alfabetizaÇÃo numa perspectiva de letramento · da linguagem, da palavra e da escrita, que não...

20
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO VERÔNICA MARIA GOMES DA SILVA NATAL-RN 2016

Upload: vanquynh

Post on 16-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO

VERÔNICA MARIA GOMES DA SILVA

NATAL-RN

2016

Page 2: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

VERÔNICA MARIA GOMES DA SILVA

ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO

Artigo Científico apresentado ao Curso de

Pedagogia a Distância do Centro de

Educação da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito parcial

para obtenção do título de Licenciatura em

Pedagogia, sob a orientação da professora

Ms. Cleucy Meira Tavares Lima.

NATAL-RN

2016

Page 3: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO

VERÔNICA MARIA GOMES DA SILVA

Artigo Científico apresentado ao Curso de

Pedagogia a Distância do Centro de

Educação da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito parcial

para obtenção do título de Licenciatura em

Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Ms. Cleucy Meira Tavares Lima (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________

Ms. Rúbia Kátia Azevedo Montenegro

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________

Esp. Carmélia Regina da Silva Xavier

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Page 4: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

3

ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO

Verônica Maria Gomes da Silva1

Cleucy Meira Tavares Lima2

RESUMO

O presente artigo expõe algumas considerações acerca do processo de alfabetização e

letramento, tratando-se dos conceitos e especificidades desses processos e de como

acontece o desenvolvimento da escrita e da leitura. Apesar de serem termos diferentes na

sua conceituação são complementares, contribuindo para o sucesso da formação inicial dos

alunos do ensino fundamental. As práticas letradas influenciam todos os sujeitos que são

responsáveis pelo seu próprio conhecimento, por esta razão pessoas que vivem em

sociedade não podem ser consideradas iletradas mesmo que sejam não-alfabetizadas. Um

outro aspecto abordado são as reflexões sobre o letramento literário que constitui uma

intervenção voltada aos gêneros textuais em sala de aula. Foram utilizados os estudos

desenvolvidos por Soares; (1998) Tfouni (2010) e Cosson (2014). O objetivo central do

estudo é compreender como se dá o processo de alfabetizar letrando. Busca-se responder as

seguintes questões: conhecer as hipóteses de aquisição da escrita como processo de

construção do conhecimento, levando em conta os aspectos cognitivos e/ou construtivista;

refletir sobre as contribuições da psicogênese da língua escrita para a criação de contextos

de alfabetização e letramento e compreender a diferença conceitual entre alfabetização e

letramento, aprofundando assim o conhecimento sobre o conceito de alfabetizar letrando.

Metodologicamente foi adotada uma abordagem de caráter bibliográfico, enfatizando o

pensamento de teóricos na área em estudo, estabelecendo uma relação desses pressupostos,

que versam sobre o letramento e alfabetização, com a maneira como o aluno se apropria da

linguagem escrita, desenvolvendo habilidades e competências essenciais para formação do

leitor. Com a escrita do artigo foi possível concluir que o processo de alfabetização deve

ser trabalhado numa perspectiva de alfabetizar letrando, onde o aluno utiliza o que aprende

na escola durante suas práticas sociais.

PALAVRAS CHAVES: Alfabetização. Letramento. Letramento Literário.

ABSTRACT

This article exposes some considerations relating to the literacy and initial reading

instruction process, in the case of the concepts and specificities of those processes and as is

1 Graduanda em Pedagogia – UFRN – [email protected]

2 Mestre em Educação – UFRN – [email protected]

Page 5: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

4

the development of writing and reading. In spite of being different terms in their

conceptualization, they are complementary, contributing to the success of the beginning

formation of elementary school students. The literate practices influence all the subjects

that are responsible for the knowledge of themselves, for this reason people that live in

society must not be considered illiterate even if they are not illiterate. Another aspect

addressed are the reflections on the literary literacy which constitutes an intervention

directed to the textual genres in the classroom. In order to do that , we based on the studies

developed by Soares (1998), Tfouni (2010), Cosson (2014). The main objective of the

study is to understand how the process of literacy letrando. It seeks to answer the following

questions: the chances of acquisition of writing as a knowledge building process, taking

into account the cognitive and constructivist aspects; reflect on the contributions of

psychogenesis of written language for the creation of literacy and literacy contexts and

understand the conceptual difference between literacy and literacy, thus deepening the

understanding of the concept of literacy letrando. One bibliographic approach

methodologically was adopted, emphasizing the thought of theorists in the study area,

establishing a relationship of these assumptions, that deal with the letramaneto and literacy,

with the way the student appropriates the written language, developing skills and core

competencies for reader training. With article writing it was possible to conclude that the

literacy process must be worked in a perspective of literacy letrando, where students use

what they learn in school during their social practices.

KEY WORDS: Literacy. Initial reading instruction. Initial literary reading instrucional.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo discorre sobre o processo de alfabetização numa perspectiva de

letramento. Uma das questões mais discutida pelos especialistas na área da educação é o

fato de como e quando a criança aprende. Desde o seu nascimento o indivíduo se vê

rodeado de informações e experiências que influenciam no desenvolvimento da

aprendizagem, e por ela estar imersa no mundo letrado, a aprendizagem acontece de forma

natural.

Por esta razão supõe-se que, por todo aprendizado que a criança já traz consigo, a

escola deve oferecer, desde a educação infantil, espaços que oportunizem acesso à leitura e

a escrita. Esse artigo irá refletir sobre como promover o letramento de crianças nos anos

iniciais do ensino fundamental para que possam apropria-se da leitura e escrita?

Há, no contexto das práticas pedagógicas, uma serie de relatos que asseguram que a

literatura infantil, quando inserida de forma a contextualizar os textos já conhecidos das

Page 6: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

5

crianças, passam a conduzi-lo para um mundo da leitura e da escrita com mais facilidade

facilitando a apropriação da leitura e escrita.

Portanto, o objetivo central do estudo é compreender como se dá o processo de

alfabetizar letrando, atentando para os objetivos específicos; conhecer as hipóteses de

aquisição da escrita como processo de construção do conhecimento, levando em conta os

aspectos cognitivos e/ou construtivista; refletir sobre as contribuições da psicogênese da

língua escrita para a criação de contextos de alfabetização e letramento e entender a

diferença conceitual entre alfabetização e letramento, aprofundando assim o conhecimento

sobre o conceito de alfabetizar letrando.

Para desenvolver a pesquisa, foi adotado uma abordagem de estudo bibliográfico,

enfatizando o pensamento de teóricos na área de educação com o qual estabelece uma

relação de pressupostos que versam sobre letramento e alfabetização. Dentre vários

teóricos pesquisados, buscou-se como aporte estudiosos como Soares (1998), Tfouni

(2010) e Cosson (2014), por considerar-se que estes referenciais contribuiriam para

fundamentar os estudos.

O trabalho foi organizado iniciando com a fundamentação teórica, seguida da

descrição da metodologia, definição de conceitos sobre alfabetização e letramento, seus

pressupostos teóricos, e do que seja letramento literário, por fim são tecidas algumas

considerações sobre o tema em questão.

2 CONCEITOS INICIAIS SOBRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

A educação em nosso país vem passando por momentos que suscitam muitos

debates e discussões. Porém, essas reflexões não exaurem com a percepção e visão do

significado de alfabetização e letramento pois, novos posicionamentos surgem

constantemente e serão alvo de pesquisas.

A ideia de alfabetizar remete a ação no qual o sujeito interage com a leitura e a

escrita revelando o mundo decodificado e estabelecendo a maneira certa de utilizá-lo.

Referendando essa afirmação Soares (1998, p 33) nos diz que,

Alfabetização é dar acesso ao mudo da leitura, alfabetizar é condição para

que o indivíduo, criança ou adulto tenha acesso ao mundo da escrita,

tornando-se não só capaz de ler e escrever enquanto habilidades de

Page 7: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

6

decodificação e codificação do sistema de escrita, mas, sobretudo, de

fazer uso real e adequada da escrita com todas as funções que ela tem em

nossa sociedade e também com instrumento na luta pela conquista da

cidadania plena.

Assim, pode-se definir alfabetização como processo de apropriação da escrita,

quando se conquista os princípios alfabético e ortográfico que possibilitam, ao aluno, ler e

escrever com autonomia.

Nesse sentido, é romper com a exclusão do ponto de vista social, cultural, cognitivo

entre outros, e fomentar no indivíduo uma transformação de vida, dando um novo sentido,

uma nova visão de mundo.

[...] mas é também um processo de compreensão/expressão de

significados por meio de código escrito. Não se consideraria uma pessoa

alfabetizada que fosse capaz de decodificar símbolos sonoros, lendo, por

exemplo palavras, silabas isoladas, como também não se considerariam

uma pessoa alfabetizada, uma pessoa incapaz de, por exemplo, usar

adequadamente o sistema ortográfico de sua língua, ao expressa-se por

escrita. (SOARES, 1998, p. 16)

Sugere-se, nesse sentido, que a alfabetização deve estar a serviço da cultura oral e

escrita para compreender, muito além das relações entre letra e som, a vivência e

materialização destas linguagens nas situações onde estão inseridas pois, se vivemos numa

sociedade letrada não podemos afirmar que os indivíduos não-alfabetizados são também

iletrados.

Transpondo esse pensamento, pode-se dizer que aquilo que a pessoa traz para o seu

aprendizado depende das condições de vida real que o meio lhe oferece.

Sendo assim, existe um conhecimento sobre a escrita, que as pessoas

dominam, mesmo sem saber ler e escrever, que é adquirido, desde que

estas estejam inseridas em uma sociedade letrada. Consequentemente,

pessoas que vivem em sociedades letradas não podem ser chamadas, em

hipótese alguma, de iletradas, mesmo que não dominem o sistema de

escrita desta sociedade e, em decorrência, sejam não-alfabetizadas. Isso

ocorre porque, para pessoas que vivem em uma sociedade letrada, a

exposição às práticas sociais embasadas direta ou indiretamente no uso da

escrita é inevitável. (TFOUNI, 1993, p. 1)

Para a autora não há um grau de letramento trata-se, na verdade de um processo em

constante desenvolvimento. Dentro do contexto de letramento, destacam-se as

contribuições de Cosson (2014) que afirma que preparar os alunos para ler, compreender

Page 8: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

7

e consumir literatura é prepará-los para atuar frente às inúmeras práticas sociais

que envolvem a linguagem.

Esse trabalho exige um olhar mais além da simples leitura do texto literário,

consiste não só pelo contato com livros literários, mas, pela exploração das potencialidades

da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana.

Esses se tornam muito mais fácil quando o leitor se encontra num espaço onde há, no

ambiente, uma interlocução entre o que se espera da leitura, seu sentido e a compreensão

do que se está lendo.

Abrir-se ao outro para compreendê-lo, ainda que isso não implique

aceitá-lo, é o gesto essencialmente solidário exigido pela leitura de

qualquer texto. O bom leitor, portanto, é aquele que agencia com os

textos os sentidos do mundo, compreendendo que a leitura é um concerto

de muitas vozes e nunca um monólogo. Por isso, o ato físico de ler pode

até ser solitário, mas nunca deixa de ser solidário. (COSSON, 2014, p.

27)

Para que ocorra essa aproximação e entendimento entre o leitor e o texto, a escola

deve preocupar-se com a seleção de livros, devem dar a criança a oportunidade de

vivenciar o prazer de aprender a ler e escrever de maneira significativa.

3 O PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA

O termo alfabetização possui diversos conceitos, mas, na compreensão usual, é o

processo de saber ler e escrever, portanto, o indivíduo que não lê e não escreve, não é

considerado alfabetizado. No Brasil, de acordo com Soares (2004), a população jovem e

adulta, embora alfabetizada, apresenta precário domínio das competências de leitura e de

escrita, dificultando sua participação no mundo social e profissional.

Até o século XIX não havia a preocupação com a educação dos pequenos, ela foi

inserida no contexto escolar na última década desse período. Dentro desse contexto,

destacam-se os métodos sintético (silábicos ou fônicos) analíticos (global), que

padronizaram a aprendizagem da leitura e da escrita.

Para apropria-se desse conhecimento tinham como instrumentos as cartilhas de

alfabetização que passaram a ser usadas e a aquisição do conhecimento tornava-se restrito.

Page 9: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

8

De acordo com Soares (1998), em 1940 era alfabetizado quem soubesse escrever o próprio

nome e a partir do censo de 1950, era alfabetizado aquele capaz de ler e escrever um

bilhete simples.

Evoluindo o conceito ao longo das décadas, em 1990 considerava-se alfabetizado

quem concluía as quatro primeiras séries do ensino fundamental. Nesse período,

começava-se a discutir a vinculação da alfabetização ao mais novo referencial de conceito

de alfabetização, o letramento, tornando-se indispensável a associação desses termos, com

finalidades distintas, mas que chegam ao mesmo objetivo, encontrar um caminho cada vez

mais viável para a apropriação da leitura e escrita de forma não convencional.

Portanto, é necessário distinguir que alfabetização tem significado mais eficaz

quando desenvolvida no contexto de práticas sociais de leitura e de escrita, ou seja, em um

contexto de letramento que, por sua vez, só pode desenvolver-se na dependência por meio

da aprendizagem do sistema de escrita.

Não obstante, Tfouni (2010, p.32) “relata que há duas formas de se entender a

alfabetização, uma se caracteriza pelo processo de aquisição individual de habilidades

requeridas para a leitura e escrita, ou como um processo de representação de objetos

diversos de natureza diferentes”.

É importante compreender que o processo de alfabetização é aberto e continuo.

Alfabetizar, no contexto do letramento, é organizar-se e qualificar-se para trabalhar voltado

para as práticas sociais e de vivencia do aluno. Para que ocorra uma alfabetização

significativa ela deve estar vinculada ao letramento, pois os dois estão interligados, para

que esses processos se completem é importante oferecer meios para que possa explorar a

oralidade, a curiosidade a pesquisa e o conhecimento.

De acordo com Teale (Apud TFOUNI, 2010, p.17) “a pratica da alfabetização não é

meramente habilidade abstrata para produzir, decodificar e compreender a escrita, pelo

contrário, quando as crianças são alfabetizadas, elas usam a leitura e a escrita para a

execução das práticas, que constituem sua cultura”. Portanto, fica visível que a

alfabetização jamais ocorrerá isoladamente e sim pela interação com o meio social e

cultural em que se vive e as relações formadas pelos envolvidos.

Para se alfabetizar há de se considerar o conhecimento mediado pela prática social

da leitura e escrita através dos mais variados recursos visuais que circulam na sociedade.

Esses recursos, necessitam, ser aprimorados pelos professores.

Page 10: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

9

O processo de alfabetização inclui muitos fatores, e , quanto mais ciente

estiver o professor de como se dá o processo de aquisição de

conhecimento, de como a criança se situa em termos de desenvolvimento

emocional, de como vem evoluído o seu processo de interação social, de

natureza da realidade linguística envolvida no momento em que está

acontecendo a alfabetização, mais condições terá esse professor de

encaminhar de forma produtiva o processo de aprendizagem, sem os

sofrimento habituais. (CAGLIARI, 2001, p. 9)

Dessa forma, o professor poderá adotar uma posição mais aberta e selecionar os

procedimentos metodológicos mais eficazes, afim de chegar aos objetivos propostos, no

qual sejam evidenciados as habilidades e competências de leitura e escrita dos alunos. É

importante que o professor defina o conceito de alfabetização em que irá pautar sua

prática, se for na concepção que considera que alfabetização e letramento se

complementam sua prática deverá estar voltada para atender os requisitos de intervenção.

Assim, para mediar uma aprendizagem significativa é interessante que seja

contextualizada. Aprender não é simplesmente memorizar palavras, mas, é necessário

absorver seus significados culturais e, com eles os modos pelos quais as pessoas entendem

e interpretam a realidade.

Vale ressaltar que é importante considerar o que a criança traz antes de entrar na

escola, pois já vem de uma cultura letrada, estando em contato direto com a escrita. Dessa

maneira, ela consegue fazer a relação, mesmo sem saber ler, com a leitura através dos

símbolos e gravuras, às vezes reconhecendo até mesmo algumas letras por fazerem parte

do seu universo.

Com isso, não se pode afirmar que a criança chega a escola sem conhecimento

nenhum. O docente deve dar continuidade à sua aprendizagem traçando uma metodologia

que esteja de acordo com a concepção de alfabetização adotada. O aluno constrói

ativamente seu conhecimento e interage com as múltiplas linguagens, não é um processo

limitado apenas em conhecer as letras do alfabeto, mas, compreender como funciona a

estrutura da língua e de que forma como é utilizada.

Dessa forma, compreende-se a aprendizagem da leitura e escrita como ação

dinâmica que se faz por dois caminhos: um técnico (alfabetização) e outro que diz respeito

ao uso social (letramento).

Quando o professor oferece uma diversidade de textos que circulam e que pertence

ao mundo fantasioso e lúdico da criança, se estabelece uma relação proximal do sujeito

com a língua escrita e a sua funcionalidade.

Page 11: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

10

O que diferencia alfabetização de letramento é o fato da alfabetização se

caracterizar pela a aquisição do conjunto de técnicas necessárias para a prática da leitura e

da escrita, considera-se alfabetizado aquele que sabe ler e escrever. Por sua vez, letramento

é um processo mais amplo que a alfabetização. O que se deseja é que as práticas se

interligar-se, logo é preciso investir nos dois processos.

Diante disso, é oportuno assinalar as considerações de Tfouni (2010, p. 32) que

explicita que “a necessidade de se começar a falar em letramento surgiu, creio eu, da

tomada de consciência que se deu, principalmente entre os linguistas, de que havia alguma

coisa além da alfabetização, que era mais ampla, e até determinante desta”.

Observa-se, então, que definir o termo letramento tornou-se algo difícil por ser

considerado um conceito amplo e complexo.

As dificuldades e impossibilidades devem-se ao fato de que o letramento

cobre uma vasta gama de conhecimentos, habilidades, capacidades,

valores, usos e funções sociais; o conceito de letramento envolve,

portanto, sutilezas e complexidades difíceis de serem contempladas em

uma única definição. (SOARES, 1998, p. 65)

A autora ainda aborda que no Brasil o letramento está sempre ligado ao conceito de

alfabetização, o que resulta, em uma imprópria fusão dos dois processos, com prevalência

do conceito de letramento, conduzindo a um desaparecimento da alfabetização.

O que lamentavelmente parece estar ocorrendo atualmente é que a

percepção que se começa a ler, de que se as crianças estão sendo, de certa

forma, letradas na escola, não estão sendo alfabetizadas, parece estar

conduzindo à solução de um retorno à alfabetização como processo

autônimo, independente do letramento e anterior a ele. (SOARES, 1998,

p. 11)

Nota-se que o entendimento sobre este termo ainda é confuso, por ser novo dentro

do contexto educacional, ou pouco debatido entre os envolvidos, por isso torna-se

indispensável as discussões para compreender melhor e aprimorar as práticas pedagógicas.

Dessa forma, Soares (1998, p.39) acredita que,

Mesmo apontando a dificuldade de abranger toda a complexidade do

significado de letramento em um único conceito, também expressa uma

definição para o termo. Segundo ela, letramento pode ser definido como

“Resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e

escrita; O estado ou condição que adquire um grupo social ou um

Page 12: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

11

indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas

práticas sociais.

A técnica de alfabetização interligada ao processo do letramento deve ser

reconstruída, o que só ocorrerá se o educador estudar e se basear-se nas teorias que

embasam o trabalho pedagógico, colaborando na mediação do saber.

Enfim, ser considerado alfabetizado hoje, é mais do que “decodificar” e

“codificar” textos, frases ou palavras, é ser capaz de inerir-se em práticas diferenciadas de

leitura e escrita e poder vivenciá-las de forma livre, sem precisar do auxílio do outro.

3.1 LETRAMENTO LITERÁRIO

Um novo conceito surge no contexto educacional, o letramento literário que se

compreende como uma expansão do letramento. O indivíduo dentro dessa concepção é

capaz de ler, interpretar e compreender o que está sendo lido, se apodera da leitura

deixando de lado o papel de expectador para assumir a condição de leitor.

Nessa definição, vale ressaltar que o letramento literário vai além da habilidade de

ler textos, ele se define pela busca constante do conhecimento através do ato de ler. Mas,

para tanto, é importante que o aluno esteja o mais próximo possível da diversidade de

leitura.

Cosson (2014, p. 23), defende que o letramento literário é distinto da leitura

literária por fruição, para ele a literatura deve ser ensinada na escola.

Devemos compreender que o letramento literário é uma prática social e,

como tal, responsabilidade da escola. A questão a ser enfrentada não é se

a escola deve ou não escolarizar a literatura, mas sim como fazer essa

escolarização em descaracterizá-la, sem transformá-la em um simulacro

de sim mesma que nega do que confirma seu poder de humanização.

A formalização do letramento literário se dá a partir dos instrumentos que a escola

possibilita para desenvolver a competência necessária para formar o sujeito que aprecia a

leitura como fonte infinita de conhecimento, tornando-se letrado.

Como visto anteriormente, o letramento define-se pelo domínio que o indivíduo

demonstra em saber usar, de forma coerente e coesiva, a leitura e a escrita colocando em

destaque as competências da leitura e escrita. Logo, letramento literário corresponde a

Page 13: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

12

práticas sociais, por isso necessita do meio que proporcione a inserção do sujeito com o

mundo da leitura e escrita e esse meio é a escola, que demanda o processo educativo

especifico.

Cosson (2014) relata que o letramento literário precisa acompanhar, por um lado, as

três etapas básicas dos procedimentos de leitura - antecipação, decifração do código e

interpretação - e, por outro, o saber literário associado à função humanizada a da literatura

Essas discussões vêm confirmar que ler é fundamental em nossa sociedade, pelo

fato de que tudo a nossa volta envolve a leitura e escrita. Ler não é uma atividade isolada

facilita a mediação da aprendizagem de conteúdo das diferentes áreas do conhecimento e,

mais uma vez, expõe o papel que a escola desempenha nas vivências sociais e nas

competências dos alunos.

Sabe-se que a aprendizagem, quando ofertada de forma que interaja o aluno com a

diversidade de textos literários, possibilita a formação de leitores mais críticos.

Compreende-se que a escola por ser um espaço de construção do saber deve estar aberta a

novas informações, com vista ao desenvolvimento da leitura e escrita, uma vez que estas

são elementos essenciais de transformação das interações comunicativas do que se ler e do

que se aprende.

A escolha de textos literários deve atender à necessidade, ao interesse e a faixa

etária das crianças e, a partir do gosto literário dos alunos faz-se com que desenvolvam sua

capacidade de escrita. Para a formação de leitores fluente, a diversidade é fundamental

quando se compreende que o leitor não nasce pronto ou que o simples fato de ler não

transforma o indivíduo em leitor maduro.

O autor afirma que se cresce como leitor quando se é desafiado por leituras

progressivamente mais complexas. Portanto ressalta-se o papel do professor em valorizar e

explorar aquilo que o aluno já conhece para aquilo que ele ainda não conhece, com isso

favorece o crescimento do leitor por meio da ampliação do seu repertório de leitura.

Portanto, define-se letramento literário como um conjunto de práticas e fatos sociais que

envolvem a interação leitor e escritor.

Dependendo do texto lido, a leitura envolve o outro e desperta o desejo de

compartilhar com os demais leitores experiências vividas através de uma boa leitura. Levar

os alunos a construir sentidos para as obras literárias lidas a partir de diferentes

associações, de conversas e de seu próprio conhecimento de mundo, pode propiciar

Page 14: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

13

diferentes entradas no texto literário, tornando-se um caminho mais próximo da fruição, ou

seja, do prazer de trabalhar com os textos.

3.2 A PRÁTICA DE ENSINO DA ALFABETIZAÇÃO E DO LETRAMENTO

Os suportes literários são encontrados em diversos lugares e ambientes, pode-se ir a

uma biblioteca, a uma livraria, expostos nas ruas em pontos estratégicos, escolher a leitura

pelo autor da obra, o título ou o assunto ou apenas pela capa do livro, enfim, as formas

como o leitor escolhe determina o tipo de literatura ele aprecia.

De acordo com Cosson (2014, p.31),

A escolha livre do tipo de leitura que se quer ler nunca é inteiramente

livre, mas conduzida por uma série de fatores que vão desde da forma

como os livros são organizados e exposto para os leitores, até aos

mecanismos de incentivo ao consumo comuns à maioria dos produtos

cultural.

Diante do exposto, evidencia-se que alfabetizar numa perspectiva de letramento não

significa apenas envolver o aluno no mundo da literatura infantil, entende-se que esta

ferramenta colabora para aprendizagem do educando, tendo como elemento mediador do

diálogo entre os textos, os leitores e o professor, conecta o aluno aos códigos linguísticos

através dos textos literários. Desse percurso de tornar docentes leitores maduros o

professor deve estabelecer regras para escolha das leituras é preciso distinguir os tipos de

textos e a linguagem que cada um traz em seu contexto

Segundo os PCNs (1998, p. 23)

A linguagem verbal possibilita ao homem representar a realidade física e

social e, desde o momento em que é aprendida, conserva um vínculo

muito estreito com o pensamento. Possibilita não só a representação e a

regulação do pensamento e da ação, próprios e alheios, mas, também,

comunicar ideias, pensamentos e intenções de diversas naturezas e, desse

modo, influenciar o outro e estabelecer relações interpessoais

anteriormente inexistentes.

O discurso oral ou escrito seja ele individual ou coletivo articula-se

linguisticamente por meio de textos. Pode-se afirmar que o texto é um produto da ação

Page 15: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

14

comunicativa que se realiza numa determinada situação abarcando tanto o conjunto de

enunciados que lhe deu origem quanto as condições nas quais foi produzido.

A proposta de trabalhar em sala de aula a leitura, consolida-se cada vez mais como

atividade atrelada à obrigação da rotina de trabalho, uma vez que, o ato de ler que envolve

o prazer e a ludicidade revela-se uma prática pouco discutida nos discursos pedagógicos.

É importante destacar que o uso de textos literários esteja incorporado ao cotidiano

da sala de aula nos iniciais do ensino fundamental I. Os gêneros textuais já conhecidos e

que fazem parte do dia a dia da criança podem ser usados como instrumento de

comunicação facilitando a mediação entre a prática social, e atividades de linguagem dos

indivíduos.

A intermediação e interação do professor na formação de leitores críticos e fluentes

é determinante, pois, cabe a ele aplicar em sala, aulas práticas que envolvam a leitura e

escrita. Dessa forma, oferece condições para a criança se inteirar com a escrita aprendendo

o seu uso e finalidade, uma vez que a criança no início do processo da alfabetização supõe

que a escrita é uma outra forma de desenhar as coisas, ela deve compreender que a escrita

representa a fala, para entender a formação das palavras.

A leitura, do ponto de vista individual de letramento (SOARES, 1998, p. 69)

Estende-se da habilidade de traduzir em sons sílabas sem sentido a

habilidades cognitivas e metacognitivas; inclui, dentre outras: a

habilidade de decodificar símbolos escritos; a habilidade de captar

significados; a capacidade de interpretar sequências de ideias ou eventos,

analogias, comparações, linguagem figurada, relações complexas,

anáforas; e, ainda, a habilidade de fazer previsões iniciais sobre o sentido

do texto, de construir significado combinando conhecimentos prévios e

informação textual, de monitorar a compreensão e modificar o

significado do que foi lido, tirando conclusões e fazendo julgamentos

sobre o conteúdo.

Para tanto, faz-se necessário, apontar que a leitura literária a ser explorada na escola

em conformidade com letramento literário precisa ensinar o aluno a fazer a interpretação e

a compreensão do texto estudado, ressaltando suas percepções e inquietudes.

Abrir-se ao outro para compreendê-lo, ainda que isso não implique

aceitá-lo, é o gesto essencialmente solidário exigido pela leitura de

qualquer texto. O bom leitor, portanto, é aquele que agencia com os

textos os sentidos do mundo, compreendendo que a leitura é um concerto

de muitas vozes e nunca um monólogo. Por isso, o ato físico de ler pode

Page 16: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

15

até ser solitário, mas nunca deixa de ser solidário. (COSSON, 2014, p.

27)

Assim, insere-se no ambiente escolar a leitura literária. E aí se torna imprescindível

o envolvimento do professor na intervenção em relação ao leitor e o texto, repleto de trocas

e interações.

Ao se propor um ambiente alfabetizador, este deve ser provocativo distinguindo o

gosto pela leitura, proporcionando novos conhecimentos, permitindo usufruir das

experiências que a literatura proporciona, resgatando valores, estimulando a imaginação e

ampliando os horizontes.

Critérios que preservem o literário, que propiciem ao leitor a vivência do

literário, e não uma distorção ou uma caricatura dele [...] que conduzisse

eficazmente às práticas de leitura literária que ocorrem no contexto social

e às atitudes e valores próprios do ideal de leitor que se quer formar.

(SOARES, 1998, p. 47),

É preciso que haja uma formação voltada a estimular o leitor que pense, critique e

construa competências como meio de inclusão social. Compreende-se que é preciso tornar

o leitor apto e não somente letra-lo.

A Leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de

compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu

conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo que sabe sobre a

linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por

letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica

estratégias de seleção, antecipação, inferência, e verificação, sem as quais

não é possível proficiência. (PCN, 1998, p.69-70)

A busca por critérios que facilitem a escolha e a classificação de textos para o

trabalho em sala de aula, que os estimule a escolha das suas próprias leituras não é uma

tarefa fácil, os textos enquanto unidades comunicativas expressam diferentes intensões do

emissor. Dessa forma o professor deve tentar classificar textos simples e coerentes que

permitam ajudá-lo a atuar com eles de forma satisfatória.

Cosson (2014) sugere duas formas de desenvolver atividades leitoras tendo como

objeto a literatura: a sequência básica e sequência expandida. A sequência básica é

constituída por quatro passos: motivação, introdução, leitura e interpretação. A motivação

é o primeiro passo do letramento literário e consiste em preparar o aluno para entrar no

Page 17: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

16

texto. A introdução é a apresentação do autor e da obra e, independentemente da estratégia

utilizada, o professor não pode deixar de apresentá-la fisicamente aos seus alunos.

Compor um acervo literário na sala de aula e preparar um espaço para atividades

de leitura, motiva e faz um intercâmbio dos alunos com a variedades de livros sem a

obrigatoriedade do ler.

O uso dos variados textos da literatura infantil e juvenil no ensino fundamental

auxilia na reflexão sobre os elementos gramaticais que organizam e garantem a coerência e

coesão no interior do texto, por isso, são indispensáveis pois é no trabalho contextualizado

que se dá o ponto de partida para a interdisciplinaridade.

O trabalho voltado para interdisciplinaridade, dispondo da literatura, consegue

manter um diálogo entre as demais áreas do conhecimento. Com isso facilita a

aprendizagem do aluno pois, é esse caráter interdisciplinar que precisamos fazer chegar ao

aluno, levando-o a perceber que a literatura de um texto literário possibilita a articulação

de diversos saberes

Portanto, observa-se que o trabalho com literatura parte de situações diversificadas

como: comentários sobre algum fato que despertou interesse do aluno ou da turma, opinião

sobre texto lido, também pode ser dada a partir de uma seleção feita previamente, tanto

pelo professor quanto pelo aluno, de textos dos mais variados gêneros, trabalhando as

técnicas da oralidade, leitura e escrita.

A partir da prática da leitura, espera-se que a criança perceba que quanto mais se lê

mais se aprende. Sendo assim, faz- se imprescindível que o convívio com os livros

extrapole o desenvolvimento sistemático da sua escolarização e que a literatura passe a ser

difundida com mais intensidade nas escolas.

4 O PROCESSO METODOLÓGICO

O trabalho desenvolvido seguiu os preceitos do método qualitativo–descritivo,

pesquisa bibliográfica, que segundo Severino (2007, p. 122) “é aquela que se realiza a

partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos,

impressos, como livros, artigos, teses. ”

O estudo adotou como metodologia, a revisão bibliográfica dos estudos já

realizados anteriormente por outros autores como Tfouni (2010), Cosson (2014) e Soares

Page 18: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

17

(1998) bem como, buscou-se os Parâmetros Curriculares Nacionais de língua portuguesa.

Esses referenciais foram escolhidos após a definição do tema.

O tipo de metodologia adotado possibilita acessar materiais impressos que

permitem ter acesso a relatos sobre trabalhos afins e partir do entendimento dos que

pensam outros autores. Após o estudo foi averiguado que estes materiais teriam respaldo

para embasar a pesquisa em questão.

A seleção dos materiais foi realizada através de uma leitura prévia de livros, artigos

e documentos que fossem viáveis para a elaboração do presente estudo. Após esta etapa,

partiu-se para a elaboração do artigo.

A análise, considerando as informações específicas de cada livro e documento

relacionado ao tema, acrescentou conhecimentos sobre a questão em estudo, oferecendo

condições para responder, de forma clara, as indagações feitas, com relação a alfabetização

e letramento, suas peculiaridades que são muito complexas, mas não impossíveis de serem

entendidas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após os estudos e das reflexões realizados sobre o processo de alfabetização e

letramento, verificou-se a necessidade de enfatizar a importância da inserção, nas práticas

pedagógicas, de um trabalho voltado para o alfabetizar letrando em sala de aula.

Contudo, pode-se dizer que alfabetizar, nesse contexto, é entrar no mundo da

criança e, junto com ela, vivenciar a leitura e a escrita que seu contexto oferece. À medida

que se conhece seu mundo, é possível ampliá-lo ofertando novas propostas e diferentes

tipos textuais.

No entanto, para que este processo ocorra, deve-se considerar a cultura em que a

criança está inserida, adequando-a aos conteúdos curriculares a serem tratados e as

produções de diferentes gêneros textuais.

Durante a realização do trabalho, constatou-se que os objetivos traçados foram

alcançados, uma vez que, aponta-se no decorre do texto, uma proposta de trabalho que

prioriza a linguagem oral, a escrita e a produção de textos, respondendo que não basta

alfabetizar a criança com relação em somente conhecer a língua, mas tomar posse dela e

contextualizá-la em diferentes meios e práticas sociais.

Page 19: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

18

O tema “Alfabetização numa perspectiva de letramento”, no primeiro momento,

pareceu ser fácil de se desenvolver, por ser um tema bastante discutido em reuniões

pedagógicas e seminários. Porém, dificuldades surgiram pelo fato do mesmo se apresentar,

nas salas de aula, de forma fragmentada, sem estar contextualizado com a realidade do

educando. Estes fatores, se bem trabalhados, envolvem os alunos em situações

significativas de leitura e de escrita, de modo que possam perceber a função do

aprendizado de ler e escrever.

A organização e a apresentação das informações provenientes da pesquisa foram

organizadas de maneira que orientaram a escrita do texto, pois permitiu uma maior

discussão e reflexão acerca do assunto. Tem-se, hoje, uma compreensão do que realmente

venham a ser alfabetização e letramento, configurando-se numa opção viável para a

construção da leitura e da escrita.

Acredita-se que a dinâmica da utilização de gêneros textuais em sala de aula tratar-

se de uma estratégia interessante, podendo despertar o gosto pela leitura e contribuir para a

formação de sujeitos leitores proficientes. Nesse sentido, o papel da escola e do professor é

importante, por ser tarefa de ambos mostrar o quão grande são as possibilidades de escrita,

de leitura e de produção textual.

Deve ser estimula um intenso diálogo entre o leitor e o texto. Nessa perspectiva,

considera-se o papel do professor como um elo na mediação desse conhecimento. Cabe a

ele selecionar uma diversidade de gêneros textuais a serem trabalhados pela escola,

alargando a visão do aluno em relação ao uso da língua, sendo imprescindível que o aluno

seja levado a conhecer a multiplicidade de usos e funções a que a língua se presta, na

variedade de situações em que acontece, buscando, na comunidade local e na escola

motivos e oportunidades de leitura.

Ficou evidente, durante a pesquisa, que a presença da literatura no cotidiano

escolar, em particular na sala de aula, ainda é escassa, faz-se necessário que haja uma

maior exploração da literatura no contexto escolar.

Dessa forma, recomenda-se a utilização desse material para possíveis reflexões

sobre as práticas pedagógicas na perspectiva de alfabetização e letramento, no intuito de

aprimorar as técnicas de aprendizado e apropriação da leitura e escrita através do uso dos

textos. São apenas discussões que podem levar o professor a refletir sobre sua condição de

mediador e como estar sendo trabalhados os saberes relevantes para a formação de sujeitos

letrados.

Page 20: ALFABETIZAÇÃO NUMA PERSPECTIVA DE LETRAMENTO · da linguagem, da palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Esses se tornam muito mais fácil quando

19

6 REFERÊNCIAS:

BRASIL, Secretaria de educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais.

Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. São Paulo: 10º ed. Editora

Scipione, 2001.

COSSON, Rildo. Letramento Literário - Teoria e Prática: 2º ed, 4º reimpressão São

Paulo: contexto 2014.

SEVERINO, Antônio Joaquim, Metodologia do Trabalho Científico, 23ed rev.e atual.

São Paulo; Cortez,2007.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica,

1998.

TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e Alfabetização. São Paulo: 9º ed. Cortez, 2010.