aisp - as técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de...

24
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DIRETORIA DE ENSINO E INSTRUÇÃO ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DOM JOÃO VI CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS Áreas de Integração de Segurança Pública - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ª CISP CARLOS MARTINS DA VEIGA AL OF PM RODRIGO BENTO DA SILVA AL OF PM Artigo Científico apresentado à Academia de Polícia Militar Dom João VI para cumprimento de exigência da disciplina tal do Curso de Formação de Oficiais. ORIENTADOR DE CONTEÚDO Major PM Jomar Silva Rio de Janeiro outubro 2010

Upload: guerreiroitb

Post on 29-Jul-2015

119 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DIRETORIA DE ENSINO E INSTRUÇÃO

ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DOM JOÃO VI

CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS

Áreas de Integração de Segurança Pública - As

técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução

dos indicadores de criminalidade na área da 33ª CISP

CARLOS MARTINS DA VEIGA AL OF PM

RODRIGO BENTO DA SILVA AL OF PM

Artigo Científico apresentado à Academia de Polícia Militar Dom

João VI para cumprimento de exigência da disciplina tal do Curso de

Formação de Oficiais.

ORIENTADOR DE CONTEÚDO

Major PM Jomar Silva

Rio de Janeiro outubro – 2010

Page 2: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

2

Áreas de Integração de Segurança Pública - As

técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução

dos indicadores de criminalidade na área da 33ª CISP

CARLOS MARTINS DA VEIGA AL OF PM

RODRIGO BENTO DA SILVA AL OF PM

Resumo.Este artigo busca descrever as estruturas e divisões das Regiões Integradas de

Segurança Pública (RISP), Área Integradas de Segurança Pública (AISP)1 e Circunscrições

Integradas de Segurança Pública (CISP), bem como seus objetivos; apresentar as

características do geoprocessamento de dados como ferramenta da análise criminal aliado a

técnicas de análise criminal e métodos de resolução de problemas; e comparar os resultados

dessa metodologia de controle do delito, especificamente, no indicador estratégico de roubo

de rua (resultado da soma dos delitos de roubo a transeunte, roubo de celular e roubo em

coletivo) na área da CISP 33 ( área correspondente aos bairros de Campo dos Afonsos,

Deodoro, Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Realengo e Vila Militar) no primeiro trimestre

de 2009, antes da implantação do Sistema de Definição e Gerenciamento de Metas para os

indicadores estratégicos de criminalidade no território do Estado do Rio de Janeiro (SIM), e

no primeiro trimestre de 2010, depois da implantação do SIM. Para tanto foram

entrevistados: o Delegado de Polícia Civil Pedro Paulo Pontes Pinho, titular da 33ª Delegacia

Policial (DP.); o Capitão da Polícia Militar Marcus V. B. Lima, Comandante da Segunda

Companhia (Cia) do 14º Batalhão de Polícia Militar (BPM) responsável pela área que está

inserida a 33ª DP. ; o Major André Henrique de Oliveira Silva Chefe da seção de

planejamento de operações (P/3) do 14º BPM, onde são planejadas as ações operacionais para

a área da AISP 14; o Presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP)2, órgão responsável

por análises criminais e outros projetos na área de segurança pública, Tenente Coronel Paulo

Augusto Teixeira; e entrevistada também a Presidente da Associação de Moradores do Jardim

Sulacap, bairro que está inserido dentro da CISP 33, Sra. Eloisa Maria Massad. Optou-se pela

pesquisa bibliográfica descritiva. Ao longo do trabalho, pode-se perceber que esse modelo de

1 AISP trata-se da correspondência geográfica entre a área de um batalhão da PM (responsável pelo policiamento ostensivo e a preservação

da ordem pública) e uma ou mais circunscrições de delegacias da PC (exercendo funções de polícia judiciária e apuração de infrações

penais). 2 O ISP é uma autarquia criada em dezembro de 1999, para assegurar, gerenciar, executar a política de segurança pública do Estado do Rio

de Janeiro, elaborando o planejamento da força policial que mais atenda as necessidades da sociedade. O ISP está vinculado a secretaria de

Estado de segurança pública, mas tem receita própria e gestão descentralizada.

Page 3: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

3

divisões em áreas de atuação de cada Batalhão e delegacias contribuiu para facilitar as

divisões de competências e diminuir as dificuldades históricas de trabalho em conjunto entre

as Polícias Civil e Militar; houve também uma mudança de perspectivas em relação aos

rumos da segurança pública, graças ao estabelecimento de metas claras e possíveis de serem

cumpridas e acompanhadas pela sociedade. Quanto ao uso do geoprocessamento, ficaram

nítidas as contribuições dessa ferramenta que possibilitou relacionar crimes com as

características dos locais que eles ocorreram, interrelacionando variáveis que antes não se

observava alguma relação pertinente. Aliado a isso, foi intensificado o uso de modernas

técnicas de resolução de problemas, métodos de melhoria de processos e avaliação de

resultados que antes, praticamente, só eram usados na iniciativa privada e que melhoraram

muito o controle da criminalidade. Consegui-se assim, a redução dos delitos tidos como

estratégicos na área da CISP 33, notadamente os de roubo de rua, que causavam forte

sensação de insegurança naquela comunidade e nas pessoas que tinham aquele local como

destino ou passagem obrigatória.

Palavras-chave: Áreas Integradas, ferramenta de Análise e controle de Delitos.

Resumen: Este artículo trata de describir las estructuras y las divisiones de las Regiões

Integradas de Segurança Pública (RISP), Áreas Integradas de Segurança Pública (AISP) y

Circunscrições Integradas de Segurança Pública(CISP), así como sus objetivos; presentar las

herramientas de análisis criminal y método de resolución de problemas; y comparar los

resultados de esta metodología de control del delito, específicamente, el delito de robo (suma

de los delitos de robo a transeúnte, teléfono móvil y el robo en autobús) de calle en la área de

la CISP 33 (área correspondiente a los barrios de Campo dos Afonso, Deodoro, Jardim

Sulacap, Magalhães Bastos, Realengo y Vila Militar) en el primer trimestre de 2009, antes de

la implantación de este conjunto de técnicas, y en el primer trimestre de 2010, después de

esta implantación. Para tanto, fueron entrevistados: el Jefe de Policía Civil Pedro Paulo

Pontes Pinho, titular de la 33 ° Comisaría; Capitán de la Policía Militar Marcus V. B. Lima,

Comandante de la Segunda Compañía del 14° Batallón de Policía Militar (BPM) responsable

por el área que se inserta en el 33 ° Comisaría; el Major André Henrique de Oliveira Silva,

Jefe de la sección de planeamiento de las operaciones (P/3) del 14°; de donde son trazadas las

acciones operacionales para el área de la AISP 14; el Presidente del Instituto de Segurança

Pública (ISP), órgano responsable por análisis criminales y otros proyectos en el área de la

seguridad pública, Teniente Coronel Paulo Augusto Teixeira; y también se entrevistó el

Presidente de la Asociación de Residentes del Jardim Sulacap, barrio que se inserta en el

Page 4: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

4

CISP 33 y en donde se encuentra la Academia de Policia Militar D. João VI(APM), la señora

Maria Eloisa Massad. Elegimos la pesquisa bibliográfica descriptiva. A lo largo de la obra, se

puede percibir que este modelo de divisiones en las áreas de actuación de cada Batallón y

Comisaría y ha contribuido para facilitar las divisiones de las competencias, como también

mejoró las dificultades históricas de trabajo conjunto entre la Policía Civil y Militar; hubo

también un cambio de perspectiva en relación a los rumbos de la seguridad pública, mediante

el establecimiento de objetivos claros y posibles de ser cumplidos y acompañados por la

sociedad. Unido a esto, se fue intensificado el uso de modernas técnicas de resolución de

problemas, métodos de mejoría de procesos y evaluación de los resultados que antes,

prácticamente, se utilizaron sólo en iniciativa privada y que mejoró significativamente el

control de la criminalidad. Se logra así, la reducción de los delitos considerados como

estratégicos en el área de la CISP 33, en particular las de robos callejeros, lo que causaban

fuerte sentimiento de inseguridad en la comunidad y la gente que tenía ese lugar como un

destino o pasaje obligatoria.

Palabras-llave: Áreas Integradas, herramienta de Análisis y control de Delitos.

Introdução. Hoje, vive-se na sociedade do conhecimento e as modernas técnicas de

planejamento e gestão não admitem mais decisões que não sejam baseadas em informações

precisas e confiáveis. Conforme já ensinava o estrategista “Conhece-te a ti a ao teu inimigo e,

em cem batalhas que sejam, nunca correrás perigo. Quando te conheces mas desconheces ao

teu inimigo, as tuas hipóteses de perder e de ganhar são iguais. Se te desconheces e a teu

inimigo também, é certo que em qualquer batalha correrás perigo.”(Tzu, pag.46), é

imprescindível saber quem estamos combatendo. Nesse contexto de busca por melhores

resultados, surgem em 1999, as Áreas Integradas de Segurança Pública (AISP) que se

caracterizam pela articulação territorial no nível tático-operacional entre a Polícia Civil e a

Polícia Militar, existem atualmente 40 AISP representadas pelos comandantes dos BPM e

pelos delegados das Delegacias Policiais das áreas. Seus objetivos são: padronizar a

metodologia para o planejamento e coordenação, controlar das ações operacionais a serem

desenvolvidas para atender com qualidade e custos adequados as necessidades e expectativas

da população. Para se entender melhor essa divisão basta dizer que cada Região Integrada de

Segurança Pública (RISP) Equivalente ao Comando de Policiamento de Área (CPA) –

Conjunto de AISP e cada (AISP) Equivalente ao Batalhão – Conjunto de Circunscrição

Integradas de Segurança Pública (CISP) – equivalente a integração de uma Circunscrição de

DP mais uma ou um conjunto de Cia PM (vide apêndice). Nesse contexto, o

Page 5: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

5

geoprocessamento funciona como ferramenta da análise criminal aliado as modernas técnicas

de controle criminal e de resolução de problemas para se conseguir ver claramente as áreas

mais críticas, os tipos de delitos mais comuns, horários, vítimas mais vulneráveis e muito

mais dados que um banco de dados bem preciso e rico pode oferecer. Pode-se citar como

metodologias de análise e solução de problemas: Método SARA ou IARA; Diagrama de

Causa e Efeito ou de Ishikawa; Brainstorming; Hierarquização das Causas e o Ciclo - P D C

A. Com os resultados obtidos por essa metodologia na área da CISP 33 (área coberta pelo 14º

Batalhão de Polícia Militar- BPM e pela 33ª DP.) no período entre o primeiro trimestre de

2009 e primeiro trimestre de 20103 mostraram que houve redução nos delitos de roubo de rua

(composto pelos crimes de roubo em coletivo mais roubo a transeunte e roubo de celular) de

8,4%. Diante disso, surgem os seguintes questionamentos: Quais foram as vantagens da

utilização das ferramentas de geoprocessamento aliado as metodologias de controle criminal e

de resolução de problemas na segurança pública? Como é feito o controle criminal na CISP

33?

Desenvolvimento. As Áreas Integradas de Segurança Pública - A criação e implantação

das Regiões Integradas de Segurança Pública (RISP)4, das Áreas Integradas de Segurança

Pública (AISP) e das circunscrições integradas de segurança pública (CISP) vieram na

tentativa de dar definição de responsabilidades por área e também à necessidade de se obter

maior efetividade das ações operacionais em uma mesma área de responsabilidade

territorial, garantindo-se unidade de propósitos e apoio mútuo entre as instituições de defesa

3 Tivemos o cuidado de, ao analisarmos os gráficos consideramos a sazonalidade para não interpretarmos as mesmas de forma imprecisa,

pois os índices criminais variam sazonalmente, logo, a recomendação da CAP (Coordenadoria de Análise de Policiamento) é que se

comparem períodos equivalentes de tempo em anos distintos, como por exemplo: o primeiro trimestre de 2009, com o primeiro trimestre de

2010, e também Comparar bairros com peculiaridades afins. Dependendo do crime e do período escolhido em um gráfico a ser comparado e

da metodologia utilizada, é possível fazer a manipulação tanto dizendo que a criminalidade está baixando ou aumentando, exemplo disto era

a notificação elevada de apreensão de armamento. Pode-se entender que há mais armas circulando ou que a atividade policial está mais ou

menos eficaz, logo, a polícia está reprimindo mais.

4 Existem no Estado, 18 AISP na capital (3 no centro composta pelas AISP 1, 5 e13; 7 na zona norte composta pelas AISP 3, 4, 6, 09, 16, 17

e 22; 03 na zona sul composta pelas AISP 02,19 e 23 e 05 na zona oeste composta pelas AISP 14, 18, 27, 31 e 39 ) e 22 em outros

municípios (06 na baixada fluminense composta pelas AISP 15, 20, 21, 24, 34, e 40; 02 na grande Niterói composta pelas AISP 7 e 12; 14 no

interior composta pelas AISP 08, 10, 11, 25, 26, 28, 29, 30, 32, 33, 35, 36, 37 e 38). Em seguida foram criadas as RISP, que são 7 em todo o

estado 02 na capital ( RISP 01 composta pelas AISP 01, 02, 03, 04, 05, 06, 13, 16, 17, 19, 22, e 23; RISP 02 composta pelas AISP 09, 14, 18,

27, 31 e 39), e 05 em outros municípios ( RISP 03 composta pelas AISP 15, 20, 21, 24, 34 e 40; RISP 04 composta pelas AISP 07, 12, 25

e 35; RISP 05 composta pelas AISP 10, 28, 33 e 37; RISP 06 composta pelas AISP 08, 29, 32 e 36; RISP 07 composta pelas AISP 11, 26, 30

e 38).

Page 6: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

6

social, com vistas na convergência de esforços (Decreto nº 41.930 de 25 de junho de 2009).

Podem ser definidas como “Circunscrições territoriais que agregam outras agências

prestadoras de serviços públicos essenciais sob a responsabilidade compartilhada e direta de

um batalhão da PMERJ e uma ou mais delegacias de Polícia Civil.” (Resolução SSP nº 263 de

26 de julho de 1999). Também visam a servir de base para definição de critérios de bom

desempenho das forças policiais, e opostamente, para penalização de condutas não desejadas.

A definição de AISP segundo o site do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro -

autarquia, com o objetivo de colaborar na promoção dos saberes comuns à Segurança Pública,

e a sociedade civil é a seguinte:

“Mais que uma nova divisão geográfica das áreas de atuação das Polícias Civil e

Militar, as AISP foram criadas em 1999, por meio de resolução do secretário de

Segurança Pública, para estreitar as relações entre as corporações e, assim, melhor

assistir à população. Em todo o estado são 40 AISP, cada qual representada pelos

comandantes dos batalhões da Polícia Militar e delegados titulares das delegacias

distritais. As AISP também instituíram um Conselho Comunitário de Segurança que,

juntamente com a força policial, fica responsável pela avaliação por área da

dinâmica criminal, observando ainda a incidência criminal, elucidação de delitos e

qualidade do serviço prestado pela polícia. Numa gestão participativa, a sociedade

é convidada a identificar os crimes mais comuns, discutindo soluções integradas e

acompanhando os resultados das medidas adotadas. Mensalmente, cada AISP

promove, ainda, um Café Comunitário para avaliações do policiamento com

representantes da sociedade.”( site do ISP- http://www.isp.rj.gov.br)]]]

Instituto de Segurança Pública que realiza convênios com municípios interessados em

serviços relacionados à segurança pública local, através de consultorias técnicas com produtos

adaptados às peculiaridades locais.

Art. 1º - Fica criado o INSTITUTO DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DO

RIO DE JANEIRO - RIOSEGURANÇA, com

a finalidade de assegurar, executar, gerenciar e administrar, de forma uni

procedimental, por intermédio das Polícias Civil e Militar, a política de segurança

pública do Estado do Rio de Janeiro, promovendo, ainda,

o aprimoramento profissional dos membros daquelas corporações.( Lei nº 3329

de 28 de dezembro de 1999- Criação do ISP)

Alguns desses projetos desenvolvidos que se destacam são projetos em parceria com a

comunidade, e com órgãos relacionados à segurança pública. Com as comunidades se

destacam os Conselhos Comunitários de Segurança que são entidades de apoio à Polícia

Estadual nas relações comunitárias, e se vinculam, por adesão, às diretrizes emanadas da

Secretaria de Segurança Pública, participam das decisões relativas às políticas de segurança

pública específicas para a localidade dando o retorno para as autoridades dos resultados

obtidos. Tem como característica ser consultivo, sendo formado por membros da própria

Page 7: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

7

comunidade e representantes das polícias, é uma forma da comunidade recuperar a autonomia

nas decisões locais e compreender a complexidade dos assuntos relacionados à violência

entendendo que as questões de criminalidade não são resolvidas apenas com aumento de

policiamento nas áreas. E com os órgãos relacionados à segurança pública se destaca a análise

criminal.

As atividades de pesquisa e análise criminal têm por objetivo o levantamento

e tratamento de dados que subsidiem os agentes públicos de segurança na tomada

de decisões e no direcionamento de estratégias para o controle da violência e

criminalidade. Além disso, fornece relatórios estatísticos periódicos sobre a

situação da criminalidade constatada no estado que, ao serem publicados, podem

ser usados para o conhecimento de pesquisadores, da mídia e da população de uma

maneira em geral. (site do ISP- http://www.isp.rj.gov.br).

Foi ouvido também o Presidente do ISP, Tenente Coronel Teixeira, que detalhou o papel do

órgão que ele preside e suas contribuições. Frisou que o ISP fornece ferramentas de

monitoramento que contribuíram para a mudança de foco da repressão para a prevenção, essa

nova mentalidade tem dificuldades, sendo as principais: a resistência de alguns que não

querem sair da zona de conforto a mudar suas concepções e a estrutural, pois não há muitos

policiais habilitados ao trabalhar com os microdados5

, ferramentas de informática e

geoprocessamento. Para diminuir esse problema, o ISP realiza cursos de capacitação para

policiais que se tornaram multiplicadores nas unidades em que servem. Assim, essa divisão

por áreas favoreceu a divisão de responsabilidades dos resultados, melhorou a integração das

polícias Civil e Militar e órgãos governamentais e não governamentais, criou um critério mais

objetivo para a premiação de bons resultados de desempenho. Há ainda algumas distorções,

mas esse sistema está em aperfeiçoamento contínuo tendo como aliado o ISP com seu papel

fundamental de análise de resultados e acompanhamento técnico.

O Geoprocessamento e os métodos de análise e resolução de problemas e a análise

criminal - Na prática, o geoprocessamento, ou geoinformação, é o uso de computadores e

mapas para se conseguir cruzar informação de uma determinada ocorrência em determinado

lugar, significa, antes de tudo, utilizar computadores como instrumentos de representação de

dados espacialmente referenciados. Deste modo, o problema fundamental da Ciência da

Geoinformação é o estudo e a implementação de diferentes formas de representação

computacional do espaço geográfico. O geoprocessamento se utiliza de técnicas matemáticas,

computacionais e geográficas destinadas à coleta e ao tratamento de informações espaciais.

5 Arquivo que contém informações que serão trabalhadas no processo de análise das ocorrências registradas

na Delegacia Policial.

Page 8: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

8

Envolve também o desenvolvimento de sistemas (softwares) que utilizam esses dados. Esses

sistemas são chamados de Sistemas de Informação Geográfica – SIG. Esses sistemas surgiram

na década de 60, no Canadá, mas seu uso foi inicialmente restrito a descobertas de recursos

naturais, uso que se estende até hoje em todo mundo. Um dos problemas que se enfrentavam

era a dificuldade de visualização dos dados representados devido aos recursos de informática

que não ofereciam resolução suficiente. Esse era um grande limitador, pois esse sistema tem

como grande diferencial a fácil compreensão dos fenômenos estudados devido ao seu

posicionamento no espaço, assim dependendo da escala era impraticável seu uso. Fora essa

questão, tinha-se a dificuldade com a mão de obra especializada e programas específicos. Para

se conseguir abastecer o banco de dado são precisos dados que devem partir de uma definição

clara de parâmetros e variáveis. Esses dados podem ser conseguidos em fontes confiáveis de

órgãos públicos como o IBGE, INCRA e prefeituras. Para complementação dos dados são

usadas técnicas de digitalização, fotogrametria, sensoriamento remoto, sistema de informação

geográfica (SIG) que possibilita a visualização espacial das ocorrências criminais sendo capaz

de orientar visualmente os gestores em segurança Pública sobre questões conexas a

criminalidade 6 e estatística descritivas

7 de dados utilizando-os de maneira a reprimir os

possíveis problemas e também o GPS (global position sistem – sistema de posicionamento

global).

O geoprocessamento pode ser definido, sucintamente, como o

tratamento da informação do espaço geográfico, seja através de

coordenadas, seja através de endereços com os recursos

computacionais. Envolve qualquer forma de manipulação de dado

geográfico. (VIEIRA, 2002, p1)

O geoprocessamento pode ser usado na atividade policial para se fazer uma análise criminal

onde se conseguirá ver claramente as áreas mais críticas. Pode-se perceber para onde se

desloca a “mancha criminal” adequando o policiamento as tendências de cada localidade. Para

se ter uma análise criminal é preciso, além de um banco de dados dos registros de ocorrências,

uma base cartográfica ou um mapa da região foco do estudo. A coleta da base cartográfica ou

construção do mapa digital pode ser realizada por levantamentos terrestres ou sensoriamento

remoto. Os tipos de dados em geoprocessamento se dividem em: a) dados temáticos – que

6 Questões conexas ao crime e criminalidade, são as relações humanas de uma sociedade que não são enquadradas na taxonomia penal,

entretanto, influenciam de forma direta ou indireta na normalidade do convívio social saudável.

7 Possibilita apresentação de dados quantitativos de forma planejável viabilizando a descrição das variáveis, através de tabelas e gráficos.

Page 9: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

9

demonstram uma grandeza geográfica distribuída, como no caso de mapas de vegetação no

espaço. b) dados cadastrais – cada um de seus elementos possui atributos e pode estar

associado a outras representações gráficas e escalas distintas. c) redes – está associado a

serviços como água, luz, telefone e rodovias, possui localização geográfica exata e está

associada a atributos descritivos do banco de dados. Câmara (2001, p.13 e 14). Um objeto

pode ser representado em um mapa por pontos, linha, polígonos etc. Esses elementos podem

estar ligados a vários atributos. Os atributos são as propriedades do objeto espacial, ou seja, é

a base de dados que define esse objeto. Quanto aos métodos para a resolução de problemas

usados na segurança pública, temos o auxílio de ferramentas de analise e processamento

destes dados e capacitação técnica dos policiais para atuar nas funções que envolvem

inteligência e analise criminal. O policiamento orientado para solução de problemas tem um

caráter pró-ativo e faz uso de ações propostas por pesquisadores acadêmicos e policiais,

propiciando uma interdisciplinaridade entre a teoria e a prática. O método SARA (sigla em

inglês) ou IARA8, ele é mostrado no gráfico abaixo:

8 Esse método foi desenvolvido nos Estados Unidos da América em 1970 por pesquisadores e policiais como modelo de solução de

problemas em geral que pode ser usado para solução de problemas relacionados a crime e desordem. O primeiro passo deve ser a

identificação do problema e busca por um padrão; o segundo passo é a análise, tida como a mais importante, na qual deve ser reunido o

máximo de informação possível sobre o problema, não se apegando em causas óbvias do problema, que dariam um norte errado para todo o

processo; a terceira parte é desenvolver as respostas mais adequadas que devem observar os aspectos de custo/benefício, que podem nem

sempre serem as que apresentam resultados mais rápidos; a quarta e última etapa é a avaliação onde são contabilizados os resultados dos

esforços.

Page 10: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

10

Um número de medidas tem sido tradicionalmente usado pela polícia e pela

comunidade para avaliar o trabalho da polícia. Isso inclui o número de prisões,

nível de crime relatado, tempo de resposta, redução de taxas, queixa de cidadãos e

outros indicadores (...) um número de medidas não tradicional vão irradiar luz onde

o problema tem sido reduzido ou eliminado. (Curso Nacional de Polícia

Comunitária- SENASP/MJ. pag.152)

Outro método é o Diagrama de Causa e Efeito ou Ishikawa9, o diagrama que tem a forma de

espinha de peixe é um gráfico cuja finalidade é organizar o raciocínio e a discussão sobre as causas

de um problema. Segundo Maximiano ( 2008,p.194) Os problemas estudados por meio do diagrama

são enunciados como uma pergunta que tem a seguinte estrutura: ”por que ocorre este problema?”

ou “ quais as causas deste problema” . As causas são as condições que, em conjunto, aumentam a

probabilidade da ocorrência do problema. O gráfico modelo é representado abaixo:

9 A sequência de seu preenchimento é a seguinte: 1- reúnem-se todas as informações disponíveis sobre o problema; 2- preenche-se o

retângulo com as causas principais; 2- preenchem-se as espinhas médias com as causas secundárias; 3- destacam-se as causas mais

significativas e 3- nomeia-se o diagrama.

FASE INGLÊS PORTUGUÊS

1ª Scannig Identificação

2ª Analysis Análise

3ª Response Resposta

4ª Assessment Avaliação

Método SARA ou IARA

Page 11: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

11

Page 12: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

12

Outra ferramenta que veio da iniciativa privada e está contribuindo muito com a segurança

pública é o Ciclo PDCA10

que foi desenvolvido por E.W. Deming, essa ferramenta é tão

importante que a norma ISO 9001 tem sua estrutura baseada nela, e deve ser aplicado quando

for necessário orientar a preparação e execução de atividades planejadas. Sua estrutura é a

seguinte:

Seus objetivos principais na segurança pública são:

Produzir as análises necessárias para o entendimento do problema; Identificar as

causas de sua ocorrência e/ou manutenção; Elaborar Planos de Ação para o

combate dessas causas com foco; Reportar os resultados alcançados, para que seja

possível padronizar aqueles que obtiveram sucesso ou estabelecer ações corretivas

naqueles que não atingiram seus resultados esperados. (Manual de Procedimentos

para um Sistema de Metas - p.32)

Uma das aplicações que relaciona local com o crime é a ferramenta de análise criminal

“Triângulo para análise de problema”, ela trabalha com a premissa de que são necessários três

elementos para um problema policial acontecer: vítima, agressor e local. O TAP ajuda os

policiais na análise dos problemas, auxilia no controle e principalmente na prevenção

criminal. Esse esquema demonstra que se existe uma vítima, um ambiente e não há agressor,

não haverá crime. Isso mostra que parte da análise do crime está baseada na obtenção de

informações sobre o agressor, a vítima e o lugar. Assim se poderá entender o que está

acontecendo e o que se deve fazer para evitar o delito (SENASP/MJ Policiamento orientado

para o problema- módulo 3, pag.37). Exemplo:

TRIÂNGULO PARA ANÁLISE DE PROBLEMA

10

Pode-se resumir esse processo do seguinte modo: 1-planejar - o que será feito com respectivo custo e prazo. 2- fazer- momento da

execução. 3- Checagem ou medição- será avaliado se o resultado está de acordo com o previsto no planejamento. 4- Corrigir- será feito

mudanças onde não esteja de acordo com os resultados que se deseja.

Page 13: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

13

VÍTIMA AGRESSOR

AMBIENTE

Ao confeccionar o mapeamento de determinado crime, o analista criminal realiza o

mapeamento da região, em seguida o mapeamento da criminalidade em específico e por fim o

georeferrenciamento dos dados adquiridos nos bancos de dados, para poder orientar o

policiamento na prevenção e repressão ao fenômeno criminal, atentando para o horário, data

etc. propagando subsídios para que os gestores de segurança pública possam acompanhar a

“mancha criminal” adotando medidas preventivas para melhor proteger à sociedade. Este

processo teve como resultado a adoção de uma nova perspectiva no campo de atuação da

segurança pública, tornando o policiamento menos repressivo e mais preventivo. Segundo

Magalhães (2007) são três as vertentes de trabalho de produção do conhecimento voltada para

a gestão em segurança pública: análise criminal estratégica com produção do conhecimento

influenciado em longo prazo, com o intuito de identificar as tendências da criminalidade;

análise criminal tática, com produção do conhecimento influenciando em médio prazo e tem o

escopo de fornecer subsídios para os profissionais de segurança pública que atuam na

atividade fim, identificando padrões de ações criminais; análise criminal administrativa com

produção de conhecimento voltada para o público alvo produzindo estatísticas de tendências

criminais e comparação de períodos e localidades. Segundo Lemgruber11

, são inúmeras as

fontes de aquisições de coleta de dados, devendo o profissional que vier a fazer uso das

mesmas, atentar para algumas questões que acometem este processo, como por exemplo, a

subnotificação dos dados policiais, sendo muita das vezes necessário lançar mão de fontes

alternativas como dados das seguradoras , DATASUS do ministério da saúde e censo

demográfico. Tradicionalmente, o fluxo de informações das organizações sociais é

descontínuo e restrito. As informações sobre a criminalidades circulam de forma parcial,

sejam internamente as próprias corporações, seja entre as corporações. No caso específico

dos policiais na América Latina, esse problema é intensificado pela dualidade organizacional

que separa as atividades de polícia judiciárias das atividades de polícia ostensiva e pela

11 Socióloga, diretora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro

Page 14: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

14

fragmentação das ações entre suas unidades especiais, especializadas e de inteligência

(BEATO, 2005). Estes dados podem ser apresentados por intermédio de tabelas, gráficos

mapas de geoprocessamento, mapa de pontos e hot spots (áreas quentes). Por fim, fica nítido

que a análise criminal tem o escopo de coletar e analisar dados sobre a criminalidade fornecer

método, ordená-los para planejar ações e políticas em segurança pública, detectando o

“modus operandi” dos criminosos e seus respectivos alvos, para direcionar as ações policiais,

aplicando o conhecimento adquirido na conscientização da situação da segurança pública de

órgãos governamentais e não governamentais, como também da população em geral

subsidiando suas participações para gerir e executar estas ações. Assim, essas das técnicas de

geoprocessamento, métodos de resolução de problemas como o Ishikawa, IARA, Brainstorm,

PDCA e Triângulo de Análise do Problema possibilitaram um acompanhamento dos

resultados de modo mais científico e racional. Possibilitando assim, identificar fatores nem

sempre tão óbvios mas que causavam forte impacto nos resultados e propor soluções mais

específicas para cada situação ou área e, por conseqüência, mais eficazes.

Resultados alcançados na CISP 33 - Avaliando-se as estatísticas antes da implantação do

sistema de geoprocessamento aliados as técnicas de análise criminal e de resolução de

problemas, e analisando-se as estatísticas do primeiro trimestre de 2009 e do primeiro

trimestre de 2010, nota-se a efetividade dessas técnicas ao seguir os chamados índices

estratégicos de criminalidade. Esses índices são estabelecidos no final de cada ano para o

ano subseqüente. São eles:

Art. 2º – os indicadores estratégicos de criminalidade (...) serão: i – homicídios

dolosos; ii – roubos de veículos; iii – latrocínio; iv – roubos de rua ( ...): a) a

transeuntes; b) em coletivos; c) de celulares.( Decreto nº 41.931de 25 de junho de

2009 - Dispõe sobre o sistema de definição e gerenciamento de metas para os

indicadores estratégicos de criminalidade do estado do rio de janeiro e dá outras

providências).

Os resultados alcançados na AISP 14 demonstraram redução de todos os índices

estabelecidos para o primeiro trimestre de 2010 em relação ao primeiro trimestre de 2009.

Segue abaixo os dados:

Delito 1º trimestre de 2009 1º trimestre de 2010 Redução

Homicídio doloso 86 41 - 45

Latrocínio 2 0 - 2

Roubo de veículo 472 437 - 35

Roubo de rua 1.426 1.307 -119 (8,4%)

Fonte: Instituto de Segurança Pública

Page 15: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

15

O relatório publicado pelo ISP dá maiores detalhes:

Na AISP 14, comparando o trimestre de a janeiro, fevereiro e março de 2010 com o mesmo período de 2009, os delitos que tiveram maior redução absoluta foram: ameaça (com menos 139 vítimas ou 16,1%), roubo a transeunte (com menos 129 casos ou 10,6%) e roubo em coletivo (com menos 53 casos ou 40,8%).Entre os delitos que registraram maior aumento absoluto no período de janeiro, fevereiro e março de 2010 quando comparados ao mesmo período de 2009, estão: roubo de aparelho celular (com mais 63 casos ou 78,8%), roubo de carga (com mais 13 casos) e roubo a estabelecimento comercial (com mais 3 casos ou 5,4%). Em janeiro, fevereiro e março de 2010 o total de roubos diminuiu em 9,3% ou menos 204 delitos se comparado com o mesmo período do ano anterior. Os furtos diminuíram em 7,8% ou menos 110 delitos. O número de registros diminuiu em 663 ocorrências.

Em entrevista o Delegado responsável pela 33ª DP, o doutor Pedro Paulo Pinho, ressaltou que

os maiores problemas da área são esses crimes eleitos como estratégicos, eles causam forte

influência na sensação de segurança e estão sendo reduzidos gradativamente. Consultada

pelos realizadores desse trabalho, a presidente da Associação de Moradores do Jardim

Sulacap, Sr.ª Eloisa Massad, também elencou o roubo de rua como um dos principais

problemas que incomodam a comunidade, acrescentando também o tráfico de entorpecentes.

Perguntado sobre qual o maior problema na região, o Chefe da P/3 do 14º BPM, Major

Henrique, citou o problema do tráfico de drogas e enfatizou o esforço que tem feito para

conseguir cumprir as metas de redução do índice de roubo de veículos destacando, inclusive,

que em certas áreas abarcadas pela unidade, há preferência dos criminosos por certos modelos

de veículos de acordo com uso destinado (desmanche, “bondes”, para participação em outros

roubos de autos etc.). O Capitão Lima, Comandante da 2ª Companhia do 14º BPM, destacou

que atua de acordo com as metas estabelecidas para o trimestre, sempre com a participação

dos policiais que trabalham diretamente nas ruas. Explicou que usa a técnica de brainstorm na

qual o policial do setor relata o que tem observado no seu serviço e tudo é anotado e

posteriormente analisado, Esse processo é feito diante de um telão onde o policial visualiza

um mapa de seu setor de atuação com pontos representando os locais de cometimento de

delito, dessa forma, o policial fica ciente dos pontos onde ele deverá ter mais atenção e onde

está tendendo o deslocamento de “mancha criminal”. O Capitão Lima ressaltou também que

essa nova filosofia de trabalho tornou o policiamento mais objetivo e mais transparente na

prestação de contas à sociedade. Perguntada sobre a percepção de mudanças, a Sra. Eloisa

disse que via o policiamento feito pelas radiopatrulhas e pelo policiamento montado, mas,

segundo ela, a comunidade se sente mais segura com o policiamento comunitário que

possibilita maior contato e pode-se falar qualquer coisa que esteja acontecendo de estranho

no lugar. Ela lamenta também o fato de existirem pessoas, que seriam doentes mentais, nas

praças, sem assistência médica e que passam sensação de insegurança aos moradores que

precisam passar por perto. Quando perguntada o que seria preciso para as pessoas da região se

sentirem mais seguras, respondeu que não bastaria policiamento nas ruas, mais que as pessoas

teriam que ser mais educadas e não parassem carros nas calçadas, que as ruas fossem mais

bem iluminadas e que a polícia deveria ser acompanhada de outros setores do poder público.

Page 16: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

16

A presença da Polícia Militar foi enaltecida quando recordou que um dos momentos mais

importantes para a comunidade é o da sua participação em desfiles cívicos com a comunidade

que, dessa forma, se sente protegida e prestigiada. Por sua vez, o Capitão Lima foi interpelado

sobre como é feita a integração com outros órgão governamentais além das polícias Civil e

Militar, informou que no Café Comunitário, realizado mensalmente no Batalhão, são

convidados além do Delegado da área e dos Capitães, que trabalham em conjuntos com estes

últimos, são chamados representantes da Guarda Municipal, ComLurb, CETRio dentre outros

órgãos que queiram comparecer. Essa tentativa de trabalho em conjunto reflete a moderna

concepção de controle de criminalidade que a polícia não deve mais ser entendida como única

responsável pelos resultados, positivos e negativos, mas que os índices alcançados e a

sensação de segurança é um somatório de vários fatores que não unicamente relacionados as

ocorrências criminais . Dessa forma, busca-se resolver os problemas de uma forma

democrática e dividindo responsabilidades. Com orgulho fez menção ao prêmio que a AISP

14 recebeu em 2009 por ter ficado em terceiro lugar no Estado no alcance das metas, fato que

rendeu uma premiação de quinhentos reais para cada policial, Civil ou Militar, da AISP 1412

.

Assim, consegui-se entre o primeiro trimestre de 2009 e primeiro trimestre de 2010 a redução

de todos os índices estratégicos e, especificamente, nos delitos de roubo a transeunte de 1.426

para 1.307(8,4%), que combinados com outras práticas de segurança públicas contribuíram

para o relativo aumento de sensação de segurança na região.

Conclusão. Ficou explícito no estudo que, as contribuições das AISP foram, divisão por áreas

delegando responsabilidades dos resultados, melhoria na integração entre as polícias Civil e

Militar e entre órgãos governamentais e não governamentais, criou-se um critério mais

objetivo para a premiação de bons resultados de desempenho e correção dos maus. Criou-se o

Conselho Comunitário de Segurança que é um canal permanente de comunicação entre a

sociedade e o poder público nos assuntos relativos à segurança pública, há ainda algumas

distorções, mas esse sistema está em aperfeiçoamento contínuo, o que não ofusca seus bons

resultados. Quantos as técnicas de análise criminal e de resolução de problemas, o

geoprocessamento consegue relacionar o lugar, suas características com os delitos dando uma

relação entre crime e ambiente que dificilmente se alcançaria de outro modo, como também

os métodos de resolução de problemas como o Ishikawa , IARA, Brainstorm, PDCA e

Triângulo de Análise do Problema possibilitaram um acompanhamento dos resultados de

modo mais científico e racional, diminuindo a subjetividade de quem avalia. Possibilitando

assim, identificar fatores nem sempre tão óbvios, mas que causavam forte impacto nos

resultados e propor soluções mais específicas para cada situação ou área e, por conseqüência,

mais eficazes. Na CISP 33, O tipo de policiamento também influenciou a percepção de

segurança, devido à propagação na mídia de ocupação pela polícia, de áreas que antes eram

dominadas pelo tráfico armado, foi relatado que o Policiamento Comunitário aumenta a

sensação de segurança. Também foi observada a relação do trabalho policial com outros

órgãos do poder público, ficando explicito que a segurança não é responsabilidade somente

das polícias, mas também de órgãos responsáveis pela iluminação pública, tapar buracos nas

12 Artigo 1º- Os Policiais Civis e Militares em atividade, no efetivo serviço de suas funções, sempre que suas AISP, de que fazem parte, apresentarem redução dos indicadores de criminalidade, e/ou padrões de eficiência administrativa e/ou operacional, poderão fazer jus no mês

de apuração, a uma gratificação de R$ 500,00. (Decreto Nº 25.641 de 19 de outubro de 1999 do Rio de janeiro)

Page 17: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

17

estradas como também de todos os cidadãos. Estatisticamente, consegui-se entre o primeiro

trimestre de 2009 e primeiro trimestre de 2010 a redução de todos os índices estratégicos e,

especificamente, nos delitos de roubo de rua de 1.426 para 1.307(8,4%), que combinados com

outras práticas de segurança públicas contribuíram para o relativo aumento de sensação de

segurança na região, sendo assim positivas as contribuições das técnicas elencadas ao longo

do estudo.

Bibliografia

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

Curso de Policiamento Orientado para o problema – SENASP/MJ-2009

Curso Nacional de Promotor de Polícia Comunitária –SENASP/MJ- 2ª edição - 2007

Decreto nº 41.930 de 25 de junho de 2009 - Criação das AISP

Decreto nº 41.931 de 25 de junho de 2009 - Dispõe sobre o sistema de definição e

gerenciamento de metas para os indicadores estratégicos de criminalidade do estado do rio de

janeiro e dá outras providências.

http://www.isp.rj.gov.br/ - Acesso em 19 de setembro de 2010

http://www.policiacivil.rj.gov.br/ - Acesso em 11 maio de 2010

http://www.pmerj.org/ - Acesso em 11 de maio de 2010

Lei nº 3329 de 28 de dezembro de 1999- Criação do ISP

Resolução SESP nº 263 de 26 de julho de 1999 - Define os coordenadores das áreas

integradas de Segurança Pública.

Resolução SESP nº 415 de 26 de dezembro de 2000 – Desativou a 31ª DP.

Lemgruber, Julita. Maus Dados. Disponível em http: // www.cesec. ucam.edu.br/artigos/

midia_ body _ JL28.htm. acessado em 01-10-2010.

Referências:

A Analise Criminal e o Planejamento Operacional / Organizadoras Andréia Soares Pinto e

Ludmila Mendonça Lopes Ribeiro; Coordenador Mário Sergio de Brito Duarte- [autores] Ana

Paula Mendes de Miranda... [et al.]- Rio de Janeiro: Rio segurança, 2008.

ANDRADE, Scheilla Pereira Cardoso de. Polícia bipartida: uma reflexão sobre o sistema

Page 18: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

18

policial mineiro. 2006. Dissertação (Mestrado em Administração Pública), - Fundação João

Pinheiro, Belo Horizonte, 2006.

BEATO, C. Apresentação do Modelo de Gestão Integrada de Segurança Pública. IGESP da

secretaria de Defesa Social do Estado de Minas Gerais, 2005.

BEATO, C. Fontes de Dados Policiais em Estudos Criminológicos: Limites e Potenciais.

Fórum de Debates Criminalidade, Violência e Segurança Pública no Brasil: Uma Discussão

Sobre Bases de Dados e Questões Metodológicas. Rio de Janeiro: IPEA e Cesec/ Ucam,

2001.

FOUCAULT, M. Microfísica do Poder, Rio de Janeiro: Graal, 1979.

FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. O nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1987.

GOIDSTEIN, H. Improving Policing: A Problem- Oriented Policing Approach. Crime &

Delinquency, 25(2): 234-58, 1979.

KAHN, T. Indicadores em prevenção municipal da criminalidade In Prevenção de violência:

o papel das cidades. Sento-Sé, J.T.(Eds.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

KAHN, T. Ferramentas e Técnicas de Análise Criminal. (apostila) São Paulo, 2008.

MAGALHÃES, L.C. Analise Criminal e Mapeamento da Criminalidade- GIS Anais do

Fórum Internacional de Gabinetes de Gestão Integrada, São Luis, Maranhão, novembro2007.

Manual de Procedimentos para um Sistema de Metas e Acompanhamento de Resultados para

a Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Março de 2009.

MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração: Da Revolução Urbana

à Era Digital, 6ª edição, São Paulo, Editora Atlas, 2008.

SOUZA, Nelson Gonçalves de. Integração de Sistema de Informação na Segurança Publica

do Distrito Federal: Um modelo de consenso e suas possibilidades. 2003. 192 p. Dissertação

(Mestrado em Gestão de conhecimento e da tecnologia da Informação)- Pró-reitoria de Pós-

graduação e Pesquisa, Universidade Católica de Brasília, Brasília- DF.

TZU, Sun. A Arte da Guerra – São Paulo, Editora Martin Claret, 2002.

VIEIRA, Adriano da Silva. Orientações para a implantação de um SIG municipal

considerando aplicações na área de segurança pública. Belo Horizonte. 2002. 48p.

Page 19: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

19

Apêndice:

Gráficos das Regiões, Áreas e Circunscrição de Integração Geográfica em segurança pública

ESTRUTURA DAS AISP

AISP 14

Page 20: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

20

ENTREVISTAS REALIZADAS:

Com o Ten. Cel. Teixeira – Presidente do ISP

1- Quais foram as contribuições do projeto de integração para a seg. pública ?

R: Fornecendo ferramentas de monitoramento e mudança de foco, buscou-se dar maior

a atenção prevenção.

2- Quais as expectativas do ISP?

R: Realizar cursos de capacitação para policiais utilizarem as ferramentas do ISP e agirem

como multiplicadores.

3- Quais são as normatizações?

R: Lei nº 3.329 de 28 de dezembro de 1999, Lei de criação do ISP e Decreto

Nº 41.930 de 25 de junho de 2009 – Criação das AISP.

4- Quais foram os principais óbices para a implantação do ISP?

R: Por se tratar de uma metodologia relativamente nova, não havia pessoal acostumado

a trabalhar com ela.

5- Quais as providências que foram tomadas para reverter tais obstáculos?

R: Capacitação de policiais através cursos para servirem de multiplicadores.

6- Falta algo mais?

R: Devido ao aumento da demanda, o sistema está chegando ao limite de oferta de

serviço e seria preciso aumento de efetivo. Nas Unidades, é preciso haver mais militares

habilitados a trabalharem com os dados fornecidos pelos ISP.

7- Quais são os principais desafios que o ISP enfrenta para realizar sua missão?

R: A estrutura menor que a demanda, falta de maiores detalhes nos dados recolhidos e a

resistência à mudança.

8- Como o ISP facilita a integração entre a Polícia Civil e a Militar do RJ ?

R: O fluxo de informações aumentou entre as instituições que estão compartilhando

mais dados através do ISP. Isso possibilitou um maior entrosamento entre os Batalhões e

Delegacias especializadas.

Com o Delegado titular da 33ª DP

Page 21: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

21

1- Quais os principais óbices que a 33ª DP enfrenta para cumprir sua missão?

R: Recursos humanos, excesso de trabalho dificuldades nos incentivos.

2- Quais os maiores problemas desta área?

R: Crimes que diminuem a sensação de segurança como: homicídio, latrocínio e roubo de

rua.

3- Como atuam conjuntamente a 33ª DP e o 14º BPM?

R: Trabalha em conjunto com o comandante de Companhia que é um Capitão do 14º

BPM responsável pela área da CISP 33. Atuam compartilhando informações e executando

operações em conjunto.

4- Quais as contribuições do ISP para a área de atuação desta DP?

R: Estabelecimento de um programa de metas com objetivos claros e incentivos

financeiros.

5- Alguma sugestão de melhoria para o projeto?

R: Melhorias nos incentivos e nos ajustes de regiões quanto as atribuições de

competência.

Com o Chefe da P/3 do 14º BPM

1- Quais os principais óbices que a 14ª BPM enfrenta para cumprir sua missão?

R: Área extensa e com muitas comunidades carentes.

2- Qual o maior problema desta área?

R: Roubo de veículos.

3- Como atuam conjuntamente o 14º BPM. e a 33ª DP?

R: Cada Capitão Comandante de Companhia interage com o Delegado responsável pela

Delegacia da área, compartilhando informações e realizando operações conjuntas.

4- Quais as contribuições do ISP para a área de atuação deste BPM?

R: As informações fornecidas pelos ISP são usadas para a Unidade planejar as

operações, orientar os policiais sobre as ocorrências da área em que ele trabalha e os

índices estratégicos a serem alcançados pela Unidade.

5- Quais as suas expectativas com projetos?

Page 22: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

22

R: Continuar o trabalho de redução dos índices de criminalidade através da aplicação

dessa ferramenta.

Com o Capitão Lima – Comandante da 2ª Cia do 14º BPM

1- Em que se baseava para estabelecimento das metas antes de 2009 e o que passou a

ser prioridade?

R: Priorizava-se a apreensão de armas e drogas. Hoje se prioriza a redução dos índices

estratégicos que são: homicídio doloso, latrocínio, rouba de veículo, roubo de rua.

2- O que o senhor acha dessa nova metodologia de análise de criminal e resoluções de

problema na segurança pública?

R: Os critérios ficaram mais objetivos, sente-se que é uma forma mais técnica, que

possibilita a visualização dos resultados e que atua de forma mais preventiva. A polícia

está ficando cada vez mais profissional e técnica.

3- Como os policiais que atuam diretamente nas ruas estão encarando essa forma de

analisar os dados e resolver os problemas?

R: A cada três semanas os policiais da 2ª Cia são reunidos para serem informados dos

índices da área e são convidados a dar sugestões sobre o policiamento de modo a

somar os dados obtidos ao conhecimento empírico sobre a região a ser policiada,

assim há uma maior participação do policial no planejamento das operações que serão

realizadas por ele.

4- Como a comunidade participa nas decisões?

R: Mensalmente é realizado no 14º BPM o Café Comunitário onde são reunidos

representantes de órgãos como a ComLUrb, CETRIO, Guarda Municipal, os Delegados

das áreas abrangidas pelo Batalhão e os Comandantes das Cia. No final das reuniões é

registrado na ata as reclamações e as medidas que serão tomadas por cada órgão.

5- Como é o trabalho conjunto com Polícia Civil?

R: O Delegado Paulo Pinho realiza algumas operações de acordo com os delitos que

possam estar merecendo mais atenção. Por exemplo, nessa área tínhamos o número

de roubo de veículo elevado e foi preciso dar maior ênfase na operação AREP 3 (

comumente chamada de blitz), ela foi realizada conjuntamente com a 33ª DP. e em

Page 23: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

23

separado. Como resultado, conseguiu-se diminuir muito esse índice nesse trabalho

conjunto. Além das reuniões regulares nos Cafés Comunitários, há uma troca de

informações constante entre as unidades. Deve-se ressaltar a importância da Polícia

Civil no registro das ocorrências, pois os dados que são coletados pelo agente quando a

vítima descrever os fatos e agressores serão fundamentais para formar um banco de

dados para o planejamento das operações.

6- Qual ferramenta de resolução de problemas é mais comumente usada?

R: Brain storm, os policiais do setor sugerem mudanças no policiamento e estudamos o

que pode ser aplicado em conjunto.

7- Como é feito o policiamento na área da CISP 33?

R: Temos uma viatura responsável pelo setor. Como apoio na parte da manhã, há duas

moto patrulha e na parte da tarde o policiamento à cavalo faz a cobertura de locais

estratégicos onde houve ocorrências de roubo a transeunte.

8- Quais foram os avanços conseguidos?

R: No segundo semestre de 2009, a AISP 14 alcançou o 3º lugar no Estado e recebeu

um prêmio de 500 reais para os policiais pelo cumprimento de metas.

Com a senhora Eloisa Maria Massad – presidente da Associação de Moradores de

Jardim Sulacap.

1- Como a comunidade participa dos assuntos ligados a segurança pública?

R: De duas formas: mensalmente no Café Comunitário onde nos reunimos com o

Comandante do Batalhão, o Delegado da área e o Comandante da 2ª Companhia; e

na última sexta-feira de cada mês fazemos uma reunião onde os moradores

discutem assuntos prioritários. Quando falamos de segurança pública convidamos

representantes da Polícia Civil e da Polícia Militar. Temos uma ficha que nós

informamos os problemas e damos sugestões para o Batalhão e para a Delegacia.

2- Como a comunidade está se sentindo em relação à segurança pública?

Page 24: AISP - As técnicas usadas pelos organismos policiais para a redução dos indicadores de criminalidade na área da 33ªCISP

24

R: Nós vemos o policiamento a cavalo, as viaturas circulando, mas nos sentimos

mais seguros com o policiamento comunitário, pois temos a chance de sermos

ouvidos mais de perto pelo policial.

3- Onde a senhora acha que deve melhorar para a comunidade se sentir mais segura?

R: Não é suficiente a polícia fazer patrulhamento, as ruas devem ser mais

iluminadas e existem pessoas com problemas mentais que ficam nas praças que

não encontramos nenhum órgão público para cuidar delas. Temos problemas

também para circular em algumas ruas que ficam muitos carros estacionados em

frente a casas de show, onde ficam pessoas alcoolizadas nas ruas dificultando a

passagem e aumentando o risco de assaltos.

4- Quais são os problemas que mais incomoda a comunidade e como acha que

poderia ser resolvido?

R: Roubo à transeunte e tráfico de drogas. Acreditamos que poderia ser resolvido

usando-se o policiamento comunitário.