agricultores familiares fornecendo · adquirida da agricultura familiar” surgiu a necessidade de...
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Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição do Escolar Sul - CECANE/ UFRGS
Fundo Nacional de Desenvolvimento e Educação
AGRICULTORES FAMILIARES FORNECENDO
PRODUTOS PARA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
Coordenadores:
Sergio Schneider
Marcelino de Souza
Formação dos Agricultores:
Módulo 1: Fabiano Escher e
Márcio Zamboni Neske
Módulo 2: Amanda Guareschi
Módulo 3: Rozane Márcia Triches
Módulo 4: Fabiana Thomé da Cruz
Módulo 5: Dirceu Basso
Equipe Técnica:
Andressa Ramos Teixeira
Elvis Albert Robe Wandscheer
Luciana Correia Villa Real
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................. 05
MÓDULO 1: A Produção Local de Alimentos: características e
possibilidades......................................................................................
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MÓDULO 2: O Mercado e a Produção Agrícola ................................ 15
MÓDULO 3: Conhecendo o Programa Nacional de Alimentação
Escolar – PNAE - e como Comercializar Diretamente os Produtos
Agrícolas para a Alimentação Escolar ................................................
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MÓDULO 4: Exigências Sanitárias e Boas Práticas de Produção
de Alimentos.....................................................................................
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MÓDULO 5: O Conselho de Alimentação Escolar – CAE - e a
Importância da Participação no Programa Nacional de Alimentação
Escolar - PNAE ..................................................................................
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APRESENTAÇÃO
Com a aprovação da Lei 11.947 de 16 de junho de 2009 a qual
estabeleceu que “no mínimo 30% da alimentação escolar deve ser
adquirida da agricultura familiar” surgiu a necessidade de realizar uma
formação voltada para agricultores familiares, técnicos e demais
profissionais que desejam comercializar de forma direta produtos
agrícolas, processados ou não, para a alimentação escolar.
Sendo assim, este material foi elaborado com o objetivo de apoiar
este processo de formação no âmbito municipal. Ele se divide em cinco
módulos, que são os seguintes: Módulo I: “A produção local de alimentos:
características e possibilidades”; Módulo II: “O Mercado e a produção
agrícola”; Módulo III: “Conhecendo o Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE) e como comercializar diretamente os produtos agrícolas
para a alimentação escolar”; Módulo IV: “Exigências sanitárias e boas
práticas de produção de alimentos” e Módulo V: “O Conselho de
Alimentação Escolar (CAE) e a importância da participação no Programa
Nacional de Alimentação Escolar - PNAE”.
Pretende-se que este material de apoio seja utilizado não apenas
durante o processo de formação, mas que seja um material de consulta
dos agricultores familiares e técnicos interessados na implementação e
concretização plena da legislação recentemente aprovada e assim,
permita criar um novo mercado institucional que beneficie
economicamente e socialmente os agricultores familiares, como também
os consumidores, através de uma maior segurança alimentar.
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1. FORMA ATUAL DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
Vivemos em um mundo de contradições. De um lado, a todo o
momento, se fala do crescimento das exportações e ampliação das
tecnologias, que prometem produzir mais com menos gente e em menos
terra.
No entanto, é cada vez mais evidente e conhecido por todos que o
aumento da produção e oferta de produtos agropecuários não leva,
necessariamente, a resolução do problema da fome e da baixa
qualidade dos alimentos. Aqui o que temos é um problema de
distribuição de alimentos.
Isso ocorre, em grande parte, porque a produção de alimentos, ao
longo do tempo, tornou-se um negócio, um comércio de mercadorias
dominado por grandes empresas do setor agroalimentar, que
funcionam baseadas nas cadeias longas.
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A inserção da agricultura neste processo modificou a vida do
homem no campo, pois levou os agricultores a perder o controle da
produção e ao aumento da dependência dos mercados de insumos
(sementes, fertilizantes, agrotóxicos, etc) e das cadeias agroindustriais
de alimentos. Além disso, esta forma de agricultura vem prejudicando os
recursos naturais, levando ao desmatamento das florestas nativas, erosão
do solo, contaminação dos rios, etc.
Na forma dominante de produção agroalimentar, a produção, a
transformação, a distribuição e o consumo dos alimentos estão
dependentes das regras das cadeias agroindustriais alimentares,
também chamadas de cadeias longas de alimentos.
Nos ultimos anos que
mudanças você percebeu
na sua comunidade na forma
de fazer agricultura ?
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O vínculo dos agricultores com as cadeias longas de alimentos
diminui a autonomia dos agricultores e gera distanciamento na relação
entre os agricultores e os consumidores, pois são essas cadeias
agroindustriais que controlam todo o processo de produção,
transformação e a venda dos alimentos aos consumidores finais.
2. É POSSÍVEL MUDAR A FORMA DE PRODUZIR E CONSUMIR
ALIMENTOS?
Sim, é possível mudar. Por isto devemos pensar em uma forma de
produção de alimentos que atenda as necessidades nutricionais da
população e garanta a reprodução social e econômica dos agricultores
familiares, a partir da formas alternativas de produção e comercialização
de alimentos.
Uma alternativa é estreitar as
relações entre produção e
consumo através da criação de
redes alternativas de alimentos,
por exemplo, por meio das
chamadas “cadeias curtas” de
produção e comercialização.
As “cadeias curtas” de alimentos criam novas conexões que
podem aproximar a relação entre produtores e consumidores. São
exemplos de “cadeias curtas” de alimentos:
1. Os mercados “face a face”, como a venda direta da produção
entre quem produz e quem consome (por exemplo, as feiras de
hortifrutigranjeiros);
2. Os mercados de proximidade, por exemplo, através da
produção dirigida para os mercados institucionais (alimentação
das escolas municipais e estaduais, creches, hospitais, etc);
3. Os mercados “expandidos”, como a venda de produtos
certificados que são consumidos fora da região de produção.
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As “cadeias curtas” de alimentos ampliam as possibilidades de
inclusão social dos agricultores familiares, sua diversificação e a redução
da dependência, pois valorizam as características como a confiança, a
qualidade, os hábitos alimentares e a cultura local, permitindo a
inserção dos produtos da agricultura familiar em mercados diferenciados.
Portanto, a organização da agricultura familiar para a construção
de “cadeias curtas” de alimentos favorece tanto os próprios agricultores
como toda a sociedade, por dois motivos:
- possibilita o acesso a alimentos saudáveis e de qualidade para a
população, garantindo sua segurança alimentar;
- oportuniza a venda direta de alimentos produzidos pelos agricultores
do município ou região, fortalecendo e movimentando a economia
local.
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3. A IMPORTÂNCIA DO ASSOCIATIVISMO E COOPERATIVISMO
PARA A CRIAÇÃO DE CADEIAS CURTAS
Sozinhos dificilmente os agricultores familiares serão capazes
de mudar a situação de dependência e subordinação. Mas, juntos,
organizados e unidos em cooperativas os agricultores familiares podem
se tornar mais fortes e disputar espaços nos mercados e junto aos
consumidores.
O acesso e a construção de mercados diferenciados de
comercialização dos produtos da agricultura familiar pode ser
potencializado na medida em que os agricultores estiverem organizados
na forma de associações e cooperativas.
A organização através do Cooperativismo e do Associativismo
possibilita que os agricultores alcancem objetivos que individualmente não
conseguiriam. Através de associação e cooperação os agricultores se
fortalecem e fortalecem a comunidade de forma solidária. Deste modo
eles criam melhores oportunidades de trabalho e melhores condições de
vida, com inclusão social e desenvolvimento local.
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ASSOCIATIVISMO
Associativismo é qualquer iniciativa formal ou informal,
que reúna um grupo de pessoas ou empresas, com o objetivo de superar
dificuldades e gerar benefícios comuns: econômicos, sociais e políticos.
COOPERATIVISMO
O que é cooperação?
É o método de ação pelo qual indivíduos, famílias ou
comunidades, com interesses comuns, constituem um empreendimento.
Neste, os direitos de todos são iguais e o resultado alcançado é repartido
entre seus integrantes, na proporção de sua participação nas atividades
da organização.
O que é cooperativa?
É uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente,
para satisfazer necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por
meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente
gerida.
São sete os princípios cooperativistas:
1. adesão voluntária e livre;
2. gestão democrática e livre dos membros;
3. participação econômica dos membros;
4. autonomia e independência;
5. educação, formação e informação;
6. inter-cooperação;
7. interesse pela comunidade.
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1. O QUE SÃO MERCADOS?
Numa sociedade cada vez mais competitiva e interligada, seria
ingênuo acreditar que é possível viver sozinho e não interagir com a
sociedade e a economia.
A interação econômica, em que alguns individuos ofertam e outros
procuram é a forma básica das trocas. Tal como nós a conhecemos, estas
relações formam e criam o mercado, que não é um espaço físico, um
prédio ou uma construção, mas uma relação social entre individuos e
pessoas que querem fazer trocas e intercambiar entre si.
Para explicitar o conceito de mercado, propõe-se pensar nas
palavras chave: vendedores, compradores, oferta, demanda, relação.
A partir dessas palavras, consideremos que mercado é o encontro de dois
grupos: Compradores e vendedores. Assim, entende-se por mercado não
o espaço físico, mas o relacionamento entre as pessoas que formam o
grupo social dos compradores e vendedores.
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Na sociedade atual existem vários tipos de mercados, sendo os
mais conhecidos o mercado de trabalho, o mercado fianaceiro ou o
mercado de produtos e mercadorias. O mercado específico a ser
estudado é a alimentação escolar. Nesse mercado, os dois grupos são
assim caracterizados:
Vendedores Compradores
2. CONCEITOS DE OFERTA E DEMANDA
O mercado é explicado pelas relações estabelecidas entre oferta
e demanda e, assim, explicar essas duas palavras nos trará noções mais
claras do funcionamento do mercado da alimentação escolar, pois
possibilitará compreender como as condições econômicas afetam o
mercado e a produção.
Oferta Demanda
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3. COMPOSIÇÃO DOS PREÇOS E CUSTOS DE TRANSAÇÃO
Os custos de transação estão indiretamente relacionados à
produção e surgem do relacionamento dos agentes quando acontecem
problemas de organização. Assim, os custos de transação não são
específicos do mercado, mas de qualquer forma organizacional.
4. POTENCIAL DOS MERCADOS INSTITUCIONAIS - A ALIMENTAÇÃO
ESCOLAR COMO MERCADO PRA AGRICULTURA FAMILIAR
Os mercados institucionais são formados a partir de demandas
de produtos e serviços com a finalidade de atender instituições públicas.
Assim o Estado tem importante papel na criação de novos mercados,
como o mercado da alimentação escolar.
A nova demanda institucional de alimentos desempenha
importantes papéis:
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A organização da produção para um mercado específico exige o
conhecimento desse mercado, ou seja, o agricultor deixa de ser um
especialista na sua produção, tornando-se um conhecedor do mercado no
qual quer inserir seus produtos com vistas a participar de forma
competitiva desse novo mercado.
Conheça a seguir a
origem do Mercado da
Alimentação Escolar e
como acessá-lo .
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Módulo 3
CONHECENDO O PROGRAMA NACIONAL DE
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR – PNAE –
E COMO COMERCIALIZAR DIRETAMENTE OS
PRODUTOS AGRÍCOLAS PARA A
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
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1. O QUE É O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
- PNAE ?
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante a
alimentação escolar dos alunos de toda a educação básica (educação
infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e
adultos) matriculados em escolas públicas.
Seu objetivo é atender as
necessidades nutricionais dos
alunos durante sua permanência na
escola, contribuindo para o
crescimento, o desenvolvimento, a
aprendizagem e o rendimento
escolar dos estudantes, bem como
promover a formação de hábitos
alimentares saudáveis.
Histórico do PNAE:
Início da década de 1930 – inicio das discussões sobre o programa;
Década de 1950 – elaborado um grande Plano Nacional de
Aliemtnação e Nutrição;
1955 – inicio institucional do PNAE a partir de convênios com
organismos internacionais;
1976 – recursos – MEC – centralizado;
1988 – direito do aluno e dever do Estado;
1994 – descentralização – CAE;
R$ 0,13 por aluno/dia até 2003;
2006 - Diretrizes: promoção de alimentação saudável e adequada,
educação alimentar e nutricional e o apoio ao desenvolvimento
sustentável;
2007- R$ 0,22 e 0,44 ~= R$ 2.000.000,00 para 47 milhões de
escolares;
2009 – Lei n° 11.947 de 16/06/09.
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2. A LEI
A Lei nº 11.947 de 16 de junho de 2009 e a Resolução n° 38 de
16 de julho de 2009 prevêem que:
O valor repassado pelo FNDE, destinado para compra de produtos
da agricultura familiar, pode dispensar o processo licitatório, desde que
os preços estejam compatíveis com os praticados no mercado local e os
alimentos atendam as exigências de controle de qualidade.
Do total dos recursos financeiros
repassados para o Programa Nacional de
Alimentação Escolar, no mínimo 30%
deverá ser utilizado na compra de gêneros
alimentícios da Agricultura Familiar e do
Empreendedor Familiar Rural ou suas
organizações, priorizando os
assentamentos da Reforma Agrária, as
comunidades tradicionais indígenas e
comunidades quilombolas.
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3. COMO FUNCIONA O PROCESSO DE COMPRA E VENDA
GRUPO FORMAL
Cooperativas ou
Associações com
DAP jurídica
GRUPO INFORMAL
Agricultores Familiares
com DAP física
SIBRATER ou STR ou
STRAF ou entidades credenciadas
pelo MDA para emissão de DAP
DOCUMENTAÇÃO EXIGIDA
GRUPOS FORMAIS (Associações e Cooperativas)
* DAP de cada agricultor participante
* CPF (Cadastro de Pessoa Física)
* Projeto de venda
GRUPOS INFORMAIS (Agricultores Familiares)
* DAP Jurídica
* CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica)
* Cópia de certidões negativas junto ao INSS, FGTS, Receita Federal e
dívidas ativas da União
* Cópia do Estatudo
* Projeto de Venda
ENTIDADES EXECUTORAS
Secretarias estaduais
de educação e redes
federais de educação
básica ou suas
mantenedoras
Entidade Articuladora
QUEM VENDE QUEM COMPRA
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PARA VOCÊ ENTENDER AS SIGLAS:
SIBRATER - Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural
STR – Sindicato dos Trabalhadores Rurais
STRAF – Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares
MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário
DAP – Declaração de Aptidão ao Pronaf - é o documento que identifica o
agricultor familiar como beneficiário do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)
As Entidades Executoras (secretarias estaduais e redes federais de
educação, prefeituras e escolas) deverão publicar à demanda de
aquisição de gêneros alimentícios da agricultura familiar para alimentação
escolar – Chamada pública, em jornal de circulação local, regional,
estadual ou nacional, em página na internet ou na forma de mural em
local público de ampla circulação.
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Projeto de venda de gêneros alimentícios da agricultura familiar para a
alimentação escolar deverá ser construído pelo:
• Grupo Formal
• Grupo Informal (Entidade Articuladora) em conformidade com a
chamada pública.
Assinam o representante do grupo formal e os agricultores fornecedores
do grupo informal.
A seleção dos projetos de venda será realizada pela Entidade
Executora e terão prioridade, nesta ordem, os projetos dos municípios, da
região, do território rural, do estado e do país.
O limite individual de venda do agricultor familiar
é de R$9.000,00 por DAP/ano.
Agricultores Familiares,
Associações e Cooperativas
precisam ficar atentos para
tomar conhecimento da
chamada pública!
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Preços de referência
A Entidade Executora deverá considerar os preços de referência
praticados pelo PAA (procurar CONAB).
Nas localidades em que não houver PAA, os preços de referência
deverão ser calculados com base em critérios definidos a partir do valor
gasto no ano.
Compras de até R$ 100.000,00 por ano
Media de preços pagos aos produtos da Agricultura Familiar por 3
mercados varejistas (priorizando a feira do produtor da Agricultura
Familiar); ou
Preços vigentes de venda para o varejo em pesquisa no mercado local
ou regional.
Compras maiores ou iguais a R$ 100.000,00 por ano
Média dos preços praticados no mercado atacadista nos últimos 12
meses; ou
preços apurados nas licitações de compras de alimentos realizados no
âmbito da Entidade Executora, desde que em vigor; ou
preços vigentes, apurados em orçamento, de no mínimo 3 mercados
atacadistas locais ou regionais.
O nutricionista tem um papel fundamental em planejar um cardápio
nutritivo, com produtos de qualidade para a alimentação escolar. E
agora esta qualidade pode ser muito melhor, já que terá condições de
adquirir produtos frescos, naturais, de conhecida procedência, do
hábito alimentar dos alunos e da vocação agrícola da região. Por isso, é
muito importante que faça este planejamento em conjunto com a Emater,
STR, Secretaria da Agricultura, entre outros, para saber os produtos,
sazonalidade e quantidade produzida localmente pela agricultura familiar.
Assim estará não só oferecendo uma alimentação mais saudável, mas
também, promovendo desenvolvimento local.
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1. ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Aconselha-se que a alimentação escolar
saudável não contenha alimentos com alto teor
de gorduras, açúcar e sal. Na medida do
possível o cardápio escolar poderia ter opções
de alimentos e refeições que incluam o
aumento e promoção do consumo de frutas,
legumes e verduras. É importante incluir o uso
de alimentos variados, seguros, que respeitem
a cultura, as tradições e os hábitos alimentares.
É recomendado que o processamento seja feito em condições
adequadas para o preparo e fornecimento de refeições; essas
recomendações estão associadas às boas práticas para serviços de
alimentação. Ainda, aspectos sociais, ambientais e relacionados à saúde
de quem produz e de quem consome são itens que estão associados a
alimentação saudável e adequada.
2. ASPECTOS SANITÁRIOS: COMO ATENDER ESSA EXIGÊNCIA?
Evitar que “perigos” estejam presentes nos alimentos
São considerados “perigos” os fatores que podem contaminar as
matérias-primas, ingredientes e alimentos. Os “perigos” podem ser:
Biológicos – microrganismos (bolores, leveduras, bactérias e parasitas
alimentares).
Físicos – materiais que podem machucar o consumidor do alimento
como, por exemplo, pregos, pedaços de plástico, ossos, vidros...
Químicos – são ocasionados por substâncias tóxicas como, por exemplo,
resíduos de agrotóxicos, metais pesados, antibióticos, sanitizantes...
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Boas Práticas Agropecuárias
Recomendações para evitar contaminações e perdas:
1. origem e qualidade da água utilizada para a produção;
2. sanidade do rebanho;
3. cuidados na utilização de adubos orgânicos;
4. cuidados na utilização de agrotóxicos;
5. cuidados na colheita, pós-colheita e armazenamento;
6. cuidados no transporte.
Boas Práticas de Fabricação (BPF)
As Boas Práticas de Fabricação devem ser adotadas durante o
processamento e/ou agroindustrialização de alimentos para garantir a
qualidade sanitária e a conformidade dos produtos com os regulamentos
técnicos. Cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
regular e garantir que os produtos comercializados, sejam de origem
vegetal ou animal, estejam livres de perigos biológicos, físicos ou
químicos. Sendo que, para cada tipo de alimento, há leis específicas que
orientam a produção.
Para produtos de origem vegetal, as leis gerais que definem as
regras em relação à qualidade sanitária são:
- Portaria n°1428/1993 (Ministério da Saúde) – Regulamento técnico para
inspeção sanitária de alimentos; Diretrizes para o estabelecimento de boas
práticas de produção e de prestação de serviços na área de alimentos; e
Regulamento técnico para o estabelecimento de Padrão de Identidade e
Qualidade (PIQ's) para serviços e produtos na área de alimentos.
- Portaria n°326/1997 (Ministério da Saúde) - Regulamento técnico sobre as
condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para
estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos.
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- Resolução RDC nº275/2002 (Ministério da Saúde) - Regulamento Técnico de
Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos
Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas
Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de
Alimentos.
Para produtos de origem animal, as orientações gerais, a nível
federal, são provenientes do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA). No Rio Grande do Sul, a nível estadual, a
Secretaria da Agricultura, através da Coordenadoria de Inspeção
Sanitária de Produtos de Origem Animal (CISPOA) e baseada em leis
federais, estabelece leis estaduais.
- Portaria n° 368/1997 (MAPA) - Regulamento técnico sobre as condições
higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabelecimentos
elaboradores/industrializadores de alimentos.
- Resolução n° 001/2000 (Secretaria da Agricultura) - Coordenadoria de
Inspeção Sanitária de Produtos de Origem Animal (CISPOA) – Institui as
Normas Técnicas do CISPOA..
Alguns dos itens e procedimentos que compõem as boas práticas de
fabricação se referem a:
1. qualidade das matérias-primas;
2. edificações e instalações;
3. qualidade da água;
4. condições de higiene do ambiente e das superfícies de
contato com alimentos;
5. prevenção contra a contaminação cruzada;
6. higiene e saúde dos manipuladores;
7. identificação e estocagem adequadas de
substâncias químicas e agentes tóxicos;
8. controle integrado de pragas;
9. manejo dos resíduos.
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Inspeção de Produtos
Os sistemas de inspeção existem com o objetivo de garantir a
qualidade sanitária dos produtos. Os órgãos de inspeção podem ser
municipais, estaduais e federais. Para os produtos de origem animal a
fiscalização obedece aos limites administrativos de origem, por exemplo,
o sistema de inspeção municipal permite a venda dos produtos apenas
dentro dos limites do município.
Sistema de inspeção de produtos de origem vegetal
Núcleos Regionais de Vigilância em Saúde (NUREVS), localizados nas
Coordenadorias Regionais de Saúde.
Sistemas de Inspeção de Produtos de Origem Animal
MUNICIPAL - Sistema de Inspeção Municipal (SIM);
ESTADUAL - Coordenadoria de Inspeção Sanitária de Produtos de
Origem Animal (CISPOA);
NACIONAL - Sistema de Inspeção Federal (SIF);
Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA).
Para que os agricultores
consigam atender as exigências
de sanidade e qualidade o poder
público e a extensão rural devem
trabalhar junto aos agricultores.
Para mais informações, procure o
Conselho de Alimentação Escolar
e os responsáveis pelo setor de
compras da prefeitura de seu
município!
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Módulo 5
O CONSELHO DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR – CAE -
E A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA
NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR - PNAE
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1. PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
O Programa Nacional de Alimentação
Escolar – PNAE é uma política pública que
privilegia a gestão local de suas ações, dando
forte ênfase ao papel dos municípios e das
entidades da sociedade civil local como as
ONGs, sindicatos de trabalhadores rurais,
cooperativas, associações, etc.
Este Programa está em sintonia com processos de transformações
recentes nas formas de relacionamento entre a sociedade civil e o
Estado, com formas mais democráticas de gestão das ações
governamentais. A descentralização e a participação social são dois
elementos marcantes das propostas políticas democratizantes dos anos
recentes no Brasil. Os estados e municípios surgem como protagonistas
importantes na construção e no direcionamento das políticas
governamentais.
NO PNAE:
Descentralização – é o compartilhamento da responsabilidade pela
oferta de alimentação entre entes federados;
Participação Social – é o controle e o acompanhamento das ações
realizadas pelos Estados e Municípios, para garantir a oferta de
alimentação saudável e adequada.
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Conselho de Alimentação Escolar - CAE -
O Conselho de Alimentação Escolar – CAE
- visa fiscalizar a merenda que os alunos estão
recebendo, o trabalho feito pelas merendeiras e
fazer a fiscalização do dinheiro que o governo
federal repassa para as prefeituras para ser
utilizado na merenda escolar. O Conselho é
formado por pessoas do poder legislativo, poder
executivo, pais de alunos, professores e membros
da sociedade civil. Participe do dia-a-dia do CAE,
dialogue com os conselheiros e as conselheiras.
CONSUMIDOR
AGRICULTORES
PODER PÚBLICO
CONSUMIDORES
AGRICULTORES
PODER PÚBLICO
CAE Espaço de Mediação
PERMITE A CRIAÇÃO E
CONSTITUIÇÃO DE MECANISMOS DE
MERCADO E O ESTABELECIMENTO
DE PRINCÍPIOS DE PRODUÇÃO
SAUDÁVEL DE ALIMENTOS PARA O
NÍVEL LOCAL
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2. CONTROLE E ACOMPANHAMENTO ATRAVÉS DA GOVERNANÇA
Governança é uma forma de gestão que inclui a participação da
sociedade civil, na busca de consensos nas tomadas de decisões.
Devendo buscar uma concordância sobre qual é o
melhor caminho para a sociedade como um todo.
A governança permite que as organizações e entidades locais,
juntamente com o poder público, possam melhor planejar, encontrar
soluções de problemas e de estratégias conjuntas para a implementação
do PNAE. Assim, a governança aparece como resultado da ação
dos agricultores familiares e demais organizações locais que buscam
inserir-se na operacionalização de políticas públicas assumindo uma
orientação estratégica de desenvolvimento participativo.
Desta forma, no espaço do CAE, pode-se aumentar a capacidade
de influenciar na gestão política da alimentação escolar, por
conseguinte, de melhor contribuir para o desenvolvimento rural.
A sua participação
faz a diferença ! Por um novo mercado
institucional que
fortaleça os agricultores
familiares e ofereça uma
alimentação saudável.