allan kardec - instruções práticas sobre as manifestações espíritas

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  • 8/14/2019 Allan Kardec - Instrues Prticas sobre as Manifestaes Espritas

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    www.autoresespiritasclassicos.com

    Allan Kardec

    Instrues Prticas sobreas Manifestaes Espritas

    Exposio completa das condies necessrias comunicao com os Espritos e os meios de

    desenvolver nos mdiuns a faculdade medinica

    Ttulo do original francs:Instruction Pratique sur les Manifestations Spirites

    Aurora Boreal

    http://www.autoresespiritasclassicos.com/http://www.autoresespiritasclassicos.com/
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    Sumrio

    Prefcio da Editora...................................................................7Introduo.................................................................................9Vocabulrio Esprita...............................................................13Quadro sinticoda nomenclatura esprita especial...........................................51

    I

    Escala esprita.........................................................................54Terceira ordem Espritos imperfeitos.......................55Segunda ordem Bons Espritos.................................58Primeira ordem Puros Espritos................................60

    II

    Manifestaes espritas...........................................................62

    Ao oculta.............................................................................62Manifestaes ostensivas........................................................63

    Manifestaes fsicas...................................................63Manifestaes inteligentes...........................................64Manifestaes aparentes..............................................65Manifestaes espontneas..........................................66

    III

    Comunicaes espritas..........................................................72

    IV

    Diferentes modos de comunicao.........................................78Sematologia e tiptologia..............................................78Psicografia....................................................................83

    V

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    Mdiuns de influncia fsica...................................................89Mdiuns naturais..........................................................89Mdiuns facultativos....................................................92

    Mdiuns escreventes ou psicgrafos......................................93VI

    Papel e influncia do mdiumnas manifestaes.................................................................100

    VII

    Influncia do meiosobre as manifestaes..........................................................106

    VIII

    Das relaes com os Espritos..............................................110Das reunies..........................................................................110Do local.................................................................................112

    Das evocaes.......................................................................114Espritos que se podem evocar.............................................116Linguagem que se deveusar com os Espritos............................................................119Das perguntas que sedevem dirigir aos Espritos...................................................122Mdiuns pagos......................................................................128

    IX

    Assuntos de estudo...............................................................131

    X

    Conselhos aos novios..........................................................134

    XI

    Influncia do Espiritismo.....................................................136

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    ndice onomstico.................................................................142

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    Prefcio da Editora

    Esta obra , por ordem cronolgica, a segunda da CodificaoEsprita. O Livro dos Espritos foi apresentado ao mundo em1857.Instrues Prticas sobre as Manifestaes Espritas veioa lume no ano de 1858, o mesmo ano em que foi criada aSociedade Parisiense de Estudos Espritas e aRevista Esprita.

    Em agosto de 1860, referindo-se a estas Instrues Prticas,Kardec fazia seus leitores saberem que: Esta obra est

    inteiramente esgotada e no ser reimpressa. Substitui-la- novotrabalho, ora no prelo, que ser muito mais completo ediversamente planificado.

    Esse novo trabalho era nada menos do que O Livro dosMdiuns, um perfeito tratado de parapsicologia editado com 100anos de antecipao aos trabalhos do famoso Dr. Joseph B.Rhine.

    Em sua biografia de Allan Kardec, Henri Sausse mencionaessa refuso ao escrever: O Livro dos Mdiuns fora precedido por uma obra menos extensa: Instrues Prticas sobre asManifestaes Espritas. Quando a edio desse livro se esgotou,Allan Kardec substituiu-o por O Livro dos Mdiuns, que ovade-mcum de todos quantos desejam se entregar, comresultado, ao estudo do Espiritismo experimental.

    Assim sendo, o livro conheceu um nico lanamento sob a

    superviso direta de Kardec.Anos decorridos, todavia, encontrando-se frente da Casados Espritas, o dinmico e inesquecvel Jean Meyer julgou debom alvitre relanar o pequeno livro. Uma segunda edio foiimpressa em 1923, isto , 63 anos aps a sua publicao inicial.Lendo-o, Cairbar Schutel teve seu interesse despertado.Instrues Prticas revelava-se um livro singelo, porm dotadode extraordinrio poder de sntese. No apenas um simples valor

    histrico motivava a sua reedio, porm bem mais do que isto:Schutel, como Meyer, homem de olhar agudo, capaz de devassaro f t ro ante ia o momento dos Dicionrios das

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    Enciclopdias de doutrina esprita. O pequeno volumecontinha a primeira tentativa nesse sentido e era o Codificador,com sua prpria mo, quem redigia o primeiro Vocabulrio

    Esprita. Isso justificava plenamente a edio das InstruesPrticas.

    A esse respeito, Schutel carteou-se com Jean Meyer e desteveio-lhe no apenas o estmulo, mas a autorizao especial paraa traduo da obra em lngua portuguesa. E no mesmo ano emque asInstrues ocupavam as vitrinas livreiras de Paris, CairbarSchutel entregava-as ao leitor brasileiro.

    O lanamento das obras da Codificao no Brasil deve-se aotrabalho de dignos pioneiros e de respeitveis casas editoras; julgamos oportuno e justo oferecer de novo este livro jconsiderado raridade. E isto o fazemos com o simples e nicocuidado de atualizar-lhe a ortografia e burilar-lhe o texto.

    Wallace Leal V. Rodrigues

    Mato, maio de 1978.

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    Introduo

    Muitas pessoas nos tm pedido que lhes indiquemos ascondies que devem preencher e a maneira como devemproceder para se tornarem mdiuns.

    A soluo deste problema mais complexa do que parece primeira vista, uma vez que depende de conhecimentos preliminares necessariamente extensos. Para realizarexperincias de fsica e de qumica faz-se necessrio, em

    primeiro lugar, conhecer a fsica e a qumica. As respostas quetemos dado a essas pessoas no podem comportar explicaesincompatveis com os limites de uma correspondncia epistolar;por outro lado o tempo material no nos permite satisfazer atodos os consulentes; tudo isso determinou a publicao destasinstrues, necessariamente mais completas do que tudo quantopoderamos escrever diretamente.

    Ser um contra-senso pensar que se encontre nesta obra uma

    receita universal e infalvel para a formao de mdiuns. Emboracada pessoa tenha em si o germe das qualidades necessrias parase tornar mdium, estas qualidades se apresentam em grausmuito diferentes e seu desenvolvimento depende de fatores que aningum dado fazer nascer vontade.

    As regras da poesia, da pintura e da msica no fazem poetas,nem pintores, nem msicos daqueles que no possuem vocao;elas guiam no emprego das faculdades naturais. O mesmo se drelativamente ao nosso trabalho. Seu objetivo indicar os meiosde desenvolver a faculdade medinica tanto quanto o permitamas disposies de cada pessoa e, sobretudo, quando essafaculdade existe, orientar o seu emprego de maneira til.

    No este, entretanto, o nico fim que nos propusemos.Ao lado dos mdiuns propriamente ditos, existe a multido,

    que aumenta a cada dia, dos que se interessam pelas

    manifestaes espritas. Guiar essas pessoas em suas pesquisas,assinalar-lhes os tropeos que podem e devem necessariamenteencontrar em m terreno to no o inici las na maneira de se

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    corresponderem com os espritos, indicar-lhes o meio de obteremboas comunicaes, tal a rea que devemos abranger sob penade realizarmos obra incompleta.

    No dever, portanto, causar estranheza ao leitor encontrarneste trabalho matrias que, primeira vista, possam parecerdeslocadas de seu cmputo geral. A experincia provar suautilidade. Depois de estudados com cuidado, melhor secompreendero os fatos verificados na prtica medinica, e alinguagem de certos espritos parecer menos estranha. Comoum compndio de instrues prticas, este livro no se dirigeexclusivamente aos mdiuns, mas a todos os que esto emcondies de ver e observar os fenmenos espritas.

    A cincia esprita se baseia, necessariamente, sobre aexistncia dos espritos e sua interveno no mundo corporal.Este fato hoje admitido por um nmero to grande de pessoas,que seria suprfluo demonstr-lo. Sendo nosso objetivo guiar aspessoas que desejam se ocupar com as manifestaes, supomo-las suficientemente informadas tanto sobre esta questo quantorelativamente s verdades fundamentais que delas decorrem. Poresse motivo julgamos intil entrar em explicaes a tal respeito.Eis por que no as abordaremos e no procuraremos discutir ascontrovrsias, nem refutar as objees. Dirigimo-nos to-somente s pessoas convencidas ou dispostas a pesquisar comhonestidade e boa f. Quanto s que nada conhecem do assunto,estas no encontraro aqui certas explicaes que poderiamtalvez desejar, visto que consideramos como demonstrado o ponto de partida. Aos que contestam esse ponto de partidadiremos: vede e observai quando se apresentar a ocasio. Se,apesar dos fatos e do raciocnio persistirdes em vossaincredulidade, consideraremos como perdido o tempo quegastaramos em querer tirar-vos de um erro no qual, sem dvida,vos comprazeis. Respeitamos vossa opinio, respeitai a nossa.Eis tudo quanto vos pedimos.

    Comearemos estas instrues pela exposio dos princpiosgerais da doutrina.

    Embora possa parecer mais racional comear pela prtica,j l i h i l

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    que s o raciocnio pode dar. Aqueles, pois, que tiveremadquirido as primeiras noes pelo estudo da teoriacompreendero melhor a necessidade de certos preceitos

    recomendados na prtica e mostraro, em relao a eles,disposies mais favorveis. Conduzindo os indecisos para oterreno da realidade, esperamos destruir os preconceitos quepodem prejudicar o resultado que se intenta alcanar; poupar osensaios infrutferos, porque mal dirigidos ou dirigidos no sentidode obter o impossvel; e, enfim, combater as idias supersticiosasque tm sempre sua origem na noo falsa ou incompleta dosfenmenos.

    As manifestaes espritas so origem de uma multido deidias novas que no puderam encontrar representao nalinguagem usual; elas tm sido expressas por analogia, comoacontece no incio de toda cincia. Da a ambigidade dosvocbulos, origem de interminveis discusses. Com palavrasclaramente definidas e um vocbulo para cada coisa, torna-semais fcil a mtua compreenso; se se discute, , ento, arespeito do fundo, no mais a respeito de forma.

    Foi para atingir tal objetivo e pr em ordem essas idiasnovas e ainda confusas, que nos dispusemos, em primeiro lugar,a inventariar todas as palavras que se referem, direta ouindiretamente, doutrina esprita, oferecendo, a respeito delas,explicaes sucintas, porm suficientes para fixar as idias. Acincia esprita deve ter seu vocabulrio como todas as outrascincias. Para compreender uma cincia preciso, em primeirolugar, compreender-lhe a terminologia; eis a primeira coisa querecomendamos queles que desejam realizar um estudo srio doEspiritismo. Seja qual for sua opinio anterior e pessoal sobre osdiversos pontos da doutrina, podero, com conhecimento decausa, discuti-los. A organizao em ordem alfabtica permitir, por outro lado, recorrer mais facilmente s definies e sinformaes que so a chave da abbada do edifcio e queserviro para refutar, em poucas palavras, certas crticas e evitaruma catadupa de perguntas.

    A especialidade do objetivo que nos propusemos indica oslimites naturais desta obra Tocando a cincia esprita todos os

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    pontos da metafsica e da moral e por que no dizer! a maiorparte dos conhecimentos humanos, no seria em um quadro torestrito que poderamos ventilar todas as questes ou discutir

    todas as objees.Para os estudos complementares, indicamos O Livro dos

    Espritos e a Revista Esprita.1 No primeiro se encontrar aexposio completa e metdica da doutrina, tal qual a ditaram osprprios espritos, e na segunda, alm da relao e apreciaodos fatos, uma variedade de assuntos que s uma publicao peridica comporta. A coleo desta revista constituir orepertrio mais completo sobre a matria, em seu trpliceaspecto, histrico, dogmtico e crtico.

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    Vocabulrio Esprita

    Agnere (do gr, a, privativo e gine, geinomai, engendrar; oque no foi engendrado) variedade de apario tangvel; estadode certos Espritos que podem revestir, momentaneamente, asformas de uma pessoa viva a ponto de iludir completamente osobservadores.

    Alma (do lat. anima, gr. anemos, sopro, emanao, ar) segundo uns, o princpio da vida material; segundo outros, oprincpio da inteligncia, sem individualidade depois da morte.Conforme as diversas doutrinas religiosas, um ser imaterial,distinto, do qual o corpo no seno o invlucro. Sobrevive aocorpo e conserva a sua individualidade depois da morte.

    Esta diversidade de acepes dadas a uma mesma palavra uma fonte perptua de controvrsias, o que no se daria se cadaidia tivesse sua representao nitidamente definida. Para evitarqualquer mal-entendido sobre o sentido que damos a estapalavra, chamaremos:

    Alma esprita, ou simplesmente alma o ser imaterial,distinto e individual, unido ao corpo que lhe serve deinvlucro temporrio, isto , o esprito em estado deencarnao, e que somente pertence espcie humana;Princpio vital o princpio geral da vida material, comuma todos os seres orgnicos, homens, animais e plantas; e

    alma vital o princpio vital individualizado em um serqualquer; Princpio intelectual o princpio geral da intelignciacomum aos homens e animais; e alma intelectual estemesmo princpio individualizado.

    Alma universal nome que certos filsofos do ao princpiogeral da vida e da inteligncia (v. Todo universal).

    Alucinao (do lat. hallucinatio, onis, erro, engano,alucinao) aparente percepo de objetos externos, not t il d i O f it

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    que provm da emancipao da alma, provam que o que sequalifica de alucinao , muitas vezes, uma percepo realanloga da dupla-vista, do sonambulismo ou xtase, provocada

    por um estado anormal, um efeito das faculdades da almadesprendida dos laos corpreos. Sem dvida ocorre, em certascircunstncias, uma verdadeira alucinao no sentido correlatoao termo. Mas a ignorncia e a pouca ateno que se tem dado,at o presente, a essas espcies de fenmenos fizeram considerarcomo uma iluso o que , freqentemente, uma viso real.Quando no se sabe explicar um fato psicolgico, acha-se maissimples classific-lo de alucinao.

    Anjo (do lat. angelus, gr. aggelos, mensageiro) segundo aidia vulgar, os anjos so seres intermedirios entre o homem e adivindade, por sua natureza e poder, e que podem manifestar-se,quer por avisos ocultos, quer de um modo visvel. Eles noforam criados perfeitos, pois a perfeio supe a infalibilidade ealguns dentre eles se revoltaram contra Deus. Diz-se: os bons emaus anjos, o anjo das trevas. Entretanto a idia mais geral,ligada a esta palavra, a da bondade e da suprema virtude.

    Segundo a doutrina esprita, os anjos no so seres parte ede uma natureza especial: so os Espritos da primeira ordem,isto , os que chegaram ao estado de puros Espritos depois deterem sofrido todas as provas.

    Nosso mundo no de toda a eternidade e, muito tempo antesque ele existisse, j Espritos haviam atingido esse grau supremo;os homens ento acreditaram que eles sempre foram assim.

    Apario fenmeno pelo qual os seres do mundoincorpreo se manifestam vista.

    Apario vaporosa ou etrea a que impalpvel einatingvel, e no oferece nenhuma resistncia ao toque; Apario tangvelou estereolgica a que palpvel eapresenta a consistncia de um corpo slido.

    A apario difere da viso por ocorrer no estado de viglia,

    atravs dos rgos visuais e enquanto o homem tem a plenaconscincia de suas relaes com o mundo exterior. A viso d-d d d O i l d

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    de viglia, por efeito da segunda-vista. A apario registradapelos olhos do corpo; produz-se no prprio lugar em que nosencontramos; a viso tem por objeto coisas ausentes ou distantes,

    percebidas pela alma em seu estado de emancipao e quando asfaculdades sensitivas esto mais ou menos suspensas (v.Lucidez,Clarividncia).

    Arcanjo anjo de uma ordem superior (v. Anjo). A palavraanjo um termo genrico que se aplica a todos os Espritospuros. Se admitirmos, relativamente aos anjos, diferentes grausde elevao, poderemos, para empregar termos conhecidos,

    design-los pelas palavrasarcanjos

    eserafins

    .Ateu, Atesmo (do gr. atheos, composto de a, privativo, e detheos, Deus: sem Deus; que no cr em Deus) o Atesmo anegao absoluta da divindade. Todo aquele que cr naexistncia de um ser supremo, quaisquer que sejam os atributosque lhe suponha e o culto que lhe renda, no ateu. Todareligio repousa necessariamente na crena em uma divindade.Esta crena pode ser mais ou menos esclarecida, mais ou menos

    conforme verdade; todavia uma religio atia um contra-senso.O Atesmo absoluto tem poucos proslitos, porque o

    sentimento da divindade existe no corao do homemindependentemente de qualquer ensino. O atesmo e oEspiritismo so incompatveis.

    Batedor (v.Esprito).

    Cu, no sentido de morada dos bem-aventurados (v.Paraso).

    Clarividncia propriedade inerente alma e que d a certaspessoas a faculdade de ver sem o auxlio dos rgos da viso (v.Lucidez).

    Classificao dos Espritos (v.Escala esprita).

    Comunicao esprita manifestao inteligente dosEspritos tendo por objeto uma troca contnua de pensamentoentre eles e os homens Distinguem-se em:

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    Comunicaes frvolas as que se referem a assuntos fteise sem importncia;Comunicaes grosseiras as que se traduzem porexpresses que ofendem a decncia;Comunicaes srias as que excluem a frivolidade,qualquer que seja o assunto de que tratem;Comunicaes instrutivas as que tm por objeto principalum ensinamento dado pelos Espritos sobre as cincias, amoral, a filosofia, etc..

    (Quanto s modalidades de comunicaes, v. Sematologia,

    Tiptologia, Pneumatofonia, Pneumatografia, Psicofonia,Psicografia, Telegrafia humana).

    Crisaco aquele que est em um estado momentneo decrise produzida pela ao magntica. Esta circunstncia seoferece mais particularmente naqueles em que esse estado espontneo e acompanhado de uma superexcitao nervosa. Oscrisacos gozam, em geral, de lucidez sonamblica ou dasegunda-vista.

    Desta aquele que cr em Deus, sem admitir o cultoexterior. Sem razo confunde-se s vezes desmo com atesmo(v.Ateu).

    Demnio (do lat. Daemo, feito do gr. Daimon, gnio, sorte,destino, manes) Daemones, tanto em grego como em latim, sediz de todos os seres incorpreos, bons ou maus, e que se supeterem conhecimentos e poder superiores aos dos homens. Nas

    lnguas modernas esta palavra geralmente tomada em macepo, que se restringe aos gnios malfazejos. Segundo acrena vulgar os demnios so seres essencialmente maus porsua natureza. Os Espritos nos ensinam que Deus, sendosoberanamente justo e bom, no pode ter criado seres voltadosao mal e desgraados por toda a eternidade. Segundo eles no hdemnios na acepo absoluta e restrita desta palavra; h apenasEspritos imperfeitos, que podem, todos, aperfeioarem-se por

    seus esforos e por sua vontade. Os Espritos da nona classe

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    seriam os verdadeiros demnios, se esta palavra no implicasse aidia de uma natureza perpetuamente m.

    Demnio familiar (v.Esprito familiar).Demonologia, demonografia tratado da natureza e da

    influncia dos demnios.

    Demonomancia (do gr. daimon e manteia, adivinhao) pretenso conhecimento do futuro pela inspirao dos demnios.

    Demonomania variedade de alienao mental que consisteem crer-se possudo pelo demnio.

    Diabo (do gr. Diabolos, delator, acusador, maldizente,caluniador) segundo a crena vulgar, um ser real, um anjorebelde, chefe de todos os demnios, e que tem um poderbastante grande para lutar contra o prprio Deus. Ele conhecenossos pensamentos mais secretos, insufla todas as ms paixese toma todas as formas para nos induzir ao mal. Conforme adoutrina dos espritos sobre os demnios, o diabo a personificao do mal; um ser alegrico, resumindo em si

    todas as paixes ms dos Espritos imperfeitos. Da mesma formaque os povos da antigidade davam s suas divindades alegricasatributos especiais ao tempo uma foice de segar, umaampulheta, asas e a figura de um ancio; fortuna uma vendasobre os olhos e uma roda sob um p, etc. , igualmente o diaboteve que ser representado sob os traos caractersticos da baixezade inclinaes. Os chifres e a cauda so os emblemas dabestialidade, isto , da brutalidade, das paixes animais.

    Deus inteligncia suprema, causa primria de todas ascoisas. eterno, imutvel, imaterial, nico, todo poderoso,soberanamente justo e bom, e infinito em todas as suasperfeies.

    Drades (v.Hamadrades).

    Duendes espritos travessos, espcies de trasgos, maistraquinas do que maus, que pertencem classe dos Espritoslevianos (v. Trasgos).

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    Emancipao da alma estado particular da vida humanadurante o qual a alma, desprendendo-se de seus laos materiais,recupera algumas das suas faculdades de Esprito e entra mais

    facilmente em comunicao com os seres incorpreos. Esteestado se manifesta principalmente pelo fenmeno dos sonhos,da soniloquia, da dupla-vista, do sonambulismo natural oumagntico e do xtase (v. estas palavras).

    Encarnao estado dos Espritos que revestem uminvlucro corporal. Diz-se: Esprito encarnado, em oposio aEsprito errante. Os Espritos so errantes no intervalo de suas

    diferentes encarnaes. A encarnao pode ocorrer na Terra ouem outro mundo.

    Erraticidade estado dos Espritos errantes, isto , noencarnados, durante os intervalos de suas diversas existnciascorpreas. A erraticidade no um sinal absoluto deinferioridade para os Espritos. H Espritos errantes de todas asclasses, salvo os da primeira ordem ou puros espritos, que notendo mais que sofrer encarnao, no podem ser considerados

    como errantes. Os Espritos errantes so felizes ou desgraadossegundo o grau de sua purificao. nesse estado que o Esprito,tendo despido o vu material do corpo, reconhece suasexistncias anteriores e os erros que o afastam da perfeio e dafelicidade infinita. ento, igualmente, que ele escolhe novasprovas, a fim de avanar mais depressa.2

    Escala esprita quadro das diferentes ordens de Espritos,indicando os graus que eles tm de percorrer para chegar perfeio. Ela compreende trs ordens principais: os Espritosimperfeitos, os bons Espritos, os puros Espritos, subdivididosem nove classes caracterizadas pela progresso dos sentimentosmorais e das idias intelectuais.

    Os prprios Espritos nos ensinam que eles pertencem adiferentes categorias, segundo o grau de sua purificao, mas nosdizem tambm que essas categorias no constituem espcies

    distintas e que todos os Espritos so chamados a percorr-lassucessivamente (v. as explicaes relativas ao carter de cadaclasse de Espritos no captulo especial)

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    Esfera palavra pela qual certos Espritos designam osdiferentes graus da escala esprita. Eles dizem que se chegou quinta ou sexta esfera, como outros dizem do quinto ou sexto

    cu. Pela maneira como se exprimem, poder-se-ia supor que aTerra um ponto central, cercado de esferas concntricas nasquais se realizam sucessivamente os diferentes graus deperfeio. Alguns falam ainda da esfera do fogo, da esfera dasestrelas, etc.. Como as mais simples noes astronmicas bastampara mostrar o absurdo de semelhante teoria, ela no pode provirseno, ou de uma falsa interpretao dos termos, ou de Espritosainda muito atrasados, imbudos dos sistemas de Ptolomeu e

    Tycho-Brahe. Se um homem que julgais sbio sustenta umateoria evidentemente absurda, duvidais do seu saber; o mesmodeve ocorrer em relao aos Espritos. pela experincia queaprendemos a conhec-los. Estas expresses so viciosas, mesmotomadas em sentido figurado, porque podem induzir em errosobre o sentido verdadeiro pelo qual se deve entender aprogresso dos Espritos (v.Reencarnao).

    Esprita o que se refere ao Espiritismo.3

    Espiritismo doutrina fundada sobre a crena na existnciados Espritos e em sua comunicao com os homens.

    Espiritista aquele que adota a doutrina esprita.

    Esprito / Espritos (do lat.spritus, feito despirare, soprar) no sentido especial da doutrina esprita, os Espritos so seresinteligentes da criao e povoam o Universo fora do mundo

    corpreo.4

    A natureza ntima dos Espritos nos desconhecida; elesmesmos no a podem definir, seja por ignorncia, seja pelainsuficincia da nossa linguagem. Somos, a este respeito, comocegos de nascena em face da luz. Segundo o que eles nosdizem, o Esprito no material no sentido vulgar da palavra,no tampouco imaterial em sentido absoluto, porque o Esprito alguma coisa e a imaterialidade absoluta seria o nada. O

    Esprito , pois, formado de uma substncia, mas da qual amatria grosseira que impressiona nossos sentidos no pode dar-idi P d l h t lh

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    cujo brilho varia segundo o grau de sua purificao. Pode tomartodas as espcies de formas por meio do perisprito de que estenvolvido (v.Perisprito).

    Esprito batedor o que revela sua presena batendopancadas. Pertence s classes inferiores.

    Esprito elementar Esprito considerado em si mesmo efeita abstrao de seu perisprito ou invlucro semimaterial.5

    Esprito familiar Esprito que se liga a uma pessoa ou auma famlia, quer para proteg-la, se bom, quer para prejudic-

    la, se mau. O Esprito familiar no precisa ser evocado; estsempre presente e responde instantaneamente ao apelo que se lhefaz. Muitas vezes manifesta sua presena por sinais sensveis.

    Espiritualismo crena na existncia de uma almaespiritual, imaterial, que conserva a sua individualidade depoisda morte, abstrao feita da crena nos Espritos; o oposto domaterialismo (v. Materialismo, Espiritismo). Todo aquele quecr que tudo em ns no matria espiritualista, mas no se

    segue da que admita a doutrina dos Espritos. Todo espiritista necessariamente espiritualista, mas pode-se ser espiritualistasem ser espiritista; o materialista no uma nem outra coisa.Como so duas idias essencialmente distintas, era necessriodistingui-las por palavras diferentes, a fim de evitar qualquerequvoco. Mesmo para aqueles que consideram o Espiritismocomo uma idia quimrica, faz-se ainda mister designar essaidia por uma palavra especial. Esta medida imprescindvel,

    tanto no que diz respeito s idias falsas quanto s verdadeiras, afim de nos entendermos.6

    Estereolgicas (do gr. streos, slido) aparies queadquirem as propriedades da matria resistente e tangvel. Diz-se por oposio s aparies vaporosas ou etreas, que soimpalpveis. A apario estereolgica apresenta,temporariamente vista e ao toque as propriedades de um corpovivo.

    Evocao (v.Invocao).

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    Expiao pena que sofrem os Espritos como punio dasfaltas cometidas durante a vida corporal. A expiao, sofrimentomoral, ocorre no estado de erraticidade como o sofrimento fsico

    ocorre no estado corporal. As vicissitudes e os tormentos da vidacorporal so, ao mesmo tempo, provas para o futuro e expiaodo passado.

    xtase (do gr. ekstasis, arrebatamento, arroubo de esprito;feito de existmi, tomar de espanto) paroxismo da emancipaoda alma durante a vida corporal, de que resulta a suspensomomentnea das faculdades perceptivas e sensitivas dos rgos.

    Nesse estado a alma no se prende mais ao corpo seno por laosfracos, que ela procura romper; pertence mais ao mundo dosEspritos, que ela entrev, do que ao mundo material. O xtase ,algumas vezes, natural e espontneo; pode tambm serprovocado pela ao magntica e, neste caso, um grau superiorde sonambulismo.

    Fadas (do lat. fata) segundo a crena vulgar, as fadas soseres semimateriais, dotados de um poder sobre-humano. So

    boas ou ms, protetoras ou malfazejas; podem tornar-se, vontade, visveis ou invisveis e assumir todas as espcies deformas. As fadas sucederam, na Idade Mdia e entre os povosmodernos, as divindades subalternas dos antigos. Se separarmossuas histrias do maravilhoso com que lhes veste a imaginaodos poetas e a credulidade popular, encontraremos nelas todas asmanifestaes espritas de que somos testemunhas e que seproduziram em todas as pocas; incontestavelmente aos fatos

    deste gnero que esta crena deve sua origem. Nas fadas que sediz presidirem ao nascimento de uma criana e segui-la no cursode sua vida, se reconhecem sem esforo os Espritos ou gniosfamiliares. Suas inclinaes mais ou menos boas e que sosempre o reflexo das paixes humanas colocam-nas,naturalmente, na categoria dos Espritos inferiores ou poucoadiantados (v.Politesmo).

    Feiticeiros (em francs sorcier, do lat. sors, sortis, sorte,destino, fado) se dizia, primitivamente, dos indivduos que sejulgavam capazes de deitar sortes a algum e, por extenso, de

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    todos aqueles aos quais se atribua um poder sobrenatural. Osfenmenos estranhos que se produzem sob a influncia de certosmdiuns provam que o poder atribudo aos feiticeiros repousa em

    uma realidade, mas da qual o charlatanismo tem abusado comoabusa de tudo. Se em nosso sculo esclarecido h ainda pessoasque atribuem esses fenmenos aos demnios, com maior razotal se suporia nos tempos da ignorncia. Disso resultou que osindivduos que possuam, mesmo sem o saber, algumas dasfaculdades de nossos mdiuns, eram condenados ao fogo.

    Fludico oposto a slido. Qualificao dada aos Espritos

    por alguns escritores para caracterizar-lhes a natureza etrea.Diz-se osEspritos fludicos. Julgamos imprpria esta expresso,que apresenta, alm disso, uma espcie de pleonasmo, poucomais ou menos como se dissssemos: ar gasoso. A palavraEsprito diz tudo. Ela encerra em si mesma sua prpria definio,desperta necessariamente a idia de uma coisa incorprea. UmEsprito que no fosse fludico no seria um Esprito. Esta palavra tem outro inconveniente, que o de assemelhar anatureza dos Espritos aos nossos fluidos materiais. Lembrademasiadamente a idia de laboratrio.

    Fogo eterno a idia do fogo eterno, como um castigo,remonta mais alta antigidade e se origina na crena dos povosque colocavam os infernos nas entranhas da Terra, cujo fogocentral lhes era revelado pelos fenmenos geolgicos. Quando ohomem adquiriu noes mais elevadas quanto natureza daalma, compreendeu que um ser imaterial no podia sofrer os

    danos de um fogo material; mas o fogo nem por isso deixou depermanecer como a configurao do mais cruel suplcio, e no sepode encontrar figura mais enrgica para pintar os sofrimentosmorais da alma. neste sentido que o entende hoje a altateologia, nesse sentido, igualmente, que se diz: arder de amor,ser consumido pelo cime, pela ambio, etc..

    Gnio (do lat. genius, formado do grego gin, engendrar,produzir) neste sentido se diz que um homem capaz de criar oude inventar coisas extraordinrias um homem de gnio. Nalinguagem esprita gnio um sinnimo de Esprito. Diz-se

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    Instinto espcie de inteligncia rudimentar que dirige osseres vivos em suas aes, revelia de sua vontade e no interessede sua conservao. O instinto torna-se inteligncia quando

    surge a deliberao. Pelo instinto age-se sem raciocinar; pelainteligncia raciocina-se antes de agir. No homem confundem-sefreqentemente as idias instintivas com as idias intuitivas.Estas ltimas so as que ele hauriu, quer no estado de esprito,quer nas existncias anteriores e das quais conserva uma vagalembrana.

    Inteligncia faculdade de conceber, de compreender e

    raciocinar. Seria injusto recusar aos animais uma espcie deinteligncia e acreditar que eles apenas seguem maquinalmente oimpulso cego do instinto. A observao demonstra que, emmuitos casos, eles agem de propsito deliberado e conforme ascircunstncias; todavia essa inteligncia, por admirvel que seja, sempre limitada satisfao das necessidades materiais, aopasso que a do homem lhe permite elevar-se acima da condiode Humanidade. A linha de demarcao entre os animais e ohomem traada pelo conhecimento que a este dado ter, do SerSupremo (v.Instinto).

    Intuio (v.Instinto, Tendncias inatas).

    Invisvel nome com que algumas pessoas designam osEspritos em suas manifestaes. Esta denominao no nosparece feliz, em primeiro lugar porque se invisibilidade parans o estado normal dos Espritos, sabe-se que ela no absoluta, visto que eles podem aparecer-nos; em segundo lugar,esta qualificao nada tem que caracterize essencialmente osEspritos. Ela se aplica, igualmente, a todos os corpos inertes queno impressionam o sentido da viso. A palavra Esprito tem,por si mesma, uma significao que desperta a idia de um serinteligente e incorpreo. Notemos ainda que falando de umdeterminado Esprito, o de Fnelon, por exemplo, dir-se-: foi oEsprito de Fnelon que disse tal coisa, e no que foi o Invisvelde Fnelon. sempre prejudicial clareza e pureza dalinguagem desviar as palavras de sua acepo prpria.

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    Invocao (do lat. in, em, e vocare, chamar) e evocao (dolat. vocare e e ou ex, de, fora de) estas duas palavras no sosinnimos perfeitos, embora tenham a mesma raiz, vocare:

    chamar. um erro empreg-las uma pela outra. Evocar chamar, fazer vir a si, fazer aparecer por cerimnias mgicas, porencantamentos. Evocar almas, Espritos, sombras. Osnecromantes pretendiam evocar as almas dos mortos (acad.).Entre os antigos, evocar era fazer sarem as almas dos infernos para faz-las vir aos viso. Invocar chamar a si ou em seusocorro um poder superior ou sobrenatural. Invoca-se Deus pelaprece. Na religio catlica invocam-se os Santos. Toda prece

    uma invocao. A invocao est no pensamento; a evocao um ato. Na invocao o ser ao qual nos dirigimos nos ouve; naevocao ele sai do lugar em que estava para vir a ns emanifestar sua presena. A invocao no dirigida seno aosseres que supomos bastante elevados para nos assistir. Evocam-se tanto os Espritos inferiores como os superiores. Moissproibiu, sob pena de morte, evocar as almas dos mortos, prticasacrlega em uso entre os cananeus. O 22 captulo do II Livro

    dos Reis fala da evocao da sombra de Samuel pela pitonisa.A arte das evocaes, como se v, remonta mais alta

    antigidade. encontrada em todas as pocas e em todos os povos. Outrora a evocao era acompanhada de prticasmsticas, ou porque os evocadores as julgassem necessrias ou, oque mais provvel, para se atriburem o prestgio de um podersuperior. Hoje se sabe que o poder de evocar no umprivilgio, que ele pertence a toda gente e que as cerimnias

    mgicas, em geral, no passavam de um vo aparato.Segundo os povos antigos, todas as almas evocadas ou eram

    errantes ou vinham dos infernos, que compreendiam, como sesabe, tanto os Campos Elseos como o Trtaro; a essa idia nose ligava nenhuma interpretao m. Na linguagem moderna,tendo-se restringido a significao da palavra inferno moradados rprobos, disso resultou que a idia da invocao se ligou, para certas pessoas, de maus Espritos ou de demnios.Entretanto essa crena cai medida que se adquire umconhecimento mais aprofundado dos fatos; tambm ela a

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    menos espalhada entre todos os que crem na realidade dasmanifestaes espritas: ela no poderia prevalecer diante daexperincia e de um raciocnio isento de preconceitos.

    Lares (v. Manes,Penates).

    Livre arbtrio liberdade moral do homem; faculdade queele tem de se guiar pela sua vontade na realizao de seus atos.Os Espritos nos ensinam que a alterao das faculdades mentais,por uma causa acidental ou natural, o nico caso em que ohomem fica privado de seu livre arbtrio. Fora disto sempresenhor de fazer ou de no fazer. Ele goza desta liberdade no

    estado de Esprito, e em virtude desta faculdade que escolhelivremente a existncia e as provas que julga prprias para seuprogresso; ele a conserva no estado corporal, a fim de poder lutarcontra essas mesmas provas. Os Espritos que ensinam estadoutrina no podem ser maus Espritos (v.Fatalidade).

    Lucidez, clarividncia faculdade de ver sem o auxlio dosrgos da viso. uma faculdade inerente prpria natureza daalma ou do Esprito, e que reside em todo o seu ser; eis por queem todos os casos em que h emancipao da alma, o homemtem percepes independentes dos sentidos. No estado corporalnormal, a faculdade de ver limitada pelos rgos materiais;desprendida desse obstculo, ela no mais circunscrita,estende-se por toda parte onde a alma exerce sua ao; tal acausa da viso distncia de que gozam certos sonmbulos. Elesse vem no prprio local que observam e descrevem, ainda queeste se situe mil lguas distncia, visto que, se o corpo no seacha acol, a alma, em realidade, ali se encontra. Pode-se, pois,dizer que o sonmbulo v pelos olhos da alma.

    A palavra clarividncia mais geral; lucidez diz-se maisparticularmente da clarividncia sonamblica. Um sonmbulo mais ou menos lcido, conforme a emancipao da alma maisou menos completa.

    Magia, mago (do gr. magos, judicioso-sbio, formado de

    mageia, conhecimento profundo da natureza, de que se fezmago, sacerdote, sbio e filsofo entre os antigos persas) a

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    magia, em sua origem, era a cincia dos sbios; todos os queconheciam a astrologia, que se gabavam de predizer o futuro,que faziam coisas extraordinrias e incompreensveis para o

    vulgo, eram apelidados magos. O abuso e o charlatanismodesacreditaram a magia; entretanto os fenmenos que hojereproduzimos pelo magnetismo, pelo sonambulismo e peloEspiritismo provam que a magia no era uma arte puramentequimrica e que entre muitos absurdos nela havia, seguramente,fenmenos bem reais. A vulgarizao desses fenmenos tevecomo efeito destruir o prestgio daqueles que os operavamoutrora, sob o vu do segredo, e abusavam da credulidade

    atribuindo-se um pretenso poder sobrenatural. Graas a essavulgarizao, sabemos hoje que nada existe de sobrenatural nestemundo e que certas coisas parecem derrogar as leis da naturezaapenas porque no lhes conhecemos as causas.

    Magnetismo animal (do gr. e do lat. magnes, m) assimchamado por analogia com o magnetismo mineral. Tendo aexperincia demonstrado que esta analogia no existe, ou apenas aparente, esta denominao deixa de ser exata. Todavia,

    como est consagrada por um uso universal, e como, alm disso,o epteto que se lhe acrescenta no permite equvoco, haveriamais inconvenincia do que utilidade em mudar este nome.Algumas pessoas substituem-na pela palavra Mesmerismo;entretanto esta expresso at agora no prevaleceu.

    O magnetismo animal pode ser assim definido: ao recprocade dois seres vivos por intermdio de um agente especialchamadofluido magntico.

    Magnetizador, magnetista esta ltima palavra empregada por algumas pessoas para designar os adeptos domagnetismo, os que crem em seus efeitos. O magnetizador o prtico, o que exerce; o magnetista o terico. Pode-se sermagnetista sem ser magnetizador, mas no se pode sermagnetizador sem ser magnetista. Esta distino parece-nos tile lgica.

    Manes (do lat. manere, ficar, segundo uns; de manes,manium, feito de manus, bom, segundo outros) na mitologia

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    romana e etrusca, os manes eram as almas ou as sombras dosmortos. Os povos antigos tinham grande respeito aos manes deseus antepassados, que julgavam poder apaziguar por meio de

    sacrifcios. Imaginavam-nos sob sua forma humana, pormvaporosa e invisvel, vagando em redor dos prprios tmulos oudas prprias habitaes e visitando suas famlias. Quem noreconheceria nesses manes os Espritos sob o invlucrosemimaterial do perisprito, e que eles mesmos nos dizemestarem entre ns sob a forma que tinham durante a vida? (v.Penates).

    Manifestao ato pelo qual um Esprito revela suapresena. As manifestaes so:

    Ocultas quando no tm nada de ostensivo e o Esprito selimita a agir sobre o pensamento;Patentes quando so apreciveis pelos sentidos;Fsicas quando se traduzem por fenmenos materiais, taiscomo rudos, movimento e deslocamento de objetos;Inteligentes quando revelam um pensamento (v.Comunicao);Espontneas quando so independentes da vontade eocorrem sem que nenhum Esprito seja chamado;Provocadas quando so efeito da vontade, do desejo oude uma evocao determinada;Aparentes quando o Esprito se faz visvel vista (v.Apario).

    Materialismo sistema dos que pensam que tudo matriano homem e que, assim, nada sobrevive nele aps a destruiodo corpo. Parece-nos intil refutar este ponto de vista, que, almdo mais, opinio pessoal de certos indivduos e em partealguma foi erigido em doutrina.7 Se se pode demonstrar aexistncia da alma pelo raciocnio, as manifestaes espritasdela oferecem as provas mais patentes; por meio dessasmanifestaes assistimos de mil maneiras diferentes a todas as

    peripcias da vida de alm-tmulo. O materialismo, que sebaseia apenas na negao, no pode fazer face evidncia dos

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    fatos; eis por que a doutrina esprita tantas vezes triunfa sobreaqueles mesmos que mais resistiram a todos os outrosargumentos. Sua vulgarizao o meio mais poderoso para

    extirpar esta chaga das sociedades civilizadas.Medianimidade faculdade dos mdiuns. As palavras

    mediunidade e medianimidade so muitas vezes empregadasindiferentemente. Se quisermos fazer uma distino, poder-se-dizer que mediunidade tem um sentido mais geral emedianimidade um sentido mais restrito. Ex.: Ele possui o domda mediunidade: a medianimidade mecnica (v. Mediunidade).

    Mdium (do lat. mdium, meio, intermedirio) pessoaacessvel influncia dos Espritos e mais ou menos dotado dafaculdade de receber e transmitir suas comunicaes. Para osEspritos, o mdium um intermedirio; um agente ou uminstrumento mais ou menos cmodo, segundo a natureza ou ograu da faculdade medinica. Esta faculdade depende de umadisposio orgnica especial, susceptvel de desenvolvimento.Distinguem-se diversas variedades de mdiuns segundo sua

    aptido particular para tal ou tal modo de transmisso, ou tal outal gnero de comunicao.

    Mdiuns de influncia fsica aqueles que tm o poder deprovocar manifestaes ostensivas. Compreendem as variedadesseguintes:

    Mdiuns motores os que provocam o movimento e odeslocamento dos objetos;

    Mdiuns tiptolgicos os que provocam rudos, pancadasou batidas;Mdiuns de apario os que provocam as aparies (v.Apario)

    Entre os mdiuns de influncia fsica distinguem-se:Mdiuns naturais aqueles que produzem fenmenosespontaneamente e sem nenhuma participao de suavontade;Mdiuns facultativos aqueles que tm o poder de provoc-los por ato da vontade.

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    Mediunidade [do lat. mdium, meio, intermedirio, -(i)dade] 1. Faculdade que a quase totalidade das pessoas possuem,umas mais outras menos, de sentir a influncia ou ensejarem a

    comunicao dos Espritos. Raros so os que no possuemrudimentos de mediunidade. 2. Em alguns, essa faculdade ostensiva e necessita ser disciplinada, educada; em outros, permanece latente, podendo manifestar-se episdica eeventualmente (v. Medianimidade).

    Metempsicose (do gr. meta, mudana, en, em, e psych,alma) transmigrao da alma de um corpo para outro. O

    dogma da metempsicose de origem indiana. Da ndia estacrena passou para o Egito, de onde, mais tarde, Pitgoras aimportou para a Grcia. Os discpulos deste filsofo ensinavamque o Esprito, quando est liberto dos laos do corpo, seguepara o imprio dos mortos, onde permanece espera, em umestado intermedirio, de durao mais ou menos longa. Emseguida vai animar outros corpos de homens ou de animais, atque transcorra o tempo de sua purificao e ele possa retornar fonte da vida. O dogma da metempsicose, como se v, baseia-sena individualidade e na imortalidade da alma; encontra-se nele adoutrina dos espritos sobre a reencarnao; o estadointermedirio, de durao mais ou menos longa, entre asdiferentes existncias, outra coisa no seno o estado deerraticidade no qual se encontram os Espritos entre duasencarnaes. H, entretanto, entre a metempsicose indiana e adoutrina da reencarnao, tal qual nos ensinada hoje em dia,uma diferena capital; em primeiro lugar, a metempsicose admitea transmigrao da alma para o corpo dos animais, o que seriauma degradao; em segundo lugar, esta transmigrao no seopera seno na Terra. Os Espritos dizem-nos, ao contrrio, que areencarnao um progresso incessante, que o homem um sercuja alma nada tem de comum com a alma dos animais, que asdiferentes existncias podem realizar-se, quer na Terra, quer, poruma lei progressiva, em um mundo de ordem superior, e isto,como diz Pitgoras, at que haja transcorrido o tempo dapurificao.

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    Mitologia (do gr. mythos, fbula, e logos, discurso) histriafabulosa das divindades pags. Compreende-se igualmente sobeste nome a histria de todos os seres extra-humanos que, sob

    diversas denominaes, sucederam aos deuses pagos da IdadeMdia; assim que temos a mitologia escandinava, teutnica,cltica, escocesa, irlandesa, etc..

    Morte aniquilamento das foras vitais do corpo peloesgotamento dos rgos. Ficando o corpo privado do princpioda vida orgnica, a alma se desprende dela e entra no mundo dosEspritos.

    Mundo corporal conjunto de seres inteligentes que tm umcorpo material.

    Mundo esprita ou mundo dos Espritos conjunto de seresinteligentes despidos de seu invlucro corpreo. O mundoesprita um mundo normal, primitivo, preexistente esobrevivente a tudo. O estado corporal , para os Espritos,transitrio e passageiro. Eles mudam de invlucro como nsmudamos de roupas; abandonam o que se estragou como pomos

    de lado um traje velho ou imprestvel.Necromancia (do gr. nekros, morte, e mantia, adivinhao)

    arte de evocar as almas dos mortos para obter delas revelaes.Por extenso, esta palavra foi aplicada a todos os meios deadivinhao e qualifica-se de necromante quem quer que faaprofisso de dizer o futuro. Isto depende, sem dvida, de ter sidoa necromancia, na verdadeira acepo da palavra, um dos

    primeiros meios empregados para esse fim; em segundo lugar aofato de serem as almas dos mortos, na crena vulgar, osprincipais agentes nos outros meios de adivinhao, tais como aquiromancia, adivinhao pela inspirao da mo, acartomancia, etc.. O abuso e o charlatanismo desacreditaram anecromancia, assim como a magia.

    Noctmbulo, Noctambulismo (do lat. nox, noctis, a noite, eambulare, marchar, passear) aquele que marcha ou passeia

    durante a noite, dormindo; sinnimo de sonmbulo. Esta ltima

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    palavra prefervel, visto que noctmbulo e noctambulismo noimplicam, de modo algum, a idia de sono.

    Orculo (do lat. os, oris, a boca) resposta dos deuses,segundo as crenas pags, s questes que lhes eram dirigidas. Adenominao justifica-se pelo fato de as respostas seremgeralmente transmitidas pela boca das Pitonisas (v. esta palavra).Por extenso, orculo se dizia ao mesmo tempo da resposta, dapessoa que a pronunciava, assim como os dos diversos meiosempregados para conhecer o futuro. Todo fenmenoextraordinrio, prprio para impressionar a imaginao, era

    julgado como a expresso da vontade dos deuses e se tornavaorculo. Os sacerdotes pagos, que no desprezavam nenhumaocasio de explorar a credulidade, faziam-se seus intrpretes econsagravam a este fim, com solenidades, templos onde os fiisvinham depositar suas ofertas na esperana ilusria de conhecero futuro. A crena nos orculos teve evidentemente sua origemnas comunicaes espritas que o charlatanismo, a cupidez e oamor do domnio tinham cercado de prestgio, e que vemos hojeem toda a sua simplicidade.

    Paraso (do gr. paradeizos, jardim, vergel) morada dosbem-aventurados. Os antigos o colocavam na parte dos infernoschamada Campos Elseos (v. Inferno). Os povos modernossituam-no nas regies elevadas do espao. Esta palavra sinnimo de Cu, tomado na mesma acepo, com a diferena deque a palavra Cu se liga a uma idia de beatitude infinita, aopasso que a palavra paraso mais circunscrita e lembra gozos

    um pouco mais materiais. Diz-se ainda subir ao Cu, descer aoInferno. Estas opinies so fundadas na crena primitiva, frutoda ignorncia, de que o universo constitudo de esferasconcntricas, cujo centro ocupado pela Terra; nessas esferas,chamadas Cus, que se colocou a morada dos justos; da aexpresso 5 e 6 cu para designar os diversos graus de beatitude. Mas, depois disto a cincia dirigiu seu olharinvestigador at as profundezas etreas. Ela nos mostra o espao

    universal sem limites, semeado de um nmero infinito de globos,entre os quais circula o nosso, ao qual nenhum lugar de distinof i d i d h j l l b i O bi

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    que no v, em nenhuma parte, nem onde lhe haviam indicado, oCu, mas to-somente o espao infinito e mundos inumerveis;que no encontra nas entranhas da Terra, em lugar do Inferno,

    seno as camadas geolgicas nas quais sua formao est inscritaem caracteres irrefragveis, ps-se a duvidar do Cu e doInferno, e da negao absoluta havia apenas um passo. Adoutrina ensinada pelos Espritos superiores est de acordo coma cincia. Ela no tem mais nada que fira a razo e esteja emcontradio com os conhecimentos exatos. Ela mostra-nos amorada dos bons, no em local fechado, ou nessas pretensasesferas de que a ignorncia tinha cercado nosso globo, mas por

    toda parte onde h bons Espritos, no espao para os que soerrantes, nos mundos mais perfeitos para os que estoencarnados: a est o Paraso Terrestre, ali esto os CamposElseos, cuja idia primitiva vem do conhecimento intuitivo quehavia sido dado ao homem desse estado de coisas, e que suaignorncia e seus preconceitos reduziram a mesquinhaspropores. Ela nos mostra os maus encontrando o castigo deseus erros em sua prpria imperfeio, em seus sofrimentos

    morais, na presena inevitvel de suas vtimas, castigo maishorrvel do que as torturas fsicas incompatveis com a doutrinada imaterialidade da alma; ela no-lo mostra expiando os seuserros pelas tribulaes de novas existncias corporais, querealizam em mundos imperfeitos, e no em um lugar de eternossuplcios de onde a esperana foi para sempre banida. A est oInferno. Quantos homens nos tm dito: Se nos tivessem ensinadoisto desde a nossa infncia, nunca teramos duvidado!

    A experincia nos mostra que os Espritos no sosuficientemente desmaterializados, esto ainda sob o imprio dasidias e dos preconceitos da existncia corporal: aqueles que, emsuas comunicaes, empregam uma linguagem de acordo com asidias cujo erro material est demonstrado provam com issomesmo sua ignorncia e sua inferioridade.

    Penas eternas os Espritos superiores nos ensinam que s o

    bem eterno, porque a essncia de Deus, e que o mal ter umfim. Por conseqncia deste princpio, combatem a doutrina daeternidade das penas como contrria idia que Deus nos d de

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    sua justia e de sua bondade. Mas a luz no se faz para osEspritos seno proporcionalmente sua elevao: nas classesinferiores suas idias so ainda obscurecidas pela matria; o

    futuro para eles est coberto por um vu. No vem seno o presente. Esto na posio de um homem que sobe umamontanha: no fundo do vale a neblina e as voltas do caminholimitam-lhe a vista; -lhe preciso chegar ao cimo paradescortinar todo o horizonte, avaliar o caminho que fez e o quelhe resta fazer. Os Espritos imperfeitos, no divisando o termode seus sofrimentos, julgam sofrer sempre, e esse pensamentomesmo um castigo para eles. Se, pois, certos Espritos nos

    falam de penas eternas, porque eles prprios crem nelas emconseqncia de sua inferioridade.

    Penates (do lat.penitus, interior, que est dentro; formado depenus, lugar retirado, escondido) deuses domsticos dosantigos, assim chamados porque os colocavam no lugar maisretirado da casa. Lares (do nome da ninfa Lara, porque os julgavam filhos dessa ninfa e de Mercrio) eram, como ospenates, deuses ou gnios domsticos, com a diferena de que ospenates eram, em sua origem, os manes dos antepassados, cujasimagens se guardavam em um lugar secreto, ao abrigo daprofanao. Os lares, gnios benfazejos, protetores das famliase das casas, eram considerados como hereditrios, pois que, umavez ligados a uma famlia, continuavam a proteger-lhe osdescendentes. No somente cada indivduo, cada famlia, cadacasa tinha seus lares particulares, mas os havia tambm para ascidades, aldeias, ruas, edifcios pblicos, etc., que eramcolocados sob a invocao de tais ou tais lares, como so, entreos catlicos, sob a de tal ou tal santo padroeiro.

    Os lares e os penates, cujo culto se pode dizer que erauniversal, embora sob nomes diferentes, no eram seno osEspritos familiares cuja existncia hoje nos revelada; mas osantigos faziam deles deuses aos quais a superstio erigia altares,ao passo que, para ns, so simplesmente Espritos que

    animaram homens como ns, algumas vezes nossos parentes enossos amigos, e que se ligam a ns por simpatia (v.Politesmo).

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    Perisprito (de peri, em redor, e spiritus, esprito) invlucro semimaterial do Esprito depois da sua separao docorpo. O Esprito o tira do mundo em que se acha e o troca ao

    passar de um a outro; ele mais ou menos sutil ou grosseiro,segundo a natureza de cada globo. O perisprito pode tomartodas as formas vontade do Esprito; ordinariamente eleassume a imagem que este tinha em sua ltima existnciacorporal.

    Embora de natureza etrea, a substncia do perisprito susceptvel de certas modificaes que a tornam perceptvel nossa vista. o que se d nas aparies. Ela pode at, por suaunio com o fluido de certas pessoas, tornar-se temporariamentetangvel, isto , oferecer ao toque a resistncia de um corposlido, como se v nas aparies estereolgicas ou palpveis.

    A natureza ntima do perisprito no ainda conhecida; maspoder-se-ia supor que a matria do corpo composta de umaparte slida e grosseira e de uma parte sutil e etrea; que s aprimeira sofre a decomposio produzida pela morte, ao passoque a segunda persiste e segue o esprito. O esprito teria, assim,um duplo invlucro; a morte apenas o despojaria do maisgrosseiro; o segundo, que constitui o perisprito, conservaria otipo e a forma da primeira, da qual ele como a sombra; mas suanatureza essencialmente vaporosa permite ao esprito modificaresta forma sua vontade, torn-la visvel ou invisvel, palpvelou impalpvel.

    O perisprito , para o esprito, o que o perisperma para o

    germe do fruto. A amndoa, despojada do seu invlucro lenhoso,encerra o germe sob o invlucro delicado do perisperma.

    Ptia, Pitonisa sacerdotisa de Apolo Ptio, em Delfos,assim chamada por causa da serpente Pito que Apolo haviamatado. A Ptia dava os orculos, mas como eles nem sempreeram inteligveis, os sacerdotes se encarregavam de interpret-los segundo as circunstncias (v. Sibila).

    Pneumatofonia (de pneuma e de phon, som ou voz) comunicao verbal e direta dos Espritos sem o auxlio dos

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    rgos da voz. Som ou voz que eles fazem ouvir no vago do ar eque parece ressoar em nossos ouvidos (v.Psicofonia).

    Nota: No empregamos a palavra pneumatologia, porque elaj tem uma acepo cientfica determinada e, ainda, porque estapalavra seria imprpria quando no se trata de sons vagos, noarticulados.9

    Pneumatografia (do gr. pneuma, ar, sopro, vento, esprito, egrafo, eu escrevo) escrita direta dos Espritos sem auxlio damo do mdium (v.Psicografia).

    Politesmo (do gr.polus, vrios, e thos, Deus) religio queadmite vrios deuses. Entre os povos antigos a palavra deusrevela a idia de poder; para eles todo poder superior ao vulgarera um deus. Mesmo os homens que haviam feito grandes coisasse tornavam deuses para eles. Manifestando-se os Espritos porefeitos que lhes pareciam sobrenaturais, eram a seus olhos outrastantas divindades, entre as quais impossvel deixar dereconhecer os Espritos de todos os graus, desde os Espritos batedores at os Espritos superiores. Nos deuses de forma

    humana, que se transportavam atravs do espao, mudavam deforma e se tornavam visveis ou invisveis vontade,reconhecem-se todas as propriedades do perisprito. Pelaspaixes que lhes emprestavam, reconhecemos os Espritos aindano desmaterializados. Nos manes, lares e penates,reconhecemos nossos Espritos familiares, nossos gniostutelares. O conhecimento das manifestaes espritas , pois, afonte do politesmo. Todavia, desde a mais alta antigidade os

    homens esclarecidos deram a esses pretensos deuses seu devidovalor e neles reconheceram criaturas de um Deus supremo,soberano e senhor do mundo. Confirmando a doutrina daunidade de Deus e iluminando os homens com a sublime moraldo Evangelho, assinalou o Cristianismo uma nova era na marchaprogressiva da Humanidade. Entretanto, como os Espritos nocessavam de manifestar-se, em lugar de deuses, os homensfizeram deles gnios e fadas.

    Possesso segundo a idia ligada a essa palavra, opossesso aquele no qual um demnio veio alojar se O demnio o possui;

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    isso significa que o demnio apoderou-se-lhe do corpo (v.Demnio). Tomando o demnio no em sua acepo vulgar, masno sentido de Esprito mau, Esprito impuro, Esprito malfazejo,

    Esprito imperfeito, tratar-se-ia de saber se um Esprito dessanatureza ou outro qualquer pode eleger domiclio no corpo deum homem conjuntamente com o que nele est encarnado, ou aele se substituindo. Poder-se-ia perguntar que destino toma, nesteltimo caso, a alma assim expulsa. A doutrina esprita diz que oEsprito unido ao corpo no pode dele ser separadodefinitivamente seno pela morte; que outro Esprito no podecolocar-se em seu lugar nem unir-se ao corpo simultaneamente

    com ele; mas ela diz tambm que um Esprito imperfeito podeligar-se ao Esprito encarnado, assenhorear-se dele, dominar-lheo pensamento, obrig-lo, se ele no tem fora para resistir-lhe, afazer tal coisa, a agir em tal sentido; ele o constrange, por assimdizer, sob sua influncia. Assim, no h possesso no sentidoabsoluto da palavra, hsubjugao; no se trata de desalojar umEsprito mau, mas, para servirmo-nos de uma comparaomaterial, de faz-lo largar a presa, o que sempre podemos fazer

    quando o desejamos seriamente; mas h pessoas que secomprazem numa dependncia que lhes lisonjeia os gostos e osdesejos.

    A superstio vulgar atribui possesso do demnio certasdoenas que no tm outra causa seno uma alterao dosrgos. Esta crena era muito difundida entre os judeus. Paraeles, curar essas doenas era expelir os demnios. Qualquer queseja a causa da doena, contanto que a cura se d, isto nada tira

    do poder daquele que a opera. Jesus e seus discpulos podiam, pois, dizer que expeliam os demnios, para se servirem dalinguagem usual. Falando de outra maneira, no teriam sidocompreendidos, nem, talvez, mesmo acreditados. Uma coisapode ser verdadeira ou falsa, conforme o sentido atribudo spalavras. As maiores verdades podem parecer absurdas quandose considera apenas a forma.

    Prece a prece uma invocao e, em certos casos, umaevocao, pela qual chamamos a ns tal ou tal Esprito. Quando

    dirigida a Deus ele nos envia seus mensageiros os Bons

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    como ela j tem uma acepo consagrada e bem definida, noconvm dar-lhe outra (v.Psicofonia).

    Psicofonia (do gr. psych, alma e phon, som ou voz) transmisso do pensamento dos Espritos pela voz de ummdium falante.

    Pureza absoluta estado dos Espritos da primeira ordem oupuros espritos: os que percorreram todos os graus da escala eno tm que sofrer mais encarnao.

    Purgatrio (do lat. purgatorium, efeito de purgare, purgar;

    raizpurus

    , puro, que se deriva do gr.pyr

    ,pyrus

    , fogo, antigoemblema da purificao) lugar de expiao temporria,segundo a Igreja Catlica, para as almas que tm ainda que purificar-se de algumas manchas. A Igreja no define de ummodo preciso o lugar onde se acha o Purgatrio. Ela o coloca emtoda parte, no espao, talvez ao nosso lado. Ela no se explicamais claramente sobre a natureza das penas ali sofridas; sosofrimentos mais morais do que fsicos. H, entretanto, fogo,mas a alta teologia reconhece que esta palavra deve ser tomadaem sentido figurado e como emblema de purificao. O ensinodos Espritos muito mais explcito a este respeito; eles rejeitam,e verdade, o dogma da eternidade das penas (v. Inferno, penaseternas), mas admitem uma expiao temporria, mais ou menoslonga, que no outra coisa, salvo o nome, seno o purgatrio.Esta expiao se realiza pelos sofrimentos morais da alma noestado errante; os Espritos errantes esto por toda parte: noespao, ao nosso lado, como diz a Igreja. A Igreja admite no purgatrio certas penas fsicas; a doutrina esprita diz que oEsprito se purifica, se purga de suas impurezas em suasexistncias corporais; os sofrimentos e as tribulaes da vida soas expiaes e as provas pelas quais eles se elevam, de onderesulta que aqui na Terra estamos em pleno purgatrio. O que adoutrina catlica deixa no vago, os Espritos precisam, fazem-nos tocar com o dedo e ver com os olhos. Os Espritos quesofrem podem, pois, dizer que esto no purgatrio, paraservirem-se da nossa linguagem. Se, em razo de sua

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    inferioridade moral, no lhes dado ver o termo de seussofrimentos, eles diro que esto no Inferno (v.Inferno).

    A Igreja admite a eficcia das preces pelas almas dopurgatrio. Os Espritos dizem-nos que pela prece chamamos osbons Espritos, que do aos fracos a fora moral que lhes faltapara suportar suas provas. Os Espritos sofredores podem pedirpreces sem que haja nisto contradio com a doutrina esprita;ora, conforme o que conhecemos dos diferentes graus dosEspritos, compreendemos que eles podem pedi-las segundo aforma que lhes era familiar durante a vida (v.Prece).

    A Igreja no admite seno uma existncia corporal, depois daqual a sorte do homem irrevogavelmente fixada por toda aeternidade. Os Espritos nos dizem que uma s existncia, cujadurao, muitas vezes abreviada pelos acidentes, no passa deum ponto na eternidade, no basta alma para purificar-secompletamente, e que Deus, em sua justia, no condena semremisso aquele de quem no dependeu, muitas vezes, serconvenientemente instrudo sobre o bem, para pratic-lo. Suadoutrina deixa alma a faculdade de realizar, em uma srie deexistncias, o que ela no pode realizar em uma s: a est adiferena. Mas, se se escrutassem com cuidado todos osprincpios dogmticos, e se se levasse sempre em conta a parteque deve ser tomada em sentido figurado, muitas contradiesaparentes desapareceriam.

    Reencarnao volta dos Espritos vida corporal. Areencarnao pode dar-se imediatamente depois da morte, ou

    aps um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual oEsprito permanece errante. Pode dar-se nesta Terra ou em outrasesferas, mas sempre em um corpo humano, e nunca no de umanimal. A reencarnao progressiva ou estacionria; nunca retrgrada. Em suas novas existncias corporais o Esprito podedecair em posio social, mas no como Esprito, isto , desenhor pode nascer servidor, de prncipe, artfice, de rico,miservel, mas progredindo sempre em cincia e moralidade.

    Deste modo o criminoso pode tornar-se homem de bem, mas ohomem de bem no pode tornar-se um criminoso.

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    Os Espritos imperfeitos, que esto ainda sob a influncia damatria, nem sempre tm sobre a reencarnao idias perfeitas.A explicao que oferecem se ressente de sua ignorncia e dos

    preconceitos terrestres, pouco mais ou menos como se dariarelativamente a um campons a quem se perguntasse se a Terraou o Sol que gira. Eles tm apenas uma lembrana confusa desuas existncias anteriores e o futuro se lhes apresentaextremamente vago (sabe-se que a lembrana das existnciaspassadas se elucida medida que o Esprito se purifica). Algunsfalam ainda das esferas concntricas que cercam a Terra e nasquais o Esprito, elevando-se gradativamente, chega ao stimo

    cu, que , para eles, o apogeu da perfeio. Mas no meio dadiversidade das expresses e da extravagncia das figuras, umaobservao atenta deixa reconhecer facilmente um pensamentodominante, o das provas sucessivas que o Esprito deve sofrer edos diversos graus que deve percorrer para chegar perfeio e suprema felicidade. Muitas vezes as coisas s nos parecemcontraditrias porque no lhes sondamos o sentido ntimo.

    Religio Vide Nota Especial no final deste Vocabulrio Esprita.

    Sat (do hebreu chaitn, adversrio, inimigo de Deus) ochefe dos demnios. Esta palavra sinnimo de diabo, com adiferena de que este ltimo vocbulo pertence mais do que oprimeiro linguagem familiar. Em segundo lugar, de acordo coma idia ligada a esta palavra, Sat um ser nico: o gnio do mal,o rival de Deus. Diabo um termo mais genrico, que se aplica a

    todos os demnios. H somente um Sat (ou Satans), porm hvrios diabos. Segundo a doutrina esprita, Satans no um serdistinto, pois Deus no tem rival com quem possa medir-se,poder contra poder. Sat a personificao alegrica do mal e detodos os maus Espritos (v.Diabo,Demnio).

    Segunda-vista efeito da emancipao da alma que semanifesta no estado de viglia. Faculdade de ver as coisas

    ausentes como se estas estivessem presentes. Aqueles que delaso dotados no vem pelos olhos, mas pela alma, que percebe aimagem dos objetos por toda parte onde ela se transporta e como

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    por uma espcie de miragem. Esta faculdade no permanente.Certas pessoas a possuem sem saber: ela parece-lhes um efeitonatural, e produz o que denominamos vises.

    Sematologia (do gr.sema,semato, sinal, e logos, discurso) transmisso do pensamento dos Espritos por meio de sinais, taiscomo pancadas, batidas, movimentos de objetos, etc. (v.Tiptologia).

    Serafim (v.Anjos).

    Sibilas (do gr. eolio sios, empregado por thos, Deus, e delouli

    , conselho; conselho divino) eram profetisas queforneciam os orculos e que os antigos julgavam inspiradas pelaDivindade. Levando em conta a parte de charlatanismo e o prestgio com que as cercavam aqueles que as exploravam,reconhece-se nas sibilas e nas pitonisas todas as faculdades dossonmbulos, dos extticos e de certos mdiuns.

    Silvos, Slfides segundo a mitologia cltica e germnica daIdade Mdia, os silfos eram os gnios do ar, como os gnomos

    eram os da terra e as ondinas os das guas. Eram representadossob forma humana, semivaporosa, com traos graciosos, asastransparentes; eram o smbolo da rapidez com a qual percorrem oespao. Atribua-se-lhes o poder de se tornarem visveis vontade. Seu carter era doce e afvel. No duvideis damultido de silfos ligeiros que tendes s vossas ordens.Continuamente ocupados em recolher vossos pensamentos, malpronunciais uma palavra e eles dela se apoderam, indo repeti-la

    por toda parte em redor de vs. Sua ligeireza to grande queeles percorrem mil passos em um segundo So os silfos deParacelso e de Gabalis. (A. Martin).

    Sonambulismo (do lat. somnus, sono, e ambulare, marchar,passear) estado de emancipao da alma mais completo do queno sonho (v. Sonho).

    O sonho um sonambulismo imperfeito. No sonambulismo alucidez da alma, isto , a faculdade de ver, que um dosatributos de sua natureza, mais desenvolvida, Ela v as coisas

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    com mais preciso e nitidez, o corpo pode agir sob o impulso davontade da alma.

    O esquecimento absoluto no momento do despertar um dossinais caractersticos do verdadeiro sonambulismo, visto que aindependncia da alma e do corpo mais completa do que nosonho.

    Sonambulismo natural o que espontneo e se produzsem provocao e sem influncia de nenhum agente exterior.

    Sonambulismo magntico ou artificial o que provocadopela ao que uma pessoa exerce sobre outra, por meio do fluidomagntico que esta derrama sobre aquela.

    Sonho efeito da emancipao da alma durante o sono.Quando os sentidos ficam entorpecidos, os laos que unem ocorpo e a alma se afrouxam. Esta, tornando-se mais livre,recupera, em parte, suas faculdades de Esprito e entra maisfacilmente em comunicao com os seres do mundo incorpreo.A recordao que ela conserva ao despertar, do que viu em

    outros lugares e em outros mundos, ou em suas existncias passadas, constitui o sonho propriamente dito. Sendo estarecordao apenas parcial, quase sempre incompleta eentremeada com recordaes da viglia, resultam da, naseqncia dos fatos, solues de continuidade que lhes rompem aconcatenao e produzem esses conjuntos estranhos que parecemsem sentido, pouco mais ou menos como seria a narrao qualse houvessem truncado, aqui e ali, fragmentos de linhas ou de

    frases.Soniloquia (do lat. somnus, sono, e loqui, falar) estado de

    emancipao da alma intermedirio ao sono e ao sonambulismonatural. Aqueles que falam sonhando so sonloquos.

    Sono natural suspenso momentnea da vida de relao.Entorpecimento dos sentidos durante o qual so interrompidas asrelaes da alma com o mundo exterior por meio dos rgos.

    Sono magntico atuando sobre o sistema nervoso, o fluidomagntico produz, em certas pessoas, um efeito que se comparou

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    ao sono natural, mas que difere dele essencialmente em muitospontos. A principal diferena consiste em que, neste estado, opensamento se encontra inteiramente livre, o indivduo tem um

    conhecimento perfeito de si mesmo e o corpo pode agir como noestado normal, o que devido a que a causa fisiolgica do sonomagntico no a mesma que a do sono natural. Contudo o sononatural um estado transitrio que precede sempre o sonomagntico, a passagem de um a outro um verdadeiro despertarda alma. Eis por que aqueles que so postos pela primeira vezem sonambulismo magntico respondem quase sempre no aesta pergunta: dormis? E, com efeito, visto que vem e pensam

    livremente, para eles isso no dormir no sentido vulgar dapalavra.

    Superstio por absurda que seja, uma idia supersticiosarepousa quase sempre sobre um fato real, mas que a ignornciadesnaturou, exagerou ou interpretou falsamente. Seria um erro pensar que vulgarizar o conhecimento das manifestaesespritas propagar supersties. De duas coisas uma: ou essesfenmenos so uma quimera, ou so reais. No primeiro casoseria razovel combat-los. Mas, se existem, como o demonstra aexperincia, nada os impedir de se produzirem. Como seriapueril opor-se a fatos positivos! O que se deve combater no soos fatos, mas a falsa interpretao que a ignorncia pode dar-lhes. Sem dvida, nos sculos remotos, eles foram origem deuma multido de supersties, como alis, todos os fenmenosnaturais, cuja causa era desconhecida. O progresso das cinciaspositivas de pouco em pouco destri parte dessas supersties. Acincia esprita, sendo cada vez mais divulgada, far desapareceras restantes.

    Os adversrios do Espiritismo apiam-se no perigo que essesfenmenos representam para a razo. Todas as causas capazes deabalar as imaginaes fracas podem produzir a loucura. O quenos compete, antes de tudo, eliminar essa doena qualchamamos medo. Ora, o meio de conseguir isto no exagerar o

    perigo fazendo crer que todas essas manifestaes so obra dodiabo. Aqueles que propagam esta crena com o intuito dedesacredit la erram completamente o alvo pois que atribuir

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    uma causa qualquer aos fenmenos espritas reconhecer-lhes aexistncia. Em segundo lugar, querendo persuadir que o diabo o nico agente deles, afeta-se perigosamente o moral de certos

    indivduos. Como no se impedir que as manifestaes se produzam, mesmo entre aqueles que no se quiserem ocuparcom elas, essas pessoas s vero por toda parte, em redor de si,diabos e demnios at nos fatos mais simples, que tomaro pormanifestaes. E isso no deixar de lhes perturbar o crebro.Tornar crvel essa crena propagar o mal do medo, em lugar decur-lo. Nisto est o verdadeiro perigo, nisto a superstio.

    Taumaturgo(do gr.

    thauma

    ,thaumatos

    , maravilha, eergon

    ,obra) fazedor de milagres: So Gregrio Taumaturgo. Diz-se,s vezes, por ironia, daqueles que, com ou sem razo, se gabamde ter o poder de produzir fenmenos fora das leis da natureza. neste sentido que certas pessoas qualificam Swedenborg detaumaturgo.

    Telegrafia humana comunicao distncia entre duaspessoas vivas, que se evocam reciprocamente. Esta evocao

    provoca a emancipao da alma, ou do Esprito encarnado, quevem se manifestar e pode comunicar seu pensamento pela escritaou por outro qualquer meio. Os Espritos dizem-nos que atelegrafia humana ser um dia um meio usual de comunicao,quando os homens forem mais moralizados, menos egostas emenos presos s coisas materiais. At que esse estado sejaalcanado, a telegrafia humana ser um privilgio de almas deescol.

    Tendncias inatas tendncias, idias ou conhecimentosno adquiridos que, parece, trazemos ao nascer. H muito tempodiscutem-se as tendncias inatas, cuja realidade combatida porcertos filsofos que pretendem sejam todas adquiridas. Se assimfosse, como explicar certas disposies naturais que se revelammuitas vezes desde a mais tenra idade e independentemente dequalquer educao? Os fenmenos espritas lanam uma grandeluz sobre esta questo. A experincia no deixa dvida alguma,hoje em dia, sobre estas espcies de tendncias que encontramsua explicao na sucesso das existncias. Os conhecimentos

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    adquiridos pelo Esprito nas existncias anteriores se refletemnas existncias posteriores atravs do que denominamostendncias inatas.

    Todo universal, ou grande todo segundo a opinio decertos filsofos, h uma alma universal, da qual cada um de ns possui uma parcela. Com a nossa morte, todas essas almas particulares voltam fonte geral, sem conservar suaindividualidade, como as gotas da chuva se confundem nas guasdo oceano. Esta fonte comum , para eles, o grande todo, o todouniversal. Esta doutrina to desalentadora quanto o

    materialismo, uma vez que, sem a individualidade depois damorte, , sem dvida, como se no existssemos. O Espiritismo a prova patente do contrrio. Mas a idia do grande todo noimplica, necessariamente, a da fuso dos seres em um s. Umsoldado que volta ao seu regimento entra no todo coletivo, masno deixa, por isso, de conservar sua individualidade. O mesmose d com as almas que entram no mundo dos Espritos, que paraelas , igualmente, um todo coletivo: o todo universal. nestesentido que deve ser entendida esta expresso na linguagem decertos Espritos.

    Transmigrao (v.Reencarnao, Metempsicose).

    Vidente aquele ou aquela que dotado de segunda-vista.Algumas pessoas designam sob este nome os sonmbulosmagnticos para melhor lhes caracterizar a lucidez. Esta palavra,nesta ltima acepo, pouco mais vale do que o adjetivoinvisvel aplicado aos Espritos. Tem o inconveniente de no serespecial ao estado sonamblico. Quando se tem um termo paraexprimir uma idia, suprfluo criar outro. preciso, sobretudo,evitar desviar as palavras de sua acepo consagrada.

    * * *

    Nota especial (do Tradutor desta edio em portugus):

    Religio

    Os estudiosos procuram em vo, na obra de Kardec, umaacepo para a Religio dos Espritos. Tambm neste Pequeno

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    Vocabulrio Kardec foge a este vocbulo, de conotao cedia.Escrevendo na Revista Esprita de dezembro de 1868(lembremo-nos de que a presente obra foi redigida em 1858,

    portanto dez anos antes), Kardec assim se expressa:O Espiritismo , ento, uma religio? Perfeitamente! Sem dvida; no sentido filosfico uma

    religio, e ns nos ufanamos disso, porque ele a doutrina quefundamenta os laos da fraternidade e da comunho, mas sobreas mais slidas bases: As leis da prpria Natureza.

    Por que, ento, declaramos que o Espiritismo no uma

    religio? Porque s temos uma idia para exprimir duas idiasdiferentes e porque, na opinio geral, a palavra inseparvel deculto; revela exclusivamente uma idia de prticas exteriores.E o Espiritismo no isso. Se o Espiritismo se dissesse umareligio, o pblico s veria nele uma nova edio, uma variante,por assim dizer, dos princpios absolutos em matria de f, umacasta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimnias e

    de privilgios. O pblico no o separaria das idias demisticismo e dos abusos, contra os quais sua opinio tem-semanifestado tantas vezes.

    No possuindo nenhum dos caracteres de uma religio naacepo usual da palavra, o Espiritismo no poderia e nemdeveria ornar-se com o ttulo sobre o valor do qual,inevitavelmente, se estabeleceria a incompreenso. Eis por queele se diz simplesmente: doutrina filosfica e moral.

    Comentando estas palavras de Allan Kardec, pronunciadas naSociedade Esprita de Paris, a 1 de novembro de 1868, oprofessor J. Herculano Pires, reconhecido em todo o Brasil comoum dos grandes exegetas da obra de Allan Kardec, com precisoassim se expressa:

    A religio espiritual se define pela superao do social.Pestalozzi, mestre de Kardec, considerava a existncia de

    trs tipos de religio: a animal, ou primitiva; a social, ou positiva; e a espiritual, ou moral. A esta ltima preferia

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    Desta forma, conforme a classificao descrita na referidaobra, a Escala Esprita ficou assim constituda:

    1 ordem 1 classe Espritos puros2 ordem

    BonsEspritos

    2 classe Espritos superiores3 classe Espritos sensatos4 classe Espritos sbios5 classe Espritos benfazejos

    3 ordemEspritos

    imperfeitos

    6 classe Espritos batedores eperturbadores

    7 classe Espritos neutros8 classe Espritos pseudo-sbios9 classe Espritos levianos

    10 classe Espritos impuros

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    I

    Escala esprita

    De todos os princpios fundamentais da doutrina esprita, umdos mais importantes , sem contradio, o que estabelece asdiferentes ordens de Espritos. No princpio das manifestaesimaginou-se que um ente, pelo fato mesmo de ser um Esprito,

    devia possuir a cincia infusa

    11

    e a suprema sabedoria. Em vistadisso muitas pessoas se julgaram de posse de um meio infalvelde adivinhao. E este erro deu lugar a muitas desiluses. Empouco tempo a experincia fez conhecer que o mundo invisvelest longe de comportar somente Espritos superiores. Elesprprios nos fazem saber que no so iguais nem em saber, nemem moralidade, e que sua elevao depende do grau de perfeioa que chegaram. Traaram os caracteres distintivos dessesdiferentes graus que constituem aquilo a que denominamosEscala Esprita. Desde ento ficaram explicadas a diversidade eas contradies da sua linguagem e compreendeu-se que entre osEspritos, como entre os homens, para tomar-se uma informaosegura no basta dirigir-se ao primeiro que se encontra.

    Essa escala nos d, assim, a chave de uma multido defenmenos e de anomalias aparentes, para as quais, sem isto,seria difcil, seno impossvel, encontrar explicao. Ela nos

    interessa, alm disso, pessoalmente, uma vez que pertencemos,por nossa alma, ao mundo espiritual, ao qual voltamos ao deixara vida corprea, e nos mostra, assim, o caminho a seguir parachegarmos perfeio e ao bem supremo.

    Do ponto de vista da cincia prtica, ela nos oferece amaneira de julgar os Espritos que se apresentam nasmanifestaes e ainda de apreciar o grau de confiana que sualinguagem deve inspirar. Esse estudo exige uma observao

    atenta e constante. preciso tempo e experincia para aprender aconhecer os homens: no se exige menos para aprender ah E it

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    A escala esprita compreende trs ordens principais, indicadas pelos Espritos e perfeitamente caracterizadas. Como essasordens apresentam, cada uma, diferentes gradaes, ns a

    subdividimos em vrias classes qualificadas pelo carterdominante dos Espritos que delas fazem parte. Estaclassificao, de resto, nada tem de absoluto. Cada categoria soferece um carter delimitado em seu conjunto, mas de um graua outro o matiz se atenua, como nos reinos da natureza as coresdo arco-ris, ou, ainda, os diferentes perodos da vida. De vinte aquarenta anos o homem sofre uma mudana notvel; aos vinteanos um rapaz; aos quarenta um homem feito; mas entre

    essas duas fases da vida seria impossvel estabelecer uma linhaprecisa de demarcao e dizer onde acaba uma e onde comea aoutra. O mesmo se d entre os graus da escala esprita. Faremosobservar, alm disso, que os espritos no pertencem sempreexclusivamente a tal ou tal classe. Seu progresso realiza-segradualmente e, muitas vezes, mais em um sentido do que emoutro. Assim, eles podem reunir os caracteres de vriascategorias, o que fcil de reconhecer pela sua linguagem e

    pelos seus atos.Comeamos a escala pelas ordens inferiores, pois que este o

    ponto de partida dos Espritos que se elevam gradativamente dasltimas s primeiras classes.

    Terceira ordem Espritos imperfeitos

    Caracteres gerais predominncia da matria sobre o

    esprito; propenso para o mal; ignorncia, orgulho, egosmo etodas as ms paixes que so as conseqncias disso. Nem todos so essencialmente maus; em alguns h mais

    leviandade, irreflexo e malcia do que verdadeira maldade. Unsno fazem o bem nem o mal; mas s pelo fato de no fazerem o bem, denotam sua inferioridade. Outros, ao contrrio, secomprazem no mal e ficam satisfeitos quando encontram ocasiode pratic-lo. Podem aliar a inteligncia maldade ou malcia;

    mas qualquer que seja o seu desenvolvimento intelectual, suas

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    idias so pouco elevadas e seus sentimentos mais ou menosabjetos.

    Os seus conhecimentos acerca do mundo espiritual solimitados e o pouco que dele sabem se confunde com as idias eos preconceitos da vida material. Por esse motivo s podemfornecer noes falsas e incompletas da vida nos planos doesprito. Todavia o observador atilado quase sempre pode colher,em suas comunicaes, ainda que imperfeitamente, aconfirmao das grandes verdades ensinadas pelos Espritossuperiores.

    Pela linguagem se lhes revela o carter. Todo Esprito que,em suas comunicaes, trai um mau pensamento, pode sercolocado na terceira ordem; por conseguinte, todo mau pensamento que nos intudo nos vem de um Esprito destaordem.

    Eles assistem felicidade dos bons e isso constitui para elesum tormento incessante, pois que experimentam todas as agoniasque a inveja e o cime podem produzir.

    Conservam a lembrana e a percepo nos sofrimentos davida corporal e esta impresso , no raro, mais penosa do que arealidade. Desta forma sofrem, efetivamente, tanto por seusmales antigos e pessoais quanto por aqueles que fizeram aosoutros padecer. E como esse sofrimento duradouro, eles osupem eterno. Deus, para puni-los, quer que assim o creiam.

    Podem ser divididos em quatro classes principais:12

    Nona classe: ESPRITOS IMPUROS so inclinados ao mal edele fazem o objeto de suas preocupaes. Como Espritos,do conselhos prfidos, insuflam a discrdia e adesconfiana e lanam mo de todas as mscaras paramelhor enganar. Ligam-se aos homens de carter bastantefraco para cederem s suas sugestes a fim de impeli-los perdio, satisfeitos com lhes poderem retardar oadiantamento, fazendo-os sucumbir nas provas por quepassam.

    Nas manifestaes do-se a conhecer pela sua linguagem.A trivialidade e a grosseria das expresses nos Espritos

  • 8/14/2019 Allan Kardec - Instrues Prticas sobre as Manifestaes Espritas

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    como nos homens, sempre um indcio de inferioridademoral, quando no intelectual. Suas comunicaes revelam abaixeza de suas inclinaes, e se querem enganar falando de

    um modo sensato, no podem sustentar por muito tempo opapel e acabam sempre por trair sua origem.

    Certos povos fizeram deles divindades malfazejas, outrosos designam sob os nomes de demnios maus, Espritos domal.

    Quando encarnados, os seres vivos que eles constituemso inclinados a todos os vcios que as paixes vis edegradantes engendram: a sensualidade, a crueldade, atrapaa, a hipocrisia, a cupidez, a inveja, a avareza srdida.Entregam-se ao mal pelo simples prazer de pratic-lo, asmais das vezes sem motivo; e, por dio ao bem, escolhemquase sempre suas vtimas entre as pessoas honestas. Soflagelos para a Humanidade, seja qual for a classe social aque pertenam; e o verniz da civilizao no os isenta dooprbrio e da ignomnia.

    Oitava classe: ESPRITOS LEVIANOS so ignorantes,malignos, inconseqentes e motejadores. Intrometem-se comtudo, a tudo respondem, sem considerao verdade.Comprazem-se em ocasionar pequenos sofrimentos e pequenas alegrias,