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UNIVERSIDADE DE UBERABA LIGA DE DIABETES Prof. Ms.Tânia Mara Sarraff Souza 11/08/2016 TRATAMENTO DM: - Alimentação - Estímulo do pâncreas (hipoglicemiantes orais) - Insulina - Correção da obesidade - Exercício físico O QUE MUDOU E É ATUALMENTE ACEITO: Divisão de nutrientes Aumento da ingestão de fibras Redução da ingestão de gordura saturada Alimentação do diabético: uma mudança constante O QUE ESTÁ BEM COMPROVADO MAS AINDA NÃO BEM ACEITO: Recomendação do uso de sacarose Uso prático do conceito de índice glicêmico RESPOSTA GLICÊMICA / ÍNDICE GLICÊMICO COMPLEXOS CHOS SIMPLES CHOs simples dos alimentos comumente usados elevam as concentrações de glicose sanguínea mais do que CHOS complexos de alimentos ricos em amidos. A RESPOSTA GLICÊMICA A 50g DE GLICOSE É MUITO MAIOR QUE A RESPOSTA GLICÊMICA A UMA VARIEDADE DE ALIMENTOS QUE CONTÊM 50 g DE AMIDO. Glicose, maltose, sacarose – Produzem grandes aumentos no nível de glicose sanguínea, enquanto a FRUTOSE NÃO PRODUZ. Carboidratos complexos -- Em diferentes formas também produzem diferentes respostas glicêmicas: pães e batatas elevam os níveis de glicose muito mais do que os grãos. Alimentação do diabético: uma mudança constante

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UNIVERSIDADE DE UBERABA

LIGA DE DIABETES

Prof. Ms.Tânia Mara Sarraff Souza 11/08/2016

TRATAMENTO DM:

- Alimentação

- Estímulo do pâncreas (hipoglicemiantes orais)

- Insulina

- Correção da obesidade

- Exercício físico

O QUE MUDOU E É ATUALMENTE ACEITO:

Divisão de nutrientes

Aumento da ingestão de fibras

Redução da ingestão de gordura saturada

Alimentação do diabético: uma mudança constante

O QUE ESTÁ BEM COMPROVADO MAS AINDA NÃO BEM ACEITO:

Recomendação do uso de sacarose

Uso prático do conceito de índice glicêmico

RESPOSTA GLICÊMICA / ÍNDICE GLICÊMICO

COMPLEXOS CHOS SIMPLES

CHOs simples dos alimentos comumente usados elevam as concentrações de glicose sanguínea

mais do que CHOS complexos de alimentos ricos em amidos.

A RESPOSTA GLICÊMICA A 50g DE GLICOSE É MUITO MAIOR QUE A RESPOSTA

GLICÊMICA A UMA VARIEDADE DE ALIMENTOS QUE CONTÊM 50 g DE AMIDO.

Glicose, maltose, sacarose – Produzem grandes aumentos no nível de glicose sanguínea,

enquanto a FRUTOSE NÃO PRODUZ.

Carboidratos complexos -- Em diferentes formas também produzem diferentes respostas

glicêmicas: pães e batatas elevam os níveis de glicose muito mais do que os grãos.

Alimentação do diabético: uma mudança constante

JENKINS et al. introduziram o conceito de ÍNDICE GLICÊMICO para descrever estas respostas:

ÍNDICE GLICÊMICO - É definido como a resposta da glicose sanguínea a uma porção de alimento

contendo 50 g de CHO disponível, expresso como uma porcentagem da resposta à mesma

quantidade de CHO de um alimento padrão.

Para se determinar o índice glicêmico compara-se a resposta glicêmica de determinados alimentos

com um alimento padrão (geralmente pão branco ou glicose).

Índice glicêmico de alguns alimentos:

CLASSE I: ALTO : IG90 - A maioria dos pães, biscoito tipo cracker, a maioria dos cereais

matinais, a maioria das batatas

CLASSE II: INTERMEDIÁRIO: IG de 70 a 90 - Aveia, a maioria dos biscoitos, arroz polido, batata

doce, trigo integral, milho doce.

CLASSE III: BAIXO: IG 70 - A maioria das pastas, arroz parboilizado, a maioria das

leguminosas, nozes, cevada.

Estímulo do pâncreas (hipoglicemiantes orais) -- Agentes antidiabéticos Orais

São substâncias que, quando ingeridas, tem finalidade de baixar a glicemia e mantê-la

normal (jejum < 100mg/dl e pós-prandial <140mg/dl)

Diabetes Mellitus

Os antidiabéticos orais podem ser separados em:

- medicamentos que incrementam a secreção pancreática de insulina - (sulfoniluréias e glinidas);

- reduzem a velocidade de absorção de glicídios - (inibidores das alfaglicosidases);

- diminuem a produção hepática de glicose - (biguanidas);

- e/ou aumentam a utilização periférica de glicose - (glitazonas).

INSULINA

A insulina e sempre necessária no tratamento do DM1, devendo ser instituída assim que for feito o

diagnóstico.

INSULINOTERAPIA EM DM TIPO 1

- TC: Terapia Convencional - Aplicação de insulina de 2 a 3 vezes ao dia, de ação longa ou

combinação de longa com regular.

Desvantagens: obrigação de realizar refeições intermediárias, manutenção de horários restritos

para as refeições, aplicações de insulina, menor flexibilidade da rotina diária.

- TCI: Terapia Convencional Intensiva - A insulina de ação longa é aplicada (manhã e período

vespertino) para cobrir a necessidade de insulina independente de alimentação (basal).

Antes de cada refeição é injetada insulina de ação rápida. O objetivo é imitar a secreção de insulina

de um pâncreas saudável.

- ICSI: Terapia de Infusão Contínua Subcutânea com Bomba de Infusão - Como na TCI,

diferencia a liberação de insulina basal e a insulina dependente da refeição. A taxa basal é

automaticamente liberada pela bomba em quantias mínimas a cada 3 minutos. Nas refeições o

usuário se auto-aplica um bolus com apertos sucessivos de um único botão, não sendo necessário

aplicação de injeção A bomba é capaz de liberar com precisão a insulina necessária 24h ao dia,

imitando a secreção de insulina de um pâncreas saudável. Utiliza apenas insulina de ação rápida.

CONTAGEM DE CARBOIDRATOS

É uma técnica que auxilia o paciente no controle da glicemia, estando relacionada ao tratamento

com o uso de insulina. As doses de insulina a serem usadas são calculadas a partir do tipo e da

quantidade de alimento ingerido, devendo-se considerar também a forma de administração da

insulina (terapia com múltiplas aplicações de insulina ou através de bomba de infusão).

Fundamento da Contagem de CHO -- CHOs são transformados quase totalmente em glicose,

razão pela qual a contagem dos mesmos para o cálculo da dose de insulina é tão eficaz.

MÉTODO:

Consiste em relacionar os gramas de CHO de um alimento com a quantidade de insulina

adequada para sua utilização.

Estabelece-se a relação inicial de insulina para o alimento (bolus de refeição) para uma

quantidade X de gramas de CHO. Esta relação tem como base o peso do indivíduo.

Sabendo essa relação, o paciente aplicará o bolus (insulina de refeição) adequado para o

alimento desejado.

Ex.: Uma pessoa com 50Kg, 160cm, IMC de 19,53 em terapia intensiva de múltiplas aplicações de

injeção ou terapia com bomba.

Relação bolus x CHO = 1 UI para 15g CHO

Supondo que ingira 1 pão francês + 1 copo de leite com nescau:

1 pão = 50g contém 28g de CHO

1 copo de leite com nescau = 240 mL contém 32g de CHO

Total de CHO = 28 + 32 = 60 g de CHO

Cálculo da insulina:

1 UI ----------- 15 g CHO

x -------------- 60g CHO

x = 4 UI insulina para esta refeição

* Não confundir as gramas de CHO com as gramas de peso do alimento (1 pão francês pesa 50g

e contém 28g de CHO).

SBD: Princípios para orientação nutricional no Diabetes Mellitus

A adoção de um plano alimentar saudável é fundamental no tratamento do DM.

O plano alimentar deve ser individualizado e fornecer um valor calórico total (VCT) compatível com

a obtenção e/ou a manutenção de peso corporal desejável.

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA DIABÉTICOS / SBD

MACRONUTRIENTES INGESTÃO RECOMENDADA

Valor energético total (VET) Considerar as necessidades individuais.

Carboidratos (CHO) Carboidratos totais – 45% - 60%

Sacarose até 10%

Frutose - Não se recomenda adição nos alimentos

Fibra alimentar Mínimo de 20g/dia ou 14g/1000 Kcal

Gordura total (GT) Até 30% VET

Ácidos graxos saturados (AGS) < 7% do VET

Ácidos graxos poliinsaturados (AGPI) Até 10% do VET

Ácidos graxos monoinsaturados (AGMI) Completar de forma individualizada

Colesterol < 200mg/dia

Proteína 15% - 20% VET

ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS

A adoção de um plano alimentar saudável é fundamental no tratamento do DM.

- DISTRIBUIÇÃO DOS CARBOIDRATOS de acordo com VCT

Desjejum 15%

Lanche da manhã 5%

Almoço 30%

Lanche da tarde 15%

Jantar 25%

Ceia 10%

SBD – RECOMENDAÇÕES ALIMENTARES COMPLEMENTARES

Recomenda-se que o plano alimentar seja fracionado em seis refeicões, sendo três principais e três lanches. Quanto a forma de preparo dos alimentos, deve-se dar preferência aos grelhados, assados, cozidos no vapor ou até mesmo crus. Os alimentos diet, light ou zero podem ser indicados no contexto do plano alimentar e não utilizados de forma exclusiva. Devem-se respeitar as preferencias individuais e o poder aquisitivo do paciente e da família.

Erros comuns na alimentação dos diabéticos:

Porcionamento consciente – O que conta como uma porção? Grupo dos grãos: 1 fatia de pão; 1 copo de cereal instantâneo (seco); 4 colheres (sopa) de arroz ou massa cozida. Grupo das hortaliças: 4 colheres (sopa) de legumes cozidos (ex.: cenoura, couve-flor, beterraba); 1 prato (sobremesa) de folhas cruas, picadas (ex.: espinafre, agrião, alface). Grupo das frutas: 1 fruta média (ex.: maçã, laranja, pêra); 1 pote pequeno de frutas picadas cruas, cozidas, congeladas ou enlatadas (sem calda); 1 fatia média de mamão, melão ou melancia; 1 copo de suco de fruta. Grupo do leite e substitutos: 1 copo de leite ou iogurte; 2 fatias de queijo branco; 3-4 fatias de mussarela; 2 colheres de (sopa) de queijo ralado. Grupo das carnes e substitutos: 2 colheres sopa (60g) de carne moída, ave ou peixe; 2 ovos; 4 colheres (sopa) de oleaginosas ou sementes; 4 colheres (sopa) de ervilhas, feijão ou lentilha; 4 cubos de tofu; 4 colheres (sopa) de soja. Grupo dos óleos e extras: 1 colher (chá) de óleo (5g) ou até 8 colheres (chá) de açúcar.

Quantas porções diárias de alimentos de cada grupo alimentar devemos ingerir?

Fracionamento das refeições

Jejum prolongado

Reduzido consumo de fibras - Alimentos que contêm fibras: grãos integrais, frutas e vegetais.

Evidências científicas demonstram que o consumo de fibras viscosas reduz as taxas de esvaziamento gástrico e de digestão e absorção de glicose, com benefícios a curto e médio prazo no controle glicêmico, e também apresentam efeitos benéficos no metabolismo dos lipídeos. Já as fibras não viscosas não agem diretamente neste quesito, porém podem contribuir para a saciedade e controle de peso, além de preservar a saúde intestinal. Recomendo leitura do Manual de Nutrição: