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ALGUMAS APROXIMAÇÕES ENTRE LAZER E SOCIEDADE.TRANSCRIPT
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Animador Sociocultural: Revista Iberoamericana vol.1, n.2, mai.2007/set.2007 Lazer e sociedade Marcellino
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ALGUMAS APROXIMAES ENTRE LAZER E SOCIEDADE Prof. Dr. Nelson Carvalho Marcellino
Universidade Metodista de Piracicaba-SP/CNPQ
Brasil
Recebido em 3 de fevereiro de 2007
Aprovado em 27 de fevereiro de 2007
Resumo O estudo parte do entendimento do lazer para estabelecer relaes com a sociedade, destacando os fatores socioeconmicos, de faixa etria, de gnero e de espao/equipamentos. Aborda ainda as posturas ideolgicas no que diz respeito vinculao lazer e sociedade. Palavras-chave: Lazer, sociedade
Some approaches between Leisure and Society
The study comes from the understanding of leisure to establish relations with the society, analyzing the socio-economic factors of age, gender and space/equipments. It also approaches the ideologist position in what is said about the relationship between leisure and society. Key words: Leisure, society
Quando se trabalha, dentro de uma mesma rea, por mais de trs dcadas,
praticamente impossvel estabelecer novas relaes dentro dela, sem recorrer a trabalhos
anteriores, sob pena de no o explicitando, faltar verdade com aqueles com nos lem,
ou ouvem. Dessa forma, correndo sempre riscos, e o que aqui se apresenta o de ser
repetitivo, vou retomar, nesta fala, as concluses de minha dissertao de mestrado
(MARCELLINO, 2004) e da tese de doutorado (MARCELLINO, 2005) e a partir
delas, estabelecer algumas relaes, entre lazer e sociedade.
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Ainda julgo ser necessrio, nos meus escritos e falas, explicitar o conceito de
lazer, com o qual trabalho, para evitar mal entendidos na sua discusso. Cada vez que
o fao, acrescento novas explicaes, em decorrncia de questionamentos que
recebo, por ocasio de suas colocaes.
Muitas vezes o que constato que se busca uma definio. No entanto,
trabalho com um conceito operacional do lazer historicamente situado.
Deve-se salientar que se originalmente lazer e recreao apresentavam-se de
forma distinta, o primeiro visto como o tempo onde a segunda ocorria, hoje a
recreao um componente do lazer criar de novo, dar vida nova, com novo vigor,
como pode ser, tambm, de outras esferas de manifestao humana
(DUMAZEDIER, s/d/).
Dessa perspectiva, a considerao da recreao/lazer, cada vez mais em nossa
sociedade, deve levar em conta os seguintes pontos:
l. cultura vivenciada (praticada, fruda ou conhecida), no tempo disponvel das
obrigaes profissionais, escolares, familiares, sociais, combinando os aspectos tempo e
atitude.
Digo, do concreto da sociedade contempornea- como , e no do devir- como
deveria ser, inclusive numa sociedade que eu prprio considere mais justa;
Quando me refiro cultura, no estou reduzindo lazer a um nico contedo,
vendo-o a partir de uma viso parcial, como geralmente ocorre quando se utiliza a
palavra cultura, quase sempre restringindo-a aos contedos artsticos, mas aqui
abordando os diversos contedos culturais.
E, finalmente, quando digo vivenciada, no estou restringindo o lazer prtica
de uma atividade, mas tambm ao conhecimento e assistncia, que essas atividades
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podem ensejar, e at mesmo possibilidade do cio, desde que visto como opo, e
nem confundido com ociosidade, sem contraponto com a esfera das obrigaes, no
nosso caso, fundamentalmente, a obrigao profissional.
2. o lazer gerado historicamente e dele podendo emergir, de modo dialtico, valores
questionadores da sociedade como um todo, e sobre ele tambm sendo exercidas
influncias da estrutura social vigente;
A relao que se estabelece entre lazer e sociedade dialtica, ou seja, a mesma
sociedade que o gerou, e exerce influncias sobre o seu desenvolvimento, tambm pode
ser por ele questionada, na vivncia de seus valores.
3. um tempo que pode ser privilegiado para vivncia de valores que contribuam para
mudanas de ordem moral e cultural, necessrias para solapar a estrutura social vigente;
A vivncia desses valores pode se dar numa perspectiva de reproduo da
estrutura vigente, ou da sua denncia e anncio atravs da vivncia de valores
diferentes dos dominantes- imaginar e querer vivenciar uma sociedade diferenciada.
4. portador de um duplo aspecto educativo - veculo e objeto de educao,
considerando-se, assim, no apenas suas possibilidades de descanso e divertimento, mas
tambm de desenvolvimento pessoal e social.
E aqui no se est negando o descanso e o divertimento, mas simplesmente
enfatizando a dimenso menos considerada do lazer, a de desenvolvimento que o seu
vivenciar pode ensejar.
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Volto a repetir, como em outros escritos que o lazer entendido, portanto, como
a cultura, compreendida em seu sentido mais amplo, vivenciada no tempo disponvel.
fundamental como trao definidor, o carter desinteressado dessa vivncia. Ou seja,
no se busca, pelo menos basicamente, outra recompensa alm da satisfao provocada
pela prpria situao. A disponibilidade de tempo significa possibilidade de opo pela
atividade ou pelo cio (MARCELLINO, 2004).
importante ressaltar, tambm, que o entendimento do lazer no pode ser
efetuado em si mesmo, mas como uma das esferas de ao humana historicamente
situada. Outras opes implicariam na colocao apenas parcial e abstrata das questes
relativas ao lazer. impossvel, por exemplo, abordar as questes do lazer isoladas das
questes do trabalho, da educao, etc.
A polmica verificada quanto ao conceito, permanece quando se examina a
questo da ocorrncia do lazer na vida social, do ponto de vista histrico. Alguns
autores consideram que, se os homens sempre trabalharam, tambm paravam de
trabalhar, existindo assim um tempo de no-trabalho, e que esse tempo seria ocupado
por atividades de lazer, mesmo nas sociedades tradicionais. Para outros o lazer fruto
da sociedade moderna urbano-industrial.
No h, a rigor, um carter de rejeio entre as duas correntes, mas sim enfoques
diferentes. A primeira aborda a necessidade de lazer, sempre presente, e a segunda se
detm nas caractersticas que essa necessidade assume na sociedade moderna. Assim, o
lazer sempre existiu, variando apenas os conceitos sobre o que era e quais os seus
significados.
Em outros tipos de organizao social, o que se verifica o no isolamento das
atividades obrigatrias, das ldicas, o que de modo algum significa a no existncia do
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ldico. E mais ainda, o que no nos permite prever se essa diviso, verificada
atualmente na sociedade moderna, urbano-industrial, permanecer efetivamente ou no.
Entender o lazer como um campo especfico de atividade, em estreita relao
com as demais reas de atuao do homem, no significa deixar de considerar os
processos de alienao que ocorrem em quaisquer dessas reas. Entender o lazer como
espao privilegiado para manifestao do ldico na nossa sociedade, no significa
absolutiz-lo, ou menos ainda, consider-lo como nico. Ao meu ver esse entendimento
parece ser uma postura que contribui para abrir possibilidades de alterao do quadro
atual da vida social, tendo em vista a realizao humana, a partir de mudanas no plano
cultural.
O fator econmico determinante desde a distribuio do tempo disponvel entre
as classes sociais, at as oportunidades de acesso escola, e contribui para uma
apropriao desigual do lazer. So as chamadas barreiras inter-classes sociais .Sempre
tendo como pano de fundo esse fator econmico, podemos distinguir uma srie de aspectos
que inibem e dificultam a prtica do lazer, fazendo com que se constitua em privilgio. So
chamadas de barreiras intra-classes sociais.
Uma delas o gnero e nesse aspecto, as mulheres so desfavorecidas
comparativamente aos homens, ou pela rotina do trabalho domstico, ou pela dupla
jornada de trabalho e, principalmente pelas obrigaes familiares decorrentes do
casamento, numa sociedade que, apesar dos avanos nesse sentido, continua machista.
Outro delas a faixa etria. Aqui as crianas e os idosos so os esquecidos. A
criana, por no ter ainda entrado no mercado produtivo, no considerada como a faixa
etria que deve ser vivenciada, mas apenas como uma etapa de preparao para o futuro. O
idoso, por j ter sado do mesmo mercado, tambm tem dificuldades de participao nas
atividades de lazer.
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Alm disso, no plano cultural, uma srie de preconceitos restringe a prtica do
lazer aos mais habilitados, aos mais jovens e aos que se enquadram dentro dos padres
estabelecidos de normalidade.
Dessa forma, a classe social, o nvel de instruo, a faixa etria, o gnero, entre
outros fatores, limitam as oportunidades de prtica do lazer. So indicadores indesejveis e
necessitam ser atacados por uma poltica que objetive a democratizao do lazer
(MARCELLINO, 2006).
Democratizar o lazer implica democratizar o espao. Muito embora as pesquisas
realizadas na rea das atividades desenvolvidas no tempo disponvel enfatizem a atrao
exercida pelo tipo de equipamento construdo, deve-se considerar que, para a efetivao
das caractersticas do lazer necessrio, antes de tudo, que ao tempo disponvel
corresponda um espao disponvel. E se a questo for colocada em termos da vida diria
da maioria da populao, no h como fugir do fato: o espao para o lazer o espao
urbano.
Se procedermos relao lazer/espao urbano, verificaremos uma srie de
descompassos, derivados da natureza do crescimento das nossas cidades, relativamente
recente, e caracterizado pela acelerao e imediatismo. O aumento da populao urbana
no foi acompanhado pelo desenvolvimento de infra-estrutura adequada, gerando
desnveis na ocupao do solo e diferenciando marcadamente, de um lado as reas
centrais, ou os chamados plos nobres, concentradores de benefcios, e de outro a
periferia, com seus bolses de pobreza, verdadeiros depsitos de habitaes. Mesmo
quando nesses espaos esto localizados equipamentos tais como shoppings center, a
populao local, geralmente no tem acesso privilegiado a eles.
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Constata-se, principalmente, a centralizao de equipamentos especficos
(teatros, cinemas, bibliotecas, etc.),1 ou a sua localizao em espaos para pblicos
segmentados, o ar de santurio de que ainda se revestem um bom nmero deles e as
dificuldades para utilizao de equipamentos no-especficos o prprio lar, bares,
escolas, etc.
Essa situao agravada, sobretudo se considerarmos que, cada vez mais, as
camadas mais pobres da populao vm sendo expulsas para a periferia e, portanto,
afastadas dos servios e dos equipamentos especficos; justamente as pessoas que no
podem contar com as mnimas condies para a prtica do lazer em suas residncias e
para quem o transporte adicional, alm de economicamente invivel, muito
desgastante. Nesse processo, cada vez menos encontramos locais para os folguedos
infantis, para o futebol de vrzea, ou que sirvam como pontos de encontro de
comunidades locais.
Assim, aos espaos destinados ao lazer pouco restou. O lazer tambm passou a
ser visto pelos grandes investidores como uma mercadoria. H muito a cidade deixou
de ser basicamente um espao pblico, neutro, sem querer chamar a ateno. A prpria
cidade um produto a ser vendido para o desenvolvimento de atividades
lucrativas(SASSEN, 2000, p.120). preciso que o poder municipal entenda a
importncia dos espaos urbanos de lazer nas cidades, antes que empresas os
transformem em produtos acessveis somente a classes sociais mais altas.
Se o lazer colocado pela sociedade capitalista enquanto um momento de
consumo, o espao para o lazer tambm visto como um espao para o consumo. A 1REQUIXA (l980) enfatiza a necessidade de integrao, dentro de uma poltica de lazer, de equipamentos privados e pblicos, de um lado, e de outro, de equipamentos especficos e no-especficos. Como equipamento no-especfico entende os que, em sua origem, no foram construdos para a prtica das atividades de lazer, mas que depois tiveram sua destinao especfica alterada, de forma parcial ou total, criando-se espaos para aquelas atividades. O autor coloca que hoje os espaos das cidades precisam ser aproveitados de modo a se tornarem polivalentes Entre esses equipamentos no especficos esto: o lar, a rua, o bar, a escola, etc. J os equipamentos especficos so construdos com essa finalidade, podendo ser classificados pelo tamanho, atendimento aos contedos culturais, ou outros critrios.
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constituio dos ncleos primordialmente assentada em interesses econmicos. Foram
e so concebidos como locais de produo, ou de consumo.(MARCELLINO, 2006,
p.25). Dessa forma, tambm os equipamentos de lazer, os espaos de convvio, seguem
uma tendncia privatizao, incluindo a as reas verdes que, como o prprio lazer,
passam a ser mercadorias.
Somos partidrios da opinio de que a bela cidade constitui o equipamento mais
apropriado para que o lazer cotidiano da maioria da populao possa se desenvolver.
a, onde se localizam os grandes contingentes da populao, que a produo cultural
pode ser devidamente estimulada e veiculada, atingindo um pblico significativo.
O crescimento desordenado, a especulao imobiliria, enfim, uma srie de
fatores vem contribuindo para que o quadro das nossas cidades no seja dos mais
promissores, quer na defesa de espaos, quer em termos da paisagem urbana, quando se
fala da contemplao esttica. Em nome da economia e da funcionalidade, muito se tem
feito enfeiando a paisagem urbana.
Mas, no somente a urbanizao regida pelos interesses imediatistas do lucro.
A viso utilitarista do espao determinante tambm nos processos de renovao
urbana, ou seja, nas modificaes do espao j urbanizado, ditadas pelas transformaes
verificadas nas relaes sociais. Alm da alterao da paisagem, fato mais facilmente
observado e que, pela ausncia de critrios, geralmente contribui para a
descaracterizao do patrimnio ambiental urbano e a conseqente perda das ligaes
afetivas entre o morador e o habitat, h diminuio dos equipamentos coletivos e o
aumento do percurso casa/trabalho, enfim, o favorecimento de pequenos grupos sociais
em detrimento dos antigos moradores.
relativamente recente a preocupao com os efeitos nocivos causados pelo
processo de urbanizao crescente, para a estrutura de nossas cidades. A ao
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predatria, motivada pelos interesses imediatistas, ocasiona problemas muito srios, que
afetam a qualidade de vida e o lazer das populaes, contribuindo com a violncia e a
falta de segurana, inclusive.
Todas as pesquisas do conta de que a grande maioria da populao desenvolve
suas atividades de lazer, prioritariamente, no ambiente domstico. O lar o principal
equipamento no especfico de lazer, ou seja, um espao no construdo de modo
particular para essa funo, mas que eventualmente pode cumpri-la. Nessa mesma
categoria figuram os bares, as ruas, as escolas etc
Quanto ao lar, ainda que possa oferecer condies satisfatrias para uma minoria
de privilegiados, constitui um dos poucos equipamentos, disponveis para grandes parcelas
da populao, empurradas para dentro de suas casas, no tempo disponvel para o lazer.
Exatamente essas pessoas so as que menos tm condies para o desenvolvimento de
lazer nas suas habitaes. O espao exguo, quer se considere as reas construdas, ou os
quintais e reas abertas coletivas, quando existem. Na maioria de nossas cidades h
favelados em barracos e tambm nas favelas de alvenaria, formadas pelas autoconstrues
de fins de semana, ou pelos cubculos dos programas de habitao popular.
No que diz respeito aos bares, muito preconceito ainda existe, ligado ao consumo
de bebidas alcolicas. Via de regra, o bar vem perdendo a sua caracterstica de ponto de
encontro, muito embora algumas iniciativas ocorram, no sentido de sua transformao em
espao alternativo para outras atividades, como exposies, lanamentos de livros, msicas
ao vivo, etc.. A maioria dessas iniciativas fica restrita aos chamados barzinhos e cafs
freqentados por jovens, quase que na totalidade estudantes. Os tradicionais botequins,
onde se jogava conversa fora, so substitudos, nas reas nobres pelas lanchonetes,
onde o consumo rpido desistimula a convivncia.
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As escolas contam com grandes possibilidades para o lazer, em termos de espao,
nos vrios campos de interesse: quadras, ptios, auditrios, salas, etc.. Deve-se considerar,
ainda, seus perodos de ociosidade, em frias e fins de semana, e a existncia de vnculos
com a comunidade prxima. No entanto, a to propalada abertura comunitria desses
equipamentos no vem se verificando, talvez pelo temor dos riscos de depredao. J tive
oportunidade de desenvolver atividades de lazer em escolas, em trabalhos comunitrios e,
ao contrrio do que se possa imaginar primeira vista, uma ao bem realizada nesse
sentido, s contribui para aumentar o respeito das pessoas pelo equipamento, uma vez que,
medida que o utilizam, vo desenvolvendo sentimentos positivos, passando a colaborar
na sua conservao. No entanto, o que se verifica, na maioria das vezes, a abertura
desses equipamentos apenas para festas, cujo objetivo principal a arrecadao de
fundos para a sua manuteno.
Com relao s ruas, e mesmo que se considere as praas, quase sempre so
concebidas como locais de acesso, de passagem. Transit-las uma aventura. Algumas
iniciativas so tomadas por grupos de moradores fechando espaos para festas juninas
ou ruas de lazer. Mas so atitudes raras e efmeras.
A precariedade na utilizao dos equipamentos no especficos coloca-nos trs
questes igualmente importantes: 1- a necessidade de desenvolvimento de uma poltica
habitacional, que considere, entre outros aspectos, tambm o espao para o lazer - o que
no fcil num Pas como o nosso, com alto dficit habitacional, e que deve estimular
alternativas criativas em termos de reas coletivas; 2- a considerao da necessidade da
utilizao dos equipamentos para o lazer, atravs de uma poltica de animao; 3- a
preservao de espaos urbanizados vazios.
Se o espao para o lazer privilgio de poucos, todo o esforo para a sua
democratizao no pode depender unicamente da construo de equipamentos
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especficos. Eles so importantes e sua proliferao uma necessidade que deve ser
atendida. Mas a ao democratizadora precisa abranger a conservao dos
equipamentos j existentes, sua divulgao, dessacralizao, e incentivo utilizao,
atravs de polticas especficas, e a preservao do patrimnio ambiental urbano
(MARCELLINO, 2006)
Mesmo quando superados todos os entraves para a participao da populao em
atividades realizadas nos equipamentos especficos e, particularmente, naqueles
dirigidos s reas de interesses intelectuais e artsticos, caso de bibliotecas, museus,
galerias de arte, teatros, etc., freqentemente essa participao dificultada e inibida
pelo ar de santurio de que se revestem as construes e sua sistemtica de utilizao,
principalmente, quando so mantidos pelo poder pblico.
Talvez por nossa falta de tradio, fruto de uma histria ainda recente, e marcada
por longo perodo de colonialismo, e ultimamente do consumismo das obras da
indstria cultural que, em ltima anlise tambm representa uma forma de colonialismo,
a necessidade de preservao de bens culturais, at bem pouco tempo atrs, atingia um
pequeno nmero de especialistas e cultores, os quais, no raro, adotavam atitudes que,
aos olhos da maioria, assumiam caractersticas de esnobismo.
Outro fator deu uma parcela bastante significativa, nesse sentido: a crena na
impossibilidade de conciliar tradio e progresso, e a prpria idia do que seriam essa
tradio e esse progresso.
At bem pouco tempo era difundida uma falsa noo de memria cultural, de
sentido muito restrito e embebida na ideologia dominante. Essa noo estava ligada ao
conceito clssico de patrimnio histrico e artstico, tal como definido no decreto de
criao do Servio de Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Assim, o decreto-Lei
n.25, no seu artigo 1, definia como patrimnio artstico nacional [...] o conjunto de
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bens mveis e imveis existentes no Pas e cuja conservao seja de interesse pblico,
quer por sua vinculao a fatos memorveis da histria do Brasil, quer por seu
excepcional valor arqueolgico ou etnogrfico ou artstico.
Historicamente, entre estudiosos e instituies voltadas para a preservao, nota-
se uma ampliao gradativa da abrangncia do conceito, com a idia de
excepcionalidade dando lugar a noo de representatividade dos elementos a serem
preservados. Dessa forma, evoluiu-se para o conceito de Patrimnio Ambiental Urbano,
constitudo por espaos, que inclusive transcendem a obra isolada e que caracterizam as
cidades, pelo seu valor histrico, social, cultural, formal, tcnico ou afetivo.
Congressos e seminrios mais recentes vm ampliando ainda mais a abrangncia
do conceito, incluindo usos e costumes. Para ns, importa destacar que, enquanto a
primeira noo era baseada em atributos como a singularidade e a monumentalidade, o
conceito mais recente reconhece, inclusive, os elementos afetivos como critrios para a
preservao.Dessa perspectiva, a participao comunitria fundamental para o
conhecimento do valor do ambiente e da cultura, e para o incentivo a um
comportamento destinado preservao, valorizao e revitalizao urbanas.
O lazer pode contribuir, de forma prazerosa, no processo de valorizao e
preservao do patrimnio, desde que entendido da perspectiva colocada anteriormente,
e no como mero item da indstria cultural. Cumpre importante papel, tambm, na
revitalizao dos espaos e equipamentos. Assim, muito importante a considerao
dos patrimnios artsticos, arquitetnicos e urbansticos, que fazem parte da memria
das cidades, como elementos de enriquecimento da paisagem urbana. Esse Patrimnio
Ambiental Urbano, desde que preservado e revitalizado, pode e deve se constituir em
novos equipamentos especficos de lazer. Alm disso, contribui de maneira
significativa para uma vivncia mais rica da cidade, quebrando a monotonia dos
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conjuntos, estabelecendo pontos de referncia e mesmo vnculos afetivos. Outro
aspecto, no menos importante, que preservando-se a identidade dos locais, pode-se
manter, e at menos aumentar o potencial turstico de nossas cidades.
Toda essa questo do acesso aos equipamentos e espaos de lazer deve ser vista
no somente no mbito municipal, com a formao das chamadas Regies
Metropolitanas, em muitas reas do pas.
O termo megalpole usado principalmente para designar um fenmeno preponderante contemporneo. Baseia-se na superposio e interpenetrao de reas metropolitanas anteriormente distintas, formando um setor urbanizado contnuo. Onde havia cidades menores, forma-se uma rea urbanizada maior, na qual os centros metropolitanos so as unidades bsicas (SANTINI, 1993, p, 41).
Diante do novo quadro urbano que se desenha no pas, com a concentrao das
populaes em regies metropolitanas, e tendo em vista que o lazer se configurou,
historicamente, como uma problemtica essencialmente urbana, imperioso que se
trabalhe em polticas pblicas na perspectiva dessas regies-consrcios. impossvel
ficar restrito aos mbitos municipais, inclusive com a srie de impactos que polticas de
lazer podem trazer para regies inteiras.
A Pesquisa de Informaes Bsicas Municipais(IBGE, 2001) aponta que em
quase metade da Regio Metropolitana de Campinas (RMC) no h espaos culturais e
de lazer construdos, embora o perfil apresentado para a regio esteja acima da mdia
brasileira em oferta de servios de lazer e cultura. Ainda assim, as cidades perifricas da
regio conseguem ter algum servio de qualidade em lazer, quando eles so da natureza,
como lagos e cachoeiras. Mas, mesmo aqueles mais democrticos, como parques,
tambm so muito pobres nas periferias. Dos municpios que integram a RMC apenas
um no tem clube ou associao recreativa e somente dois no tm estdio ou ginsio
poliesportivo, mas a pesquisa constata a alta concentrao dos servios na cidade sede.
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Segundo Rinaldo Brcia Fonseca, coordenador do Ncleo de Economia Social,
Urbana e Regional (Nesur), do Instituto de Economia, da Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP), esses dados refletem o perfil tradicional das regies
metropolitanas, que so caracterizadas por centro e periferia, onde a oferta de servios
de qualidade est no centro(COSTA, 2002)
Partimos do pressuposto de que, o que ocorria antes com a concentrao dos
equipamentos de lazer, no centro das cidades, e que, com o decorrer do processo de
urbanizao e especulao imobiliria, deslocou-se para outras reas urbanizadas, hoje
se d com relao ao centro de regies metropolitanas, em relao s cidades
perifricas, dificultando o acesso da populao.
Mesmo para os municpios sede das regies metropolitanas, onde h mais
facilidade de acesso aos equipamentos, preciso verificar o grau de sacralizao de
que muitas vezes eles so revestidos, como fatores inibidores, do seu efetivo uso
democrtico por parte da populao.
Por outro lado, ao examinar as relaes Lazer e sociedade preciso verificar
quais as ideologias que sustentam as diferentes abordagens da questo. Comecei a
estudar o assunto, por ocasio do meu trabalho de Mestrado (MARCELLINO, 2005).
Naquela ocasio, distingui vrias nuanas de uma viso que poderia ser caracterizada
como funcionalista do lazer, e destacava que ... em todas essas abordagens-
romntica, moralista, compensatria, ou utilitarista- pode-se depreender uma viso
funcionalista do lazer, altamente conservadora, que busca a paz social, a
manuteno da ordem, instrumentalizando o lazer como fator que ajuda (...) a suportar
a disciplina e as imposies obrigatrias da vida social, pela ocupao do tempo livre
em atividades equilibradas socialmente aceitas e moralmente corretas"(Ibid., p.38).
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No preciso muita perspiccia para perceber que esta, a concepo de lazer,
muitas vezes oculta, que hegemnica na orientao e formulao de polticas na rea,
ou a no formulao explcita, que ao final, acaba dando o mesmo resultado. E tomem
poltica de eventos: dia disso, dia daquilo, do desafio, de aes globais, de lazer, de
recreao, etc. Muito embora as experincias de administraes populares e
democrticas tenham feito a diferena, com uma concepo crtico-criativa de lazer,
orientando um modelo participativo de gesto.
Na mesma ocasio, em Lazer e educao, chamava a ateno para a
contraposio daquela viso de lazer que o concebe como instrumento de dominao,
diferentemente da que o entende como gerado historicamente e do qual emergem
valores questionadores da sociedade como um todo, e sobre o qual so exercidas
influncias da estrutura social vigente. Assim, a admisso da importncia do lazer, na
vida moderna, significa consider-lo como um tempo privilegiado para a vivncia de
valores que contribuam para mudanas de ordem moral e cultural. Mudanas
necessrias para a implantao de uma nova ordem social(MARCELLINO, 2004,
p.41)
Mas, preciso que se fale de uma viso crtica mope, tambm, que contribui
para a manuteno do status quo que tenta criticar, uma vez que leva ao imobilismo.
Trata-se de uma viso crtica fechada e cnica, como alguns estudiosos pregam: Lazer
e capitalismo so incompatveis, A felicidade no est nem no trabalho, nem no lazer,
no nosso modo de produo, etc. E da? Vivemos o aqui e agora. O que fazer? Esperar
a situao ideal para agir? E enquanto isso no ocorre?
A psicanalista Maria Rita Kekl(2000), analisando o filme Cronicamente
invivel, de Srgio Bianchi, faz uma interessante reflexo sobre o pacto do cinismo da
sociedade brasileira contempornea. O raciocnio caminha pela gerao da
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cumplicidade, devido ao excesso de compreenso. Maria Rita conclui que h uma
passagem quase imediata, da realidade ao cinismo. Em seguida, e completando seu
belo raciocnio, contrape o filme de Bianchi, montagem de Marco Antonio Braz, de
Bonitinha mas, Ordinria, e especificamente .... demonstrao genial de Nelson
Rodrigues de que o efeito de um discurso crtico fechado sobre si mesmo pode ser a
socializao do que ele pretende demolir.... desautoriza qualquer aposta em outra
dimenso que no seja a canalhice(Ibid., p.31 ).
Que a anlise da realidade e a tomada de conhecimento de sua msera crueza no
nos sirvam de libis para cinismo e canalhice.
No que a crtica no deva existir, muito pelo contrrio. por ela que as
construes do novo comeam. Ou deveriam comear. E no d para querer que se
tenham as solues prontas, acabadas, principalmente em questes macro. Trabalhamos
com a cultura, com a super-estrutura, e seria um absurdo irmos para luta com
modelos no plano cultural, estabelecidos a priori. Isso deve ser uma construo
coletiva.
O sonho precisa virar Utopia. Mas, parece-me que criticidade no deva ser
desespero. E muitas vezes as crticas esto levando ao imobilismo, ao invs de
mobilizarem.
H ainda no campo do lazer uma outra viso, ecolgica ingnua, que cr que o
simples vivenciar dos valores, principalmente os ecolgicos, ser suficiente para a
mudana de situao, no havendo assim necessidade de interveno do Estado, atravs
do estabelecimento de polticas publicas.
O lazer abre mltiplas possibilidades. preciso aes que se contraponham s
da indstria cultural, na maioria das vezes, exploradora do lazer mercadoria, do
entretenimento na sua pior conotao. Uma poltica setorial de lazer, deve levar em conta
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as limitaes estruturais, mas tambm deve crer na especificidade da ao no plano
cultural, como um dos instrumentos de mudana.
Somos partidrios de uma corrente, que pode ser denominada de crtico-criativa,
que entende o lazer da perspectiva acima colocada.
Lazer sim, mas no qualquer lazer. No o mero entretenimento, no o lazer-
mercadoria. Cada vez mais precisamos do lazer que leve convivencialidade, mesmo,
por paradoxal que isso possa parecer, sendo frudo individualmente. Convites
convivncia, significam, do meu ponto de vista, minimizar os riscos da exacerbao dos
prprios componentes do jogo, to bem colocados por CALLOIS(1990), e aqui por mim
retomados, em interpretao livre: a competio, que no leve violncia, a vertigem,
que no leve ao risco no calculado de vida, a imitao, que no promova o fazer de
conta imobilizante da pior fantasia, sorte/azar, que no provoque alheamento. E no se
trata de censura, ou coisa que o valha, sobre o que fazer, mas posies, ou proposies,
do como fazer.
Praticamente todos os autores, ligados ao estudo do lazer, reconhecem seu duplo
aspecto educativo. Trata-se de um posicionamento baseado em duas constataes: a
primeira, que o lazer um veculo privilegiado de educao; a segunda, que para a prtica
das atividades de lazer necessrio o aprendizado, o estmulo, a iniciao, que
possibilitem a passagem de nveis menos elaborados, para nveis mais elaborados,
complexos, com o enriquecimento do esprito crtico, na prtica ou na observao.
Verifica-se, assim, um duplo processo educativo - o lazer como veculo e como objeto de
educao.
Tratando-se do lazer como veculo de educao, necessrio considerar suas
potencialidades para o desenvolvimento pessoal e social dos indivduos. Tanto cumprindo
objetivos consumatrios, como o relaxamento e o prazer propiciados pela prtica ou pela
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contemplao, quanto objetivos instrumentais, no sentido de contribuir para a compreenso
da realidade, as atividades de lazer favorecem, a par do desenvolvimento pessoal, tambm
o desenvolvimento social, pelo reconhecimento das responsabilidades sociais, a partir do
aguamento da sensibilidade ao nvel pessoal, pelo incentivo ao auto-aperfeioamento,
pelas oportunidades de contatos primrios e de desenvolvimento de sentimentos de
solidariedade.
Por outro lado, para o desenvolvimento de atividades no tempo disponvel, de
atividades de lazer, quer no plano da produo, quer no plano do consumo no conformista
e crtico, necessrio aprendizado. Entretanto, quando a anlise dirigida ao lazer como
objeto de educao - o que implica na considerao da necessidade de difundir seu
significado, esclarecer a importncia, incentivar a participao e transmitir informaes
que tornem possvel seu desenvolvimento, ou contribuam para aperfeio-lo, entra-se
numa rea polmica e marcada por muitas interrogaes.
A principal delas talvez seja: como educar para o lazer conciliando a transmisso
do que desejvel em termos de valores, funes, contedos, etc., com suas caractersticas
de livre escolha e expresso? Creio que a escolha ser to mais autntica quanto maior for
o grau de conhecimento que permita o exerccio da opo entre alternativas variadas.
Alm disso, as barreiras impostas pelos preconceitos e pelas vrias correntes
ideolgicas, verificadas no plano cultural, podero ser relativizadas com mais facilidade,
medida que o lazer v sendo convenientemente entendido em termos dos seus valores e
funes. E tal fato contribuiria para que a expresso atravs das atividades de lazer
adquirisse uma extenso muito maior. A prpria passagem de nveis elementares para
superiores teria condies de se concretizar mais rapidamente, atravs da ao educativa
para o lazer somada sua vivncia, do que se dependesse unicamente da participao nas
atividades, ou seja, se se restringisse educao pelo lazer.
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A educao para o lazer pode ser entendida tambm como um instrumento de
defesa contra a homogeneizao e internacionalizao dos contedos veiculados pelos
meios de comunicao de massa, atenuando seus efeitos, atravs do desenvolvimento do
esprito crtico. Alm do mais, a ao conscientizadora da prtica educativa, inculcando a
idia e fornecendo meios para que as pessoas vivenciem um lazer criativo e gratificante,
torna possvel o desenvolvimento de atividades at com um mnimo de recursos, ou
contribui para que os recursos necessrios sejam reivindicados, pelos grupos interessados,
junto ao poder pblico ( MARCELLINO,2006).
Referncias bibliogrficas. CALLOIS, R., 1990. Os jogos e o homens. Liboa, Cotovia. COSTA, M. T., 2002. Quase metade da RMC carente de espaos culturais.Disponvel em http://www.cosmo.com.br/diversaoarte/2002/12/21/materia_div_4/131.shtm Acesso: 21/12/2002 IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica), 2001. Pesquisa de Informaes Bsicas Municipais. Disponvel em www.ibge.gov.br Acesso: 10/12/2005 KEKL, M.R, 2000. O pacto do cinismo. Folha de So Paulo, Domingo, 04 de junho , Mais, pp. 30 e 31. MARCELLINO, N.C., 2006. Estudos do lazer;uma introduo, 4.ed., Campinas, Autores Associados. ________. Pedagogia da animao.7.ed.2005, Campinas, Papirus. ________. Lazer e educao. 11., ed.2004, Campinas, Papirus. REQUIXA, R, 1980. Sugestes de diretrizes para uma poltica nacional de lazer. So Paulo: SESC. SANTINI, R. de C.G., 1983. Dimenses do lazer e da recreao. So Paulo: Angelotti. SASSEN, S., 2000. A cidade e a indstria global do entretenimento. In: LAZER numa sociedade globalizada: Leisure in a globalized society. So Paulo: SESC/WLRA, p. 113-120.
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Dados do autor Nelson Carvalho Marcellino Socilogo, Doutor em Educao, Livre docente em Educao Fsica- Estudos do Lazer, Docente do mestrado em Educao Fsica, da Faculdade de Cincias da Sade, da Universidade Metodista de Piracicaba-UNIMEP,Brasil, [email protected] , Coordenador do Ncleo do Centro de Desenvolvimento do Esporte Recreativo e do Lazer-REDE CEDES, do Ministrio do Esporte www.unimep.br/cedes , Lder do GPL, Grupo de Pesquisas do Lazer www.unimep.br/gpl , e Pesquisador do CNPq. Autor de vrios trabalhos publicados na rea, a maioria pela Papirus Editora: www.papirus.com.br, entre os quais se destacam Lazer e Humanizao, Lazer e Educao, Pedagogia da Animao, Repertrio de Atividades de Recreao e Lazer, Lazer e Recreao: repertrio de atividades, por fases da vida, etc.