alcaloides tropanicos

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ALCALÓIDES TROPÂNICOS Os alcalóides tropânicos são agentes anticolinérgicos. Inibem a ação da acetilcolina em efetores autônomos, inervados pelos nervos pós- ganglionares colinérgicos, bem como na musculatura, que é desprovida de inervação colinérgica. Pequenas doses destes agentes deprimem as secreções salivares e brônquicas e a sudorese. Com doses maiores, a pupila dilata, a capacidade de acomodação do olho é inibida e os efeitos vagais sobre o coração são bloqueados, o que ocasiona o aumento da freqüência cardíaca. Aumentando-se ainda mais a dose, ocorre a inibição do controle do sistema parassimpático sobre a bexiga urinária e sobre o sistema gastrintestinal, dificultando a micção e diminuindo a motilidade intestinal (-) cocaína L-hiosciamina

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Page 1: Alcaloides Tropanicos

ALCALÓIDES TROPÂNICOS

 

Os alcalóides tropânicos são agentes anticolinérgicos. Inibem a ação da acetilcolina em efetores autônomos, inervados pelos nervos pós-ganglionares colinérgicos, bem como na musculatura, que é desprovida de inervação colinérgica. Pequenas doses destes agentes deprimem as secreções salivares e brônquicas e a sudorese. Com doses maiores, a pupila dilata, a capacidade de acomodação do olho é inibida e os efeitos vagais sobre o coração são bloqueados, o que ocasiona o aumento da freqüência cardíaca. Aumentando-se ainda mais a dose, ocorre a inibição do controle do sistema parassimpático sobre a bexiga urinária e sobre o sistema gastrintestinal, dificultando a micção e diminuindo a motilidade intestinal

(-) cocaína L-hiosciamina

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Os dois tipos de alcalóides são importantes na terapêutica atual e constituíram os protótipos a partir dos quais foram desenvolvidos análogos sintéticos, principalmente das classes de fármacos anticolinérgicos e anestésicos locais.

 

Alcalóides de Solanaceae e Erythroxylaceae

  Os alcalóides tropânicos, da família Solanaceae foram utilizados por suas propriedades alucinógenas.

Inibem as ações da acetilcolina em efetores autônomos inervados pelos nervos pós-ganglionares colinérgicos, bem como na musculatura lisa, que é desprovida de inervação colinérgica.

São conhecidos como substâncias antimuscarínicas ou bloqueadores de receptores muscarínicos.

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Estes alcalóides competem com acetilcolina no sítio muscarínico do sistema nervoso parassimpático, e previne a passagem do impulso nervoso sendo classificados como anticolinérgicos.

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Ações antimuscarínicas centrais

Doses maiores

Diminui secreção salivar, brônquica e sudorese

Inibição do parassimpático da bexiga e do trato gastrintestinal

Ação antiespasmódica sobre a musculatura lisa TGI, vesícula e bexiga

Dificuldade de micçãoDiminui o tônus muscular

a capacidade de acomodação do olho é inibida

Alucinações e câimbras

Dilatação da pupila Diminui a motilidade intestinal

e o tônus muscular

Aumento da frequência cardíaca

Taquicardia, arritmias

Atividade Farmacológica e Biológica É provável que a maioria dos efeitos dos alcalóides tropânicos no SNC em doses usuais seja atribuída às suas ações antimuscarínicas centrais.

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Beladona, Atropa belladona L., Solanaceae

Partes usadas: folhas e sumidades floridas

É um arbusto perene, existente na Europa Central e Sul. O cultivo ocorre principalmente na Alemanha, Inglaterra, Índia e Estados Unidos. É designada como planta da sombra da noite, porque era freqüentemente usada para envenenamentos. Possui como alcalóides principais hiosciamina, escopolamina e apoatropina.

A droga: as partes aéreas.

Dados químicos:

A Farmacopéia Brasileira e a Ph. Eur. III determinam um teor mínimo de 0,3 % de alcalóides totais calculados como hiosciamina. As folhas contêm em média 0,3 a 0,5% de alcalóides, sendo o principal (-)-hiosciamina.

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Possui também: pequena quantidade de bases voláteis, como nicotina,

glicosídeos flavônicos e as cumarinas.

hiosciamina-escopolamina é de 20:1

Dados farmacológicos e toxicológicos:

As intoxicações de modo geral ocorrem pela ingestão dos frutos pretos, atraentes e de sabor doce, principalmente pelas crianças, para as quais 3 a 4 frutos são considerados letais.

Muitas patologias retinianas e sistêmica podem ser diagnosticadas pelo exame de fundo de olho, e as drogas dilatadoras da pupila (midriáticas) são ciclopentolato e a atropina.

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Os alcalóides da beladona são absorvidos rapidamente a partir do trato gastrointestinal. Penetram na circulação sanguínea quando aplicados topicamente nas mucosas. A maior parte da atropina é excretada na urina nas primeiras doze horas após sua administração, em parte, inalterada, no entanto, os efeitos oculares podem persistir por alguns dias.

Efeitos adversos e precauções de uso:

A droga e suas preparações são contra-indicadas em taquicardia, arritmias, adenoma de próstata, glaucoma, edema de pulmão. Como efeitos colaterais surgem secura da boca, diminuição das secreções sudoríparas, dificuldade de acomodação visual, vermelhidão e secura da pele, hipertemia, taquicardia, dificuldade de micção, alucinações e câimbras.

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Beladona

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Especialidades Farmacêuticas

Atropina: injetável 0,250 mg e 0,500 mg, caixa com 100 ampolas de 1 mL. Hipolabor

Solução injetável de sulfato de atropina A 0,50 mg, caixa com 100 ampolas de 1mL. Brásmédica

Atropina 0,5% - 1%

Midriático, cicloplégico. Frasco conta-gotas de 3 mL de colírio. Allergan

Extrato de belladonna

Ajustado para conter 1,25% de alcalóides na forma de extrato (Pupilar Belladonna Extract) ou extrato seco

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Lab. DM Indústrias Farmacêuticas

FARMACO ANTIMUSCARINICO (Parasimpatolítico)

Producto: ATROVERAN

COMPOSICIÓN: Cada 30mL contém: papaverina 200mg, tintura de belladona 5mL, tintura de meimendro 5mL, alcohol 10mL, excipiente aromatizado com badiana cs.

Cada ml (30 gotas) contiene: Papaverina  6,67 mg;  tintura Belladona, 150,33 mg; tintura Beleño, 151,63 mg; Alcohol 444,33 mg; Excipiente c.s.p. 1 ml.

INDICAÇÕES: Antiespasmódico para o tratamento de condições dolorosas abdominais e pélvicas como espasmos gastrointestinais, dismenorrea, cólicas biliares y ureterais.

Posologia: 30 gotas cada 6-8 horas. Preferentemente antes da comida. APRESENTAÇÕES: Gotas: Frasco de 15 ml e 30 ml. E.F.: 1.220

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Laboratório MusaColinexCloridrato de papaverina 10,0 mL, tintura de beladona 0,25mL, tintura de meimendro 0,25 mL, tintura de boldo 0,3 mL, tintura de badiana 0,20 mL veículo 100 mL.Antiespasmódico

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Estramônio, Datura stramonium L., SolanaceaeFolhas e sumidades floridasEstramônio, figueira-do-inferno

Duas variedades, uma de flor branca e outra de flor violeta.

Originárias da América Central algumas espécies eram utilizadas como alucinógenas, especialmente em ritos mágicos e religiosos, por indígenas americanos.

A droga não deve conter menos de 0,25% de alcalóides, calculados em hiosciamina. O estramônio contém, em média, 0,2 a 0,6% de alcalóides, sendo que a proporção entre os principais alcalóides hiosciamina e hioscina (escopolamina) é de 2:1. Na espécie são encontrados 4 a 6% de taninos, glicósideos flavônicos (rutina), ácidos orgânicos e a cumarina escopoletina. A principal utilização farmacêutica é como fonte de matéria-prima: obtenção de atropina e escopolamina. 

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Figueira do inferno

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Trombeteria, Brugmansia suaveolens, SolanaceaeDatura suaveolens Trombeteira-cheirosa e saia brancaFolhas

Esta espécie é originária da América do Sul tropical, utilizada no Brasil como ornamental.

O teor de alcalóides tropânicos varia de 0,36 a 0,56%. Como o teor de escopolamina é bem maior que o de hiosciamina, todas as ações farmacológicas e tóxicas serão devidas a este alcalóide.

A escopolamina é um medicamento para todo tipo de enjôo. e esta ação é atribuída a um bloqueio dos receptores muscarínicos. É também um potente inibidor e relaxante dos movimentos gastrintestinais (antiespasmódico). Buscopan®

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Meimendro

Saia branca

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Meimendro, Hyoscyamus niger L., Solanaceae

Parte usada: folhas e sumidades floridas

Meimendro-negro e erva dos cavalos.

Nativa na Europa, Ásia e Norte da África naturalizada na América do Norte.

As folhas de meimendro devem conter no mínimo 0,05 e 0,07% de alcalóides totais, predominando hiosciamina e escopolamina. Estão presentes os flavonóides, principalmente rutina e cerca de 8% de taninos.

O meimendro é semelhante à beladona e ao estramônio em sua ação, porém mais tênue, devido ao menor teor de alcalóides tropânicos. É empregada principalmente em espasmos do trato gastrintestinal, sendo os efeitos indesejados e precauções semelhante aos apontados para a beladona.

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Homatropina (semi-sintético) – midriático

Tropicamida e ciclopentolato - midriáticos

Benzatropine – Tratamento de Parkison

Glicopirronium – Diminuir as secreções brônquicas

Semi-sintéticos

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Brometo de ipratropium e brometo de oxitropium – bronquite crônica

Butilbrometo de hioscina (escopolamina) – sintetizado a partir da hioscina é um gastro-intestinal antiespasmódico

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Coca, Erythroxylum coca Lam. e E. novogranatense, Erythroxylaceae.

Parte usada: folhas

O cultivo ocorre nas zonas montanhosas do leste dos Andes, na Bolívia, Equador, Peru e Colômbia, em ambiente tropical favorável, com alto índice pluviométrico e com solo rico em minerais e muito bem drenado. A coca andina é cultivada a partir de sementes e as folhas são coletadas após 2 a 3 anos. As folhas contêm entre 0,23 e 0,96 % de cocaína.

A coca colombiana, E. novogranatense, adapta-se em locais quentes, secos e de menor altitude. O teor médio de cocaína da coca colombiana é de 0,47%. Existe uma outra variedade no comércio, que está bem adaptada a condições de deserto cujas folhas possem até 1% de cocaína, sendo ricas em salicilato de metila, o que torna essa variedade muito agradável em bebidas.

Seu extrato foi usado na fabricação da coca-cola até 1906.

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Tem ação anestésica local

Estimulante devido a reabsorção da catecolamina.

Grupos funcionais: éster ácido carboxílico aromático e um grupo amino básico separado por uma cadeia de hidrocarbonetos.

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Procaína - foi o maior análogo empregado, agora pouco usado

Benzocaína - usada topicamente, mas de curta duração

Tetracaína (ametocaina), oxibuprocaina e proximetacaina - anestésico locais usados principalmente pelos oftalmologistas

Lidocaína - o análogo mais usado, com ação rápida, boa absorção e estabilidade que pode ser usado em injeção ou topicamente.

Prilocaína - semelhante à lidocaína porém menos tóxica

Bupivacaína – maior duração

Análogos sintéticos

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Ropivacaína, mepivacaína e articaína - amidas usadas predominantemente pelos dentistas com ação anestésica local

Cinchocaína – incorporada em preparações para hemorróida

Lidocaína – potente droga antiarrítimica

Tocaínida, procainamida e flecaínida – análogos a lidocaína