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1 https://www.recantodasletras.com.br/poesias-de-vida/6391772 ALCIDES BALTAR, O POETA Francisco de Paula Melo Aguiar (*) O termo “Baltar”, segundo o dicionário dos nomes próprios é um adjetivo ou qualidade de dois gêneros e quer dizer aquilo que estraga as vinhas e/ou seja se refere a uma variedade de videira estéril. O nome também pode designar soldado audacioso de origem germânica. Por outro lado e segundo estudos desenvolvidos sobre o brasão da “Família Baltar”: “O sobrenome Baltar é toponímico e está relacionado á regiões chamadas de Baltar na Galiza, como a que pertencia ao Couto Misto, uma região neutra entre Espanha e Portugal. Outra região chamada de Baltar fica no concelho de Paredes e pertencia ao Concelho de Aguiar de Sousa, em Portugal. O nome Baltar não tem um significado definido, podendo vir do celta balt, que significa “água”, e aar, que se traduz por “corrente”, ou vir do germânico Walter, que significa “chefe do exército”, que gerou os nomes Guálter, Valter, Balteiro entre outros. Outra origem para o nome Baltar é do latim que produziu a palavra galega baltar, que significa “cepa estéril, uma videira que não produz frutos”, logo Baltar era um lugar com videiras estéreis. O brasão da família Baltar é em azul com três estrelas de ouro, com o chefe em vermelho com uma banda de ouro”. (LEEUW,2015). Assim sendo, ainda que por analogia e se algo parecer com o perfil do poeta e seus descendentes é mera coincidência, uma vez que Bittencourt (1914, p. 20) assim escreve sobre: “Alcides Baltar – poeta. Nasceu na Villa Cruz do Espírito Santo, a 12 de Outubro de 1877. Estudou preparatórios no Lyceu Parahybano e empregou-se no commercio, a principio na Parahyba e depois no Recife. Em 1898 matriculou-se na academia de direito desta cidade, recebendo o gráo em 1902. A 6 de janeiro de 1904 foi nomeado procurador fiscal federal, sendo, por questões políticas, demitido desse emprego a 10 de Maio de 1912. Dedicou-se então à agricultura. Vigoroso, assim no physico, como em a intelligencia, cultiva com felicidade e

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https://www.recantodasletras.com.br/poesias-de-vida/6391772

ALCIDES BALTAR, O POETA

Francisco de Paula Melo Aguiar (*)

O termo “Baltar”, segundo o dicionário dos nomes próprios é um adjetivo

ou qualidade de dois gêneros e quer dizer aquilo que estraga as vinhas e/ou

seja se refere a uma variedade de videira estéril. O nome também pode

designar soldado audacioso de origem germânica.

Por outro lado e segundo estudos desenvolvidos sobre o brasão da

“Família Baltar”:

“O sobrenome Baltar é toponímico e está relacionado á regiões chamadas de Baltar na Galiza, como a que pertencia ao Couto Misto, uma região neutra entre Espanha e Portugal. Outra região chamada de Baltar fica no concelho de Paredes e pertencia ao Concelho de Aguiar de Sousa, em Portugal. O nome Baltar não tem um significado definido, podendo vir do celta balt, que significa “água”, e aar, que se traduz por “corrente”, ou vir do germânico Walter, que significa “chefe do exército”, que gerou os nomes Guálter, Valter, Balteiro entre outros. Outra origem para o nome Baltar é do latim que produziu a palavra galega baltar, que significa “cepa estéril, uma videira que não produz frutos”, logo Baltar era um lugar com videiras estéreis. O brasão da família Baltar é em azul com três estrelas de ouro, com o chefe em vermelho com uma banda de ouro”. (LEEUW,2015).

Assim sendo, ainda que por analogia e se algo parecer com o perfil do

poeta e seus descendentes é mera coincidência, uma vez que Bittencourt

(1914, p. 20) assim escreve sobre:

“Alcides Baltar – poeta. Nasceu na Villa Cruz do Espírito Santo, a 12 de Outubro de 1877. Estudou preparatórios no Lyceu Parahybano e empregou-se no commercio, a principio na Parahyba e depois no Recife. Em 1898 matriculou-se na academia de direito desta cidade, recebendo o gráo em 1902. A 6 de janeiro de 1904 foi nomeado procurador fiscal federal, sendo, por questões políticas, demitido desse emprego a 10 de Maio de 1912. Dedicou-se então à agricultura. Vigoroso, assim no physico, como em a intelligencia, cultiva com felicidade e

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maestria as bellas letras; poeta lyrico e satyrico de valimento incontestável. Na tez moreno, na cultura forte e no proceder franco, tem comsigo uma notável particularidade: fala demasiado alto, como que a attestar constantemente a rude franqueza que lhe vai na alma[...]”. (Transcrevemos com a ortografia da época).

A perseguição política sempre esteve presente na vida dos poetas

paraibanos, assim como Alcides Baltar é demitido em 1912, diferente não foi

com Augusto dos Anjos que pediu apenas um mero afastamento para cuidar de

sua saúde no Rio de Janeiro, nesta mesma época. Quem sabe ler e escrever

nunca aceita ser “capacho” de ninguém em troca de favores desnecessários,

em qualquer ramo da atividade humana, inclusive na poesia lírica e satírica,

justamente aquela que denuncia o fato histórico nas entrelinhas dos versos de

cada poesia, doa em quem doer. Ser livre custa caro e é ter amor próprio em

ser assim. A ideologia alheia não serve para quem sabe o que quer.

E Bittencourt (1914, p.30/31) menciona que “na revista acadêmica

Exedia, quando estudante, deu a lume a seguinte composição poética”, que

passamos a transcrevê-la com a ortografia da época:

“ JAMAR

Privado sempre do teu carinho Quando appareces, graciosa santa, A’ flor do lábio, qual passarinho Alviçareiro, meu beijo canta. Canta! E minh’alma risonha, em festa, Esquece os tristes, negros pezares, Para aquecer-se como a floresta Ao sol, ao fogo dos teus olhares. Olhares ternos e penetrantes Que o bando accorda dos meus anhelos Como eu vos amo raios brilhantes De olhos mais negros que os teus cabellos?! Cabellos pretos, finos, ondeados, Monte onde o sonho freme e palpita, Gosto de vê-los desalinhados Apenas presos por uma fita! Fita que prende laço tão breve,

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Bem o quizera ser preso um dia Pelos teus braços, collar de neve __Cadeia eburnea que delicia!... Delicia extrema se as vezes sonho __E ouço minh’alma vibrar no espaço Que vou tranquillo dormir risonho No leito branco do teu regaço. Regaço branco, côr de alvas plumas, __Mar onde o gozo de amor estúa O meu desejo como as espumas A’ superfície, também fluctua!... Fluctua errante, tremo, incerto No alto relevo das minhas preces; Porém, querida voaria certo Ao Paraizo se tu quizesses. Se tu quizesses, doce Maria, Surgir piedosa no meu caminho, A tudo e a todos desprezaria Pela doçura do teu carinho...”.

E lá se vão três poetas significativos e nascidos no mesmo torrão natal:

Edmundo do Rego Barros Filho (1871) Alcides Baltar (1877) e Augusto dos

Anjos (1884) que com a emancipação política de Sapé em 01 de dezembro de

1925 a sede do Engenho Paud’Arco (atual Usina Santa Helena, extinta) passou

a ser parte integrante da nova municipalidade e junto foi a naturalidade do

ilustre poeta do “EU”.

REFERÊNCIAS BITTENCOURT, Liberato. Homens do Brasil. Vol. II – Parahyba – Parahybanos Illustres. Rio de Janeiro: Livraria e Papelaria Gomes Pereira, Editor, 1914, p. 30/31. DICIONÁRIO DE NOMES PRÓPRIOS. Disponível In.: <https://www.dicionariodenomesproprios.com.br/baltar/ >. LEEUW. Blogger. Brasão da Família Baltar. 2015. Disponível in.: <http://brasaodefamilia.blogspot.com/2015/06/brasao-da-familia-baltar.html >.

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Foto 1 Capa do livro.: BITTENCOURT, Liberato. Homens do Brasil – Parahyba – Rio de Janeiro: Livraria e Papelaria Gomes Pereira, Editor, 1914, Vol. II, 331p.

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Foto 2 - Dedicatória do livro – 1914 – Vol. II

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Foto 3.: Página 20 do livro – Biografia de Alcides Baltar (1914).

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Foto 4.: Página 21 – Continuação da biografia/poesia.

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(*) BIOGRAFIA

Francisco de Paula Melo Aguiar, nascido em 3 de abril de 1952, filho de

Sebastião José de Aguiar e Maria do Carmo Melo Aguiar, é paraibano

(sapeense, santaritense e pilarense), professor desde 12 anos de idade

quando fundou na casa de seus pais o atual COFRAG – Colégio Dr. Francisco

Aguiar, em 05 de janeiro de 1964; fundador e mantenedor do IESPA/FAFIL –

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, em Santa Rita – Paraíba (1984 aos

dias atuais). É bacharel em Direito e em Teologia; Licenciado em Pedagogia;

Filosofia e em Educação Física; Mestre em Teologia; Psicanálise e em

Ciências da Educação; Doutor em Teologia; em Psicanálise e em Ciências da

Educação. É membro da Academia Paraibana de Poesia (Cadeira nº 7 desde

1986); e da Academia de Letras do Brasil (Cadeira nº 01/ALB/PB. In.:

<http://www.academialetrasbrasil.org.br/artfranaguiar.htm>. Advogado militante

e Professor de Educação Básica e de Educação Superior. Ex-Vereador (teve

quatro mandatos: 1973/76;1976/80; 1980/83; e 1989/1992); Presidente da

Câmara Municipal e da Assembleia Constituinte Municipal de Santa Rita/PB.

Ex-Secretário Municipal de Meio Ambiente (2005), ex-Secretário Municipal

Chefe de Gabinete/PMSR(2014); ex-Secretário Municipal de

Educação/PMSR(2015). Autor dos livros: Augusto dos Anjos e a realidade do

ser e do não ser; Santa Rita, Sua História, Sua Gente; O menor bóia fria;

Trapiá Poético; De educador para educador; Epítome literário latino;

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Genealogia, história e poesia; Santa Rita, vila centenária; Educação Física,

Mídia e Obesidade Infanto-juvenil; Plano Municipal de Educação/PMSR(2014-

2024) – Coautor/outros; O currículo escolar e o uso do vídeo em sala de aula.