allan kardec - resumo da lei dos fenômenos esp

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    Allan Kardec

    Resumo da Lei dosFenmenos Espritas

    Verso Digital

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    Resumo da Lei dos Fenmenos Espritas

    porALLAN KARDEC

    Ttulos originais:

    RSUM DE LAI LOI DES PHNOMNES SPIRITES(Paris, Avr. 1864, Chez Didier et Cie.)

    Traduo:SALVADOR GENTILE

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    ndice Geral

    Observaes Preliminares.........................................................4

    Dos Espritos ................................................................................5

    Manifestao dos Espritos .......................................................8

    Dos Mdiuns ...............................................................................18Das Reunies Espritas ............................................................20

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    Observaes Prel iminaresAs pessoas alheias ao Espiritismo, no lhe compreendendo

    nem os objetivos nem os fins, dele fazem, quase sempre, umaidia completamente falsa. O que lhe falta, sobretudo, o conhe-cimento do princpio, a chave primeira dos fenmenos; faltadisso, o que vem e o que ouvem sem proveito e mesmo seminteresse para elas. A experincia tem demonstrado que apenas aviso ou o relato dos fenmenos no bastam para convencer.Aquele mesmo que testemunha de fatos capazes de confundi-rem, fica mais espantado do que convencido; quanto mais o efeitoparece extraordinrio, mais dele se suspeita. Somente um estudoprvio srio pode conduzir convico; freqentemente, bastapara mudar inteiramente o curso das idias. Em todos os casos, indispensvel para compreenso dos mais simples fenmenos.

    falta de uma instruo completa, um resumo sucinto da lei querege as manifestaes bastar para fazer considerar as coisas sobseu verdadeiro aspecto, para as pessoas que nela ainda no estoiniciadas. o primeiro passo que damos na pequena instruoadiante.

    Esta instruo foi feita, sobretudo, tendo em vista as pessoasque no possuem nenhuma noo do Espiritismo. Nos grupos ou

    reunies espritas, onde se encontrem assistentes novios, podeservir, utilmente, de prembulo s sesses, segundo as necessida-des.

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    Dos Espr i tos1. O Espiritismo , ao mesmo tempo, uma cincia de obser-

    vao e uma doutrina filosfica. Como cincia prtica, consistenas relaes que se podem estabelecer com os Espritos; comofilosofia, compreende todas as conseqncias morais que decor-rem dessas relaes.

    2. Os Espritos no so, como freqentemente se imagina, se-res parte na criao; so as almas daqueles que viveram sobre aTerra ou em outros mundos. As almas ou Espritos so, pois, umanica e mesma coisa; de onde se segue que quem cr na existnciada alma cr, por isso mesmo, na dos Espritos. Negar os Espritosseria negar a alma.

    3. Geralmente, se faz uma idia muito falsa do estado dos Es-pritos; eles no so, como alguns o crem, seres vagos e indefini-dos, nem chamas como os fogos ftuos, nem fantasmas como noscontos de assombrao. So seres semelhantes a ns, tendo umcorpo igual ao nosso, mas fludico e invisvel no estado normal.

    4. Quando a alma est unida ao corpo, durante a vida, ela temduplo envoltrio: um pesado, grosseiro e destrutvel, que o

    corpo; outro fludico, leve e indestrutvel, chamado perisprito. Operisprito o lao que une a alma e o corpo; por seu intermdioque a alma faz o corpo agir e percebe as sensaes experimenta-das pelo corpo.

    A unio da alma, do perisprito e do corpo material constituio homem; a alma e o perisprito separados do corpo constituem oser chamadoEsprito.

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    5. A morte a destruio do envoltrio corporal; a alma a-

    bandona esse envoltrio como troca a roupa usada, ou como aborboleta deixa sua crislida; mas conserva seu corpo fludico ouperisprito.

    A morte do corpo livra o Esprito do envoltrio que o prendia Terra e o fazia sofrer; uma vez livre desse fardo, no tem senoseu corpo etreo que lhe permite percorrer o espao e vencer asdistncias com a rapidez do pensamento.

    6. Os Espritos povoam o espao; eles constituem o mundoinvisvel que nos rodeia, no meio do qual vivemos, e com o qualestamos, sem cessar, em contato.

    7. Os Espritos tm todas as percepes que tinham na Terra,mas num mais alto grau, porque suas faculdades no esto maisamortecidas pela matria; tm sensaes que nos so desconheci-

    das; vem e ouvem coisas que nossos sentidos limitados no nospermitem nem ver e nem ouvir. Para eles no h obscuridade,salvo para aqueles cuja punio estar temporariamente nastrevas. Todos os nossos pensamentos repercutem neles, que oslem como em um livro aberto; de sorte que aquilo que podemosocultar a algum vivo, no poderemos mais desde que seja umEsprito.

    8. Os Espritos conservam as afeies srias que tiveram naTerra; eles se comprazem em voltar para junto daqueles que ama-ram, sobretudo, quando so atrados por pensamentos e sentimen-tos afetuosos que lhes dirigem, ao passo que so indiferentes paracom aqueles que no lhes tm seno a indiferena.

    9. Uma idia quase geral entre as pessoas que no conhecemo Espiritismo crer que os Espritos, somente porque esto livres

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    da matria, tudo devem saber e possurem a soberana sabedoria.

    A est um erro grave.Os Espritos, no sendo seno as almas dos homens, no ad-

    quirem a perfeio deixando seu envoltrio terrestre. O progressodo Esprito no se realiza seno com o tempo e no seno suces-sivamente que ele se despoja de suas imperfeies, que adquire osconhecimentos que lhe faltam. Seria to ilgico admitir que oEsprito de um selvagem ou de um criminoso se torne, de repente,

    sbio e virtuoso, quanto seria contrrio justia de Deus pensarque ele permanecesse perpetuamente na inferioridade.

    Como h homens de todos os graus de saber e de ignorncia,de bondade e de maldade, ocorre o mesmo com os Espritos. Hos que so apenas levianos e traquinas, outros so mentirosos,trapaceiros, hipcritas, maus, vingativos; outros, ao contrrio,possuem as mais sublimes virtudes e o saber num grau desconhe-cido na Terra. Essa diversidade na qualidade dos Espritos umdos pontos mais importantes a se considerar, porque explica anatureza boa ou m das comunicaes que se recebem; emdistingui-las que preciso, sobretudo, se aplicar. (O Livros dosEspritos, n 100, Escala Esprita. - O Livro dos Mdiuns, cap.XXIV.)

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    Mani festao dos Espr i tos10. Os Espritos podem se manifestar de maneiras bem dife-

    rentes: pela viso, pela audio pelo toque, pelos rudos, pelosmovimentos dos corpos, pela escrita, pelo desenho, pela msica,etc. Eles se manifestam por intermdio de pessoas dotadas de umaaptido especial para cada gnero de manifestao e que se distin-guem sob o nome de mdiuns. assim que se distinguem osmdiuns videntes, falantes, audientes, sensitivos, de efeitos fsi-cos, desenhistas, tiptlogos, escreventes, etc. Entre os mdiunsescreventes, h numerosas variedades, segundo a natureza dascomunicaes que esto aptos a receber.

    11. O fluido que compe o perisprito penetra todos os corpose os atravessa como a luz atravessa os corpos transparentes; ne-

    nhuma matria lhe ope obstculo. por isso que os Espritospenetram por toda a parte, nos lugares o mais hermeticamentefechados; uma idia ridcula crer-se que eles se introduzem poruma pequena abertura, como o buraco de uma fechadura ou otubo de uma chamin.

    12. O perisprito, embora invisvel para ns no estado normal,no deixa de ser matria etrea. O Esprito pode, em certos casos,

    faz-lo sofrer uma espcie de modificao molecular que o tornavisvel e mesmo tangvel; assim que se produzem as aparies.Esse fenmeno no mais extraordinrio do que o do vapor que invisvel quando est mais rarefeito, e que se torna visvel quandoest condensado.

    Os Espritos que se tornam visveis se apresentam, quasesempre, sob a aparncia que tinham quando vivos e que podem

    faz-los reconhecer.

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    13. com a ajuda do seu perisprito, que o Esprito atua sobre

    seu corpo vivo; ainda com esse mesmo fluido que ele se mani-festa atuando sobre a matria inerte, que produz os rudos, osmovimentos de mesas e outros objetos, que ergue, tomba outransporta. Esse fenmeno nada tem de surpreendente se se consi-dera que, entre ns, os mais poderosos motores se acham nosfluidos os mais rarefeitos e mesmo imponderveis, como o ar, ovapor e a eletricidade.

    igualmente com a ajuda do seu perisprito que o Espritofaz os mdiuns escreverem, falarem, ou desenharem; no tendomais corpo tangvel para atuar ostensivamente quando quer semanifestar, ele se serve do corpo do mdium, de quem emprestaos rgos que faz atuarem como se fosse seu prprio corpo, e issopela emanao fludica que derrama sobre ele.

    14. No fenmeno designado sob o nome de mesas girantes ou

    falantes, pelo mesmo meio que o Esprito atua sobre a mesa,seja para faz-la mover sem significao determinada, seja parafaz-la dar golpes inteligentes indicando as letras do alfabeto,para formar palavras e frases, fenmeno designado sob o nome detiptologia. A mesa no aqui seno um instrumento do qual ele seserve, como o faz com o lpis para escrever; lhe d uma vitalidademomentnea pelo fluido com o qual a penetra, mas ele no seidentifica com ela. As pessoas que, em sua emoo, vendo semanifestar um ser que lhes caro, abraam a mesa, praticam umato ridculo, porque absolutamente como se elas abraassem obasto do qual um amigo se serve para dar pancadas.

    Ocorre o mesmo com aqueles que dirigem a palavra mesa,como se o Esprito estivesse encerrado na madeira e como se amadeira tivesse se tornado esprito.

    Quando as comunicaes ocorrem por esse meio, precisoimaginar o Esprito no na mesa, mas ao lado, tal como estaria se

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    estivesse vivo, e tal como se o veria se, nesse momento, pudesse

    se tornar visvel. A mesma coisa ocorre nas comunicaes pelaescrita; ver-se-ia o Esprito ao lado do mdium, dirigindo suamo, ou lhe transmitindo o seu pensamento por uma correntefludica.

    15. Quando a mesa se destaca do solo e flutua no espao semponto de apoio, o Esprito no a ergue com fora do brao, mas aenvolve e a penetra com uma espcie de atmosfera fludica queneutraliza o efeito da gravitao, como o ar o faz para os bales eos papagaios de papel. O fluido do qual est penetrada lhe d,momentaneamente, uma leveza especfica maior. Quando ela estpregada no solo, est num caso anlogo ao da campana pneumti-ca sob a qual se faz o vcuo. Estas no so seno comparaespara mostrar a analogia dos efeitos e no a similitude absoluta dascausas.

    Compreende-se, depois disso, que no mais difcil ao Esp-rito erguer uma pessoa do que erguer uma mesa, de transportarum objeto de um lugar para outro ou de lan-lo em qualquerparte; esse fenmenos se produzem pela mesma lei.

    Quando a mesa persegue algum, no o Esprito que passei-a, porque ele pode permanecer tranqilamente no mesmo lugar,mas quem lhe d impulso por uma corrente fludica com a ajuda

    da qual a faz mover-se sua vontade.Quando os golpes se fazem ouvir na mesa ou fora dela, o Es-

    prito no bate com a sua mo, nem com um objeto qualquer;dirige sobre o ponto de onde parte o rudo, um jato de fluido queproduz o efeito de um choque eltrico. Ele modifica o rudo,como se podem modificar os sons produzidos pelo ar.

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    16. A obscuridade necessria produo de certos efeitos f-

    sicos, sem dvida, se presta suspeio e fraude, mas nadaprova contra a possibilidade do fato.

    Sabe-se que, na qumica, h combinaes que no se podemoperar sob a luz; que composies e decomposies ocorrem soba ao do fluido luminoso; ora, sendo todos os fenmenos espri-tas o resultado da combinao dos fluidos prprios do Esprito edo mdium, e esses fluidos sendo da matria, nada h de espanto-

    so de que, em certos casos, o fluido luminoso seja contrrio a essacombinao.

    17. Os Espritos superiores no se ocupam das comunicaesinteligentes seno tendo em vista a nossa instruo; as manifesta-es fsicas ou puramente materiais, esto mais especialmente nasatribuies dos Espritos inferiores, vulgarmente designados sob onome de Espritos batedores, como, entre ns, as habilidades

    dizem respeito aos saltimbancos e no aos sbios.

    18. Os Espritos so livres; se manifestam quando querem, aquem lhes convm e tambm quando podem, porque no tmsempre a possibilidade. Eles no esto s ordens e ao capricho dequem quer que seja e no dado a ningum fazer com que ve-

    nham contra sua vontade, nem faz-los dizer o que querem calar;de sorte que ningum pode afirmar que um Esprito qualquer virao seu chamado em um momento determinado, ou responder atal ou tal pergunta. Dizer o contrrio, provar ignorncia absolutados princpios mais elementares do Espiritismo; s o charlatanis-mo tem fontes infalveis.

    19. H pessoas que obtm regularmente e, de alguma forma, vontade, a produo de certos fenmenos; mas, h que se anotar

    que esses so sempre efeitos puramente fsicos, mais curiosos doque instrutivos, e que se produzem constantemente em condies

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    anlogas. As circunstncias nas quais so obtidos so de natureza

    a inspirarem dvidas, tanto mais legtimas sobre sua realidadequando so geralmente objetos de uma explorao, e, freqente-mente, quando difcil distinguir a mediunidade real da prestidi-gitao. Os fenmenos desse gnero, entretanto, podem ser oproduto de uma mediunidade verdadeira, porque pode ocorrer queEspritos de baixo estgio, que talvez tinham tido esse ofcio, secomprazam nessas espcies de exibies; mas seria absurdo pen-

    sar que os Espritos, por pouca que seja sua elevao, se alegremem se exibirem.

    Isso no infirma em nada o princpio da liberdade dos Espri-tos; aqueles que vm, o fazem porque isso lhes agrada, mas noporque sejam constrangidos, e do momento que no lhes conve-nha mais vir, se o indivduo for verdadeiro mdium, nenhumefeito se produzir. Os mais poderosos mdiuns, de efeitos fsicosou outros, tm tempos de interrupo, independentemente de sua

    vontade; os charlates no os tm jamais.De resto, esses fenmenos, supondo-os reais, so apenas uma

    aplicao muito parcial da lei que rege as relaes do mundocorporal com o mundo espiritual, mas no constituem o Espiritis-mo; de sorte que sua negao no infirmaria em nada os princ-pios gerais da Doutrina.

    20. Certas manifestaes espritas se prestam, bem facilmen-te, a uma imitao mais ou menos grosseira; mas do fato de quepuderam ser explorados, como tantos outros fenmenos, pelacharlatanice e pela prestidigitao, seria absurdo disso concluirque elas no existam. Para aquele que estudou e conhece as con-dies normais nas quais elas podem se produzir, fcil distinguira imitao da realidade; a imitao, de resto, no poderia jamaisser completa e no pode enganar seno o ignorante incapaz de

    apreender as nuanas caractersticas do fenmeno verdadeiro.

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    21. As manifestaes mais fceis de serem imitadas, so cer-

    tos efeitos fsicos e os efeitos inteligentes vulgares, tais como osmovimentos, as pancadas, os transportes, a escrita direta, as res-postas banais, etc; no ocorre o mesmo com as comunicaesinteligentes de uma alta importncia, ou na revelao de coisasnotoriamente desconhecidas do mdium; para imitar os primeirosno preciso seno a destreza; para simular os outros preciso,quase sempre, uma instruo pouco comum, uma superioridade

    intelectual fora de srie e uma faculdade de improvisao, porassim dizer, universal, ou o dom da adivinhao.

    22. As produes de espectros nos teatros foram apresenta-das, injustamente, como tendo relaes com a apario de Espri-tos, das quais so apenas uma grosseira e imperfeita imitao. preciso ignorar os primeiros elementos do Espiritismo para vernisso a menor analogia e crer que disso que se ocupa nas reuni-

    es espritas. Os Espritos no se tornam visveis ao comando deningum, mas por sua prpria vontade, nas condies especiaisque no esto no poder de quem quer que seja provocar.

    23. As evocaes espritas no consistem, como alguns ima-ginam, em fazer voltar os mortos com um aspecto lgubre datumba. No seno nos romances, nos contos fantsticos defantasmas e no teatro que se vem os mortos descarnados sarem

    de seus sepulcros vestidos de lenis e fazendo estalar seus ossos.O Espiritismo, que jamais fez milagres, tanto esse como outros,jamais fez reviver um corpo morto; quando o corpo est na cova,a est definitivamente; mas o ser espiritual, fludico, inteligente,a no est metido com seu envoltrio grosseiro; dele se separouno momento da morte e, uma vez operada a separao, no temmais nada de comum com ele.

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    24. A crtica malevolente procura representar as comunica-

    es espritas como cercadas de prticas ridculas e supersticiosasda magia e da necromancia. Diremos simplesmente que no h,para se comunicar com os Espritos, nem dias, nem horas, nemlugares mais propcios uns do que os outros; que no precisopara evoc-los, nem frmulas, nem palavras sacramentais oucabalsticas; e no h necessidade de nenhuma preparao, denenhuma iniciao; que o emprego de qualquer sinal ou objeto

    material, seja para atra-los, seja para afast-los, no tem efeito eo pensamento basta; enfim, que os mdiuns recebem suas comu-nicaes to simplesmente e to naturalmente como se fossemditadas por uma pessoa viva, sem sair do estado normal. S ocharlatanismo poderia tomar maneiras excntricas e adicionaracessrios ridculos.

    A evocao dos Espritos se faz em nome de Deus, com res-peito e recolhimento; a nica coisa recomendada s pessoas

    srias que querem ter relaes com Espritos srios.

    25. As comunicaes inteligentes, que se recebem dos Espri-tos, podem ser boas ou ms, justas ou falsas, profundas ou levia-nas, segundo a natureza dos Espritos que se manifestam. Os queprovam a sabedoria e o saber so Espritos avanados que progre-diram; os que provam a ignorncia e as ms qualidades soEspritos ainda atrasados, mas que progrediro com o tempo.

    Os Espritos no podem responder seno sobre o que sabem,segundo seu adiantamento, e, ademais, sobre o que lhes permiti-do dizerem, porque h coisas que no devem revelar, uma vez queainda no dado ao homem tudo conhecer.

    26. Da diversidade nas qualidades e nas aptides dos Espri-tos, resulta que no basta se dirigir a um Esprito qualquer para

    obter uma resposta justa a toda pergunta, porque, sobre muitascoisas, no podem dar seno a sua opinio pessoal, que pode ser

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    justa ou falsa. Se ele for sbio, confessar a sua ignorncia sobre

    o que no sabe; se for leviano ou mentiroso, responder sobretudo sem se importar com a verdade; se for orgulhoso, dar a suaidia como verdade absoluta. Haveria, pois, imprudncia e levi-andade em aceitar, sem controle, tudo o que vem dos Espritos.Por isso, essencial estar esclarecido quanto natureza daquelescom os quais se ocupe. (O Livro dos Mdiuns, n 257.)

    27. Reconhece-se a qualidade dos Espritos por sua lingua-gem; a dos Espritos verdadeiramente bons e superiores sempredigna, nobre, lgica, isenta de contradies; anuncia a sabedoria,a benevolncia, a modstia e a mais pura moral; concisa e sempalavras inteis. Entre os Espritos inferiores, ignorantes ou orgu-lhosos, o vazio das idias, quase sempre, compensado pelaabundncia das palavras. Todo pensamento evidentemente falso,toda a mxima contrria s moral, todo conselho ridculo, toda

    expresso grosseira, trivial ou simplesmente frvola, enfim, todamarca de malevolncia, de presuno ou de arrogncia, so sinaisincontestveis de inferioridade em um Esprito.

    28. O objetivo providencial das manifestaes convencer osincrdulos de que tudo no termina, para o homem, com a vidaterrestre e de dar aos crentes idias mais justas sobre o futuro. Osbons Espritos vm nos instruir tendo em vista o nosso melhora-

    mento e o nosso adiantamento e no para nos revelar o que nodevemos ainda saber, ou o que no devemos aprender seno pelonosso trabalho. Se bastasse interrogar os Espritos, para se obter asoluo de todas as dificuldades cientficas, ou para fazer desco-bertas e invenes lucrativas, todo ignorante poderia tornar-sesbio facilmente e todo preguioso poderia se enriquecer semesforo; o que Deus no quer. Os Espritos ajudam o homem degnio pela inspirao oculta, mas no o isentam nem do trabalhodas pesquisas, a fim de deixar-lhe o mrito.

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    29. Seria fazer uma idia bem falsa dos Espritos, vendo neles

    apenas os auxiliares dos ledores de sorte; os Espritos srios recu-sam-se ocupar de coisas fteis; os Espritos levianos e zombetei-ros se ocupam de tudo, respondem a tudo, predizem tudo o que sequer, sem se inquietarem com a verdade, e sentem um prazermaligno ao mistificarem as pessoas muito crdulas; por isso que essencial estar perfeitamente fixado sobre a natureza das per-guntas que se podem dirigir aos Espritos. (O Livro dos Mdiuns,

    n 286: Perguntas que se podem dirigir aos Espritos)30. As manifestaes no esto, pois, destinadas a servirem

    aos interesses materiais, cujo cuidado est entregue inteligncia,ao discernimento e atividade do homem. Seria em vo quetentar-se-ia empreg-las para conhecer o futuro, descobrir tesou-ros ocultos, recuperar heranas, ou encontrar meios de se enrique-cer. Sua utilidade est nas conseqncias morais que dela decor-

    rem; mas se no tivessem por resultado seno fazer conhecer umanova lei da Natureza, de demonstrar, materialmente, a existnciada alma e sua imortalidade, isso j seria muito, porque seria umnovo e largo caminho aberto filosofia.

    31. Pode-se ver, por essas poucas palavras, que as manifesta-es espritas, de qualquer natureza que sejam, nada tm de so-brenatural nem de maravilhoso. So fenmenos que se produzem

    em virtude da lei que rege as relaes do mundo corporal e domundo espiritual, lei tambm to natural como a da eletricidade,da gravidade, etc. O Espiritismo a cincia que nos faz conheceressa lei, como a mecnica nos faz conhecer a lei do movimento, atica a da luz. As manifestaes espritas, estando na Natureza,produziram-se em todas as pocas; a lei que as rege, sendo conhe-cida, nos explica uma srie de problemas considerados insolveis; a chave de uma multido de fenmenos explorados e aumenta-dos pela superstio.

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    32. Estando o maravilhoso completamente descartado, esses

    fenmenos nada mais tm que repugne razo, porque vm tomarlugar ao lado dos outros fenmenos naturais. Nos tempos daignorncia, todos os efeitos dos quais no se conhecia a causaeram reputados sobrenaturais; as descobertas da cincia restringi-ram sucessivamente o crculo do maravilhoso; o conhecimentodessa nova lei veio reduzi-lo a nada. Aqueles, pois, que acusam oEspiritismo de ressuscitar o maravilhoso, provam, por isso mes-

    mo, que falam de uma coisa que no conhecem.

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    Dos Mdiuns33. O mdium no possui seno a faculdade de se comunicar;

    a comunicao efetiva depende da vontade dos Espritos. Se osEspritos no querem se manifestar, o mdium nada obtm; como um instrumento sem msico.

    34. A facilidade das comunicaes depende do grau de afini-dade que existe entre os fluidos do mdium e do Esprito. Cadamdium est, assim, mais ou menos apto para receber a impressoou impulso do pensamento de tal ou tal Esprito; ele pode ser umbom instrumento para um e mau para um outro. Disso resulta que,dois mdiuns igualmente bem dotados, estando um ao lado dooutro, um Esprito poder se manifestar por um e no pelo outro.

    , pois, um erro crer que basta ser mdium para receber com

    igual facilidade as comunicaes de todo Esprito. No existemmdiuns universais. Os Espritos procuram, de preferncia, osinstrumentos que vibrem em unssono com eles.

    Sem a harmonia, que s a assimilao fludica pode propor-cionar, as comunicaes so impossveis, incompletas ou falsas.Podem ser falsas porque, falta do Esprito desejado, no faltamoutros, prontos para aproveitarem a ocasio de se manifestarem e

    que pouco se importam em dizer a verdade.35. Um dos maiores escolhos da mediunidade a obsesso,

    quer dizer, o imprio que certos Espritos podem exercer sobre osmdiuns, impondo-se a eles sob nomes apcrifos e impedindo-osde se comunicarem com outros Espritos.

    36. O que constitui o mdium, propriamente dito, a faculda-

    de; sob esse aspecto, ele pode estar mais ou menos formado, maisou menos desenvolvido. O que constitui o mdium seguro, o que

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    se pode verdadeiramente qualificar de bom mdium, a aplicao

    da faculdade, a aptido de servir de intrprete dos bons Espritos.(O Livro dos Mdiuns, cap. XXIII.)

    37. A mediunidade uma faculdade essencialmente mvel efugidia, pela razo de estar subordinada vontade dos Espritos;por isso que est sujeita a intermitncias. Esse motivo, e o prin-cpio mesmo segundo o qual se estabelece a comunicao, so osobstculos a que se torne uma profisso lucrativa, uma vez queno poderia ser nem permanente, nem aplicvel a todos os Espri-tos e porque poderia faltar no momento em que dela se tivessenecessidade. Alis, no racional admitir que os Espritos sriosse coloquem disposio da primeira pessoa que os queira explo-rar.

    38. A propenso dos incrdulos, geralmente, suspeitar da

    boa f dos mdiuns e supor o emprego de meios fraudulentos.Alm de que, no entendimento de certas pessoas, essa suposio injuriosa; preciso, antes de tudo, perguntar qual interesse pode-riam eles ter para enganarem e divertirem ou representarem acomdia. A melhor garantia de sinceridade est no desinteresseabsoluto, porque a onde nada tem a ganhar, o charlatanismo notem razo de ser.

    Quanto realidade dos fenmenos, cada um pode constat-la,se se coloca nas condies favorveis e se aplica a pacincia naobservao dos fatos, a perseverana e a imparcialidade necess-ria.

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    Das Reunies Espr i tas39. Os Espritos so atrados pela simpatia, a semelhana dos

    gostos e de caracteres, a inteno que faz desejar a sua presena.Os Espritos superiores no vo s reunies fteis, do mesmomodo que um sbio da Terra no iria numa assemblia de jovensestouvados. O simples bom senso diz que no pode ser de outraforma; ou, se a vo algumas vezes, para dar um conselho salu-tar, combater os vcios, procurar conduzir para o bom caminho; seno so escutados, retiram-se. Seria ter uma idia completamentefalsa, crer que os Espritos srios possam se comprazer em res-ponder a futilidades, a perguntas ociosas que no provam nemafeio, nem respeito por eles, nem desejo real, nem instruo, eainda menos que possam vir dar espetculo para divertimento doscuriosos. O que no faziam quando vivos, no podem faz-lo

    depois da sua morte.

    40. A frivolidade das reunies tem por resultado atrair os Es-pritos levianos que no procuram seno ocasies de enganarem ede mistificarem. Pela mesma razo que os homens graves e sriosno vo s assemblias levianas, os Espritos srios vo apenas sreunies srias, cujo objetivo a instruo e no a curiosidade; nas reunies desse gnero que os Espritos superiores gostam de

    dar seus ensinamentos.

    41. Do que precede resulta que, toda reunio esprita, para serproveitosa, deve, como primeira condio, ser sria e recolhida;que tudo deve se passar nela respeitosamente, religiosamente ecom dignidade, se se quer obter o concurso habitual dos bonsEspritos. preciso no esquecer que, se esses mesmos Espritosa se fizessem presentes quando vivos, ter-se-ia por eles conside-raes s quais tm ainda mais direito depois da sua morte.

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    42. Em vo se alega a utilidade de certas experincias curio-

    sas, frvolas e divertidas, para convencer os incrdulos; a umresultado muito oposto que se chega. O incrdulo, j levado azombar das mais sagradas crenas, no pode ver uma coisa srianaquilo do qual se faz um divertimento; no pode ser levado arespeitar o que no lhe apresentado de maneira respeitvel;tambm das reunies fteis e levianas, nas quais no h nemordem, nem gravidade, nem recolhimento, ele leva sempre m

    impresso. O que pode, sobretudo, convenc-lo, a prova dapresena de seres cuja memria lhe cara; diante de suas palavrasgraves e solenes, diante das revelaes ntimas, que se o vemocionar-se e fraquejar. Mas, pelo fato de que h mais respeito,venerao, afeio pela pessoa cuja alma se lhe apresenta, ele ficachocado, escandalizado, de v-la chegar a uma assemblia semrespeito, no meio de mesas que danam e da pantomima dosEspritos levianos; por incrdulo que seja, sua conscincia repele

    essa mistura do srio e do frvolo, do religioso e do profano, porisso taxa tudo isso de charlatanice e, freqentemente, sai menosconvencido do que quando entrou.

    As reunies dessa natureza fazem sempre mais mal do quebem, porque afastam da Doutrina mais pessoas do que a ela con-duzem, sem contar que se prestam a motivar a crtica dos detrato-res, que nela encontram motivos fundados de zombaria.

    FIM