/cia3 o e9:rcito3 a ad$inistra+,o3 os tri5&nais3 as ris<es etc.#3 5e$ co$o o A%63

f&nciona$ tanto atrav:s da viol*ncia co$o da ideologia. Cont&do3 o &e fa co$ &e não seam

confundidos tais aarelhos : o fato de &e o ri$eiro f&nciona redo$inante$ente atrav:s da

reress,o (incl&sive f/sica# e sec&ndaria$ente atrav:s da ideologiaD (ALTUSS63 1EE23 .0#.

V&anto ao seg&ndo3 ocorre ;&sta$ente o contrário3 ;á &e a reress,o : consideravel$ente

aten&ada.

U$ e9e$lo &e ro<e o a&tor3 ara il&strar &e &$ aarelho n,o : &nica$ente

reressivo o& ideológico3 ois e9iste neles &$ d&lo f&nciona$ento3 : o caso do e9:rcito e da

ol/cia3 ois eles3 e$5ora se;a$ A63 f&nciona$ ta$5:$ atrav:s da ideologia3 tanto ara

garantir s&a rória coes,o e rerod&+,o3 co$o ara div&lgar os IvaloresJ or eles roostos.

rifo do a&tor.



www.psicologia.pt


Arnaldo Toni Chagas Q Siga-nos em


Co$ rela+,o aos A%63 le$5ra das %gre;as3 da 6scola &e I$olda$J se&s $:todos rórios de

san+<es3 e9cl&s<es3 sele+,o etc... n,o aenas se&s f&ncionários $as ta$5:$ s&as ovelhas =D3 da

fa$/lia3 da c&lt&ra etc. (%de$.3 0#.Logo3 o &e se ode constatar3 no conte9to3 : e9ist*ncia de

certas co$5ina+<es entre a$5os os aarelhos en&anto $ecanis$os de rerod&+,o da sociedade.

6$ s/ntese3 $es$o e9istindo aarente$ente &$a disers,o3 o &e se verifica3 e$ 4lti$a

análise3 : a e9ist*ncia de &$a &nifica+,o da diversidade dos aarelhos descritos3 ;á &e a$5os

f&nciona$ or $eio da ideologia. A ideologia na &al f&nciona$ está de fato se$re &nificada3

aesar de s&a diversidade e contradi+<es3 so5 a ideologia do$inante3 &e : a ideologia da Iclasse

do$inanteJD (%5id.3 .1#. A conce+,o de Alth&sser (1EE2# destaca &e a classe do$inante

det:$ o oder do 6stado e3 or esta ra,o3 ela : ativa nos A%6s.

Alth&sser $anteve se$re s&a conce+,o teórica so5re o ael social dos A%6. Para ele3 a

e$ist%ncia social das ideologias # a&solutamente insepar'vel das instituiç!es( ha;a vista &e :3

or $eio delas3 &e código3 rit&ais3 ráticas3 rotinas3 cost&$es e ceri$>nias $anifesta$=se. 6sses

$ateriais da vida diária oera convertendo indiv)duos *concretos+ em sueitos *concretos+.

s&;eito insere=se nas ráticas instit&/das e reg&ladas elos A%6 desse $odo3 concl&i=se &e a

ideologia não e$iste sem sueito e nem sueito sem ideologia.E

A %deologia3 or s&a ve3 f&nciona atrav:s dos A%6 e te$ o ael de refor+ar e $anter a

realidade social e9istente3 o& se;a3 : a&ela &e se aresenta ara os indiv/d&os e$ s&a for$a

aarente3 isto :3 i$aginária. Cont&do3 : 5o$ le$5rar3 antes de encerrar esta arte do tra5alho3

&e : ta$5:$ = e ;&sta$ente nos A%6 = &e ocorre$ as l&tas (e alian+as# de classes7 os e$5ates3

as dis&tas3 as tens<es e as contradi+<es. Sendo assi$3 : neles3 o& or $eio deles3 &e ta$5:$

ocorre$ as transfor$a+<es sociais.10

*% A INTERPELA&+O IDEOLÓGICA# O ASSUJEITAMENTO

)ando contin&idade @ &est,o da ideologia na ersectiva teórica de Alth&sser3 ro<e=se

atentar @ te$ática central deste tra5alho7 a interpelação ideológica na constituição de sueitos

humanos *o assueitamento+, Assi$3 será oss/vel co$reender a tese f&nda$ental do a&tor7

“toda ideologia interpela os indiv)duos enquanto sueitos”(ALTUSS63 1EE23 . EK#.

E U$a disc&ss,o $ais arof&ndada3 no &e a&i se está roondo3 o leitor encontra e$ %deologia e Aarelhos%deológicos de 6stadoD (Alth&sser3 %n7 MieN3 U$ $aa da %ologiaD3 1EEF3 .10Q=1FF#3 so5ret&do3 no ite$deno$inado3 a ideologia : &$a Ireresenta+,oJ da rela+,o i$aginária dos indiv/d&os co$ s&as condi+<es reais de

e9ist*nciaD (ve;a Tese % e Tese %% de Alth&sser so5re a ideologia#.10Para &$ arof&nda$ento do ael dos A%6 e dos A63 vide Alth&sser (1EE23 . 2=1#.



www.psicologia.pt


Arnaldo Toni Chagas F Siga-nos em


6$ ter$os de análise de disc&rso3 : i$ortante destacar a insira+,o de Alth&sser3 se$

erder de vista o conceito de ideologia311 ocasi,o e$ &e se retende tratar da s&5;etividade3

artic&lando o $ar9is$o e a sicanálise. A ersectiva Alth&sseriana trata de conceitos gerais

referentes ao sueito e aos AIE (ideologia#12 entretanto3 focar=se=á @ aten+,o ara alg&$as

esecificidades de s&a teoria relativas ao sueito roosto or Alth&sser.

Alth&sser incorora novas o5serva+<es so5re ao conceito de s&;eito3 ao introd&ir a

materialidade da ideologia como pr'tica3 so5ret&do no &e concerne a se& efeito interelatório

da ideologia na constit&i+,o dos s&;eitos h&$anos e no ass&;eita$ento desses ao S&;eito (co$ S

$ai4sc&lo#.

ensador franc*s define a ideologia en&anto &$a rática3 na &al or $eio das

interela+<es3 constit&e$ s&;eitos e$ &$a rela+,o i$aginária co$ as s&as condi+<es reais de

e9ist*ncia. “ homem sempre tem vivido so&re relaç!es sociais ideológicas” e os “indiv)duos

são desde sempre( sueitos( quer di"er( sueitos-'-sueitados por uma ideologia”1K

(ALTUSS6 -AA3 1E3 . FQ#.1R

Para Alth&sser3 a ideologia : f&nda$ental e$ ter$os de constit&i+,o do s&;eito. A f&n+,o

da ideologia : constit&ir indiv/d&os concretos e$ s&;eitos3 desde $odo3 o rocesso de

interela+,o ideológica a &e os s&;eitos s,o s&5$etidos : f&nda$ental @ constit&i+,o de s&a

teoria da ideologia (S%LA3 200E3 . 1Q#.

6$ s/ntese3 Alth&sser (1EE23 . Q# defende a tese de &e “# pela representação da relação

imagin'ria com suas condiç!es de e$ist%ncia que o sueito se institui”.1Q

A ideologia3 nessesentido3 seria co$o i$aginário &e inter$edeia a rela+,o das essoas co$ s&as condi+<es de

e9ist*nciaD (%5ide$.3200E3 .1QE#.

Confor$e Alth&sser (1EE2#3 as essoas s,o s&;eitos3 interelados ela ideologia de for$a

inconsciente.1F Assi$3 diante da rede de sentidos e9istentes3 filia$=se e s,o afetados3 ;&sta$ente

ela identifica+,o ideológica3 or alg&ns sentidos e n,o or o&tros co$ isso3 as essoas fala$3

osiciona$=se e age$ de &$ $odo e n,o de o&tro (es&eci$ento en&nciativo#. -esse caso3 a

osi+,o disc&rsiva &e se oc&a3 &ando se fala o&!e se osiciona3 : constit&tiva no &e se refere

ao &e se di e nos sentidos atri5&/dos co$o fen>$enos (o5;etos# sociais.

6$ s/ntese3 há a reto$ada da tese de Alth&sser (1EE2# &e trato& da $aterialidade da

ideologia no disc&rso3 &ando ro<e3 so5ret&do3 &e o disc&rso : &$a das for$as de realia+,o

11 5o$ ressaltar &e Alth&sser inverte a ersectiva $ar9ista &e conce5e 5asica$ente a ideologia como mera

distorção do real . Le$5ra=se ta$5:$3 nesta ocasi,o3 &e os AIEs “funcionam pela ideologia”3 ortanto3 ela devea&i ser reto$ada e disc&tida de $odo $ais detalhado.12 Le$5ra=se3 nesta ocasi,o3 &e os AIEs “funcionam pela ideologia” ortanto3 ela deve a&i ser reto$ada edisc&tida de $odo $ais detalhado3 ois corresonde ao f&nda$ento da tese de Alth&sser so5re o s&;eito.1K rifo do a&tor.1R er AAL)% (200Q#. 1Qrifo do a&tor.1F oltar=se=á a esta &est,o.



www.psicologia.pt


Arnaldo Toni Chagas Siga-nos em


do ideológicoD (ALTUSS63 1EE2#.1 s s&;eitos3 frente @ ideologia3 oss&e$ &$a rela+,o

i$aginária co$ o $&ndo real O co$ s&as condi+<es reais de e9ist*ncia. Logo3 os indiv/d&os3

seg&ndo o a&tor3 são invocados ou interpelados como sueitos concretos pela ideologia

(ALTUSS63 1EE2# e3 s,o interelados or&e aceita$ se& ael no interior do siste$a de

rela+<es de rod&+,o.

Sendo assi$3 co$o ;á foi dito3 n,o e9iste s&;eito se$ ideologia3 ne$ ideologia se$ s&;eito3

&ando assa do lano esirit&al ara o da rática3 ois3 se &$ indiv/d&o oss&i cren+as e ideais3

eles ser,o refletidas e$ s&as atit&des3 s&as a+<es. Alth&sser (%n7 M%M6W3 1EEF3 . 1K0# relaciona e

disc&te3 nesse sentido3 a ideologia e os atos transfor$ados e$ ráticas. -as alavras do filósofo7

retende$os assinalar &e essas ráticas s,o regidas or rituais e$ &e elas se inscreve$3

dentro da e$ist%ncia material de um aparelho ideológico3 ne$ &e se;a n&$a e&ena arte desse

aarelho7 &$a e&ena $issa n&$a igre;inha3 &$ f&neralD etc.

Assi$3 or e9e$lo3 a e9ist*ncia das ideias &e for$a$ s&a cren+a : $aterialD3 or isso3 o

a&tor3 ao tratar de &$ 4nico s&;eito (co$o &$ indiv/d&o#3 chega @ concl&s,o de &e “suas ideias

são seus atos materiais( inseridos em pr'ticas materiais regidas por rituais materiais( os quais(

por seu turno( são definidos pelo aparelho ideológico material de que derivam as ideias desse

sueito” (1EEF3 .1K0#.

Ao dar seg&i$ento nas disc&ss<es3 nota=se &e3 ara Alth&sser (dito or ele $es$o#3 o

ter$o ideias (en&anto ideais# vai erdendo for+a e desaarece. )esse $odo3 o a&tor dirige s&as

disc&ss<es ara as rela+<es entre s&;eito3 consci*ncia3 cren+a3 atos3 ráticas3 rit&ais e aarelho

ideológico3 ois :3 nos atos e nas ráticas3 &e as ideais est,o inscritas e orientadas or rit&ais no

interiorD de &$ A%6.

)e t&do o &e foi destacado3 antes de chegar @ disc&ss,o de s&a tese central = “A ideologia

interpela os indiv)duos como sueitos” =3 Alth&sser chega @ seg&inte concl&s,o7

1. n,o e9iste rática3 atrav:s de &$a ideologia3 e dentro delaD e

2. n,o e9iste ideologia3 e9ceto elo s&;eito e ara s&;eitosD (%n7 M%M6W3 1EEF3 . 1K1#.

6$ vista disso3 chega=se a &$a ri$eira concl&s,o3 co$reendendo a import.ncia

fundamental da ideologia na questão da constituição dos sueitos humanos. A ideologia3 co$o se

ode o5servar3 na ersectiva Alth&sseriana3 n,o : f&nda$ental$ente &$a &est,o de IideiasJ7 :

&$a estr&t&ra &e se i$<e a nós3 se$ necessaria$ente ter &e assar ela consci*nciaD

(T6%X6%A3 200Q3 . Q#. 6ssa :3 seg&ndo a a&tora citada3 &$a arecia+,o ositiva de Alth&sser

e$ rela+,o @ ideologia3 ;á &e a ideologia : conce5ida co$o algo no estado indeter$inado de

n,o ser verdadeiro3 $as &e :3 no entanto3 necessaria$ente vitalD (%5id.3 .Q#.

1 6ssa no+,o3 aliás3 foi reto$ada e reconsiderada3 or "ichel P*che&9 no interior da A)3 ocasi,o e$ &e foi

relacionada @s no+<es de 'or$a+,o ideológica Yde 'or$a+,o disc&rsiva (P*che&9#. -esta ocasi,o3 entretanto3 n,ose entrará nesta disc&ss,o.



www.psicologia.pt


Arnaldo Toni Chagas Siga-nos em


6$ &$a ri$eira for$&la+,o de Alth&sser3 conce5ida neste tra5alho3 co$o &$a &est,o

f&nda$ental3 &ando : discorrida so5re a tese de &e = “toda ideologia interpela os indiv)duos

concretos enquanto sueitos concretos”3 nota=se &e a ideologia3 e$ se& f&nciona$ento3

Jrecr&taJ s&;eitos dentre os (...# indiv/d&os o& Itransfor$aJ indiv/d&os e$ s&;eitos (...#.1 A

e9ist*ncia da ideologia e a interela+,o dos indiv/d&os en&anto s&;eitos s,o &$a $es$a coisaD(ALTUSS63 1EE23 . EF3E#. 6$ o&tras alavras3 os indiv/d&os (concretos# torna$=se s&;eitos

elo res&ltado ositivoD da interela+,o. Assi$ sendo3 ode=se afir$ar3 de for$a si$lificada3

&e a&i ocorre &$a identifica+,o do indiv/d&o no disc&rso de se& se$elhante. 6ssa identifica+,o

torna=o s&;eito (P%-T3 1EE#.

Para tratar da interela+,o ideológica e3 conco$itante$ente3 do s&;eito3 Alth&sser conce5e

a presença do inconsciente na interpelação ideológica. -esse asecto3 insira=se e9licita$ente

na sicanálise fre&do=lacaniana ara tratar da rela+,o inconsciente!ideologia.1E -esse &esito3

defende a ideia de &e a ideologia ve$ de $&ito te$o3 ela : oniresente3 trans=histórica Gn,ote$ históriaH logo3 : terna (omni-histórica#3 so5 s&a for$a i$&tável e$ toda a históriaD3 o& se;a3

: co$o o inconsciente.20 A ideologia : &$a estr&t&ra 5ásica da condi+,o sócio=histórica3 de $odo

&e3 erassando o te$o3 ela f&nciona inconsciente$ente e se i$<e ao ser h&$ano. Logo3

domina as pessoas sem terem consci%ncia disso or ela3 s,o interelados3 ass&;eitados.

Alth&sser ro>s=se a desenvolver &$a teoria da ideologia e$ geral3 no $es$o sentido

e$ &e 're&d aresento& &$a teoria do inconsciente e$ geralD (1EE23 .Q#.21Wonder (20023 .

121# le$5ra &e Alth&sser3 ao roor a teoria da ideologia e$ geral3 insisti& no fato de &e os

ho$ens representam( ara si $es$os3 a ideologia de &e n&nca o $&ndo : tal co$o eleefetiva$ente e9iste3 e si$ há a $arca nele da interven+,o h&$anaD. Assi$3 a ideologia # a

representação imagin'ria da viv%ncia do homem com o seu mundo.

Ao discorrer so5re co$o a ideologia oera ara constit&ir s&;eitos h&$anos e s&as for$as

de s&5;etividade3 Alth&sser entende &e os indiv/d&os ;á fora$ se$re interelados ela

ideologia O &e s,o sempre '-sueitos. Para isso3 o a&tor lan+a $,o do &e 're&d e Lacan

ensina$3 ao le$5rare$=se do rit&al ideológico e$ torno do rocesso de nasci$ento do 5e5*.

A crian+a3 antes de nascer3 ;á : (se$re# s&;eito eserado ela fa$/lia3 ;á oss&i &$ no$e3

&$ significado e certo l&garD nesta instit&i+,o3 ainda &e tenha &e se inscrever na orde$ da

c&lt&ra efetiva$ente diante do rocesso de socia5ilia+,o3 tornando=se s&;eito h&$ano3 &$ ser de

fala &e ta$5:$ : falado. )iante dessa sit&a+,o3 o indiv/d&o n,o oss&i a&tono$ia da

1 %sso ocorre ;&sta$ente ela oera+,o cha$ada de interpelação.1E 6ssa rela+,o roosta or Alth&sser3 reto$ada or "ichel P*che&9 e$ s&a teoria do disc&rso3 tro&9econse&*ncias i$ortantes ara A) de linha francesa3 so5ret&do no &e di reseito ao conceito de disc&rso3 s&;eitoe sentido. er -ina Leite (1EER3 . 1R31RE#.20 er Aarelhos ideológicos de 6stadoD (1EE23 . R3Q e E3EE#.21 er %deologia geral e %deologia co$ % $ai4sc&laD3 %n7 6)AT. Teorias do te9to e do disc&rsoD3 6ditora daUl5ra3 200F = . 12.



www.psicologia.pt




,I,LIOGRA(IAS

ALTUSS63 Lo&is. (1E1#.Id"olog- and Id"ologi!alS.a." a//ara.0s"s. Lenin and hilosoh\. London3-LB.

]]]]]]].A/ar"lhos Id"ol1gi!os d" Es.ado.io de Zaneiro. 6di+<es raal3 1EE2.

]]]]]]]. (r"0d " La!an 2 Mar3 " (r"0d% R[. 6d. io de Zaneiro7 raal3 2000.

AAL)%3 Sta&5 %n*s. A !ara/04a da dis!1rdia# uma an'lise dos discursos que emanam

de um gesto presidencial % Ling&age$ e$ ()is#c&rso = Le$)3 T&5ar,o3 v. Q3 n. 23 . K2K=KKQ3

;an.!;&n. 200Q.

P%-T3 C:li. Co5 a /alara o s"nhor Pr"sid"n." Jos6 Sarn"-.u como entender os

meandros do poder .S,o Pa&lo7 6ditora UC%T6C3 1EE

S%LA enata. Ling0ag"5 " id"ologia7 em&ates teóricos,Ling&age$ e$ ()is#c&rso O

Le$)3 v. E3 n. 13 . 1Q=103 ;an.!a5r. 200E.

T6%X6%A "arlene. An7lis" d" dis!0rso " /si!an7lis". 6le$entos ara &$a a5ordage$

do sentido no disc&rso. 6)%PUCS3 200Q.

W-)6 Leandro. A 80"s.9o da id"ologia. S,o Pa&lo7 co$anhia das letras3 2002.

M%M6W3 Mlavo; (rg#. U5 5a/a da id"ologia. io de Zaneiro7 Contraonto3 1EEF.

althusser sobre o sujeito

Documents