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ALFABETIZAÇÃO ELETRAMENTO

Ana Cecília M. Cintra Panico

Alfabetização e Letramento

1. Breve Histórico da Alfabetização2. A Psicogênese da Língua Escrita2. A Psicogênese da Língua Escrita3. Conceitos e Práticas de Letramento4. Implicações Pedagógicas dos Estudos sobre

Alfabetização e Letramento para oPlanejamento do Ensino

Professor precisa conhecer o aluno inserido em seu contexto.

Bio

AlunoSocial Psico

Professor precisa ter acesso a um conhecimento teórico abrangente e interdisciplinar.

NeurociênciaPsicologiaLin

guística

Cabe aos membros da Equipe Escolar:

• Passar por atualizações frequentes• Trabalhar em equipe (visão multidisciplinar)• Promover discussões• Ampliar o diálogo com outros profissionais• Discutir orientações e encaminhamentos• Promover a inclusão• Promover o envolvimento das famílias• Trocar experiências com profissionais de reabilitação

Mudanças de Paradigma

Visão Restrita

O que ensinar?

Olhar no grupo

Visão Multidisciplinar

O quê? Para quem? Como ensinar eavaliar? Por quê?

Olhar no indivíduoOlhar no grupo

Prontidão do aluno

Trabalho pedagógico definido

sem variação

Exposição do alunoaos conteúdos –aprendizagem

Olhar no indivíduo

Maturação e desenvolvimento do aluno

Trabalho pedagógico estimulante com textos que circulam socialmente

Professor deve promover o acesso dos alunos ao universo dos textos quecirculam socialmente, ensinado-os, interpretando-os e produzindo-os

As metodologias de alfabetização devem garantir:• Aprendizagem da notação escrita (sistema de

escrita alfabética) – Alfabetização

Período da Alfabetização

escrita alfabética) – Alfabetização• Aprendizagem da linguagem que se usa para

escrever (leitura, interpretação e produção dediferentes gêneros textuais) – Letramento

TIM1 Verificar o uso da imagem.Telma Iara Mazzocato; 12/9/2013

Alfabetizar Letrando

• Abordar a linguagem falada e escrita em diferentescontextos e situaçõescontextos e situações

• Promover o contato, a leitura e compreensão e aprodução de diferentes tipos de texto

Fontes: Brasil (1997) e Rego (2006)

“Nossas atividades diárias estão permeadas porformas de agir e de se comunicar que envolvem aescrita de forma tão automática como a fala” Pan (2006)

TIM2 Verificar o uso das imagens.Telma Iara Mazzocato; 12/9/2013

SALA DE AULA:

O trabalho deve privilegiar a reflexão dos alunossobre as diferentes possibilidades de emprego da língua nas práticas de leitura, escrita, fala e escuta.língua nas práticas de leitura, escrita, fala e escuta.

Tais capacidadeslinguísticas devem de ser

ensinadas!

Proposta do Início do Ciclo EscolarCeale (Centro de Alfabetização Leitura e Escrita), UFMG,

2004

Cinco eixos principais:Cinco eixos principais:

1. Compreensão e valorização da cultura escrita2. Apropriação do sistema de escrita3. Leitura4. Produção de textos escritos5. Desenvolvimento da oralidade

• Conhecer, utilizar e valorizar os modos de produção e

circulação da escrita na sociedade.

• Conhecer os usos e as funções sociais da escrita.

• Conhecer os usos da escrita na cultura escolar.

• Desenvolver as capacidades necessárias para o uso

da escrita no contexto escolar.

Contato com: Uso de: Circular em:

Livros Lápis BibliotecasRevistas Canetas LivrariasJornais Computador BancasGibis Cadernos MuseusGibis Cadernos MuseusBilhetes BienalOutdoorsCartasReceitasListasFormuláriosFolhetos publicitáriosMural escolar

• Compreender diferenças entre escrita alfabética e

outras formas gráficas.

• Dominar convenções gráficas.

• Reconhecer unidades fonológicas (sílabas, rimas,

terminações).

• Conhecer o alfabeto.

• Compreender a natureza alfabética.

• Dominar as relações de grafemas e fonemas.

Reconhecimento de:

• Desenhos x rabiscos• Letras x números• Letras x números• Letras x símbolos gráficos• Orientações e alinhamento da escrita• Tipos de letra• Espaço entre palavras• Pontuação• Regras ortográficas (regulares e irregulares)

• Desenvolver atitudes e disposições favoráveis à

leitura.

• Desenvolver capacidades relativas ao código escrito.

• Desenvolver capacidades necessárias à leitura com

fluência e compreensão.

Capacidade de:

• Decodificar palavras e textos.• Ler globalmente palavras.• Saber as funções da leitura (suporte, gênero e • Saber as funções da leitura (suporte, gênero e contextualização).

• Antecipar, levantar hipóteses e confirmá-las.• Buscar pistas textuais, intertextuais e contextuais. • Fazer inferências.• Compreender globalmente, avaliar afetivamente.• Ler oralmente, com fluência e expressividade.

• Compreender e valorizar o uso da escrita, nos

diferentes gêneros e funções.diferentes gêneros e funções.

• Produzir textos de diferentes gêneros (destinatário e

contexto de circulação).

Capacidade de:

• Dispor, ordenar e organizar o próprio texto.• Usar convenções gráficas.Planejar o texto• Planejar o texto (tema central e desdobramentos).

• Usar variedade linguística.• Usar recursos expressivos adequados (estilísticos eliterários).

• Revisar, reler e reelaborar a própria escrita.• Questionar o para quê, para quem, onde e como seescreve.

TIM7 Verificar uso da imagem.Telma Iara Mazzocato; 12/9/2013

• Interações cotidianas em sala de aula.

• Respeitar as diversas formas de expressão

manifestadas pela comunidade escolar/extraescolar.

• Usar a língua falada em diferentes situações

escolares, com adequada variedade linguística.

• Planejar a fala em situações formais.

• Realizar com pertinência tarefas que dependam de

oralidade-escuta-compreensão.

Capacidade de:

• Responder questões oralmente.• Expor opiniões no debate com colegas e professor• Expor opiniões no debate com colegas e professor• Contar e criar histórias.• Atividades de produção oral (jogos e brincadeiras).

META

Formar leitores que sejam capazes de Formar leitores que sejam capazes de produzir textos coerentes, coesos, adequados

e ortograficamente corretos.

Retratos da Leitura no Brasil(Pesquisa do Instituto Pró-Livro)

• Número de leitores (aqueles que haviam lido pelo menos 1livro nos últimos 3 meses) caiu de 2007 a 2011:

- 95,6 milhões em 2007 / 95,6 milhões em 2011 (55% / 50% da população)

• Caiu também a leitura como hobby:

- 4ª atividade em 2007 / 7ª atividade em 2011 (36% / 28% dos brasileiros)

• Brasileiros leem uma média de 4 livros por ano.

Situação da Alfabetização no Brasil

Inaf Brasil 2009: Nível de alfabetismo de acordo com aescolaridade na população de 15 a 64 anos

Nenhuma 1ª a 4ª série

5ª a 8ª série

Ensinomédio

Ensinosuperior

1. Analfabeto 66% 10% 0% 0% 0%

2. Rudimentar 29% 44% 24% 6% 1%

3. Básico 4% 41% 61% 56% 31%

4. Pleno 1% 6% 15% 38% 68%

Analfabetos funcionais(1+2)

95% 54% 24% 6% 1%

Alfabetizadosfuncionalmente (3+4)

5% 46% 76% 94% 99%

• Participar do processo da escolha do material didático econhecê-lo bem.

• Escolher o material respeitando faixa etária, interesse eescolaridade.

• Lembrar que quantidade não é qualidade.• Lembrar que quantidade não é qualidade.• Observar que tipo de aluno tem na sala de aula.• Respeitar características individuais de cada aluno.• Prevenir discriminação.• Eliminar os mitos dos dialetos.• Variar situações cotidianas nas salas de aula e o seu grau

de complexidade.• Abrir os horizontes dos alunos.

TIM9 Verificar uso da imagem. Telma Iara Mazzocato; 12/9/2013

Lembre-se:

Apropriar-se da escrita é diferente de aprender a ler e escrever.

Fazer o uso da leitura e escrita transforma o indivíduo, levando-o a um outro estado ou condição sob váriosaspectos: social, cultural, cognitivo, linguístico, entre

outros.

Fonte: Soares (2006)

“Tecnologia” de ler e escrever

Inserção de práticas sociais de leitura e escrita

Adequada imersão no mundo da escritaBom nível de letramento

Lembre-se:Hábito de corrigir a própria escrita é tão importante quanto a capacidade de

escrever. Cagliari (2002)

Trabalhar o hábito da Trabalhar o hábito da releitura

das produções escritas(Desde o início da alfabetização, respeitando suas etapas)

Meios: lembretes escritos e orais nas atividades; marcadores, carimbos ouadesivos com imagens visuais ou lembretes escritos; encontrar erros emproduções alheias.

• Troca de letras• Omissões de letras• Inversões de letras

Mas surgem imprevistos e obstáculos?

• Inversões de letras• Alterações ortográficas• Ausência de releitura• Dificuldade no traçado das letras• Dificuldades de disposição do texto no papel• Dificuldades de compreensão do que se lê

Diferenciar

Dificuldade paraaprenderaprender

academicamente, mesmo tendo nível de inteligência adequadoe excluindo outrascausas. Inerente ao

indivíduo.

Dificuldadesacadêmicas derivadasde outras condiçõesde performance.

Problema primário Problema secundário

Causas pedagógicas(problemas de “ensinagem”)

Transtornos específicos de aprendizagem:• de leitura (dislexia)

• de expressão escrita (disgrafia e disortografia)

• de matemática (discalculia)

Fonte: Siqueira (2011), adaptado

(problemas de “ensinagem”)

Causas sociais(condições socioculturaisdesfavoráveis e poucoestimuladoras)

Causas emocionais(desmotivação, desinteresse, baixaautoestima)

• de matemática (discalculia)

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade(TDA/H)

Transtorno de Desenvolvimento e Coordenação(TDC)

Outros transtornos neuropsiquiátricos, outraspatologias neurológicas e mentais

Alterações do Processamento Auditivo Central (PAC)

Condutas

Intervenção da escola:Intervenção de outros Intervenção da escola:- Mediação do professor

- Mediação da coordenação

Inserção da família no processoIntervenção de um psicólogo

Intervenção de outros profissionais:- Fonoaudiólogo- Neuropsicólogo- Psicopedagogo- Neurologista- Psiquiatra

Estratégias Complementares

• Entender se o ambiente famíliar é letrado e auxiliaras famílias a desenvolver a habilidade.

• Consciência fonológica (habilidades auditivas).• Consciência fonológica (habilidades auditivas).• Leitura compartilhada de história.• Estimulação da leitura e compreensão da leitura:

- Antes (introdução, leitura direcionada, autoquestionamento).

- Durante (compreensão dirigida, texto cloze, paráfrase).- Depois (outro final, reescrever a história).

• Portfólio de leitura.• Oficinas de leitura.

Fonte: Santos e Navas (2002)

Estratégias Complementares• Caderno de vivência• Brainstorming • Caixa de estimulação tátil• Anotar recados, bilhetes, fazer listas (compras)• Anotar recados, bilhetes, fazer listas (compras)• Copiar receitas ou algum texto familiar• Cartas, cartazes, quiz• Redigir textos a partir de figuras, histórias em

sequência e livros sem textos• Hora da notícia• Diário individual ou da turma• Jogos falados transformados em escritos

Estratégias Facilitadoras

• Métodos de alfabetização multissensorial, cumulativoe sistemático (usar todos os sentidos)•e sistemático (usar todos os sentidos)

• Alfabetização com o método das boquinhas (métodofono-vísuo-articulatório)

Ciência Cognitiva da Leitura

“Aprender a ler é diferente de ler e compreender” compreender”

“Ler e compreender são competênciascognitivas diferentes”

Fonte: Oliveira (2004)

Ciência Cognitiva da LeituraLeia o texto:

“O filósofo usou os motivos centrais do pensamento de Heidegger para gerar sua hermenêutica. O carácter radical Heidegger para gerar sua hermenêutica. O carácter radical

de sua proposta deriva de reversão que ele fez de orientação idealista ou epistemológica das teorias do

conhecimento para as teorias da vida e do ser humano. Dessa forma suas teorias precedem e contextualizam a oposição usual entre a hermenêutica da suspeição e a

hermenêutica da descoberta […]”



Leia o texto:

“[…] refecoxib é amplamente metabolizado no fígado. “[…] refecoxib é amplamente metabolizado no fígado. A principal via metabólica é a redução para conduzircis- e trans-didro refecoxib (como hidroxiácidos) […] A

administração de cetoconazol não afetou a farmacocinética plasmática do refecoxib […].”



Comprova-se com as duas leituras que:

• Provavelmente você leu, mas não compreendeu.• Mesmo sendo um leitor fluente, é necessário recorrer à • Mesmo sendo um leitor fluente, é necessário recorrer à decodificação e subvocalização quando encontrapalavras pouco usuais e difíceis.

• Para compreender um texto de filosofia e uma bula de remédio são necessárias inúmeras outras habilidades, inclusive conhecimentos técnicos específicos.



Sendo assim:

Essa ciência afirma que as capacidades de leitura(identificar palavras) e compreensão (identificar o(identificar palavras) e compreensão (identificar osentido das palavras) dependem de diferentes partes docérebro.


Concluindo o Módulo

Pode-se dizer que o letramento antecede, acompanhae sucede a alfabetização. A alfabetização ée sucede a alfabetização. A alfabetização éfundamental para que o indivíduo possa se tornar umleitor autônomo, o que exige métodos e materiaispróprios que maximizem o reconhecimento daspalavras escritas.


O que é letramento?

Letramento não é um gancho em que se pendura cada som e enunciado, não é um treinamentorepetitivo de uma habilidade, nem um martelo quebrando blocos de gramática.

Letramento é diversão é leitura a luz de vela ou lá fora, à luz do sol.

São notícias sobre o presidente, o tempo, os artista de TV e mesmo Mônica e Cebolinha nosjornais de domingo.jornais de domingo.

É uma receita de biscoito, uma lista de compras, recados colados na geladeira, um bilhete deamor, telegramas de parabéns e cartas de velhos amigos.

É viajar para países desconhecidos, sem deixar sua cama, é rir e chorar com personagens, heróis egrandes amigos.

É um atlas do mundo, sinais de trânsito, caças ao tesouro, manuais, instruções, guias, orientaçõesem bulas de remédios para que você não fique perdido.

Letramento é sobretudo, uma mapa do coração do homem, uma mapa de quem você é, e de tudoo que você pode ser.

1 Soares (2003), poema adaptado da estudante Kate M. Chong

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: matemática.Brasília: MEC/SEF, 1997.

CAGLIARI, L. C. Alfabetizando sem o Ba-Be-Bi-Bo-Bu. São Paulo: Ática, 2002.

CEALE. Secretaria de Estado de Educação. Caderno 2: alfabetizando. Belo Horizonte: UFMG, 2004.(Coleção Orientações para a Organização do Ciclo Inicial da Alfabetização).

INAF Brasil 2011: Indicador de alfabetismo funcional – principais resultados. 2012. Disponível em:<http://www.ipm.org.br/download/informe_resultados_inaf2011_versao%20final_12072012b.pdf>.Acesso em: 6 set. 2013.

INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Retratos da leitura no Brasil. 2007/2011 Disponível em:<http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/dados/anexos/2834_10.pdf>. Acesso em: 6 set. 2013.

JARDINI, R. S. R.; SOUZA, P. T. Alfabetização com as boquinhas. São José dos Campos: Pulso,2008.

MORTATTI, M. R. L. História dos métodos de alfabetização no Brasil. 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/alf_mortattihisttextalfbbr.pdf>. Acesso em: 3 set. 2013.

Referências

OLIVEIRA, J. B. A. Alfabetização de crianças e adultos: novos parâmetros. Brasília: Instituto Alfa eBeto, 2008.

PAN, M. A. G. S. Letramento e processos subjetivos. In: BARBERIAN, A. P.; ANGELIS, C. C. M.;MASSI, G. Letramento: referências em saúde e educação. São Paulo: Plexus, 2006.

REGO, L. L. B. Alfabetização e letramento: refletindo sobre as atuais controvérsias. 2006. Disponívelem: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/alfbsem.pdf>. Acesso em: 3 set. 2013.em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/alfbsem.pdf>. Acesso em: 3 set. 2013.

SANTOS, M. T. M.; NAVAS, A. L. G. P. Distúrbios de leitura e escrita: teoria e prática. Barueri: Manole, 2002.

SIQUEIRA, C. M. et al. Transtornos de aprendizagem. In: FONSECA, L. F.; XAVIER, C. C.; PINEATTI, G. Compêndio de neurologia infantil. 2. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2011. p. 777-84.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autentica, 2003.

TFOUNI, L. V. Letramento e alfabetização. São Paulo: Cortez, 2010.

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