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ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E O ENSINO DE CIÊNCIAS: UMA PROPOSTA DIDÁTICA Elaine Cristina Ricci

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ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E O

ENSINO DE CIÊNCIAS: UMA

PROPOSTA DIDÁTICA

Elaine Cristina Ricci

Alfabetização Científica e o Ensino de

Ciências: Uma Proposta Didática.

Elaine Cristina Ricci

Profa. Dra. Rosemary Aparecida Santiago

Alfabetização Científica e o Ensino

de Ciências: Uma Proposta Didática.

Universidade Cruzeiro Do Sul

2016

© 2016

Universidade Cruzeiro do Sul

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

Reitor da Universidade Cruzeiro do Sul –Profa Dra Sueli Cristina Marquesi

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

Pró-Reitor – Profa Dra Tania Cristina Pithon-Curi

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Coordenação - Profa Dra Norma Suely Gomes Allevato

Banca examinadora

Profa. Dra. Rosemary Aparecida Santiago

Profa. Dra. Laura Marisa Carnielo Calejon

Prof. Dr. Flávio Reis dos Santos

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

R379a

Ricci, Elaine Cristina.

Alfabetização científica e o ensino de ciências: uma proposta

didática / Elaine Cristina Ricci; Rosemary Aparecida Santiago. -- São Paulo: Universidade Cruzeiro do Sul, 2016.

28 p. : il. Produto educacional (Mestrado em Ensino de Ciências e

Matemática). 1. Ensino de ciências 2. Processo de ensino e aprendizagem 3.

Município de Cesário Lange (SP). I. Título II. Série.

CDU: 504:371.13

Sumário

1 APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................6

2 PROCESSO DE QUALIFICAÇÃO CRÍTICA E SOCIAL PARA O ENSINO DE

CIÊNCIAS ...................................................................................................................................8

3 O PRODUTO: O LIXO NO CONTEXTO MUNICIPAL DE CESÁRIO LANGE/SP. .....12

3.1 ATIVIDADE 1 – PROBLEMATIZAÇÃO INICIAL...........................................................14

3.2 ATIVIDADE 2 – ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO ...........................................20

3.3 ATIVIDADE 3 – APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO .................................................22

4 ORIENTAÇÕES AO PROFESSOR ...................................................................................26

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................28

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................29

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

1 APRESENTAÇÃO

O produto desenvolvido é fruto das inquietações e da análise construída

na dissertação de mestrado intitulada “O Ensino de Ciências e sua Política

Curricular Diante das Reformas Educacionais de Descentralização: Um Estudo

de Caso no Município de Cesário Lange/SP”, defendida no ano de 2016, que

tinha por objetivo compreender como a organização curricular do município de

Cesário Lange, adotada a partir da iniciativa nacional de descentralização da

educação influencia o Ensino de Ciências no Ensino Fundamental Ciclo I.

A autora possui Licenciatura Plena em Ciências Biológicas e Pedagogia,

e leciona no município desde de 2013. Enquanto educadora do município

analisado se preocupou em compreender a aparente impenetrabilidade de

discussões sobre as teorizações curriculares no município tanto dos professores

quanto da gestão. A partir de conversas informais com docentes da rede

municipal nos escassos momentos de reuniões pedagógicas, foi possível

perceber que eles fomentavam discussões a respeito de avaliação do processo

de aprendizagem, metodologias de ensino e suas influências, mas em nenhum

momento se discutiu a relação entre currículo e os resultados educacionais, ou

currículo, ou Ensino de Ciências.

Com o conhecimento de que o município em questão foi um dos primeiros

a buscar a política pública de descentralização de sua educação básica,buscou

conhecer as variáveis para forjar a realidade educacional do município, bem

como compreender como tais políticas públicas desenvolvidas na década de

1990 se relaciona com a desmotivação dos professores frente ao currículo

estabelecido e sua influência no Ensino de Ciências.

A Rede Municipal de Ensino de Cesário Lange possui cinco escolas de

Ensino Fundamental que abrangem desde o Ciclo I até o final do Ciclo II, assim,

o educando permanece na Rede Municipal de Ensino por nove anos. Cada uma

das cinco escolas possui os nove anos escolares, permitindo um longo período

de vivência do educando na escola e o estabelecimento de intensa relação entre

educando-educador e, estes com as políticas públicas municipais específicas do

currículo escolar.

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

A partir do processo de descentralização do ensino ocorrido no país e

prontamente aderido por este município para o Ensino Fundamental Ciclo I e II,

fez uso da terceirização curricular como eixo de sustentação das políticas

curriculares municipais. Desde então, apostilas são compradas pelo município a

fim de suprir o currículo prescrito, a capacitação docente e material didático aos

alunos.

A partir desses direcionamentos buscou construir uma sequência didática

que sugeria ao professor polivalente do Ensino Fundamental Ciclo I como fazer

uso da realidade concreta municipal para trabalhar a “Alfabetização Científica”

através da “Contextualização” e a “Problematização” para contemplar a

dimensão crítico e social do Ensino de Ciências.Portanto, este produto

educacional é direcionado aos professores polivalentes do Ensino Fundamental

Ciclo I que são responsáveis pela iniciação dos alunos na “Alfabetização

Científica” e aos professores de Ciências do Ensino Fundamental Ciclo II que se

interessam em dar qualidade crítica e social ao processo de ensino.

Pretendemos apresentar o produto aos professores municipais no formato de

minicurso na tentativa de estabelecer diálogo com o governo municipal.

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

2 PROCESSO DE QUALIFICAÇÃO CRÍTICA E SOCIAL PARA O ENSINO DE

CIÊNCIAS

As políticas curriculares brasileiras foram marcadas profundamente pelo

o que podemos chamar de tendência tecnicista voltada para o desenvolvimento

econômico do país, que aproximou a educação da economia e a distanciou do

pensamento de desenvolvimento social humano. As políticas curriculares com

viés tecnicista se sobressaem nas políticas curriculares nacionais, no entanto,

os estudos acadêmicos para o Ensino de Ciências apontam a importância de se

trabalhar a dimensão social no currículo.

Na década de 1990, os PCNs trouxeram para o cenário brasileiro

diretrizes ao currículo de todas as áreas, inclusive de Ciências, pois este

documento era parte previamente estabelecida pelo enxugamento das

obrigações do Estado advindas da descentralização. Caberia ao Estado a

formulação de diretrizes gerais para o currículo nacional (PCNs) e aos

municípios a formulação e desenvolvimento de políticas curriculares próprias

que observassem o contexto local.

É nesse cenário, que a terceirização curricular se estabeleceu em cerca

de 80% dos municípios do estado de São Paulo (FUNDAP, 2015). A

terceirização curricular consistiu na compra de material apostilado pelos

municípios, que na maioria das vezes, é oriundo de sistemas particulares de

ensino. A terceirização curricular caminha em via contrária a qualquer tentativa

de construção de projeto democrático uma vez que ela engessa e confia ao

contrato de compra o projeto curricular dos municípios.

Com as políticas curriculares caracterizadas pela terceirização, a

concepção do Ensino de Ciências também é terceirizada e sua elaboração fica

a cargo da empresa que comercializa tais materiais o que gera

descontextualização, excessivas generalizações, adaptação e entendimento

equivocado da problematização para o desenvolvimento do pensamento

reflexivo-crítico, tornando o Ensino de Ciências cansativo e reprodutivo.

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

No currículo comercializado pelo SESI/SP prevalece o entendimento de

currículo como sinônimo de documento orientador de conteúdos que

supervalorizam padrões de eficiência, de elaboração de objetivos e efetividade,

fundamentos próprio das Teorias Tradicionais.

A concepção do Ensino de Ciências presente no currículo terceirizado

objetiva para o Ensino de Ciências metodologias que o aproximam da concepção

de Ensino de Ciências desenvolvida nos anos 1960 – 1970, que entende ser

suficiente o conhecimento do método científico para potencializar no Ensino de

Ciências a reflexão crítica-social da realidade concreta. Nesse sentido, as

práticas educativas do atual currículo focam na observação e análise de

experimentações por parte dos alunos, práticas educativas que privilegiam a

conceituação científica numa visão de ciência como salvadora em detrimento do

desenvolvimento de uma atitude reflexiva dos cidadãos.

Observando a necessidade de buscar a superação do currículo tradicional

de tendências tecnicistas e uma concepção cientificista do Ensino de Ciências,

tendo como norte um currículo praxiológico que valoriza a ação-reflexão-ação,

buscamos construir uma sequência didática entendendo a potencialidade do

Ensino de Ciências para ser trabalhado como mediador entre o conhecimento

científico e a realidade social vivenciada pelo educando nos mais diversos

contextos sociais do país.

Para tanto, entendemos que o Ensino de Ciências para ter sentido e

significado deve partir da análise das problemáticas locais, estas, devidamente

problematizadas (FREIRE, 1975), se tornam capazes de propiciar ao educando

reflexão das situações sociais concretas que permeiam a complexa relação entre

ciências, tecnologia e a sociedade. Ou seja, acreditamos em um Ensino de

Ciências que potencialize um cidadão capaz de realização de reflexão crítica e

apto a agir em seu meio social para o desenvolvimento social da sociedade. O

Ensino de Ciências deve ser o esforço para a compreensão do homem e de sua

ação no mundo, logo, não é possível estudar Ciências sem associá-la ao

cotidiano dos alunos.

Para tanto, utilizamos ferramentas metodológicas como a “Alfabetização

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

Científica” e a “Educação Problematizadora Freiriana”, mais especificamente a

noção de “Problematização e Contextualização” que devem ser utilizados em

atividades escolares na busca da reflexão crítica e qualidade social do ensino.

A Alfabetização Científica parte do pressuposto que a Ciência é uma

linguagem importante ao cidadão para compreender o mundo, desconhecê-la é

se abster de uma atitude ativa diante dos avanços e de questões éticas trazidas

pelo dilema entre Ciência-Tecnologia-Sociedade. Chassot (2006) explica que os

cidadãos devem ter consciência que a ciência pode ser tanto a heroína quanto

a bruxa má. Ou seja, devemos superar a idolatração científica que coloca a

vivência científica como heroína para vivenciar uma ciência capaz de reflexão

cotidiana da realidade concreta e de seus problemas socais próprios da

sociedade.

Ainda pelo mesmo autor, a Alfabetização Científica deve ser utilizada nos

Ensino Fundamental e Médio como instrumento para um Ensino de Ciências

denotador do pensamento crítico que supere a mera descrição conceitual de

conteúdos criados pelos homens da ciência e passe ser o instrumento para o

entendimento dos dilemas cotidianos do homem comum, do cidadão comum.

Devido a esta compreensão, não podemos pensar no Ensino de Ciências sem a

noção de Alfabetização Científica, seria incorrer em mesmice (CHASSOT, 2006).

A problematização e a contextualização aparecem como alicerce do

Ensino de Ciências que contempla a dimensão social, uma vez que convergem

com o processo em construção, dinâmico, que precisa do diálogo para existir e

possibilitar o ato democrático no exercício das práticas educativas. Mas, como

fundamentar o Ensino de Ciências por meio de problematização e

contextualização?

A educação problematizadora potencialmente oferece mecanismos para

transpor os efeitos da educação tradicional nos espaços escolares, pois traz por

meio do exercício dialógico a prática da reflexão social através da

problematização e da contextualização do processo de ensino e aprendizagem.

Dessa forma, problematizar para Freire (1975) significa “o constante ato de

desvelamento da realidade”, ou seja, é construir nos sujeitos atitude

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

questionadora das situações que são trazidas como normais, naturais e que

levam a aceitação tácita da maioria dos cidadãos, forjando a realidade concreta.

Acreditamos que para dimensionar socialmente a prática educativa

devemos conhecer, estudar e pesquisar o contexto social de inserção, esse é o

primeiro passo, à contextualização. Que situações contraditórias são observadas

na realidade local que podem potencializar a dimensão social no Ensino de

Ciências? A contextualização é vista aqui como eixo inicial do qual partimospara

a prática pedagógica do Ensino de Ciências sustentado pelo diálogo que fomenta

o currículo praxiológico. Aqui visa conhecer pela contextualização a cultura vinda

de contextos sociais pertencentes às famílias dos alunos abrangidos pela escola

a fim evidenciar a partir desse exercício as contradições vivenciadas e como a

cultura popular enxerga tais situações sociais.

A fim de inter-relacionar a noção de Alfabetização Científica,

Contextualização e Problematização propomos a utilização dinâmica didático-

pedagógica estruturada para o Ensino de Ciências desenvolvida por Demétrio

Delizoicov (2008), denominada “Três Momentos Pedagógicos”, divididos da

seguinte forma:

- Problematização inicial: refere-se ao momento que se apresenta

situações reais para realizar a problematização com os alunos de modo a

desafiá-los ás possíveis explicações dadas pelos educandos às situações

concretadas da realidade, explorando os seus conhecimentos prévios. Aqui a

função do professor é mais para questionar os posicionamentos, fomentando

discussões distintas de modo que os alunos deem suas explicações sobre o

assunto. Em síntese, este momento tem por finalidade propiciar um

distanciamento crítico do aluno perante a situação contraditória expondo seu

ponto de vista. Cabe ao professor coletar as falas dos alunos para trabalha-las

diante no processo de ensino.

- Organização do Conhecimento: a partir das falas coletadas e análise de

situações significativas, o professor irá proceder na seleção de conhecimentos

necessários aos educandos para serem estudados e que sejam necessários na

decodificação da situação concreta problematizada. Este momento, ocorre o

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

desenvolvimento das mais variadas atividades planejadas com alunos de modo

que o professor possa desenvolver a concepção Alfabetização Científica

identificada como essencial para superar a situação problematizada.

-Aplicação do Conhecimento: este momento é importante que os alunos

consigam desenvolver com o conhecimento trabalhado pelo professor na

organização do conhecimento mecanismos de soluções alternativas à situação

problematizada. Para tanto, também devem ser desenvolvidas diversas

atividades que o professor perceba que irá desenvolver aos seus alunos para a

reflexão crítica. Aqui também é importante que os problemas locais identificados

possam ser extrapolados para os problemas globais vivenciados pela sociedade.

Os alunos deverão relacionar os conhecimentos científicos com as situações

problematizadas, buscando encontrar possíveis soluções para enfrentar tais

problemáticas.

3 O PRODUTO: O LIXO NO CONTEXTO MUNICIPAL DE CESÁRIO

LANGE/SP.

O produto consiste em uma sequência didática para o Ensino de Ciências

para o Ensino Fundamental Ciclo I, que tenha a realidade local do município de

Cesário Lange/SP como ponto de partida, utilizando os “Três Momentos

Pedagógicos” elaborados por Delizoicov (2008) a fim de fomentar no Ensino de

Ciências a noção de Alfabetização Científica, Problematização e

Contextualização.

Durante a coleta de dados da dissertação “O Ensino de Ciências e sua

Política Curricular Diante das Reformas Educacionais de Descentralização: Um

Estudo de Caso no Município de Cesário Lange/SP”, que fomenta o produto, foi

relatado pelos professores do município a ocorrência de contradições entre o

proposto para o Ensino de Ciências das crianças em idade escolar e as ações

municipais referentes à postura de preservação do meio ambiente no contexto

local. Em uma das falas dos professores participantes ouvimos:

Tem uma coisa difícil aqui, nós trabalharmos os alunos, por exemplo, o caso do lixo e locais adequados para o descarte para preservar o ambiente, mas aí o aluno vai para o bairro e vê as lixeiras coletivas,

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

que a prefeitura deveria coletar abarrotadas de lixo que eles deveriam retirar, mas não retiram, e aí? Como fica?

Eu também acho que nós (professores) deveríamos colaborar pra que eles fossem mais participativos politicamente. Por exemplo, se a prefeitura não retira o lixo teríamos que ajudar eles a cobrar de quem se deve.

Apesar da segunda fala explicitar a necessidade de trabalhar as

contradições de modo a desenvolver postura participativa nos alunos, os

professores se posicionaram dizendo não saber lidar com a questão da

contradição de modo didático-metodológico. A fala motivou a sequência didática

desenvolvida tendo como ponto de partida a questão do lixo na cidade de

Cesário Lange/SP.

O produto é destinado principalmente para o Ensino de Ciências do

Ensino Fundamental Ciclo I, devido a característica de alfabetização dos anos

iniciais, obviamente, caberá ao professor fazer adequações à atividade em

relação ao grau de alfabetização dos alunos. A metodologia aqui utilizada é

totalmente adaptável e construtiva, cabendo ao professor desenvolver

alterações das atividades para o desenvolvimento dos educandos.

Sugerimos a leitura do artigo “Abordagem Temática no Currículo de

Ciências: A Perspectiva Ético-Crítica na Concepção de Lixo como Condição

Humana” de autoria de FURLAN, A.B.S., RICCI, E.C., GOMES, C.G.S., SILVA,

A. F. G., apresentado no VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em

Ciências (ENPEC), em 2011, que abordou a temática do lixo em uma perspectiva

similar a proposta aqui desenvolvida a partir da realidade concreta da cidade de

Sorocaba/SP.

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

3.1 ATIVIDADE 1 – PROBLEMATIZAÇÃO INICIAL

2.Na sua cidade como acontece a coleta dos materiais descartados pela

população? A coleta é igual para todos os bairros? Justifique sua resposta.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

1. Desenhe o caminho que os alimentos e produtos utilizados pela sua família

fazem antes de serem usados e depois de usados. Qual é o local que os resíduos

são jogados fora?

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

3. Vocês reconhecem esses bairros? O que vocês veem nas fotos em comum?

Em sua cidade é possível encontrar lugares assim? Para que eles servem?

1

4 2

3

5

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

4. As fotos utilizadas na questão anterior foram tiradas em uma segunda-feira,

após a retirada do lixo pelo caminhão da prefeitura. Observe as imagens abaixo

dos mesmos locais após 5 dias. Faça uma comparação entre as fotos da

segunda – feira e do sábado em relação à quantidade de lixo. Justifique sua

resposta.

a)

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ b)

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

5 dias após. Sábado Segunda - feira 1 1

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c)

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_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

d)

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_______________________________________________________________

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5. Nos locais aonde foram tiradas as fotos algumas pessoas disseram: Fala 1:

“Eles vêm retirar o lixo uma vez na semana”. Fala 2: “Moça, você vai me ajudar?

Não aguento mais o cheiro dessa lixeira na frente de casa. O pessoal joga osso

de animais mortos e fica fedendo. Eu já fui a prefeitura e eles dizem que vão

resolver, mas nunca resolvem. ”

a) Na fala 1, eles se referem a quem em sua cidade? De quem é a

responsabilidade de coletar e tratar o lixo? Justifique sua resposta.

5

5 5 dias após.

Sábado

Segunda - feira

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

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b) Por que acontece o problema relatado na fala 2? A responsabilidade sobre o

lixo gerado no município é de quem? Como solucionar esta situação? Justifique

sua resposta.

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6. As imagens a seguir foram retiradas do site da prefeitura de Cesário

Lange/SP, observe:

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

a) As imagens trazem quais informações?

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b) Você conhece todos esses bairros?

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_______________________________________________________________

______________________________________________________________

Disponível em: http://www.cesariolange.sp.gov.br/?page_id=200. Acessado em 08 de Novembro de 2016.

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

c) Existem bairros que não se encontram na lista acima? Quais?

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d) Você identifica os bairros das fotos na lista de coleta de lixo da prefeitura?

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e) A coleta disponibilizada no site da prefeitura é suficiente para suprir toda a

cidade?

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3.2 ATIVIDADE 2 – ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO

Esta atividade foi organizada para mostrar ao professor as inúmeras

possibilidades de conteúdos que podem ser trabalhados com os alunos a partir

da problematização das fotos sobre o lixo na cidade de Cesário Lange/SP.

Sugerimos, que primeiramente realize a atividade inicial para coleta de

conhecimentos prévios e posicionamentos dos alunos em relação a realidade

concreta para depois construir a rede temática que poderá ser trabalhada na

organização do conhecimento, ou seja, está proposta é totalmente flexível as

necessidades dos alunos e pode ser alterada conforme as respostas obtidas na

problematização inicial.

Optamos em não colocar conteúdos nessa atividade para deixar aberta

aos professores a forma de trabalho do conteúdo científico necessário para a

compreensão da situação observada nas fotos.

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

Figura 1 – Rede temática com conhecimentos para trabalhar com os alunos

m

Fonte: Elaboração da própria autora (2016).

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

3.3 ATIVIDADE 3 – APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO

Texto 1: 17 milhões de pessoas não têm acesso a coleta regular de lixo no Brasil

Maior parte da população sem atendimento está no meio rural. Apenas 23% das cidades brasileiras contam com serviço de

reciclagem

BRUNO CALIXTO 17/02/2016 - 18h44 - Atualizado 01/11/2016 19h47

O Ministério das Cidades divulgou nesta terça-feira (16) uma nova atualização

dos dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS),

agora referentes ao ano de 2014. A atualização apresenta dois novos

diagnósticos: um sobre resíduos sólidos e outro sobre o serviço de água e

esgoto.

Os dados do diagnóstico de resíduos sólidos mostram que aumentou a

quantidade de casas atendidas por serviços de coleta regular de lixo. Entre 2013

e 2014, 700 mil pessoas passaram a ser atendidas pela coleta. Porém, o déficit

de atendimento ainda é grande. No total, 17,3 milhões de pessoas moram em

regiões que não fazem nenhum tipo de coleta do lixo.

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

A pior situação é na zona rural e nos pequenos municípios. O diagnóstico estima

que 47% da população rural do país não tem acesso a nenhum tipo de coleta de

lixo - um total de 14,7 milhões de pessoas.

Se a coleta regular de lixo não é universal, o que dizer da coleta seletiva? Ela é

essencial para a reutilização e reciclagem de produtos e materiais. Segundo o

diagnóstico, 1.322 municípios brasileiros contam com coleta seletiva. É muito

pouco. Considerando que há 5.561 municípios no Brasil, isso significa que em

apenas 23% das cidades a reciclagem é uma realidade.

Segundo o SNIS, ainda estamos longe de ter uma economia circular, onde os

resíduos descartados são reaproveitados e transformados em novos produtos e

o lixo que não pode ser reciclado é destinado a aterros sanitários. Para se ter

uma ideia da distância dessa situação ideal, os dados mostram que cada

brasileiro produz, em média, 1 quilo de lixo por dia. Ou seja, 365 quilos de lixo

por ano. Porém, apenas 7 quilos de lixo por pessoa por ano foram reciclados em

2014. Não é surpresa que é tão difícil acabar com os lixões no país.

O outro diagnóstico, sobre os serviços de água e esgoto, mostra um panorama

que os leitores do Blog do Planeta já conhecem bem. No mês passado,

mostramos que, se seguir esse ritmo, a universalização da coleta do esgoto no

Brasil não vai acontecer antes de 2050.

Disponível em http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-

planeta/noticia/2016/02/17-milhoes-de-pessoas-nao-tem-acesso-coleta-regular-

de-lixo-no-brasil.html. Acesso em 13 de Novembro de 2016.

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

Texto 2: Produção de lixo no país cresce 29% em 11 anos,

mostra pesquisa

Camila Maciel - Repórter da Agência Brasil

A geração de lixo no Brasil aumentou 29% de 2003 a 2014, o equivalente a cinco

vezes a taxa de crescimento populacional no período, que foi 6%, de acordo com

levantamento divulgado hoje (27) pela Associação Brasileira de Empresas de

Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). A quantidade de resíduos com

destinação adequada, no entanto, não acompanhou o crescimento da geração

de lixo. No ano passado, só 58,4% do total foram direcionados a aterros

sanitários.

Mais de 41% das 78,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos gerados no país

em 2014 tiveram como destino lixões e aterros controlados. Segundo a Abrelpe,

esses locais são inadequados e oferecem riscos ao meio ambiente e à saúde.

No ano anterior, o percentual foi 41,7%. A metodologia da pesquisa envolveu

400 municípios, o equivalente a 91,7 milhões de pessoas. Por dia, o brasileiro

gera, em média, 1,062 quilo de lixo.

Esses dados mostram que mais de 78 milhões de brasileiros, ou 38,5% da

população, não têm acesso a serviços de tratamento e destinação adequada de

resíduos sólidos. Além disso, mais de 20 milhões de pessoas não dispõem de

coleta regular de lixo, pois cerca de 10% dos materiais gerado não são

recolhidos. O volume de lixo produzido aumentou 2,9%, entre 2013 e 2014. A

coleta de resíduos, por sua vez, melhorou 3,2%.

Esta é a primeira pesquisa que retrata a situação da gestão dos resíduos, depois

da vigência da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010. Em

relação à reciclagem, a pesquisa revela uma evolução de 7,2 ponto percentual.

Em 2010, apenas 57,6% dos municípios tinham alguma iniciativa de coleta

seletiva. No ano passado, o percentual aumentou para 64,8%.

Edição: Stênio Ribeiro

Disponível em http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-07/producao-

de-lixo-no-pais-cresce-29-em-11-anos-mostra-pesquisa-da-abrelpe Acessado

em 13 de Novembro de 2016.

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

1. Após a leitura do texto, como você avalia a coleta e o tratamento de lixo no

Brasil? Justifique sua resposta.

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2. E na sua cidade, como ocorre a coleta e o tratamento de lixo? Ela é igual,

pior ou melhor que os dados do país? Justifique sua resposta.

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Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

2. Como você explica a diferença na coleta e tratamento de lixo entre bairros

urbanos e rurais?

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3. De que forma poderíamos melhorar a qualidade da coleta e tratamento de

lixo no município de Cesário Lange/SP?

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Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

4 ORIENTAÇÕES AO PROFESSOR

Caro professor, esta sequência didática privilegia a contextualização local

da temática lixo, no entanto, devido a sua não aplicação prévia com os alunos,

foi desenvolvida de modo padrão não considerando o desenvolvimento cognitivo

de uma turma específica, por isso, será necessário a sua observação para

eventuais cortes, verbalização de atividades escritas ou até a inserção de

atividades mais elaboradas. Caso você queira desenvolver esta atividade com

crianças ainda não alfabetizadas a escrita pode ser substituída pela oralidade.

Adaptações devem ser realizadas sempre que necessário. Na verdade, essa

atividade é bem versátil e pode ser realizada com alunos de várias idades do

Ensino Fundamental Ciclo I e II.

É importante não subestimar a capacidade de análise dos alunos por mais

simples que as explicações deles pareçam ser. No momento da realização das

atividades deve sempre prevalecer o diálogo entre professor-aluno e aluno-

professor, valorizando o posicionamento dos alunos e assumindo uma posição

questionadora fazendo com que os alunos pensem e repensem suas posições

sem interferir no seu modo de refletir sobre o assunto, somente problematizar

suas posições. É importante não expressar sua opinião nesse momento a fim de

não influenciar a análise dos alunos. Os momentos de problematização também

servem didaticamente para que os alunos aprendam como se expressar em

grupos sendo importante estimular a organização da problematização com

atitudes como uma fala por vez, respeito pela opinião alheia e, se possível, nesse

momento colocar a sala em forma de roda de conversa.

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O produto desenvolvido tem por objetivo possibilitar um Ensino de

Ciências Contextualizado, Problematizado e incentivador da noção de

Alfabetização Científica, aproximando a Ciência do cotidiano dos cidadãos. A

metodologia desenvolvida na formulação deste produto pode ser utilizada para

os mais diversos temas das Ciências, sendo uma alternativa no trabalho com

realidades concretas para o Ensino de Ciências.

É desejável que a partir dessa metodologia o Ensino de Ciências seja

agente transformador na vida dos educandos e o educador assuma sua posição

de mediador entre a realidade concreta e o conhecimento científico, superando

a educação tradicional na qual o aluno recebe verticalmente de seu professor o

conhecimento por ele acumulado. Ao trabalhar o Ensino de Ciências a partir de

sua dimensão social o conhecimento deixa de ser o resultado do processo de

ensino para ser meio para possíveis transformações sociais levando os

educandos a reflexão crítica.

Elaine Cristina Ricci

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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

REFERÊNCIAS

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Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC, 1997.

CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação.

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DELIZOICOV, D. La Educación en Ciencias y la Perspectiva de Paulo Freire.

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http://www.fundap.sp.gov.br/relatorio-da-pesquisaampliacao-das-redes-de-

ensino-fundamental-nos-mun-paulistas/ Acesso em: 26 de Abril de 2016.

FURLAN, A.B.S., RICCI, E.C., GOMES, C.G.S., SILVA, A. F. G. A abordagem

temática no currículo de ciências: A perspectiva ético-crítica na concepção de

lixo como condição humana. Em: VIII Encontro Nacional de Pesquisa em

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FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 2ª Ed. Porto: Afrontamento, 1975.