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Fortalecendo Competência e  Autoconança na Performance Musical Consciência Corporal para Músicos Eleni Vosniadou

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Apostila Eleni Vosniadou. Tecnica alexander para músicos.

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FortalecendoCompetência e

 Autoconança naPerformance Musical

Consciência Corporal para Músicos

Eleni Vosniadou

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Como percussionista erudita busquei jeitos para tornar meu estudo mais eciente,uma vez que, na música clássica, o nível deperfeccionismo exigido é tão alto que facilmentefaz nossa alma congelar!

Nessa busca procurei cuidar do meu corpopara que minha tendinite crônica não voltasse.Descobri, com o passar do tempo, que além deprevenir a tendinite, essas táticas estavam me

proporcionando um novo nível de autoconançae tranquilidade emocional para tocar.

Neste manual vou apresentar algumas táticasda metodologia que encontrei durante aminha pesquisa de consciência corporal comomusicista. São sugestões para ajudar a revelaro potencial artístico que temos disponível emnós. Independente de ser estudante de música,

músico prossional ou amador, a sua relaçãocom o estudo e a performance musical podesempre tornar-se um pouco mais consciente.

Táticas de Estudo para construirCompetência e Autoconança naPerformance Musical

• Estudo inteligente versus repetição• Desmisticando a diculdade técnica• Renovar a presença corporal• Distribuição do esforço• A Imagem Maior• Começar do m• Intervalos: parte obrigatória do estudo• Criar as condições para a apresentação

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Estudo inteligente versus repetição

Uma situação comum entre os músicos é quando tentamostocar ou cantar um trecho difícil e quando não chegamos no

resultado desejado logo na primeira tentativa, iniciamos umasequência interminável de repetições até que este trechoque melhor.

Se prestarmos atenção no que está realmente acontecendonesse instante, nos daremos conta que, ao repetir o trechoesperando que ele que melhor, estamos ensinando onosso sistema nervoso de que nunca vamos conseguir aperformance desejada na primeira vez. O que é trágico, pois

no momento da apresentação, a primeira vez é a única vez... Além do mais, agindo assim criamos um padrão no estudo,começamos a associar à prática musical crenças como:

‘Preciso repetir este trecho, pois ele é difícil’‘Provavelmente este trecho não vai sair na primeira’‘Estou com medo e isso signica que estou tenso’‘Estou com medo, não quero estar lá (na apresentação),quero me esconder’

Dentre várias outras associações inconscientes, ou não,que criamos em relação àquele trecho que está sendoincansavelmente repetido...

É sensato pensar que, ao invés de assustar meu sistema noprocesso do estudo, é preferível ensinar meu sistema a estardisposto e tranquilo no momento em que a diculdade se

aproxima. Se a mente estiver tranquila e não criar tensão ocorpo também o fará.

 Evitar a repetição ‘com esperança’ e criar estratégias paraum estudo inteligente.

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Desmisticando a diculdade técnica

Quando se trata de uma peça mais rápida do queestamos habituados, a maneira mais comum de estudar

é começar com um andamento mais lento e aumentara velocidade gradualmente.

Encontrei uma alternativa para estudar este tipo detrechos que me permitiu desmisticar o conceitode diculdade técnica: colocar o metrônomo noandamento desejado! Nem um número a menos!

Em vez de tentar tocar a frase musical inteira, que pode

ser impossível no início, toco apenas a última nota dafrase no tempo.

Com muita precisão e sem muita repetição. Começo apraticar estar num estado de tranquilidade executandouma nota só. Com presença e precisão, como se essanota única fosse a peça inteira. Na hora que vejo queconsigo executar a nota com tranquilidade e precisão,adiciono a penúltima nota e continuo estudando domesmo jeito até que consigo tocar duas notas notempo, com tranquilidade e precisão! Depois dissoexecuto as três últimas notas e assim vai, cada vez queconsigo executar a minha ‘mini frase’ com precisão etranquilidade, continuo adicionando notas, até chegarno começo do trecho.

Este método de desconstruir o trecho cria uma condição

de segurança e presença em todas as notas, alémdo fato de que, a cada nota, estou ensinando o meusistema nervoso a estar relaxado e focado ao mesmotempo. É o tipo de qualidade, autoconança e eciênciaque admiramos quando a Elis Regina cantava, quandoLouis Armstrong tocava trompete ou quando Martha

 Argerich toca piano…

 Praticar tranquilidade e precisão nos trechos difíceis

começando com ‘mini frases’ de notas.

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 ísquios

Renovar a presença corporal

Não existe músico que não use o corpo para tocar. Estarpresente e consciente do que o seu corpo está te dizendo é

parte importantíssima do estudo. Quantos músicos não paramo seu estudo por causa de uma dor ou desconforto corporal?Durante a peça que você está estudando, precisa saberexatamente onde você pode renovar a sua presença corporalsem se distrair da música, e inclusive, se for o caso, colocar issona partitura!

Para começar este processo de consciência corporal, presteatenção em dois pontos simples durante o estudo: apoio e postura.

 Apoio

Durante o estudo da técnica ou de uma frase musical,tente reconhecer onde está o seu apoio corporal enquanto está tocando. Isso é fácil, só existem três posições nas quaispodemos estar: deitados, sentados ou em pé. E geralmente,tocamos sentados ou em pé.

Quando não há clareza sobre onde está o apoiocorporal, sentar  pode ser uma atividade desconfortávele potencialmente perigosa, que pode evoluir para umainamação ou problemas mais graves na coluna. Na partede baixo da sua pélvis existem dois ossos que formam duassuperfícies onde o peso do corpo está apoiado quandoestamos sentados, essas duas superfícies chamam-se ísquios,eles são os nossos apoios quando estamos sentados.

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Postura

É importante reconhecer que a postura não é uma posiçãoestática que nós mantemos durante o estudo. Quem játentou manter a ‘postura certa’ sabe muito bem a sensação

desagradável e antinatural que surge uns segundos depois. Oque nós achamos que é certo, não é necessariamente certo...

 A postura é algo dinâmico, sentar ou estar em pé são ATIVIDADESe não posições estáticas. O ponto chave aqui é reconhecerque uma postura natural depende de um centro de controle docorpo, que é a relação entre cabeça e corpo.

Em todos os vertebrados encontramos o corpo principal, que

contém a cabeça e o tronco (coluna - caixa torácica). Enquantoo resto do corpo (estrutura dos braços e estrutura das pernas)constituem o corpo secundário.

Essa ideia cará mais clara quando puder se observar realizandoalgumas atividades no seu instrumento. Por exemplo, o queacontece quando você está sentado em uma cadeira semencosto? Observe a tensão muscular na coluna inferior (regiãolombar), se o corpo principal (postura) estiver rígido (nesse caso

a lombar), as pernas não terão mais a possibilidade de se moverlivremente. Se o corpo principal estiver relaxado demais, as pernasnão terão a possibilidade de se mover livremente mais uma vez.

 A qualidade com que a suacabeça se equilibra em cimada sua coluna vai determinara qualidade do tônus muscularno resto do seu corpo.

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Outro exemplo: na próxima vez que você levantar o seuinstrumento para tocar (ou levantar o arco, a baqueta, nocaso do cantor na hora da preparação para o som nascer),observe a tensão muscular no corpo principal (nesse caso,principalmente no pescoço). Se houver excesso de tensãono pescoço, a musculatura dos braços também estarátensionada. Se houver apenas tensão muscular necessáriano corpo principal, os braços estarão livres para usar a forçanecessária (no caso do cantor ou instrumentista de sopro,a musculatura livre nos braços, também terá um impactogrande na qualidade do som)

Se você está com o pescoço tenso na hora de tocar,o resto do seu corpo não tem chance de estar tranquilo!

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Distribuição do esforço

Na maioria dos instrumentos, a única partedo nosso corpo que efetivamente toca o

instrumento são as nossas mãos.Quando precisamos tocar mais rápidoou mais forte, a agilidade ou a forçamuscular é para ser feita pelas mãos,mais especificamente, pelos dedos e nãopor outras partes do corpo. A tendênciade tensionar a mandíbula, o pescoço, osombros ou as pernas quando precisamos

de mais esforço ou de mais velocidade ébem familiar para a maioria de nós. Nãopodemos gastar energia com esse tipo detensão desnecessária!

Durante o estudo, queremos continuar noslembrando que: ‘Nem o meu tronco nem aminha cabeça vão tocar o instrumento, massim os meudedos!’

p.s. Para instrumentos como a voz ouinstrumentos de sopro, onde o esforçoprecisa acontecer em outras partes docorpo, ou a bateria onde há tambémesforço nos pés, o princípio de distribuiçãode esforço é para ser aplicado nessas

partes.Tensionar partes do seu corpo que não estãodiretamente em contato com o instrumento NÃO vai ajudar sua performance! Tentedirecionar este esforço para as mãos e osdedos.

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 A Imagem Maior 

Qual é a história da peça? Começo, meio e fim?

 Antes de apresentar qualquer música é necessáriopoder contar a história da peça, do mesmo jeito que contamos a historinha da Chapeuzinho Vermelho! Para decidir qual é o melhor jeito deestudar cada peça é importante se conectar coma partitura ANTES de começar o estudo com oinstrumento.

Na minha história pessoal, dado meus sérios

problemas de tendinite, foi determinante paraevitar inflamações, que eu criasse clarezade como deveria ser meu estudo, antes de irpara o instrumento. Cada um tem sua própriamaneira de criar sua imagem maior da partitura.Isso depende de escolhas muito individuais decada um, depende do estilo da música, masprincipalmente dos objetivos que cada umdeseja alcançar. Por exemplo: quero me conectarmelhor com a peça? Quero podertocar até o fim sem dor? Quero poder sentir maisa vontade com o público? Etc. Os objetivos quequero alcançar ou o lugar onde quero chegarprecisam ser definidos antes de criar a imagemmaior. Outro exemplo: se o meu objetivo é tocar apeça inteira sem ficar com dor, a minha imagemmaior me facilita saber em quais partes da

música posso renovar a minha presença corporale como fazê-lo.

Criar a SUA imagem maior, para desmistificar adificuldade, criar blocos onde você pode renovara sua energia e pensamento, e mais importante,criar uma estrutura que permite conectar-semelhor com a sua peça!

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Começar do m

Nós sabemos acompanhar muito bem a partitura ou apeça do começo ao m. Naturalmente, o sistema nervoso

está fresco no início da peça e vai cando cada vez maiscansado do meio para o m. Além do que, a tensão vaiacumulando gradualmente. Por isso, quando tenho queestudar uma nova peça, inicio o estudo do m para ocomeço, escolhendo trabalhar primeiro os trechos difíceis donal.

Criar a condição para que o fnal também seja a parte maisfamiliar e aconchegante!

Intervalos:parte obrigatória do estudo inteligente

O músico está produzindo música porque adora música. Nahora do estudo camos encantados em tocar, obsessivosem lidar com as diculdades técnicas e querendo conseguir

cada vez mais! Mesmo com o melhor uso corporal domundo, mesmo com a musculatura relaxada, o nossocérebro ca cansado.

Mesmo quando temos pouco tempo para estudar,precisamos fazer um intervalo para fazer um ‘check’  paragarantir se o estudo no momento é inteligente ou repetitivo.No estudo repetitivo podemos deixar o cérebro no ‘pilotoautomático’, mas o estudo inteligente tem como pré-requisitoum cérebro acordado e por isso precisamos de intervalos!

O tempo e a frequência dos intervalos depende da história,das circunstâncias atuais e dos objetivos que cada umquer alcançar com o estudo. Uma sugestão é não esperarpara fazer o seu intervalo porque cou cansado mental ousicamente, tentar fazer um mini-intervalo antes disso.

 Não fazer o intervalo por necessidade e sim para aumentar aefciência e a qualidade do tempo de estudo.

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Criar as condiçõespara a apresentação

Na hora da apresentação o nosso sistema

nervoso está mais excitado do que duranteo nosso estudo. Estudar numa condição‘normal’ do sistema nervoso não vai nosajudar na hora da apresentação. Por isso,ao estudar a peça inteira ou até que umaparte que pronta, é importante criar ascondições que façam o nosso sistema carno mesmo estado de quando estamos nosapresentando! O uso de gravador, vídeoou até um público de amigos é uma ótimaoportunidade de praticar uma condição detensão maior. Isso obviamente não vai serum processo agradável para a maioria daspessoas que cam nervosas na exposição. Aquestão é que quando subo no palco, nãoposso esperar que o meu sistema respondaao jeito para o qual não foi preparado. A

ansiedade vai vir, então porque não nospreparar?

Não precisa esperar até que a peçaesteja pronta para criar as condições daapresentação. A ansiedade geralmente estálá mesmo se for para apresentar uma frasesó. Então, assim que uma frase estiver pronta,apresente ela em frente da câmera ou de

um amigo/testemunha, fortalecendo assim asua disposição e boa vontade para se expor.

Se as notas e os ritmos estiverem bem resolvidos, não adianta fcar repetindo a peça em condições tranquilas, prepare-se para o nervosismo também.

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Eleni Vosniadou é percussionista e professora da Técnica Alexander. Formada em percussão erudita, encontrou o métodobuscando tratar uma tendinite crônica, obstáculo persistente nocaminho de sua carreira professional. Em 2006, iniciou seusestudos na Internationale Sommerakademie Mozarteum(Salzburg, Áustria) e passou os próximos anos aprofundando o seuconhecimento na Alemanha, Suíça e Inglaterra. Certicou-secomo professora da Técnica Alexander no London Centre for Alexander Technique and Training e um ano se especializandoem Anatomia e Fisiologia em Londres. No ano de 2012, lecionouno Royal College of Music e Arts Educational London Schools.No Brasil, é frequentemente convidada a ministrar capacitaçõespara o corpo docente da Escola de Música Estadual de São

Paulo (EMESP) e do Projeto Guri. Em 2014 apresentou a Técnica Alexander e sua aplicação na educação musical no 31ºCongresso internacional de Educação Musical, em Porto Alegre.

 Atualmente desenvolve o curso de especialização ConsciênciaCorporal para Músicos, que visa capacitar prossionais,estudantes ou amadores de música a utilizar a Técnica Alexandercomo ferramenta indispensável na construção da performancee preparação musical. São trabalhadas desde questões

relacionadas a postura e prevenção de problemas corporaisaté detalhes do aperfeiçoamento musical. Além de habilitaro estudante a compartilhar este processo de conscientizaçãocorporal com seus próprios alunos. Sobre este curso, Eleni, temministrado palestras e ocinas em instituições como UniversidadeEstadual Paulista (UNESP), Faculdade Santa Marcelina (FASM),Faculdade Mozarteum de São Paulo (FAMOSP), InstitutoBaccarelli, dentre outros.

Para mais informações visite: www.elenivosniadou.com

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