alegorias letais o homem é um eterno sonhador vive...
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Alegorias Letais
O homem é um eterno sonhador...
Busca nas alegorias de sua emoção
Os adereços que darão forma à sua imaginação
E que farão de si um paciente da dor...
O homem foge da realidade intempestivamente,
Cria situações esdrúxulas de pura fantasia,
Vive agregado em sua própria agonia
E encobre de miasmas a vida presente.
O homem devaneia um universo incolor
Em que as brumas do amanhecer serão fatais
E enche sua consciência de peripécias infernais...
O homem mistifica o amor,
Saboreia restos de bacanais
E circunstancialmente fenece nas alegorias que consumou...
Ansiedade
Nas ondas revoltas e frias dos mares
Meu barco era desprovido de conforto...
Na ânsia desvairada de chegar ao porto,
Era necessário dissipar o redemoinho dos sentimentos fugazes.
Na escuridão infinda das madrugadas ao relento
Ouvia-se a agitação dos fortes açoites...
Meu barco trepidava no frenesi das noites
E a Lua espalhava seu brilho associada aos ventos...
Meus pensamentos denunciavam os perigos
Do silêncio ensurdecedor das madrugadas,
A distância sonora e fria das alvoradas
Deixava-me o coração impaciente e incontrito...
Ao raiar dos dias novas esperanças despontavam
E minha ansiedade se associava ao medo...
Será que conservaria intactos meus segredos?
As nuvens ressabiadas e amedrontadas me incorporavam...
Após tantas madrugadas à luz da Lua,
Meu barco serenou devolvendo-me a consciência...
O almejado porto despontou com eloqüência
E minhas palavras se despiram das inconstâncias nuas!
Atalhos de Amor
Tentei corromper meu destino
Pelos atalhos inebriantes do prazer...
Busquei encurtar longos caminhos
Numa tentativa tresloucada de encontrar você!
Em nenhum dos atalhos você estava,
As veredas estavam repletas de espinhos...
Meu coração clamava por seu nome,
Eu estava irremediavelmente sozinho!
Gritei o mais alto que pude,
O som de minha voz foi ensurdecedor...
Mesmo assim você não me ouviu,
O que aumentou ainda mais a minha dor!
Meus olhos mergulharam em intenso pranto,
Estava numa solidão que deveras maltrata...
Uma voz ecoou dentro de mim:
Vamos chamá-la em sinfonia de serenata!
Senti ferver meu sangue,
Meu sofrer ultrapassava todos os limites...
Não sabia por onde você andava
E a cada instante ficava mais triste!
De tanto chamá-la, encontrei-a cantando!
Toda a minha tristeza sumiu de repente...
Abraçados pelos mesmos caminhos que encurtei,
Deixamos que o tempo consumasse o que ia em nossas mentes!
Consumação do Amor
Nós nos beijávamos apaixonadamente
Ao clarão do luar de prata,
Percebia-se o ritmo da noite em serenata
E nossos lábios tremiam emocionadamente.
Sentindo o viço de tua respiração ofegante,
Minhas mãos te ofertaram carinho...
Momento solene em que estávamos sozinhos
Numa atmosfera rubra do paraíso dos amantes.
Nossos olhos permutavam desejos e paixão
E nosso pulsar oscilava frenético e alucinado...
Era a magia no prazer do beijo consumado
Que enternecia nossos íntimos de intensa emoção.
Ao contato dos nossos corpos suados,
O amor brotou insano e livre de repente...
Na comunhão colossal de sentimentos envolventes,
Esse amor explodia atônito e desvairado.
O vento acariciava nossas faces com alegria,
As estrelas sorriam com o furor do instante presente..
Nossas mãos se apertavam uníssonas para sempre
Sapientes de uma grande realidade e não de uma mera alegoria!
Contra Gosto
Desejei viver sozinho
Num lugar sem carinho
Sem luz nem luar.
Pretendi correr sozinho
Ao longo do caminho
Sem viver ou amar.
Mas um dia construí um ninho
Sem intrigas nem espinhos
Que gostei sem gostar...
Crítica e Esperança
Nos hemisférios da Terra
Pairam desgraças, miséria, fome!
Atitudes inexplicáveis, sentimentos sem nome,
Realidades impuras que nos esperam.
Diante de tudo o mundo se cala,
Nada, nada mesmo o homem resolve...
Surpreendentes acontecimentos nos levam à morte,
Deixando o amor, a justiça, a paz, presos na jaula!
A ambição domina o universo
Destruindo inúmeros exemplares da raça humana...
Havendo apenas preocupações com coisas profanas,
Breve o espaço terrestre estará deserto.
São necessárias soluções urgentes
Para que tenhamos dias melhores...
Busquemos esperanças, confiemos na sorte,
Evitemos que o caos se espalhe no que é da gente!
Na reconstrução os ideais se instalem
E na libertação dos sentimentos do bem...
Banir do mundo os males que vêm,
Eu, você, ele, todos somos responsáveis!
Delírios de Amor
Meu corpo está molhado
Por uma tênue esperança...
Meu íntimo está orvalhado
Por lágrimas de amor que dançam!
Meu ego está ressabiado
Por um néctar de amor ausente...
Meus órgãos estão extasiados
Por um brumoso coração indiferente!
Meus sentidos estão alucinados
Por uma força motriz distante
Que incendeia meus desejos impunemente...
Meus pensamentos estão enamorados
Por uma musa que osculou meu semblante
E me provocou delírios de amor assim tão de repente!
Devaneio Sublime
A noite estava calma.
Tentei dormir, nada!
Tu governavas minha insônia
E eu pensava em ti de forma alucinada...
Foi cedendo a madrugada,
A manhã surgindo numa linda alvorada,
Meus olhos abertos vislumbravam o vazio,
E eu só pensando em ti, mais nada!
O dia clareou tímido, frio...
O Sol despontava lento e imponente,
Meu corpo desejando teus toques sensuais
Ainda rebolava sequioso de ti em retalhos quentes...
Subitamente em plena luz do dia
Minhas pálpebras pesadas anunciavam um sono alentador...
Entreguei-me de corpo e alma a um devaneio sublime
E me pude perceber envolto e embriagado a uma cortina de fumaça coberto de
amor.
Despertei revigorado ao cair da tarde,
O sono havia me saciado os desejos...
Meu pensamento permanecia em ti
E meus devaneios sublimes ainda eram os mesmos!
Ela
Fazia anos que não a via,
Ainda estava só e desconsolado...
E ela ali, radiante ao meu lado,
Provocando-me frenética taquicardia...
Seus lindos olhos não perceberam os meus
Que estavam atônitos, literalmente atordoados...
Ela sorria revelando os dentes bem cuidados
E logo todo um passado distante me envolveu.
Pude observá-la detalhadamente,
Notei que em nada ela mudara...
Seus longos cabelos presos a uma tiara
Recordaram-me aquele rosto jovial e inocente...
O tempo que passou a tornara mais bela,
Transformara-se numa mulher experiente...
Seus modos eram os mesmos de antigamente
E em meu íntimo ainda a amava tal qual ela era.
Não desviei meu olhar um só instante,
Era preciso dissipar o meu deserto...
Agora que ela estava tão perto,
Renovava-se em mim um sentimento distante.
De súbito tomei coragem e me pus à sua frente,
Era tudo ou nada para mim aquele momento,
Minhas pernas tremiam de contentamento
E ela me reconheceu imediatamente...
O susto a deixou petrificada,
Seu copo espatifou-se no chão...
Transferi a taquicardia para o seu coração
E segurei suas mãos trêmulas e geladas...
Duas lágrimas rolaram em sua face,
Ela não acreditava no que via,
Era o final de uma longa nostalgia
Que não havia sentido se continuasse...
Igualmente a mim ela estava só
E nos beijamos depois de tantos anos...
Ali mesmo fizemos planos e nos abraçamos,
Desatando de dentro de nós aquele nó...
Assim é a vida de quem ama,
Curte-se a saudade até onde ela for...
E para concretizar-se um grande amor,
Mata-se a dor em cima de uma cama!
Enleio Metafísico
Contemplo um céu azul de anil
E um sol que rasga minha pele macia...
O vento que lentamente acaricia meu rosto
Tem sensações suaves de inolvidável melodia.
Suas notas tilintam ébrias em meus tímpanos,
Convidando-me a um êxtase de sinfonia...
A cadência rítmica acelera o compasso
Então penetro em um mundo mágico de alegorias.
Ondas oníricas de extrema emoção
Produzem devaneios indeléveis e circunstanciais...
O pensamento baila em labaredas eletrizantes
Configurando saudades frenéticas de amados ancestrais.
O espaço íntimo constrói insondável universo
Onde permeiam átomos travestidos de melancolia...
O tom musical balsamiza a sensibilidade,
Emoldurando as imagens de fantasmagórica harmonia.
Surge um fim sincronizado na ilusão do tempo
E um calor metafórico de agonia extrema...
O silêncio consumido no êxtase dos acordes musicais
É o veículo condutor desse inefável sistema!
Excêntrica Paixão
De repente encontrei velhas fotos tuas
Guardadas em meus alfarrábios de estimação...
Numa delas estavas plenamente nua
O que me alicerçou naquela instante intensa paixão.
Lembro-me perfeitamente que meu corpo tremia
Diante de um quadro de grande excitação,
Mas contive todos os norteios de ousadia
Que me insinuavam sutilmente tresloucada reação.
Meus olhos faiscavam literalmente inebriados
Diante daquela escultura ímpar e sedutora...
Senti-me rodopiar o corpo fascinado
E uma ânsia de beijar-te loucamente ameaçadora.
Contemplei extasiado novamente tua nudez
E apertei tua foto contra meu peito amargurado...
Duas lágrimas deslizaram mansamente em minha tez
Denunciando um tardio arrependimento por não te haver amado!
Um arrepio de amor consolou-me na saudade
De um sonho excêntrico que naquele momento me consumia...
Busquei acreditar que estava vivenciando uma realidade
E que brevemente encontrar-te-ia para satisfazer-me todos os desejos daquele
dia!
Frenesi
Ao vislumbrar teu retrato na parede
Uma delinqüente saudade arraigou-se em meu peito.
Busquei resgatar lembranças devassas
E o suco destilado banhou-me as faces trêmulas.
Recordei contundentes imagens de nossa paixão voraz
E revivi as ocasiões azadas de um leito pueril...
Na memória o insano desejo se instalava,
Mas já não estavas ali como antigamente.
O tempo consignou uma lembrança frenética
Que naquele instante patenteou meu estado latente...
Os meneios do teu corpo ainda presentes
Sobressaíram-se em desvairosa sintonia angelical.
Não compreendo por que partiste repentinamente,
Se ainda hoje nossas mentes se comunicam em transmissões permanentes!
Homem Insosso
O homem já não busca o amor,
Ele se maqueia de pseudo sentimentos,
Vive uma vida postiça eivada de dor
Que o atormenta íngreme em cada momento.
O homem já não cultiva uma flor,
Ele a produz de forma artificial cheio de desenganos...
Sobrevive numa atmosfera envenenada e sem pudor
Em que a cada instante o está atormentando.
O homem já não sorrir com louvor,
Ele adorna sua face de uma alegria aparente...
O cotidiano sempre o enche de pavor
E ele não demonstra o que de verdadeiro seu coração sente!
O homem já não se dedica ao labor,
Ele busca de alguma maneira algo distinto...
Envolve-se em peripécias e grita com clamor
Que a vida em seu dia a dia o está consumindo...
O homem já não percebe em si o olor
Que a natureza empresta a todo ser vivente...
Ele se camufla de todo e qualquer fragor
Que a correnteza da vida impõe sistematicamente!
Indisfarçável
Um vulto que flutuava
Por entre as frestas da noite
Buscando soluções tardias
Neste mundo consumado de utopias.
Sua mente embebia fortes fascinações,
Estiolando seu corpo frágil
Numa atmosfera de fortes açoites...
E nos derradeiros instantes de agonia,
Sentia que no rodopiar da própria existência
Atingira o clímax, o destino que merecia.
Neste momento utópico do existir
Nem sonhos, nem lembranças, nada!
Só a certeza insofismável
De uma luta sem fim...
Da escuridão disforme do espaço deserto,
De um último pensamento incerto,
A centelha de uma esperança malograda!
Iniquidade
Torço por um festival de delícias,
Mas as luzes da esperança iluminam
O atrevimento de um arroubo sentimental
No eclipsar de uma paixão voraz.
Vejo as estrelas cintilarem
Anunciando o óbito do deleite afetuoso...
As expectativas tornam-se fugazes
E as cordas amorosas melindram-se com o apartamento.
As emoções amarguradas soluçam saudosamente
E empreendem na vereda da configuração
Um lamento vil, jamais concebido
Pelas alegorias das mentes embebidas.
No outrora clímax da pseudo-afeição,
Um objeto sensorial delata a frivolidade do prazer iníquo!
Inspiração
Contemplando a natureza,
Buscamos respostas aos nossos ideais,
Transpomos barreiras consideradas intransponíveis
E planejamos um futuro inescrupuloso.
Lutamos para guardar os melhores momentos
Que se encadeiam na tela da imaginação...
Às vezes os vemos plenamente realizados,
Ambiciosos, cobiçosos, cheios de tentação!
O universo paisagístico interfere,
Tornando ainda mais o pensar mirífico.
Leva-nos à reflexão incandescente
E monopoliza os norteios da sensibilidade.
Enquanto somos levados a matutar inconscientes,
As horas caminham a desfechar o brilho da luz.
Juízo do Amor
Eu sou o amor,
Devaneio recôndito da alma,
Sou antídoto que acalma
E que faz perecer a dor.
Eu sou sublimidade e magia,
Sou fotografia de sentimento profundo...
Sou alavanca que governa o mundo
E dos corações sensíveis uma eterna estrela-guia.
Eu sou o amor,
Estou em erupção constante...
Sou o vício sagrado dos amantes
E um frenesi alegórico e encantador.
Eu sou o termômetro das madrugadas,
Sou um espelho que irradia reflexos...
Eu sou a energia que sublima o sexo
E o canto orvalhado das alvoradas.
Eu sou o amor,
O princípio e o fim da vida humana...
Sou o juízo absoluto que se proclama
E a palavra maior do criador!
Limiar
O amor é ditador
Dos bens e interesses pessoais;
Assassina o sublime
E segrega a singeleza do espírito.
O amor é ditador
Das causas e efeitos passionais;
Perde-se nos meandros de uma vida urdida
E deixa a ambição dominar no espaço-tempo.
O amor é ditador
Para quem quer vivê-lo intensamente...
Na construção dos ideais sublimes,
O amor é trovão das madrugadas.
Mas nem sempre o amor controla suas rédeas,
Visto que no planeta Terra o amor não tem fronteiras!
Metafórico
Minha solidão é um deserto do nada,
É um oásis inóspito, vazio de amor...
Minha inspiração é uma cachoeira de esperança,
É uma alegoria alienada, um adereço multicor.
Minha paixão é uma enchente de ternura,
É um paraíso sonhador, um éden alucinante...
Meu coração é um poço de energia,
Uma enxurrada de candura, um vale de diamantes.
Minha sensibilidade é uma torrente cristalina,
É um vulcão em erupção, um torvelinho assustador...
Meu querer é um manancial de cultura,
É uma nascente frondosa, uma fortaleza de pudor.
Minha vida é uma sinfonia musical,
É um concerto de alegrias, uma nota consciente...
Meu saber é uma galeria de sonhos,
É um devaneio angelical, um curto-circuito da minha mente.
Meu versejar é um templo da minha história,
É uma fotografia da memória, um contraponto do tempo!
Nudez
Visão por demais perfeita,
Resultado de gestos e poses sensuais
Que embelezam o cenário da criação artística,
Mostrando do grotesco ao sublime uma inspiração colossal.
A contemplação devaneia o espírito
Despojando-se dos preconceitos banais,
Sedimentando raízes de sonhos sedutores,
Transformando em sensatos insipientes intelectuais.
Em todos os recantos da imensidão universal
Contagiantes efeitos norteiam a sensibilidade, modelam o talento,
Impulsionam os mais diversos e conscientes caracteres
E fazem da nudez um ideal transcendental.
No envolvente embate contra as forças ocultas,
O poder magnificente do belo se sobrepõe
Formando um enleio de fortalezas inexpugnáveis
Onde a nudez repousa dos olhares febris...
Quanto a uma possível deterioração deste painel fotográfico,
Talvez nem mesmo a consumação dos séculos oponha resistência!
O Sorriso
Olha, vem cá!
Eu preciso falar contigo...
Descobri que um problema antigo
Vem à tona de além-mar!
Um forasteiro desembarcou na cidade,
Trouxe na bagagem uma bomba atômica...
Percebi qual seria a sua tônica,
Que era dissipar do mundo a realidade!
A vida tornar-se-ia uma utopia,
O sentimento humano seria violentado...
Os devaneios para sempre trancafiados
E o viver do homem uma eterna nostalgia!
Tudo desapareceria por encanto,
Nos jardins não haveria mais flores,
Nem platônicos seriam os amores,
E nossa face banhar-se-ia de pranto!
Olha, vem cá!
Eu preciso dizer a verdade...
É necessário evitar que tal calamidade
Transforme em alegoria o nosso bem-estar!
O forasteiro parou de repente
Comovido com o sorriso de uma criança,
A cidade inteira viu ressurgir a esperança
E a vida pôde seguir em frente!
Olha, vem cá!
Pensa na magia do sorriso,
Só assim pode o homem sonhar com o Paraíso
E o mundo, afinal, aprender a amar!
Oásis
Quando a noite cair
Neste outono cinzento, desnudo,
Minha voz no espaço sumirá
Sem trazer eco nem sussurros.
O silêncio dominará o escuro
E as luzes serão líquidos...
A passagem no momento ficará
A mercê das trevas sem brilho.
Os passos caminharão sem trilho
Neste aluvião deserto infinito...
As lágrimas não serão gotas d’água,
Mas enxurradas de pântanos temidos.
Os abraços ficarão desunidos
Sem a esperança do dia futuro...
O amor forte partirá no tempo,
Mas corações sensíveis saberão de tudo!
Quem viver verá o mundo
Em situação deveras penitente,
Nada poderão fazer, pois,
Os corpos estarão dormentes!
Nem tudo estará perdido, entrementes,
Da escuridão emergirá um adeus...
Em breves olhares veremos, de fato,
Um corpo bonito que será o de Deus!
Ósculo
Meus lábios provaram os teus,
Sentiram no aroma o teu sabor...
Néctar envolvente e sensual
Que traduz a excelsa magia do amor!
Meus lábios provaram os teus,
Sentiram ternura em teu tesão...
Na meiguice do teu beijo refinado
Consumou-se o paladar em tuas lágrimas de emoção!
Meus lábios provaram os teus,
Sentiram doçura em teu carinho...
No aconchego da tua boca envolvente,
Sintomas de um profundo amor foram captados de mansinho!
Meus lábios provaram os teus,
Sentiram eflúvios em teu amor voraz...
Navegaram na cadência rítmica do ósculo alucinante
E saborearam com sofreguidão um enleio de paz!
Meus lábios provaram os teus,
Sentiram frenesi em teu estado emocional...
Mergulharam afoitos em tua pele macia,
Denunciando indelével fulgor em nosso ímpeto passional!
Perfeição Alegórica
Foste meu amor primeiro,
A cinderela que povoou meus sonhos...
Musa de uma alegoria alienada,
Fantasia que me prostrou tristonho.
Ídolo dos meus devaneios,
Beleza rara em meu ideal...
Imagem que seduziu minha vida
E se fez rainha em meu universo imaterial.
Retrato que o tempo dissipou
E se tornou uma saudade da memória...
Fotografia imaginada e sentida
E que faz parte da minha história.
Pura lembrança da paixão juvenil,
Recordação que formou conceito...
Em minha consciência amadurecida,
É a tela do amor perfeito!
Pontos Estratégicos
Estão orvalhados os degraus da vida...
As veredas circunstanciais permeadas por sentimentos
Parecem luzir aos olhares indecisos
Enquanto os pássaros entoam suas melodias aos ventos!
O desabrochar das flores sensuais
Adorna o cenário do éter encantador...
O gotejar de árvores frondosas
Representa os tons de uma atmosfera repleta de amor!
As transformações que a natureza produz
São vestuários tingidos por temas universais;
Contato com a paisagem tímida e singela
É um milagre resgatado de tempos imemoriais!
A visão mirífica do firmamento estrelado
É uma fotografia plena de pontos exuberantes...
A dimensão refletida no curso das imagens
É um ambiente propício para o enclausuramento dos amantes!
Na transfiguração do imenso éter metafísico
Todo o espaço configurado é imensurável e multicor...
As cadeias sedimentares do infinito metafórico
São habitações celestiais onde repousam os alicerces do amor!
Que seria...
Que seria do poeta
Se não existisse a fantasia?
O mundo viveria sem rumo
E a vida sem poesia.
Que seria da arte
Se não fosse a emoção?
Tudo ficaria sem brilho
E vazio o coração.
Que seria do artista
Se não existisse o talento?
Em nada haveria criatividade,
Tudo seria muito lento.
E se houvesse
Ausência de sensibilidade?
Tudo estaria morto
Para toda a eternidade.
Porém nada é assim
Para a nossa alegria;
Deus ao criar o mundo,
Criou-o repleto de poesia!
Saudade
Sinto a ausência de ti em mim,
Sinto que o sonho não fantasia...
É como se te houvessem me roubado
Dos devaneios da minha nostalgia.
Sinto o coração amargurado,
Sinto meu êxtase em ti reprimido...
São instantes eloqüentes da saudade
Que me levaram sem que eu tivesse permitido.
Sinto minha alma em brasa,
Sinto que o fogo da paixão me dilacera...
É tua falta em mim que me furtaram
Deixando vazia a esperança de uma quimera.
Sinto meus sentimentos explodindo,
Sinto que uma bomba atômica de amor me destrói...
São os incomensuráveis momentos de perda
Que me deixaram, evitando que eu me tornasse teu herói.
Sinto que meu coração transborda em agonia,
Sinto que um grande milagre aconteceu...
É a saudade pura que retorna,
Prova evidente que meu amor não morreu!
Sentença Inevitável
Sonhos. Somente sonhos.
A vida agitada dos bacanais.
A sanha assassina de espessos espinhos
Ferindo o pudor de devaneios sensuais...
Desejos. Apenas desejos.
As sensações tresloucadas dos festivais.
A tirania soberba de pseudo carícias
Maculando a índole de personagens eventuais...
Prazer. Só prazer.
As orgias macabras dos infernais.
Idolatria de um sexo insosso
Sensibilizando o caráter dos preceitos morais...
Ambição. Nada mais que ambição.
O insensato querer de sempre ter mais.
Funesto enriquecimentos dos homens
Que atropela a faina de cidadãos normais...
Morte. Sempre a morte.
O destino real e cruel dos irresponsáveis.
O castigo sereno e salutar
Para as atitudes humanas descontroláveis...
Sinfonia dos Astros
A música arrebata-me a alma,
Percorro distâncias imensuráveis...
Confabulo intimamente com as estrelas
E escuto acordes estonteantes de uma melodia suave.
Vislumbro encantador painel fotográfico
Onde se assentam veredas que nos levam ao torpor...
São caminhos indeléveis e mágicos
Onde harpas celestiais executam serenatas de amor.
Embriagado pelos sintomas etéreos
Decifro a configuração secreta dos devaneios...
Pego carona nas caudas das estrelas cadentes
Que são cintilações acrobáticas que eu mesmo manuseio.
Na imensidão infinita do cosmos
Bailo freneticamente com todos os astros...
Uma valsa inefável me acaricia os tímpanos
E ébrio permaneço nestes instantes castos.
Sensibilizado e aguçado pelas sensações do universo,
Analogamente compreendo do que a música é capaz...
São suas sinfonias e seus acordes em tons de confidência
Que massageiam o ego com antídotos naturais!
Solidão Noturna
Sozinho, na solidão da noite,
Meu pensamento divagou arestas do passado,
Trouxe lembranças de amores furtivos
E reminiscências de amores fracassados.
Sozinho, na solidão da noite,
Imaginei como teria sido diferente...
Se houvesse comungado de sensações frívolas,
Tudo, ainda hoje, seria como antigamente.
Sozinho, na solidão da noite,
Despi minh’alma de tardias aventuras,
Contemplei cenas obscurecidas pela mente
E pude constatar marcas profundas.
Sozinho, na solidão da noite,
Conversei timidamente com a Lua,
Investiguei meu arquivo inconsciente
E retratei, uma vez mais, aparências nuas.
Sozinho, na solidão da noite,
Finalmente adormeci por inteiro...
Desafoguei no sonho todas as mágoas
E me preparei para um novo amor primeiro!
Sozinho, na solidão da noite...
Sonhos Malogrados
Chovia.
Chovia.Trovejava...
Apertava-me intensa nostalgia,
Era uma insana saudade da minha amada...
Chovia.
Chovia. Trovejava...
Nada detinha minha agonia,
Nem o meu frenesi de alma apaixonada...
Chovia.
Chovia. Trovejava...
Era assaz minha melancolia,
Tudo eram lágrimas no estertor da madrugada...
Chovia.
Chovia. Trovejava...
Tardava a amanhecer o dia
Numa noite carregada de açoites e sem Lua prateada...
Chovia.
Chovia. Trovejava...
Já não se percebia os rútilos faróis de minha alegoria
E meus sonhos se precipitaram numa atmosfera malograda!
Sou um homem que ama...
Sou um homem que ama,
Sinto felicidade no ar...
Percebo que o amor me chama
Para sorver o prazer de amar.
Sou um homem que ama
Com alegria ao clarão do luar...
Sinto que o amor reclama
Minha ausência no ato de amar.
Sou um homem que ama
Ao anoitecer na areia do mar...
Percebo que o amor me inflama
A compreender as delícias de amar.
Sou um homem que ama
Nas tardes fagueiras em qualquer lugar...
Sinto que o amor me clama
Nas noites frias para me aquecer de amar.
Sou um homem que ama
Nos cultos sacros aos pés do altar...
Percebo que o amor proclama
As verdades eternas nos dogmas de amar.
Sou um homem que ama
A realidade humana em qualquer patamar...
Sinto que o amor derrama
Luz divina para que se aprenda a amar.
Sou um homem que ama
Os temperos do bem e meus parceiros do lar...
Percebo que o amor conclama
Uma vida inteira para o ímpeto de amar.
Sou um homem que ama
Um universo que germina em seu pomar...
Sinto que o amor trama
Felicidade suprema para quem conjugar amar!
Telegrama Íntimo
Postei um telegrama para o meu eu,
Pedi-me que recordasse devaneios de outrora...
Que me trouxesse à baila o sonho que não feneceu
Para que no instante presente eu seguisse pelas estradas afora.
Os devaneios estavam camuflados num nicho da memória,
Prontos para serem resgatados quando quiser,
Eu prontamente os vislumbrei, sem demora,
E os revivi intensamente num lugar qualquer.
A lembrança passou-os atormentada
Pelos delírios estonteantes da juventude
Que me massageavam de forma emocionada...
Senti os arrepios da minha inquietude
Ao rememorar aventuras pelo tempo consumadas
E que me acariciavam o ego em total plenitude!
Tempo Passado...Vida Futura
Oh! Quanta liberdade
Que sinto neste mundo moderno,
Quanta alegria incontida,
Quanta saudade sentida,
Quanto prazer neste universo!
Oh! Quantos anseios
Que tenho neste peito aberto,
Nesta terra nua,
Nesta verdade crua,
Neste momentos solenes!
Oh! Quanta esperança
Que vivo a cada instante,
Quantos desejos inebriantes
Que afagam meu ego
Nesta vida presente!
Oh! Quantas maravilhas
Que enxergo com satisfação
Nesta vida incansável,
Quanta realidade curtida
Numa vida urdida pela emoção!
Oh! Quantos prazeres inefáveis
Que sinto nos dias atuais,
Quantos bailados que traçam
Nestes envolvimentos furtivos
O auge de momentos sensuais!
Oh! Quanta solidão
Que guardei e quero desfazer,
Quantas quimeras guardadas
Que as horas me mostram estampadas
Para o porvir de um novo amanhecer!
Você
Você é a onda
Que invade meus pensamentos...
Você é uma grande estrela
Que brilha no firmamento!
Você é o alfinete
Que penetra em minha carne...
Você é a coisa mais linda
Que deste mundo faz parte!
Você é um floco de neve
Que em minha mão se derreteu...
Você é a mais doce lembrança,
Você é tudo que é meu!
Você é o olhar mais meigo
Que já vi em toda a minha vida...
Você é o mais nobre remédio
Que cicatriza qualquer ferida!
Você é o fogo que queima
O coração de qualquer pessoa...
Você é um jardim de rosas,
Você é o pássaro que voa!
Você é a luz que ilumina
As trevas da minha cabana...
Você é a palavra que reina
E a que o meu coração ama!
Você é a felicidade,
O meu futuro promissor...
Você é tudo quanto eu quero,
Você é meu verdadeiro amor!
Você é a eternidade,
Foi Deus que te fez assim...
Você é o amor que nunca tive,
É o meu princípio, meio e fim!
Meu nome completo : Ivan de Oliveira Melo
Profissão : Professor
Idade : 56 anos
E-mail : [email protected]
Título do livro : Sinfonia de Amor
Poesias