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CESA CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA GESTORES DO SISTEMA ESTADUAL DE AGRICULTURA ALDO ANTONIO ROSSI ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DO IAPAR EM LONDRINA: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA DE APOIO OPERACIONAL LONDRINA 2011

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CESA – CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA GESTORES DO

SISTEMA ESTADUAL DE AGRICULTURA

ALDO ANTONIO ROSSI

ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DO IAPAR EM LONDRINA:

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA DE APOIO

OPERACIONAL

LONDRINA 2011

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ALDO ANTONIO ROSSI

ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DO IAPAR EM LONDRINA:

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA DE APOIO

OPERACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura, do Departamento de Administração da UEL, como requisito final para obtenção do título de Especialista.

Orientador: Prof. Dr. Saulo Fabiano Amâncio Vieira

LONDRINA 2011

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ALDO ANTONIO ROSSI

ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DO IAPAR EM LONDRINA:

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA DE APOIO

OPERACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura, do Departamento de Administração da UEL, como requisito final para obtenção do título de Especialista.

COMISSÃO EXAMINADORA

________________________________________

Prof. Dr. Saulo Fabiano Amâncio Vieira Universidade Estadual de Londrina

_____________________________________

Prof. Hamil Adum Filho Universidade Estadual de Londrina

_____________________________________

Prof. Cássio Chia Jang Tsay Universidade Estadual de Londrina

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ROSSI, Aldo Antonio. Estação Experimental do IAPAR em Londrina: análise da evolução da estrutura de apoio operacional. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Administração Pública para Gestores do Sistema Estadual de Agricultura, como requisito parcial ao Título de Especialista, Londrina, 2011.

RESUMO

O presente trabalho visa descrever a evolução da estrutura de apoio operacional da Estação Experimental do Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR, em Londrina, buscando identificar suas atribuições, alterações ocorridas, momentos de dificuldade e avaliar sua eficiência operacional no atendimento às atividades de pesquisa em campo. Utiliza-se como fundamentação teórica os conceitos de ciência e tecnologia, tecnologia e inovação na pesquisa agrícola, experimento em campo agrícola e estação experimental de pesquisa agrícola. Quanto aos procedimentos metodológicos, esta pesquisa caracteriza-se como exploratória, descritiva, qualitativa e desenvolvida através de um estudo de caso único, utilizando a pesquisa bibliográfica para obtenção do referencial teórico, a pesquisa documental para análise dos documentos oficiais e/ou produzidos pela instituição e a técnica de entrevista semi-estruturada para avaliar a percepção de pesquisadores e técnicos usuários dos serviços da Estação Experimental quanto à sua qualidade e eficiência. No que se refere aos resultados obtidos, verifica-se que a Estação é avaliada como fundamental e importante para os trabalhos do campo, prestando um bom trabalho de apoio operacional, mas, entretanto, necessitando de aperfeiçoamento e definições de planejamento e gerenciamento, melhoria na infra-estrutura de pessoal e de equipamentos e implementos agrícolas. Palavras-chave: Estrutura organizacional; Estação Experimental; apoio operacional; pesquisa agropecuária; eficiência em serviços de campo.

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ROSSI, Aldo Antonio. Experimental Station of IAPAR in Londrina: analysis the evolution of operational support structure. Completion work presented to the postgraduate program in Public Administration for Managers of the State Agriculture System, such as partial requirement for the title of Specialist, Londrina, 2011.

ABSTRACT

The present work aims to describe the evolution of operational support structure of the Experimental Station of the Agronomic Institute of Parana – IAPAR, in Londrina, seeking to identify tasks, changes, moments of difficulty and measure its operational efficiency in attendance on research activities in the field. It uses as theoretical bases concepts of science and technology, experiment in experimental field, experimental station in agricultural research, qualitative research and data analysis. As regards the methodological procedures, this research is characterised as exploratory, descriptive, qualitative and developed through a unique case study, using bibliographic search to obtain theoretical, documentary research for analysis of official documents and/or produced by the institution and the technical interview structured way to evaluate the researchers and technical users perception of the services from the Experimental Station as its quality and efficiency. The results obtained, the station is assessed as fundamental and important for the work on the field, as provides a good operational support work, but it needs improvement and definitions of planning and management, improved personnel infrastructure and equipment and agricultural implements. Keywords: organizational structure; Experimental Station; operational support; agricultural research; efficiency in field services.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Organograma do IAPAR

Figura 2 – Imagem aérea da Estação Experimental

Figura 3 – Mapa de Bases Físicas do IAPAR

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APE – Área de Produção e Experimentação

C&T – Ciência e Tecnologia

COODETEC – Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola

CPE – Centro de Produção e Experimentação

CREA - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

CVG – Casas de Vegetação

Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FAPEAGRO - Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento do

Agronegócio

IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

SEPAC - Sistema de Elaboração de Projetos e Acompanhamento de Custos

TAs – Técnicos Agrícolas

UBS – Unidade de Beneficiamento de Sementes

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 09

1.1 OBJETIVOS............................................................................................... 10

1.1.1 Geral ...................................................................................................... 10

1.1.2 Específicos ............................................................................................. 11

1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................

11

2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 14

2.1 CIÊNCIA E TECNOLOGIA ........................................................................ 14

2.2 TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NA PESQUISA AGRÍCOLA....................... 16

2.3 EXPERIMENTO EM CAMPO AGRÍCOLA ............................................... 23

2.4 ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE PESQUISA AGRÍCOLA........................ 25

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................... 28

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ............................................................ 28

3.2 MÉTODO DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS...................................... 32

3.3 QUADRO SÍNTESE DAS ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS................

37

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ............................................... 38

4.1 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO ................................................................ 38

4.2 A OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA NO IAPAR............................ 40

4.3 A ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE LONDRINA ....................................... 43

4.4 OBJETO DE ESTUDO .............................................................................. 44

4.5 DISCUSSÃO E ANÁLISE DE DADOS ...................................................... 46

4.5.1 A Pesquisa Agronômica e a Estação Experimental ............................... 46

4.5.2 A Estrutura Organizacional e o Papel da Estação Experimental ........... 47

4.5.3 A Contribuição da Estação na Condução das Atividades de Pesquisa.. 51

4.5.4 A Infraestrutura Física e de Equipamentos e Implementos Agrícolas.... 53

4.5.5 Os Problemas Existentes Segundo os Entrevistados ............................ 56

4.5.6 As Necessidades de Melhoria no Atendimento .....................................

57

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 59

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REFERÊNCIAS ...............................................................................................

61

APÊNDICES.....................................................................................................

APÊNDICE A – ENTREVISTA Nº 1 ................................................................

APÊNDICE B – ENTREVISTA Nº 2 ...............................................................

APÊNDICE C – ENTREVISTA Nº 3 ................................................................

APÊNDICE D – ENTREVISTA Nº 4 ................................................................

APÊNDICE E – ENTREVISTA Nº 5 ................................................................

65

66

75

78

83

88

ANEXOS .........................................................................................................

ANEXO 1 – Organograma do IAPAR .............................................................

ANEXO 2 – Imagem Aérea da Estação Experimental ....................................

ANEXO 3 – Mapa de Bases Físicas ...............................................................

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1- INTRODUÇÃO

Após a Revolução de 64, o Brasil passou a dar maior ênfase à modernização

do país e na agricultura o objetivo era o aumento da produtividade da terra e do

trabalho no campo. A pesquisa agropecuária passou então a pautar-se nesse

parâmetro, com estímulo ao uso de capital intensivo para proporcionar maior

excedente.

O Governo brasileiro promoveu mudanças estruturais nos órgãos de pesquisa

e nas universidades, objetivando obter profundos estudos técnicos agronômicos, na

busca de resultados para aplicação no campo, o que levaria ao aumento da

produtividade física por área e do trabalho. Nesse contexto ocorreu a criação da

Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em 1973.

A criação da Embrapa causou importantes repercussões na organização da

pesquisa de âmbito estadual. As instituições estaduais de pesquisa foram criadas

em grande parte da década de 70 e no Estado do Paraná, em 1972, foi então criado

o IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná. A sede do Instituto foi inaugurada em

março de 1975, mas já em 1973 os trabalhos de pesquisa em campo tiveram início.

No IAPAR, em 1973 ocorreu a implantação da Estação Experimental do

IAPAR em Londrina, objeto de estudo do presente trabalho, cujo objetivo é o de

analisar a evolução e a eficiência operacional e de apoio da Estação durante os 39

anos de existência do Instituto, que é o órgão estadual responsável pela geração e

adaptação de novas tecnologias, visando o desenvolvimento social e econômico

ambientalmente sustentado para uma melhoria no processo de produção

agropecuária.

O processo de modernização na agricultura é complexo e de difícil execução

para se atingir os objetivos de incorporação da inovação tecnológica para satisfação

das necessidades da população. O aumento da produtividade agrícola não é fruto do

acaso: resulta de um processo de geração, difusão e adoção de tecnologia que na

realidade envolve uma série de componentes: variedades adequadas, tratos

culturais, uso de insumos modernos, manejo de atividades e mesmo condições de

mercado que orientam as práticas a serem adotadas.

A modernização agrícola apóia-se na criação de novos conhecimentos e uso

de novos insumos que permitam o aumento da produtividade e a geração adicional

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de renda nas atividades agrícolas. A pesquisa agronômica necessita de pré-

requisitos básicos: recursos naturais favoráveis à modernização agrícola e em

proporção adequada à sua população, incorporação da inovação tecnológica via

adoção de práticas culturais e uso de insumos e maquinaria modernos, buscando a

elevação da produtividade.

Neste sentido, na pesquisa agrícola, a experimentação em campo, no solo, é

imprescindível e a atuação da Estação Experimental é o apoio necessário à

experimentação agrícola, desenvolvida por pesquisadores e técnicos e que irá

resultar em produtos de qualidade para disponibilização à sociedade.

O apoio operacional se encontra, portanto, alocado na Estação

Experimental. O ensaio de pesquisa instalado em área de terras da Estação requer

acompanhamento e observações diárias e cuidados muitas vezes minuciosos e,

portanto, o apoio prestado pela equipe de técnicos e operários de campo e mesmo

pelo Gerente, na administração da unidade, é fator preponderante para o bom

resultado dos trabalhos e fundamental ao pesquisador responsável pelo Projeto

conduzido.

Com base no exposto acima, o presente trabalho tem como problema a

seguinte questão: como ocorreu a evolução da estrutura de apoio operacional da

Estação Experimental do IAPAR em Londrina? Pretende-se, assim, identificar, no

decorrer dos 39 anos do Instituto, as atribuições da Estação Experimental, unidade

onde acontece o desenvolvimento de parte da atividade-fim do Instituto – a pesquisa

em campo; e analisar a percepção de pesquisadores, técnicos e administradores da

instituição no que diz respeito a facilidades e dificuldades encontradas no

desenvolvimento das atividades de pesquisa na área experimental, de forma que

possa se entender melhor a atuação da Estação e seu grau de eficiência.

1.1 - OBJETIVOS

1.1.1 - Geral

Analisar a evolução da estrutura de apoio operacional da Estação Experimental do

IAPAR em Londrina-Paraná

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1.1.2 – Específicos

a. Descrever a evolução da estrutura organizacional e o papel da Estação

Experimental de Londrina;

b. Analisar a contribuição da Estação Experimental na condução das atividades

de pesquisa;

c. Analisar a percepção de pesquisadores, técnicos e administradores quanto à

qualidade e eficiência dos serviços de apoio à pesquisa.

1.2 – JUSTIFICATIVA

A escolha do tema se justifica pela importância do assunto, pois a base mais

importante da execução da pesquisa agrícola é o próprio solo e essas pesquisas são

realizadas no campo experimental. Assim, o apoio operacional prestado por estas

unidades é imprescindível à experimentação realizada por pesquisadores e técnicos

na busca de resultados que disponibilizem ao produtor pequeno, médio ou grande

proprietário, novas técnicas e recursos.

Outra justificativa para a realização do presente trabalho é a carência de

estudos neste tema. Não foram localizados estudos relacionados à qualidade e

importância da prestação de serviços de apoio operacional à atividade agronômica

de pesquisa em área experimental.

Pesquisar significa muito mais do que simples plantar e colher. Significa

conhecer causas e efeitos dos fatores estudados, interpretando esses dados em

função do ambiente onde se dá o processo de pesquisa. Um experimento agrícola

deve ser planejado e executado cuidadosamente, exige observação contínua e o

pesquisador não poderá estar no campo o tempo todo. O apoio da Estação

Experimental contribui, além das tarefas básicas de plantio, irrigação, preparo de

solo, colheita e capina, na observação, no acompanhamento de fatores ambientais

adversos, no acompanhamento dos ensaios e eventuais fenômenos biológicos,

indicando ao pesquisador responsável estes fatores.

Enfim, no que se refere a novos produtos agrícolas, como, por exemplo,

novas cultivares, a sua disponibilização ao produtor e ao ambiente da agricultura

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deve ser precedida de avaliações e testes que busquem garantir a adaptação às

condições locais de solo e clima, embora parte do processo de geração e

desenvolvimento da tecnologia na pesquisa agropecuária também possa ser

realizada com apoio de laboratórios, telados e casas de vegetação.

O processo como um todo leva à necessidade da realização de um grande

volume de atividades de pesquisa e experimentação. Essas atividades demandam

estruturas de laboratório e de campo e mão de obra especializada.

No caso da pesquisa agrícola o experimento em campo é imprescindível. É

no campo experimental que se inicia todo o processo de pesquisa. O apoio técnico e

operacional fornecido para a realização das atividades experimentais em solo

colabora para a disponibilidade de novos produtos e na inovação tecnológica para a

geração de cultivares e tecnologias ao agronegócio, na conservação de solos e

recursos ambientais e na manutenção do patrimônio genético institucional.

A disponibilidade de uma infraestrutura física de apoio operacional de campo

tem permitido, no caso do IAPAR, que a instituição torne mais efetivo o seu

processo de geração de informações, conhecimentos e inovação de interesse social,

ampliando e qualificando também a prestação de serviços de apoio aos produtores

rurais. É necessário, portanto, que o apoio operacional seja realizado com qualidade

e eficiência, sob o risco de se perder os resultados relevantes para a pesquisa.

As Estações Experimentais, no caso do IAPAR, são unidades

organizacionais responsáveis pela operacionalização das atividades relativas ao

planejamento, coordenação e execução dos trabalhos de rotina de campo e de

apoio à pesquisa, para atendimento aos projetos de pesquisa desenvolvidos na área

de atuação da Estação. Assim, neste objetivo disponibilizam estrutura de campo,

equipamentos, casas de vegetação, telados, materiais e pessoal para atendimento

às atividades de pesquisa e produção (IAPAR, 1980).

Pesquisa agrícola, em uma concepção mais ampla, pode ser considerada

como a busca cuidadosa e minuciosa da averiguação de uma realidade, adotando

conceitos adequados e abrangentes. A pesquisa tecnológica é a pesquisa entendida

e realizada para atender as necessidades locais dos produtores agropecuários e

visa produzir conhecimento novo para utilização em processo produtivo, para fins

comerciais ou bens e serviços destinados ao próprio consumo. Sua aplicação se dá

no âmbito da produção, destinada ou não ao mercado, e constitui uma inovação

(CGEE, 2006, p. 53-54).

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Um sistema de pesquisa agropecuária deve abrigar a pesquisa estratégica,

a pesquisa aplicada e a pesquisa adaptativa. A pesquisa estratégica é direcionada à

geração de conhecimento, método e instrumentos usados na pesquisa aplicada; a

pesquisa aplicada é direcionada ao desenvolvimento de produtos e processos

aplicáveis às atividades econômicas; e a pesquisa adaptativa é direcionada à

adequação a novos usos e ambientes de produtos e processos desenvolvidos pela

pesquisa aplicada. Os três são direta e indiretamente necessários ao avanço do

conhecimento produtivo do setor agropecuário (CGEE, 2006, p. 57).

É, portanto, interessante e importante entender o funcionamento da Estação

Experimental do IAPAR em Londrina, analisando a evolução de sua estrutura, a

contribuição no apoio às atividades de pesquisa e a percepção de pesquisadores,

técnicos, administradores - usuários dos serviços prestados - quanto à qualidade e

eficiência.

Neste contexto, a contribuição deste estudo tem também por objetivo abrir

novas frentes de pesquisa no tema e estimular discussões sobre a importância da

atividade de apoio operacional prestada pela Estação Experimental na pesquisa

agronômica.

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2 – REFERENCIAL TEÓRICO

Os conceitos abordados neste trabalho estão relacionados a ciência e

tecnologia, tecnologia e inovação na pesquisa agrícola, experimento em campo

agrícola e estação experimental de pesquisa agrícola e estão a seguir apresentados.

2.1 - Ciência e Tecnologia

Existe um razoável consenso de que ciência e tecnologia são a base do

desenvolvimento econômico e social. Nosso tempo se caracteriza cada vez mais

pela rápida geração de conhecimento, como também pela ampla utilização do

conhecimento já dominado, tornado disponível para a sociedade. Não o

conhecimento enquanto riqueza tradicional, humanista e cultural, mas um elemento-

chave no desenvolvimento dos povos.

No atual processo de inovação, são fundamentais as interações entre o

mercado e o progresso técnico, através de novas formas de associação entre

empresas – as alianças estratégicas – e destas com as universidades e institutos de

pesquisa, para o desenvolvimento conjunto de tecnologia.

Segundo Nussenzveig (1994, p. 70),

o desenvolvimento de um país se mede pela sua capacidade de gerar de forma autônoma conhecimentos, transmiti-los e utilizá-los, assentando-se assim no tripé: ciência e tecnologia, educação e política econômico-industrial.

A expressão C&T, reunindo os dois vocábulos ciência e tecnologia, tem

sentido amplo, genérico e identifica um campo de atuação, uma área de atividade.

Daí as expressões derivadas: sistema de ciência e tecnologia, política científica e

tecnológica, atividades de C&T etc. Pode-se incluir aqui atividades de

geração, fomento, disseminação e aplicação do conhecimento científico e tecnológico; as pessoas e instituições diretamente

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envolvidas; os estudos de inovação, transferência, invenção, difusão; a relação da C&T com a economia, com a sociedade; as técnicas e processos de administração de pesquisa e das instituições de P&D, etc (ALMEIDA, 1986), p. 21).

Segundo o Livro Verde, editado pelo MCT em julho de 2001, C&T são

atividades científicas e tecnológicas que dizem respeito ao esforço sistemático

diretamente relacionado com a geração, o avanço, a disseminação e a aplicação do

conhecimento científico e técnico em todos os campos da Ciência e da Tecnologia.

Incluem-se aqui as atividades de pesquisa e desenvolvimento, o treinamento e a

educação técnica e científica e os serviços científicos e tecnológicos. Os serviços

científicos e tecnológicos compreendem as atividades relacionadas à pesquisa e ao

desenvolvimento experimental, assim como as que contribuam para a geração,

disseminação e aplicação do conhecimento científico e tecnológico (MCT-Livro

Verde, 2001, p. 16).

As atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) se referem ao trabalho

realizado em bases sistemáticas, objetivando ampliar o estoque de conhecimento,

bem como o uso desse estoque de conhecimento em novas aplicações,

compreendendo a pesquisa básica – trabalho experimental ou teórico realizado

principalmente para a aquisição de novos conhecimentos sobre os fundamentos de

fatos ou fenômenos observáveis, sem o objetivo de qualquer aplicação ou utilização;

a pesquisa aplicada – investigação original, realizada visando a obtenção de novos

conhecimentos, mas dirigida, primordialmente, a um objetivo prático; e o

desenvolvimento experimental – trabalho sistemático, apoiado no conhecimento que

já existe e que foi obtido por pesquisas ou pela experiência prática, destinado à

produção de novos materiais, produtos ou equipamentos, para a instalação de novos

processos, sistemas ou serviços, ou para melhorar substancialmente aqueles já

produzidos ou instalados (OCDE, apud MCT-Livro Verde, 2001, p. 16).

Inovação tecnológica é definida como um produto ou processo que

compreende a introdução de produtos ou processos tecnologicamente novos e

melhorias significativas em produtos e processos existentes. É considerada uma

inovação tecnológica de produto ou processo quando esta tenha sido implementada

e introduzida no mercado (inovação de produto) ou utilizada no processo de

produção (inovação de processo). As inovações tecnológicas de produto ou

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16

processo envolvem uma série de atividades científicas, tecnológicas,

organizacionais, financeiras e comerciais (OCDE, apud MCT-Livro Verde, 2001, p.

16).

O Sistema Nacional de Inovação pode ser definido como o conjunto de

instituições e organizações que são responsáveis pela criação e adoção de

inovações em um determinado país. Desta forma, as políticas nacionais passam a

incentivar as interações entre as instituições que participam do amplo processo de

criação do conhecimento e da sua difusão e aplicação (OCDE, 1996, apud MCT-

Livro Verde, 2001, p. 16).

Nos últimos anos a importância da ciência e tecnologia se tornou mais nítida

e os recursos disponibilizados por órgãos de governo para pesquisa e

desenvolvimento tiveram aumento considerável, criando-se novos instrumentos de

financiamento à pesquisa e a inovação tecnológica apareceu como objetivo central

no esforço nacional para o crescimento do país.

2.2 – Tecnologia e Inovação na Pesquisa Agrícola

Complementando o colocado no item anterior, tecnologia e inovação devem

ser ainda mais detalhadas, sob o ponto de vista da pesquisa agrícola.

Tecnologia tem significado semelhante à ciência, podendo ser definida como

um conjunto de conhecimento ou como uma atividade. No caso do conhecimento

pode ser entendida como “um conjunto de conhecimentos científicos e empíricos, de

habilidades, experiências e organização requeridos para produzir, distribuir,

comercializar e utilizar bens e serviços” (Saenz e García Capote, 2002, p. 47). Do

ponto de vista da tecnologia como atividade, ela pode ser entendida como a busca

de aplicações para conhecimentos já existentes (Saenz e García Capote, 2002, p.

47).

Já o processo de inovação “é a integração de conhecimentos novos e de

outros existentes para criar produtos, processos, sistemas ou serviços novos ou

melhorados” (Saenz e García Capote, 2002, p. 69), podendo o termo ser utilizado de

maneira flexível, inclusive quando se referir a uma primeira utilização de um produto,

processo, sistema ou serviço.

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A produção agrícola brasileira é uma das atividades mais prósperas, é

moderna, é competitiva e rentável, e tem incluído o Brasil entre um dos maiores

produtores de alimentos do mundo. O país possui clima diversificado, com chuvas

regulares, energia solar em quantidade, boa parte da água doce do planeta, e

diversas regiões com solos férteis e produtivos, fazendo do Brasil um lugar

adequado ao desenvolvimento e produção de alimentos de todas as cadeias

produtivas. Sem dúvida, a produção agrícola é nos tempos de hoje uma das

principais atividades da economia brasileira, estando o Brasil colocado entre os

maiores produtores e exportadores de commodities como soja e milho (Velho, 2009,

p. 18-19).

O Brasil se coloca também como líder mundial na produção e exportação de

diversos produtos agropecuários, sendo o primeiro produtor e exportador de café,

açúcar, álcool e sucos de frutas do mundo, e também líder no ranking das vendas

externas de soja, carne bovina e carne de frango, entre outros produtos. Outro fator

importante na agricultura é o desenvolvimento científico-tecnológico e a

modernização da atividade rural, resultado de pesquisas e da expansão da indústria

de máquinas e de implementos agrícolas, que têm contribuído para a transformação

do país (Velho, 2009, p. 19).

No Paraná a evolução da produção agrícola ocorre tendo em vista fatores

como a inovação tecnológica e seu apoio e influência no aumento da atividade

produtora. O aumento das áreas de cultivo motivadas por novas formas de produção

também tem ajudado na mudança do perfil agrícola e contribuído para a

prosperidade do setor (Velho, 2009, p. 20).

Este cenário foi construído, sem dúvida, com a busca de novas tecnologias e

inovação e as instituições públicas de pesquisa têm um importante papel a

desempenhar neste campo. São estas instituições – entre as quais o IAPAR – que

desenvolvem a chamada pesquisa e desenvolvimento de interesse público, tanto

nos mercados de interesse da iniciativa privada, como, e em especial, naqueles

onde o interesse da iniciativa privada não é tão significativo.

O uso da inovação tecnológica na agricultura e também no agronegócio se

justifica por estas inovações estarem sendo criadas como uma fonte de superação

dos obstáculos naturais e econômicos, considerando-se que a aplicação de novos

processos tem sido determinante para o aumento da competitividade.

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Entretanto, a prática da inovação tecnológica na agricultura e também no

agronegócio surge da demanda e exigência do mercado consumidor, de forma que a

tecnologia contribua nos processos agroindustriais, com as maiores concentrações

de pesquisa e desenvolvimento na produção de insumos e mudas para plantio,

adaptação de novas tecnologias para plantio e processamento de produtos

agroalimentares, como máquinas e implementos agrícolas (Pereira e Manfron de

Paula, 2004).

No que diz respeito à política científica e tecnológica brasileira, Salles-Filho

(2000) demonstra que a organização das atividades de C&T tem se transformado

intensamente nos últimos anos, especialmente pelo aparecimento de novos

institutos de pesquisa e de empresas, com a reconfiguração dos agentes neste

contexto.

Para Zouain (2001, apud Borgonhoni e Ichikawa, 2007), as fases das

políticas científicas apresentam algumas características que podem ser agrupadas

em três paradigmas: um primeiro onde a ciência é vista como motor do progresso,

que vigorou nos anos 1960 até a década de 1970; um segundo, onde a ciência é

vista como solucionadora de problemas, que vigorou em 1970 e priorizava a

mobilização da ciência e tecnologia para solucionar problemas nacionais urgentes,

estabelecer ligação entre pesquisa e usuários e monitorar insumos e resultados; e

um terceiro, onde a ciência e vista como fonte de oportunidade estratégica, em vigor

desde 1980 e que considera a ciência e a tecnologia como propiciadora de

oportunidades estratégicas para o crescimento e para o bem-estar do país.

No caso da pesquisa agrícola é importante destacar que a pesquisa tem

sido tradicionalmente realizada pelo setor público, através de institutos

governamentais, com recursos em geral de fontes públicas, onde se destacam o

IAPAR e a Embrapa, entre outras instituições, embora este ambiente tenha

enfrentado, especialmente nas décadas de 1980 e 1990, grandes desafios pela crise

econômica, com uma grande competição por recursos (Freitas Filho et al, 1986,

apud Borgonhoni e Ichikawa, 2007).

A inovação tecnológica se constitui em uma ferramenta de importância para

a busca do aumento da produtividade e competitividade, objetivando impulsionar o

desenvolvimento econômico (Tigre, 2006). A pesquisa agrícola também funciona de

igual forma como em uma empresa ou indústria. Essa busca é constante e necessita

de novas tecnologias. O produto agrícola gerado e disponibilizado ao produtor é

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resultado da busca de transformação e incorporação de novos produtos e processos

com a agregação de valor.

Salles-Filho e Bonacelli (2003) colocam que tem sido destaque no noticiário

nacional os resultados positivos das atividades econômicas no campo da agricultura,

sobre sua contribuição, em conjunto com a agroindústria, à economia brasileira,

tanto pela colheita de grãos, pela exportação de suco de laranja ou de frutas

tropicais, ou pela abertura de nichos de mercado para produtos exóticos, como

carne de jacaré e rã. Os números são animadores e colocam a agricultura e a

agroindústria num patamar de “salvar a pátria”.

Para os autores é importante a agricultura se definir no campo da inovação

quanto às pesquisas em biotecnologia, que é vista como uma vastíssima área do

conhecimento com imensas aplicações práticas e uma peça fundamental no avanço

do conhecimento.

Salles-Filho e Bonacelli (2003) colocam que durante os anos 80 muito se

discutiu sobre a importância dos países menos desenvolvidos entrarem nas novas

ondas tecnológicas, quando se citava como algumas áreas do conhecimento de

ponta ou portadoras de futuro, novos materiais, energia, microeletrônica, química

fina e biotecnologia. No caso da tecnologia agropecuária o sistema de inovação

brasileiro detém conhecimento, gera tecnologia e transforma essa tecnologia em

inovação. Para os autores, talvez seja um dos únicos sistemas setoriais de inovação

no Brasil onde acontece amplo domínio e forte integração da pesquisa à inovação,

do laboratório ao mercado.

A incorporação de novas tecnologias na agricultura tem explicado o

desempenho competitivo do setor, que obteve ganho de produtividade que levou à

ampliação da produção, que somada à qualidade, sustentou a capacidade de

concorrência do agronegócio brasileiro. Neste cenário o Paraná é expoente de um

setor produtivo, técnica e economicamente competitivo, e embasado na inserção de

inovações tecnológicas (IAPAR, 2010).

O processo de inovação é dependente da contínua busca e aplicação de

novos conhecimentos científicos e tecnológicos e na agricultura existe a

necessidade de se adaptar as inovações às condições agroecológicas e

socioeconômicas, específicas de cada região onde está implantado o experimento.

Assim, o desenvolvimento de inovações para o agronegócio depende de uma forte

estrutura que propicie a produção de conhecimentos técnico-científicos e o

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transforme em tecnologias aplicáveis, respeitando-se as condições específicas de

cada região e embasando a sustentabilidade dos sistemas produtivos locais (IAPAR,

2010).

No caso do Paraná, a pesquisa realizada pelo IAPAR busca a criação de

alternativas para “a permanência dos agricultores no campo, a recuperação e a

proteção dos recursos naturais, a busca de opções de independência tecnológica e

a atuação articulada de geração e difusão de tecnologia” (IAPAR, 2010, p. 7). Neste

sentido, o IAPAR busca incorporar estratégias para o desenvolvimento de inovações

focadas na sustentabilidade da agricultura familiar e na regionalização da pesquisa

para o desenvolvimento de agroecossistemas.

No campo específico da independência tecnológica e inovação, o Estado do

Paraná, através do IAPAR, busca o desenvolvimento de técnicas e processos

capazes de assegurar esta independência e favorecer o aumento da capacidade

científica e tecnológica autônoma estadual e nacional (IAPAR, 2010).

A atividade de melhoramento de cultivares, um dos pontos-forte na pesquisa

agrícola, contribui de forma significativa para o desenvolvimento tecnológico,

econômico e social do país. O benefício gerado pela introdução de novas variedades

de plantas leva ao alto desempenho produtivo, melhoria de qualidade nutricional e

tecnológica, maior resistência a pragas e doenças e tolerância ao calor e à seca –

isso é inovação na agricultura (IAPAR, 2010).

No campo da agricultura, como resultado das atividades do IAPAR, a

tecnologia e a inovação estão expressas em cultivares adaptadas às diferentes

condições ambientais, na criação de novos insumos agropecuários, máquinas,

equipamentos, zoneamento e monitoramento agrícola, novas tecnologias, práticas e

processos agropecuários, raças de animais e microorganismos de importância

econômica, entre outros. E ainda, neste campo, disponibiliza um conjunto de

produtos e/ou serviços que subsidiam a formulação e implementação de políticas

públicas, tanto em nível estadual como nacional (IAPAR, 2010).

Estudo realizado por Salles-Filho et al. (2006), coloca que a maioria dos

institutos de pesquisa agrícola da América Latina tem buscado implantar inovações

institucionais incrementais e no nível micro, que são as internas à organização. Do

ponto de vista geral, as inovações visam eficiência gerencial, eficácia operativa,

efetividade dos resultados, sustentabilidade financeira, ampliação de interfaces e

legitimidade social e política. No IAPAR isto também tem ocorrido, podendo ser

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citado as inovações com o sistema de avaliação de desempenho e competências

por resultados, implantação de ouvidoria e novos modelos de gestão estratégica.

Outras inovações no campo administrativo também podem ser

consideradas, como discussões sobre o modelo de pesquisa, onde as mudanças na

instituição e na gestão da pesquisa e desenvolvimento, em geral, foram motivadas e

afetaram fatores do ambiente interno e externo.

O IAPAR tem buscado também uma maior participação dos stakeholders

para a elaboração e condução de uma agenda de pesquisa que amplie sua

capacidade de atuar em novas áreas da ciência e que resulte em tecnologias que

contribuam para uma maior competitividade. Neste sentido tem realizado eventos

que envolvam a participação de representantes dos segmentos da agricultura

estadual, buscando ouvir as demandas no campo da agricultura.

Outras inovações mais abrangentes também devem ser lembradas, como as

políticas de propriedade intelectual e de negócios tecnológicos, onde o IAPAR tem

atuado fortemente nos últimos anos, procurando se organizar para enfrentar novas

demandas neste campo, visando incentivar o processo de inovação, a promoção da

interação entre os setores público e privado e assim contribuindo para um melhor

aproveitamento de oportunidades econômicas e tecnológicas.

A busca pela inovação na agricultura segue um padrão definido pelo

paradigma vigente no momento. Para Dosi (1988, apud Barbosa, 2006), paradigma

tecnológico é uma espécie de padrão ou de modelo para a formulação e

encaminhamento de soluções para problemas tecnológicos específicos, baseando-

se o mesmo em princípios derivados das ciências naturais e de tecnologias

materiais.

As trajetórias tecnológicas representam a forma de enxergar como a

tecnologia se articula para a formação de um novo paradigma, e então representam

os caminhos diferentes em um dado paradigma. Em cada paradigma é possível

existir inovações que seguem as trajetórias tecnológicas deste e essas inovações

podem ser incrementais, radicais ou levar a uma mudança de paradigma (Barbosa,

2006).

Pode-se dizer que a lógica do paradigma tecnológico da agricultura esta

centrada no aumento da produtividade do trabalho e que os caminhos existentes

dentro do paradigma levam a agricultura às possibilidades de inovação, como citado

por Barbosa (2006):

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desenvolvimento de tecnologias moto-mecânicas: inovações em

máquinas e equipamentos que proporcionam em especial economia

de mão de obra;

desenvolvimento de tecnologias físico-químicas: inovações que

buscam facilitar a substituição da terra, como por exemplo inovações

em agrotóxicos, adubos e defensivos agrícolas e novas formas de

aplicação;

desenvolvimento de tecnologias biológicas: uma das mais importantes

para a pesquisa agrícola, pois auxilia na redução de períodos de

produção e potenciação de efeitos das inovações mecânicas e físico-

químicas;

desenvolvimento da organização do trabalho: diz respeito a

mudanças no processo de trabalho e formas de contratação de mão

de obra, e pode interferir na produtividade do trabalho.

As atividades de inovação apresentam características específicas de quem

realiza a pesquisa e da região onde esta é efetuada e também características de

cumulatividade, tornando a tecnologia menos sujeita ao acaso. A inovação

tecnológica na produção agrícola apresenta características inerentes à cultura que

se está pesquisando, pois primeiramente se trata da produção de seres visos e que

possuem caráter reprodutivo e com isso a relação insumo-produto utilizado na

agricultura resulta diferente da utilizada pela indústria, já que uma unidade de

insumo na agricultura produz mais de uma unidade de produto (Barbosa, 2006).

Outra característica da pesquisa agrícola tem relação com o tempo de

trabalho, já que na indústria o tempo de produção é semelhante ao tempo de

trabalho. Na agricultura o tempo de trabalho é menor que o tempo de produção, já

que existe tempo de não trabalho e a dimensão deste tempo envolve ciclos

biológicos, que geralmente impõem um longo período de produção. Assim, mesmo

que a inovação biológica seja a única maneira de conseguir redução no tempo de

produção, esta não consegue acabar com a dependência da agricultura para com a

natureza em seu processo de reprodução, mas apenas reduzir um pouco o tempo

de não trabalho. Portanto, na agricultura, a base tecnológica da produção depende

fortemente das condições naturais (Barbosa, 2006).

Conclui-se, portanto, que é necessário reconhecer a importância dos fatores

produtivos na obtenção de produtos de boa qualidade na agricultura e que isso

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ressalta a tendência histórica de elevação da composição orgânica do capital,

considerando-se que o nível de tecnificação na agricultura deverá aumentar, já que

o produtor rural visa a redução de custos de produção e também está preocupado

com a qualidade dos produtos ofertados ao consumidor e com as questões

ambientais e sociais, que, sem dúvida, estão presentes na mudança na trajetória do

paradigma tecnológico vigente.

2.3 - Experimento em Campo Agrícola

O experimento de campo é um estudo de investigação em uma situação

real, onde uma ou mais variáveis independentes são manipuladas pelo investigador,

sob condições controladas, com o máximo cuidado permitido pela situação. É

importante fazer uma distinção entre os experimentos de laboratório e de campo, e

que esta deve ser feita com base nos dois elementos principais na definição de

experimento de campo dada acima, ou seja:

levando em conta se existe ou não uma tentativa para criar uma situação especialmente desejável e adaptada e o grau de precisão no controle e na manipulação das variáveis. O experimento de laboratório é dotado de um controle máximo; por sua vez, os experimentos de campo operam com menos controle, fator que em geral representa alguma desvantagem (MOREIRA, 2000, p. 1).

Os experimentos realizados em campo possuem diferentes qualidades, pois

se adaptam bem ao estudo de problemas sociais, organizacionais, psicológicos e

educacionais de grande interesse. Entretanto, nos experimentos de campo

raramente o controle da situação é tão rigoroso quanto nos experimentos de

laboratório. No experimento de campo, o investigador, ainda que tenha o poder de

manipulação, sempre se defronta com a possibilidade de que suas variáveis

independentes estejam poluídas por variáveis ambientais que escapam a seu

controle. Segue-se daí que uma das preocupações principais do pesquisador

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experimental de campo é a de fazer com que a situação fique semelhante o mais

possível com a situação do experimento em laboratório (Moreira, 2000).

No caso da pesquisa agronômica, o experimento em campo diz respeito ao

plantio no solo, sujeito às mudanças de clima e outras variáveis presentes no

ambiente, e é imprescindível. É aqui que se verifica o real comportamento de um

produto, de uma planta, pois é no campo que ele será produzido depois de

disponibilizado ao produtor rural, estando, portanto, sujeito às intempéries do campo,

do solo e do clima.

Assim como a instalação, a condução é a maneira de administrar, no campo

ou no laboratório, o problema investigado. Nessa fase todos os cuidados se fazem

necessários para não desvirtuar a qualidade dos dados que serão colhidos. Nas

pesquisas laboratoriais, os riscos são reduzidos. Os experimentos de campo, porém,

estão mais sujeitos às intempéries que podem de um momento para o outro,

modificar completamente seu panorama. Em muitos casos, há necessidade de nova

montagem ou de modificações no delineamento do experimento (IAPAR, 1978).

A agronomia pode ser definida como uma ciência que envolve um conjunto

de conhecimentos de diversas áreas, como engenharia, biologia, botânica,

economia, química, genética, zootecnia, administração etc, e estes conhecimentos

são aplicados na agricultura e na pecuária. A pesquisa agronômica tem entre seus

objetivos melhorar a qualidade nos processos de produção de gêneros agrícolas e

pecuários e também aumentar a produção através da implantação de técnicas,

mantendo ou até melhorando a qualidade dos produtos. Na realização desses

objetivos, a pesquisa no campo experimental é o apoio altamente necessário para a

obtenção de resultados a serem colocados à disposição dos agricultores (IAPAR,

1978).

Ciências agrícolas ou agronomia estão em um campo multidisciplinar e

visam melhorar a prática e aumentar a compreensão da agricultura objetivando uma

otimização para o bem da humanidade. Assim, a pesquisa visa a produção de

produtos animais e vegetais para uso humano através da transformação tecnificada,

resultado de experimentação, com a utilização de técnicas (IAPAR, 1978).

No campo experimental se produzem pesquisas e se desenvolvem técnicas

que melhoram os resultados da agricultura, como manejo de irrigação; uso

adequado de fertilizantes; melhoria da qualidade do produto; seleção de variedades

resistentes à seca, ao frio, a doenças e pragas; modelos de simulação de

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crescimento de colheita e outras técnicas. Mas, o mais importante, as pesquisas

agronômicas estão fortemente relacionadas ao local em que são realizadas, pois

trabalham com características locais de solo e clima que nunca são exatamente

iguais nas diferentes regiões.

Hoje, o campo experimental está cada vez mais equipado, mais potente,

com colheitadeiras, equipamentos de ponta, computador de bordo, sensores ligados

a satélites e assim se busca um maior potencial produtivo. De outro lado, sementes,

adubos e agrotóxicos estão também cada vez mais aprimorados, melhorando o

rendimento produtivo, produzindo-se mais em menos tempo, mas, com a

preocupação na preservação ambiental acima de tudo.

Enfim, a pesquisa no campo experimental, no solo, na terra, é técnica

utilizada na pesquisa agronômica, e busca, cada vez mais, técnicas e métodos para

a obtenção de melhores resultados, a incorporação de novas tecnologias, ganhos

em produtividade, ou seja, no caso do Paraná, uma evolução da agricultura e do

agronegócio, transformando o Estado em um expoente do setor produtivo, técnica e

economicamente competitivo, e embasado na inserção de inovações tecnológicas

(IAPAR, 2010).

2.4 - Estação Experimental de Pesquisa Agrícola

No IAPAR a Estação Experimental, utilizada na experimentação e pesquisa

agrícola é uma base física, uma área de terras que simula uma propriedade agrícola

ou, em outras palavras, uma fazenda experimental, com todos os elementos

necessários à produção agrícola, possuindo equipamentos e implementos agrícolas,

instalações, barracões, insumos, terreno com conservação de solos e inoculo de

doenças e pragas para testar resistência das plantas.

As culturas são plantadas em pequenas escalas e avaliadas durante o ciclo

produtivo. Os dados são compilados e análises e resultados preparadas por

pesquisadores, e disponibilizados em diversas formas, divulgados através de

publicações, da extensão rural e na realização de eventos técnicos.

Em geral as estações experimentais são alocadas em regiões estratégicas e

representativas das diferentes situações de clima e solo.

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Para Monice Filho e Lima (1989), as estações experimentais podem cumprir

duas relevantes funções nas áreas onde estão inseridas:

técnica, de se constituir no ponto básico onde se deve concentrar as experiências adquiridas pelos pesquisadores e se debater essas experiências; e social, contemplando as reais necessidades da agricultura regional, levando em consideração os fatores sócio-econômicos envolvidos, a partir da participação dos produtores e de suas Associações junto às Estações (p. 6).

Para os autores evidencia-se também a necessidade de ação integrada

envolvendo administrador e pesquisador. Para isso é necessário desenvolver canais

de comunicação entre os pesquisadores das diversas áreas da pesquisa e os

administradores de estações, estabelecendo-se, assim, um sistema de informação

para o bom andamento da produção da pesquisa (Monice Filho e Lima, 1989, p. 6).

Monice Filho e Lima (1989, p. 6) colocam ainda que o administrador de uma

Estação Experimental ocupa papel relevante na busca de um melhor gerenciamento

possível de recursos disponíveis para promover uma coordenação integrada de

apoio à pesquisa, com o objetivo de melhorar os resultados dos projetos.

É na Estação Experimental que se realizam as pesquisas, com o apoio

também dos laboratórios. É no campo, no solo, onde é realizada a experimentação e

onde acontece a criação de novos produtos e tecnologias. A inovação consiste na

adoção de métodos, procedimentos, sistemas ou técnicas de produção novos ou

melhorados, podendo incluir mudanças nos equipamentos, nas matérias primas, nos

materiais e nos fluxos de produção (Saenz e García Capote, 2002, p. 73).

É importante, em campos e estações experimentais, uma gestão eficiente e

a busca por soluções inovadoras. Nestas unidades os resultados obtidos podem

gerar, além dos resultados da pesquisa propriamente dita, para apropriação pelo

produtor rural, ganhos de eficiência administrativa no gerenciamento das atividades

agrícolas, oferecendo subsídios para planejamento do espaço, uso intensivo do solo,

busca de diversificação entre culturas e sistemas de produção vegetal e animal.

De um lado importante, a produtividade dos campos de experimentação é

medida em termos de produção técnico-científica e de ações de transferência de

tecnologia. Permite-se aqui que o custo de produção de uma mesma cultura seja

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avaliado, com utilização de metodologias diferentes e esses aspectos presentes na

pesquisa realizada em uma estação experimental apresentam diferenças quanto a

um estabelecimento rural comum, mas, entretanto, é aqui que se pode avaliar todos

os aspectos e possibilidades em uma experimentação. Em uma Estação

Experimental se atua de forma intensiva na busca de alternativas tecnológicas

poupadoras de insumos modernos, e capazes de promover o aumento da produção

e da produtividade, resguardando-se a necessidade de uma tecnologia adequada

também ao pequeno produtor.

A Estação Experimental é um espaço para o desenvolvimento da ciência. É

neste espaço onde deve ser enfatizado o melhor conhecimento dos sistemas

agrícolas em uso e o desenvolvimento de novos sistemas agrícolas, envolvendo

fatores físicos e ambientais, bem como os socioeconômicos que predominam na

região ou local. É importante fazer um estudo da realidade e a Estação Experimental

serve a esse propósito. A Estação Experimental fornece o solo, onde se pode

estudar a introdução de novos processos, tipo rotação de culturas, culturas

consorciadas, intercalares, etc. É na Estação que se testam novos processos ou

métodos de produção, onde se avalia novos produtos e insumos, onde se testam

máquinas e equipamentos em termos de eficiência.

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3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este item apresenta a metodologia utilizada na realização da pesquisa. A

metodologia de pesquisa adotada na realização de um trabalho é a explicação

minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida no caminho da

realização da pesquisa. É a explicação do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado

(questionário, entrevista etc), do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da

divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos dados, enfim, de tudo

aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.

A investigação científica depende de um “conjunto de procedimentos

intelectuais e técnicos” (Gil, 1999, p.26) para que seus objetivos sejam atingidos: os

métodos científicos. Método científico é o conjunto de processos ou operações

mentais que se deve empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no

processo de pesquisa.

A metodologia de pesquisa para Minayo (2008) é o caminho do pensamento

a ser seguido e se refere ao conjunto de técnicas que se utilizará para construir uma

realidade. A pesquisa qualitativa trata-se de uma atividade da ciência, que tem por

objetivo a construção da realidade, trabalhando com um universo de crenças,

valores e significados.

3.1 - Delineamento da Pesquisa

O estudo aqui realizado pode ser classificado como exploratório, como um

estudo de caso único, e tem como ferramentas a pesquisa bibliográfica para a

obtenção de referencial teórico, a pesquisa documental para análise de documentos

oficiais, normativos, decisórios e outros produzidos pela instituição ou atores

envolvidos e a pesquisa qualitativa, com a técnica de entrevista semi-estruturada,

objetivando captar percepções de atores ligados ao problema em estudo.

Para Triviños (1987, p. 133), o estudo de caso é um dos mais relevantes

tipos de pesquisa qualitativa e “é uma categoria de pesquisa cujo objetivo é uma

unidade que se analisa aprofundadamente”. Para o autor, é importante lembrar que

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no estudo de caso qualitativo, a complexidade dos fatos envolvidos aumenta de

acordo com o aprofundamento da pesquisa.

Uma das categorias de pesquisa citada por Triviños (1987, p. 134), refere-se

a estudos de casos históricos-organizacionais, modalidade na qual pode ser incluído

o presente trabalho. Para o autor, nesta modalidade, a pesquisa recai sobre a vida

de uma instituição ou de uma unidade específica, como neste trabalho, que trata da

Estação Experimental do IAPAR em Londrina. Triviños coloca que neste tema

podem-se encontrar arquivos que registraram documentos referentes à unidade,

publicações ou estudos pessoais com os quais é possível realizar entrevistas etc.

Sobre pesquisas exploratórias, Gil (1999, p. 43) coloca que estas visam proporcionar

uma visão geral de um determinado fato, do tipo aproximativo. Ainda segundo Gil

(2002), uma pesquisa exploratória tem por objetivo proporcionar maior familiaridade

com o problema, de forma a torná-lo mais explícito. Neste caso pode ser utilizado o

levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas envolvidas no problema

pesquisado.

Já a pesquisa documental se assemelha muito à pesquisa bibliográfica, e as

duas modalidades são utilizadas neste trabalho. A diferença entre as duas está na

natureza das fontes, pois a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das

contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto e a pesquisa

documental vale-se de materiais que eventualmente não receberam ainda um

tratamento analítico, ou que ainda possam ser re-elaborados de acordo com os

objetos da pesquisa (Gil, 1999).

A entrevista, modalidade também utilizada neste trabalho, é uma técnica de

pesquisa que visa obter informações de interesse a uma investigação, onde o

pesquisador formula perguntas orientadas, com um objetivo definido, frente a frente

com o respondente e dentro de uma interação social. Segundo Gil (1999) é uma das

técnicas de coleta de dados mais utilizada no âmbito das ciências sociais por

apresentar enorme flexibilidade e permitir identificar variáveis e suas relações,

comprovar hipóteses e orientar outras fases da pesquisa.

Ainda segundo Gil (1999), tem como vantagem a possibilidade de obtenção

de dados referentes aos mais diversos aspectos da vida social, permite obtenção de

dados em profundidade, podendo estes ser classificados e quantificados, não exige

que o respondente saiba ler ou escrever e apresenta maior flexibilidade no trabalho

de investigação. As entrevistas segundo o autor podem ser mais estruturadas, com

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alto grau de predeterminação das perguntas, com roteiro pré-estabelecido ou menos

estruturadas, sem roteiro pré-estabelecido (Gil, 2002, p. 117-127).

No que diz respeito à pesquisa qualitativa, uma de suas principais

característica é sua grande flexibilidade e adaptabilidade. Ao invés de utilizar

instrumentos e procedimentos padronizados, a pesquisa qualitativa considera cada

problema objeto de uma pesquisa específica para a qual são necessários

instrumentos e procedimentos específicos. Tal postura requer, portanto, maior

cuidado na descrição de todos os passos da pesquisa: o delineamento, a coleta de

dados, a transcrição e a preparação dos mesmos para análise específica (Günther,

2006).

Mayring (2002, apud Günther, 2006) apresenta seis delineamentos da

pesquisa qualitativa: estudo de caso, análise de documentos, pesquisa-ação,

pesquisa de campo, experimento qualitativo e avaliação qualitativa (Günther, 2006,

p. 204).

. Estudo de caso: No estudo de caso, delimitado como a coleta e análise de

dados sobre um exemplo individual para definir um fenômeno mais amplo, pode-se

coletar e analisar tanto dados quantitativos, como qualitativos. É também concebível

observar comportamento no contexto natural, criar experimentos que utilizem o

sujeito como seu próprio controle, bem como realizar entrevistas, aplicar

questionários ou administrar testes (Günther, 2006, p. 205).

Um estudo de caso, segundo Yin (apud Luciano e Freitas, 2010, p. 4) é uma

“pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu

contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o

contexto não estão claramente evidentes”, e o foco do estudo é sobre um conjunto

de acontecimentos sobre o qual o pesquisador tem pouco ou nenhum controle.

Para Martins (2008, p. 11) estudo de caso é uma estratégia metodológica de

se fazer pesquisa nas ciências sociais, uma metodologia utilizada para se avaliar e

descrever situações dinâmicas onde o elemento humano está presente, de forma a

entender a situação e descrever, compreender e interpretar a complexidade do caso

estudado.

No estudo de caso são feitas análises e reflexões nos vários estágios de

uma pesquisa, em especial no levantamento de informações, dados e evidências. A

sistematização e organização das observações, transcrições, registros, comentários,

são tratados com critério, definindo um protocolo de estudo (Martins, 2008, p. 10).

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Para Yin, o estudo de caso é uma ferramenta de investigação científica,

utilizada para compreender processos na complexidade social, nas quais estes se

manifestam, seja em situações caracterizadas como problemáticas, para se analisar

obstáculos, ou em situações de sucesso, para se avaliar modelos exemplares (Yin,

2001, p. 21).

Para Yin existem pelos menos cinco situações em que o estudo de caso se

aplica:

para explicar vínculos causais em intervenções na vida real que são muito complexas para estratégias experimentais; quando é preciso descrever intervenções no contexto em que ocorrem; para ilustrar determinados tópicos em uma investigação; para explorar uma situação complexa de resultados e como uma forma de meta-avaliação de determinados processos (Yin, apud Martins, p. 11-12).

. Análise de documentos: A análise de documentos é a variante mais antiga

para se realizar uma pesquisa, em especial no que diz respeito à revisão de

literatura. Além de procedimentos tradicionais de leitura e resumo de idéias, é

possível extrair e sumarizar resultados por meio de meta-análise. Dependendo do

tipo dos documentos a serem analisados existem as mais diferentes maneiras de

encará-los, que vão desde relatos verbais e respostas a perguntas de pesquisadores

futuros, até segmentos de texto selecionados como “sujeitos” entre um corpo

lingüístico grande, por meio de procedimentos de amostragem (Günther, 2006, p.

205).

. Pesquisa de campo: Este tipo de estudo é especialmente interessante do

ponto de vista do método da pesquisa qualitativa, pois ao mesmo tempo em que se

constitui como exemplo de triangulação, acaba por ser uma integração de diferentes

abordagens e técnicas qualitativas e quantitativas em um mesmo estudo. Envolve

desde métodos quantitativos experimentais até procedimentos qualitativos clínicos

(Günther, 2006, p. 205).

. Experimento qualitativo e avaliação qualitativa: Qualificar experimento e

avaliação com o adjetivo “qualitativo” reforça a constatação de que estes

procedimentos, além da interpretação tradicional da pesquisa quantitativa, podem

incluir uma abordagem qualitativa (Günther, 2006, p. 205).

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No contexto da pesquisa qualitativa, pode-se contar com três maneiras:

observação, experimento e survey, que podem ser reagrupadas como coleta de

dados visuais e verbais. Diferentes técnicas de coleta de dados visuais e verbais

podem ser utilizadas, como entrevistas focalizada, semi-estandardizada, centrada

num problema e centrada no contexto. Podem-se utilizar também três tipos de

relatos: entrevista narrativa, entrevista episódica e contos. Existem ainda três tipos

de procedimentos grupais: entrevista em grupo, discussão em grupo e narrativa em

grupo (Günther, 2006.

No que diz respeito aos procedimentos visuais pode ser utilizada a

observação, a observação participante, a etnografia, a fotografia e a análise de

filmes. Mayring (2002, apud Günther, 2006, p. 205) descreve quatro maneiras de

levantar dados no contexto da pesquisa qualitativa: dados verbais por meio de

entrevista centrada num problema, entrevista narrativa, grupo de discussão e dados

visuais por meio da observação participante (Günther, 2006, p. 205).

A metodologia de pesquisa para Minayo (2008) é o caminho do pensamento

a ser seguido e que ocupa um lugar especial na teoria, tratando-se de um conjunto

de técnicas a serem utilizadas para a construção de uma realidade. Ou ainda, a

metodologia trabalha com a teoria de abordagem - que é o método; os instrumentos

de operacionalização do conhecimento – que são as técnicas utilizadas; e a própria

criatividade do pesquisador, que acontece com base em sua experiência, sua

capacidade pessoal e a sua sensibilidade.

3.2 – Método de Coleta e Análise de Dados

Entende-se que a pesquisa é a atividade básica da ciência em seu interesse

de indagar e construir uma realidade. A pesquisa alimenta a atividade de ensino,

buscando sua atualização frente à realidade mundial e assim envolve pensamento e

ação. Desta forma a investigação está relacionada a interesses e circunstâncias

socialmente condicionadas e é resultado de uma determinada inserção na vida real

e nela buscando razões e objetivos (Minayo, 2008). Toda investigação, portanto, tem

início em uma questão, em um problema, em uma pergunta e por uma dúvida.

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Segundo Minayo (2008), a pesquisa qualitativa responde a questões muito

particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que

não pode ser quantificado e trabalha com o universo de significados, motivos,

aspirações, crenças, valores e atitudes, que não podem ser reduzidos à

operacionalização de variáveis.

Ainda segundo Minayo, a pesquisa é um trabalho artesanal e não dispensa a

criatividade, mas baseia-se em conceitos, proposições, hipóteses, métodos e

técnicas, linguagem construída com ritmo próprio e muito particular. A autora coloca

que a pesquisa qualitativa é realizada em três etapas: a fase exploratória, o trabalho

de campo e a análise e tratamento do material empírico e documental (p. 26).

A fase exploratória diz respeito à produção propriamente dita do projeto de

pesquisa e de todos os procedimentos que este envolve, especialmente para as

definições necessárias ao objeto a ser estudado, ao desenvolvimento do estudo, à

metodologia a ser adotada, às hipóteses a serem investigadas, à descrição dos

instrumentos de operacionalização do trabalho, a definição do cronograma e outros

procedimentos (Minayo, 2008, p. 26).

O trabalho de campo se refere à parte prática do estudo, fase onde se

realiza a observação, as entrevistas ou outra técnica de pesquisa, o levantamento

de documentos e outras atividades. É o momento prático de importância

exploratória, para a confirmação ou refutação das hipóteses levantadas e para a

construção de uma teoria (Minayo, 2008, p. 26).

A etapa de análise e tratamento do material empírico e documental envolve

o conjunto de procedimentos para se definir a importância, compreender e

interpretar dados, analisá-los sob a teoria que fundamenta o projeto e também

utilizar literatura sobre o tema. Aqui acontece a ordenação dos dados, a

classificação dos dados e a análise propriamente dita (Minayo, 2008, p. 26-27).

A entrevista é uma das técnicas de trabalho de campo e é particularmente

utilizada para descobrir aspectos relacionados a um tema em estudo. Na pesquisa

qualitativa, a entrevista semi-estruturada é um dos principais meios que o

pesquisador-investigador tem para a realização da fase de coleta de dados. Esta

técnica, segundo Triviños (1987), é aquela

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que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses e que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante (p. 146

Enfim, coleta de dados são procedimentos ou métodos práticos utilizados

para juntar as informações, necessárias à construção dos raciocínios em torno de

um fato, de um fenômeno ou de um problema. Como um dos objetivos desta

pesquisa foi o de captar percepções sobre a atuação da Estação Experimental do

IAPAR em Londrina, a opção foi pelo método qualitativo de pesquisa. A técnica

escolhida foi a entrevista semi-estruturada, realizada com o auxílio de roteiro pré-

estabelecido. A análise do conteúdo foi realizada com a transcrição das informações

gravadas, procurando garantir o máximo possível a exatidão destas na análise dos

dados e utilizando-se fragmentos de textos das falas dos entrevistados, de forma a

somar com os objetivos do presente estudo, buscando respostas às questões

presentes nos objetivos do trabalho.

Para as entrevistas foram escolhidos 5 funcionários, entre ativos e

aposentados, originários do quadro da Diretoria Técnico-Científica, unidade onde

está alocada a Estação Experimental de Londrina, que ocupam ou ocuparam

funções de pesquisador, técnico agrícola ou de administrador da estação

experimental, de forma a contar com uma diversidade na amostra pretendida. O

objetivo maior das entrevistas foi o de detectar fatos não localizados na pesquisa

documental, já que não existe estudo anterior sobre o tema, mas que são relevantes

para o presente estudo.

A etapa de análise foi realizada utilizando-se a técnica de análise de

conteúdo, de forma que colocações-categorias pudessem aparecer e revelar fatos

significativos ou mesmo importantes na percepção dos entrevistados sobre o tema

em estudo. Segundo Minayo (2008) uma categoria diz respeito a um conceito que

envolve elementos ou aspectos comuns ou que se relacionam entre si.

A técnica de análise de conteúdo, segundo Richardson (1999) tem mudado

através do tempo, à medida que a técnica tem sido aperfeiçoada e seu campo de

aplicação diversificado, com a formulação de novos problemas e novos materiais (p.

222). Segundo Bardin (1979, apud Richardson, 1999, p. 223), a análise de conteúdo

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é um conjunto de técnicas de análise das comunicações que objetiva obter, com o

uso de procedimentos sistemáticos e objetivos, indicadores, quantitativos ou não,

que permitam inferir conhecimentos à produção e recepção das mensagens.

Em resumo, para Richardson (1999, p. 223), a análise de conteúdo “é um

conjunto de instrumentos metodológicos cada vez mais aperfeiçoados que se

aplicam a discursos diversos”.

Ainda na coleta de dados, foi utilizada também a pesquisa bibliográfica,

entre livros, artigos, periódicos e informações publicadas em nível nacional, e

também fontes eletrônicas, buscando conceitos e informações sobre os temas de

interesse.

Segundo Eisenmhardt (1989, apud Silva, Godoi e Bandeira-de-Mello, 2006,

p. 132), o envolvimento do pesquisador com a literatura produzida sobre um tema

tem papel muito importante. Para a autora, é fundamental que se compare conceitos

surgidos no trabalho em execução com aqueles existentes na literatura. Resultados

diferentes dos encontrados na literatura representam uma oportunidade de reflexão,

para o pesquisador, de forma a buscar aprofundamento e gerar novas formas de

pensar sobre o tema, organizando novos conceitos e teorias.

Hartley (1995, apud Silva, Godoi e Bandeira-de-Mello, 2006, p. 132) defende

a idéia de que é importante contar com uma estrutura teórica de referência antes de

dar início a um novo trabalho de campo, e que esse referencial teórico deve ser

amplo e não se constituir em elemento que possa impedir o aparecimento de novas

idéias e ou conceitos.

Na pesquisa documental foram utilizados documentos oficiais, normativos,

decisórios e outros produzidos pela Instituição ou por integrantes de sua equipe e

buscou-se relatar a estrutura de apoio operacional utilizada pelo IAPAR, no caso de

sua Estação Experimental localizada em sua Sede, na cidade de Londrina, Estado

do Paraná.

Segundo Richardson (1999, p. 228), o surgimento da comunicação escrita

permitiu o registro de diversos tipos de documentos, de forma que informações

fossem passadas de uma pessoa para outra, ou mesmo através de gerações. O

autor coloca que órgãos públicos e privados mantém registro ordenado e regular de

acontecimentos importantes e nas ciências sociais existe uma variedade de

elementos de valor documental, como objetivos, elementos iconográficos,

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documentos fotográficos, cinematográficos, fonográficos, vídeos etc. Estes

documentos, segundo o autor, constituem-se na base da observação documental.

Para Richardson (1999, p. 230), a análise documental consiste em uma série

de ações que objetivam estudar e analisar um ou vários documentos para descobrir

circunstâncias sociais e econômicas e que o método mais conhecido de análise

documental é o método histórico, que busca estudar documentos na investigação de

fatos sociais e suas relações com o tempo sócio-cultural-cronológico.

Para o autor, determinadas operações efetuadas na análise documental,

como a codificação de informações e o estabelecimento de categorias, são

semelhantes ao tratamento das mensagens em alguns tipos de análise de conteúdo,

técnica também utilizada neste estudo. Mas o autor coloca que a análise documental

trabalha sobre os documentos e a análise de conteúdo sobre as mensagens; que a

análise documental é essencialmente temática e que é apenas uma das técnicas

utilizadas pela análise de conteúdo; e que o objetivo básico da análise documental é

a determinação fiel dos fenômenos sociais e a análise de conteúdo objetiva analisar

as mensagens e testar indicadores de forma a inferir sobre uma realidade diferente

daquela da mensagem (Richardson, p. 230).

3.3 – Quadro Síntese das Estratégias Metodológicas

Considerando-se a entrevista como objeto de relato das experiências dos

entrevistados com relação aos serviços prestados pela Estação Experimental de

Londrina às atividades de pesquisa e também buscando organizar as etapas de

trabalho, optou-se pela elaboração de um quadro síntese das estratégias

metodológicas, como ferramenta de auxílio à coleta de informações.

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Quadro Síntese das Estratégias Metodológicas

Objetivo geral

Objetivos específicos

Perguntas que respondem aos objetivos específicos

Documentos comprobatórios

Analisar a

evolução da

estrutura de

apoio

operacional da

Estação

Experimental do

IAPAR em

Londrina-

Paraná

Descrever a evolução da estrutura organizacional e o papel da Estação Experimental de Londrina

- Como era a estrutura da estação experimental de londrina quando você iniciou suas atividades no IAPAR? - A partir desta época, no seu entender, aconteceram mudanças na estrutura organizacional?

- Resolução nº 096/1980 de 17 de junho de 1980 e outros documentos decisórios - Conteúdo das entrevistas - Documentos internos sobre o tema

Analisar a contribuição da Estação Experimental na condução das atividades de pesquisa

- Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina? - Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da pesquisa ou dos pesquisadores? - Com relação a equipamentos e implementos agrícolas, você acha que a disponibilidade atual é satisfatória? - Para você, o que citaria como o maior problema já apresentado pela Estação Experimental de Londrina?

- Conteúdo das entrevistas - Documentos internos que apresentam informações sobre a atuação da Estação Experimental

Analisar a percepção de pesquisadores, técnicos e administradores quanto à qualidade e eficiência dos serviços de apoio à pesquisa?

- Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina?

- Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da pesquisa ou dos pesquisadores?

- Em sua opinião, que apoio ou serviços falta disponibilizar?

- Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, você avalia como adequada a distribuição?

- Conteúdo das entrevistas

- Documentos internos que apresentam informações sobre a atuação da Estação Experimental

Fonte: Aldo Antonio Rossi, 2011.

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4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A apresentação e a análise dos dados obtidos no presente estudo consistem

no levantamento de informações coletadas em fontes documentais e nas entrevistas

realizadas com pesquisadores, técnicos e administradores envolvidos nas atividades

de pesquisa desenvolvidas na Estação Experimental do IAPAR de Londrina. Este

item apresenta um histórico da instituição – o Instituto Agronômico do Paraná,

informações sobre a operacionalização da pesquisa, um histórico da criação da

Estação Experimental de Londrina, e a caracterização do objeto de estudo.

4.1 – Histórico da Instituição

O IAPAR foi criado em 29 de junho de 1972 e é uma entidade de

administração indireta (Autarquia Estadual), vinculada à Secretaria de Estado da

Agricultura e do Abastecimento do Paraná. Tem sua sede em Londrina e como

órgão de coordenação e execução da pesquisa agropecuária executada pelo

Governo do Estado, é responsável pela geração e adaptação de novas tecnologias,

visando uma melhoria no processo de produção agropecuária do Paraná (IAPAR,

2009).

Como órgão de pesquisa agropecuária, a missão do IAPAR é “gerar

tecnologia agropecuária adaptada às condições dos agricultores e às exigências dos

consumidores e das agroindústrias, de forma a promover o desenvolvimento sócio-

econômico e o bem estar da população paranaense, servindo como referência

técnico-científica em nível nacional e internacional”. Complementando sua atividade

de pesquisa, o IAPAR promove a difusão da tecnologia gerada, tanto diretamente,

através de dias de campo, treinamentos, publicações, palestras etc, como

indiretamente, através dos órgãos de assistência técnica e extensão rural, oficiais ou

não (IAPAR, 2009).

A estrutura organizacional do IAPAR, caracterizada como matricial,

compreende um nível de direção, um de assessoramento e um de execução (Figura

1 – Organograma do IAPAR).

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O nível de direção é constituído por um Conselho de Administração, órgão

superior de formulação da política de ação da instituição, de acompanhamento de

sua execução e de avaliação do desempenho no cumprimento das finalidades e

objetivos institucionais, e por uma Presidência, com um Diretor-Presidente,

autoridade máxima da instituição, responsável pela execução das atribuições

definidas no Regulamento, e das diretrizes e determinações do Conselho de

Administração (IAPAR, 2009).

O nível de assessoramento é composto pelo Grupo de Planejamento

Institucional, incumbido de prover a Presidência dos meios de assessoramento,

apoiando-a na atividade de coordenação geral do IAPAR e de alimentar a instituição

de instrumentos direcionais, através do assessoramento institucional e do

desenvolvimento dos sistemas de planejamento, orçamento, acompanhamento

financeiro e custos operacionais, modernização administrativa, desempenho

organizacional, comunicação institucional e relacionamento internacional e

interinstitucional; pela Assessoria Jurídica, unidade de assessoramento ao Diretor-

Presidente e à instituição, em sua especialidade, e pelo Comitê Técnico-Científico,

constituído por pesquisadores, órgão superior de orientação, visando o desempenho

técnico-científico do IAPAR (IAPAR, 2009).

O nível de execução é constituído pelas Diretorias Técnico-Científica, de

Administração e Finanças e de Recursos Humanos.

No âmbito da Diretoria Técnico-Científica se implementa a execução da

atividade-fim do IAPAR, relativa a projetos de pesquisa e apoio técnico. A estrutura

é matricial, constituída de uma estrutura permanente de Áreas Técnicas de

Especialidade (Fitotecnia, Melhoramento e Genética Vegetal, Propagação Vegetal,

Solos, Engenharia Agrícola, Sócioeconomia, Nutrição Animal, Sanidade Animal,

Proteção de Plantas, Ecofisiologia, Melhoramento e Reprodução Animal e

Zootecnia) e de Apoio Técnico (Documentação, Biometria, Produção e

Experimentação e Difusão de Tecnologia), e de uma estrutura não permanente de

Programas e Projetos. Operando matricialmente, em projetos com equipes

multidisciplinares, os atuais 14 Programas de Pesquisa (Sistemas de Produção,

Manejo do Solo e Água, Recursos Florestais, Produção Animal, Cereais de Inverno,

Feijão, Milho, Algodão, Café, Fruticultura, Propagação Vegetal, Culturas Diversas,

Agroenergia e Agroecologia são unidades responsáveis pelas ações de pesquisa e

desenvolvimento em termos de seu planejamento, organização, execução e

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avaliação, envolvendo atualmente 252 projetos de pesquisa e 600 experimentos.

Complementa a atuação técnico-científica do IAPAR, uma estrutura composta por 17

estações experimentais distribuídas pelo Estado, desenvolvendo atividades

atendendo demandas regionais, consolidando, assim, sua atuação regional para

melhor apoiar o desenvolvimento agropecuário e de ciência e tecnologia

paranaense. Conta também com uma estrutura de estações agrometeorológicas

distribuídas pelo Estado, bem como de laboratórios e de unidades de

beneficiamento de sementes (IAPAR, 2009).

A Diretoria de Recursos Humanos é encarregada da execução da política de

pessoal da instituição, por meio das atividades de recrutamento e seleção de

pessoal, administração de cargos e salários, avaliação de desempenho, treinamento

e desenvolvimento de recursos humanos, administração de pessoal, serviço social e

benefícios, segurança, medicina e higiene do trabalho (IAPAR, 2009).

A Diretoria de Administração e Finanças tem por objetivo prover o IAPAR

dos meios administrativos e financeiros, através da operacionalização das atividades

de contabilidade, finanças, suprimento material, controle patrimonial, tecnologia da

informação, reproduções gráficas, projetos de obras, manutenção, transporte,

segurança e serviços gerais (IAPAR, 2009).

4.2. A Operacionalização da Pesquisa no IAPAR

A pesquisa agrícola no IAPAR está alocada na Diretoria Técnico-Científica,

que atua em uma estrutura matricial, que é a combinação da estrutura funcional com

a estrutura por projeto. O IAPAR possui uma Estrutura Matricial com o nível

hierárquico do gerente de projetos inferior ao do gerente funcional. Neste caso o

gerente de projeto está alocado na área técnica de especialidade que apresenta

maior afinidade com a natureza do projeto do qual participa (Cargano e Sendin,

2001).

A Diretoria Técnico-Científica conta com um setor permanente – as Áreas

Técnicas de Especialidade e as Áreas de Apoio Técnico, que são responsáveis pelo

gerenciamento dos recursos humanos e dos meios necessários ao desempenho

técnico-científico da atividade-fim – a pesquisa agrícola. De outro lado conta com um

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setor não permanente – os Programas de Pesquisa e os respectivos Projetos -, que

são responsáveis pelo gerenciamento e pela execução da pesquisa (Muzilli, 1988,

apud Cargano e Sendin, 2001).

Na estrutura do IAPAR as Áreas de Especialidade são as unidades

responsáveis pela aquisição, manutenção e fornecimento do acervo de

conhecimento e manutenção da capacidade de uso e desenvolvimento de novos

conhecimentos científicos e definem, em suas respectivas disciplinas, a metodologia

de pesquisa científica necessária ao atendimento das demandas de pesquisa,

encaminhadas via Programas (Cargano e Sendin, 2001).

Os Programas de Pesquisa se constituem em uma estrutura de

gerenciamento e execução da pesquisa, de forma a cumprir as diretrizes e

prioridades institucionais. Por serem ligados diretamente à atividade de pesquisa e

responsáveis pelo cumprimento de metas e ações programadas, os Programas são

constituídos por equipes muldidisciplinares, voltadas à atuação segundo objetivos

específicos em um determinado espaço de tempo e quantidade de recursos. São,

portanto, organizados seguindo princípios de uma Estrutura por Projetos (Muzilli,

1988, apud Cargano e Sendin, 2001).

Considerando que as ações de pesquisa ocorrem a partir de demandas do

meio produtivo, a atuação das equipes de pesquisa é interdisciplinar, com os

projetos representando a unidade de identificação e avaliação dos problemas

abordados pelos Programas (Cargano e Sendin, 2001).

O Programa de Pesquisa é um instrumento de ação coordenada das

atividades de pesquisa, definindo estratégias de pesquisa por produtos, por recursos

ou outras áreas de conhecimento, priorizando Projetos e definindo a equipe e sua

ação. Já o Projeto se constitui em um instrumento básico de ação sistêmica

definindo objetivos, metodologia, equipe, recursos necessários e cronograma de

execução (IAPAR, 1980).

A ação da equipe de pesquisa no IAPAR é multidisciplinar e essa equipe

nasce de uma necessidade estabelecida pelo Programa ou pelo Projeto, e não de

um simples agrupamento de elementos de diferentes áreas disciplinares. A

problemática levantada pelo Programa e analisada pelas equipes disciplinares é que

decide sobre a participação do pesquisador no Programa e no Projeto (IAPAR,

1978).

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O papel do pesquisador é de grande importância na condução das

atividades de pesquisa. O pesquisador é alocado em uma área de especialidade e

sua atuação é pautada na busca de conhecimento e especialização no tema. Em

sua área de especialidade são discutidos os problemas comuns relativos ao

desenvolvimento científico da área, como novos métodos de pesquisa, novos

equipamentos, novas teorias ou processos. A área de especialidade é coordenada

por um pesquisador com elevado padrão técnico (IAPAR, 1978).

O pesquisador tem sua atuação técnica dentro dos Programas, através dos

projetos de pesquisa. Seu papel dentro do projeto deve estar bem definido, bem

como o papel de toda a equipe participante. Na execução da pesquisa no âmbito do

projeto o pesquisador está subordinado ao Líder do Programa ou também ao

Gerente do Projeto do qual participa (IAPAR, 1978).

O projeto é um instrumento básico para a organização das atividades dos

setores de apoio, apresentando as demandas de serviços, materiais, recursos, áreas

experimentais, análises laboratoriais etc.

Em resumo, ao pesquisador cabe planejar, elaborar, programar e atuar em

projetos de pesquisa, orientando o pessoal de apoio na execução das tarefas e

utilizando eficientemente os recursos do projeto. Deverá elaborar relatórios, definir

tecnologias aplicáveis, ministrar seminários, participar de reuniões, e buscar um alto

padrão ético no aspecto comportamental e na divulgação técnico-científica dos

resultados de pesquisa (IAPAR, 1978).

As Áreas de Apoio Técnico são unidades organizacionais responsáveis pelo

apoio ás Áreas Técnicas de Especialidade, aos Programas de Pesquisa e aos

Projetos, na análise e estudos de dados e procedimentos estatísticos e biométricos,

informação técnico-científica, difusão e transferência de inovações tecnológicas e

manutenção de estruturas de campo destinadas tanto à pesquisa quanto à produção

(Cargano e Sendin, 2001).

Nesta estrutura está presente a Área de Produção e Experimentação, à qual

está ligada a Estação Experimental de Londrina.

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4.3 – A Estação Experimental de Londrina

Com a criação do IAPAR em 1972 e a aquisição da área já efetivada, em

1973, considerando-se a urgência em se iniciar a execução da atividade-fim do

Instituto, em atendimento às demandas das diversas regiões do Estado, decorrentes

“de problemas fitossanitários, das diversas culturas, da diminuição da fertilidade

natural do solo e consequente decréscimo da produtividade, do programa

governamental de estímulo à exportação de produtos agrícolas e agro-industriais”,

deu-se início aos trabalhos de pesquisa, em particular aqueles que não

necessitassem da existência de laboratórios e equipamentos especializados, ainda

não existentes, avançando-se então algumas etapas de implantação e consolidação

do IAPAR (Cargano, 2007, p. 18).

Na oportunidade, a implantação do centro experimental em Londrina contou

com um plano elaborado pela empresa responsável pela construção da sede do

Instituto, prevendo a utilização racional de uma área de 250 ha, incluindo um estudo

pedológico, com levantamento detalhado do solo, indicando uso, manejo e

conservação. Nesta fase o trabalho principal foi a limpeza e uniformização da área

experimental, com operações de destoca, aração, gradagem e remoção de restos

vegetais. “No preparo da área experimental foi introduzido o plantio de soja da

variedade Viçoja, para verificação do nível de fertilidade e mancha do terreno”

(Cargano, 2007, p. 20).

Em 1974, no campo experimental já estavam instalados um galpão de

máquinas, almoxarifado agrícola e armazém de adubos e defensivos, atendendo à

primeira etapa de necessidades para os trabalhos de pesquisa em andamento.

Foram construídas também cinco câmaras frias para guarda de material genético, e

três casas de vegetação. Na área do campo experimental foram efetivados o

sistema viário, a locação e o dimensionamento dos talhões para experimentação, o

sistema de conservação de solos, aspecto de paisagens nas áreas próximas e

espaços internos do edifício-sede, a sistematização do terreno pela aração e

gradagem, calagem e adubação corretivos. Em 1974 já se ocupava 106,26 ha do

campo com experimentos e produção comercial (Cargano, 2007, p. 21-22).

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Nessa época as Estações do IAPAR eram denominadas de Centro de

Produção e Experimentação. Apenas em 1985 estas unidades passaram a

denominar-se Estação Experimental.

Desde então a Estação Experimental de Londrina tem atuado no apoio à

pesquisa, disponibilizando áreas de terras, pessoal de campo, equipamentos e

implementos agrícolas, participando dos resultados de pesquisas adaptadas à

região Norte do Paraná (Figura 2 – Imagem aérea da Estação Experimental).

4.4 – Objeto de Estudo

O objeto de estudo do presente trabalho foi a Estação Experimental do

Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR, localizada em Londrina (Figura 3 – Mapa

de Bases Físicas). O IAPAR é o órgão de coordenação e execução da pesquisa

agropecuária executada pelo Governo do Estado, que tem como responsabilidade

gerar e adaptar novas tecnologias, visando a uma melhoria no processo de

produção agropecuária do Paraná.

A Estação Experimental está localizada junto à Sede do Instituto e é um

campo experimental onde estão implantados diversos experimentos agrícolas, que

são orientados, supervisionados e avaliados pela equipe de pesquisadores

integrantes dos Programas de Pesquisa e seus resultados são posteriormente

disponibilizados aos produtores agrícolas, através de eventos técnicos, publicações

ou atividades desenvolvidas em conjunto com a extensão rural. A Estação possui

uma área de 245,84 ha e conta com atividades de plantio de experimentos, casas de

vegetação, estufas, telados, galpões de armazenagem, secador de grãos, viveiros

de café, estoque de insumos, áreas para apoio a fruticultura, unidade de

beneficiamento de sementes, estação agrometeorológica, parque de máquinas e

implementos agrícolas, oficina agrícola e escritório administrativo, entre outras.

A área de campo conta com conservação de solos e irrigação e é adequada

a todo tipo de cultura perene ou anual adaptada à região e clima de Londrina.

A principal responsabilidade da Estação é a disponibilização de apoio à

pesquisa agrícola no âmbito operacional, viabilizando desde a implantação de

ensaios até os resultados finais dos experimentos desenvolvidos por Projetos de

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Pesquisa conduzidos pelos diversos Programas de Pesquisa, gerenciados por

pesquisadores integrantes das equipes de pesquisa.

A Estação é uma unidade que busca dar atendimento às demandas

apresentadas pela equipe de pesquisadores e técnicos agrícolas integrantes dos

Programas e tem responsabilidades, além de técnicas, que são orientadas pelas

equipes técnicas, para apoio logístico às atividades de pesquisa.

A Estação Experimental de Londrina realiza pesquisas com melhoramento

em algodão, arroz, café, milho, sorgo e trigo; pesquisa com plantas medicinais;

pesquisa com meio ambiente; pesquisa florestal (seringueira); produção de

sementes de aveia, arroz, algodão, triticale, milho, adubo verde, trigo, feijão, guandú

e café; e coleções de bambu (IAPAR, 2009).

As atividades desenvolvidas são complexas e sua execução exige

habilidades especificas e pessoal de campo especializado e treinado em todo o

detalhamento técnico e peculiaridades relativas às atividades de pesquisa agrícola,

como capina, colheita, tratos culturais, coleta de amostras e outras de caráter muito

específico.

A Estação possui atualmente 80 funcionários entre administrativos, técnicos,

operacionais e auxiliares e conta ainda com 103 auxiliares contratados

temporariamente.

A Estação Experimental está vinculada à Área de Produção e

Experimentação, que é responsável por organizar e manter estrutura de campo,

equipamentos, materiais e pessoal para atender a pesquisa e produção. Esta Área

está vinculada hoje à Diretoria Técnico-Científica, que é responsável pelo

gerenciamento da atividade-fim do Instituto, a pesquisa agropecuária (IAPAR, 1980).

Formalmente as atribuições da Estação Experimental estão definidas pela

Resolução nº 096/80 de 17 de junho de 1980 (IAPAR, 1980):

I. Planejar, coordenar e executar os trabalhos de rotina de campo e de apoio à pesquisa (inclusive UBS) para atendimento aos Projetos na área de atuação da EST, em estreita articulação com os Programas de pesquisa / produção; II. Realizar os serviços de transporte, oficina mecânica, carpintaria, postos de serviços, armazenamento de insumos e produtos, e conservação de edificações, parques e jardins; III. Realizar a comercialização de produtos agropecuários, de conformidade com as normas em vigência;

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IV. Servir de padrão de uso e manejo de solo para a região que representa; V. Servir de campo de demonstração aos produtores da região que representa mantendo permanentes contatos com os técnicos , cooperativas, produtores da região, através de visitas e dias de campo; VI. Fornecer sementes, mudas e reprodutores para interessados na região, como meio de transferência de tecnologia regional; VII. Cadastrar informações sobre produtividade, custo de produção, aspectos de áreas gerais de administração de ESTs, em estreita cooperação com a Área de Sócio-Economia; VIII. Manter o registro sistemático de todos os trabalhos realizados, subsidiando a Área de Custos da GPI com informações precisas.

4.5 – Discussão e Análise dos Dados

Este item apresenta a discussão e análise dos dados, relatando informações

obtidas em documentos e a análise do conteúdo das entrevistas realizadas, já que

não existem estudos anteriores sobre a estrutura de apoio operacional da Estação

Experimental de Londrina.

O que se pretende aqui é avaliar a evolução da estrutura de apoio

operacional da Estação Experimental às atividades de pesquisa, procurando

entender sua estrutura e seu papel, analisar sua contribuição à condução das

atividades de pesquisa e a percepção de pesquisadores, técnicos usuários e

administradores quanto à qualidade e eficiência dos serviços de apoio à pesquisa.

4.5.1 – A Pesquisa Agronômica e a Estação Experimental

A pesquisa agronômica, mais do que qualquer outro campo, está fortemente

relacionada ao local em que é realizada. Esse campo pode ser olhado como uma

ciência de eco-regiões, pois as pesquisas estão ligadas às características locais de

solo e clima, que não são iguais nos diferentes lugares geográficos. Os sistemas

agrícolas de produção devem levar em conta características como clima, solo e

variedades de plantas e animais de produção que precisam ser estudados a nível

local.

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Assim, para a pesquisa agrícola, o campo experimental é imprescindível,

pois é neste ambiente que se testará os materiais a serem disponibilizados ao

produtor rural, materiais estes testados no solo e clima, sujeito às alterações, de

forma semelhante ao que o agricultor terá à sua disponibilidade.

A Estação Experimental do IAPAR em Londrina é a área onde os

pesquisadores e técnicos da Instituição implantam suas pesquisas para testes

regionais, ou seja, produtos adaptados ao solo e clima da região de Londrina, que

são depois disponibilizados aos agricultores locais.

4.5.2 – A Estrutura Organizacional e o Papel da Estação Experimental

Analisa-se aqui o primeiro objetivo do presente estudo, o de descrever a

evolução da estrutura organizacional e o papel da Estação Experimental de

Londrina.

Formalmente esta unidade apresenta a mesma estrutura, a mesma definição

de atribuições e a mesma área disponível para pesquisa desde sua implantação (ver

imagem no Anexo 2). Os documentos descrevem, até hoje, as mesmas atribuições,

que foram formalmente definidas e aprovadas apenas em 1980, através da

Resolução nº 096/1980 de 17 de junho de 1980 (IAPAR, 1980), embora

anteriormente, conforme consta do Modelo Institucional de Pesquisa Agropecuária

para o Estado do Paraná, estas unidades estavam definidas como “unidades

destinadas à produção de sementes básicas e mudas, e a experimentação regional,

não sediando, no entanto, pesquisadores” (IAPAR, 1975, p. 7).

Entretanto, quanto a outros itens da estrutura, diversas situações foram

relatadas pelos entrevistados.

O Entrevistado 1, que ocupa a função pesquisador, cita em sua entrevista

que no início a Estação contava com mais funcionários efetivos, em número

suficiente para as tarefas ou além, com pessoal em início de carreira e motivado

para o desempenho das atividades. Relata também que os equipamentos e

laboratórios eram novos e disponíveis; que a estrutura de comando era matricial,

centralizada no Administrador, que distribuía as tarefas aos setores internos e que o

“pesquisador não precisava correr atrás das coisas operacionais, como hoje”. Para o

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entrevistado os recursos eram limitados, mas distribuídos pela gerência da Estação

e coordenados pela Área de Produção e Experimentação, e não faltavam

pesquisadores e nem técnicos de campo, pois era fácil contratar pessoal

especializado e então não faltava mão de obra de apoio (Entrevistado 1, 2011).

Entretanto, o Entrevistado 1 avalia que hoje a Estação de Londrina “é a

melhor estação ainda onde a gente encontra condições de dar seqüência para a

nossa pesquisa”, “que a gente tem assim muito apoio...” (Entrevistado 1, 2011).

Compreende-se as colocações do Entrevistado 1, pois de fato a Instituição

ficou mais de 15 anos sem contratar pessoal, o que sem dúvida prejudicou as

atividades de forma geral, inclusive com a diminuição do apoio operacional direto ao

pesquisador. Esta questão é essencialmente política junto ao Governo do Estado, e

apenas a partir de 2008 a Instituição, após a aprovação do governo, retomou a

contratação de pessoal, mas ainda em número insuficiente para atender a todas as

funções e é certo que o campo experimental carece de mão de obra especializada,

preparada para atender demandas da pesquisa. Entretanto, a direção do Instituto

tem atuado na busca da reposição do quadro, já que com a implantação de um novo

Plano de Carreiras em 2006, a questão salarial ficou razoavelmente equacionada.

O Entrevistado 2, ocupante da função de técnico agrícola partilha da mesma

opinião quanto à disponibilidade de pessoal, que era maior, que as funções eram

mais definidas, mas considera que no início faltava planejamento para as atividades

técnicas, e que isso, no seu entendimento, foi resolvido com o tempo.

Compreende-se as razões do Entrevistado, pois atua no IAPAR desde o final

da década de 70, período em que as etapas de planejamento e organização ainda

estavam sendo finalizadas, mas como confirmado em sua própria fala, “se

adequaram os trabalhos do centro experimental com os programas...” (Entrevistado

2, 2011).

O Entrevistado 3, também pesquisador, considera que no início havia uma

distribuição de tarefas bem definidas entre os técnicos da Estação Experimental e

que a estrutura funcionava muito bem; que o atendimento era mais rápido também

pela maior disponibilidade de pessoal, o que permitia ao pesquisador maior

dedicação ao tempo de escrever seus trabalhos, já que os técnicos agrícolas e

técnicos da Estação Experimental tocavam os experimentos, em uma “equipe bem

sincronizada”. Para ele a Estação, no início da implantação, tinha pessoal

especializado e treinamento para as atividades (Entrevistado 3, 2011).

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Entende-se que as observações do Entrevistado 3 são corretas quanto à

disponibilidade de pessoal e atendimento mais rápido, liberando o pesquisador de

tarefas que podiam ser eventualmente delegadas ao técnico agrícola. Com a

diminuição do quadro de pessoal ao longo dos anos, o pesquisador acabou de uma

forma ou de outra sendo penalizado e tendo que assumir diretamente algumas

funções.

O Entrevistado 4, que ocupou a função de administrador da estação, relata

em sua entrevista que foi sucessor de uma estrutura muito paternalista por parte dos

administradores anteriores e que no início existiam muitos “feudos”, onde “os

pesquisadores eram donos das áreas”. Para o entrevistado a dificuldade de

administração foi maior por esse motivo e assim não sobrava espaço para que o

administrador cumprisse efetivamente o seu papel. Mas considera, entretanto, que a

estrutura era muito boa em termos de apoio à pesquisa, que tinha mão de obra,

embora a questão com os equipamentos fosse muito séria e afirma que no seu

ponto de vista o problema maior era técnico-administrativo (Entrevistado 4, 2011).

Para o Entrevistado 4 os vínculos de amizade entre pessoal de apoio e

pesquisadores dificultavam, na época, a administração da Estação e o acesso para

gerenciar a mão de obra disponível. Segundo o entrevistado, a alternativa

encontrada foi alocar todo o pessoal de apoio na Estação Experimental e não nos

programas de pesquisa, o que foi muito difícil, exigindo, de sua parte, uma postura

muita agressiva e a busca de respaldo superior à sua autoridade, mas considera que

ao final tudo ficou mais adequado.

A opinião do Entrevistado 4 diz respeito à sua função de Administrador e as

dificuldades encontradas por ele no gerenciamento da Estação. Neste ponto sua

opinião deve ser respeitada e entende-se as dificuldades quanto a administração da

área de pesquisa e comportamento de alguns pesquisadores que atuavam como

“donos das áreas”, pois estas questões vez por outra ainda aparecem, demandando

ações da Administração da Estação.

Para o Entrevistado 5, ocupante da função de técnico agrícola e também de

administrador da Estação, no início a estrutura era bem diferente da atual, com

menos estrutura, com trabalhos mais manuais, mas que se tinha mão de obra

disponível e facilidades para contratar.

Compreende-se as colocações do Entrevistado 5, tendo em vista o acima

colocado sobre as dificuldades de reposição de pessoal nos últimos anos e de fato,

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sob o ponto de vista de máquinas e equipamentos, pois sem dúvida estes

substituíram hoje alguns trabalhos manuais.

Com relação ao papel regional das Estações Experimentais, em agosto de

1990 foi apresentada, pelo administrador da Estação Experimental de Londrina da

época (Monice Filho, 1990), uma proposta de reflexão, na qual são levantados os

problemas considerados, por ele, como centrais, na discussão acerca da situação

das Estações. Esses problemas, no seu estudo, corroboram com a fala do

Entrevistado 4, pois diziam respeito ao papel eminentemente gerencial (e não

estratégico) dos administradores, o seu isolamento e a falta de integração com as

áreas técnicas.

Quanto às mudanças ocorridas no decorrer do tempo, os entrevistados são

unânimes na opinião sobre a questão da falta de pessoal; à obsolescência dos

equipamentos; à contratação de pessoal temporário, sem experiência e não

compromissado com a Instituição, no que se concorda. Esta questão somente será

equacionada com a contratação e o treinamento de pessoal.

O Entrevistado 1 relata em sua entrevista que embora tenha acontecido nos

últimos anos uma entrada significativa de recursos e também a compra de novos

equipamentos, a Instituição não conta com “operários para operarem estes

equipamentos”, considera que faltam “pessoas qualificadas para dar continuidade na

pesquisa” e que “estes conhecimentos levam anos para serem aprendidos”

(Entrevistado 1, 2011). De forma semelhante, o Entrevistado 4 tem a opinião de que

se compraram equipamentos e renovaram a estrutura para pesquisa, mas que não

existe mão de obra qualificada para estes novos equipamentos e mesmo em número

para sua utilização, o que também é citado pelo Entrevistado 5.

Os Entrevistados retomam aqui a questão da falta de pessoal,

especialmente os qualificados para operar equipamentos novos e mesmo

qualificados para algumas atividades específicas de pesquisa, que carecem de

maior preparo técnico, já que com a redução do quadro e o atendimento das funções

com mão de obra temporária, a especialização deixou em grande parte de ser

atendida, pois existe, inclusive, dificuldade em se encontrar disponibilidade de mão

de obra com conhecimento de algumas tarefas da pesquisa para as quais se requer

um conhecimento técnico mais treinado.

Ainda com referência à falta de pessoal, o Entrevistado 3 afirmou em sua

fala que se perde muito tempo contratando pessoal temporário, que é uma atividade

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desgastante treinar pessoal que ficará pouco tempo no Instituto. O Entrevistado 1

considera que a falta de pessoal é um problema preocupante, especialmente quanto

ao insuficiente número de pessoal de apoio à pesquisa, o que prejudica a condução

dos projetos por parte do pesquisador, além de prejudicar em certas etapas da

pesquisa, muitas vezes em atividades de crucial importância para os resultados.

Concorda-se com as observações apresentadas, pois existe de fato um

desgaste em se treinar pessoal temporário, que quando estão em condições de

executar as tarefas com qualidade e competência, estão sendo afastados, pois a

legislação utilizada para esse tipo de contratação prevê contratos de até 2 anos, não

sendo possível a renovação.

Já o Entrevistado 2 manifestou opinião de que a condução dos ensaios

anteriormente era mais custoso, necessitando de muito pessoal de campo e que

hoje tudo é mais mecanizado, levando os pesquisadores a se adequarem, a adaptar

seus métodos de pesquisa para uma forma mais enxuta, levando ao ganho de

tempo e agilidade nos trabalhos.

De fato, a mecanização avançou em algumas tarefas de campo, de forma

que algumas atividades de campo tiveram ganho no tempo de execução.

4.5.3 – A contribuição da Estação na condução das atividades de pesquisa

Neste tópico busca-se avaliar, do ponto de vista dos entrevistados, a

contribuição da Estação Experimental às atividades de pesquisa, contribuição essa

imprescindível à obtenção dos resultados para disponibilização ao produtor rural.

O Entrevistado 1 manifesta em sua entrevista opinião de que a Estação de

Londrina “é fundamental para o desenvolvimento das pesquisas”). Para o

Entrevistado, “sem o apoio desta estação experimental, nós não teríamos condições

de efetuar duas gerações de feijão por ano...”, “isto devido à estrutura...”

(Entrevistado 1, 2011).

Com relação às observações apresentadas, é importante assinalar que a

Estação de Londrina possui uma das melhores infraestrutura entre as demais

distribuídas pelo Estado para a execução das atividades de pesquisa e a Estação

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tem buscado apoiar o pesquisador em suas atividades, apesar das dificuldades

encontradas com pessoal e equipamentos.

Na opinião do Entrevistado 2 a Estação “é bem rápida no atendimento dos

pedidos” e considera que nos dois últimos anos “as atividades foram dinamizadas”.

Para o entrevistado a mão de obra hoje é distribuída conforme a importância do

projeto, e no seu entendimento isso tem melhorado muito (Entrevistado 2, 2011).

Observa-se aqui uma visão muito positiva por parte do Entrevistado e é

possível se afirmar que as avaliações podem ser diferentes entre técnicos e

pesquisadores quanto ao serviço prestado pela Estação.

Na avaliação do Entrevistado 3 a Estação faz um enorme esforço para

atender a demanda, mas o atendimento ainda deixa muito a desejar. O Entrevistado

entende a questão de falta de pessoal, mas observa que o atendimento acaba

ficando comprometido por este motivo. No seu entendimento faltam pessoas e

equipamentos na hora em que o pesquisador necessita, mas entende que isso

extrapola as atribuições gerenciais da Estação.

As análises do Entrevistado quanto à falta de pessoal é pertinente, mas o

problema é geral na Instituição e extrapola as possibilidades gerenciais da Estação e

no decorrer dos anos a infraestrutura de atendimento apresentou altos e baixos, com

momentos com mais pessoas e equipamentos e em outros não.

Para o Entrevistado 4, a Estação atende de forma adequada às demandas

da pesquisa e dos pesquisadores.

O Entrevistado 5 considera que a falta de pessoal prejudica a condução das

atividades e que se perde muito em resultados e eficiência com a contratação de

mão de obra temporária, especialmente em tarefas especializadas. Mas avalia,

entretanto, que a Estação atende de forma adequada as demandas da pesquisa e

aos pesquisadores.

A questão de mão de obra para tarefas especializadas é de fato um grande

problema, como já citado anteriormente e o Entrevistado 5, que ocupou a função de

técnico agrícola e também de administrador da Estação conhece de fato os

problemas causados com a perda de eficiência no caso de tarefas especializadas. O

problema, como já observado, somente será resolvido com a contratação e o

treinamento de pessoal.

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4.5.4 – A infraestrutura física e de equipamentos e implementos agrícolas

Aqui se analisa a infraestrutura física e de equipamentos e implementos

agrícolas disponibilizados pela Estação Experimental.

Com relação à estrutura física, para o Entrevistado 1 ela é adequada,

embora apresente deficiência de instalações, e que para algumas atividades faltam

barracões, salas de apoio e câmaras frias. Quanto a equipamentos, o entrevistado

considera que a estrutura hoje está adequada, mas que precisa se tomar cuidado

para não equipar a produção, que é importante lembrar que “o foco principal da

Estação é a pesquisa”. No seu entendimento é necessário adquirir equipamentos

para atender a demanda da pesquisa “em primeiro lugar” e não da produção.

As opiniões emitidas pelo Entrevistado são pertinentes. Entretanto, a partir

de 2006 o IAPAR iniciou a recuperação das estruturas físicas da sede em Londrina

com a construção de casas de vegetação e estruturas agrícolas de apoio, bem como

a reforma de barracões e laboratórios, casas de vegetação e telados e outras

estruturas. Quanto a equipamentos, em 2009 o Instituto realizou investimentos de

aproximadamente R$ 5,3 milhões na aquisição de colheitadeiras, colhedeiras de

parcelas e implementos agrícolas, sendo que em 2008 efetuou a renovação de 11%

de sua frota de tratores e com previsão de renovação de 80% a partir de 2010, o que

se encontra em execução (IAPAR, 2010).

Para o Entrevistado 3 é necessário mais agilidade ou então planejamento

em conjunto, a condução de um cronograma com os pesquisadores e que em

havendo o planejamento, até já previsto no projeto de pesquisa, a Estação

Experimental e a Área de Produção e Experimentação terão que gerenciar isso.

Quanto à disponibilidade de equipamentos e implementos agrícolas, o

Entrevistado 1 alerta ao fato de que, na sua opinião, “as compras são focadas para a

produção e são efetuadas sem o aval dos pesquisadores”. No seu entendimento o

número de equipamentos e implementos está adequado, exceto para as atividades

de irrigação. Para o entrevistado,

a pesquisa agronômica se faz no campo, não se faz no laboratório. Não adianta termos equipamentos super sofisticados dentro de um

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laboratório, por que nós temos que testar tecnologia no campo e no mesmo sistema que o agricultor vai utilizar. Agora, se nós não temos condições ideais pra fazer estas espécies em campo... Na minha concepção é fundamental que se dê toda estrutura necessária pra que as pesquisas de campo possam ser executadas com eficiência (ENTREVISTADO 1, 2011)

O entrevistado observa que os equipamentos agrícolas devem ser

adquiridos “de acordo com a necessidade da pesquisa”. Para ele o foco da

instituição “é desenvolvimento, o avanço do conhecimento e o desenvolvimento de

tecnologia... produção de tecnologia” (Entrevistado 1, 2011).

A questão levantada pelo Entrevistado quanto ao foco em pesquisa deve,

sem dúvida, ser olhada com atenção pela Instituição. Entretanto, no que diz respeito

de equipamentos, a aquisição realizada a partir de 2006 buscou recuperar o

conjunto de máquinas, equipamentos e implementos, com destaque para os

utilizados nos trabalhos de pesquisa em campo, que apresentavam crescente

deterioração física devido à idade e obsolescência tecnológica, com impactos na

eficiência e na qualidade dos resultados de pesquisa. Tomando-se, por exemplo, o

conjunto de colhedeiras, verifica-se que estas contavam com mais de 15 anos de

uso, já sucateadas e com muito tempo em operação no campo. De forma

semelhante o parque de tratores apresentava situação preocupante, com mais de 15

anos de uso, apresentando significativo impacto econômico negativo em decorrência

da redução de sua capacidade produtiva. A aquisição dos novos equipamentos tem

equacionado essa situação, atendendo, atualmente, mais satisfatoriamente os

trabalhos de pesquisa.

Já para o Entrevistado 2 faltam alguns equipamentos de menor porte, pois

os grandes não cabem ou prejudicam as parcelas. Para ele necessita-se que sejam

menores e adaptados à pesquisa agrícola. O Entrevistado 5 corrobora essa opinião,

considerando que “faltam agora máquinas pequenas, e implementos adaptados à

pesquisa” (Entrevistado 5, 2011).

A opinião dos Entrevistados é, sem dúvida, importante e poderá ser

analisada pelas instâncias pertinentes na oportunidade de novas aquisições.

Para o Entrevistado 3 os equipamentos ou são insuficientes ou o

planejamento de seu uso está inadequado, pois muitas vezes não estão disponíveis

quando necessário ao pesquisador, muitas vezes em outra Estação Experimental

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aguardando uso e não pode ser disponibilizado. Também no seu entendimento “tem

máquina que tem dono” (Entrevistado 3, 2011).

As observações do Entrevistado devem ser analisadas com cuidado,

buscando a solução através do gerenciamento entre a Estação Experimental,

Programas de Pesquisa e Gerentes de Projeto.

Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, o Entrevistado 1 manifesta

em sua entrevista opinião de que esta não é adequada, que no IAPAR existe

“política de território”, que pessoas se julgam “donas das áreas” e que isso prejudica

a questão de rotação de culturas, que é necessário na pesquisa, já que o Instituto

orienta ao produtor o uso desta tecnologia. Outra questão, para o Entrevistado, é a

pesquisa com determinados produtos. Considera que é necessário um planejamento

junto aos Programas de Pesquisa e conhecimento do Administrador da Estação

sobre cada experimento a ser implantado, o que cada experimento envolve na sua

condução. O Entrevistado cita também como muito importante um registro do uso

das áreas, para que se conheça o histórico de uso na pesquisa, para não

comprometer novos experimentos ou mesmo para esclarecer problemas futuros. O

Entrevistado 3 tem opinião semelhante, sobre a necessidade de um controle de

tratamento, um controle histórico do uso das áreas.

Para o Entrevistado 2, a disponibilidade de área é adequada e não encontra

problemas, mas considera que para uns é suficiente, mas exagerada para outros

pesquisadores e Programas de Pesquisa, sendo necessário uma definição de

critérios para uso.

O Entrevistado 3 relata em sua entrevista que desconhece os critérios de

distribuição, mas, em sua opinião, houve dificuldade de disponibilidade de área para

os novos pesquisadores contratados. No seu entendimento alguns se consideram

“donos” e informa que em sua área também existe esse conflito.

O Entrevistado 5 avalia que a disponibilidade de área não é adequada, que

“está bem abaixo do ideal”. Para ele seria necessário uma área específica para cada

programa, para se poder fazer uma rotação de culturas, como também citado pelo

Entrevistado 1. Olhando para a área de pesquisa em geral, manifesta a preocupação

com a localização hoje do IAPAR, com conjuntos residenciais no seu entorno,

prejudicando algumas atividades de pesquisa que utilizam produtos químicos,

entendendo que seria adequada a aquisição de uma nova área para as atividades

de pesquisa de campo (Entrevistado 5, 2011).

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Os entrevistados fazem análises bastante pertinentes, que requerem

discussão entre a gerência da Estação, Coordenadores de Áreas de Especialidade e

Líderes de Programa de Pesquisa, pois além de ser uma questão comportamental

de técnicos e pesquisadores, interfere também na questão técnica, na condução das

atividades de pesquisa previstas nos projetos.

4.5.5 – Os problemas existentes segundo os Entrevistados

Pretende-se aqui analisar a colocação, por parte dos entrevistados, de

problemas existentes na Estação Experimental.

O maior problema atual na Estação, segundo os entrevistados, é a falta de

pessoal. O Entrevistado 1 cita como problema “principalmente a administração

dessa mão de obra”. Na sua concepção “a pesquisa é prioridade”, à frente de outras

atividades, e então a mão de obra disponível deve ser direcionada para a pesquisa e

não para outras tarefas como poda de árvores e serviços de jardinagem. Para o

entrevistado o IAPAR dispõe de casas de vegetação sofisticadas, mas existem

falhas na manutenção dessas unidades, especialmente quanto às medidas de

segurança, para não prejudicar a pesquisa ali alocada. Voltando à mão de obra, o

entrevistado considera necessário melhorar o treinamento do pessoal de apoio,

especialmente em atividades que possam causar contaminação.

O Entrevistado observa que é necessário que se tenha pessoal treinado,

especializado para as atividades de pesquisa. Em sua opinião outro problema é a

falta de equipamentos para as atividades de irrigação e, no seu entendimento, estes

equipamentos também devem ser modernizados.

Outros problemas lembrados pelo Entrevistado 1 foram a falta de veículos,

que às vezes compromete as tarefas diárias e a falta de salas de apoio para

tratamento do material de pesquisa. Em sua opinião alguns se “sentem donos da

estrutura”, e assim é necessário planejar um uso coletivo e não aumentar os

espaços já existentes (Entrevistado 1, 2011).

Na opinião do Entrevistado 2 é necessário realizar uma melhor avaliação

dos solos cultiváveis e administrar melhor o uso de mão de obra.

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O Entrevistado 4 entende que seria necessário mecanismos de motivação

ao pessoal, valorizando a mão de obra de campo.

Fazendo um apanhado das observações apresentadas, entende-se

perfeitamente as questões quanto à falta de pessoal, já tratada anteriormente. Por

outro lado, a pesquisa é a atividade que tem sentido muito na questão do

treinamento para tarefas que requerem um maior conhecimento técnico por parte do

pessoal de campo e o problema somente poderá ser resolvido com a contratação de

mão de obra efetiva, no que tem atuado a direção do Instituto. A contratação de mão

de obra efetiva e o treinamento desta em atividades específicas da pesquisa, com

certeza darão maior segurança na execução de grande parte das atividades, em

especial as que contam com equipamentos mais sofisticados.

O problema citado pelo Entrevistado 1 quanto à falta de veículos tem sido

também equacionado pela direção do Instituto, pois no período 2006-2010 a

Instituição adquiriu mais de 120 veículos, com a renovação de 55% de sua frota

(IAPAR, 2010).

4.5.6 – As necessidades de melhoria no atendimento

Neste item pretende-se avaliar, do ponto de vista dos entrevistados, as

necessidades de melhoria no atendimento por parte da equipe da Estação

Experimental.

O Entrevistado 1 ressalta, em sua entrevista, que a Estação Experimental de

Londrina, em sua opinião “é a melhor estação ainda onde a gente encontra

condições para dar sequência para a nossa pesquisa”, mas reafirma a necessidade

do histórico de uso das áreas de pesquisa. Considera que a eficiência de trabalho no

campo está boa, mas que pode melhorar muito mais.

Quando à questão de histórico de uso das áreas de pesquisa, entende-se

ser uma importante ferramenta para controle de uso das áreas. Estes dados

buscariam informar operações realizadas e uso do solo nos ensaios de pesquisa,

como adubação, calagem, uso de herbicidas, culturas, preparo de solo. Estas

informações são importantes para o planejamento de instalação dos ensaios, pois

apresentam informações de uso anterior da área, tipo de adubação realizada,

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presença de inóculos de doenças, resíduos de herbicidas, composição química e

física do solo e outras operações, que podem interferir nos resultados de pesquisa.

Hoje a Estação Experimental não possui esse procedimento formalmente,

embora alguns registros estejam disponíveis, mas não de forma organizada. Para

um controle formal seria necessário o registro de pelo menos 5 anos anteriores do

uso do solo, com informações disponibilizadas aos técnicos e pesquisadores para

consulta no planejamento de ensaios futuros.

Na opinião do Entrevistado 2 é necessária a contratação de pessoal

operacional de apoio e para o Entrevistado 3, é necessário manter um planejamento

das atividades, manter equipamentos disponíveis e treinar pessoal em áreas

específicas. O Entrevistado 4 considera imprescindível a valorização da mão de

obra, e a criação de mecanismos de premiação e punição.

Para o Entrevistado 5 é necessário contratar pessoal efetivo e não

temporário e investir em treinamento, bem como é necessário flexibilizar horários,

objetivando a realização de trabalhos específicos na parte da tarde, na manhã, e em

dias sem sol.

Os entrevistados retomam, em suas falas, tanto a questão da contratação de

pessoal, como o treinamento para tarefas específicas e a valorização da mão de

obra, situações que poderão ser equacionadas tão logo a Instituição obtenha a

aprovação do Governo do Estado para a contratação de pessoal e então possa

atuar no sentido de resolver as situações levantadas, que, sem dúvida, propiciaram

melhorias na condução das atividades da pesquisa.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve por objetivo geral analisar a evolução da estrutura de

apoio operacional da Estação Experimental do IAPAR em Londrina.

Com relação ao objetivo específico 1, é descrita a estrutura organizacional e

relatado seu papel como unidade de apoio à execução da pesquisa agrícola

executada pelo IAPAR. O que se observa quanto a estrutura formal, é que esta não

sofreu alterações de importância nos 39 anos de vida Instituto.

Entretanto, a partir da análise do conteúdo das entrevistas, é possível

observar que a Estação encontrou, no decorrer deste período, momentos de

dificuldades e momentos de melhora, especialmente quanto à questão de

disponibilidade de pessoal e de infraestrutura de equipamentos e implementos

agrícolas. Pelas entrevistas é possível afirmar que o problema maior hoje é a falta

de mão de obra e a impossibilidade do comprometimento da mão de obra contratada

de forma temporária, o que dificulta as atividades de pesquisa, pois quando o

operário está treinado, vai embora da instituição e não acontece uma evolução no

quadro de apoio operacional.

Outra preocupação manifestada pelos entrevistados é quanto às

especificidades das atividades de campo do IAPAR, que requerem pessoal treinado

e especializado, sob pena de comprometer os resultados da pesquisa.

Com relação ao objetivo específico 2, que diz respeito à contribuição da

Estação às atividades de pesquisa, observa-se que os entrevistados consideram a

Estação como imprescindível e fundamental ao desenvolvimento das atividades, e

que a unidade realiza um enorme esforço no objetivo de prestar um bom

atendimento aos técnicos e pesquisadores, apesar da falta de mão de obra ou da

dificuldade com a disponibilidade de equipamentos e implementos agrícolas, muito

embora atualmente o número tenha aumentado consideravelmente, mas talvez não

de forma adequada a todas as atividades de campo ou técnicas de pesquisa.

Na análise do objetivo específico 3, que trata da percepção dos

entrevistados quanto à qualidade e eficiência dos serviços prestados pela Estação,

todos os entrevistados colocaram questões que de forma direta ou indireta

prejudicam sua qualidade e eficiência, que vão desde ao gerenciamento da Estação

até a insuficiência de mão de obra e de equipamentos, na definição das áreas para

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pesquisa e manutenção e disponibilidade das unidades internas, e treinamento da

mão de obra nas tarefas mais especializadas. Outros pontos também considerados

importantes pelos entrevistados dizem respeito à necessidade de histórico de

utilização das áreas em atividades de pesquisa para não prejudicar futuros trabalhos

e a preocupação com o apoio à pesquisa e não à produção, já que a missão do

Instituto é a de realizar pesquisa agropecuária e disponibilizar resultados para o

produtor rural e para o ambiente de ciência e tecnologia.

Uma questão também bastante citada pelos entrevistados se refere aos

técnicos e pesquisadores que se consideram “donos” das áreas de pesquisa, o que

dificulta, além do gerenciamento, por parte do administrador, da área propriamente

dita, a realização de atividades de pesquisa, como a de rotação de culturas, o que

acaba interferindo na qualidade do serviço.

Outro ponto bastante reafirmado diz respeito ao planejamento e cronograma

das atividades de pesquisa para um melhor atendimento aos Programas e aos

pesquisadores, o que viria a facilitar o gerenciamento da Estação e da mão de obra

disponível.

Assim, ao finalizarmos o presente estudo, pode-se afirmar que a atuação da

Estação é considerada adequada de forma geral, com melhores condições de dar

atendimento na seqüência das pesquisas do que as demais instaladas no Estado,

embora permeada por problemas que fogem ao seu controle e que se situam em

âmbito político, fora do seu alcance direto, por outros que contam com a

compreensão por parte dos técnicos e pesquisadores e por outros que ainda

carecem de algum aperfeiçoamento, refinamento ou de definições, que são ainda

incipientes.

Mas de forma geral, a Estação de Londrina é vista pelos entrevistados como

fundamental no apoio às atividades regionais e que o serviço prestado pela unidade

apresenta qualidade e apóia os técnicos e pesquisadores na condução das

atividades da pesquisa na melhor forma possível e disponível, no que depender do

gerenciamento interno.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

ENTREVISTA Nº 1

1. Como era a estrutura da Estação Experimental de Londrina quando você

iniciou suas atividades no IAPAR?

Tínhamos funcionários efetivos, pessoal de apoio em início de carreira, motivados,

aprendendo a lidar com pesquisa de campo... recursos de governo, programas de

pesquisa em desenvolvimento rural ...conservação de Solos, irrigação, drenagem,

desenvolvimento local, etc., vários ensaios em campo.

Equipamentos novos...irrigação ainda nova, tratores, máquinas, equipamentos,

laboratórios de solo, agrometeorologia, estações distribuídas em todas as regiões. A

estrutura era toda distribuída por setores, havia cinco técnicos de apoio somente na

Estação Experimental, mais o Administrador ...o Dr. ... Mais de duzentos

funcionários de campo disponível.

Já tinha uma estrutura de comando matricial, centralizada no administrador, que

distribuía tarefas por setores específicos, máquinas, administração pessoal, Casas

de Vegetação, irrigação.

O pesquisador não precisava correr atrás de coisas operacionais, como hoje... os

recursos eram limitados, mas era distribuído pela gerência da Estação experimental

e coordenados pela APE.

Também... assim... a forma jurídica da época era Fundação e um pouco emperrada,

estritamente ligada ao governo... não havia uma descentralização como hoje tem.

Esses convênios ...

Não faltavam pesquisadores e nem técnicos de campo... as áreas eram supridas de

profissionais. Quando precisava era mais fácil contratar, e operário de campo

especializado... não faltava mão de obra para apoio...secagem de materiais,

colheita, viagens, plantio, pesagens, avaliações.

Quando surgia um novo projeto e faltavam operários, ou profissionais... era

chamado às pessoas candidatos no concurso de lista de espera, então supria as

demandas.

2. A partir desta época, no seu entender, aconteceram mudanças na estrutura

organizacional?

Aconteceram várias mudanças... os equipamentos foram ficando obsoletos, por

exemplo... a irrigação, que é extremamente importante para a produção dos ensaios

aqui na estação, outros equipamentos também, a contratação de pessoal

temporário, e... que ficam um período... trabalham e logo vão embora, saem sem

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compromisso com a instituição... isto é muito sério. Antigamente tínhamos

funcionários efetivos com compromisso com os resultados da pesquisa. Muito

estagiários, que de certa forma ajudam e complementam as atividades e, também

colaboradores.

Ultimamente teve bastante entrada de recursos via FAPEAGRO e Fundações...

Programa de governo que contempla o desenvolvimento da agropecuária

paranaense... Por isso exige-se mais do IAPAR... consequentemente da estação...

convênios com Universidades, outras entidades também... isto existia muito pouco.

A estrutura da estação hoje é muito enxuta. Só temos um administrador gerente

para administrar toda esta área e os projetos implantados aqui... um administrador,

dois técnicos e operários de apoio. Devido ao envelhecimento da instituição e dos

servidores... esta faltando muitos servidores de carreira, pois tem bastantes

aposentadorias, licenças, afastamentos, incorporações de atividades.

Tivemos agora, nos últimos tempos deste governo ...a entrada de equipamentos

modernos. Mas falta operários para operarem estes equipamentos, falta pessoas

qualificadas para dar continuidade na pesquisa. Estes conhecimentos levam anos

para serem aprendidos.

3. Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina?

A Estação Experimental de Londrina ...ela é fundamental para o desenvolvimento

das pesquisas que realizamos na área de melhoramento e genética do feijão, pois

são ...nesta estação que nós avaliamos todas as nossas... efetuamos todos os

cruzamentos que vão dar origens às novas cultivares... efetuamos o berçário de

população F1, toda a parte de população segregante... mais os ensaios

preliminares... e os ensaios de determinação de valores de cultivos e uso.

Então, sem o apoio desta estação experimental, nós não teríamos condições de

efetuar duas gerações de feijão por ano, né?... das populações segregantes... por

que todo material que nos tiramos daqui da estação, que colhemos aqui da estação

experimental de Londrina ...ela vai para a estação de Ponta Grossa, ou vai para Irati.

Então, hoje, na verdade, nós fazemos três gerações por ano e o maior suporte das

nossas pesquisas é dado pela estação experimental de Londrina. Isto devido à

estrutura... porque... aqui nos temos todas as Casas de Vegetação... nós temos o

Laboratório de Apoio ...onde nós fazemos toda a parte de preparo de sementes pra

ensaio, fazemos toda a parte de beneficiamento das sementes colhidas dos ensaios,

todo preparo de sementes para plantar os blocos de cruzamentos... Temos um

sistema de irrigação... assim... embora muito antigo, mas que proporciona

efetuarmos o nosso berçário de populações F1... que precisa ser irrigado. Temos

que ter assim um controle eficiente de pragas nestas populações, e termos inclusive

mão de obra também... embora este seja um grande problema que a gente vem

enfrentando nos últimos 10 anos. Vamos assim colocar... em virtude da não

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contratação mais de pessoal de apoio de campo ...efetivos e sim temporários ...que

a cada dois anos tem uma rotatividade muito grande. E também devido aos baixos

salários que são pagos pra essas pessoas... não tem mais interesse das pessoas

em vir aqui trabalhar. Então trabalham enquanto não arrumam outro emprego. A

partir do momento em que arrumam um emprego melhor... elas nos deixam na

mão... vai embora e leva todo conhecimento e treinamento que receberam.

Estamos tendo certa concorrência em mão de obra hoje, tem empresas ao redor

empregando bastante, e até emprego de diaristas. Na nossa equipe... muitas

mulheres trabalharam ...estas ultimas que trabalharam aqui, inclusive, receberam

treinamento para efetuar hibridações, cruzamentos, seleções, preparo de sementes,

seleção de sementes... atividades especializadas. Mas o que acontece, Aldo... estas

pessoas saem e arrumam emprego em diversas atividades que ganham mais do

que ganhariam no IAPAR. Aqui em Londrina está cada vez mais escassa a mão de

obra rural, que é essencial aos nossos trabalhos aqui na estação experimental.

4. Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da

pesquisa ou dos pesquisadores?

Com relação à infra-estrutura... nós... em virtude de... primeiro vamos dividir em dois

pontos: a questão da estrutura física e recursos humanos.

Com relação à estrutura física, ela é adequada sim, embora apresente algumas

deficiências como, por exemplo, barracões ...e esta deficiência... surgiram em virtude

de novos programas que foram criados, por exemplo, o Programa de Agroenergia,

onde nós trabalhamos com a cultura do amendoim. Só que foi criado o programa e

não foi disponibilizada a estrutura física para este programa... Então, hoje todos os

nossos ensaios de amendoim... nós não temos aonde manipular estas sementes...

nós não temos aonde beneficiar todas as sementes provenientes destes ensaios...

não temos nem onde armazenar estas sementes... Então criou- se um novo

programa, mas não se disponibilizou uma estrutura física adequada que o programa

necessita... tipo galpões, salas de apoio.... nós não temos... tem somente uma

câmara fria, porque na câmara fria você só coloca a semente depois de

beneficiada... e pra ser armazenada e usada na próxima safra. Em outros programas

mais antigos, por exemplo, programa feijão, nós temos uma infra-estrutura que

atende a nossa demanda, só que ela precisa ser aperfeiçoada. Nós necessitamos

de uma câmara de expurgo... nós não temos uma câmara de expurgo... Então é

necessário construir para atender a demanda dos programas grãos... vamos assim

dizer... é ... alguns programas já conseguiram esta infra-estrutura, nós ainda não.

Com relação a equipamentos... em virtude deste ... do Programa de Aceleração do

Crescimento, o PAC Embrapa, do PAC que houve o ano passado, retrasado... nós

conseguimos estruturar bem, o nosso..., a estação experimental aqui em Londrina.

Embora nós precisemos tomar o cuidado de não equipar produção, que o foco

principal da estação é a pesquisa... Então nós temos que efetuar a aquisição de

equipamentos pra que venha a atender a demanda da pesquisa em primeiro lugar e

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não da produção. Então dentro deste sentido, um tanto ....que embora o IAPAR vai

completar agora em 29 de junho... 39 anos...o que é muito deficiente para nós, é a

falta de uma unidade de beneficiamento de semente genética... dentro da

instituição... para atender todos os programas: programa trigo, programa arroz,

programa feijão, programa milho... não tem uma unidade de beneficiamento de

semente genética, e isto já foi demandado há muitos anos para a direção da

instituição. Agora parece que está havendo um movimento pra se construir uma

UBS de semente genética dentro da estação experimental de Londrina, pra poder

atender a demanda... porque nós temos uma UBS, mas de sementes básicas, e ela

é pra atender grandes volumes, e nós da produção de sementes genéticas, nós

produzimos volumes pequenos de uma grande quantidade de materiais. Então esta

unidade é importante para atender uma produção de sementes genéticas de cinco

linhagens... só que de cada linhagem a gente ia produzir 300, 400 quilos de

sementes. Então precisamos de equipamentos menores, galpão de armazenamento

com câmara fria... inclusive pra fazer o armazenamento adequado desta semente.

Mas infelizmente até hoje a instituição... a estação aqui, não dispõe desta unidade...

Ao passo que outras empresas, tipo a COODETEC, por exemplo, já está

construindo a segunda unidade de beneficiamento de semente genética. A Embrapa

Soja já construiu a sua segunda unidade ...e nós não temos nenhuma... e nós que

trabalhamos com uma diversidade muito grande de espécie. Bom... essa também...

e a que falta pra nós.

Em relação a recursos humanos, como já comentei anteriormente, nós estamos

passando por um problema muito sério de apoio a pesquisa dentro da estação

experimental. Por quê? Todos aqueles funcionários experientes, que foram treinados

e que conhecem bem as atividades que devem executar dentro da pesquisa, estão

se aposentando... e não estão sendo reposto, não está sendo efetuada à reposição

deste pessoal. O que ocorre são a contratação daqueles funcionários contratados

por determinado período, e a gente sabe que a qualquer momento ficamos sem

eles. Então... com relação a recursos humanos... daí fica também essa situação. O

IAPAR contratou novos pesquisadores...Só que não deu recursos humanos de apoio

pra estas pessoas trabalharem, não contratou novos funcionários para dar apoio...

As atividades fins destes pesquisadores... e eles... Então, nós temos que dividir

pessoal com estas pessoas... São mais atividades... como sempre a gente diz... um

pesquisador com uma boa equipe toca 20 projetos... Agora 20 pesquisadores, sem

equipe, não toca projeto nenhum. Então você tem que dar a condição e estrutura

física... que da estação é muito boa, mas que precisa de algumas adequações.

Como eu disse... a construção de UBS Genética, a construção da câmara de

expurgo, a aquisição de novos equipamentos de irrigação, por exemplo... Você

mesmo Aldo, é testemunha, quando no ano passado nós ficamos uns períodos de

veranico, quase vinte dias sem irrigação, porque a bomba de irrigação pifou. Houve

uma pane no sistema... Isto não pode acontecer, não é? Nós temos que ter peças

sobressalentes, equipamentos novos, não é? Que não venham a dar problemas

justamente nas épocas necessárias em que precisam deles.

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5. Com relação a equipamentos e implementos agrícolas, você acha que a

disponibilidade atual é satisfatória?

O que ocorre na questão de aquisição de equipamentos, é que as compras são

focadas para a produção e são efetuadas sem o aval dos pesquisadores. Não vem

solicitar a opinião dos pesquisadores, quais as características essenciais à demanda

da pesquisa. Não é verdade?

Aqui na estação em Londrina, não temos muito a reclamar em questão de

equipamentos e implementos agrícolas, a não ser em questão da irrigação. Aqui é a

única estação que tem uma irrigação que funciona, mais ou menos ainda, apesar de

obsoleta... equipamento de 35 anos atrás. A sua substituição seria mais do que

urgente. Eu sempre digo que pesquisa agronômica se faz no campo, não se faz no

laboratório. Não adianta termos equipamentos supersofisticados dentro de um

laboratório, por que nós temos que testar tecnologia no campo e no mesmo sistema

que o agricultor vai utilizar. Agora, se nós não temos condições ideais pra fazer

estas espécies em campo... Na minha concepção é fundamental que se dê toda

estrutura necessária pra que as pesquisas de campo possam ser executadas com

eficiência. Então a questão da irrigação é problema muito sério, a questão de falta

barracões também é problema sério pra esses novos programas que foram criados...

A questão de equipamentos agrícolas como eu falei, devem ser adquiridos de

acordo com a necessidade da pesquisa. Por exemplo, tamanho de semeadoras,

semeadoras compactas de parcelas, se bem que com o PAC isso foi bem

melhorado, adquirido equipamentos novos. O foco da instituição é desenvolvimento,

o avanço do conhecimento e o desenvolvimento de tecnologia ... produção de

tecnologia.

6. Para você, o que citaria como o maior problema já apresentado pela Estação

Experimental de Londrina?

O maior problema é a mão de obra. É uma peleja, né?... e principalmente a

administração desta mão de obra... Então quando os recursos são escassos, tem

que ser muito bem administrado... deve-se definir prioridades... Por exemplo,

estamos no auge da colheita dos experimentos de feijão... e o que é prioritário?

Colher estes experimentos, pra que a chuva não deteriore as sementes, não se

perca os resultados destes experimentos, que envolve uma pesquisa de anos ou

capinar beira de estrada, ou varrer, ornamento porque uma visita irá chegar, ou

podar árvores, serviços de jardinagens... Na minha concepção pesquisa é

prioridade, então se nós vamos fazer horas extras no sábado, é hora extra pra

atender a pesquisa que é a atividade fim da instituição... é a finalidade da instituição,

não é verdade? Que é o desenvolvimento do que irá gerar tecnologia para atender a

demanda do setor agropecuário do Estado. Então o maior problema nosso aqui

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dentro... é o gerenciamento de pessoas aqui no IAPAR . Outro problema que a

gente encontra aqui também é com relação ao setor de Casas de Vegetação... a

manutenção... não é o problema das casas em si...por que hoje em virtude dos

projetos que nós vendemos né?... para as entidades financiadoras... Nós temos

casas de vegetação ultra sofisticadas, alguma, não é? Com controle de temperatura,

umidade, ventilação, etc., ótimas, mas se peca na manutenção destas casas... é

quem irriga os vasos, são as pessoas que irão encher retirar os vasos, pulverização

destas casas... mas não é só o pessoal da estação que lida com as casas de

vegetação... Às vezes alguns colegas de pesquisa... não sabem que a pesquisa dele

pode interferir e prejudicar a pesquisa do colega. Então ele tem que ter consciência

e adotar medidas de segurança, inclusive informar isto a estação experimental, pra

que a atividade de pesquisa dele não venha a prejudicar a pesquisa de outros

pesquisadores... no entorno das CVG. Então esta é uma questão muito grave.

Voltando na questão de mão de obra... é preciso melhorar o treinamento do pessoal

de apoio, quanto o manejo adequado nos experimentos em CVG, por exemplo,

transportar nas roupas agentes contaminantes de um lugar para outro dentro dos

experimentos.

7. Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, você avalia como adequada

a distribuição?

Não, não avalio como adequada, por que no IAPAR temos a política do território. É

uma questão que vou colocar com muita franqueza... Existem pessoas que se

julgam donas das áreas e não abre mão... Então nós temos que adotar uma postura

dentro da estação experimental... O mesmo critério que nós orientamos, com a

mesma tecnologia que é orientada aos produtores, fazer rotação de culturas... é

nunca fazer, por exemplo, plantio de feijão sobre feijão do cultivo anterior, sempre na

mesma área, milho, milho, milho, milho, todas as safras ...sempre na mesma

área...Não, se nós apregoamos que deve ser feito a rotação de culturas e procurar

inserir diferentes espécies dentro do sistema, isto é diversificação dentro da

estação...obrigatoriamente devemos adotar esta prática, não é verdade? É óbvio

que em algumas áreas aonde é efetuado trabalhos de herbologia, com aplicação de

determinados... de determinados produtos químicos, que causam resíduos ...então é

este o outro problema que eu vou dizer daqui a pouco, e neste caso estas áreas

devem ficar mais ou menos predestinadas. E no caso, por exemplo, onde se faz

também algum estudo de algum patógeno, apesar de não ser muito utilizado a

campo, mas eventualmente pode ocorrer. Outras áreas, por exemplo, onde é feito

estudos de plantio direto há décadas... Então estas áreas podem ter um manejo um

pouco diferente, mas de uma forma geral tem que haver uma rotação... E o que está

havendo, não é... estamos vendo experimentos todos os anos na mesma curva, nas

mesmas áreas... E quando precisamos de uma área isolada, por exemplo, pra poder

fazer um campo de produção de semente genética, é uma dificuldade muito grande,

por que o que falta... isso no meu entendimento também... bom, é um planejamento

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dos programas, seria assim dizer... o programa feijão vai colocar nesta safra na

estação Londrina tais experimentos, com a dimensão de x hectares. Isto não tem...

cada hora um pesquisador chega e pede área pra plantar ensaio... o administrador

da fazenda nem sabe pra que é. Tem que haver um melhor gerenciamento dentro

dos programas e os programas por sua vez informar a estação – olha nesta safra na

estação experimental de Londrina, vai se estabelecer o seguinte projeto, com as

seguintes atividades e dimensões... Daí o administrador vai poder gerenciar melhor.

Sem falar nas áreas vitalícias. Não tem como administrar numa situação desta.

Realmente não tem. Cada o pesquisador não vai ao programa, mas vai ao

administrador... pega uma área diferente e vão aumentando sem planejamento...

algumas pessoas se julgam donas da área, não se adequou ao sistema plantio

direto... Todos os anos têm que plantar feijão nas mesmas áreas. Pregamos uma

técnica e não estamos executando aqui dentro Disputamos áreas com outros

pesquisadores Outro problema, Aldo, aqui na estação, é que não temos um registro,

um histórico daquilo que foi plantado anteriormente... como um banco de dados dos

produtos que são utilizados naquela área... Por que nós já perdemos experimentos

aqui em conseqüência de efeito tóxicos de resíduos de produtos que foram a

aplicado na área. Plantamos no passado em uma área e o feijão não se

desenvolveu. Então já tivemos algumas vezes problemas deste tipo.

Falta este processo de controle das áreas, que mostre histórico de anos atrás,

safras anteriores. Você deve ter um registro histórico de produtos... Alguns

problemas futuros você diagnostica com melhor facilidade... você sabe se foi algum

produto residual, ou algum patógeno causado pela cultura anterior. Assim como

temos dados climáticos, temos que ter também este levantamento para melhorar a

eficiência. Outra questão também que estou percebendo é o problema de nematóide

dentro da nossa área... Precisamos fazer manejo de controle, com espécies de

cobertura que possam minimizar estes efeitos, e estar utilizando espécies que não

disseminem estes populações de nematóides...adubos verdes... sempre plantamos aveia.

8- Em sua opinião, que apoio ou serviços falta disponibilizar?

Às vezes durante a safra também... Tirando esta questão de implementos,

maquinários, barracões... sentimos muitas dificuldades de veículos no campo. Às

vezes nós precisamos trazer diversas quantidades de materiais colhido do campo.

Nós temos uma grande quantidade de materiais... várias frentes de trabalho ...

principalmente nas safras... Por exemplo, nós fazemos todo trabalho de

melhoramento e pós melhoramento... Por exemplo, avaliação de resistência à seca,

avaliação de resistência à alta temperatura, a determinados efeitos bióticos

específicos... Então nós precisamos muitas vezes, ter várias frentes de trabalho...

Agora, só disponibiliza um veículo, enquanto o veículo está atendendo o campo ele

não pode atender outras pessoas, outra parte da pesquisa que está sendo

executada, sabe? Então você vê um programa, que a dimensão do nosso

programa... A direção deve olhar pra esse lado também... a questão da dimensão

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dos programas... Não é assim... disponibiliza um veículo para cada programa... a de

forma geral... não é essa a proposta que nos queremos... Nós temos amplas

atividades a serem executadas. Às vezes nós sentimos falta disto, sabe? Sentimos

falta de apoio... na questão veículos, espaços para secar este material colhido,

manusear... às vezes chove e precisa secar estes materiais colhidos no campo...

não temos espaços um local específico, um barracão grande. Utiliza se ainda a

improvisação... Ande já se viu numa instituição deste porte, com quase 40 anos?...

já não seria para estar improvisando tanto.... Nós estamos ainda improvisando para

poder trazer resultados de pesquisa... mas passa também por uma questão de

cultura. As pessoas sentem posse da estrutura, tratam como se fosse delas e não

da instituição para uso comum. Todos pegam seu espaço e são proprietários...

donos da estrutura ...e não dividem os espaços com outros colegas, você entendeu?

Mesmo estando vazio, por exemplo, um barracão naquele momento deve ser

compartilhado com outro programa que estão estudando outras espécies de outras

épocas... É isto que no futuro terá que acabar. Com isto não precisaria construir

tanto, investir tanto em estrutura. Tem que se construírem coisas coletivas. Eu estive

na Europa, e lá nas instituições ninguém é dono de nada, laboratório, galpão, casa

de vegetação. Lá é tudo compartilhado, comum a todos... É óbvio que tem também

culturas de inverno... verão ... e lá quando o pesquisador já utilizou, tem que deixar

em condições assim... pronto pro próximo que vai usar, para outro utilizar

novamente. É este conceito que devemos implantar aqui no IAPAR... Senão a

estrutura só vai aumentando, aumentando... Vai precisar contratar cada vez mais

gente pra poder manter a estrutura ... e a pesquisa mesmo fica pra traz... e haja

dinheiro ... recurso público pra manter tudo isso. Se não for bem organizado e

administrado não adianta, você nuca vai conseguir manter satisfazer a demanda...

Então ...o que precisa é mudar um pouco a cultura dos pesquisadores aqui do Brasil,

para uma cultura que... você não precisa ter seu equipamento... trilhadeira,

semeadora... cada um quer ter seu espaço, como dizem seu iaparzinho... sua

fazendinha.

9 - O que você sugere para a melhoria no atendimento?

Somente gostaria de ressaltar que a Estação de Londrina, é a melhor estação ainda

onde a gente encontra condições para dar seqüência para a nossa pesquisa...

porque em ... ou física, recursos humanos, exceto a estação de Irati, que a gente

tem assim muito apoio, porque em outras ... o grosso dos problemas é de ordem de

gestão... temos que ter assim, estabelecer tipo protocolo, é o que não temos.

Priorizar a pesquisa e não a produção... formulários de procedimentos de apoio, por

exemplo, irrigação, serviços, pulverização, com responsabilidade técnica, CREA,

assinado e registrado ...princípio ativo, dosagem... para a estação. Com base nestas

informações ... solicitações, montar seu banco de dados. Ocorre Aldo, que muitas

vezes nem você sabe o que está sendo aplicado lá no campo.

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E pra pesquisa é essencial que tenhamos registro de tudo ...o que acontece na safra

para programar as atividades seguintes, não é? Eu gostaria de sugerir, como eu

disse... a estação ... a gerência da estação ter maior cuidado no registro destes

pedidos, que vem pelos pesquisadores... A eficiência de trabalhos no campo está

boa, mas pode melhorar muito mais. Hoje nós não podemos brincar... a pesquisa é

competitiva ... temos que superar problemas de ordem operacional para não

errarmos. Temos que inovar cada vez mais pra termos resultados... também na

questão de aplicações de agrotóxicos ...aqui nas áreas da estação... precisamos

orientar melhor o nosso pessoal.

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APÊNDICE B

ENTREVISTA Nº 2

1. Como era a estrutura da Estação Experimental de Londrina quando você

iniciou suas atividades no IAPAR?

A Estação Experimental era uma estrutura mais diversificada, onde o contingente

técnico era amplo e com atividades subdivididas em partes, funções. Cada técnico

atendia, respondia pela sua área e com isso era mais detalhado o trabalho com

distribuição de funções previamente definidas.

Por não ter uma linha de ação programada, era um pouco confusa. Mas ao passar

do tempo surgiram os planejamentos, se adequaram os trabalhos do centro

experimental com os programas, tais como, divisão de mão de obra, adequação de

atividades específicas conforme as demandas.

2. A partir desta época, no seu entender, aconteceram mudanças na estrutura

organizacional?

Bem, eu acho que sim. O número de técnicos foi diminuindo, foram se unindo as

áreas, juntando as funções e consequentemente acumulando atividades. Contudo

foram organizadas algumas mudanças, principalmente no setor de máquinas.

Antigamente se usava mão de obra na montagem e condução de ensaios, era muito

mais custoso e precisava de muita gente pessoal de campo. Hoje tudo é

mecanizado, as atividades, os pesquisadores tiveram que se... tiveram que se

adequar, adaptar os seus métodos de pesquisa para um método mais enxuto, um

modelo mais enxuto, como por exemplo, plantio, aplicações e colheita. Com isso

tivemos ganho de tempo e agilidade nos trabalhos.

Muitas melhorias foram feitas neste sentido. Depois destas adequações houve

melhorias nos desempenhos e resultados. O que mais me chamou a atenção foi a

diminuição de aplicações de defensivos que antes era de forma manual, e

sacrificava nossos trabalhadores. Também teve bastante ganho, inclusive no bem

estar dos trabalhadores e sua saúde também.

3. Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina?

A estação aqui em Londrina, hoje eu vejo como uma estação bem rápida no

atendimento dos pedidos que na gente faz. Apenas uma fichinha para controle de

relatório... isto facilita bastante a ordem de serviço. É um procedimento que eu

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aprovo. Quer seja em pedido de mão de obra para apoio, ou outro serviço ...de

máquina, por exemplo. Isto ajuda bastante na programação de atividades que temos

que executar. A mão de obra hoje é distribuída conforme a importância do projeto e

melhorou nos últimos dois anos... onde as atividades foram dinamizadas, excluindo

parte das burocracias.

4. Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da

pesquisa ou dos pesquisadores?

Sim, em maior parte das situações.. salvo quando entra falta de mão de obra como

agora. Mas temos que entender que este problema é de ordem de governo... não

depende somente da gerência daqui da estação. Este problema é em todas as

estações, no Paraná inteiro. Quando contrata pessoal tudo se resolve mais fácil,

apesar de muitas vezes termos que brigar para conseguir apoio nos momentos de

picos de serviços. Ás vezes também... faltam equipamentos ou os que temos estão

quebrados... ou aguardando recursos para conserto... Isto também é um problema

que sempre existe, mas também não condeno a estação somente, porque são

coisas públicas, burocracia também.

5. Com relação a equipamentos e implementos agrícolas, você acha que a

disponibilidade atual é satisfatória?

Então... falando de equipamento, sempre falta alguns equipamentos de menor

porte. Compraram agora bastante máquinas, mas grandes, que não cabem ou

pisam em parcelas. Precisamos de equipamentos de menor porte como micro

tratores, colhedores de amendoim em parcelas, coletores de amostra de solos...

mas tudo em menores tamanhos, adaptados à pesquisa agrícola. Como eu disse,

sempre falta alguma coisa, como o trabalho é desenvolver pesquisa em campo, e

tudo tem que ser por amostragem... faltam alguns equipamentos, em menor escala.

Como trabalhar com uma colhedora, por exemplo, numa área de 5 m quadrados?

Impossível né?... vai pisar todo o experimento. É disso que estou falando.

6. Para você, o que citaria como o maior problema já apresentado pela

Estação Experimental de Londrina?

Pra mim, Aldo... o maior problema hoje na estação é a ausência de pessoas

especializadas nos setores... que estão se aposentando. O contingente da estação

experimental esta se acabando e não tem concurso para repor estas perdas.. estas

baixas. Não vai ser possível tocar pesquisa somente com mão de obra temporária,

ou terceirizada... ou estagiários. É insuficiente, principalmente no campo que é o

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nosso caso. Normalmente o problema está na falta de mão de obra... é o problema

dos últimos tempos do IAPAR.

7. Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, você avalia como

adequada a distribuição?

Adequada na medida em que se preserva a sua totalidade. Temos que ter a

responsabilidade de trabalhar visando manter a mesma área a ser disponibilizada

para a próxima safra. Sempre que eu precisei eu tive área... mas sempre entrego

corrigida e pronta para outros usos. O nosso programa sempre faz assim.. também

para não onerar a estação experimental e dar trabalho para vocês. Tem áreas

disponíveis para pesquisa, mas é suficiente para alguns e exagerada para outros

pesquisadores e programas. Falta aplicação de critérios na hora de avaliação dos

materiais, onde os excessos só aumentam a demanda das áreas e

consequentemente vai tornando maior a fatia de área disponível. Se a pesquisa não

tornar... eliminar o que é inviável, faltará área para o que é viável, com certeza.

8. Em sua opinião, que apoio ou serviços falta disponibilizar?

Uma melhor avaliação na questão de solos cultiváveis, fazer análise de solo e

coletores de solo mecanizados. Falta também disponibilizar um serviço de cobrança

junto aos programas, no que diz respeito... referente a mão de obra, e horários

ordinários e extraordinários de cada funcionário lotado nos setores, é o que eu

vejo... assim pra visar a necessidade de aumentar ou diminuir o contingente. Tem

muita gente fazendo horas sem necessidade... falta este tipo de cobrança.

9. O que você sugere para a melhoria no atendimento?

Eu gostaria de sugerir melhorias nas condições de equipamentos por exemplo...

informática, telefonia, comunicação em si... pessoal técnico também... contratar.. E

pessoal de apoio operacional... também, mais agilidade no atendimento,

colaboração de quem pede o serviço, para aguardo de uma melhor oportunidade

caso o momento do pedido não seja favorável para executar tal trabalho. Com

certeza, se tiver tudo a favor, o trabalho sairá com perfeição.

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APÊNDICE C

ENTREVISTA Nº 3

1. Como era a estrutura da Estação Experimental de Londrina quando você

iniciou suas atividades no IAPAR?

Eu lembro tinha o R..., que era o agrônomo responsável pela estação como um todo

e tinha os técnicos agrícolas que auxiliavam o administrador na execução dos

trabalhos. E eram cinco, e havia uma distribuição de tarefas bem definidas entre

estes técnicos. Um cuidava do setor casas de vegetação, outro era responsável pela

oficina agrícola, máquinas, havia outro que era responsável pela distribuição de

pessoal, e também tinha ... se não me engano, a área da Maravilha e daquela forma

eu lembro que funcionava muito bem... daquela estrutura funcionava muito bem... o

atendimento do trabalho era mais... Era bem pontual e muito mais dirigido para

aquilo que você pedia então na solicitação de material de atividade. O atendimento

era mais rápido, mas também tinha muito mais disponibilidade de pessoal naquela

época, não é Aldo? Então facilitava muito a execução das atividades, tanto na

irrigação quanto nas aplicações e tratamentos, capina, instalação de experimentos

tudo era mais fácil.

O pessoal da herbologia, por exemplo, tinha uma equipe disponível pra gente em

tempo integral ... tínhamos três técnicos agrícolas um para cada pesquisador... nós

tínhamos três operários de campo, equipe bem entrosada e equipada, percorria o

estado todo fazendo... Tinha uma atividade bem grande no estado todo, testes de

dosagens com produtos, mapeamento de campo, identificação de ervas ... apoio de

laboratórios. Nós pesquisadores ... a gente acompanhava o trabalho na hora da

montagem, e depois nas avaliações... praticamente só escrevíamos os trabalhos...

todo trabalho era tocado pelos T.A.s... e o pessoal de campo, uma equipe bem

sincronizada. Então, tínhamos pessoal especializado e treinado para atividades

nossas... isto facilitava bastante.

2. A partir desta época, no seu entender, aconteceram mudanças na estrutura

organizacional?

Houve muita perda de pessoal, tanto administrativo... administrador aposentou,

técnicos agrícolas se aposentaram, e pessoal de campo... Houve redução de

pessoal da estação experimental acompanhado pela redução do pessoal de apoio...

de apoio... Hoje é contratado pessoal temporário em substituição, que não tem

treinamento pra atividade de pesquisa, quando já estão treinados na atividade tem

que ser... depois de dois anos substituídos. Não pode ser recontratados... Então a

gente perde muito tempo, muita energia treinando esse pessoal e pra depois perder

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esse pessoal e então reiniciar tudo de novo... é muito desgastante. Espero que a

nova diretoria continue a batalhar pelo que anterior.., se começou a discutir, né?... a

fazer o governo entender a especificidade da instituição, fazer um concurso público

colocar pessoas no campo.

3. Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina?

Então, Aldo, eu acho esta questão muito geral, tá? Mas, pra mim... a impressão que

eu tenho da estação é que vocês fazem um esforço enorme pra atender a gente,

mas, eu, na minha avaliação, ainda o atendimento deixa muito a desejar. Eu vejo

assim... mesmo com as dificuldades que vocês têm para atender com este novo

sistema de contratação de pessoal, que não é efetivo nosso, se torna um

complicador pra vocês. Mas aí a gente fica com o atendimento bem comprometido...

não é o ideal e não é o desejado, que daí vai implicar em todas as outras coisas que

eu já coloquei. Existe certa quantidade de pessoas, existem vários equipamentos,

mas quando a gente realmente precisa nem sempre está disponível, tanto pessoal

quanto gente... Então ... Olha tem equipamento, mas, estão executando outros

trabalhos depois vem, ou... está lá na estação tal. O limitador é neste sentido... o

que não é muitas vezes responsabilidade sua. Mas é um problema da estação.

Queria colocar também, eu acho importantíssimo, não vejo má vontade... ah não,

isto não da nada, não tem importância, nada disso... você quer atender e as vezes

não depende só de você.

4. Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da

pesquisa ou dos pesquisadores?

Eu acho que fui muito taxativa: não! É preciso mais agilidade. Assim, falta um

pouquinho de... quer dizer passa a impressão pra gente. Talvez você tenha um

planejamento... um cronograma... mas passa a impressão pra gente... É que a gente

desconhece o funcionamento de vocês e também falta os pesquisadores dizerem...

olha, eu vou colher dia tal, quero plantar dia tal... Há um pouco de desencontro de

informações também... semana que vem eu vou usar tal máquina. Fica difícil acertar

as coisas em tão pouco tempo. Agora me lembrei... A gente faz este planejamento,

quando elabora os projetos, né? A gente tem... não assim semana a semana, mas a

gente tem ...é semear avaliação disto... aquilo... mas a gente não tem a interação

de tudo àquilo que vai usar lá no experimento. A APE assina este planejamento ... a

APE aprova isso... Só que eu acho que isto não chega à estação experimental.

Então também ta faltando esse link... Porque tudo é apodado lá, isso não chega lá?

Esta tudo registrado, elaborado lá, e agora ainda tem o SEPAC ... vocês devem ter

acesso a estas propostas. A APE tá aprovando... olha tem condições de fazer.

Talvez falte a gerência da estação, você, interagir mais com as direções.

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Ali tem... assim... vai ser implantado em londrina, vai ser implantado em Xambrê,

Paranavaí... Se cada administrador ...se tiver isto, consegue programar... fizer um

cronograma. Olha, eu acho que falta pouco para ajustar estes problemas. O apoio

não pode ficar distanciado, tem que estar a par de todas as atividades, ter acesso,

não pode sair daqui da pesquisa e não passar por vocês. Ta faltando planejamento.

5. Com relação a equipamentos e implementos agrícolas, você acha que a

disponibilidade atual é satisfatória?

Com relação a equipamento... os equipamentos ou ainda são insuficiente ou o

planejamento de seu uso está inadequado. Por exemplo... o rolo facas e tritom, eles

saem para outras unidades, ai não voltam no tempo adequado ou a adaptação da

semeadora de plantio direto... não estão adaptados conforme a pesquisa

recomenda. Tem um monte de máquinas na estação, mas quando se precisa não

estão disponíveis. Teve o ano passado, quando precisei da semeadora de

parcelas... ela não estava aqui, estava lá num lugar... não me lembro aonde. Enfim...

e não ia vir porque choveu lá e tinha que esperar para plantar e aqui estava bom pra

plantar. E não tem essa coisa de vai lá buscar, vai num dia e volta no outro, traz e

pronto. Tudo é demorado, precisa de transporte disponível e outros fatores também.

Então tivemos problemas aqui em decorrência de outros. Fez falta aqui... e outra

coisa, tem máquina que tem dono, não é? Como que foi feita esta distribuição de

máquinas novas? Quem comprou pelos seus projetos passam a ser donos? Isso

tem que mudar.

6. Para você, o que citaria como o maior problema já apresentado pela

Estação Experimental de Londrina?

Sempre converso com o O.... sobre o sistema de irrigação ... também é sempre um

problema sério, Aldo, deve ter equipamento de sobra.

O A.. tinha me dito que estavam planejando a compra de equipamentos novos... isso

não aconteceu. A estação deve cobrar isto, tem que modernizar os sistemas.

Sempre que precisa tem todos usando, faltam equipamentos ou estão quebrados.

Não citei o maior, mas eu falei algum aqui... falta de pessoal... Tem que haver um

jeito de nossa diretoria aqui, conseguir que... contratação efetiva de pessoal de

campo, deslocamento de pessoal treinado em certas atividades, pra outra atividade.

Aldo, o nosso exemplo é o caso do JD, quando foi tirado de nós... ele é

especializado em trabalhos com ervas daninhas, identificar sementes, plantas É

claro que pra ele é interessante estar lá naquele setor da CVG... Vai receber horas

extras tudo... Talvez a gente pudesse pegar pessoas que tem certo treinamento...

elas serem motivadas, permanecer naquelas atividades recebendo gratificações por

serem treinadas naquela atividade, entendeu? Ou ter uma outra forma de incentivar

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a pessoa e quando o programa precisa ... este funcionário tem que estar lá, mesmo

que volte a disposição daquela atividade. A pessoa tem que entender que a sua

atuação vai ser desta forma, a forma que ela vai trabalhar vai ser esta. Então a

prioridade de atendimento é da área a qual foi treinada.

Outra coisa ...o treinamento de todo pessoal de campo, em atividades não

direcionadas pra aquilo que ele vai trabalhar ...esse treinamento de informática, por

exemplo, pra todo mundo... Não são todos que irão trabalhar com informática, e nem

é prioridade, até entendo, assim como chama a idéia... de inclusão digital... Eu

considero também o planejamento disto muito necessário. Não se pode tirar o

pessoal de campo todos de uma vez nesta época... para treinar... pode desfalcar os

programas.

O uso de equipamentos irrita bastante ...e áreas externas aumentam ainda mais a

disputa do uso. Temos que esperar onde estão usando para depois usar aqui. O

planejamento faz falta.

Um dos maiores problemas aqui é em relação aos trabalhos, pessoal de campo.

Às vezes precisa terminar uma atividade no final da tarde ...fica pro outro dia, temos

que acompanhar horário do sol, e não horário comercial ...tem que haver um acerto

com o pessoal quanto a horários.

7. Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, você avalia como

adequada a distribuição?

Então, Aldo, eu desconheço como é feito a distribuição. No entanto houve

dificuldades de alocação de áreas para novos pesquisadores contratados... E o que

era esperado... estão todas ocupadas... e chega gente nova...Todo mundo é dono, e

inclusive esse conflito dentro da área de fitotecnia, tem também, né? O O., a P. e

S.... se bem que o S. acabou se ajeitando dentro da área de Agroenergia. Acho que

a D. cedeu uma área na curva 21. Mas me lembro assim das dificuldades em

conseguir. A P. entrou numa área cedida pelo Dr. N.. Eu não sei se vocês tem áreas

de reserva... assim áreas que não é de ninguém para estes casos.

Sempre tivemos curvas ...áreas definidas para nossos experimentos...a nossa área

esta ok.

8. Em sua opinião, que apoio ou serviços falta disponibilizar?

Considero limitado, não tem um controle de tratamento, adubação e histórico de uso

das áreas da estação. Acho que é necessário estabelecer cronograma de demandas

anuais, na estação por área, pesquisador, tanto na necessidade de equipamentos,

irrigação, capinas insumos, para facilitar o processo. Também é preciso fazer

análises de solo periódicas para ter informações completas e histórico de uso de

áreas. No caso de pulverizações fora de horário, com ventos fortes, plantios com

excesso de umidade, pregamos práticas de cultivo e praticamos outras.

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9. O que você sugere para a melhoria no atendimento?

No nosso caso... eu acho que é necessário manter o planejamento de atividades,

segurar equipamentos aqui nas épocas de plantio e, colheitas e também manter

pessoal, mesmo temporário no programa para apoio nas salas de pesquisas e

campo... e também treinamento de pessoal nas áreas específicas.

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APÊNDICE D

ENTREVISTA Nº 4

1. Como era a estrutura da Estação Experimental de Londrina quando você iniciou suas atividades no IAPAR?

Quando eu comecei, eu... eu fui sucessor de uma estrutura, muito... até certo ponto,

paternalista, por parte dos administradores anteriores. Havia aqui dentro feudos,

onde os pesquisadores eram donos das áreas e também protegiam operários rurais,

que era a nossa mão de obra. E isto era um vício difícil de ser administrado, que

criava... além de criar disfunção, dificultava a execução de uma administração mais

científica. Quer dizer, a minha formação não é administração, sou fitotecnista, mas

eu procurei através de uma reestruturação minimizar os problemas administrativos.

A estação era uma estrutura viciada com feudos... Por exemplo, o programa trigo

tinha uma área dentro da estação, o programa feijão... enfim, eles faziam dela o que

bem entendiam. Então não sobrava para o administrador espaço para que ele

cumprisse efetivamente o papel dele, coordenar estas estruturas do ponto de vista

técnico e administrativo. Por outro lado, uma estrutura muito boa em termos de

apoio à pesquisa. Aquela época tinha bastante gente, embora nós utilizássemos em

função do que eu já citei. Problemas diversos, máquinas, por exemplo, era muito

sério. Naquela época tínhamos poucas coisas. Também não tinha disponibilidade

tecnológica que hoje tem, mas tínhamos um bom sistema de irrigação, ou seja, o

foco de uma maneira geral era o problema técnico administrativo.

2. A partir desta época, no seu entender, aconteceram mudanças na estrutura

organizacional? Eu só diria que... Como coloquei antes... isso aqui foi o quadro que eu encontrei. O

que eu tinha, além de tudo, só pra completar aí, né?... uma estrutura de apoio muito

boa por parte dos TAs. Na época tinha o I., que era o T.A. mais antigo, e com

bastante experiência, o V.... e o O..., aquele que faleceu. Quer dizer, então era uma

mistura danada de problemas e serviços, né? Eu procurei diante da experiência e

característica de cada um, setorizar a estação e rotaciona. Quer dizer, então pra

minimizar, diminuir os efeitos daqueles vínculos de amizade, inclusive entre os TA(s)

dos programas e da estação. Naquela época todos os T.A(s) do IAPAR eram

diretamente ligados a APE... não sei se você se lembra disso. Ah! Não é da sua

época, Aldo, você veio depois. Então os TA(s), inclusive os dos programas, todos os

programas era uma salada. A APE era uma estrutura central como se fosse hoje aí

na estação que você comanda. Ela distribuía aos programas... era chamado o apoio

técnico. Se bem que o fim deste outros técnicos era muito mais válido para o líder de

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programa e coordenador de área técnica, a qual eles faziam parte. Mas em termos

de hierarquia eles eram... eles pertenciam, então, à estação experimental. O que ...

quando eu descobri, foi um facilitador. Também eu não sabia destes instrumentos,

falei pô, estes caras nós.. vamos ter que usar, mas não vamos nos aproveitar disto,

mas vou aproveitar, justamente para efetuar as mudanças, começar a fazer à

mudança. Então como eu disse, a estrutura era central da APE para os programas,

eles pertenciam a APE, o programa era a atividade somente.

A partir desta época, o assunto seria o que foi feito em termos de mudanças. Em

primeiro lugar, eu acabei com os feudos, tentei... melhor... acabar com os feudos,

que deu bastante trabalho e principalmente que por traz destes feudos... questões

de clientelismos, ou seja, o engenheiro agrônomo, pesquisador, né?... ele delegava

coisas pro TA e muitas vezes em disfunção, e por sua vez, fazia o trabalho de

pesquisador e delegava pro operário rural, funcionário que estava à disposição da

área... O custo operacional disto era que, você praticamente não tinha acesso para

gerir a mão de obra que na realidade era da estação. Então eu passava no apoio e

via o cara trabalhando com sementinha de feijão, trazia pra cá, e levava pra lá, era

isso. Isso foi em 80, falei pô... Era um protecionismo, problema sério. Então o que eu

fiz, em termos organizacionais... Em primeiro lugar, eu tirei todo mundo dos

programas, e todo mundo ficou ligado a estação, criei mecanismos, procedimentos

de solicitação de mão de obra. Meu amigo foi uma briga de arrebentar, e neste

ponto valeu a minha agressividade, tive que ser muito duro. Ainda bem que, neste

sentido eu não tenho muita dificuldade em ser briguento, mas agressivo no bom

sentido. Quer dizer, muita firmeza, eu perguntava você precisa de quem? Eu preciso

do Z..., o T..., não sei mais quem, então eu falo: não! Quem sabe de quantas

pessoas você precisa sou eu. Se o pesquisador precisa exatamente destas pessoas,

é por que ela tem alguma característica especial, que é dedicada ao trabalho em

questão. Eu diria então, operário não pode ter, pra isso tem um monte de

especialistas... doutores no IAPAR. De vez em quando a gente tava trombando com

pesquisadores neste sentido. Algumas preferências, também, pessoas que por

exemplo, sabia abrir trincheiras de solo, fazer leituras de perfil de solo. Então tinha

que ter bom senso, um pouco, mas com freio de mão puxado.

Eu falava, também, não vou brigar, criar caso com todo mundo. Como eu era

pesquisador, tudo ficava mais fácil negociar... Estando no mesmo nível, mas sempre

quando dava problema, eu batia de frente. Eu dizia que nem o Zagalo, “vocês vão

ter que me engolir”.

Eu era ligado a APE e era cargo de confiança. Queria respaldo.. Vou usar minha

autoridade e vou organizar esse troço como deve ser ou pode colocar outro.

Em termos organizacionais, primeiro foi isto: acabo com esse monopólio de uso de

operário, operário era da estação e distribuído conforme a demanda.

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3. Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina?

Eu hoje vejo que a estrutura da estação está muito capenga, em função da mão de

obra, do descaso que houve nos últimos governos. Muito embora, já aposentado a

sete anos, eu vejo isso. Eu sempre... desde que eu saí daqui, eu mantive um contato

muito grande que a gente que fazia um trabalho em conjunto aqui no IAPAR em

convênio com a Embrapa e Cooperativas. Se vê então, nunca deixei de conviver. Eu

acho que é raro a semana que você não viu minha cara aqui. Prefiro trabalhar com

pesquisa e tal. Então eu vejo o seguinte: a mão de obra minguou, em função

qualidade por questões da quantidade de pessoas e principalmente pelo tipo de

contrato que se faz hoje, onde você não tem vínculo, tá? ... e que o cara sabe que

não poderá trabalhar aqui por dez anos e tal. Então o cara meio que, não tem

comprometimento ou o compromisso é muito pequeno. Em contrapartida, como eu

nunca vi tanto investimento, na parte de estrutura física, o que eu vejo até

desnecessária, como por exemplo, essa colhedora que vocês compraram, daquele

tamanho, pra colher nestes terraços aqui. Talvez fosse melhor ter duas pequenas,

faria um melhor trabalho. Faz um monte de prédio, constrói, tem mais pedreiro aqui

dentro do que operário de campo.

Então... este... ela tá sofrendo um processo de inchaço. Vai servir pra fazer uma

base espacial. Então eu acho que a estação... o IAPAR está passando por um

gigantismo muito grande. É a mesma coisa, Aldo, que você comprar uma carroceria

de Ferrari e colocar um motor de gordini.

Não adianta ter tanta estrutura, tudo isso... Essa injeção de recurso somente em

estrutura física e faltar pesquisadores e mão de obra.

4. Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da

pesquisa ou dos pesquisadores?

Eu colocaria, assim, um ressalto, neste item. Como eu estou fora, eu posso não

estar sendo muito consistente. Isto aqui é um pressuposto de alguém que está aqui

dentro, usando a estrutura. Eu estava aqui, mas ligado à parte técnica e executando

trabalhos fora, não é? Mas isto é a forma como eu vejo, com a minha experiência.

Sou formado há 40 anos sempre trabalhando nesta parte. Quer dizer, é assim, que

eu vejo.

5. Com relação a equipamentos e implementos agrícolas, você acha que a

disponibilidade atual é satisfatória?

Olha, eu acho que ela está além do que é necessária. Hoje se vê máquinas novas...

Eu não sei as dificuldades de hoje que vocês tem, mas se vê tudo funcionando.

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Então, comparo com a nossa época, fazíamos gambiarras, não vencia comprar

peças de máquinas e tratores, quebrava muito.

Eu diria que é um ponto fundamental, do instituto... Até bate um pouco com esta

questão do crescimento muito grande por parte da estrutura física. Seus tratoristas,

meu amigo, aqueles antigos, hoje não servem pra pilotar estas máquinas, tem que

ter contratações de gente nova, acompanhar as inovações.

Resumidamente hoje tem máquinas de sobra no IAPAR e a disponibilização é mais

que satisfatória na minha opinião.

6. Para você, o que citaria como o maior problema já apresentado pela

Estação Experimental de Londrina?

Eu diria más administrações, por parte de diretorias, Recursos Humanos, Diretoria

Técnica... Tivemos muitos problemas e eu sempre fiz parte disto. Eles nunca

apoiaram a estação quanto a sua finalidade. São burocratas... Nós sofremos muito

com isso. Outros problemas eram resolvíveis, mas o pior problema é o político.

Sempre se envolverem com problemas de governo... de repente muda o secretário...

Ah!... tudo que o IAPAR fez até agora está tudo errado. Nós não vamos discutir com

o governo não é?Política muda, governo, presidentes, mas o IAPAR continua.

Então acho que o maior problema apresentado está na submissão política. A ciência

pra funcionar tem que ser neutra, a neutralidade da ciência é fundamental.

7. Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, você avalia como

adequada à distribuição?

Sim eu acho que você hoje, você ainda demanda... Acho que nós perdemos muitas

áreas boas. Com relação... no caso do jardim Botânico, estamos muito amarrado aí,

mal localizado. A cidade encostou demais, estamos muito próximo à cidade. Tava

conversando com o A..., vamos perder mais área ainda 50 m de área pesquisa.

Você ta sabendo disto né? Vamos perder perto de sete ha... Só na área da

Embrapa. Tudo bem ...é exigência da área ambiental... tudo isto é importante

também. Nós temos sempre que se adequar. Não sei dizer se ela é adequada, mas

pelo que tem de gente pra fazer pesquisa, eu acho que sim. Pelas voltas que dou na

Estação, se vê que a ocupação dela é perfeita. Tá tudo sendo usado, nem há muitas

áreas de reserva. Pra atender a função nossa que é a pesquisa tá ótimo. A parte de

produção pode ficar de reserva.

8. Em sua opinião, que apoio ou serviços falta disponibilizar?

Eu acho pelo contato que eu tenho com o IAPAR, hoje, um contato bem próximo,

né? Eu to como voluntário... O que falta disponibilizar é uma forma de fazer a turma

trabalhar mais motivada, motivada em termos de saber que ela terá isso aqui, tá?

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Durante muito tempo e principalmente, utilizar de uma forma muito criteriosa e feroz

a tal de avaliação de desempenho. Eu sempre fodi os caras aqui dentro e eu era o

ruim. Sempre fui taxado como ruim. Eu pegava uns elementos malandros, eu ia lá e

botava, dava zero, e tinhas muitos caras protegidos de pesquisadores e colocava

como excelente. Então eu acho que falta o pessoal valorizar o IAPAR, valorizar os

benefícios, a estabilidade, valorizar os salários que tem a instituição... E o IAPAR

usar com critério e firmeza junto com equipe disciplinar a avaliação de desempenho.

Com a estação presente. Valorizar as pessoas que trabalham.

No meu tempo também não tinha mecanismo de controle, mas a avaliação aqui

sempre foi uma palhaçada. Isso aqui é fundamental...Então a minha opinião de

apoio e serviços que falta disponibilizar é... são critérios que possam realmente fazer

com que a pessoa valorize o trabalho.

9. O que você sugere para a melhoria no atendimento?

Eu acho Aldo que tudo que nós falamos aqui.. Como eu disse... a questão de

valorização, do IAPAR, né?... das pessoas que se dedicam ao trabalho... Criar

mecanismos de punição e premiação. Essa questão da avaliação também... O que

eu sugiro é que vocês façam uma reflexão do que a gente conversou aqui... Opinião

de um ... um cara que participou deste processo por 25 anos. Muito Obrigado pela

oportunidade.

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APÊNDICE E

ENTREVISTA Nº 5

1. Como era a estrutura da Estação Experimental de Londrina quando você

iniciou suas atividades no IAPAR?

Eu iniciei minhas atividades quando começou o IAPAR. Eu vim do IBC, e

praticamente eu vi o IAPAR começar... Não somente ajudava na estação, mas

ajudava na montagem dos experimentos dos programas. Tinha bem poucos técnicos

agrícolas e operários de campo. Depois foi contratando gente.

Olha Aldo, a estrutura era bem diferente da atual, porque no início não tinha toda

esta estrutura que tem hoje. Eu comecei na estação experimental e as atividades

eram poucas. Na estação eu ajudava em outros problemas, porque não tinham

muitos técnicos agrícolas e a demanda dos programas era alta. Ajudei muito no

programa trigo que na época não existia máquinas para semear, colher, pulverizar

herbicidas, programa feijão, desenvolvimento da variedade rali, que hoje é extinto,

mas era bem diferente.

Trabalhos eram mais manuais, a mão de obra naquela época... os funcionários eram

jovens, né? Então era mais fácil trabalhar... o regime era outro. A gente tinha

autonomia para contratar, demitir, então era mais fácil. Hoje tem o pessoal

aposentando, velho, muitos de atestado, outros faleceram. Esta cada dia mais difícil

de trabalhar... essas leis trabalhistas que complicam, neste regime estatutário. Até

hoje não é? Tem estes contratos temporários, pra pesquisa, e só renovado um ano,

tem que contratar novos... se fosse uma linha de produção até não teria problema,

mas pra pesquisa é um problema muito grande, é um dos fatores que deixa a

desejar.

Tinha estrutura de máquinas, não muito potentes como agora... era limitado, na

época era tudo feito manual... hoje é mais fácil com estas máquinas modernas,

plantio direto, herbicidas. Antigamente tinha que arar, era plantio todo convencional,

não tinha herbicidas pós-emergentes. Hoje temos mais recursos e tudo ficou mais

fácil.

Existiam programas de governo com renome internacional, como GTZ...o Doutor

Rolf que comandava ...onde iniciou o plantio direto na década de 70... tinha bastante

ensaios de rotação de culturas, ensaios de solo, preparo de solo perda de solo.

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2. A partir desta época, no seu entender, aconteceram mudanças na estrutura

organizacional?

Antigamente o presidente do IAPAR... o Juliatto... constatou que um órgão de

pesquisa, no porte do IAPAR, para funcionar bem ...teria que ser assim, na

proporção de 1 pesquisador para 3 T.As e 3 Operários de campo... mas esta

proporção era naquela época. Não sei se mudou isso... ele tirou esta conclusão em

outros órgãos... em outros países.

Nunca conseguimos manter esta relação, sempre houve deficiência de operários,

até hoje.

A estrutura não mudou muito, houve trocas, mas continua mais ou menos a mesma

coisa.

3. Como você avalia a atuação da Estação Experimental de Londrina?

Há época eu estava adjunto a APE, Xambrê, Umuarama... você apoiava também

aqui, éramos cinco técnicos, somente para a estação.

Hoje temos mais projetos em andamento... tinha mais pessoas, menos

equipamento, mas hoje é mais tecnificado... só que com menos pessoas.

Hoje, pra tocar pesquisa precisa muito de mão de obra, sem mão de obra não se faz

nada, apesar de ter equipamento bastante. A mão de obra nos programas está em

defasagem.

4. Em sua opinião a Estação atende de forma adequada as demandas da

pesquisa ou dos pesquisadores?

É adequada na medida do possível... Considerando no meu tempo, a gente resolvia

muitas coisas, às vezes não dependia só da gente. Dependia de outros fatores.

Sempre atendemos, mesmo com alguns contratempos, sempre tem né? Alguns

problemas eram de ordem climática, feriados prolongados, horários do trabalho,

saídas pro almoço, faltas sem aviso.

Há uma diversidade muito grande de tarefas, então, Aldo, na minha opinião, o

governo deveria olhar pra isto com outros olhos, estas questões... Contratos

temporários que são improvisos e não atendem totalmente a pesquisa... Temos

muito a perder em resultados e eficiência com isto no IAPAR.

O campo experimental, por ser operacional, ainda cobre certas demandas, em

alguns casos, mas em outras atividades, setores, exemplo, laboratórios... Como este

pessoal poderá trabalhar com instrumentos de aferição, medidas, escalas e

conversões? Precisam treinar e depois perde tudo. É a realidade hoje, no meu

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tempo já era assim. Eu penso sempre: o que vai ser do IAPAR daqui algum tempo,

se não mudar isto.

5. Com relação a equipamentos e implementos agrícolas, você acha que a

disponibilidade atual é satisfatória?

Não era muito satisfatório na minha época. Atualmente, nos últimos meses, quando

eu estava, foi aparecendo alguns implementos novos e tratores mais modernos.

Hoje eu estou vendo, melhorou bem, como nunca, Houve renovação de frota.

Já não estão muito sucateadas, era um tal de tirar peças, comprar, não tinha

dinheiro para serviços, comprar peças. Quando eu estava saindo já estava

chegando máquinas novas, construindo casas de vegetação, prédios de

laboratórios, compra de equipamentos pela Fapeagro e tal. Faltam agora máquinas

pequenas, e implementos adaptados à pesquisa.

Hoje é satisfatória. Parece... este último governo injetou bastante recurso no IAPAR.

Bastante convênios... isto facilita bastante, mas também precisa de pessoas.

6. Para você, o que citaria como o maior problema já apresentado pela Estação

Experimental de Londrina?

O maior problema é o problema de mão de obra, este foi o maior estrago, deu maior

desgaste... atinge os trabalhos dos técnicos, pesquisadores, e sabe?... esta

defasagem aconteceu pelo envelhecimento do pessoal, aposentadorias, rendimento

baixo... os temporários resolvem parte desta defasagem.

Hoje consegue suprir de máquinas, computadores... vai chegar o tempo de ter

máquinas e não ter quem operar. O maior estrago foi nos primeiros anos no início,

da década de 70. Tivemos falta de equipamento ... hoje inverteu... de 80 pra cá.

Não sai concursos públicos?

Eu penso que deveria a estação ter um recurso à parte para contratar seu próprio

pessoal, pagando direitos e tudo, mas fazer isto pela estação, com autonomia.

Vai como sempre empurrando com a barriga, e chega na hora certa de usar a mão

de obra não tem, e corre risco de prejudicar a pesquisa.

Sem dúvida o maior entrave da estação experimental, hoje é o problema da mão de

obra. Hoje equipamento tem bastante. Pesquisa não pode faltar mão de obra. Hoje

mesmo não tem ninguém, não é? Está esperando pra contratar o pessoal do CRES.

Estes contratados também não é legal. Pode dar problemas no futuro, ações

trabalhistas, por exemplo. Seria importante a estação ter autonomia para contratar.

Hoje também não tem mão de obra rural disponível, pessoal de campo que veio do

sítio. Hoje o pessoal tem leitura e não quer mais serviços pesados.

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7. Quanto à disponibilidade de área para pesquisa, você avalia como adequada

à distribuição?

Não avalio como adequada, está bem abaixo do ideal. A área deveria ser bem maior

pra que houvesse área delimitada pra cada programa ter uma área. Precisaria do

dobro da capacidade em área poder fazer uma rotação de culturas. Iniciar tudo de

novo. As áreas são insuficientes. Prejudica a pesquisa. Os programas estão há

décadas na mesma área. Ainda mais agora com o jardim botânico, a cidade está

chegando perto. A fazenda ficou pequena, rodeada de conjuntos habitacionais.

Agora essa área livre de aplicação de agrotóxicos... Só está diminuindo cada vez

mais...

Há uns 15 anos atrás, já foi cogitada a compra ou troca não sei, desta área por uma

área e se mudar a área de pesquisa pra outro lugar. Como fez a Embrapa, que

estava, lembra, provisoriamente aqui junto no IAPAR. Eles compraram lá na Warta

250 alqueires pra pesquisa, eles tem uma área grande. O IAPAR com este número

grande de projetos é insuficiente a área... aqui só ficaria a sede do café ... pra cá, o

prédio, a estrutura física.

Comprar uma área bem mais homogênea, que pudesse fazer esta rotação na área

de pesquisa, numa área melhor, mas isto envolve venda, negociação... isto também

é complicado.

Pra continuar teria que sair daqui. Nós estamos impossibilitados de fazer pesquisa,

rodeado de conjuntos... áreas residencial... não pode aplicar defensivo... é problema

de invasão.

Uma das coisas que precisava era mudar a estação, área mais plana, longe de

conjuntos habitacionais.

8. Em sua opinião, que apoio ou serviços falta disponibilizar?

Bom, eu não estou mais aqui, mas na minha opinião falta gente de apoio ao campo.

Precisa contratar mais pessoal efetivo. A meu ver, também os programas estão

defasados em armazéns, terreiro, secador para grãos, essa infra-estrutura... casas

de vegetação que sempre foi uma briga danada, uma disputa por espaço, e um

pesquisador não pode usar ali com produto tal... porque tem criação de mosca

branca... outro contaminação por nematóides... Então tem... teria que ter espaço

sobrando pra atender todos os programas com folga.

No meu tempo se dizia muito que pra cada R$1,00 investido aplicado na pesquisa, o

retorno era de setenta vezes mais para o governo, agricultor, arrecadação. Se

aplica 1 e o retorno é garantido, a longo prazo, né? Falta visão de futuro por parte

dos governantes... pensar no retorno lá adiante. Igual aos países de primeiro mundo.

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9. O que você sugere para a melhoria no atendimento?

Autonomia para contratar e demitir pessoas, pela estação... Sem passar por

processos complicados. Já que governo não sinaliza contratos efetivos, tem que

haver outra forma de ter pessoal pra não prejudicar os trabalhos.

Pensar em novas formas de contratos. Olha, um exemplo bom, é o que a Corol faz,

fazia em colheitas de laranjas. Lembra?

Também hoje já é difícil contratar, pois não há mais pessoal com experiência,

tarefas rurais. Então investir bastante em treinamento também.

Mudar alguns métodos de pesquisa, fazer o pesquisador adequar o projeto dele com

o que se pode hoje atender. Exemplo: trabalhar com parcelas de ensaios com

menores tamanhos, trabalhar mais em estufas, casas de vegetação, áreas reduzidas

etc...

Flexibilizar os horários do pessoal... tem trabalhos específicos que precisa de horário

à tarde, manhã, sem sol... Enfim precisa moldar esta questão. Às vezes a direção

proíbe ou quer diminuir as horas extras.

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ANEXOS

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Figura 1

ORGANOGRAMA DO IAPAR

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Figura 2

IMAGEM AÉREA DA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL

Vista Aérea da Fazenda Experimental de Londrina – Sede (Ponto de visão = altitude 2,8 km)

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FIGURA 3

MAPA DE BASES FÍSICAS DO IAPAR