agrocurso apostila

62
Os bovinos são animais poligástricos, dotados de estômago dividido em quatro compartimentos, contendo em sua porção inicial o Rumem e Retículo que são responsáveis pela digestão de alimentos fibrosos, transformando-os em nutrientes prontamente disponíveis para o desempenho produtivo. A evolução genética das raças produtoras de carne trouxe consigo um aumento das exigências nutricionais dos bovinos, proporcional ao seu nível de produção, o que torna sua alimentação dependente de suplementos capazes de suprir as deficiências das pastagens e outros alimentos volumosos. 1. Uso racional das pastagens A pastagem constitui a principal fonte de alimentos dos bovinos, mas nem sempre é manejada de forma adequada, muitas vezes devido à falta de conhecimento das suas condições fisiológicas de crescimento e composição nutricional. Manejar uma pastagem de forma adequada significa produzir alimentos em grandes quantidades além de procurar o máximo valor nutritivo possível do material. A produção de massa afeta de forma significativa a capacidade de suporte da pastagem (maior número de animais por área) e está influenciada pela fertilidade do solo, manejo e condições climáticas enquanto que o valor nutritivo afeta o ganho de peso do animal e depende principalmente da idade da planta. Associando estes dois requisitos, objetivamos um maior ganho de peso por área, o que viabiliza de forma técnica e econômica a atividade, conforme mostra a Fig. 1. Figura 1. Influência da produção e valor nutritivo das pastagens sobre o ganho de peso por área Para um bom desempenho produtivo, os ruminantes necessitam de Água, Proteína, Energia, Vitaminas e Minerais. Todos estes nutrientes são de grande importância para alimentação dos animais, variando apenas quantitativamente, no que diz respeito à categoria dos animais. M an ejo d as P astag ens N ú m ero d e A nim ais p or Á rea (h a) P ro d ução d e M assa G an h o de P eso po r A nim al V alo r N utritivo Ganho de Peso por Área (ha)

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Apostila para o Agrocurso

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Page 1: Agrocurso apostila

Os bovinos são animais poligástricos, dotados de estômago dividido em quatrocompartimentos, contendo em sua porção inicial o Rumem e Retículo que sãoresponsáveis pela digestão de alimentos fibrosos, transformando-os em nutrientesprontamente disponíveis para o desempenho produtivo.

A evolução genética das raças produtoras de carne trouxe consigo um aumentodas exigências nutricionais dos bovinos, proporcional ao seu nível de produção, o quetorna sua alimentação dependente de suplementos capazes de suprir as deficiências daspastagens e outros alimentos volumosos.

1. Uso racional das pastagens

A pastagem constitui a principal fonte de alimentos dos bovinos, mas nemsempre é manejada de forma adequada, muitas vezes devido à falta de conhecimentodas suas condições fisiológicas de crescimento e composição nutricional. Manejar umapastagem de forma adequada significa produzir alimentos em grandes quantidades alémde procurar o máximo valor nutritivo possível do material. A produção de massa afetade forma significativa a capacidade de suporte da pastagem (maior número de animaispor área) e está influenciada pela fertilidade do solo, manejo e condições climáticasenquanto que o valor nutritivo afeta o ganho de peso do animal e dependeprincipalmente da idade da planta. Associando estes dois requisitos, objetivamos ummaior ganho de peso por área, o que viabiliza de forma técnica e econômica a atividade,conforme mostra a Fig. 1.

Figura 1. Influência da produção e valor nutritivo das pastagens sobre o ganho depeso por área

Para um bom desempenho produtivo, os ruminantes necessitam de Água,Proteína, Energia, Vitaminas e Minerais. Todos estes nutrientes são de grandeimportância para alimentação dos animais, variando apenas quantitativamente, no quediz respeito à categoria dos animais.

M a n e j o d a s P a s t a g e n s

N ú m e r o d e A n i m a i sp o r Á r e a ( h a )

P r o d u ç ã o d e M a s s a

G a n h o d e P e s op o r A n i m a l

V a l o r N u t r i t i v o

Ganho de Peso por Área (ha)

Page 2: Agrocurso apostila

Durante o período chuvoso, as pastagens chegam a apresentar níveissatisfatórios de proteína, energia e vitaminas, enquanto que os minerais estãodeficientes, impedindo o pecuarista de obter índices máximos de produtividade,enquanto que no período de estiagem, todos nutrientes estão deficientes na pastagem.Portanto nesta época a suplementação de apenas um nutriente não resulta em melhoresrendimentos do rebanho, conforme é apresentado no Gráf. 1.

Gráfico 1. Níveis de nutrientes nas pastagens e exigências dos bovinos

1.1. Manejo das pastagens

Para adotarmos um bom manejo das pastagens, devemos levar em conta osprincípios básicos de crescimento (Fotossíntese) e gasto de energia da planta(Respiração), assim como apresentado no Gráf. 2.

Níveis de Nutrientes nas Pastagens eExigências dos Bovinos

0

20

40

60

80

100

Proteína Energia Minerais Vitaminas

Exigência

Pasto Verde

Pasto Seco

Page 3: Agrocurso apostila

Gráfico 2. Produção de forragem (fotossíntese) e perdas (respiração) de acordocom o envelhecimento da pastagem

Neste quadro podemos observar que à medida que a planta intensifica suaFotossíntese ela cresce acumulando reservas orgânicas na base do caule. Paraforrageiras tropicais este ganho de energia aumenta gradativamente com a idade daplanta e atinge o máximo aos 21, 28 ou 35 dias após o corte ou pastejo (dependendo dapastagem utilizada), o que indica que este deverá ser o período de descanso ideal dapastagem após o uso (pastejo). Por outro lado, enquanto a planta cresce a respiraçãotambém é intensa o que significa que ela está gastando parte da energia que foisintetizada. Observa-se que a partir de 35 dias de idade a planta respira mais quesintetiza, ou seja, gasta mais do que produz e a conseqüência disto é uma menorprodução de massa, com menor valor nutritivo, além de menores quantidades dereservas orgânicas, o que dificulta o rebrote após o período de pastejo. Isto explica ofato de que ao colocarmos os animais em um pasto vedado por longos períodos, odesempenho dos animais não é satisfatório e a rebrota da pastagem é lenta.

1.1.1. Período de Ocupação das pastagens

Durante o período de pastejo os animais consomem em primeiro lugar as folhase depois os caules. Após esta remoção inicia-se um processo de rebrote da pastagem,que cresce de 3 a 5 cm por dia, atingindo 10 a 15 cm de tamanho em aproximadamente3 dias. No manejo racional, devemos evitar que os animais comam este rebrote,permitindo que o pasto tenha o máximo de crescimento sem ser danificado. Para queisto ocorra, devemos deixar os animais no pasto no máximo 7 dias, sendo que quantomenor for este período, menos os animais irão consumir o rebrote e maior será a suaprodução de massa, resultando em maior capacidade de suporte.

1.1.2. Período de descanso das pastagens

Acúmulo de Reservas Orgânicas nasPastagens

0

20

40

60

80

100

7 14 21 28 35 42 49 56 dias

Fotossíntese

Respiração

Page 4: Agrocurso apostila

Após o período de ocupação, a pastagem deverá descansar, permitindo omáximo de rebrote sem ser danificada pela boca do animal. O tempo ideal de descansodepende da capacidade de rebrote que é afetada pela fertilidade do solo, espécieforrageira, condições climáticas e manejo, mas de modo geral este período deverá estarentre 21 (Humidícula, Tifton e Gramas em geral) a 35 dias (Braquiarão, Tanzânia,Mombaça, Colonião), onde podemos obter um bom valor nutritivo e o máximo decrescimento com acúmulo de reservas conforme visto no Gráfico 2.

1.2. Divisão das pastagens

Para obtermos os períodos de ocupação e descanso desejados no manejo daspastagens, devemos dividir a área fazendo com que os animais pastejam em rodízio,permanecendo em um determinado pasto até consumir todo alimento disponível e logoem seguida desocupam o local, permitindo um rebrote eficiente sem danificar a planta.A divisão da área de pastejo deverá ser feita utilizando o seguinte esquema:

De acordo com o exemplo, podemos verificar que ao dividir-mos umadeterminada área de pastejo, estaremos permitindo um melhor desenvolvimento daforrageira devido ao melhor crescimento de seu sistema radicular que passará a exploraruma maior área no solo aumentando então sua produção de massa. Nota-se que aosairmos do sistema tradicional de pastejo contínuo, para um pastejo rotacionado comum período de ocupação de 7 dias, aumentamos a capacidade de suporte da pastagem deforma significativa e ao dividirmos novamente a área, passando o período de ocupaçãopara 3 dias, podemos aumentar ainda mais a lotação. Evidentemente a capacidade desuporte de uma pastagem não é constante ao longo do tempo e tende a cair com o

Cálculo do Nº de Pastos

Período de Descanso Período de Ocupação

Nº de Pastos =

Ex. Dividir uma área de 100 ha(Manejo tradicional = 100 UA)

Nº de Pasto = 35 + 1 = 6 Pastos de 16,7 ha ( 200 UA )

7

Nº de Pasto = 33 + 1 = 12 Pastos de 8,35 ha ( 300 UA )

3

Page 5: Agrocurso apostila

declínio da fertilidade do solo o que poderá ser corrigido com o uso de adubações quepermite atingirmos níveis elevados de lotação.

2. Ganho de peso dos animais em pastagens

Para avaliar o ganho de peso dos animais, devemos considerar não só o ganhoindividual, mas também o ganho por área, pois este último leva em conta a produção demassa do pasto e representa o quanto de peso vivo podemos obter em uma determinadaárea. Na Tab. 1 podemos observar que nem sempre o melhor ganho por animal é o quenos dá maior rendimento.

Tabela 1. Efeito da pressão de pastejo sobre o ganho de peso

As espécies forrageiras apresentam comportamento diferente durante o cicloprodutivo anual, assim as espécies do gênero Pannicum (Colonião e suas variedades),são mais nutritivas que aquelas do gênero Braquiária durante o período das chuvas e àmedida que aproxima do período seco as Braquiárias mantêm-se mais verdes,proporcionando melhores rendimentos durante esta época, conforme é mostrado na Tab.2 e 3.

Tabela 2. Ganho de peso de bezerros desmamados (peso inicial 160 a 180kg). Cargafixa durante a seca (2cab/ha) e carga variável durante o período chuvoso

Efeito da pressão de Pastejosobre o ganho de peso

cab/ha Ganho/dia (g/dia) Ganho/área (Kg)0,5 700 350 631,0 700 700 1261,5 650 975 1702,0 600 1200 2162,5 400 1000 1803,0 200 600 108

Ganho de peso de bezerros desmamados (pesoinic ial 160 a 180 K g). Carga fixa durante a seca

(2 cab/há) e carga variável duranteo período chuvoso.

Período chuvosoGanho de peso Kg

/cab/dia /ha /cab/diaColonião 0,170 24 0,722Jaraguá 0,133 15 0,616

B. decumbens 0,240 34 0,552Setaria 0,137 20 0,574

Pastagem

Page 6: Agrocurso apostila

Tabela 3. Ganhos de peso de novilhos em pastagens de Braquiarão e Colonião, naregião de Dourados-MS

CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS

ALIMENTOS VOLUMOSOS

São alimentos ricos em fibras, necessários para manter a atividade microbiana do

rúmen, apresentam mais de 50 % de FDN (Fibra em detergente neutro) ou 18 % de FB (

Fibra Bruta), geralmente são pobres em energia, quando comparados aos concentrados.

Neste grupo podemos incluir as pastagens, silagens, fenos e resíduos de agricultura e

indústrias. Na classificação internacional de alimentos recebem o número 1 (alimentos

secos), 2 (alimentos verdes) e 3 (silagens), como primeiro dígito do número de

referencia.

Características nutricionais:

Ganhos de peso de novilhos em pastagens deBraquiarão e Colonião, na região de Dourados-MS.

Carga animal média

inicial final Kg/an g/an/dia Kg/ha UA/ha

Braquiarão 448 528 80 519 399 4,4

Colonião 452 548 95 616 384 3,7

Braquiarão 243 283 41 293 142 2,3

Colonião 247 288 40 289 107 1,8Seca

Estações Tratamentos

Chuvosa

Page 7: Agrocurso apostila

Apresentam um valor protéico muito variável, principalmente em função da idade

da planta (no caso das gramíneas tropicais). As leguminosas e gramíneas imaturas

são mais ricas em proteínas, enquanto que gramíneas maduras, as palhadas e a

maioria dos resíduos da agroindústria apresentam valores baixos deste nutriente;

Geralmente são baixos em energia, devido o alto teor de fibras e baixo em

carboidratos de reserva, quando comparado com os concentrados;

São ricos em Vitamina A, cálcio e micro minerais;

Geralmente são pobres em fósforo;

São importantes para manter o funcionamento do rúmen (ruminação). A população

microbiana do rúmen depende da fibra para sua sobrevivência;

A aceitabilidade pelos animais é variável, dependendo principalmente de sua

digestibilidade, alimentos mais digestíveis apresentam melhor consumo pelos

animais, enquanto que aqueles de baixo valor nutritivo e com baixa digestibilidade

são menos palatáveis;

Quanto maior o desempenho desejado, menor deverá ser a inclusão de volumosos na

dieta, devido a sua baixa concentração em nutrientes;

São necessários para dietas de vacas leiteiras, com objetivo de manter a produção de

acetato no rúmen e conseqüentemente o teor de gordura do leite;

ALIMENTOS CONCENTRADOS

São aqueles que apresentam menos de 50% de FDN ou 18 % de Fibra Bruta,

geralmente são ricos em energia (maior que 60 % de NDT). Na classificação

internacional de alimentos, recebem os números 4 (concentrado energético) e 5

(concentrado protéico), como primeiro dígito de referência.

Concentrados Energéticos

Apresentam alta concentração de nutrientes, principalmente carboidratos de

reserva e gorduras. São alimentos ricos em energia por unidade de peso e com menos de

20 % de proteína bruta. São representados pelos grãos de cereais e seus subprodutos,

óleos e gorduras de origem animal ou vegetal.

Características nutritivas

Page 8: Agrocurso apostila

Apresentam baixo teor de fibras e são utilizados para compor as rações concentradas;

Geralmente apresentam boa aceitabilidade pelos animais;

O valor nutritivo é pouco variável dentro de um determinado alimento;

São ricos em fósforo e pobres em cálcio;

A qualidade da proteína é variável, mas geralmente baixa;

São pobres em proteína bruta, quanto comparados com os concentrados protéicos;

Concentrados Protéicos

Apresentam altos teores de proteína bruta (maior que 20%), representados

principalmente pelos grãos de oleaginosas e seus subprodutos, subprodutos da indústria

animal e fontes de nitrogênio não protéico (NNP). O termo Equivalente Protéico refere-

se ao teor de nitrogênio multiplicado pelo fator 6.25 (N x 6.25 = PB).

Características nutritivas

Apresentam baixo teor de fibras e são misturados os energéticos, para compor as

rações concentradas;

Geralmente apresentam boa aceitabilidade pelos animais;

O valor nutritivo é pouco variável dentro de um determinado alimento;

São ricos em fósforo e pobres em cálcio;

A qualidade da proteína é variável, geralmente de média a alta

São médios a altos em energia;

Qualidade da proteína

Refere-se à quantidade e proporção dos aminoácidos que compões a proteína;

Os ruminantes sintetizam a maior parte dos aminoácidos essenciais, através dos

microorganismos simbióticos do rúmen;

A exigência em alimentos protéicos de melhor qualidade deve ser observada

principalmente quando alimentamos animais de alta produtividade;

A proteína sintetizada pelos microorganismos do rúmen é considerada de alto valor

biológico, por ser rica em aminoácidos essenciais;

Para uso de nitrogênio não protéico é de fundamental importância o fornecimento

de carboidratos solúveis e fontes de minerais como fósforo, enxofre e zinco;

Page 9: Agrocurso apostila

O uso de fontes de NNP, como a uréia, deve ser feito apenas para os animais

ruminantes e dentro de normas e cuidados específicos.

CARACTERÍSTICAS E RESTRIÇÕES DOS ALIMENTOS USADOS NANUTRIÇÃO DOS RUMINANTES

Milho grão - Zea mays

É o principal alimento concentrado energético usado na alimentação dos

animais. Não apresenta restrição de uso e possui alta aceitabilidade pelos animais.

Possui alta disponibilidade no mercado e o preço é relativamente bom. Quando

desejamos obter maiores ganhos de peso em animais a pasto, a energia é o nutriente

mais limitante e a suplementação com milho garante o suprimento deste déficit. O

Milho é rico em energia (84% de NDT) e pobre em proteína (8.5% PB), triptofano,

lisina, cálcio, riboflavina, niacina e vitamina D, rico em pró-vitamina A (beta caroteno)

e pigmentantes (xantofila). Pode compor 100% do concentrado energético das rações

concentradas. Na maioria dos casos, recomendamos a moagem fina (quirera de milho)

em peneira de 2 a 5 mm, sendo que em dietas de alto grão, onde o concentrado

representa mais de 60 % da dieta, pode-se aumentar o tamanho da partícula. Na

fabricação de misturas múltiplas, deve ser triturado fino, com objetivo de melhorar a

utilização pelos microorganismos do rúmen. O armazenamento deverá ser feito com no

máximo 14 % de umidade, para evitar o desenvolvimento de fungos. A tabela 1 mostra a

composição média do milho grão, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 1. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO MILHO GRÃO.

Page 10: Agrocurso apostila

Nutriente Média n sMS 87.64 494 3.34MO 97.60 78 3.34PB 9.11 690 1.06NIDA/N 3.84 24 2.14NIDN/N 9.53 8 2.97EE 4.07 343 1.07MM 1.55 260 0.78FB 2.19 238 1.00ENN 74.10 49 3.50CHO 84.90 176 1.80FDN 13.98 153 5.01FDA 4.08 153 2.05HEM 9.41 13 4.22CEL 3.55 41 1.63LIGNINA 1.16 51 0.60NDT 87.24 24 3.71DMS 90.78 14 2.14DEE 100 1 -DPB 69.23 6 3.51EB 4.31 102 0.34Ca 0.03 246 0.01P 0.25 283 0.09Mg 0.13 33 0.06K 0.35 24 0.14Na 0.03 27 0.01

Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS)

É comumente conhecido como “Rolão de Milho”, espiga integral moída ou

simplesmente “Rolão”. Na espiga, 70% do peso é composto por grãos, 20 % por sabugo

e 10 % de palha. O valor nutritivo do sabugo e da palha é muito baixo e o MDPS

apresenta aproximadamente 70 % do valor nutritivo do milho grão. O uso é conveniente

apenas em propriedades onde não temos disponibilidade de volumosos de boa qualidade

e o custo é menor que 70 % quando comparado com o milho grão. Para triturar a espiga

inteira, requer maior dificuldade no manejo, formação de poeira e maior gasto de

energia. A tabela 2 mostra a composição média do MDPS, de acordo com análises em

experimentos brasileiros.

Tabela 2. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO MILHO DESINTEGRADO COM

PALHA E SABUGO (MDPS).

Nutriente Média n s

Page 11: Agrocurso apostila

MS 87.81 58 2.52MO 96.90 9 4.09PB 7.71 47 0.79PIDA/MS 2.40 1 -PIDN/MS 7.60 1 -EE 2.69 20 0.86MM 1.83 21 0.49FB 9.75 12 1.56ENN 72.88 6 4.84CHO 87.74 12 1.47FDN 31.80 4 0.54FDA 14.37 12 2.49HEM 16.54 1 -CEL 12.83 2 0.18LIGNINA 3.25 8 1.44NDT 65.53 6 3.08DMS 74.46 2 1.57DEE 85.08 1 -DPB 57.89 3 15.87EB 4.19 9 0.42Ca 0.04 20 0.02P 0.21 33 0.08Mg 0.10 9 0.03K 0.34 9 0.12Na 0.01 6 0.01Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Glúten de milho 21

É o subproduto da indústria de amido de milho para nutrição humana, restando

parte do gérmen, fibras da casca do grão e proteínas. No mercado brasileiro ele aparece

como marca comercial de Refinazil (produzido pela empresa Refinações de Milho

Brasil ) e Promil (produzido pela Cargill), ambos apresentam o mesmo valor nutritivo, é

classificado como concentrado protéico, apresenta 21 % de PB e 73 % de NDT, a fibra é

de alta digestibilidade para ruminantes e possui boa disponibilidade no mercado. Possui

sabor ligeiramente amargo, mas os animais adaptam com facilidade ao consumo. É rico

em carotenóides e pigmentantes, recomendamos fornecer até em 20 % do concentrado,

porém bovinos de corte alimentados em confinamento consumindo até 5 kg por dia,

apresentam bons ganhos de peso. Em misturas múltiplas, o uso do glúten proporciona

bom resultado, devido o alto valor protéico, o que reduz o uso de fontes de NNP como a

uréia. As tabela 3 e 4 mostram a composição média do Glúten 21, de acordo com

análises em experimentos brasileiros.

Tabela 3. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO GLÚTEN DE MILHO 21

Nutriente Média n s

Page 12: Agrocurso apostila

MS 88.50 6 2.24PB 24.39 4 1.02NIDA/N 3.91 3 2.77NIDN/N 10.01 2 6.18PIDA/MS 0.70 1 -PIDN/MS 1.70 1 -EE 3.19 6 1.64MM 5.50 5 3.95FB 9.26 2 3.70CHO 66.22 3 0.84FDN 39.53 4 1.57FDA 10.01 6 2.47CEL 10.03 1 -LIGNINA 1.27 4 0.80NDT 73.45 3 1.92DMS 79.81 1 -DEE 100 1 -DPB 84.77 1 -EB 3.81 1 -Ca 0.04 2 0.01P 0.49 3 0.29Mg 0.04 1 -K 1.49 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Tabela 4. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO GLÚTEN DE MILHO

REFINAZIL

Nutriente Média n sMS 87.40 1 -PB 23.45 2 3.46EE 1.40 2 0.56MM 7.36 2 0.91FB 9.45 2 0.78CHO 67.80 2 3.12Ca 0.17 1 -P 1.01 2 0.28Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Milheto Grão – Pennisetum typhoides

O milheto é uma gramínea muito utilizada em agricultura, como cultura de

safrinha, geralmente após a cultura da soja. O custo é cerca de 70 % do valor do milho e

apresenta boa disponibilidade no mercado. A produção é estacional e sua colheita ocorre

nos meses de maio e junho. É classificado como concentrado energético e substitui o

Page 13: Agrocurso apostila

milho nas formulações de dietas. Para animais de baixo desempenho, pode ser utilizado

como único alimento energético, como acontece nas misturas múltiplas, porém quando

desejamos melhores índices produtivos, deverá substituir 25 a 50 % do milho. O

milheto apresenta o grão pequeno e duro, devendo ser triturado em peneira mais fina (2

mm). A tabela 7 mostra a composição média do Milheto grão, de acordo com análises

em experimentos brasileiros.

Tabela 7. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO MILHETO GRÃO

Pennisetum typhoides

Nutriente Média n sMS 88.47 10 0.91MO 94 1 -PB 13.55 12 1.72NIDN/N 24.38 1 -EE 5.13 8 0.94MM 2.51 8 1.47FB 2.76 8 1.13ENN 68.86 3 6.04CHO 78.56 4 3.92FDN 15.93 6 1.17FDA 7.73 9 3.10HEM 7.50 2 0.57CEL 4.35 3 0.62LIGNINA 1.96 3 0.43NDT 76.37 1 -EB 4.00 2 0.04Ca 0.05 7 0.02P 0.23 6 0.06Mg 0.09 2 0.01K 0.33 2 0.02Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Sorgo Grão – Sorghum vulgare

O sorgo possui composição semelhante ao milho, apresenta produção estacional

e geralmente é cultivado como cultura de safrinha, após o cultivo da soja. O custo é

cerca de 70 a 80 % do valor do milho e praticamente não apresenta limitações de uso.

Em dietas para gado de corte e leite, pode compor até 100% do concentrado energético.

O grão é pequeno e duro e deve ser triturado em peneira fina (2 mm). O Tanino,

presente em algumas variedades, em níveis de 2,0 a 2,5 %, é um composto fenólico

ligado à proteína, que diminui a digestibilidade e aceitabilidade. Estas variedades são as

mais produtivas por área e também as que apresentam grãos escuros, conhecidas como

“sorgo resistente a pássaros”. Atualmente as empresas produtoras e multiplicadoras de

Page 14: Agrocurso apostila

sementes, estão extinguindo estas variedades do mercado. Apresenta maior valor

protéico que o milho (9 a13 %) e menor valor energético (80% NDT). É pobre em

carotenóides e pigmentantes e possui um desbalanceamento entre isoleucina e leucina

que interfere na conversão do triptofano para niacina, este balanceamento de

aminoácidos é mais importante para nutrição de monogástricos. A tabela 8 mostra a

composição média do Sorgo grão, de acordo com análises em experimentos brasileiros

Tabela 8. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO SORGO GRÃO

Nutriente Média n sMS 87.90 67 1.72MO 98.43 16 0.43PB 9.54 76 1.43NIDN/N 25.55 4 2.47EE 3.03 44 0.73MM 1.80 32 0.93FB 2.53 31 1.15ENN 71.92 8 1.20CHO 85.30 17 1.57FDN 14.21 15 2.24FDA 6.30 18 1.82HEM 9.62 2 2.43CEL 3.55 5 0.46LIGNINA 1.21 8 0.68NDT 80.35 6 4.08DMS 70.32 19 4.24DEE 93.48 1 -DPB 35.96 5 3.63EB 4.13 2 0.30Ca 0.04 18 0.02P 0.28 26 0.09Mg 0.19 6 0.01K 0.40 3 0.17Na 0.03 5 0.01Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Arroz Farelo integral – Oriza sativa

É o sub-produto do beneficiamento do arroz para nutrição humana. Neste

processo, retira-se a casca do grão e a película que envolve a semente (pericarpo),

obtendo o farelo de arroz, ele contem pequenas quantidades de fragmentos de cascas,

grãos e boa quantidade de gérmen. É um concentrado energético com alto teor de

extrato etéreo (30%), o que torna este alimento muito susceptível a rancificação, deve

Page 15: Agrocurso apostila

ser armazenado no máximo por 30 dias. É pobre em Proteínas, cálcio e rico em energia

e fósforo e vitaminas do complexo B. Em suínos na terminação e outros monogástricos,

pode provocar toucinho devido à presença de ácidos graxos insaturados, já nos

ruminantes isto não ocorre devido a hidrogenização destes ácidos no rúmen, o que os

transforma em saturados (entrada de um hidrogênio na dupla ligação da cadeia

carbônica). Deve-se observar sempre o teor de gordura (EE) da dieta total, que não

deve ultrapassar a 6 %, o que pode provocar queda na digestibilidade da fibra,

principalmente a celulose e até diarréia nos animais. Recomenda-se utilizar até 20 % do

concentrado ou fixar em no máximo 1 kg por animal adulto ao dia. A tabela 9 mostra a

composição média do Arroz Farelo integral, de acordo com análises em experimentos

brasileiros

Tabela 9. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO ARROZ FARELO INTEGRAL

Oryza sativaNutriente Média n sMS 88.71 66 2.42MO 89.62 14 2.24PB 13.95 80 2.32NIDA/N 10.22 3 4.80NIDN/N 19.51 1 -EE 16.14 67 4.10MM 8.48 46 2.52FB 9.25 43 2.08ENN 42.73 9 3.29CHO 60.81 33 3.99FDN 24.11 10 2.45FDA 14.06 16 4.30HEM 11.34 1 -CEL 10.11 5 3.52LIGNINA 5.22 10 1.98NDT 83.64 3 4.21DMS 77.98 2 3.61DEE 100 1 -DPB 58.08 2 6.26EB 4.80 16 0.43Ca 0.12 30 0.07P 1.65 29 0.42Mg 0.90 3 0.07K 1.32 2 0.46Na 0.05 2 0.01S 0.18 1 -Cu 16.09 3 4.40Fe 82.61 4 11.91Mn 241.03 3 39.97Zn 71.01 2 1.58Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Page 16: Agrocurso apostila

Trigo Farelo – Triticum aestivum

Subproduto da fabricação da farinha de trigo para alimentação humana, o farelo

de trigo contém as camadas mais externas do grão (tegumento, aleurona, gérmen e parte

de amido). É classificado como concentrado energético por apresentar 14 a 15 % PB,

porém é baixo em energia devido a grande quantidade de fibras. Apresenta alta

aceitabilidade pelos animais e muito utilizado em rações para bezerros, novilhas, touros

e animais com menor exigência energética. O uso é limitado em animais confinados,

quando desejamos alto desempenho (tanto corte quanto leite), devido ao baixo valor

energético. É rico em fósforo (1 a 1.3%). É comum o uso como concentrado único para

eqüinos, o que pode provocar o aparecimento de “cara inchada”, pela deficiência de

cálcio e antagonismo com o fósforo. A disponibilidade no mercado é boa e o preço é

relativamente bom, em regiões próximas aos moinhos. A tabela 12 mostra a composição

média do Trigo Farelo, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 12. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO TRIGO FARELO

Triticum aestivumNutriente Média n sMS 88.01 120 1.96MO 92.69 22 3.90PB 16.63 160 1.58NIDA/N 3.80 7 0.96NIDN/N 18.74 4 2.12EE 3.53 90 1.24MM 5.58 65 1.33FB 9.52 66 2.30ENN 54.26 9 2.19CHO 73.68 48 2.21FDN 44.30 29 2.64FDA 13.52 48 4.37HEM 33.18 1 -CEL 9.69 7 1.28LIGNINA 4.00 18 1.81NDT 72.43 10 2.78DMS 72.96 3 3.11DEE 100 1 -DPB 59.13 1 -EB 4.33 26 0.25Ca 0.22 32 0.07P 1.00 70 0.29Mg 0.49 8 0.04K 1.17 7 0.20Na 0.01 3 0.01

Page 17: Agrocurso apostila

Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Soja grão – Glicine maxÉ o grão de oleaginosa mais cultivada no Brasil, com objetivo de produzir óleo

para alimentação humana. A semente da soja (grão) é rica em óleo (18%EE), com NDT

de 90%, proteínas (38%PB), média em fósforo e pobre em cálcio, vitamina D e

caroteno. Tem ação ligeiramente laxativa. Na forma crua, recomenda-se não ultrapassar

2 kg por animal adulto ao dia, que pode ser oferecida inteira ou triturada. Após ser

triturada, a soja rancifica facilmente, devendo ser armazenada no máximo por 3 dias. É

comum nas regiões produtoras, o uso de soja com baixo padrão para a indústria,

conhecida como “soja ardida” este produto apresenta baixo custo, mas deve ser seco e

livre de fungos (mofo). Apresenta substancias tóxicas, inibidores da tripsina (sojina) que

provoca hipertrofia pancreática e crescimento retardado, por impedir a digestão de

proteínas. As Fitoemaglutininas prejudicam a absorção de todos os nutrientes,

principalmente da glicose. Estes fatores são inativados com o calor e a fermentação

rumenal, portanto seu uso é limitado apenas para ruminantes jovens e monogástricos. A

presença de uréase (enzima que degrada a uréia em amônia), em níveis maiores que

0.30 % é o principal indicativo da atividade de fatores ante nutricionais. A mistura de

uréia em rações contendo soja grão triturada, leva à perda do nitrogênio por

volatilização. A tabela 13 mostra a composição média da Soja Grão, de acordo com

análises em experimentos brasileiros.

Tabela 13. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA SOJA GRÃO

Glycine Max (L.) Merr.Nutriente Média n sMS 91.18 61 2.34MO 94.17 10 3.03PB 39.01 68 3.72NIDA/N 6.60 4 0.11NIDN/N 17.27 2 3.25EE 19.89 47 3.81MM 5.01 40 0.95FB 6.36 34 4.32ENN 25.07 8 2.63CHO 35.27 23 4.40

Page 18: Agrocurso apostila

FDN 17.52 9 4.35FDA 13.18 8 4.02HEM 9.26 3 4.59CEL 3.93 2 2.76LIGNINA 2.69 7 1.44NDT 84.50 2 0.71DMS 77.55 2 12.66DPB 65 2 6.65EB 6.94 11 5.96Ca 0.27 12 0.05P 0.53 29 0.11Mg 0.20 3 0.08K 1.90 4 0.36Na 0.02 3 0.01Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Farelo de soja

É o subproduto da extração do óleo de soja para alimentação humana. O Farelo

de soja é considerado o principal concentrado protéico para alimentação animal. É rico

em Proteínas (44 a 46 %) de boa qualidade, principalmente pelos níveis de Lisina e

Metionina, alto em tiamina, colina e niacina, médio em vitaminas E e K, pobre em

caroteno. Após a retirada do óleo, por prensagem e uso de solventes químicos, os

princípios tóxicos são desativado (uréase menor que 0.30%), a PB aumenta e a energia

diminui, apesar de ainda ser considerada alta (80% de NDT). Não apresenta limitação

de uso para qualquer espécie animal e pode ser armazenado por 3 meses. A tabela 14

mostra a composição média do Farelo de Soja, de acordo com análises em experimentos

brasileiros.

Tabela 14. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE SOJA

Glycine max (L.) Merr.Nutriente Média n sMS 88.61 487 1.65MO 92.58 81 2.97PB 48.78 545 2.91NIDA/N 2.75 18 1.11NIDN/N 4.88 11 3.09EE 1.71 307 0.76MM 6.32 254 1.37FB 6.29 243 1.59ENN 31.35 70 4.22CHO 43.99 174 3.46FDN 14.62 151 2.51

Page 19: Agrocurso apostila

FDA 9.86 143 3.36HEM 6.13 19 4.11CEL 8.35 22 3.62LIGNINA 1.33 32 0.65NDT 81.54 18 2.29DMS 89.19 3 2.69DEE 100 1 -DPB 95.97 4 3.39EB 4.56 90 0.30Ca 0.34 329 0.10P 0.58 297 0.14Mg 0.27 31 0.06K 1.98 29 0.40Na 0.06 22 0.03Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Casca de soja (Casquinha de soja peletizada)

É um subproduto da indústria de óleo de soja, na obtenção do farelo a casca do

grão é retirada e peletizada para facilitar o armazenamento e transporte. As indústrias de

ração e produtores utilizam a casquinha como concentrado energético, em substituição

ao milho, por apresentar valor protéico baixo (10% de PB) e energia média (70% de

NDT), mas este alimento é classificado como volumoso, devido o alto teor de fibras

(40% FB) de alta digestibilidade. É muito utilizada em dietas com altos níveis de

concentrados, onde melhora o funcionamento do rúmen. Tanto em gado de corte, quanto

leite a casca de soja pode ser utilizada em quantidades de 2 a 4 kg por animal ao dia,

observando o suprimento da energia da dieta. A tabela 15 mostra a composição média

da Casca de Soja, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 15. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA CASCA DE SOJA

Glycine Max (L.) Merr.Nutriente Média n sMS 89.80 46 1.64MO 94.48 9 1.37PB 11.65 50 2.21NIDA/N 7.34 1 -NIDN/N 34.29 2 4.61EE 1.60 39 0.69MM 4.34 36 2.18FB 41.68 29 2.69ENN 43.27 4 0.81CHO 84.11 26 2.05FDN 68.40 18 4.81FDA 50.52 16 3.61HEM 19.54 4 3.88

Page 20: Agrocurso apostila

CEL 51.42 2 0.25LIGNINA 3.43 7 1.45NDT 68.77 6 2.32DMS 68.65 2 4.61DEE 75.94 2 18.26DPB 41.97 2 26.71EB 4.07 3 0.05Ca 0.59 6 0.22P 0.21 6 0.09Mg 0.23 2 0.02K 1.51 1 -Na 0.01 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Algodão sementes (Caroço de algodão) – Gossypium spp

É um dos alimentos mais usados na alimentação de bovinos de corte e leite,

principalmente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.

A forte concorrência do óleo de algodão com o de soja, reduz o custo deste produto e

viabiliza o uso da semente do algodão integral na alimentação destes animais. O custo

nas regiões produtores é muito baixo (menor que do milho), o que permite formular

dietas com alto valor energético e custo baixo. Em confinamento de gado de corte,

pode-se utilizar até 3 kg por boi ao dia, na forma inteira (sem triturar). Nas dietas com

altas quantidades de concentrados, o caroço desempenha um importante papel na

manutenção da atividade microbiana do rúmen. Para vacas leiteiras recomenda-se 2 kg

por vaca ao dia, substituindo as rações comerciais (verificar o balanceamento e

suprimento de minerais da dieta). A semente, as folhas e o farelo de algodão contem

gossipol, pigmento amarelo tóxico, principalmente para monogástricos. A fermentação

no rúmen desativa a toxidez do gossipol, permitindo o uso para ruminantes, deve-se

limitar o uso para bezerros e em animais adultos manter o nível máximo de EE em 6%.

O uso para touros também é limitado pois a ingestão de quantidades maiores pode afetar

a produção de espermatozóides. A tabela 16 mostra a composição média do Caroço de

Algodão, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 16. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO CAROÇO DE ALGODÃO

Gossypium hirsutumNutriente Média n sMS 90.64 30 2.22MO 90.32 6 0.45PB 22.62 30 1.83

Page 21: Agrocurso apostila

NIDA/N 4.11 2 0.67NIDN/N 6.64 2 0.06PIDA/MS 1.59 1 -PIDN/MS 1.93 1 -EE 18.90 27 4.63MM 4.66 13 1.50FB 24.39 7 2.23ENN 41.78 3 13.46CHO 35.85 8 3.46FDN 46.04 22 4.63FDA 35.85 11 2.96HEM 13.45 2 3.80CEL 19.27 2 1.79LIGNINA 7.58 5 1.61NDT 81.92 6 4.69DMS 72.32 1 -DEE 100 1 -DPB 68.71 1 -EB 5.57 4 0.37Ca 0.33 8 0.21P 0.75 8 0.27Mg 0.75 1 -K 0.65 1 -Na 0.08 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Farelo de algodão – Gossypium spp

É o subproduto da produção de óleo de algodão, após ser esmagado, podendo ser

tratado com solventes. Quando o óleo é retirado apenas por esmagamento e prensagem,

o subproduto recebe o nome de “torta de algodão” e quando recebe o tratamento

adicionam com solventes é identificado como “farelo de algodão”, a diferença é que na

torta, permanece maior quantidade de óleo, o que melhora seu valor energético, apesar

de que este é severamente afetado pela presença de casca (fibra de baixa qualidade).

Quanto menor o teor de casca no farelo, melhor será sua qualidade. No mercado

Brasileiro, os produtos mais freqüentes são os Farelos de Algodão 28 % PB e o 38 %

PB. O Farelo de Algodão 46 % PB é pouco utilizado por ter o preço muito próximo ao

farelo de soja, que é de melhor qualidade. Estes farelos contêm gossipol e sofrem as

Page 22: Agrocurso apostila

mesmas limitações indicadas no caroço de algodão. Para gado de corte em

confinamento, pode compor todo concentrado protéico da dieta. Em vacas leiteiras

deve-se limitar o uso em 20 % do concentrado ou 1,5 kg de farelo por vaca ao dia. As

tabelas 17, 18 e 19 mostram a composição média do Farelo de Algodão, de acordo com

análises em experimentos brasileiros.

Tabela 17. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE ALGODÃO

(28%PB)

Nutriente Média n sMS 89.67 42 2.27MO 94.85 9 1.16PB 32.16 43 1.63NIDA/N 5.84 2 0.08PIDA/MS 1.86 1 -PIDN/MS 2.52 1 -EE 1.94 18 1.28MM 5.22 17 0.97FB 20.16 14 5.18ENN 35.07 6 2.26CHO 57.18 2 1.78FDN 36.70 4 2.89FDA 31.24 11 6.48HEM 24.87 1 -CEL 22.7 2 0.42LIGNINA 5.54 2 3.15NDT 69.77 4 2.35DMS 68.16 1 -DPB 88.80 3 1.84EB 4.34 7 0.35Ca 0.26 9 0.14P 0.84 9 0.13Mg 0.46 2 0.08K 1.22 1 -Na 0.04 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Tabela 18. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE ALGODÃO

(38%PB)

Nutriente Média n sMS 89.95 22 3.34MO 91.87 66 5.57PB 40.90 25 1.65NIDA/N 2.95 2 0.24NIDN/N 5.26 1 -EE 1.87 18 1.69MM 6.82 16 2.79FB 15.62 13 3.38

Page 23: Agrocurso apostila

CHO 52.05 4 2.16FDN 34.92 7 2.72FDA 24.19 9 2.42LIGNINA 2.81 2 2.47NDT 68.31 4 1.22DIVMS 69.87 1 -EB 4.59 4 0.06Ca 0.24 11 0.06P 1.00 9 0.08Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Tabela 19. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE ALGODÃO

(48%PB)

Nutriente Média n sMS 89.70 7 0.83MO 93.79 3 0.99PB 46.60 7 1.47EE 1.50 4 0.81MM 6.36 4 0.86FB 14.43 1 -FDN 30.46 5 5.34FDA 21.14 2 0.67EB 4.51 1 -Ca 0.22 1 -P 1.21 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Farelo de girassol – Helianthus annun

É o subproduto da indústria de óleo de girassol para alimentação humana e

atualmente para produção de biodiesel. A cultura do girassol tem expandido nas regiões

sudeste e centro oeste, como “safrinha”. O farelo apresenta alta quantidade de fibras,

porém de boa qualidade. O valor de energia é menor que do farelo de soja (70% de

NDT), a proteína é de média qualidade (lisina baixa) e de boa digestibilidade (90%). No

início do período seco, quando ocorre a colheita do girassol, apresenta bom preço,

competindo com o farelo de algodão ou até menor nas regiões produtoras. Apresenta na

forma farelada e peletizada, esta favorece o armazenamento (menor volume) e facilita o

uso em ditas completas, onde volumoso e concentrado são oferecidos em conjunto. Para

gado de corte pode ser usado como único concentrado protéico e em vacas leiteiras 20%

do concentrado ou até 2 kg por vaca ao dia. A tabela 20 mostra a composição média do

Farelo de Girassol, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Page 24: Agrocurso apostila

Tabela 20. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE GIRASSOL

Helianthus annumNutriente Média n sMS 91.85 11 0.95PB 35.33 14 7.67EE 2.06 12 0.88MM 6.18 10 1.20FB 20.39 8 6.39ENN 29.16 8 4.78CHO 49.45 4 11.43FDN 42.36 4 3.40FDA 34.90 6 4.20NDT 63.97 3 3.52EB 4.23 1 -Ca 0.73 10 0.35P 0.92 10 0.22Mg 0.72 2 0.08K 1.14 1 -

Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Torta de babaçu – Orbignya martiniana

O óleo da castanha do babaçu é muito utilizado para fabricação de cosméticos,

no Brasil e grande parte exportada para Europa. O farelo de babaçu é o subproduto da

extração do óleo, contem grande quantidade de fibras e na maioria dos casos se

caracteriza como alimento volumoso, o valor de energia fica baixo e a proteína é média.

Rancifica-se facilmente e dever ser estocado no máximo por 30 dias. Deve ser utilizado

apenas para ruminante e sempre que possível, fazer análise do lote para verificar o grau

de inclusão de casca, o que reduz seu valor nutritivo. A tabela 22 mostra a composição

média da Torta de babaçu, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 22. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA TORTA DE BABAÇU

Nutriente Média n sMS 91.44 1 -MO 91.96 1 -PB 17.51 1 -MM 5.82 1 -FDN 70.87 1 -FDA 40.99 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Page 25: Agrocurso apostila

Polpa cítrica peletizada

Subproduto da indústria de suco de laranja contem além da polpa, casca e

sementes. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de laranja, apresenta alta

disponibilidade no mercado, uma vez que a safra inicia em maio e termina somente em

janeiro, coincidindo com a entressafra de grãos como milho e sorgo. O preço deve ser

menor que do milho, pois o nível de energia é inferior. A polpa cítrica é pobre em

proteína (6.5% de PB) e fósforo, média em energia (70 % de NDT) e muito alta em

cálcio (1.2 %), devido a adição de óxido de cálcio (CaO) durante o processo de

peletização. Na formulação de dietas deve-se tomar cuidado com relação ao

balanceamento entre cálcio e fósforo. Para vacas leiteiras a polpa tem um importante

papel no fornecimento de pectina, este carboidrato quando fermentado no rúmen,

produz ácido acético que é o principal precursor da gordura do leite. Em vacas de alta

produção, que recebem grandes quantidades de concentrados, evita a queda do teor de

gordura do leite, além de exercer um efeito tampão no rúmen, evitando problemas de

acidose. A forma peletizada, mantém a efetividade da fibra, por estimular a mastigação e

ruminação.

Limitações de uso: O maior problema do uso da polpa é o seu armazenamento, pelo fato

de ser muito higroscópia, absorve água e eleva seu peso em até 145 %, isto favorece o

desenvolvimento de fungos produtores de micotoxinas. É comum animais, o

aparecimento de animais com sintomas de pruridos na pele, síndrome hemorrágica e até

morte, quando alimentados com produtos mal armazenados. O fungo penicillium

citrinum é o principal formador desta micotoxina, outras micotoxinas que podem

aparecer são os tricotecenos e aflatoxina Bl.

O nível de inclusão mais freqüente é de 2,0 a 2,5 kg de polpa por animal ao dia,

tanto em gado de corte quanto de leite. A tabela 23 mostra a composição média da Polpa

cítrica peletizada, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 23. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA POLPA CÍTRICA PELETIZADA

utriente Média n sMS 87.95 41 3.45MO 92.41 15 4.75PB 7.15 42 1.22NIDA/N 12.52 3 0.73NIDN/N 43.27 2 2.72EE 3.28 23 1.82MM 6.14 26 1.38

Page 26: Agrocurso apostila

FB 12.63 11 3.74ENN 68.88 4 3.96CHO 84.01 14 1.47FDN 24.31 29 2.08FDA 23.01 27 4.21HEM 4.34 6 1.69CEL 19.95 5 2.43LIGNINA 1.89 9 1.06NDT 65.17 4 2.42EB 4.09 4 0.39Ca 1.84 18 0.44P 0.16 18 0.08PECTINA 25.00 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

3. Suplementação Mineral de Bovinos em Pastagens

Os minerais considerados essenciais, isto é, aqueles para os quais já se conhecepelo menos uma função essencial à vida animal, são classificados em função dasnecessidades quantitativas dos animais em: Macrominerais (Cálcio, Fósforo, Magnésio,Potássio, Cloro, Sódio e Enxofre) e Microminerais (Ferro, Cromo, Zinco, Manganês,Iodo , Selênio, Cobre, Cobalto e Molibdênio); Flúor, Vanádio, Titânio, Silício, Níquel,Arsênio, Bromo, Estrôncio e Cádmio são considerados como provavelmente essenciais(GEORGIEVSKEE, 1982 ).

3.1. Importância dos macrominerais

As funções básicas dos minerais essenciais podem ser divididas em três gruposprincipais (CHRISTY,1984): no primeiro grupo estão as funções relacionadas com oCrescimento e Mantença dos tecidos corporais; no segundo estão as funções daregulação dos processos corporais dos animais; e no terceiro grupo estão as funções deregulação na utilização da energia dentro das células do corpo.

3.1.1. Cálcio e Fósforo (Ca e P)

Representam 70% do total de minerais encontrados no corpo do animal. 90%destes, estão presentes nos ossos e dentes.

Page 27: Agrocurso apostila

O Cálcio além de essencial para formação do esqueleto, entra na composição doleite, coagulação do sangue, regulagem dos batimentos cardíacos, manutenção eexcitabilidade neuromuscular, ativação de enzimas e manutenção da permeabilidade dasmembranas.

O Fósforo além de compor o esqueleto participa na manutenção dosmicroorganismos do rumem, ajuda na absorção dos carboidratos, transporta os ácidosgraxos (fosfolipídeos) e desempenha papel importante na absorção e metabolismo daenergia.

É de fundamental importância que Cálcio e Fósforo mantenham uma relação deaproximadamente duas partes de Cálcio para uma de Fósforo. Os bovinos toleramrelações mais altas desde que não ocorra deficiência destes minerais na dieta , desde quenão ocorra deficiência de vitamina D, importante para absorção e deposição do cálciono Tecido Ósseo.

A deficiência de cálcio é rara em gado de corte, pois as forrageiras apresentamníveis relativamente altos deste mineral. Entretanto, SOUZA; ROSAL (1982)constataram deficiências em animais no Pantanal do Mato Grosso e em Rondônia. Emgado leiteiro de alta produção a deficiência é mais freqüente

O sintoma mais evidente da deficiência de cálcio e fósforo é o Raquitismo emanimais jovens e a Osteomalácia em animais adultos. O Raquitismo é uma má formaçãodos ossos onde os animais apresentam inchação das juntas, engrossamento dasextremidades dos ossos, arqueamento do dorso e enrijecimento das pernas. Em casos dedeficiência mais acentuada apresentam joelhos curvados e pernas arqueadas.

Na Osteomalácia Cálcio e Fósforo são retirados dos ossos sem que ocorrareposição, tornando-os fracos e quebradiços. A exigência maior aparece no final dagestação e durante a lactação.

Os principais sintomas de deficiência de Fósforo são: Anorexia (redução do apetite); Depravação do apetite, o animal come ossos, madeira, terra e outros matérias; Baixos índices de fertilidade, resultando em maior intervalo entre partos e menor

número de crias por ano; Redução dos índices produtivos como: produção de leite, ganho de peso e conversão

alimentar.

A deficiência de Fósforo constitui um dos mais sérios problemas da Nutrição dosRuminantes, uma vez que as pastagens são muito deficientes neste mineral. Os altosníveis de Ferro e Alumínio acentuam a deficiência do Fósforo por formarem complexosinsolúveis. 3.1.2. Magnésio (Mg)

A deficiência de Magnésio é rara, uma vez que este mineral é abundante namaioria dos alimentos. 70% do Mg corporal está presente no esqueleto. As principaisfunções estão relacionadas ao metabolismo de Carboidratos e Lipídios, catalisadores devários sistemas enzimáticos, oxidação celular e atividade neuromuscular.

O sintoma típico da deficiência de Mg é a tetania das pastagens. Animais velhosapresentam maior dificuldade de mobilizar Mg dos ossos e são mais susceptíveis àtetania.

3.1.3. Potássio (K)

Page 28: Agrocurso apostila

O Potássio é o principal cátion intracelular, está presente também no meioextracelular onde atua na atividade muscular. É importante ainda no balanço osmótico,equilíbrio ácido-base, balanço hídrico corporal e ativação de sistemas enzimáticos. Aspastagens tropicais geralmente são ricas em potássio e a maior parte do K ingerido éreciclado pela urina. A deficiência de K pode aparecer em animais com dietas a base defeno, silagem e forrageiras de corte que não recebem adubação com este elemento. Émais freqüente em animais confinados, pois os grãos são relativamente pobres nestemineral.

Animais em condições de estresse, perdem mais K pela urina, portanto nestecaso a dieta deve conte maiores níveis do mineral.

3.1.4. Sódio e Cloro (Na, Cl)

A importância destes minerais na alimentação dos animais é conhecida hámilhares de anos pelo desejo de consumir sal comum (NaCl).

O Na junto com o K possui a função de manter a pressão osmótica e equilíbrioácido-base. Desempenham papel importante a nível celular, no metabolismo da água,na absorção de nutrientes e na transmissão de impulsos nervosos. O Cl é componente doácido clorídrico do suco gástrico.

O Na é considerado o elemento mais deficiente entre todos os mineraisessenciais aos ruminantes, uma vez que os alimentos são pobres e o organismo nãopossui reservas deste mineral. Possui papel importante na manutenção da atividade dosmicroorganismos do rumem pelo eficiente poder tampão que exerce.

A suplementação de sódio deve ser contínua para os ruminantes e o consumovoluntário é aproximadamente 1000 ppm de Na, o que representa 10 g do mineral paracada 10 kg de matéria seca consumida, resultando em um consumo de 27 g de NaCl pordia.

O sal comum (NaCl) é o principal regulador do consumo da mistura mineral.Portanto misturas com alta concentração de Na Cl, resultam em baixo consumo pelosbovinos. Isto explica também a ineficiência do fornecimento de NaCl separado dosoutros minerais. 3.1.5. Enxofre (S)

O Enxofre é constituinte dos aminoácidos sulfurosos (Cistina, Cisteina eMetionina) e das vitaminas Tiamina e Biotina. A principal função do S, para osruminantes, está relacionado à síntese de aminoácidos no rumem , às vitaminas e síntesedo Acido Propiônico.

Para uma eficiente utilização do nitrogênio não protéico (NNP) pelas bactériasdo rumem, deve haver uma relação de 1 (uma) parte de S para 14 (quatorze) partes deNitrogênio da dieta. Para obter esta proporção recomendamos substituir 10% do peso dauréia utilizada na alimentação dos bovinos, por sulfato de amônia.

3.2. Importância dos microminerais

3.2.1. Cobalto (Co)

O Cobalto é importante para os microorganismos do rumem na síntese devitamina B12. Os ruminantes são totalmente dependentes da capacidade dosmicroorganismos em sintetizar a vitamina B12.

Page 29: Agrocurso apostila

A vitamina B12 catalisa a reação do Propionato para succinato no Ciclo deKrebs (Conn; Stumpf; 1972). Em sua ausência ocorre uma elevação do nível doPropionato no organismo e o animal perde apetite. O sintoma mais evidente dadeficiência de Co em ruminantes é a falta de apetite, resultando em anemia, pêlosásperos, engrossamento da pele, perda de peso e morte. No Brasil estes sintomas sãocomumente denominados mal do colete, peste do secar, mal de fastio.

As deficiências menos acentuadas acarretam em maiores prejuízos, pois opecuarista dificilmente constata o fato. Níveis menores que 0,1 ppm de Co na matériaseca da pastagem pode levar à deficiências generalizadas quando os animais não sãosuplementados.

3.2.2. Zinco (Zn)

O Zinco e um ativador de enzimas e está relacionado com o metabolismo deácidos nucleico, síntese de proteína e metabolismo de carboidratos. Potencializa osefeitos dos hormônios F S H e L H o transporte e utilização da vitamina A .

As Pastagens tropicais, principalmente as do gênero Braquiaria apresentambaixos níveis de Zn no tecido. No Brasil Central constatamos níveis médios de 5 a 10ppm na matéria seca, para uma exigência de 50 ppm.

Os sintomas mais típicos da deficiência estão relacionados com anormalidadesna pele devido a presença de Zn em maior quantidade nesta região.

3.2.3. Ferro (Fe)

O Ferro é o principal componente da hemoglobina e mioglobina, está ligado aotransporte e armazenamento de oxigênio para respiração celular. As pastagensgeralmente apresentam altos níveis de Fe sendo rara sua deficiência. Animais jovens nafase de aleitamento podem apresentar uma anemia hipocrômica microcítica,principalmente quando ocorre em conjunto alta infestação por vermes e carrapatos.

3.2.4. Cobre (Cu) O Cobre atua junto com o ferro na síntese de hemoglobina, participa da absorção

do Fe no intestino delgado. Está ligado à síntese da camada de mielina que recobre osistema nervoso central. É necessário para pigmentação normal da pele e dos pêlos.

Os principais sintomas da deficiência de Cu são relatados como desordensnervosas, pele e pêlos despigmentados, diarréias, queda na produção de leite e dafertilidade. As pastagens geralmente são pobres neste mineral. No BrasilCentral temos constatado níveis de 5 a 8 ppm de Cu na matéria seca enquanto que onormal deveria ser de 10 ppm. Níveis do Molibdênio superiores a 5 ppm interfere naabsorção do cobre (SOUZA; ROSA, 1982).

3.2.5. Manganês (Mn)

O Manganês é de grande importância para manutenção dos órgãos reprodutivosdos machos e fêmeas, participa como cofator de várias enzimas envolvidas nometabolismo de carboidratos e lipídeos. Em geral, as pastagens apresentam níveissatisfatórios de Mn. A deficiência pode aparecer em regiões com altos níveis de Ca nosolo. Em dietas ricas em Ca e P aumenta a exigência em Mn. SOUZA (1978), constatoua deficiência de Mn em vários regiões do Brasil, principalmente no Mato Grosso.

Page 30: Agrocurso apostila

Nestas regiões animais deficientes apresentam problemas reprodutivos,desenvolvimento retardado e deformação dos membros posteriores de bezerros recém-nascidos.

3.2.6. Iodo ( I )

A maior parte do Iodo é encontrado na glândula tiróide para formação datiroxina e triodotiroxina, estes hormônios atuam na termorregulação, na reprodução, nocrescimento e desenvolvimento animal, incluindo a fase fetal, na circulação e na funçãomuscular. A deficiência de Iodo provoca uma hipertrofia da tireóide conhecida comobócio endêmico ou papeira. O aumento da glândula ocorre devido à tentativa deproduzir os hormônios na ausência de Iodo.

Animais recém-nascidos de vacas deficientes podem apresentar o bócio, além daincidência de natimortos mal formados e sem pelagem. As fêmeas em reproduçãoapresentam anestro e os machos perda da libido (GEORGIEVSKET, 1982).

3.2.7. Selênio (Se)

O Selênio foi estudado inicialmente como elemento tóxico. O conhecimento desua necessidade como mineral essencial é relativamente recente.

Os sintomas de intoxicação por Se aparecem em bovinos quando consomemforragem com 4.000 ppm (JARDIM,1973) de Se na matéria seca e são relatados comoatordoação , rigidez das articulações , perda de pêlos e deformações nas unhas.

A função do Se no organismo do animal é servir como ativador da enzimaglutatione peroxidase, que por sua vez destrói os peróxidos de hidrogênio,transformando-os em hidroácidos. A deficiência do Se ocasiona um acúmulo deperóxido de hidrogênio com destruição da membrana celular, danificando os tecidos. Avitamina E evita a formação de peróxidos, mas quando já formados somente o Se écapaz de destruí-los.

A deficiência de Se provoca o aparecimento de uma distrofia muscularconhecida como doença do músculo branco. Além desta doença, provoca tambémaumento nos índices de retenção de placenta, caquexia. Diarréia, redução nocrescimento e problemas reprodutivos.

3.2.8. Cromo (Cr)

O elemento cromo há muitos anos vem despertando o interesse dos cientistasdevido seu efeito sobre os fatores negativos causados pelo estresse.

Animais sobre intensa condição de estresse eliminam altas quantidades de cromona urina, podendo deixar o indivíduo deficiente neste elemento.

A deficiência em cromo reduz a resposta de transporte da glicose no sangue,enfraquecendo seu efeito nas células. A principal conseqüência disso é a redução noganho de peso e produção de leite, além de aumento na susceptibilidade às doenças.

Portanto, animais em desmama, que acabaram de ser transportados, apóscastração e vacinação, em intenso calor e vacas em lactação (principalmente primíparas)com bezerro ao pé, respondem muito bem à suplementação com cromo, elevando odesempenho produtivo.

3.2. Importância da suplementação mineral na produtividade dos bovinos

Page 31: Agrocurso apostila

Vários são os trabalhos que mostram a importância da suplementação mineral nodesempenho produtivo dos animais. As deficiências de P são as mais limitantes, seguidade Zn, Cu, Co, I e Se.

O aumento nos índices reprodutivos é a principal vantagem da suplementaçãomineral, como mostram os trabalhos conduzidos na América Latina, África e Ásia;apresentados no Gráf. 3.

Gráfico 3. Estudos latino americano, africano e asiático sobre os efeitos dasuplementação mineral no aumento da porcentagem de natalidade

GUIMARÃES e NASCIMENTO (1971) estudaram o efeito da suplementação com salcomum, farinha de ossos, cobre e cobalto no desempenho reprodutivo de vacas a nívelde pasto, na Ilha de Marajó e encontraram resposta positiva aos tratamentos com fósforoe microminerais (Tab. 4.).Tabela 4. Porcentagem de nascimento de bezerros nos grupos de vacas sob váriostratamentos (adaptado de GUIMARÃES & NASCIMENTO, 1971).

TramentoNúmero de

VacasNúmero de

Bezerros NascidosPorcentagem

de NascimentoDesvio (%) do Testemunha

A 50 34 68,0 18,9

B 54 39 72,2 23,2

C 51 28 54,9 5,8

D 53 26 49,1 -

Estudos Latino Americano, Africano e Asiáticosobre os Efeito da Suplementação Mineral no

Aumento da Porcentagem de Natalidade.

0102030405060708090

Bolívia

Bra

sil

Colô

mbia

Peru

Áfric

a d

o

Sul

Tailândia

Uru

guai

Controle Controle+Suplemento Mineral

Page 32: Agrocurso apostila

A - Pasto nativo + sal comum + farinha de ossos + cobre + cobaltoB - Pasto nativo + sal comum + farinha de ossosC - Pasto nativo + sal comumD - Pasto nativo

SOUZA et al. (1984) verificaram o efeito da suplementação mineral (sal comum,sal comum + fosfato e sal comum + fosfato + microminerais ) em novilhas sob pastejode Capim Colonião adubado. No período seco, a suplementação não teve efeito positivono desempenho dos animais.

O nível de minerais encontrados em análises de forrageiras é muito variável deacordo com cada região. Em um trabalho realizado em 180 propriedades dos estados deRondônia e Acre, encontramos os níveis de macro e microminerais contidos nosGráficos 4 e 5.

Gráfico 4. Níveis de macrominerais, mínimos e máximos em relação à exigência dos mesmos

Gráfico 5. Níveis de microminerais, mínimos e máximos em relação à exigência dosmesmos

Níveis de Macrominerais

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

Fósforo Cálcio Magnésio Enxofre

MínimoMáximoExigência

Page 33: Agrocurso apostila

Os resultados mostram que existe uma grande variação na composição daspastagens e sugere que as formulações de misturas minerais deverão ser específicas paracada região ou propriedade.

4. Suplementação mineral, protéica e protéico-energética de bovinosem pastagens

Durante o período seco as pastagens apresentam uma menor intensidade derebrote e consequentemente um menor número de folhas verdes, diminuindo acapacidade de suporte o que traz como conseqüência a perda de peso dos animais. Comadoção de um manejo adequado, podemos reservar parte da produção de pasto doperíodo chuvoso para ser utilizada na época seca, permitindo que os animais tenhambom desempenho neste período. O baixo valor nutritivo das pastagens durante a secapode ser corrigido com o uso de misturas múltiplas contendo além dos minerais,proteínas verdadeiras (farelos), nitrogênio não protéico (uréia) e carboidratos (grãos decereais) que garantem uma nutrição adequada dos microorganismos do rúmen, comaumento na digestibilidade, maior consumo e aproveitamento da pastagem.

A suplementação com estas misturas permite obtermos ganhos moderados e atémesmo semelhantes àqueles conseguidos durante o período das águas. Quanto maior aquantidade de suplemento oferecido melhor será o ganho de peso e neste caso apareceum efeito substitutivo da ração concentrada pelo pasto, como ocorrem nos semi-confinamentos onde os animais recebem em média até 1% de seu peso vivo, na formadesta ração. Neste caso os ganhos variam em média de 800 a 1000 g de peso vivo poranimal ao dia, sendo que estes valores podem variar de acordo com as condições dopasto, ou seja, quanto maior a disponibilidade de folhas verdes, melhor serão os ganhos.O semi-confinamento é indicado apenas para a terminação dos animais e torna-se viávelprincipalmente em regiões onde o pasto mantém-se verde durante o período seco,

Níveis de Microminerais

0

102030405060708090

100

Zn Cu Mn Fe

Mínimo

Máximo

Exigência

Page 34: Agrocurso apostila

portanto não é viável obtermos ganhos de pesos elevados no período seco e depoisvoltar os animais ao regime de pasto, o que irá implicar em uma redução do ritmo deganho na época das águas.

Para suplementarmos animais com exigências moderadas como são os bezerros,novilhas e vacas em final de gestação, podemos utilizar misturas de menor consumo (50a 75g / 100 Kg de peso vivo ao dia) ou seja, aproximadamente 300 g por animal adulto,que são conhecidas comumente no mercado como “Sal Proteinado”. Neste caso, oobjetivo é obter pequenos ganhos de peso no período seco (Sal Proteinado) eintensificar o ganho no período de chuvas (Protéico da águas), antecipando desta formao abate dos animais, conforme mostra o experimento realizado na Embrapa de CampoGrande (CNPGC).

Tabela 6. Desenvolvimento de novilhos submetidos a diferentes regimesalimentares

Vale lembrar que a suplementação com misturas múltiplas durante o períodochuvoso é viável apenas quando temos animais de alta capacidade genética para ganhode peso e a pastagem não é suficiente (manejo fora do ideal), necessitando de umasuplementação principalmente nos níveis de proteína, energia e minerais da pastagem.

5. Conclusões e Recomendações para Suplementação de Bovinos decorte em Pastagens

A produção de bovinos de corte a pasto é a forma mais econômica que oprodutor pode encontrar em seu criatório, porém o manejo adequado daspastagens torna-se de fundamental importância para obter o máximo de ganhopor área, tornando a atividade mais econômica;

A divisão das pastagens constitui uma técnica eficaz de manejo e permite fazercom que os animais pastejam em rodízio, aumentando a produção de massa dopasto, além de evitar sua degradação;

Desenvolvimento de NovilhosSubmetidos a Diferentes Regimes

Alimentares.

Tratamento g/animal/dia MesesA - Testemunha 355 35,3

B - Supl. primeira seca 410 30,6

C - Supl. segunda seca 450 28,7

D - Supl. primeira e segunda secas 510 26,3

E - Supl. primeira e conf. na segunda 725 22,6

F - Supl. durante todo ano 550 24,6

Page 35: Agrocurso apostila

A suplementação mineral de bovinos criados a pasto é de fundamentalimportância para garantirmos um bom desempenho produtivo;

O principal sintoma da deficiência está relacionado com a queda da fertilidade, oque reduzem os números de bezerros nascidos na propriedade;

Quanto maior a produção e disponibilidade de massa verde na pastagem, maiorserá a necessidade de minerais, portanto no período de verão a suplementaçãoproporciona melhores resultados de produtividade dos animais;

No período seco, se os animais tiverem baixa disponibilidade de massa naspastagens, a suplementação poderá ser moderada, uma vez que os altos níveis deminerais não repercutem em maiores produções;

Carências acentuadas podem levar ao aparecimento de doenças e até morte dosanimais;

O mineral mais deficiente em nossas pastagens é o Sódio, mas o Fósforo é omais limitante uma vez que chega representar 60 a 80 % do custo em umamistura mineral de boa qualidade;

Para aquisição de misturas comerciais, fatores como o nível de fósforo,biodisponibilidade da matéria prima utilizada e níveis dos micromineraiscitados, são de grande importância na escolha;

As misturas minerais deverão ficar à disposição dos animais, em cochosapropriados (se possível cobertos) e reabastecidos sempre que necessário;

Em propriedades com gado de cria, onde vacas e bezerros permanecem juntosem um mesmo pasto, a construção dos cochos devera permitir um fácil acessotambém para os bezerros;

O estudo específico das condições de cada propriedade, relacionadas com odesempenho e aspecto dos animais, composição química das pastagens(conhecida através de análises em laboratórios) e níveis de exigências dosanimais, leva a uma escolha ou formulação de misturas mais econômicas e commelhores resultados produtivos do plantel;

A suplementação com misturas múltiplas, principalmente no período seco, temapresentado bons resultados econômico, pelo fato de reduzir a idade ao abate dosanimais;

O uso da quantidade adequada de cochos é de fundamental importância epodemos adotar as medidas de 5 cm de área de chegada por animal, para o casode misturas minerais e 10-15 cm para misturas múltiplas;

Em caso de dúvida, nunca tome decisões precipitadas na escolha ou formulaçãodas misturas, procure um profissional de sua confiança.

Page 36: Agrocurso apostila

INTERAÇÃO NUTRIÇÃO X REPRODUÇÃO NA BOVINOCULTURA DE

CORTE

Introdução

A nutrição é o principal fator que influencia no desempenho reprodutivo na

bovinocultura de corte, considerando que a ciclicidade estral e o início da gestação

podem ser consideradas funções de baixa prioridade dentro de uma escala de

direcionamento dos nutrientes e só serão ativadas quando a demanda para a

manutenção, crescimento e reserva de nutrientes forem supridas.

Além disso, o manejo reprodutivo é fundamental para elevar os índices produtivos do

rebanho. Neste contexto, os eventos envolvidos durante a vida reprodutiva da fêmea

serão: desmama, puberdade, parto, período de serviço, idade à primeira cria, intervalo

de partos e manejo pré-parto. Do manejo adequado desses eventos, depende a eficiência

reprodutiva (ER) do animal e do rebanho como um todo. Sua vida útil produtiva

envolve fases importantes que dependem de um conjunto de decisões fundamentais a

serem tomadas, visando maior produtividade e lucratividade.

O Manejo Reprodutivo

Conforme o esquema da Fig. 1, a vida útil de uma fêmea é definida por vários

momentos e períodos.

Page 37: Agrocurso apostila

Desmama

É um momento importante para as futuras matrizes, pois fornecerá dados para a seleção

de fêmeas. A saúde dos animais desmamados depende da capacidade da mãe em criá-

los. Altas diferenças esperadas na progênie (DEP) para peso à desmama representam

um dos indicadores mais importantes da pecuária, ou seja uma boa habilidade materna

(HM). Esse parâmetro é tão importante que, se fosse possível, os produtores só

deveriam adquirir e descartar matrizes com base nesse índice. Uma desmama

considerada ideal para os padrões raciais encontrados em nosso território nacional, seria

entre 180 a 210 kg.

Puberdade

Por volta de um ano de idade inicia-se a puberdade do animal, ou seja, a fase de

afloramento de todo o aparelho genital/reprodutor e seus anexos, a produção de

hormônios, além do fortalecimento das estruturas corporais para que a fêmea esteja

preparada para o acasalamento. O desenvolvimento fisiológico normal do animal

depende do manejo adequado, principalmente da alimentação. Por isso, a desmama

assume grande importância, pois animais bem desmamados passam por essa fase sem

problemas, completando-a em torno dos 18 meses.

Idade à primeira cria (IPC)

Page 38: Agrocurso apostila

No caso das primíparas, isto é, das fêmeas que estão parindo pela primeira vez, a idade

à primeira cria (IPC) é um registro muito importante. Essa idade tem alta correlação

com a vida útil produtiva, significando que as fêmeas que têm o seu primeiro parto mais

cedo, são mais férteis e produzem mais durante a sua vida reprodutiva. Significa

precocidade reprodutiva e que as novilhas devem ser manejadas com muita atenção.

Todavia, não se deve entourar e/ou inseminar fêmeas com um peso menor que 300 kg,

para não comprometer a vida reprodutiva do animal numa gestação em estado corporal

não-condizente. Idades à primeira cria acima dos 27 - 30 meses devem ser consideradas

altas, indicando problemas com o manejo pós-desmama e a puberdade.

Parto

Na Fig. 1 representado pelos pontos P, o parto é o grande momento, de modo que a

fêmea deve merecer toda a assistência, intensiva, se for o caso, quando necessitar de

ajuda. Também, após o parto, principalmente na assepsia da área genital da mãe e nos

cuidados com a cria. Um problema de parto pode inutilizar a fêmea para a reprodução,

do mesmo modo que um corte de umbigo malfeito ou uma secreção que entope as vias

respiratórias de um recém-nascido podem causar uma infecção com graves

consequências em toda vida do animal.

No parto, deve ser efetivada uma das mais significativas práticas de manejo, da qual

dependerá a saúde do bezerro: a ingestão do colostro, a qual tem conseqüências muito

benéficas nos recém-nascidos. As gamaglobulinas, associadas às diversas substâncias,

sais minerais e vitaminas, conferem imunidade aos bezerros, tornando-os resistentes a

várias doenças durante toda a vida, resultando um animal mais saudável e,

conseqüentemente, produtivo.

Período de serviço

Outro importante momento é o período que antecede a próxima fecundação (F): o

período de serviço (PS), ou seja, aquele que vai do parto à próxima fecundação. Esse

período se divide em período puerperal (PP), quando ocorre a involução uterina, isto é,

a recomposição do sistema genital, principalmente do útero, e o serviço (S)

propriamente dito, em que o touro está cobrindo a fêmea. No caso de uso da

inseminação artificial (IA), o controle desse período é muito mais seguro, ficando o

manejo reprodutivo mais simples. Diz-se que, nessa fase, a fêmea está vazia. Um

problema ocorrido durante o parto ou mesmo nutricional pode prejudicar fortemente

Page 39: Agrocurso apostila

essa fase da criação. A sua importância é fundamental para a lucratividade da fazenda,

pois, quanto maior for o PS, maior será o intervalo de partos (IDP).

Intervalo de partos

O intervalo de partos (IDP) é uma fase ligada à reprodução das mais importantes para a

criação animal. Ele depende de todas as práticas de manejo, seja nutricional, reprodutiva

ou sanitária. Quanto maior for o IDP, menor será a produtividade do animal,

acarretando prejuízos ao comprometer a eficiência reprodutiva do rebanho.

É fácil se entender a importância do IDP. Toda vaca deve parir uma cria por ano. Caso

isso não aconteça, deve-se concentrar esforços na identificação das causas. O IDP é o

termômetro fisiológico da reprodução, pois um problema acorrido no passado pode

refletir nessa fase e, conseqüentemente, na relação custo-benefício da criação.

O IDP está situado entre P1 e P2, ou seja, entre dois partos, fazendo desse intervalo

quase todas as outras fases.

Para que a fêmea produza uma cria por ano, que é o ideal, o PS não pode ultrapassar

120 dias. Conclui-se, assim, que o sucesso na criação depende de manejo e, por

conseguinte, é totalmente dependente do homem. Um intervalo de parto acima de 365

dias, compromete bastante a eficiência reprodutiva do rebanho, pois fica fora da relação

considerada ótima de uma cria, por ano, por fêmea.

Necessidade Nutriconal da Matriz

A nutrição é considerada um dos fatores determinantes na atividade reprodutiva em

vacas de corte, tendo especial ação no retorno da atividade ovariana durante o pós-parto.

A partição dos nutrientes é um mecanismo pelo qual, em condições de baixa

disponibilidade de alimentos, o organismo animal determina uma ordem de prioridades

para o uso da energia disponível para as diferentes funções orgânicas. Nesta ordem de

importância, a apresentação de ciclos estrais e o início da gestação são funções pouco

prioritárias, assim sendo, as funções reprodutivas só serão ativadas quando o balanço

entre quantidade e qualidade da dieta, reserva de nutrientes, demanda para o

crescimento, metabolismo e outras funções forem supridas.

Além disso, vários outros fatores interferem no PS, tais como a lactação e a

amamentação, o efeito do macho, a involução uterina, o número de partos, as distocias,

as patologias congênitas e adquiridas e fatores hormonais que estão associados

Page 40: Agrocurso apostila

diretamente com a nutrição, principalmente ao manejo inadequado ou mesmo a falta

desta.

Com um manejo reprodutivo e alimentar executado corretamente teremos uma grande

eficiência reprodutiva o que pode ser considerado um fator de grande impacto

econômico.

Da energia consumida pelo animal na forma de Carboidratos, parte é absorvida no

intestino delgado como hexoses e a maior quantidade é fermentada no rúmen, ocorrendo

a liberação de ácidos graxos voláteis (AGV) que serão fonte de energia. Portanto, a

utilização de dietas energéticas, rias em carboidratos de fácil fermentação, favorece a

produção de AGV no rúmen, onde o ácido propiônico é o principal substrato energético

utilizado pelos ruminantes como fonte de glicose, através do processo de

gliconeogênese, aumentando o nível de glicose circulante, que por sua vez, aumenta o

nível de insulina no sangue.

Quando vacas e novilhas são manejadas em pastagens de baixa qualidade, como

observado na época seca no Brasil Central, o acetato é o principal AGV produzido via

fermentação ruminal, havendo produção insuficiente de propionato. Com a inadequada

gliconeogênese, ocorre depleção de oxaloacetato, o qual é um intermediário

fundamental para o metabolismo do acetato. A restrição no suprimento de oxaloacetato

diverge o metabolismo do acetato e a produção de ATP para ciclos menos eficientes,

aumentando a produção de calor, diminuindo assim a eficiência energética, enquanto o

carbono do acetato é direcionado para formação de corpos cetônicos.

É importante ressaltar que a fertilidade das fêmeas é um fator de baixa herdabilidade, ou

seja, os fatores genéticos pouco irão se expressar frente a possíveis variáveis, sendo que

as variações ambientais, como por exemplo, uma correta nutrição, serão os maiores

indicativos de um bom manejo produtivo na propriedade.

Objetivo de um bom manejo nutricional

O principal objetivo de um bom nutricional é que a ingestão destes nutrientes na

quantidade correta (sem supernutrição ou subnutrição) servirão como reservas corporais

e irão ser responsáveis pela regulação da função ovariana em vacas pós-parto. Esta

estratégia de manejo é considerada de grande valia para minimizar o PS e otimizar a

produção de gametas, aumentando assim as taxas de fecundações.

Page 41: Agrocurso apostila

A ingestão de nutrientes, antes e após o parto à primeira ovulação. Além disso, o

crescimento de folículos após o parto é influenciado pela ingestão de energia. A

reduzida ingestão de energia por vacas de corte no período pós-parto reduz o tamanho

de folículos dominantes e o número de folículos grandes estrógeno-ativos e aumenta a

persistência de pequenos folículos subordinados.

Caracterização das fêmeas

A maneira mais simples e prática de se avaliar o estado nutricional de uma vaca de cria

é através da avaliação da sua condição corporal ou escore corporal (ECC). Esta prediz

as reservas de energia do animal, por meio da cobertura de músculos e gordura,

estimando a condição nutricional geral do animal naquela fase.

As descrições dos ECC utilizam um sistema de avaliação visual que atribui uma

pontuação em uma escala de 1 até 5, onde 1 corresponde a um animal extremamente

magro e 5 exageradamente gordo.

Os depósitos de gordura corporal são mais visíveis ao longo do dorso-lombo, inserção

da cauda, ponta de anca, ponta de nádega, costelas e ponta de peito, sendo estas regiões

os locais a serem observados no corpo do animal para se estimar a condição corporal,

como mostra a figura 2.

O ECC de uma vaca para entrar em EM deve ser de 2,5 a 3,5, ou seja, a fêmea deve

estar aparentando saudável, porém sem excesso de gordura, popularmente conhecida

como “gomos”.

Page 42: Agrocurso apostila

O monitoramento de suas mudanças durante a gestação é de grande importância, porque

permite tomada de decisões como a adoção de estratégias de engordar vacas magras

antes do parto ou mesmo possibilitar perda de peso daquelas excessivamente

condicionadas.

O ECC na época do pré-parto em vacas influencia a resposta na ingestão de nutrientes

no período pós-parto. Quando vacas com ECC igual a 4 a 4,5 foram alimentadas no pós-

parto, para ganhos de peso de 0,5 a 0,6 kg por dia, a percentagem de vacas em cio, nos

primeiros 20 dias da EM, aumentou de 85%, segundo Kunkle et. al., (1994).

A condição corporal ao parto é fator de fundamental importância na determinação do

período de anestro pós–parto, sendo que vacas com condição corporal mais elevada ao

parto apresentaram menores períodos de anestro, além de iniciar a gestação mais cedo

durante a estação reprodutiva, apresentando em conseqüência menor intervalo de partos.

Além disso, ela prediz com mais segurança que as mudanças no peso corporal ou na

condição corporal após o parto a melhoria do desempenho reprodutivo subsequente.

Importante lembrar que estas condições não devem ser consideradas lineares, ou seja, a

medida que isso aumenta será melhor, pois medidas maiores ou iguais a 4,5 esses

efeitos demonstrados pelo ECC irão diminuir as características reprodutivas do animal,

considerando que os hormônios, de uma forma geral, são lipossolúveis tendo atração

por tecido adiposo. Por isso deve-se tomar cuidado quanto a isso.

O ECC pré-parto de 4,5 apresenta uma maior taxa de foliculogênese, aliada a uma maior

quantidade de folículos médios e grandes, assim como a presença fundamental dos

folículos dominantes.

Este fator nutricional é muito importante, principalmente para as primíparas (vacas de

primeira cria).

O peso inicial ideal para primeira cobertura (novilhas) é de 300 a 350 Kg, sendo que se

consegue isso, quando se tem uma adequada alimentação, entre os 18 e 24 meses de

idade.

É importante ressaltar que o papel desta vaca na eficiência reprodutiva de uma

propriedade é oferecer um bezerro por ano, sendo consideradas inviáveis ou de descarte

aquelas que não se apresentarem desta forma. Para isso, o fator nutricional é

considerado limitante, visto que com uma correta divisão de lotes (indispensável a

Page 43: Agrocurso apostila

homogenidade) poderá ser mais fácil de adequar possíveis suplementações nas

diferentes épocas do ano.

Estação de Monta

Fatores que influenciam a concepção

Inúmeros trabalhos de pesquisa foram desenvolvidos com o intuito de estabelecer uma

relação entre condição nutricional, condição corporal, fatores ambientais e fertilidade. A

grande maioria deles estabelece uma influência direta e positiva entre esses fatores e a

possibilidade de concepção das fêmeas, e, além disso, mostram que o índice de

fertilização coincide com a estação chuvosa, ou seja, quando a taxa de crescimento das

pastagens é alta e sua qualidade é melhor. Quanto maior é a estacionalidade da produção

forrageira, maior é a concentração de fecundação e, consequentemente, de nascimentos

durante o ano.

Partindo-se desses fatos, é muito mais fácil trabalhar a favor da natureza. A idéia da

implantação de uma estação de monta na propriedade, muitas vezes descartada pelo

produtor, tem por base racionalizar a atividade reprodutiva dos animais, tanto no

aspecto biológico quanto prático. Isso significa dizer que o trabalho de manejo

reprodutivo na propriedade será racionalizado de modo que durante um período há

nascimentos, num seguinte cuidados com bezerros em amamentação e posteriormente

desmame em grupos bem homogêneos.

Estacionalidade da produção forrageira

Do ponto de vista prático, a determinação da estação de monta deve ser feita de forma

que permita uma eficiência reprodutiva máxima e sem investimentos exorbitantes de

capital. Isso ocorrerá se a estação de monta for feita de modo que esta ocorra quando a

produção de forragem for máxima. Para se alcançar esse objetivo, o período em que as

vacas deverão estar em serviço, ou à disposição dos touros, deverá ser de 3 a 5 meses,

que também coincidirão com a época das chuvas.

A figura 3 mostra um esquema que usa a estacionalidade da produção forrageira para

maximizar a eficiência reprodutiva. Nesse esquema a estação determinada foi de 3

meses. Esse período, no entanto só deve ser adotado em propriedades cujo rebanho já

esteja ajustado para cobertura na época das águas. Quando da introdução dessa prática,

pode-se optar por um processo gradativo de retirada dos touros, de forma que dentro de

alguns anos todo o rebanho esteja com o nascimento sincronizado.

Page 44: Agrocurso apostila

Esquema de estação de monta, nascimento e desmame

No período previsto para cobertura deverá ocorrer intensa brotação das pastagens. A

época de nascimentos, assim como a época de fecundação estão previstas para períodos

nos quais são observados os maiores índices de nascimento e de fecundação, observados

por diferentes autores. A época da desmama ocorre em março-abril, e os animais

desmamados deverão ser colocados em pastagens de boa qualidade, especialmente

manejadas, ou receber suplementação alimentar. Uma suplementação para as vacas

durante o final do período do nascimento e o início do período de monta, principalmente

com proteínas e, sem dúvida, com minerais (esta deve ocorrer durante todo o ano, com

produto adequado e idôneo), poderia ser indicada em anos nos quais a brotação das

pastagens fosse retardada devido às condições climáticas.

Entretanto, vacas adultas podem sofrer pequena perda de peso no final da gestação e

início da lactação, sem comprometer a eficiência reprodutiva se estiverem em ganho de

peso durante a estação de monta.

O estabelecimento da estação de monta também facilita grandemente o manejo,

principalmente em relação a um esquema de eliminação de matrizes, com diagnóstico

de prenhez 60 dias após a retirada dos touros.

Qualquer oportunidade para o descarte desse tipo de animal deve ser utilizada. Primeiro

para selecionar diretamente por fertilidade e habilidade materna, o que gera

imediatamente uma pressão de seleção para adaptabilidade ao ambiente local.

Page 45: Agrocurso apostila

Esse modelo de trabalho permite a identificação de animais inférteis ou sub-férteis com

grande precisão, e sua eliminação do rebanho é fundamental para que se alcance bons

índices reprodutivos.

Como planejar o período da estação de monta

Deixar a tourada solta durante todo o ano como garantia de bezerros nascendo o

tempo todo não é a melhor estratégia. É bom lembrar que na seca há pouco pasto,

o que traz vários prejuízos à nutrição da vaca em lactação, atrasando o seu retorno

ao cio e prolongando o intervalo entre partos.

Para evitar essa e outras situações que colocam em risco a produtividade é que eles

recomendam a estação de monta. O resultado será uma bezerrada uniforme, menor taxa

de mortalidade e maior peso à desmama.

O recomendado seria a redução gradual do período de exposição dos touros à vacada.

Um bom começo é adotar uma estação de monta de seis meses, que será reduzida em

cerca de 1 a 2 meses por ano até que se atinja a duração pretendida de 60 a 90 dias.

Reduções bruscas podem comprometer a fertilidade do rebanho e a sua taxa de

natalidade. É muito importante ressaltar que isto se modifica de região para região,

lembrando sempre de que o fator limitante para o sucesso desta prática é o início da

estação de monta durante a época chuvosa. Assim os partos então ocorrem no final da

seca, com baixa incidência de doenças, como a pneumonia, e de parasitas, como

carrapatos, bernes, moscas e vermes. Além disso, é nessa época que o capim rebrota,

ressurgindo com qualidade elevada, capaz de nutrir as matrizes em fase de lactação. A

desmama então ocorrerá no início da seca, quando as vacas vazias deverão ser

descartadas.

Cuidados sanitários para a estação de monta

A estação de monta, que deve começar a partir de outubro, quando os pastos estarão

revigorados pelas chuvas, requer alguns cuidados. Deve ser feito, além do exame

andrológico anualmente, há necessidade do exames físicos para avaliar problemas de

aprumos, de prepúcio e de pênis, testes de libido e de aptidão para determinação da

correta relação vacas/touro.

Page 46: Agrocurso apostila

A atenção com a sanidade deve ser redobrada. Afinal, como um reprodutor doente é

capaz de infectar dezenas de vacas, só deve ser utilizados animais sadios. O macho

também deve estar livre de doenças que afetam sua capacidade reprodutiva, como a

brucelose, tricomonose e campilobacteriose, e de processos infecciosos graves, como as

doenças viróticas IBR e BVD. A brucelose, quando afeta o touro, leva-o à subfertilidade

ou infertilidade. O tratamento é de custo elevado, por isso se preconiza o descarte dos

doentes.

A tricomonose, que é contagiosa e sexualmente transmissível, pode levar à morte

embrionária precoce e repetição de cio a intervalos irregulares nas vacas, além de

abortos e infecções após a cobrição. O touro é um foco importante da infecção,

principalmente os mais velhos, que alojam o parasita no prepúcio. O controle pode ser

feito por tratamento individual dos touros afetados, porém, seu custo é alto. O descarte

dos infectados, assim como dos mais antigos, é uma alternativa de controle.

A campilobacteriose é normalmente transmitida durante a monta pelo reprodutor

contaminado e pode causar infertilidade temporária e morte embrionária precoce. Os

machos doentes podem ser eliminados do rebanho em função do diagnóstico da

situação.

A rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR) acarreta perdas econômicas, como abortos e

morte de bezerros recém-nascidos. Após a infecção, o vírus permanece no animal de

forma latente e pode ser reativado periodicamente após estresse ou tratamento com

corticóides. Esses animais servem de fonte de infecção através de secreções nasal,

ocular, vaginal e fetos abortados. A transmissão pode ocorrer por meio do coito e por

sêmen congelado. O controle é realizado pela avaliação dos resultados do diagnóstico

laboratorial e o uso de vacinação como ferramenta de controle a partir desse

diagnóstico.

A diarréia viral bovina (BVD) é uma doença causada por vírus e transmitida por via

placentária e/ou contato direto entre os animais, fezes, fetos abortados. No caso dos

touros, além das secreções gerais, o sêmen também pode contribuir para a

contaminação das vacas durante o coito ou inseminação. A doença provoca abortos,

principalmente durante os primeiros três ou quatro meses de gestação, infertilidade,

defeitos congênitos e atraso no desenvolvimento dos animais infectados. A diarréia

aparece como sintoma, geralmente em rebanhos contaminados, na faixa etária de seis

Page 47: Agrocurso apostila

meses a um ano de idade. Os animais contaminados podem ser eliminados do rebanho

dependendo do diagnóstico.

As fêmeas também necessitam de atenção especial, principalmente nos primeiros anos

de adoção da estação de monta. Os cuidados mais relevantes, e que não podem ser

desprezados, são a boa alimentação das matrizes na época que antecede à estação, de

modo que elas tenham condições de ciclar normalmente. A realização de exame físico

que avalie se o animal tem condições adequadas para desenvolver uma gestação, parir e

desmamar um bom bezerro, de prenhez, colocando no lote de monta apenas vacas

vazias.

Novilhas, em sistemas menos intensificados, devem ser colocadas e retiradas da monta

1 a 2 meses antes do lote principal de matrizes para que tenham maior assédio dos

touros e consigam se recuperar bem para no ano seguinte entrar no ciclo normal. Este

manejo tem como entrave as parições nos períodos mais rigorosos da seca, resultando

em baixos índices, quando comparadas com vacas multíparas. Porém, quando suas

necessidades nutricionais são atendidas, este manejo pode ser uma estratégia de sucesso.

Para sistemas mais intensificados, onde geralmente se utiliza a prática de IATF

(Inseminação Artificial em Tempo Fixo), as novilhas entrarão na estação de monta de 1

a 2 meses após o início da mesma, como estratégia para estas serem colocadas nos

protocolos de IATF quando primíparas. Esta prática proporciona à fêmea uma parição

nos períodos das chuvas, o que ajuda a manter um bom ECC, permitindo a

sincronização aos 45 a 60 dias pós parto.

Na maioria das doenças reprodutivas, o sintoma mais comum é a repetição de cio.

Porém, abortos nem sempre são observados, principalmente quando ocorre no terço

inicial da gestação. O animal contaminado por brucelose libera a bactéria no leite, nas

descargas uterinas e no feto, podendo contaminar as pastagens e as aguadas por vários

meses. Os principais sintomas são a retenção de placenta e os abortos (natimortos) no

terço final da gestação.

É importante lembrar que as vacas que vão para a estação de reprodução já devem ter

sido vacinadas contra brucelose no seu desmame, e que os machos não devem receber a

vacina. Para o controle da doença é importante o exame sorológico, para a identificação

e o descarte dos animais positivos, que deve ser paralelo à vacinação das fêmeas na

idade correta. Tanto os animais portadores como as vacinas podem contaminar o

Page 48: Agrocurso apostila

operador durante o manejo. Por isso é preciso todo cuidado para a proteção contra a

doença, principalmente durante a vacinação e o manejo com as vacas recém-paridas.

A campilobacteriose e a tricomonose podem causar infertilidade temporária e

mortalidade embrionária precoce. Os altos índices de repetição de cio e de mortalidade

no terço inicial de gestação são indicações de que essas doenças podem estar presentes

no rebanho. De forma geral, vacas em descanso reprodutivo, após quatro ciclos

consecutivos, estão livres dessas doenças. No entanto, as vacas contaminadas devem ser

eliminadas devido ao tempo necessário à sua recuperação. Nas regiões endêmicas pode

ser recomendada a vacinação das fêmeas.

A IBR e BVD também provocam abortos no terço inicial da gestação, além de causar

outros prejuízos, como broncopneumonia, encefalite, conjuntivite, perda de peso,

infertilidade e defeitos congênitos. Após a infecção, principalmente no caso da IBR, o

vírus se mantém no animal de forma latente e pode ser reativado periodicamente após o

estresse ou tratamento com corticóides. Esses animais servem como fonte de infecção

através da secreção nasal, ocular, vaginal e fetos abortados. No caso da BVD, a diarreia

é sintoma geralmente em rebanho não vacinado.

A transmissão ocorre normalmente pelo contato direto entre portadores e animais

suscetíveis ou por via indireta, através da urina, secreções nasais, fezes, fetos abortados

e placenta, além de sêmen fresco (coito) ou congelado (inseminação). O diagnóstico

laboratorial é muito importante antes da vacinação, para que se possa realizar um

controle adequado do rebanho, devido às peculiaridades desses tipos de vírus.

Altos índices reprodutivos dependem de nutrição adequada

Para um bom desempenho produtivo, os ruminantes necessitam de Água, Proteína,

Energia, Vitaminas e Minerais. Todos estes nutrientes são de grande importância para

alimentação dos animais, variando apenas quantitativamente, no que diz respeito à

categoria dos animais. Alimentar adequadamente as vacas é a garantia de boas

condições corporais e, por consequência, altas taxas de reprodução. Minerais como o

fósforo, o zinco, o cobre e o selênio, são fundamentais para a função reprodutiva. Nem

as proteínas devem ficar fora do cocho. A deficiência mineral pode prejudicar o sistema

imunológico, permitindo assim que o animal fique doente com mais facilidade. Aliado

então à falta de proteínas, o resultado é a má condição corporal e problemas

reprodutivos na certa.

Page 49: Agrocurso apostila

A regra básica para a boa nutrição começa no pasto, com o manejo adequado, e termina

no cocho, com a oferta dos suplementos necessários. Com isso, as fêmeas que estarão

na estação de monta terão forragem com valores nutricionais mais elevados e as chances

de deficiência protéica serão bem menores. Essa falta de proteínas traz prejuízos diretos.

Afinal, suplementar com concentrado lotes de matrizes mais magras devido a erros

anteriores de manejo pode inviabilizar o sistema.

Quando um bom manejo de pastagem é realizado, ocasionando uma boa condição

corporal, a única suplementação necessária para manter o peso da vaca é o sal com uréia

durante o período da seca. Para esse mineral funcionar, é preciso haver alta

disponibilidade de forragem, o que é obtido com a vedação de pastagens ainda na época

de crescimento. Este manejo é conhecido como pastejo diferido, que consiste em vedar

o pasto 60 dias antes do início da seca.

Toda a nutrição da vaca deve ser pensada para que ela tenha boa condição corporal não

só na época da estação de monta, mas também no parto. Há pouco o que se fazer com as

vacas que entram magras na estação reprodutiva ou parem abaixo do peso. Só terão

mesmo como recuperá-lo meses depois, quando a exigência da produção de leite para o

bezerro entrar em declínio.

Estratégias de Manejo Alimentar

Durante o período chuvoso, as pastagens chegam a apresentar níveis satisfatórios de

proteína, energia e vitaminas, enquanto que os minerais estão deficientes, impedindo o

pecuarista de obter índices máximos de produtividade, enquanto que no período de

estiagem, todos nutrientes estão deficientes na pastagem. Portanto nesta época a

suplementação de apenas um nutriente não resulta em melhores rendimentos do

rebanho.

No período chuvoso a pastagem apresenta de 10 a 12 % de PB o que é suficiente para

um bom desempenho de vacas com bom ECC pós parto suplementadas com uma

mistura mineral de boa qualidade, onde o mineral de maior importância é o P, próximo a

90g/Kg. A vaca com bom ECC terá de 3 a 5 meses (depende da EM) para apresentar os

chamados cios férteis.

Já no período seco, onde a vaca geralmente já apresenta um ECC adequado devido a

prenhes (principalmente no terço final da gestação), poderá ser suplementada com um

Page 50: Agrocurso apostila

suplemento mineral proteico, geralmente suplemento mineral com ureia, principalmente

para vacas de bom ECC.

Já para as primíparas e vacas com baixo ECC é fundamental que sejam separadas em

lotes, ofertar um suplemento mineral proteico energético e quando possível uma boa

quantidade de forragem, mesmo que esta não esteja em boa qualidade. A utilização de

um pastejo diferido para estes lotes seria bem interessante. Este manejo é de

fundamental importância, pois, primeiramente a vaca com baixo ECC precisa se

recuperar para poder expressar seu cio, considerando, como já foi dito anteriormente,

que a aparição das característica reprodutivas na fêmea é tida como seu artigo de luxo e

não um fator de primeira importância em seu metabolismo em geral. Outra estratégia

utilizada com sucesso para vacas de primeira cria, ou primíparas, é a implantação do

sistema de “creep feeding” para bezerros à partir de 30 dias, o que não irá sobrecarregar

tanto a fêmea neste período tão limitante para a mesma. O resultado disso é uma

desmama 30 kg mais pesada (por animal), pagando assim, o custo da suplementação,

além de otimizar o desempenho reprodutivo desta fêmea.

Nutrição do Gado Leiteiro

Page 51: Agrocurso apostila

A nutrição adequada do rebanho deve iniciar na fase jovem, objetivando um

desenvolvimento satisfatório, sem que ocorra acúmulo de tecido gorduroso com

prejuízos consideráveis na reprodução e produção de leite da futura vaca, conforme a

tabela abaixo:

Experimentos mostram que as novilhas quando super-alimentadas acumulam

gordura no úbere, o que diminui o desenvolvimento das células secretoras de leite,

reduzindo drasticamente a produção durante a lactação, como mostra a tabela abaixo:

IDADE (semanas) PESO (Kg) GANHO DIÁRIO MÁXIMO (g)

NASCIMENTO 40 -

5 55 400

10 75 550

15 100 650

24 150 750

34 200 750

44 250 750

54 300 750

64 350 750

PESO RELACIONADO À IDADE E GANHO DIÁRIO EM RAÇAS LEITEIRAS DE GRANDE PORTE

Page 52: Agrocurso apostila

Ganho de peso na puberdade e produção de leite na 1º lactação

O gasto com ração durante este período proporciona melhor desenvolvimento

dos animais e torna-se viável economicamente como podemos observar no quadro

seguinte:

EXPERIMENTO GANHO DIÁRIO (g) Kg de LEITE em 305 DIAS REDUÇÃO EM %

590 4900

680 4800

690 4900

890 3900

640 5700

820 4600

760 4200

1060 40004,80

2,10

20,40

19,30

Page 53: Agrocurso apostila

Viabilidade econômica da nutrição de novilhas

* Consumo médio de 1,0 e 2,5 Kg de ração dos 4 meses até a parição

Durante o desenvolvimento das bezerras, o leite materno é fundamental para sua

nutrição até atingir 60 dias de Idade. Nesta fase, o fornecimento de 3 a 4 litros de leite

por animal dia é suficiente para proporcionar um crescimento adequado, desde que

mantenha uma ração de boa qualidade à disposição destes animais. A desmama deverá

ser feita de forma brusca quando o consumo voluntário da ração atingir 1 Kg por animal

dia. Após este período, devemos fornecer ração à vontade até atingirem um consumo de

2 Kg, quando fixamos esta quantidade. A partir deste momento, torna-se de suma

CARACT. DOS SISTEMAS

PARIÇÃO 36 MESES PARIÇÃO 30 MESES PARIÇÃO 24 MESES

COBERTURA (MESES)

27 21 15

SITUAÇÃO AOS 3 ANOS

INÍCIO DA 1º LACTAÇÃO 6 MESES DE LACTAÇÃO 1º LACTAÇÃO ENCERRADA

LEITE NO PERÍODO (Kg)

- 1800 3000

RECEITA COM O LEITE - R$

- 396,00 660,00

GASTO COM RAÇÃO (Kg)*

- 780 1500

CUSTO DA RAÇÃO - R$

- 179,40 345,00

BALANÇO - R$ - 216,60 315,00

Page 54: Agrocurso apostila

importância priorizar as pastagens adequadas, uma vez que o consumo de fibra aumenta

à medida que o animal cresce. O quadro abaixo mostra o fornecimento de nutrientes

pelo uso de rações bem como as quantidades que deverão ser supridas pelas pastagens.

Contribuição do uso de rações no desenvolvimento das novilhas

* Ração com 14 % de PB e 65 % de NDT.

100 200 300 400

EXIGÊNCIA DIÁRIA Kg NDT

2,0 3,4 4,5 5,4

2 Kg de RAÇÃO Kg de NTD*

1,3 1,3 1,3 1,3

DÉFICIT NDT (Kg) 0,7 2,1 3,2 4,1

EXIGÊNCIA DIÁRIA Kg PB

0,38 0,62 0,77 0,86

2 kg de RAÇÃO Kg de PB*

0,28 0,28 0,28 0,28

DÉFICIT PB (Kg) 0,10 0,34 0,49 0,58

PESO VIVO (Kg)

Page 55: Agrocurso apostila

Após a cobertura aos 15 meses, a novilha deverá permanecer em pastagens de

boa qualidade ou ter à sua disposição volumosos de boa qualidade, além de uma

suplementação com ração de forma a obter os ganhos desejados. A maior exigência

ocorre no período pré-partos (dois meses antes do parto), onde o feto cresce 80% do seu

peso ao nascer, reduzindo a capacidade de ingestão de alimentos devido a compressão

do rumem. A boa nutrição nesta época, proporcionará maior produção de leite durante a

lactação e um menor intervalo parto 1.º cio diminuindo o intervalo entre partos. Quando

a vaca apresenta cio entre 60 a 90 dias após o parto, ela produzirá um bezerro e uma

lactação por ano, o que será decisivo para a viabilidade econômica da atividade. As

tabelas seguintes mostram a influência desta alimentação e o manejo correto a ser

realizado.

Influência do nível nutricional do pré parto sobre o intervalo parto – 1º

cio

Pré-Parto Pós-Parto 50 60 70 80 90

ALTO ALTO 65 80 85 90 95

ALTO BAIXO 76 81 81 86 86

BAIXO ALTO 25 45 70 85 85

BAIXO BAIXO 6 17 22 22 22

NÍVEL NUTRITIVO % VACAS EM CIO PÓS PARTO (DIAS)

Page 56: Agrocurso apostila

DIETA BASAL DIGEST. %CONCENTRADO

Kg/ Dia

PERÍODO DETRATAMENTO

(SEMANAS)

BAIXA 53 3,2 7

MÉDIA 63 2,7 3

ALTA 70 1,4 2

MUITO ALTA 76 0 0

Quantid

ade necessária de concentrados no período pré-parto de acordo com a

qualidade da dieta basal

Após o parto, a alimentação da vaca leiteira deverá ser feita no sentido de

atender as exigências de manutenção corporal e produção diária de leite. Nesta época, a

produção de leite cresce de forma linear até atingir um “pico” aos 60 dias e ao mesmo

tempo, o consumo de alimentos é baixo devido ao stress do parto. Uma nutrição

incorreta durante este período, leva a um retardamento no aparecimento do cio pós parto

o que trará grandes prejuízos à atividade. O quadro abaixo mostra que a alimentação das

vacas em lactação deverá ser feita de acordo com a sua produção evitando problemas

decorrentes da sub ou super alimentação.

DIFERENÇAS NA UTILIZAÇÃO DE ALIMENTOS ENTRE DUAS

VACAS SUBMETIDAS À MESMA DIETA DURANTE OS

PRIMEIROS 67 DIAS DE LACTAÇÃO

PARÂMETROS VACA A VACA B

PESO VIVO (Kg) 516,8 519,1

PROD. TOTAL (Kg) 836,5 1323,3

PROD. MÉDIA (Kg) 12,5 21,8

VAR. PESO VIVO (Kg) 39,1 -51,8

Page 57: Agrocurso apostila

Fatores que mais afetam a eficiência da Produção de Leite:

Reprodução

A principal condição para a produção de leite é a parição. Uma vaca com

intervalo entre partos de 12 meses produz uma lactação e um bezerro todos os anos,

tornando seus custos diluídos em uma maior quantidade de produtos. No entanto, os

índices de fertilidade dos nossos rebanhos são de aproximadamente 50% o que reflete

em vacas improdutivas durante todo ano tornando inviável o sistema de criação. A

reprodução é um fator de baixa herdabilidade (10%) ou seja, 90% deve-se aos fatores de

meio onde a alimentação ocupa posição de destaque. Os dados abaixo mostram que em

rebanhos com a mesma produção de leite por lactação, podemos ter resultados

econômicos diferentes.

Page 58: Agrocurso apostila

* Produção/dia de vida útil (6) = (5) = (2)

(3) (1)

Perda real/vaca em números redondos quando passamos:

a) I.P. de 12 meses para 14 meses = 2 litros

b) I.P. de 12 meses para 18 meses = 4 litros

12 MESES 365 DIAS (1)

14 MESES 18 MESES

VACAS PROD./LACT. (2)

4500 l/Lact. 4500 l/Lact. 4500 l/Lact.

VIDA ÚTIL (3) 6 ANOS 6 ANOS 6 ANOS

N.º CRIAS (4) 6 CRIAS 5 CRIAS 4 CRIAS

PROD. NA VIDA ÚTIL (5)

27000 l 22500 l 18000 l

*PROD./DIA DE VIDA ÚTIL (6)

12,32 l 10,27 l 8,22 l

INTERVALOS DE PARTOS

PARÂMETROS

Page 59: Agrocurso apostila

UM FAZENDEIRO COM 100 VACAS PERDE POR DIA

EFETIVAMENTE

a) I.P. de 12 para 14 meses

- perda real = 200 litros/dia

30 X 200 = 6.000 litros/mês

b) I.P. de 12 para 18 meses

- perda real = 400 litros/dia

30 X 400 = 12.000 litros/mês

Período de Lactação

Este fator é altamente influenciado pela seleção genética dos animais. Após o

“pico” de lactação, a vaca deverá manter persistente sua produção, da maneira mais

uniforme possível até encerrar sua lactação por volta dos 305 dias. Vacas cruzadas

possuem maior tendência de baixa persistência, portanto, nestes rebanhos o índice de

reposição (descarte anual de fêmeas) deverá ser maior objetivando eliminar vacas que

apresentam quedas bruscas após o “pico”. A nutrição não afeta a persistência de

lactação, logo se suplementamos uma vaca de baixa persistência ela não responderá em

sua produção de leite. Os dados a seguir mostram o efeito do período de lactação na

quantidade de vacas paridas do rebanho, evidenciando que, ao desprezar a seleção de

Page 60: Agrocurso apostila

vacas com alta persistência, estaremos anulando os efeitos positivos que conseguimos

com a redução do intervalo entre partos.

Período de lactação (p.l.) e % de vacas em lactação em diferentes

intervalos de partos (i.p.)

I.P. 12 MESES I.P. 14 MESES I.P. 18 MESES

10 MESES 83 71 55

9 MESES 75 64 50

8 MESES 66 55 44

7 MESES 58 50 38

6 MESES 50 42 33

PERÍODO DE LACTAÇÃO

% DE VACAS EM LACTAÇÃO

Page 61: Agrocurso apostila

Anexos

VERMINOSE EM AGUADAS

Outro aspecto importante que devemos destacar é a contaminação das aguadas

naturais tipo “bacias” ou cacimbas (água parada) de água coletada no período de chuva,

ficando parada durante todo ano, sujeita a contaminações por fezes e urinas por animais

que ali frequentam. Estas aguadas, apesar de não serem recomendadas, em algumas

propriedades são necessárias por não haver outra possibilidade. Portanto nesta situação

devemos adotar um sistema de vermifugacao mais rigoroso e dar ênfase a contaminação

por protozoários que não são vermes, principalmente a Eimeriose também conhecida

como coccidiose. Estes parasitas habitam o intestino delgado causando ferimentos na

região de absorção dos nutrientes e contaminam as aguadas através de seus dejetos. O

sintoma típico são bezerros geralmente desmamados com diarreias frequentes, sintomas

de desnutrição e em um estagio mais avançado além de presença de sangue nas fezes.

A aguada mais indicada é a aguada natural com água corrente e com cascalho na

região de acesso dos animais ou de bebedouros distribuidos em pontos estratégicos.

Uma maneira muito eficiente para melhorar as aguadas na época seca é

promover o cascalhamento da área de chegada, evitando a formação de atoleiros que

possam interferir na ingestão de água pelos animais ou evitar possíveis ferimentos ou

acidentes.

BOTULISMO

A deficiência de um balanço adequado de Ca e P, predominantemente o P nas

pastagens, é um fator predisponente ao surgimento da osteofagia, onde os animais

começam a roer e até ingerir ossos que ficam soltos nos pastos. Com isso, quando as

carcaças estão contaminadas com Clostridium botulinum estes animais que ingerirem

poderão se intoxicar através da toxina produzida por este Clostridium.

Como medidas preventivas, além de uma dieta com níveis adequados de Ca e P,

deve-se promover a utilização de cemitérios nas pastagens, delimitando estas áreas com

a presença dos restos dos animais de uma forma geral e ainda, a vacinação dos animais

em áreas endêmicas desta doença, ou seja, com alta prevalência entre os animais.

Page 62: Agrocurso apostila

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

LIMA, M. L. M. Uso de subprodutos da agroindústria na alimentação de bovinos

leiteiros. In: Simpósio Sobre Manejo e Nutrição de Gado de Leite. Goiânia. Anais...

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