agua doce de cu eh rola

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    162ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLTICAS: 1972-2002

    Panorama mundial

    O volume total de gua na Terra de aproximada-mente 1,4 bilho de km3, dos quais apenas 2,5%, oucerca de 35 milhes de km3, correspondem a gua

    doce (ver tabela na pgina ao lado). A maior parte dagua doce se apresenta em forma de gelo ou nevepermanente, armazenada na Antrtida e na Gro-enlndia, ou em aqferos de guas subterrneasprofundas. As principais fontes de gua para usohumano so lagos, rios, a umidade do solo e baciasde guas subterrneas relativamente pouco profun-das. A parte aproveitvel dessas fontes de apenascerca de 200 mil km3de gua menos de 1% de todaa gua doce e somente 0,01% de toda a gua da

    Terra. Grande parte dessa gua disponvel est lo-calizada longe de populaes humanas, dificultan-do ainda mais sua utilizao.

    A reposio de gua doce depende da eva-porao da superfcie dos oceanos. Aproximadamen-te 505 mil km3, ou uma camada de 1,4 metro de espes-sura, evaporam dos oceanos a cada ano. Outros 72mil km3evaporam da terra. Cerca de 80% do total de

    precipitaes, o equivalente a 458 mil km3/ano, caisobre os oceanos, e os 119 mil km3/ano restantes,sobre a terra. A diferena entre a precipitao sobreas superfcies de terra e a evaporao dessas super-fcies (119 mil km3menos 72 mil km3 por ano)corresponde a escoamentos e reposio de guassubterrneas aproximadamente 47 mil km3por ano(Gleick, 1993). O grfico na pgina 164 apresenta umclculo aproximado do equilbrio hdrico anual m-dio das principais reas continentais, incluindo pre-

    Recursos

    gua doce

    UNEP,

    StillPictures

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    164ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLTICAS: 1972-2002

    Precipitao, evaporao e escoamento por regio (km3/ano)

    irrigadas aumentou de 200 milhes ha para mais de270 milhes ha (FAO, 2001). Durante o mesmo pero-do, as extraes globais de gua aumentaram de cer-ca de 2.500 km3para um volume superior a 3.500 km3

    (Shiklomanov, 1999). A gesto inadequada resultouna salinizao de cerca de 20% das terras irrigadas doplaneta, com mais 1,5 milho de hectares afetadosanualmente (CSD, 1997a), reduzindo de forma signifi-cativa a produo de cultivos (WCD, 2000). Os pa-ses mais gravemente afetados encontram-se princi-palmente em regies ridas e semi-ridas.

    Algumas das medidas de interveno foramos programas de ao nacional, anlise e reforma daspolticas relativas gua, a promoo de maior efici-ncia no uso da gua e a transferncia de tecnologiade irrigao. Em mbito internacional, a FAO deu in-cio a um sistema global de informaes em 1993, o

    AQUASTAT, que fornece dados sobre o uso da guana agricultura (FAO, 2001).

    Para muitas das populaes mais carentes do mundo,uma das maiores ameaas ambientais sade perma-nece sendo o uso contnuo de gua no tratada. Em-bora o percentual da populao com acesso a guatratada tenha aumentado de 79% (4,1 bilhes) em 1990para 82% (4,9 bilhes) em 2000, 1,1 bilho de pessoasainda no tm acesso a gua potvel e 2,4 bilhes

    carecem de melhor saneamento (WHO e UNICEF,2000). A maior parte dessas pessoas vive na frica ena sia. A falta de acesso a gua potvel e a serviosde saneamento causa centenas de milhes de casosde doenas associadas gua e mais de 5 milhes demortes a cada ano (ver box na pgina ao lado). Hainda impactos negativos de grandes propores,porm mal quantificados, sobre a produtividade eco-nmica em muitos pases em desenvolvimento.

    A importncia de satisfazer as necessidadeshumanas bsicas de gua sempre desempenhou umpapel imprescindvel nas polticas hdricas. Uma dasprimeiras conferncias abrangentes sobre a gua foi

    realizada em 1977 em Mar del Plata, na Argentina. Ofoco nas as necessidades humanas levou DcadaInternacional de gua Potvel e Saneamento (1981-90) e aos esforos das Naes Unidas e de outrasorganizaes internacionais para o fornecimento deservios bsicos de abastecimento de gua (UN,2000). O conceito de atender as necessidades bsi-cas relativas gua foi reafirmado na Confernciadas Naes Unidas para o Meio Ambiente e Desen-volvimento no Rio de Janeiro em 1992, e esse concei-

    Agricultura irrigada

    As barras verticais indicam o total relacionado precipitao; as reas sombreadas representama evaporao, enquanto as reas mais claras destacam o escoamento observado. A precipitaoanual total sobre o solo da ordem de 119 mil km3, dos quais 72 mil km3se evaporam, restandocerca de 47 mil km3de escoamento.

    Notas: as regies no correspondem exatamente quelas descritas pelo GEO; os escoamentos incluem fluxosque correm para as guas subterrneas, as bacias continentais e os deslocamento de gelo da Antrtida.

    Fonte: Shiklomanov, 1993

    rea global irrigada e extraoda gua

    300

    250

    200

    150

    0

    1970

    1972

    1974

    1976

    1978

    1980

    1982

    1984

    1986

    1988

    1990

    1992

    1994

    1996

    1998

    2000

    rea irrigada (milho de ha)

    extrao hdrica (km/ano)

    2.574

    3.200

    3.5803.760

    3.940

    Desde 1970 as extraes hdricas no globo refletem o aumento das reas irrigadas. Cerca de 79%das extraes se destinam agricultura, principalmente para a irrigao, que produz 40% dosalimentos do mundo.

    Fonte: FAO, 2001; Shiklomanov, 1999

    gua e saneamento

    A agricultura responsvel por mais de 70% da guadoce retirada de lagos, rios e fontes subterrneas. Amaior parte utilizada para irrigao, que fornece cer-ca de 40% da produo alimentar mundial (CSD,1997a). Nos ltimos trinta anos, a superfcie de terras

    35.000

    30.000

    25.000

    20.000

    15.000

    10.000

    5.000

    0

    Europa sia frica Amricado Norte

    Amricado Sul

    Austrlia/Oceania

    Antrtica

    8.290

    2.970

    5.320

    32.200

    14.100

    18.100

    22.300

    4.600

    17.700

    18.300

    8.180

    10.100

    28.400

    12.200

    16.200

    7.080

    2.510

    4.5702.310

    evaporao

    escoamento

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    169GUA DOCE

    a mudana de prticas de desperdcio (como irri-gar durante o dia, usar gua potvel para irriga-o de jardins);a cobrana de preos adequados pela gua; e

    a mudana das atividades humanas (optando porcultivos que aproveitem melhor a gua e por pro-cessos industriais que no impliquem uma pro-duo que requeira muita gua).

    A Comisso de Desenvolvimento Sustentvel (CDS)relatou que muitos pases carecem de legislao epolticas adequadas para a distribuio e utiliza-o eficientes e eqitativas dos recursos hdricos.H progresso, no entanto, quanto reviso de le-

    gislaes nacionais e promulgao de novas leise regulamentos.

    Tambm tem-se demonstrado uma preocu-pao acerca da crescente incapacidade dos servi-os e das agncias de guas, principalmente em pa-ses em desenvolvimento, para avaliar seus prpri-os recursos hdricos. Muitas agncias sofreram re-dues nas redes de observao e no quadro de pes-soal, apesar dos aumentos na demanda de gua.Vrias medidas de interveno foram postas em pr-tica, entre elas o Sistema Mundial de Observaodo Ciclo Hidrolgico (WHYCOS), que foi imple-

    mentado em diversas regies. Seu objetivo princi-pal contribuir para a melhoria das capacidades na-cionais e regionais de avaliao dos recursos h-dricos (CSD, 1997b).

    Muitos tipos diferentes de organizaes,desde governos nacionais at grupos comunitrioslocais, desempenham uma funo nas decises so-bre polticas relativas gua. Nas ltimas dcadas,no entanto, tem havido uma nfase crescente emaumentar a participao e a responsabilidade depequenos grupos locais e o reconhecimento de queas comunidades tm um papel importante na formu-lao de polticas relativas gua.

    A Declarao Ministerial de maro de 2000em Haia (ver box) exigiu que se administre a guacom sensatez para garantir uma boa administrao,de modo que o envolvimento do pblico em geral eos interesses de todas as partes estejam includosna gesto dos recursos hdricos (World WaterForum, 2000).

    O setor privado comeou recentemente a ex-pandir sua funo na gesto dos recursos hdricos.A dcada de 1990 assistiu ao rpido aumento no r it-

    mo e no grau de privatizao de sistemas hdricosanteriormente administrados pelo Estado. As empre-sas privadas prestadoras de servios de distribui-o de gua esto cada vez mais suprindo as cida-

    des em crescimento, mediante a assinatura de con-tratos com agncias pblicas para construir, pos-suir e operar alguma parte ou at mesmo a totalidadede um sistema municipal. Ao mesmo tempo, h cres-centes preocupaes acerca de como garantir, damelhor maneira possvel, o acesso eqitativo guaaos segmentos carentes da populao, financiar pro-

    jetos e dividir riscos.

    Polticas e instituies para a gesto derecursos hdricos

    Declarao Ministerial sobre Segurana da guano Sculo XXI

    Cerca de 120 ministros para assuntos hdricos que compareceram aoSegundo Frum Mundial da gua realizado em Haia em maro de 200adotaram uma declarao com o objetivo de alcanar a segurana dagua no mundo. A declarao indicou os seguintes itens como oprincipaisdesafios deste novosculo:

    reconhecer que o acesso agua e saneamento seguros e suficientes faz parte das necessidades humanas bsicas, essencial sade e ao bem-estar, efacultar s pessoas, principalmente s mulheres, o processparticipativo na gesto da gua;

    melhorar segurana alimentar, particularmente das camadas mais carentee vulnerveis, por meio de mobilizao e uso mais eficientes, bemcomo a distribuio mais eqitativa de gua para a produo de

    alimentos;assegurar a integridade dos ecos

    sistemas por meio da gesto sustentvel de recursos hdricos;

    promover a cooperapacfica e desenvolver sinergias entre diferentes usos da gua emtodos os nveis, sempre que possvel, nos pases e, em casos derecursos hdricos fronteirios e transfronteirios, entre os paseem questo, por meio da gesto sustentvel de bacias fluviais ooutras abordagensapropriadas;

    providenciar segurana contra inundaes, secas,poluioe outros perigos associados gua;

    administrar a gua de forma que reflita seuvalores econmico, social, ambiental e cultural para todas as sua

    utilizaes e recorrer a servios de definiodo preo da gua parrefletir o custo de seu fornecimento. Essa abordagem dever considerar a necessidade de igualdade e as necessidades bsicas dapopulaes carentes e vulnerveis;e

    garantir uma boadministrao, de modo que o envolvimento do pblico em geralos interesses de todas as partes estejam includos na gesto dosrecursos hdricos.

    atender s necessidades bsicas:

    assegurar o abastecimento de alimentos:

    proteger os ecossistemas:

    compartilhar os recursos hdricos:

    administrar os riscos:

    valorizar a gua:

    administrar a gua com sensatez:

    Fonte: World Water Forum, 2000

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    170ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLTICAS: 1972-2002

    O desenvolvimento da infra-estrutura de fornecimen-to de gua dominou as opes das polticas na maior

    parte das duas dcadas aps 1972, mas muitas abor-dagens inovadoras quanto gesto dos recursoshdricos foram introduzidas na dcada de 1990.

    Entre as principais tendncias das polticasnesse perodo, vale citar:

    o reconhecimento do valor social e econmicoda gua;nfase na distribuio eficiente de gua;o reconhecimento de que a gesto de baciashidrogrficas fundamental para a gesto eficazdos recursos hdricos;maior cooperao por parte dos pases com baci-

    as fluviais para garantir a distribuio eqitativados recursos;

    Concluso melhor coleta de dados;o reconhecimento do papel de todas as partesinteressadas na gesto da gua;a adoo de uma gesto integrada dos recursos

    hdricos como iniciativa estratgica referente spolticas; eo reconhecimento da crescente escassez degua devido a vrios fatores, entre eles o cresci-mento demogrfico e industrial e o aumento dapoluio.

    Embora os pases desenvolvidos tenham fei-to grandes progressos ao abordar questes relati-vas qualidade da gua, na verdade a situao pio-rou nos pases em desenvolvimento, muitos dosquais sofrem nveis mais altos de poluio e deman-da por gua. Um nmero maior de pases est en-

    frentando problemas de estresse hdrico ou escas-sez de gua.

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    Referncias: Captulo 2, gua doce, panorama mundial

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    deve-se tambm a fenmenos naturais. Devido aofato de que a maior parte das 68 mil vilas deBangladesh corre um risco potencial, cientistas daONU calculam que, em breve, o arsnico poder ma-

    tar 20 mil habitantes ao ano, segundo um relatrio(Pierce, 2001).O abastecimento inadequado de gua e o

    saneamento ineficiente provocam mais de 500 milmortes de bebs a cada ano, assim como altssimosnveis de doenas e incapacidade na regio (UNEP,1999). Entre 8% e 9% do total de Anos de VidaAjustados por Incapacidade (Disabili ty AdjustedLife Years DALYs) ocorre devido a doenas rela-tivas ao abastecimento inadequado de gua e sa-neamento ineficiente na ndia e em outros pases(World Bank, 2000). A clera uma doena de ocor-rncia comum em muitos pases, principalmente

    naqueles em que as instalaes de saneamento soprecrias, como no Afeganisto, na China e na n-dia (WHO, 2000).

    De toda a populao mundial sem acesso amelhor saneamento ou abastecimento de gua, a mai-or parte vive na sia (WHO e UNICEF, 2000, vermapa ao lado). Na sub-regio do sudoeste do Pac-fico, o abastecimento de gua e o saneamento pare-cem relativamente bons, pois 93% da populao tmacesso a melhor saneamento e 88% a um melhor abas-tecimento de gua (WHO e UNICEF, 2000). No en-tanto, esses nmeros so fortemente influenciados

    pelo fato de que a populao da Austrlia muitonumerosa e conta com uma boa prestao de servi-os de abastecimento de gua e saneamento. Calcu-la-se que apenas 48% da populao asitica tenhacobertura de servios de saneamento (WHO eUNICEF, 2000) menos do que em qualquer outraregio do mundo. A situao pior nas reas rurais,em que apenas 31% da populao conta com ummelhor saneamento, em comparao com uma co-bertura de 78% nas reas urbanas.

    Durante a ltima dcada, diversos pases co-mearam a tratar o problema da qualidade da guaimplementando programas e planos de ao em lar-

    ga escala para recuperar cursos dgua degrada-dos e aqferos esgotados. Em geral, tais progra-mas recebem autoridade legislativa ou estatutria,como a concedida pela Lei Nacional Tailandesa

    sobre a Qualidade da gua, o Cdigo Filipino so-bre a Qualidade da gua, a Lei Indiana de Proteoao Meio Ambiente, a Lei de guas da China e a Leide Preservao da Qualidade da gua da Repbli-ca da Coria (UNESCAP, 1999). Casos de xito emrelao recuperao e proteo da qualidade deguas fluviais ocorreram nos pases em que as po-lticas relativas gua promovem uma abordagemmultissetorial e multidisciplinar gesto dos re-cursos hdricos.

    As campanhas de limpeza de rios, canais,lagos e outros corpos dgua se expandiram. Osprogramas quase sempre tiveram xito na melhoria

    da qualidade da gua e, ocasionalmente, levaram adoo de novos padres de qualidade da gua eregulamentos sobre seu uso. Tambm aumentarama conscientizao sobre a necessidade de reduziras cargas de poluentes por meio do tratamento deguas residuais, reutilizao e reciclagem de esgo-to e guas residuais industriais, introduo detecnologias de baixo custo e um rgido controle daemisso de efluentes industriais e municipais. Tm-se verificado vrios casos de sucesso na reutili-zao e reciclagem da gua nos pases industriali-zados na regio.

    Houve melhoria da qualidade da gua na Chi-na, no Japo, na Repblica da Coria e em Cinga-pura, como conseqncia de iniciativas para trataro problema da poluio da gua. No Japo, o go-verno estabeleceu padres de qualidade ambientale realizou melhorias notveis: em 1991, 99,8% dasamostras de gua satisfizeram os padres para me-tais pesados e toxinas no pas (RRI, 2000). No ano2000, o ndice de tratamento de guas residuais in-dustriais em toda a China foi de 94,7% (SEPA, 2001).As medidas aplicadas em Cingapura permitiram queseus habitantes desfrutem agora de gua correntepotvel diretamente da torneira.

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    Os recursos hdricos so distribudos de forma de-

    sigual na Europa. A mdia anual dos escoamentosvaria de 3.000 mm no oeste da Noruega a 100-400mm em grande parte da Europa Central e menos de25 mm nas reas central e sul da Espanha (ETC/WTR, 2001). Tradicionalmente, a maior parte dospases europeus depende mais de guas superfici-ais do que de guas subterrneas, que so fre-qentemente usadas apenas para o abastecimentode gua populao (EEA, 1999a; Eurostat, 1997).Os dados para a avaliao das tendncias de quan-tidade de gua so bastante deficientes, mas os as-sociados qualidade da gua so relativamentebons. A poluio da gua um problema grave em

    toda a Europa. Embora tenha sido alcanado um certoprogresso quanto reduo da poluio na EuropaOcidental, a situao menos promissora na Euro-pa Central e no Leste Europeu.

    A Europa extrai uma poro relativamente pequenado total de seus recursos hdricos renovveis. A Eu-ropa Ocidental extrai, em mdia, cerca de 20% (EEA,1999b), embora esse valor varie de menos de 5%nos pases ao norte para mais de 40% na Blgica, naAlemanha e na Holanda. A Federao Russa, com9% dos recursos hdricos do mundo, extrai menosde 2% ao ano (RFEP, 2000). Contudo, realmente hproblemas de quantidade de gua em reas com bai-xo ndice pluviomtrico e elevada densidadedemogrfica, assim como em amplas reas com cul-tivos irrigados, principalmente em pases do Medi-terrneo, na Europa Central e no Leste Europeu.

    Na regio central da Europa Ocidental, a mai-or parte do abastecimento de gua utilizado comorefrigerante na produo de energia. Essa guaretorna para sua fonte praticamente nas mesmascondies e pode ser reutilizada. Em pases do sul

    da Europa Ocidental, em que os recursos hdricosso menos abundantes, a agricultura consome mui-to mais do que os outros setores aproximadamen-te 80%, em comparao com os 20% utilizados parauso urbano e industrial (ETC/WTR, 2001). Cerca de80% da gua utilizada para irrigao evapora.

    A quantidade de gua extrada para o abaste-cimento pblico na Europa Ocidental caiu de 8% a10% entre 1985 e 1995, como conseqncia de umuso mais eficiente da gua em indstrias e residn-

    gua doce: Europa

    Quantidade de gua

    cias (ETC/WTR, 2001). Entretanto, um aumento sig-nificativo quanto ao uso da gua para a agriculturaocorreu no sul da Europa, devido ao fato de que asreas agrcolas irrigadas sofreram um acrscimo de

    quase 20% desde meados da dcada de 1980. NaEuropa Central e no Leste Europeu, verifica-se umdeclnio notvel no consumo de gua para fins in-dustriais, em funo de uma reestruturao econ-mica, mas a demanda proveniente das reas urbanase para a agricultura irrigada est em constante cres-cimento (EEA, 1998).

    H poucas leis que controlam o uso da guana Europa. Os problemas relativos quantidade fo-ram tradicionalmente tratados com o aumento dascapacidades de armazenamento por meio de reser-vatrios e sistemas de transferncia de gua. No en-tanto, foram implementadas medidas para a reduo

    da demanda em vrios pases da Europa Ocidental.Tais medidas, juntamente com a maior consci-entizao sobre o uso da gua em geral, reduziramo consumo pblico. Os setores domstico e indus-trial tornaram-se cada vez mais eficientes em relao

    < 10%

    10%-20%

    20%-40% ausncia de dados

    >40%

    Estresse hdrico na Europa (extrao em escalapercentual dos recursos renovveis)

    ao uso da gua. Entre os exemplos de medidas deconservao da gua, vale citar a medio do con-sumo, maiores tarifas e impostos, restries quanto irrigao de jardins, reduo de vazamentos, edu-cao ao usurio e o uso extenso de dispositivosmais eficientes, tais como descargas sanitrias debaixo consumo e lavadoras de roupa que consomemmenos gua.

    O estresse hdrico ocorre em todas as regies da Europa, de modo especial nas reas irrigadada Europa Central e Leste Europeu e nos pases mais industrializados da Europa Ocidental.

    Fonte: dados compilados de UNDP, UNEP, World Bank e WRI, 2000

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    182ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLTICAS: 1972-2002

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    186ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLTICAS: 1972-2002

    A Amrica do Norte possui cerca de 13% dos recur-

    sos renovveis de gua doce do mundo (exceto ge-leiras e calotas glaciais). Ao fim da dcada de 1990, osnorte-americanos utilizavam 1.693 m3de gua por pes-soa a cada ano (Gleick, 1998), mais do que em qual-quer outra regio. Nos Estados Unidos, as recentesmedidas de conservao resultaram em declnio doconsumo: durante o perodo de 1980 a 1995, os ndi-ces de extrao de gua caram em quase 10%, en-quanto a populao aumentou em 16% (Solley, Piercee Perlman, 1998). No Canad, por outro lado, a extra-o de gua aumentou em 80% no perodo de 1972 a1991, enquanto o crescimento populacional foi de3% (EC, 2001a).

    Embora a poluio da gua de fontes focaliza-das tenha sido reduzida nos Estados Unidos desde adcada de 1970, as fontes difusas, como o escoamen-to agrcola e a drenagem urbana de guas fluviais,aumentaram, causando graves problemas relativos poluio. Os problemas de aumento de nutrientes sode interesse especial.

    A maior parte dos recursos de gua doce (nocongelada) do continente est em guas subterrne-as. Atualmente, a contaminao de guas subterr-neas e os nveis decrescentes dos aqferos so ques-tes prioritrias (Rogers, 1996; EC, 1999a).

    H trinta anos, uma das questes mais sriasque a Amrica do Norte enfrentava em relao aosrecursos de gua doce era o estado precrio da Baciados Grandes Lagos. As atividades de limpeza so umexemplo notvel da cooperao entre as naes e osusurios locais.

    gua doce: Amrica do NorteEm meados da dcada de 1990, as guas subterrne-as abasteciam at 50% da populao da Amrica do

    Norte e mais de 90% dos habitantes das reas rurais(EPA, 1998; Statistics Canada, 2000).Atualmente, os numerosos compostos peri-

    gosos utilizados na indstria e na agricultura estoameaando a qualidade das guas subterrneas. Ospoluentes de fontes difusas esto presentes em mui-tos poos superficiais em toda a extenso de amplasregies da Amrica do Norte (Moody, 1996). A agri-cultura o pior agente poluidor, o uso de fertilizantesartificiais na regio aumentou de 15 milhes para 22,25milhes de toneladas por ano nas trs ltimas dca-das (IIFA, 2001).

    Embora a contaminao por nitrognio rara-

    mente exceda os nveis de risco potencial sade,constitui um problema crnico para a populao dasprovncias das Pradarias, que dependem de poospara obter gua, assim como afeta as guas subterr-neas at certo ponto em 49 estados dos Estados Uni-dos (OECD, 1996; Statistics Canada, 2000). Consumi-dos em concentraes elevadas, os nitratos podemcausar metemoglobinemia infantil, tambm conheci-da como sndrome do beb azul (Sampat, 2000).

    No perodo de 1993-1995, tambm foram de-tectadas baixas concentraes de pesticidas em guassubterrneas pouco profundas em 54,4% dos stiostestados nos Estados Unidos. Embora as concentra-es de pesticidas raramente excedam os padresestabelecidos para a gua potvel, alguns cientistassugerem que seus efeitos combinados sobre a sadee o meio ambiente no so abordados de forma sa-tisfatria (Kolpin, Barbash e Gilliom, 1998).

    Os tanques subterrneos de armazenamentoque contm, por exemplo, produtos derivados do pe-trleo, cidos, substncias qumicas e solventes in-dustriais, so importantes fontes de contaminaode guas subterrneas (Sampat, 2000). Os tanquesso de modo geral imprprios para armazenar taissubstncias ou foram instalados de forma inadequa-

    da. Em 1998, descobriu-se que mais de 100 mil tan-ques de petrleo nos Estados Unidos estavam comvazamentos. Os fundos estaduais destinados a medi-das corretivas para os tanques subterrneos ajuda-ram a limpar muitos dos stios nos Estados Unidos(US EPA, 1998).

    Os sistemas de fossas spticas, a maior fontede descarga de dejetos na terra, contm muitos con-taminantes orgnicos, e suspeita-se que sejam umadas principais fontes de contaminao de poos na

    guas subterrneas

    Riscos sade causados pela poluio deguas subterrneas

    Diversos relatrios recentes sobre contaminao localizada de poosalertaram a populao quanto aos riscos sade associados a guassubterrneas contaminadas (EC, 1999a). Em maio de 2000, por

    exemplo, sete canadenses morreram e mais de 2.0002 mil adoeceramem Walkerton, Ontrio, em consequnciaconseqncia dacontaminao por no sistema de abastecimento de gua dacidade. O esterco foi um dos fatores envolvidos no acidente, agravadopor outros, como falhas na infra-estrutura, localizao de alto risco dospoos, erro humano e chuvas abundantes (ECO, 2000).A tragdia alertou as provncias canadenses para a necessidade desanar os graves problemas com a gua potvel, relacionados acontaminantes provenientes de dejetos animais que penetram asreservas de guas subterrneas e, em alguns casos, s repercussesde cortes oramentrios anteriores, redues de pessoal e uma maiordependncia dos municpios quanto regulamentao dos serviosambientais (Gallon, 2000).

    E. coli

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    187GUA DOCE

    rea rural. Entre um tero e metade dos sistemas sp-ticos dos Estados Unidos podem estar funcionandode forma deficiente (Moody, 1996).

    A disponibilidade a longo prazo de guas sub-

    terrneas em regies agrcolas ridas uma questoprioritria. Em geral, os nveis de guas subterrneaspararam de cair durante a dcada de 1980, mas o es-gotamento das reservas de guas subterrneas aindacorrespondia a 10% de todas as extraes de guadoce nos Estados Unidos em meados da dcada de1990 (OECD, 1996). Em 1990, 62% das terras agrcolasirrigadas dependiam dos recursos de guas subterr-neas (OECD, 1996; Sampat, 2000).

    Durante o perodo, entre o fim da dcada de1980 e incio da de 1990, todos os estados dos Esta-dos Unidos promulgaram leis relativas a guas sub-terrneas (TFGRR, 1993; Gobert, 1997). O governo

    federal do Canad aprovou novas leis nacionais so-bre questes sobre meio ambiente, comrcio e guassubterrneas (EC, 1999a). Embora tradicionalmente agesto de guas subterrneas tenha abordado de for-ma separada as guas superficiais e as subterrneas,as interaes entre elas tm efeitos diretos sobre aqualidade e a disponibilidade da gua, bem como so-bre a sade das reas midas, a ecologia ribeirinha eos ecossistemas aquticos em geral (Cosgrove eRijsberman, 2000).

    A bacia dos Grandes Lagos um dos maiores siste-mas de gua doce do planeta, contendo 18% da guadoce superficial do mundo (EC, 2001a). Menos de 1%da gua renovada anualmente por precipitao, es-coamento de guas superficiais e influxo de guassubterrneas.

    Com o passar dos anos, os lagos tm estadoexpostos a uma mistura poluidora de efluentes devi-do ao tratamento inadequado de esgoto, efluentes defertilizantes e guas residuais. No incio da dcada de1970, as praias estavam cobertas de algas, e a guano era apropriada para beber, a menos que passasse

    por um extenso processo de purificao. No LagoErie havia grandes quantidades de fsforo, floraesde algas e graves declnios da populao de peixes.As comunidades indgenas foram as mais afetadas.As manchetes dos jornais em 1970 declaravam queO Lago Erie est morto (EC, 1999b; EC, 2001c).

    Outros indcios apontavam problemas maistraioeiros. No incio da dcada de 1970, as cascasdos ovos do corvo-marinho-de-dupla-crista, que estem um patamar elevado da cadeia alimentar aqutica

    e sujeito aos efeitos da bioacumulao, estavam cer-ca de 30% mais finas do que o normal (EC, 1999b).Algumas espcies de pssaros sucumbiram.

    A Comisso Internacional dos Grandes Lagos

    (IJC) publicou um relatrio sobre o problema da po-luio nos Grandes Lagos inferiores em 1970. A IJC,uma organizao independente formada por represen-tantes do Canad e dos Estados Unidos, tem-se en-carregado de avaliar a quantidade e a qualidade da -gua ao longo da fronteira entre o Canad e os Esta-dos Unidos desde 1909 (IJC, 2000a). O relatrio resul-tou na assinatura do Acordo sobre a Qualidade dagua dos Grandes Lagos (GLWQA), em 1972, e noincio de esforos combinados para recuperar a qua-lidade da gua. Em 1978, o acordo foi renovado paraintroduzir a abordagem de ecossistema e tratar o pro-blema das descargas de produtos qumicos persis-

    tentes (IJC, 1989).

    Em 1987, foram estabelecidas metas ou estra-tgias para reduzir cargas de fsforo, poluentes at-mosfricos, poluio gerada por atividades realiza-das na terra e problemas relativos a sedimentos eguas subterrneas contaminadas. Foram desenvol-

    vidos Planos de Ao Corretiva para limpar 43 reasque eram objetos de preocupao (ver mapa).As cargas municipais de fsforo nos lagos

    Erie e Ontrio foram reduzidas em quase 80% desde oincio da dcada de 1970, diminuindo o ritmo de cres-cimento das algas e reduzindo o nvel de esgotamen-to de oxignio nas guas do fundo. O Lago Erie, queoutrora fora considerado morto, agora o maiorlocal de pesca de peixes perciformes do mundo (EC,1999b; EC, 2001c).

    Qualidade da gua dos Grandes Lagos

    reas de risco nos Grandes Lagos

    Em 1987, foramdesenvolvidos Pde Ao deTratamento a fimdespoluir 43 rerisco na Bacia doGrandes Lagos, no Canad quanEstados Unidos

    Fonte: EC, 2000

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    189GUA DOCE

    A Pennsula Arbica caracteriza-se por um clima ri-

    do com nveis de precipitao anual inferiores a 100mm. No h um abastecimento confivel de guassuperficiais. Essa sub-regio depende inteiramentede guas subterrneas e usinas de dessalinizaopara atender s suas necessidades hdricas. Gran-des aumentos na demanda exercem uma crescentepresso sobre os exguos recursos disponveis. Asub-regio de Mashreq , em sua maior parte, ridae semi-rida. Cerca de 70% da sub-regio recebemenos de 250 mm de chuvas por ano. A regio com-partilha dois rios que nascem fora da rea, o Eufratese o Tigre, alm de muitos outros rios menores. Acor-dos ou entendimentos sobre como compartilhar es-

    ses recursos hdricos foram estabelecidos entre ospases rabes, mas os acordos em relao ao Eufratesainda no foram concretizados entre o Iraque e aSria, de um lado, e a Turquia, do outro.

    A principal causa da crescente demanda por gua o crescimento populacional acelerado. A populaoda regio aumentou de 37,3 milhes em 1972 para97,7 milhes em 2000 (United Nations PopulationDivision, 2001). Um alto ndice anual de crescimentodemogrfico de mais de 3% na sub-regio deMashreq provocou a queda do volume anual percapitados recursos hdricos disponveis de 6.057m3em 1950 (Khouri, 2000) para 1.574 m3em 2000 (vertabela acima).

    A demanda por gua para uso domstico tam-bm tem aumentado devido a um incremento no con-sumoper capita. Em muitos pases, o racionamentode gua usado para limitar a demanda. Por exem-plo, a Jordnia restringe o abastecimento de guaem Am para apenas trs dias por semana. Em Da-masco, a gua pode ser usada por menos de dozehoras por dia.

    A agricultura o principal destino da guana sia Ocidental, correspondendo a aproximada-mente 82% do total da gua consumida, em compa-rao a 10% e 8% para os setores domstico e in-dustrial, respectivamente. Na Pennsula Arbica, aagricultura utiliza cerca de 86% dos recursos hdricosdisponveis, e cerca de 80% so utilizados na regiode Mashreq (Khouri, 2000). Para satisfazer a deman-da por gua, principalmente para irrigao, a extra-o de guas subterrneas aumentou drasticamentenas trs ltimas dcadas.

    gua doce: sia Ocidental

    Nos pases integrantes do Conselho de Coo-perao do Golfo (CCG), o abastecimento total degua por ano aumentou de 6 km3em 1980 para 26km3em 1995, dos quais 85% eram utilizados para finsagrcolas (Zubari, 1997). Em 1995, os pases do CCGtinham recursos hdricos equivalentes a 466 m3/anoper capitae um ndice de usoper capitade gua de1.020 m3/ano, o que produziu um dficit mdio anualde gua de aproximadamente 554 m3per capita, ob-tido principalmente por meio da explorao de reser-vas de guas subterrneas (Zubari, 1997).

    Demanda crescente por gua

    Usos da gua na sia Ocidental

    Origens e usos dos recursos hdricos nas regies da sia Ocidental: a Pennsula Arbica depenprincipalmente das guas subterrneas, j os pases localizados no Mashreq necessitam dguas superficiais. Entretanto, ambas as regies utilizam a maior parte de suas reservas agricultura.

    Fonte: Khouri, 2000

    ndice de estresse hdrico: sia Ocidental

    populao(milhes, 2000)

    gua disponvel(km /ano)

    guautilizada(km /ano)

    disponibilidade(m /ano)

    3

    3

    3

    ndice de estressehdrico (%)

    percapita

    Masheq

    50,7

    79,9

    66,5

    1.574

    83,3

    PensulaArbica

    47,0

    15,3

    29,6

    326

    >100

    Regio dasia Ocidental

    97,7

    95,2

    96,1

    974

    >100

    Fonte: ACSAD, 2000; United Nations Population Division, 2001

    5

    95

    Mashreq PennsulaArbica

    15

    85

    agricola

    municipal

    industrial

    80

    8

    12

    86

    11

    3convencional no convencional

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    192ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLTICAS: 1972-2002

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    193GUA DOCE

    gua doce: as Regies Polares

    O rtico possui grande parte das reservas mundiaisde gua doce, e sua paisagem dominada por siste-mas de gua doce. Os dois principais campos degelo permanentes so a banquisa do Oceano rtico(8 milhes de km2) e a calota glacial da Groenlndia(1,7 milho de km2), que juntas possuem 10% da guadoce do mundo. A calota glacial da Groenlndia pro-duz cerca de 300 km3de icebergs por ano. No rtico,encontram-se diversos dos maiores rios do mundo,que vertem 4.200 km3de gua doce no Oceano rti-co a cada ano, juntamente com cerca de 221 milhesde toneladas de sedimentos (Crane e Galasso, 1999;

    AMAP, 1997).As baixas temperaturas, os baixos nutrien-

    tes, a pouca disponibilidade de luz e uma breve es-tao de crescimento limitam a produtividade prim-ria dos sistemas de gua doce do rtico. Por suavez, esse fato restringe a vida animal que pode sersustentada. No entanto, os sistemas fluviais sodensamente povoados por vrias espcies de pei-xes, como o Salvelinus alpinus, o salmo do Atln-tico e o salmo rosado. Nos ltimos anos, a tendn-cia geral de aquecimento, somada pesca recreativae comercial, exerceu presso sobre essas popula-

    es. A introduo acidental de espcies exticas euma maior piscicultura so outros motivos de preo-cupao (Bernes, 1996). A eutrofizao um proble-ma recente em diversos lagos na Escandinvia, emque os assentamentos humanos aumentaram os n-veis de nutrientes.

    Os rios que desembocam no norte so viasimportantes de transporte de poluentes oriundos defontes distantes no interior do continente, princi-palmente na Federao Russa. Na primavera, essespoluentes so depositados em sistemas de guadoce e finalmente no meio ambiente marinho e po-dem ser transportados por milhares de quilmetros

    a partir de suas fontes, por meio dos padres decirculao marinha do rtico. Entre os poluentes,encontram-se produtos qumicos oriundos da pro-duo agrcola, industrial e petrolfera, radionu-cldeos provenientes de testes nucleares e ativida-des militares, assim como sais solveis em gua(Crane e Galasso, 1999). Os pases do rtico adota-ram um Programa circumpolar de Ao Regional paraa Proteo do Ambiente Marinho do rtico de Ati-vidades Realizadas em Terra (baseado no Programa

    Global de Ao para a Proteo do Ambiente Mari-

    nho de Atividades Baseadas em Terra), assim comoProgramas de Ao Nacional em alguns pases, en-tre eles a Federao Russa. Esses instrumentos somuito recentes, o que impossibilita a avaliao desua eficcia a longo prazo (PAME, 1998).

    Nos pases nrdicos, a oposio constru-o de represas muito forte. Durante o perodo de1975 a 2001, o povo nativo Cree lutou contra o go-verno de Quebec devido aos danos ambientais emsuas terras. De forma surpreendente, no entanto,em outubro de 2001, os Crees mudaram de posi-cionamento e assinaram um acordo que permitia aogoverno de Quebec, em princpio, construir outro

    grande projeto hidreltrico no sistema fluvial deEastmain-Rupert, em troca de pagamento. No ano2000, um projeto de energia hidreltrica que teriainundado uma rea mida importante foi rejeitado(Arctic Bulletin, 2001). Em 2001, a Agncia Nacionalde Planejamento da Islndia rejeitou planos para umprojeto de energia hidreltrica que teria represadodois dos trs principais rios que fluem da maior ge-leira da Europa e destrudo uma vasta extenso davida silvestre.

    rtico

    O mapa mostra a bacia hidrogrfica do Oceano rtico, com os principais rios e seus respectivovolumes de vazo em quilmetros cbicos.

    Fonte: CAFF, 2001

    Os principais sistemas fluviais do rtico

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    196ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLTICAS: 1972-2002

    A Represa das Trs Gargantas est localiza-da a noroeste da cidade de Yichang na Pro-vncia de Hubei, na China. Trata-se de umaregio subtropical que sustenta uma flores-ta mista de conferas e decduas.

    Nas imagens, a vegetao aparece em cor verde, oscorpos dgua em azul, a superfcie de terra livre de vegeta-o em cor-de-rosa e as reas edificadas em violeta azulado.

    As imagens mostram as grandes mudanas que ocor-reram em reas agrcolas e na floresta original de arbustos.Na rea em torno da represa de Trs Gargantas (centro deambas imagens), uma rea anteriormente coberta por vege-tao foi em grande parte substituda por uma paisagemartificial. A eroso do solo nessa rea foi intensificada, comopode-se ver na imagem do ano 2000.

    NOSSO MEIO AMBIENTE EM TRANSFORMAO: Represa das Trs

    Gargantas, China

    1987

    2000

    Imagens e texto: China National Environmental Monitoring Centre

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