agosto 2006

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Notícias do Interior do estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio, Búzios.

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CIDADE, Agosto de 2006

Agosto, 2006Número 4

www.revistacidade.com.br

Capa: Produção GráficaAlexandre da Silva

16

Na rota da dança

II Festival Nacional de Dança coloca Cabo Frio narota dos grandes espetáculos

Quem dá mais?

Cabo Frio realiza1º Leilão de veículos apreendidos

Produção dobra

Bacia de Campos dá sua contribuição para dobrar aprodução em dez anos

Iguaba Grande - Na mira da CPI

Dragagem do Canal do Itajuru gera

polêmica

Capa

Campanha milionária

Candidatos da Região dos Lagos prevêemgastar mais de 15 milhões para se eleger

Amigo dos animais

Turismo - A Força dos Calendários

Reserva de polêmicas

Perto de completar 10 anos de criação, a ReservaMarinha Extrativista de Arraial do Cabo é umaUnidade de Conservação de Uso Sustentávelmarcada por críticas e polêmicas envolvendodiversos segmentos da população cabista, analistasambientais e até mesmo a Marinha do Brasil

Nossa Praia - Peró: mar azul,

areia fina...

Um município

em discussão

Cabo Frio prepara Plano Diretor

9

10

12

15

24

26

30

38

42

46

Born to be

Brothers

A paixão pelamáquina – e peloprazer que elaproporciona – é oprimeiro ponto emcomum entre osmotociclistas.

40

Igreja dos

Jesuítas

MonumentoAldeensnse conserva

a memória jesuíticacom retorques dosséculos XX e XXI

20

Água

reciclada

36

Projeto piloto dereuso das águas dosefluentes dasEstações deTratamento deEsgoto começa a sertestado em SãoPedro da Aldeia

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CIDADE, Agosto de 2006

J o s é R e n a t o M a g n a n i C h e r n i c h a r o

ENTR

EVISTA

Cristiane Zotich

D

- Antes de ser policial eu era comerci-ante. Mas tinha alguns parentes na polí-cia. E, na época de faculdade, estudei comum policial que era famoso na época, e issoacabou me incentivando. Então fiz concur-so para inspetor, passei, e quando comeceia trabalhar já estava formado em Direito. Eaí, 15 anos depois, me tornei delegado.

Nesta última função, Chernicharo já tra-balhou em diversas delegacias: Entorpe-

“O tráfico é o fato gerador, que faz o

cara roubar carro, assaltar. Então,

se você não combater o tráfico, não

combate os outros crimes”

esde o início de julhoCabo Frio tem um novodelegado: José Renato

Magnani Chernicharo.Depois de três anos atuandocomo Coordenador Regionaldas delegacias da área deSão Gonçalo, ele assume a126ª DP (Cabo Frio e Arraialdo Cabo) com o objetivo decombater os furtos apedestres, problema que temse tornado comumultimamente. O chamadogolpe da “saidinha de banco”também está na mira do novodelegado, que há 31 anosatua na polícia, sendo osprimeiros 15 dedicados aotrabalho de inspetor.

centes, no Rio; Roubos e Furtos; Roubosde Automóveis; mas a que mais o marcoufoi a Divisão Anti-Sequestro, onde ficoupor quatro anos.

- Já estive em cidades grandes, comoNiterói e Rio, mas gosto muito de traba-lhar no interior: já passei por Bom Jesusdo Itabapoana, Miracema, São João daBarra, Laje do Muriaé, e agora estou emCabo Frio.

Apesar do tom de voz sempre baixo etranqüilo, e do sorriso constante, Cherni-charo é o que se pode chamar de “delega-do linha-dura”, segundo os próprios poli-ciais da delegacia. Em apenas duas sema-nas no comando da 126 DP, já fez uma re-volução: iniciou obras de reforma nacarceragem, e em breve pretende dar um armais leve à fachada da delegacia, com acriação de um jardim e nova iluminação.

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Delegado

José Renato Chernicharo

Mar

coni

Cas

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J o s é R e n a t o M a g n a n i C h e r n i c h a r o

ENTR

EVISTA

O senhor assumiu a 126 DP há pouco tempo.

Em que situação encontrou o prédio?

As instalações físicas da delegacia re-almente estão com problemas. No telhadoexistiam infiltrações que já foram conserta-das com a colaboração da comunidade.Estamos pintando o prédio e reformando acarceragem para evitar fuga e melhorar ascondições para os presos. São reformaspequenas. A gente espera, ano que vem,ter o projeto da Delegacia Legal em CaboFrio, eliminando a custódia aqui.

O senhor considera que tem policiais

suficientes para atuar em Cabo Frio

e Arraial do Cabo?

Cabo Frio é uma delegacia que temum número de registro muito grande. Elaconsegue suplantar algumas delegaciasde Niterói, São Gonçalo, e até do Rio,porque temos dois municípios: Cabo Frioe Arraial do Cabo, que têm peculiarida-des diferentes. Cabo Frio é uma regiãode turismo, e temos picos de pessoas nacidade, de todas as classes sociais. En-tão, é uma delegacia bem complicada querequer um efetivo muito grande. Hoje te-mos um efetivo de 45 policiais, mais aajuda das prefeituras de Cabo Frio e Ar-raial do Cabo que fornecem servidorespara trabalhar na parte interna, mais bu-rocrática, que nos permite colocar o po-licial para trabalhar na parte de investi-gação. O ideal seria que tivéssemos cer-ca de 70 policiais para melhoramos o tra-balho, porque temos a parte de car-ceragem, que tem que levar presos aosFóruns de Cabo Frio, Arraial, Araruama.

Quantas viaturas a 126 DP tem?

Olha, não posso reclamar de viatura. Oque precisamos é melhorar as condiçõesde tráfego delas. Estou tentando reformarmais uma, agora. Eu trouxe duas comigo,razoáveis, e encontrei, aqui, umas duas outrês que precisam de reforma. Então, apro-veitamos para fazer um apelo aos comerci-antes para que possam nos ajudar nestasreformas.

Com a estrutura atual é possível fazer um bom

trabalho, ou ele pode ser prejudicado de

alguma maneira?

Não. A gente consegue fazer um bomtrabalho. Aproveitando que estamos noinverno, ainda, para que, quando chegar overão, possamos estar bem equipados, comas viaturas reformadas, inclusive.

A cada tentativa de fuga, a 126 DP ganha um

novo delegado. Pelo menos tem sido assim

nos últimos anos. Como as tentativas de fuga

podem ser evitadas?

Isso é uma coisa que vem acontecen-do. Cabo Frio tem uma história, que euacompanho, de várias fugas. Atualmentenão estamos com superlotação, até porquehá uma determinação judicial para que nãotenhamos mais do que 70 presos. Estamosaproveitando para fazer uma melhoria dereforço de estrutura para evitar que acon-teçam novas fugas.

Além da tentativa de fuga, o antigo delegado,

Jorge Veloso, foi afastado depois que o chefe

da carceragem foi preso acusado de cobrar

propina dos presos e seus familiares. Dr

Veloso teria alegado desconhecer o fato.

Como o senhor vê esta situação?

Sobre esse fato eu tenho colocado amesma coisa pra todo mundo que me per-gunta: eu não participei da investigação,não conheço a fundo. Sei que está sendoinvestigado pelo nosso delegado regionalde Araruama, Dr Vanderlei, e pela doutoraJanaína, que é nossa juíza titular em CaboFrio. Não vou tecer nenhum comentáriosobre a conduta do Dr Veloso por que acre-dito que ele pudesse não saber o que esta-va acontecendo, por que o delegado temmuitas tarefas. Ele tem que delegar atribui-ções por que se centralizar tudo, não temcomo fazer um bom trabalho.

Quais as maiores dificuldades em se

administrar uma delegacia?

Você tem que administrar o pessoal, ascondições técnicas, a estrutura logística,tudo. O delegado de polícia é um gestor, e

tem que ter sua equipe. Eu trouxe uma equi-pe pequena, que já trabalha comigo, eestamos trabalhando, porque não sou deCabo Frio, mas vesti a camisa da cidade.

Quais os problemas estruturais comuns de

uma delegacia de uma cidade do interior,

como Cabo Frio?

Hoje a gente espera bastante pelo pro-jeto Delegacia Legal. Eu não sei por qualproblema Cabo Frio ainda não foi benefici-ada. Talvez por causa da carceragem, por-que ela depende de uma Casa de Custódiapara a Região dos Lagos. Eu sei que ne-nhum prefeito, nenhuma comunidade, queruma Casa de Custódia, mas alguém tem queter este encargo. Vamos ver como isso seráresolvido, talvez pelo próximo governador.

Quantas celas existem na 126 DP?

São oito celas com 58 presos. Estamosdentro do limite aceitável.

Destes 58 presos, quantos já foram

condenados e deveriam ter sido transferidos?

Nenhum. Todos os condenados já fo-ram transferidos. Foi a primeira coisa queeu fiz quando cheguei: transferir todos oscondenados pra uma pré-delegacia na Bai-xada, onde aguardam transferência paraalgum presídio.

Desde que o senhor assumiu, que tipo de

crime tem notado que é mais comum na

cidade?

Em Cabo Frio é o roubo à transeunte,que é feito por pivetes. Têm muitos meno-res abandonados nas ruas que vivem defurtos. Tem tráfico de drogas, tem uso deentorpecentes, mas esses crimes são maisescondidos. Então, o que mais causa te-mor na comunidade, e na própria polícia,mesmo, é o crime que usa arma, porquequalquer reação da vítima resulta numamorte, como aconteceu com aquele diretordo Procom, que foi o crime da “saidinha debanco”. Eles atiram mesmo.

Tem alguma maneira de se evitar esse tipo de

crime?

O policiamento preventivo, por parteda Polícia Militar. Nosso pessoal está in-vestigando pra ver se conseguimos traçarum perfil dos autores e prendê-los. Já te-mos alguns suspeitos sendo investigados.

Há pouco mais de seis meses o diretor do

Procon de Cabo Frio, Rullis Fontes, foi

assassinado à luz do dia no centro da cidade.

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O que mais causa temor nacomunidade, e na própria polícia,é o crime que usa arma, por quequalquer reação da vítima poderesultar numa morte

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Na época suspeitou-se que ele teria sido

vítima deste tipo de golpe uma vez que teria

saído do banco minutos antes de ser abordado

pelos assassinos. Até agora apenas um

suspeito foi preso. Em que pé estão as

investigações atualmente?

Esse caso resultou na “saidinha de ban-co”. Ele foi seguido. Há poucos dias tive-mos outro caso em Cabo Frio, mas sem dis-paro de arma. Eles não abordam no Centroda cidade. Vão para uma área mais erma,onde não tem policiamento, ou quando elasestão chegando em casa. Então as pesso-as têm que estar muito atentas, porque umfica dentro do banco te observando, e ou-tro vai te seguir depois. Esse tipo de pre-venção é difícil. No caso do Rullis, são doissuspeitos: um já está preso, mas por outrotipo de crime. E o outro está sendo investi-gado. Estamos aguardando algumas pro-vas pra conseguir fechar este caso porquenão há testemunha. Não tem uma pessoaque os tenha visto e possa reconhecê-los,e isso dificulta muito. Mas o Dr Veloso ini-ciou esta investigação, passou pra mim, eestamos investigando.

O tráfico sempre foi um problema,

principalmente durante a alta temporada.

Como delegado, qual o seu trabalho nesta

área?

O tráfico tem que ser combatido. Umacoisa que observei aqui, analisando a es-tatística, é o índice de mortes envolvendoparticipantes deste tipo de comércio ilíci-to. Eles mesmos se matam, e se matam porpouca coisa: não pagou, matou. E eles so-frem influência de pessoas de fora que tra-zem uma idéia de armamento. E a garotadaé o alvo principal deste pessoal.

A população está sempre ouvindo que o

Comando Vermelho está na cidade, e age na

Favela do Lixo. Alguns moradores denunciam

toque de recolher por ordem dos

traficantes. Até onde isso é

verdade?

Estou fazendo um levanta-mento, e o Lixo é a favela maiscitada, realmente. Hoje em dianão podemos negar que existeo Comando Vermelho e o Ter-ceiro Comando, e outras fac-ções, e isso existe desde o pre-sídio. Mas realmente não seique tipo de participação cadaum desses comandos exerce emCabo Frio. Cabo Frio tem umacoisa muito interessante: as fa-velas são muito próximas da ci-dade, e isso facilita o desloca-mento deles. Mas temos outrascomunidades como Buraco doBoi, Morubá. São comunidadesque a gente sabe que existeesse tipo de coisa. Aqui mesmo, na RuaDuque de Caxias (atrás da delegacia)...

Os jornais, rádios e TVs estão sempre

informando sobre novos homicídios. O senhor

acha que Cabo Frio está se tornando uma

cidade violenta, como o Rio de Janeiro?

Não. De jeito nenhum. Não dá pra che-gar a esse ponto, porque o tipo de homicí-dio que tem aqui, é o que eu falei: é entre osparticipantes do tráfico. Eles mesmos sematam. O tráfico é o fato gerador, que faz ocara roubar carro, assaltar. Então, se vocênão combater o tráfico, não combate ou-tros crimes.

Qual sua prioridade de trabalho?

São várias as prioridades. A principal édar segurança à população, para que eupossa andar na rua tranqüilo. Eu tambémgosto de andar na rua e me sentir seguro. Apessoa vem pra cá passear, fazer turismo, eé assaltada? Imagina a imagem da cidade

como fica... Não podemos deixar que issoaconteça porque é um fato gerador de pro-paganda negativa. Por isso, principalmen-te, o roubo à transeunte tem que ser com-batido com bastante rigor, e neste caso de-pende muito da participação da Polícia Mi-litar, Guarda Municipal, e nosso pequenoefetivo.

Como a população pode ajudar o trabalho da

polícia?

A principal arma da população é denun-ciar. Temos um disque-denúncia oficial -(21) 2253-1177 - que é totalmente seguro. Égarantido o sigilo da informação. Ele é doViva Rio, e atende a todo o Estado.

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Não sou de CaboFrio, mas vesti acamisa da cidade“

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ivemos um momento diferente. Deum lado podemos comemorar a

chegada dos grandes aparelhos de TVque transformam a sala em pequenoscinemas de alta qualidade que ligamospara assistir a miséria retratada a cadainstante nos noticiários dos mais de50 canais. No outro lado da vida, as-sistimos a uma verdadeira avalanchede dinheiro público sendo desperdiça-da em campanhas eleitoreiras e aindacom projetos arquitetônicos de gostoduvidoso, mas com superfaturamentodefinido. Para alguns, claro. Contrastee incerteza de todos os lados.

Basta sentar em alguma praça paraobservar o movimento das pessoas nasruas. São pequenos robôs que andamde um lado para outro sem a menor di-reção. E todos com muita pressa. Aténas cidades do interior já é assim. CaboFrio, na Região dos Lagos (RJ) já tem162 mil habitantes e o centro ferve degente e carros, mesmo na baixa tempo-rada. Os restaurantes já têm fila aomeio-dia. Atrás disso tudo, chegam ospivetes, os gatunos, os ladrões, osgolpistas e as quadrilhas organizadas.A tranqüilidade vai para o espaço. Apolícia some. O número de roubos eassaltos aumentou assustadoramente.Nos últimos anos, aumentou em maisde 30% o número de pessoas que fre-qüentam os consultórios de cardio-logistas com problemas típicos de ci-dade grande. Pô, morar em Cabo Frio,Búzios, Arraial e São Pedro da Aldeia eter problemas de estresse é o fim domundo. Quer tirar uma prova? Tentemarcar uma consulta com algum médi-co cardiologista na região! Vai esperarpelo menos uma semana. E no particu-lar. Se depender do serviço públicoentão, aí só Jesus tem a solução.

Por que tudo isso? Simplesmenteporque deixamos de viver em família epassamos dar mais importância para ascoisas do que para as pessoas. Quemé que nos dias de hoje pega uma ca-deira, senta na calçada e vai tomar um

café ou chá para trocar um dedo deprosa com o vizinho? Aliás, não cum-primentamos nem o vizinho dentro doelevador. O que mais nos resta? É tris-te e não vemos solução. Na Região dosLagos com quatro universidades, te-mos pessoas morrendo de fome, gran-de número de analfabetos e famíliasinteiras que não existem para o poderpúblico porque nunca tiraram certidãode nascimento. Pode? Seria muito bomse os candidatos a políticos profissio-nais investissem parte dos 20 bilhõesprevistos para a gastança nestes doismeses de eleições, em programas ver-dadeiros de ajuda aos necessitados. Enão me venham com campanhas pro-movidas por redes de televisão paraajudar as criancinhas do nosso Brasil!O Estado precisa fazer a sua parte. Tána Constituição Federal. Se é que al-gum político já leu a nossa Carta Mag-na. Nesta eleição, a maioria dos candi-datos não concluiu o primeiro grau emuitos só sabem desenhar o nome.Mesmo assim, são candidatos. Algunsserão eleitos. Bem, para um país cujaseleção de futebol na Copa do Mundoteve o zagueiro Lúcio como o melhorjogador em campo, estamos mesmopróximos do fim do mundo.

Em tempo: A Heloísa Helena vai in-comodar muito.

A r t i g o

Incertezas, decepções e

desperdício com dinheiro públic

Walmor Freitas

V

Leia no BlogDepois de ver a expressão de

surpresa da colega Cora Rónai(editora do caderno Info do Glo-bo) que me perguntou espantada;você ainda não tem um Blog? Acei-tei a sugestão de alguns colegase entrei na onda. Com tanta infor-mação que recebo, o Blog será umponto de encontro para saberdas últimas na região. Acesseblogdowalmor.blogspot.com ouatravés do Blogger no portalGlobo.com e faça seu comentário.

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D a n ç a

e 5 a 10 de setembro o Ginásio Polies-portivo Municipal, vai se transformarno pólo de dança do país. Pela se-

gunda fez, Cabo Frio abriga um festival na-cional de dança e coloca a região no rotei-ro dos grandes espetáculos do gênero.

De acordo com a bailarina e coreógrafacabofriense Márcia Sampaio que divide adireção artística do festival com o coreó-grafo Jorge Teixeira, são esperadas com-panhias de todas as partes do país e maisde 300 bailarinos, além de técnicos e equi-pes de apoio.

Para o secretário de turismo de CaboFrio, Gustavo Beranger, esse tipo de even-to atrai um público focado na atração masque também encontra tempo para curtir a

cidade com mais tranqüilidade por ser forada alta estação. Além disso, observa o se-cretário, os próprios bailarinos em sua mai-oria viajam acompanhados pelos pais e fa-miliares o que acaba multiplicando o nú-mero de visitantes aquecendo a economiada cidade e setores da hotelaria e restau-rantes.

Vão participar as companhias de dançade Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Paraná,Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Brasíliaatraídos pelos 21 mil reais que serão distri-buídos em prêmios. Os participantes quese destacarem vão receber 81 troféus e 133medalhas nas categorias infantil, juvenil Ae B, sênior e avançado.Os prêmios são pa-gos em dinheiro.

Entre as modalidades definidas paraapresentação estão o ballet clássico, jazz,dança de salão, estilo livre, sapateado,street dance, dança caráter e dança con-temporânea.

Participam como convidados a Cia. Bra-sileira de Ballet (RJ), o Stacatto Cia. de Dan-ça (RJ), Carlinhos de Jesus e sua Cia (RJ),Geovana Y Fabian-Cia de Tango (SC), Ciade Dança de São José dos Campos (SP),Cia Heart Compan (PR), André Valadão(BH), Vivian Navega Dias – Cia Ballet daCidade de Niterói (RJ) e Ballet MárciaSampaio de Cabo Frio, além de inúmerosgrupos de dança do interior do estado flu-minense.

No ano passado, o espetáculo recebeumais de duas mil pessoas a cada noite. DoTeatro Municipal do Rio de Janeiro vão seapresentar em Cabo Frio os bailarinos Ce-cília Leache, Áurea Hammerly, MarceloMisailidis, Helio Bejne, Cristina Quintan,Márcia Jacqueline, Deborah Ribeiro eWellington Gomes.

O premiado diretor Fernando Bicudo,que já dirigiu o Metropolitan de Nova York,também já confirmou presença para estatemporada.

Na rota da dança

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II Festival Nacional de Dança coloca CaboFrio na rota dos grandes espetáculos

Walmor Freitas

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C a b o F r i o

stá marcado para a primeira quinze-na deste mês o 1º leilão de veículosapreendidos da história da Guarda

Municipal de Cabo Frio. Entre carros, mo-tos e vans, serão levados a leilão cercade 700 veículos que, atualmente, encon-tram-se estacionados no principal depó-sito municipal da Guarnição, localizadona Rua Alemanha, no bairro Jardim Cai-çara.

Segundo o presidente da Comissãode Leilão da Prefeitura Municipal deCabo Frio, Dr. Nilson Carmo de Almeida,grande parte dos veículos apreendidosjá ultrapassaram o prazo máximo estipu-lado em 90 dias – estabelecido pelo arti-go nº 308, do Código de Trânsito – antesque o condutor perca o direito sobre oveículo e este possa ser levado direta-mente a leilão. Entretanto, garante ele,todos os proprietários serão “lembrados”sobre a apreensão, assim que for publi-cado o edital:

- Todos os proprietários de veículosapreendidos que se encontram no depó-sito municipal da Rua Alemanha serãonotificados, tão logo seja publicado oedital do leilão, e terão o prazo de 20 dias,a partir da data de publicação, para rea-verem o veículo. Entretanto, a partir do21º dia, o leiloeiro público já terá direito aposse do mesmo. Lembrando somenteque há inúmeros carros que já viraramaté sucata, pela quantidade de tempo queestão sob posse da Guarda Municipal,sem, contudo, serem resgatados pelo pro-prietário – destacou ele.

Cabo Frio realiza1º Leilão de veículosapreendidos

Quem

dá mais?

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Vanessa Campos

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Carros e motos apreendidos são

guardados no depósito municipal

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Proprietários perdem

interesse

Segundo o diretor de Trânsito e Se-gurança da Coordenadoria Geral de Se-gurança Pública do município, IsaíasBrandão, muitos proprietários perde-ram o interesse em resgatar o veículojá que o processo para reavê-lo édispendioso:

- Um exemplo é o veículo apreendi-do por documentação vencida: o moto-rista precisa, primeiramente, atualizar odocumento no Departamento Estadualde Transito (Detran), retirar um “nadaconsta”, pagar as diárias corresponden-tes ao tempo que veículo ficou no de-pósito (por dia, paga-se uma multa deR$ 21,45), pagar a multa estabelecida porum decreto municipal no valor de R$809,49, dar entrada dos documentos no25º Batalhão de Polícia Militar e na Guar-da Municipal de Cabo Frio para, final-mente, poder resgatar o veículo – expli-cou Isaías Brandão.

Sobre o fato de os veículos estaremno depósito há tento tempo e, mesmoassim, não ter havido nenhum leilão an-teriormente, Brandão é taxativo:

- Nunca houve um leilão porque, atéagora, nunca houve interesse por partedaqueles que se encontravam à frentedo setor no Governo Municipal.

Números do depósito

Do total de 700 veículos apreendidospela Guarda Municipal, os carros são mai-oria, ficando em 2º lugar as motos e, em3º lugar, as vans. A explicação vem deuma estatística divulgada pelo Detran emdezembro de 2005: Cabo Frio tem umafrota de 35 mil carros circulando pela ci-dade, enquanto que a quantidade demotos corresponde a apenas 10% dessenúmero.

Dados da Coordenadoria Geral deSegurança Pública demonstram que, atu-almente, as “lotadas” – carros particula-res usados como transporte coletivo –estão entre as irregularidades de maiorocorrência. Em ordem decrescente decausas das apreensões estão: som alto,falta de licenciamento do veículo, ausên-cia (ou falsificação) da Carteira Nacionalde Habilitação (CNH), condutor embria-gado, equipamento irregular (farol que-brado ou sem placa, por exemplo) e trans-posição do bloqueio viário.

Mar

coni

cas

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Poder fazer parte da Revista Ci-dade é uma grande honra. Essa ale-gria se multiplica quando, além dis-so, vou poder escrever e chegarmais perto dos moradores da nossaregião abordando temas de interes-se público, como: saúde, deveres edireitos do cidadão, curiosidades,entre outros temas.

Essa coluna vai ter o mesmo seg-mento do programa “Cidadania eVida” veiculado de segunda à sex-ta-feira, às 11h e 15h, na Rádio On-das FM. Nele abordamos todos ostemas que citamos anteriormente e,ainda, tiramos as dúvidas da popu-lação sobre diversos assuntos.

Orientar, esclarecer, ajudar. Es-sas são as nossas metas. A idéia decriar o Cidadania e Vida – progra-ma e coluna - surgiu através da iden-tificação da carência de informaçãode algumas pessoas que atendo emmeu gabinete na Câmara Municipalde Arraial do Cabo. Alguns homens,por exemplo, não sabiam que ofumo, além de todos os males quejá conhecemos, causa também aimpotência sexual.

Espero que esse espaço seja umelo com todos os moradores da re-gião e desempenhe seu principal pa-pel: o de informar.

Cidadania e Vida

David Dutra é vereadore especialista em clínicamédica e terapia intensiva.

1 1

Nilson Carmo de Almeida

Presidente da Comissão de Leilão

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CIDADE, Agosto de 2006

M a c a é

Petrobras pretende dobrar a sua pro-dução diária de petróleo e gás emdez anos e a Bacia de Campos conti-

nuará sendo a maior responsável pelo cum-primento da meta estabelecida no Plano Es-tratégico de Negócios da estatal, divulga-do recentemente. A Companhia quer atin-gir, em 2015, a produção de 4,556 milhõesde barris de petróleo e gás por dia - umaumento de 96,4% sobre os dados da esta-tal referentes a maio último, quando pro-duziu cerca de 2,319 milhões de barris/diano mercado doméstico e no exterior.

Alguns projetos localizados no litoralfluminense, de médio ou grande porte, se-rão de fundamental importância tanto paraa garantia da auto-suficiência sustentadaquanto para os municípios produtores, quereceberão mais royalties e participações es-peciais. De janeiro a junho deste ano,União, estados e municípios arrecadaramR$ 7,5 bilhões, enquanto no mesmo perío-do de 2005 foram arrecadados R$ 6 bilhões,em conseqüência da alta dos preços inter-nacionais e do aumento da produção inter-na.

Entre os projetos a serem implemen-tados nos próximos anos na plataformacontinental fluminense, de acordo com aGerência Geral da Unidade de NegóciosBacia de Campos (UN-BC), destacam-se:P-51, em fase de construção, com início deprodução previsto para 2008 no Campo deMarlim Sul; P-53, que começa a produzirem 2008, no Campo de Marlim Leste; Cam-po de Papa-Terra, que começa a produzirem 2011; P-52, em construção e início deoperações previsto para 2007 no Campode Roncador; P-55, ainda em licitação, devecomeçar a produzir a partir de 2009, emRoncador.

E mais: P-54, semi-submersível em cons-trução, deve iniciar a produção em 2007,

Bacia de Camposdá sua contribuiçãopara dobrar aprodução em dezanos

Martinho Santafé

Produção

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CIDADE, Agosto de 2006 1 3

Os recursos arrecadados pela União,estados e municípios com royalties e par-ticipações especiais sobre a produção deóleo bruto e gás natural alcançaram R$7,5 bilhões de janeiro a junho deste ano.No mesmo período do ano passado, aarrecadação havia sido de R$ 6 bilhões.De acordo com analistas do setor, o au-mento da produção nacional foi o princi-pal fator de crescimento da receita. Coma entrada da P-50 e de outras platafor-mas, a extração média diária da Petrobraspassará de 1,7 milhões para mais de 1,9milhões de barris neste ano.

Além disso, os preços do petróleo

em Roncador; FSO Cidade do Rio de Janei-ro, com inicio de produção em 2007, noCampo de Espadarte; PRA-1, plataformafixa que receberá o óleo produzido nos cam-pos de Roncador, Marlim Sul e Marlim Les-te a partir de 2007; FSO Cidade de Macaé,que começa a operar com a produção deMarlim Sul, Marlim Leste e Roncador, a par-tir de 2007.

Pioneirismo

Essa é a primeira vez que o Plano Estra-tégico de Negócios da Petrobras estabele-ce metas de produção para o longo prazo.Além de garantir a sustentabilidade daauto-suficiência, a Petrobras avança naárea de gás natural, amplia sua participa-ção na petroquímica, no biorefino e nosbiocombustíveis.

O novo plano da estatal prevê investi-mentos totais de US$ 87,1 bilhões entre2007 e 2011, 66% superior ao programa an-terior, sendo que US$ 75 bilhões serão apli-cados no Brasil e US$ 12,1 bilhões no exte-rior.

A nova estratégia de negócios da com-panhia contempla também mais investimen-tos na área de gás, uma forma de tentar au-mentar a oferta do produto diante das pers-pectivas de crescimento de demanda e dereduzir a dependência do gás boliviano.

A estatal prevê investimentos de US$17,6 bilhões na área de gás entre 2007 e2011, mais US$ 4,5 bilhões que devem serinvestidos no setor por seus parceiros. Oplano estratégico anterior da Petrobras pre-via a injeção de US$ 16 bilhões na área degás até 2010.

continuam girando em torno de US$ 70 nomercado internacional, havendo ainda umbenefício adicional na conta: ao contráriode anos anteriores, o real parou de cair for-temente em relação do dólar e, sem umanova valorização da moeda brasileira, omontante arrecadado não sofreu ajustesnegativos.

A arrecadação de royalties atingiu R$3,6 bilhões no semestre, subindo 28% emrelação ao primeiro semestre de 2005. Osroyalties são equivalentes a 10% do volu-me total de produção multiplicado pelosseus respectivos preços de referência. Ovalor da participação especial – alíquotas

progressivas, que variam de zero a 40%sobre a receita líquida da produção tri-mestral de cada campo – chegou a R$ 3,9bilhões, significando um crescimento de28% sobre igual período do ano passa-do.

Estima-se que a receita com royaltiese participação especial deverá crescer25% em 2006, alcançando R$ 16 bilhões.Detentor da bacia marítima com a maiorprodução, o Rio de Janeiro é o grandebeneficiado pelo aumento da arrecada-ção no primeiro semestre. Cerca de 48%do total foram destinados ao governo es-tadual e aos municípios fluminenses.

Royalties aumentam no primeiro semestre

O terceiro melhor índice

de reposição de reservas

A Petrobras alcançou um dos melhoresíndices de reposição de reservas (IRR) emrelação a outros competidores internacio-nais. O IRR da estatal brasileira ficou em170%, de acordo com levantamento dacorretora do Banco Real. Isso significa quea empresa conseguiu recuperar mais óleodo que o extraído no decorrer de 2004.

Entre as nove empresas levantadas, aPetrobras fica apenas atrás da ConocoPhilips, com taxa de reposição de 213%, e daEni, de 173%. Enquanto isso, grandes petro-líferas, como Royal Dutch/Shell e ChevronTexaco tiveram performance bem mais mo-desta, com IRR de 39% e 49%, respectiva-mente. A Exxon Mobil é a que mantém a po-sição mais delicada, com redução de 18% desua reserva em relação à produção.

A empresa brasileira também mostra nú-meros robustos em outros quesitos. Semnovas descobertas, as reservas provadasda Petrobras - atualmente 12 bilhões debarris, a 17ª maior do mundo - garantiriam aprodução pelos próximos 21 anos. Esseindicador é bem maior que a média dasempresas consultadas (de 14 anos). Nocaso da Royal Dutch, esse patamar cai paraapenas 8,5 anos; na Statoil, as reservasseriam suficientes para 10 anos de extra-ção.

O “lifting cost”, ou o custo de extra-ção da Petrobras é um dos menores entreas empresas pesquisadas. O custo atual(incluindo royalties) é de US$ 4,30 por bar-ril, o mesmo valor obtido pela Petrochina.Chevron e Conoco Philips têm “lifting cost”de US$ 5,50 por barril, enquanto o customédio das empresas pesquisadas é de US$4,50.

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Cartas para o Editor

Praia das Palmeiras, 22 - PalmeirasCabo Frio/RJ - Cep: 28.912-015E-mail:[email protected]

C a r t a s

O GOSTOSO DE UMA REVISTA, PORnão ter edição diária, é que se pode lê-la àprestação. Colocada no banheiro, acaba-seprestando atenção a detalhes que normal-mente escapam no caso de um jornal. E écomplicado guardar jornal no banheiro. Arevista entrou com uma seleção de peso ea redação ficou caprichada. Gostaria de sa-ber se posso comprar os exemplares ante-riores, e quero fazer uma assinatura anual.Vai aqui um pedido de reportagem: escla-recer como é que vai ser a encrenca com aconstrução das duas pontes. A gente olhae não consegue entender. Um desenho aju-daria. Parabéns.Ernesto Lindgren (Palmeiras/Cabo Frio)

TENHO 19 ANOS E ESTOU CURSANDOjornalismo na cidade do Rio de Janeiro. Soucabofriense, e nos fins de semana vou semprepara aí, para passar com meus pais, irmaõs eamigos. Um desses amigos me mostrou essarevista, que foi apresentada em sua classe co-mo um bom exemplo de veículo regional. Es-tou levando comigo dois exemplares para mos-trar na faculdade, porque nunca havia encon-trado uma diagramação tão profissional numarevista de tiragem relativamente baixa.Ana Maria da Costa Millet (Rio de Janeiro)

NÃO ENTENDI POR QUE O TRADICIO-nal encontro de motos mudou de lugar. Dápara entender que o Cabo Folia e outrosshows sejam levados para longe do centro.Mas acho que quanto ao encontro de motosisso foi ruim, porque uma exposição de car-ros ou de motos é uma coisa que poderia serfeita nas ruas da cidade e isso poderia sermuito para o turismo e o comércio em geral.O encontro no novo lugar ficou fora de mãoe perecido com uma feira.Rodrigo Otávio de Carvalho (Estudante /Cabo Frio)

MORO NO RIO DE JANEIRO E FRE-qüento Cabo Frio em casa de amigos. Conhe-ci a revista e gostei muito. Quero saber comofaço para comprar os números anteriors e fa-zer uma assinatura. Assim vou ficar por den-tro das novidades de Cabo Frio. Parabéns pelainiciativa.Ãngela Ricarti (Flamengo/Rio de Janeiro)

SOU SKATISTA EM CABO FRIO E QUE-ria saber se vocês tem previsão de fazer algu-ma matéria sobre esse esporte. Curto muitoas fotos da revista e acho que é o tipo deimagem que tem tudo a ver com vocês.Anderson Azevedo Costa (Peró/ Cabo Frio)

Recebi um exemplar da Revista Cidadede nº 03 e gostaria de parabenizar pelaidealização desse periódico, com matéri-as elucidativas dos problemas da região,mas também ressaltando as suas belezasnaturais e as iniciativas sociais que a en-grandecem. Revivi no imaginário ques-tões que tive a oportunidade de acom-panhar de perto, como a antecipação demetas da PROLAGOS no tratamento doesgoto, beneficiando a Lagoa de Ara-ruama, objeto de ação do Ministério Pú-blico, com o apoio do Consórcio Inter-municipal e demais entidades ambientais;os trabalhos desenvolvidos para resol-ver os problemas do lixo e da pesca e asdiversas tentativas de salvar a Lagoa deAraruama, como também a luta para re-gularização dos transportes coletivos emSão Pedro da Aldeia. Pude ainda reveramigos e companheiros de luta ainda em-penhados, como antes, em benefício daregião. Desejo sucesso e longevidadepara a revista.Luciano Mattos - Promotor de Justiça(Rio de Janeiro)

Publicação MensalPapiPress Projetos Especiais LtdaCNPJ: 03.568.617/0001-04

Redação e AdministraçãoPraia das Palmeiras, nº 22Palmeiras – Cabo Frio – RJCEP: 28.912-015email:[email protected]

Diretora ResponsávelNiete [email protected]

Editor de JornalismoWalmor Freitas

Reportagens Cristiane Zotich Octavio Perelló Renato Silveira Simone Mendonça Martinho Santafé Vanessa Campos Keetherine Giovanessa

Reportagem Especial Tati Bueno

FotografiasMarconi CastroRicardo Valle

ColunistasSimone MendonçaOctávio Perelló

Produção GráficaAlexandre da [email protected]

ImpressãoEdiouro Gráfica e Editora S.A

DistribuiçãoSaquarema, Araruama, Iguaba Gran-de, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio,Arraial do Cabo, Búzios, Rio das Os-tras, Casimiro de Abreu e Macaé.

Os artigos assinados são deresponsabilidade de seus autores.

www.revistacidade.com.brAgosto, 2006

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I g u a b a G r a n d e

Cristiane Zotich

Na mira da CPI

ma CPI instaurada pela Câmara deVereadores de Iguaba Grande/RJ, estátirando o sono do prefeito Hugo Ca-

nellas Filho (PT). Tudo por causa de de-núncias apresentadas na Casa Legis-lativa por um morador da cidade, que nãoteve o nome revelado, e que dão conta desuperfaturamento nos shows realizados nomunicípio durante a temporada de verão.

A CPI tem como presidente da Comis-são de Investigação o vereador EdésioViana (PSC). O caso está sendo analisadodesde o início do mês de junho, e a previ-são é de que até setembro saia uma con-clusão.

Segundo Laurimar Claro ( PSC), o mo-rador que denunciou o caso à Câmara já foiouvido pela CPI.

- Segundo ele, todos os shows esta-vam irregulares, quer seja por falta de in-formações, ou pela tomada de preçosdesencontrada. Entre as diferenças maisabsurdas, estão os shows de Bochecha eda banda Big Bir.

O presidente da Câmara informou queentrou em contato com o empresário docantor Bochecha, e descobriu que nos dias

atuais, o show do funkeiro custaria cercade R$ 7.450, incluídos hotel, transporte, lan-che e outros gastos.

- Mas em janeiro o prefeito pagou R$16 mil, ou seja, mais que o dobro. O mesmoaconteceu com a banda Big Bir. Um jornalde Iguaba publicou reportagem afirmandoque o show da banda, que é da cidade,custa R$ 2,5 mil. Mas o prefeito pagou R$14 mil para o grupo, que não gastou di-nheiro sequer com hospedagem, porquetodos moram em Iguaba.

Prefeito contra-ataca

Para o prefeito Hugo Canellas, “o casonão passa de fato político”.

- Eles são loucos. A Câmara possui novevereadores. Para instaurar uma CPI é preci-so metade mais um dos membros da casa, eeles são apenas quatro. Os outros cincovereadores não aceitaram a abertura destaCPI, mesmo assim eles continuam com essapalhaçada.

Canellas explicou que durante o verãorealizou 21 shows na cidade, mas não fezlicitação para aquisição de palanques, some iluminação.

- Por isso o valor destes gastos foi em-butido no preço final do artista. Um showda Ivete Sangalo, por exemplo, custa R$

130 mil só o cachê dela. Mas, e a produ-ção? Se colocarmos tudo incluído, essevalor vai passar para R$ 350 mil. E foi o quehouve. Só o cachê do Claudinho é R$ 7 mil.Mas a produção do show, com palco, som,iluminação, tudo, dobrou esse valor. Nãoestou preocupado com esta CPI. Quero serinvestigado, sim, mas pelo promotor. Omesmo que já pediu a cassação do presi-dente da Câmara por irregularidades queele cometeu durante o atual mandato – co-mentou o prefeito, lembrando que vai en-trar com uma ação na Justiça pedindo asuspensão da CPI.

VEREADOR EDÉSIO VIANA

Presidente da Comissão de Investigação

LAURIMAR CLARO

Presidente da Câmara

de Vereadores

HUGO CANELLAS FILHO

Prefeito de Iguaba Grande

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altam apenas três meses – final deoutubro – para que cerca de 1,7 milmunicípios de todo o país concluam o

Plano Diretor que norteará o desenvolvi-mento de cada cidade nos próximos anos.Segundo o Estatuto das Cidades, estabe-lecido pelo Ministério das Cidades, em2001, municípios com mais de 20 mil habi-tantes, compreendidos em regiões metro-politanas e com vocação turística devemobedecer ao prazo ou os prefeitos incorre-rão em improbidade administrativa.

Correndo contra o tempo, Cabo Frioacelera para cumprir o prazo do Ministério.Até agora, apenas uma audiência pública,foi realizada, onde foi mostrada a realidadede cada um dos bairros do 1º e 2º Distritos.

Um muni

em discu

A prefeitura deverá realizar, ainda, mais qua-tro audiências. O trabalho, entretanto, sóterminará depois que as propostas foremanalisadas, transformadas em lei, levadasà Câmara Municipal para análise e aprova-ção para, por fim, serem sancionadas peloprefeito, ficando, então, pronto o Plano Di-retor.

Segundo a secretária de Planejamento,Rosane Vargas , o projeto encontra-se, ago-ra, na segunda fase, a das audiências pú-blicas, que deverá seguir até final de se-tembro, ou início de outubro.

- A primeira audiência foi, essencialmen-te, burocrática, para a população entendera realidade de Cabo Frio. Na segunda, seráapresentada a situação ideal do município,baseada nos conflitos apontados em cadasetor e bairro pelas associações de mora-dores, Organizações Não-Governamentais

Vanessa Campos

F

e Instituições, como os Ministérios Públi-cos Federal e Estadual – explicou ela, des-tacando que, a despeito das peculiarida-des de cada local, a falta de segurança e aviolência são problemas comuns em toda acidade.

Segundo a técnica responsável pelotrabalho da FGV, Profª Denise Vogel, quefez a apresentação dos dados na 1ª audi-ência pública, Cabo Frio demonstra pro-blemas de ordem metropolitana que já sãovisíveis, tais como o crescimento desorde-nado de centros de aglomeração urbana(favelas) e o crescimento populacional in-tenso, mesmo em áreas consideradas ala-gáveis ou protegidas legalmente (APAs).

- A cidade tem uma vocação turísticanata, mas não está sabendo aproveitá-lacom eficiência. A expansão é preocupante,com taxas anuais de até 14% nos bairros

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C a b o F r i o

nicípio

cussão

Peró, Braga e Jardim Caiçara. Há necessi-dade de se rever as áreas legalmente prote-gidas, pois também são potencialmente fa-voráveis ao Turismo, podem ser fonte derenda e conhecimento, desde que usadascomo uso sustentável. – explicou.

No que concerne à ocupação irregulardo solo, um dos principais tópicos debati-dos nas reuniões para elaboração do Pla-no, três meses para soluções parecem lon-ge de serem o suficiente. Para ambienta-listas como Arnaldo Vila Nova, presidenteda ONG “Viva Lagoa” e da plenária deONG’s do Consórcio Lagos São João, oPlano Diretor só terá validade se vier acom-panhado de uma fiscalização eficaz. Segun-do ele, as áreas verdes já estão definidasno papel, entretanto, o crescimento popu-lacional colabora para as invasões.

- Cabo Frio não precisa de Plano Dire-tor, precisa é de fiscalização, já que as esfe-ras governamentais não atuam como de-veriam, disse ele.

ASAERLA aponta problemas

Realizando reuniões todas as segun-das-feiras, na sede do CREA-RJ, em CaboFrio, a Associação de Arquitetos e Enge-nheiros da Região dos Lagos (ASAERLA)aponta o saneamento básico, a reformu-lação da sinalização do trânsito, a preser-vação das áreas verdes e a verticalizaçãona orla como os principais problemas domunicípio. Segundo o presidente, Lucianoda Silveira, a especulação imobiliária con-tribui para a ocupação irregular do solo edeve ser revista.

- Hoje, a média de preço do custo deum imóvel, entre comprar o terreno e le-vantar a construção, é de R$ 200 mil. O mo-rador médio da cidade não tem isso parapagar então constrói de forma irregular. Seviabilizarmos áreas mais baratas, diminuiráo custo da unidade, a verticalização, quena orla está saturada e, ainda, o processode favelização.

Contudo, se em alguns setores a res-posta está na formalização das propostasem outros órgãos da sociedade civil faltainformação. Para o presidente da Associa-ção Comercial, Industrial e Turística deCabo Frio (ACIA), Adelício José, os maio-res inimigos do Plano são tempo e a faltade conhecimento por parte da população.Só no setor comercial da cidade, relatouele, menos de 10% dos empresários sabemo que é, realmente, o Plano Diretor.

- Faltou mais organização e tempo paraque a população entendesse o que se estáfazendo pela cidade e porquê. Em cidadescomo Búzios, o Plano Diretor vem sendoelaborado há 3 anos e não há sete mesescomo aqui. Tenho a impressão de que CaboFrio terá mais um documento que poucossabem do que se trata – questionou.

ROSANE VARGAS

secretária de Planejamento

LUCIANO DA SILVEIRA

presidente da ASAERLA

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ADELÍCIO DOS SANTOS

presidente da Acia

Tenho a impressão de

que Cabo Frio terá mais um

documento que poucos

sabem do que se trata

Ricardo Valle

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C a b o F r i o

lei que regulamenta o uso do solo éde 1979. O número de fiscais não ul-trapassa os 18 há alguns anos. Como,

então, manter a ordem urbana numa cidadecom mais de 100 mil habitantes eentrecortada por outras duas? Esse desa-fio, praticamente uma missão impossívelaos moldes dos filmes protagonizados porTom Cruise, vem tentando ser vencido pe-los urbanistas cabo-frienses, cada vez maispreocupados com o futuro de um municí-pio que vem crescendo desordenadamente,principalmente do outro lado da ponteFeliciano Sodré e no Segundo Distrito.

A Secretária de Planejamento, RosaneVargas explica que as taxas de crescimentopopulacional, cada vez maiores, e em al-guns casos, até assustadoras, como as dobairro Peró, que chegaram a 12% no últimoano, são um problema sério para a questãourbana em Cabo Frio.

- Não se trata de uma taxa de natalidadealta, e sim de gente que chega disposta aconstruir e morar na cidade, e nem semprecom a mesma disposição para respeitar asregras, embora possamos dizer que elas

estão defasadas. Com isso, temos abusosde gabarito e alguns condomínios fora dopadrão, além das posses e invasões, prin-cipalmente no Segundo Distrito – explicaela.

O gabarito cabo-friense é de dois an-dares, com a permissão de quatro nas pro-ximidades da Praia do Forte e do Braga. Jáa questão condominial é um pouco maiscomplicada, e exige alguns cálculos mate-máticos nem sempre rigorosos.

- O padrão mínimo de um lote é de 360m2, para a construção de duas unidades.Para três, é necessária uma área de 450 m2,embora o parâmetro para edificações seja

de 120 m2 por unidade – tenta explicar asecretária.

Por enquanto, não há nenhum projetoatualizando a lei de uso do solo no legisla-tivo cabo-friense. A grande aposta dos ur-banistas é na atualização do Plano Diretor.

- Com o Plano Diretor, poderemos indi-car a necessidade da contratação de maisfiscais para a questão das edificações, alémda ordenação urbana. Tem gente que ques-tiona: ah, vocês só se preocupam com osolo, e para esses eu respondo: e a gentepor acaso mora no ar ou na água? – brincaRosane.

Para o arquiteto Gustavo Rosa, o Plano

Taxa de

crescimento

alta e lei

defasada

trazem

desordem

urbana

Renato Silveira

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Marconi castro

Vista parcial do Centro de Cabo Frio

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Para participar da elaboração doPlano Diretor de Cabo Frio, a popu-lação tem as seguintes opções: pelaInternet, por telefone ou indo pes-soalmente ao escritório do Plano Di-retor, localizado na Avenida NossaSenhora de Assumpção, nº 15. A fer-ramenta virtual, segundo a secretá-ria de Planejamento de Cabo Frio,Rosane Vargas, é a novidade quepretende facilitar a interação entre oPoder Público e a sociedade: aces-sando www.planodiretor.org.br (oendereço do site oficial da cidade), ointernauta poderá não só enviar aspropostas, como visualizar o mapada cidade e estudar o banco de da-dos do município. Há informaçõessobre cada bairro e uma leitura ge-neralizada do município. SegundoRosane, o Plano Diretor, na íntegra,estará disponível no início do anoque vem, depois de pronto.

- Um investidor que, por exem-plo, quiser construir um hotel na ci-dade, terá acesso aos dados concre-tos das áreas da cidade, sem correr orisco de construir em uma APA ouem área alagadiça. Com o Plano, CaboFrio vai ganhar em credibilidade e in-vestimentos no setor turístico – afir-mou ela.

Quem, porém, não tem acesso àrede, também tem a opção de partici-par pelos números de telefones: (22)2647-1210 e 0800 – 282 – 002, das 9hàs 17h. Além disso, o cidadão nãopode esquecer das associações debairro que têm papel fundamental nodebate das questões primordiais parao desenvolvimento de cada locali-dade, destacou Rosane.

Como Participar

do Plano Diretor

Diretor realmente traz uma esperança paraa questão urbana, que , segundo ele, vemse deteriorando nos últimos anos.

- Para quem foi nascido e criado emCabo Frio como eu, as transformações pe-las quais a cidade passou nos últimos anostrouxeram uma queda na qualidade de vidaem determinados aspectos. Hoje, nossosfilhos não podem mais brincar nas ruas,por causa do trânsito, muitas vezes caóti-co e perigoso. Mas acho que meus cole-gas estão no caminho certo, a melhor fór-mula é apostar num Plano Diretor elabora-do em conjunto com a sociedade, para bus-car novos rumos para um crescimento sau-

dável – disse ele.Gustavo aponta justamente bairros “do

outro lado da ponte” e o Segundo Distritocomo saídas para o crescimento da cidade,cuja área central não tem mais para ondeexpandir.

- Como o crescimento é inevitável, vejo acidade caminhando para o lado de lá, embo-ra a questão do Segundo Distrito seja com-plicada e engraçada, porque é impossível ir-mos do centro para lá, sem passarmos pordentro de São Pedro da Aldeia ou Búzios.Ou seja, é impossível ir de Cabo Frio paraCabo Frio por via rodoviária sem entrar emoutro município – brincou o arquiteto.

Orla das Palmeiras: Proliferação de condomínios

Marconi castro

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Octávio Perelló / Fotos: Ricardo Valle

ão só de missa sobrevive uma igrejatombada pelo Instituto do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional, mas da

convivência entre liturgias católicas e o in-teresse despertado por valores culturais.

Uma das primeiras na lista de tomba-mento do Iphan, a Igreja Jesuítica de SãoPedro da Aldeia é parte importante do patri-mônio histórico e arquitetônico que com-põe a memória das missões jesuíticas noBrasil e em outros países da América doSul.

Tombada em 12 de agosto de1938, tevesuas obras concluídas em 1783, por empre-endimento da Companhia de Jesus e em-penho de mão-de-obra indígena. Porém, oinício de suas obras data de 1620, e o térmi-no da construção da residência anexa (an-

tigo convento) em 1723 é anterior ao daprópria igreja.

A Aldeia dos Índios de São Pedro daAldeia era um aldeamento jesuítico que ti-nha a missão de educar índios para o tra-balho e defesa militar. Agricultura e dife-rentes ofícios como alfaiataria, marcenaria,serralheria e carpintaria eram ensinados. Asituação da aldeia era precária, tendo oColégio Jesuíta do Rio garantido a provi-são inicial, até que com a fazenda de SantoInácio e o posterior desmembramento desuas terras houve provisão suficiente. Daíadviria o traçado urbano original da cida-de, de construções feitas para durar muitotempo em local que atendesse as finalida-des de defesa estratégica do litoral, comprivilegiada visão sobre a terra, a lagoa e omar. Este foi o embrião de uma sociedadeque um dia despertaria para a indústria

salineira, para em seguida experimentar avocação turística.

Símbolo do município que a abriga, suaimagem prevalece ao brasão oficial,sedimentada que está na paisagem. O patri-mônio tem dono, a Igreja Católica, e umaespécie de tutor, o Iphan. A parceria recu-perou a antiga construção. O Iphan, atra-vés de contratação de terceiros, promoveuas obras realizadas nos anos de 1942, 1950,1951, 1954, 1958, 1961 e 1965 que resulta-ram na restauração do monumento ereativação da prática religiosa no local.

A cooperação também envolve a Pre-feitura de São Pedro da Aldeia. O mais re-cente projeto de restauração contou com aparceria entre Iphan e Prefeitura no ano de1995, e também com a Fundação RobertoMarinho que, com recursos do Programade Apoio à Cultura – PRONAC, colaborou

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IGREJA DOS

JESUÍTAS

Monumento Aldeensnse conserva a memória jesuítica com retorques dos séculos XX e XXI

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CIDADE, Agosto de 2006

P a t r i m ô n i o

como proponente para as obras, concluí-das em dezembro de 1996.

A Igreja Jesuítica e a Residência Anexaforam ainda beneficiadas, em 2003, pela ins-talação de iluminação externa através deacordo de compensação ambiental da Usi-na Termelétrica Fluminense, firmado pelogoverno do Estado e El Paso, controladorada usina. A contrapartida da El Paso pelosdanos ambientais cometidos no exercíciode suas atividades foi investir R$13, 5 mi-lhões em projetos de eficiência energéticae de geração de energia com fontes alter-nativas no Estado do Rio de Janeiro.

Fiscalização de monumento e

entorno é atribuição do Iphan

Especulações sobre reformas que teri-am desfigurado o patrimônio, e sobre oestado de abandono que ameaçaria à inte-

gridade da torre sineira são rechaçadas peloIphan. Representantes do órgão garantemque a fiscalização é sistemática. Qualquerintervenção que se faça tem que contar coma autorização do órgão, que desconhecereformas que tenham desrespeitado os cri-térios estabelecidos. Quanto ao sino, ates-tam que o seu acesso é difícil e a engrena-gem bastante antiga, embora não se tratede peça original. Seu aparato mecânico di-ficulta o manuseio para os badalos diários,sem que apresente riscos de queda. Porém,o mesmo rigor da legislação não pôde con-ter as transformações urbanas ocorridas aolongo dos anos no entorno do monumento.O traçado original que privilegiava a peque-na aldeia jesuítica foi se adaptando a novoshábitos, e se falhou a preservação de velhoscasarios, a edificação dos novos também nãoobedeceu aos critérios vigentes.

Termo de Ajuste de Conduta

ignora divergências e faz valer

antiga legislação

Se as parcerias que recuperaram a Igre-ja Jesuítica e Residência Anexa convergi-ram idéias, o mesmo não acontece quandose trata da área envoltória do imóvel tom-bado, que tem limites de taxa de ocupação,altura e recuo das construções. O municí-pio, que tem Plano Diretor, cedeu às exi-gências que nortearam o Termo de Ajustede Conduta – TAC, assinado em 2003, mashá quem defenda que o centro da cidadeexige modernizações que esbarram nas de-finições do acordo.

Segundo a arquiteta do Iphan, Ma-ryane Medeiros, a legislação é fruto de acor-do entre Iphan, Prefeitura e Ministério Pú-blico. O órgão insiste na manutenção dogabarito, argumentando que a preservaçãodo patrimônio depende de índices urbanís-ticos para mantê-la. O Iphan considera queo município tem área para se expandir sema necessidade de comprometer a ambiênciae a visibilidade do prédio da Igreja Jesuí-tica, mas reconhece que existem dificulda-des de aceitação de todos, por conta dalocalização da igreja, no centro da cidade.

O ex-secretário municipal de Planeja-mento, Obras e Urbanismo, que esteve àfrente das negociações entre Prefeitura eIphan, afirma que o acordo não atende rei-vindicações da Prefeitura. Segundo Hilde-gardo Milagres, o Iphan entrou na justiçaexigindo a proibição de novas construçõesque infrinjam o gabarito e a derrubada dasexistentes. A demolição implicaria em inde-nizações e a Prefeitura recorreu ao juiz fe-deral que indicou o TAC como soluçãoapaziguadora. A sugestão foi acatada maispor imposições jurídicas do que por con-cordância de critérios, pois a Prefeitura pro-pôs, com ajuda do mapeamento topográfi-co de níveis da cidade, que fosse conside-rada sua topografia acidentada, que permi-tiria segundo esta visão, adequações semprejuízo da ambiência defendida peloIphan.

A situação divide opiniões. Há os queapóiam a legislação, apontando-a comonecessária ao equilíbrio urbanístico da ci-dade. E também os que defendem que sedeve buscar adequação entre o desenvol-vimento urbano e a preservação do pa-trimônio histórico, artístico e ambiental.

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G e n t e

Búzios ainda era distrito de Cabo Frio quando o então garçom Antônio Liraidealizou criar uma biblioteca no famoso balneário. O primeiro passo foifundar a Associação Pró-Vida, hoje uma ong, e implementar o projeto “OMundo é do tamanho que a gente lê e sente”. A iniciativa resultou na cria-ção da primeira biblioteca, no Centro, aberta em 1993 com apenas 40 li-vros.O projeto ganhou força e em 15 anos foram construídas mais sete unidadesnas localidades: Raza, José Gonçalves, São José, Cem Braças, Vila Ver-de, Fundação Bem-te-Vi e a Biblioteca Machado de Assis, inaugurada nomês passado,no bairro Cruzeiro. Juntas, as bibliotecas totalizam um acer-vo de 19 mil exemplares e contabilizam mais de 38 mil visitantes.Para as comemorações do aniversário de 15 anos, a ong vai implementarmais um projeto: “Passa na praça que o livro te abraça”, através do qualuma biblioteca volante vai percorrer as praças de toda a Região dos Lagos.“Assim, vamos aproximar ainda mais a comunidades e os livros”, diz Lira.Doações para as bibliotecas podem ser feitas pelo telefone (22) 9233-8669.

A pedagoga Maria Amália Silveiraé uma incansável na luta pormelhorias na área educacional.Além de ser chefe do serviço deEducação Infantil na rede públicade Cabo Frio, ela também é inte-grante da OMEP/RJ-OrganizaçãoMundial de Educação Pré-Escolar,uma entidade sem fins lucrativosque reúne profissionais de váriascategorias, empenhados em pro-mover ações voltadas para essetema.Um dos objetivos de Amália é fun-dar uma sub-sede da OMEP emCabo Frio. “Essa iniciativa fortale-ceria a Educação Infantil em todaa Região, através da realização defóruns e cursos para os profissio-nais da área educacional”, conclui.

Formando cidadãos

O maestro Ruy Capdeville é uma importante presença na vida cultural cabo-friense. Em 1974, criou o primeiro coral de música erudita da cidade, oCantavento Ferlagos. Depois, foi convidado a criar o coral da Paróquia deNossa Senhora da Assunção, o Rainha Assunta.Os ensaios do coral Cantavento são realizados de segunda a sábado, nacasa do maestro. “Tenho tanto amor pela música que construí na minhacasa um salão com tratamento acústico para os ensaios”, diz o maestro.Em setembro, Cabo Frio verá mais um resultado de seu trabalho pela mú-sica, quando a cidade sediará, no dia 9, o V Encontro Regional de Corais,e nos dias 14, 15 e 16, o XX Encontro Nacional e o XV Internacional.

Ruy Capdeville

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CIDADE, Agosto de 2006

Simone Mendonça

Desde que descobriu o encanto das festas raves, a universitária GiselaNakazima pôs o pé na estrada atrás das mais badaladas do estadodo Rio. Com a energia de seus 24 anos, chega a ficar 15 horasseguidas em cada um desses eventos. No roteiro dos últimos me-ses, já visitou a Cidade do Rock, no Rio de Janeiro, e os municípiosde Santo Aleixo e Guapimirim. “As próximas da lista são em Búziose São Paulo. Ah, e no ano que vem tem na Chapada Diamantina”,enumera a jovem.O bucolismo dos lugares é um dos destaques das festas, que costu-mam atrair um público de, no mínimo, 5 mil pessoas. “Tem que termuito verde e uma área grande, geralmente ao ar livre”, diz.Para os leigos no assunto, Gisela dá uma aula sobre raves. Segundoela, muita música eletrônica e uma decoração vibrante fazem o climadescontraído das festas. No vestuário, os destaques são as coresvivas e os tecidos camuflados. Óculos escuros também são indis-pensáveis. No cardápio obrigatório, energéticos, água e pirulitos. Quan-to ao espaço físico, geralmente há piscinas e uma área para relaxar- chamada chill out - com almofadas, esteiras e uma música maiscalma. “É para a gente revigorar e voltar para a festa”.

A cabista Gabriela de Abreu, de 9 anos, é uma descoberta no cantolírico. Surpreendida cantarolando após uma aula de ballet, a meninafoi encaminhada a um teste de voz que aprovou o seu talento. Opróximo passo na precoce carreira de cantora será dado ainda estemês, quando ela começa um curso de canto lírico, especializado emvoz infantil, no Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro.Isso sem mudar sua rotina, que inclui as aulas de ballet, piano e osestudos da 3ª série no Centro Educacional Nadir Aguiar Quintanilha,em Arraial do Cabo.

Alexandre da Silva , produtor gráfico de CIDADE, mostrou que otalento e técnica demosntrados nas páginas da revista também seestendem à vida pessoal.Esta semana , junto com sua esposa Sandra, Alexandre nos apre-sentou Carlos Alexandre, sua mais nova produção, com a compe-tência de sempre.

Nas raves

VOZ DE ANJO

Competência na produção

2 3

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aseada em estudo hidrodinâmico rea-lizado pela Coopetec/UFRJ, em 2001,que revelou a necessidade de dra-

gagens corretivas para a renovação daságuas na Lagoa de Araruama, a Superin-tendência Estadual de Rios e Lagoas(Serla), iniciou, um trabalho de dragagemno Canal Itajuru, considerado o “cordãoumbilical” de comunicação entre a lagunae o mar. Segundo a Serla, sem o trabalho,em alguns anos, a Lagoa de Araruama po-deria se transformar em 11 pequenas lagu-nas.

A dragagem, no entanto, está longe deser unanimidade. Se para alguns, ela é aredenção da Lagoa de Araruama, para ou-tros, é a responsável pela invasão deplânctons de coloração marrom que toma-ram conta de toda a lagoa.

- A dragagem é necessária, o único pro-blema seria a demora na realização. O prazoideal de conclusão do trabalho seria qua-

R e g i ã o

Dragagem do Canal do Itajuru

gera polêmica

Vanessa Campos tro meses, ou poderia alterar o ecossistema– destacou o presidente da OrganizaçãoNão-Governamental (ONG) “Viva Lagoa”e da plenária de ONGs do ConsórcioIntermunicipal Lagos São João (CILSJ),Arnaldo Vila Nova.

O diretor do Departamento de Sanea-mento e Saúde Ambiental de Cabo Frio,Márcio Beranger, vê como possível conse-qüência a contaminação das águas da praiado Forte, com o aumento da vazão da La-goa, podendo até mesmo a mudar a colora-ção e a qualidade da água, segundo ele.

Para o secretário executivo do CILSJ,Luiz Firmino Martins Pereira, no entanto,não há risco de contaminação.

- A cor marrom da Lagoa indica alto ín-dice de fósforo na água, e não esgoto. Acoloração indica a presença de uma mi-croalga, a clorofícia, que morrerá ao entrarem contato com o mar. Acontecerá, então,o inverso: o índice de fósforo voltará aonormal e ambas, laguna e praia do Forte,ficarão cristalinas.

B

2 4

Ric

ardo

Val

le

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maioria dos 124,6 milhões de eleito-res brasileiros ainda não decidiu emquem votar, mas já tem pelo menos

uma certeza; essa é a campanha mais carada história. Para chegar ao Palácio do Pla-

nalto os oito candidatos vão gastar R$ 279,1milhões, de acordo com dados fornecidosao TSE, por ocasião dos registros das can-didaturas. A gastança será ainda maiorquando somadas às previsões com as cam-panhas para senador, governador, deputa-dos, distrital, federal e estadual.

Segundo o TSE, a despesa total pre-

vista chega a R$ 19,79 bilhões, baseada nasdeclarações feitas aos tribunais regionaiseleitorais (TREs) nos Estados e no próprioTSE, o total dos gastos de campanha esti-mados pelos mais de 19 mil candidatos quedisputarão as eleições majoritárias e pro-porcionais de outubro. (leia quadro)

Só o presidente Lula prevê gastos de

Campanha milionária

Comício em Búzios

(Eleições 2004)

Candidatos da Região dos Lagos prevêem gastar mais de 15 milhõespara se eleger

Walmor Freitas

C a p a

A

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Glauco Lopes (PSDB)

Bens declarados:- 1/3 da propriedade Sitiode Óleo - 14,5 alq. -Glicério - Macaé/RJ - R$16.666.66- 1/3 do lote de terrenoNº6, Sitio A Rua O,Loteamento São Carlos -Bairro da Glória - Macaé/RJ- R$ 5.000.00- 1/3 do lote Nº 5, Qd S,Loteamento Granja dos

Cavaleiros - Macaé/RJ - R$ 6.466.67- 1/3 do lote Nº XVIII, Loteamento ValeEncantado, Novo Cavaleiros - Macaé/RJ - RJR$ 5.000.00- 1/3 do lote Nº6, qd S, Loteamento Granja dosCavaleiros - Macaé/RJ - R$ 3.800.00- 1/3 do lote Nº7, Qd S, Loteamento Granja doscavaleiros, Macaé/RJ - R$ 4.400.00- 1 APTO. 1001 Av Agenor Caldas, 686 -Imbetiba - Macaé/RJ - R$ 150.000.00- 1 APTO FOUR POINTS BY SHERATON naRua Dolores de Carvalho, 66 - Cavaleiros -Macaé/RJ - R$ 159.301.00- Cotas de Capital da firma Guia de MacaéTurismo e Eventos Ltda - R$ 1.700.00- Cotas de Capital da firmaSistema Jabm deComunicação Ltda - R$ 3.333.33- Cotas de Capital da firma Concreta de MacaéEngenharia Ltda - R$ 30.000.00- 1/3 do lote Nº9, Qd S, Loteamento Granja dosCavaleiros - Macaé/RJ - R$ 5.333.33- 1 Imovel residencial no terreno Nº 3, Qd L,Loteamento Ilhas de Búzios - RJ - RJR$ 50.000.00- 1 Lote de terreno Nº2, Qd 17, LoteamentoSão José Barreto - Macaé/RJ - RJR$ 1.00Total: R$ 441.001,99

Relação dos bens declarados

Paulo César da Guia

(PTB)

Bens declarados:- Um Fiat Doblo 2003 - R$17.400.00- Um Fiat Uno 2005 -R$ 7.800.00- Um lote de terreno -Lote 01 Quadra 33, JardimCaiçara - Cabo Frio/ RJ -R$ 30.000.00- Um Lote de terreno -lote 8 Quadra 17, Jardim

Caiçara, Cabo Frio/RJ - R$ 70.000.00- Um Fiat Palio 2001 - R$ 34.270.00Total : R$ 159.470,00

R$ 89 milhões na campanha e Alckmim, deR$ 85 milhões. Entretanto, os candidatosadiantam que os valores declarados sãoapenas um limite, e que não significa queserão gastos.

“Certamente, o gasto será bem menor,a arrecadação será bem menor”, disse ocandidato do PSDB à Presidência, GeraldoAlckmim.

Candidatos da região vão

gastar R$ 15 milhões

Na Região dos Lagos, (RJ) os oito can-didatos a deputado estadual e quatro a fe-deral, também ga-rantem que não pre-tendem gastar mui-to, mas se dependerdos valores estima-dos, essa campanhaserá milionária. Deacordo com o valormáximo declaradoao TRE-RJ, a campa-nha ultrapassa os15 milhões.

Alfredo Gonçalves (PPS), ElízioFigueiredo (PV-Búzios), Fred Kohler(PMDB), Glauco Lopes, (PSDB), José Bo-nifácio (PDT), Alair Corrêa (PMDB), Mar-quinho da Trecus (PSB) e Paulo Melo(PMDB), que disputam uma cadeira naAlerj, podem gastaraté mais do que R$8 milhões. Para de-putado federal, osgastos dobram e onúmero de candida-tos cai pela metade.Para conquistar umavaga na Câmara emBrasília, Jânio Men-des (PDT), PauloCésar (PTB), Bernardo Ariston (PMDB) eRamison Lopes (PSC) vão gastar mais deR$ 7 milhões.

Candidatos apostam em

doações de amigos e ajuda

de empresários

O ex-prefeito Alair Corrêa evita falar so-bre despesas de campanha, mas disse queo valor de R$ 1 milhão foi o teto colocadopelo partido ao TRE-RJ.

“Não vou gastar mais do que 300 milnessa campanha”, sem dizer de onde virãoos recursos.

Já o deputado federal Bernardo Ariston,que busca a reeleição, também disse queos valores dos gastos são estipulados pelopartido. Segundo Ariston, os candidatosdo PMDB a federal podem gastar até 2 mi-lhões e a estadual, a metade.

“Farei campanha com recursos própri-os, da família e doações de amigos. Já arre-cadei R$ 100 mil”, disse. O médico PauloCésar, que disputa pela primeira vez uma vagaa deputado federal disse que o teto de R$ 4milhões foi determinado pelo partido.

“Minha campanha depende de doa-ções de amigos e ajuda de empresários que

trabalham de graçapor acreditarem naproposta da cam-panha”, disse.

Candidatos

acham que

a campanha

está mais

barata

Mesmo com to-das as restrições e maior rigor no controledos gastos, a campanha eleitoral deste anoficou muito mais cara em relação a campa-nhas anteriores. Segundo especialistas acampanha deste ano vai custar o dobro doque a eleição de 2002. Mesmo assim, os

candidatos da re-gião garantem quefazer campanha po-lítica ficou mais ba-rato.

“Esta campa-nha está muitomais barata do quea outra. Os enten-dimentos do TSE,

com base na lei aprovada no CongressoNacional, no meu ponto de vista, deixa-ram a campanha mais intimista, mais olhono olho do eleitor”, disse Ariston, se re-ferindo à proibição de showmícios, car-tazes, outdoors e distribuição de brin-des aos eleitores.

O candidato Paulo César, disse que nãovê problema em fazer campanha com pou-cos recursos.

“Estou acostumado a fazer campanhasem dinheiro. Para mim não muda nada”.

De acordo com as novas regras, o can-didato que ultrapassar os valores previs-tos será punido. O artigo 2º da Resolução22.250 - que dispõe sobre a arrecadação e a

Alfredo Gonçalves ( PPS)

Bens declarados- 1 Apto 401 na RuaAlfredo Bruno Gomes - R$95.830.00- 1 Automóvel FOX 2004/05 -R$ 34.000.00- 1 Honda Civic Sedan2000 - R$ 21.600.00- 1 Sala 205 - Centro deCabo Frio - R$ 15.000.00Total : R$ 166.430,00

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C a p a

aplicação de recursos nas campanhas - de-termina que juntamente com o pedido deregistro de seus candidatos, os partidospolíticos informem à Justiça Eleitoral os va-lores máximos de gastos que farão por can-didatura em cada eleição.

A resolução do TSE também prevê quegastar recursos além dosvalores declarados sujei-ta o responsável ao pa-gamento de multa no va-lor de 5 a 10 vezes a quan-tia em excesso. O infra-tor também pode respon-der por abuso de podereconômico, nos termosdo artigo 22 da Lei Com-plementar 64/90.

Campanha

de R$ 1

para deputado

Entre os milhares decandidatos, a cargos ma-joritários e proporcio-nais, duas previsões degastos impressionam:Alberto Luiz Guimarães Iecin, do PFL, in-formou à Justiça Eleitoral que só vai gastarR$ 1 (um real) para tentar, a este custo míni-mo, se eleger depu-tado federal peloRio de Janeiro. Ocandidato ao Sena-do Frederico LuizMaciel dos Santos,do PCB do Ma-ranhão, tem previ-são de despesa deR$ 50.

Seis candidatosdeclararam à Justi-ça Eleitoral gastode R$ 0 (zero) nacampanha de 2006.Jorival Gomes Ma-ranhão, candidato adeputado federalpor Goiás; Leo-nhard Ludwig A-mon, José Carlosdos Santos, Haroldo Inácio da Silva eMárcio Henrique Bueno, que concorrem avagas de deputados estaduais no Rio deJaneiro; e José Carlos Pereira da Silva, can-didato a deputado estadual em Tocantins,não pretendem fazer nenhuma despesapara se eleger.

Alair é o mais rico

dos candidatos

Se o valor declarado para os gastos decampanha causa polêmica, a declaração debens dos candidatos também apresenta si-tuações inusitadas. Há candidatos que de-

claram grandes va-lores e candidatosque alegam não ternenhum patrimô-nio.

Na Região dosLagos, Alair Corrêaé o mais rico, con-forme declaraçãode bens ao TSE(veja relação), oex-prefeito decla-rou bens que ultra-passam R$ 1 milhãode reais. A seguircom R$ 600 mil depatrimônio, vem ocandidato FredKohler de Macaé.José Bonifácio de-

clarou possuir patrimônio no valor de 539mil.

Glauco Lopes, de Macaé declarou bensque ultrapassam 440 mil. Bernardo Ariston

informou que seu patri-mônio vale R$ 296 mil eAlfredo Gonçalves, R$166. Paulo César disse terR$ 159 mil de bens e JânioMendes R$ 51. Marqui-nho da Trecus informouque seus bens estão ava-liados em 35 mil.

O deputado PauloMelo, que tem uma man-são em Saquarema nãodeclarou seus bens, as-sim como o empresárioRamison Lopes, de Búzi-os que preencheu o for-mulário com o tradicionalnada a declarar. De Búzi-os, o também candidatoElízio Figueiredo, disseter uma casa e uma em-

presa sem declarar valores.“A Justiça Eleitoral está atenta e vai in-

vestigar cada caso, não é possível que umcandidato declare zero de patrimônio ouque vá gastar apenas R$ 1 real na campa-nha”, disse o corregedor regional Eleitoraldo TRE-RJ, Antônio Jayme Boente, duran-

Bernardo Ariston (PMDB)

Bens declarados:- 1 Apartamento na AvVereador Antônio Ferreirados Santos, 302 - bloco B -Braga - Cabo Frio/RJ - ValorR$ 119.897.46- CC Banco do Brasil- R$ 37.708.16- CC Banco do Brasil- R$ 378,21- Dinheiro em espécie- R$ 35.000.00

- Popupança Unibanco - R$ 119.24- Saldo Aplicado em VGBL no BB S/A- R$ 19.700.00- Saldo em fundo de investimento BB FIXEspecial - R$ 49.975.85- Saldo em fundo de investimento BB FIXPreferencial - R$ 11.687.90- Saldo em fundo de investimento Unibanco S/A- R$ 3.965.29- Saldo prestações pagas Consórcio Volkswagen- R$ 18.052.08Total: R$ 296.106,70

Elízio Figueiredo ( PV)

Bens Declarados- 1 casa - R$ .00- 1 Empresa - R$ .00Total: R$ .00

Paulo Melo ( PMDB)

Bens Declarados:- Anexo - R$ .00

José Bonifácio (PDT)

Bens declarados:- 1 Apartamento 204, RuaMajor Belegard, 47 - SãoBento , Cabo Frio/RJ- R$ 138.794.55- 1 Apartamento no EdVarandas do Sol , Rua JoãoPessoa s/n - Cabo Frio/RJ -R$ 138.794.55- CC Caixa EconômicaFederal Ag 0179 - CaboFrio - CC 13422-0

- R$ 7.264.32- CC Banco ITAU Agência. 6097 Conta 01968-8 - R$ 10.820.18- 1 Linha Telefônica (22) 26436884 -R$ 1.000.00- 1 Loja na Rua Jonas Garcia, 17 - Herança 1948- R$ 208.191.83- 1 Moto Honda NX200 adquirida em 1995- R$ 6.857.76- 1 Terreno Lote 4B, QD 4, Portinho - CaboFrio/RJ- R$ 27.758.90Total : R$ 539.482,09

A Justiça Eleitoral

está atenta e vai

investigar cada caso,

não é possível que

um candidato

declare zero de

patrimônio ou que vá

gastar apenas R$ 1

real na campanhaAntônio Jayme Boente,

corregedor regional eleitoral doTRE-RJ.

Estou

acostumado a fazer

campanha sem

dinheiro. Para mim

não muda nadaPaulo César da Guia.

Não vou gastar

mais do que 300 mil

nessa campanhaAlair Correa

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CIDADE, Agosto de 2006

te palestra na sede Associação Brasileirade Imprensa (ABI).

Caixa 2 é inevitável,

diz líder do PT

Depois de tantos escandalos envol-vendo propinas e caixa dois em campanha,as novas regras para as eleições de 2006têm por objetivo total transparência comos gastos de campanhas. Entretanto, TarsoGenro, o homem forte do governo Lula,ministro das Relações Institucionais e Ar-ticulação Política, disse, em entrevista arevista Isto É que o caixa 2 é inevitável.

“Você chega a uma cidade e lá tem umjantar de campanha, cobra-se por ele de-terminado valor e o troco da despesa é usa-do para gasolina do candidato a deputado.Isso é uma ilegalidade. Ilegalidades que es-tão embutidas no modo por meio do qualse organizou o sistema político brasileiro eatravés do qual se realizam as eleições”,disse.

O professor Marcos Cintra Cavalcantide Albuquerque, doutor pela Universida-de de Harvard, vice-presidente e professortitular da Fundação Getúlio Vargas, apon-ta que acabar com o caixa 2 não é tão difícil.Segundo artigo publicado no sitewww.portalbrasil.net, não há interesse dospolíticos em acabar com o caixa 2.

A solução do problema do caixa dois émais simples do que parece, escreve o pro-fessor. Não envolve mudanças pontuais,

Alair Correa (PMDB)

- 124.000 Quotas daEmpresa Dimas Emp ePart, Ltda - R$ 12.400.00- Benfeitorias realizadas nasterras do sítio Dois Irmãos -R$ 450.000.00- 1 Casa residencial na RuaGovernador Valadares, 178 -São Cristóvão - Cabo Frio/RJ - R$ 55.511.11- 1 Casa residencial na RuaCasimiro de Abreu, 521 ,

Centro - Cabo Frio/RJ - R$ 201.686.00- Àrea de terra com 5 alqueires - R$ 35.000.00- Fraçao de terreno na Av Nilo Peçanha, 538 -Cabo Frio/RJ - R$ 278.410.00Total declarado: R$ 1.033.007,11

Ramison Lopes (PSC)

Bens declarados:- Nenhum bem a declararR$ .00

Janio Mendes ( PDT)

Bens declarados- 1 automovel Fiat 05/06 -R$ 24.687.78- Venda do Automóvel FiatSiena 00/03 para PauloCesar F Costa - R$26.706.08Total: R$ 51.393,86

Marquinhos da Trecus

(PSB)

Bens declarados- 1 Apto 305 - Ed Malibu I,Rua Teixeira e Souza - CaboFrio/RJ - R$ 29.644.25- Consórcio de Automóveisdo Banco do Brasil - R$5.416.56Total: R$ 35.060,81

Fred Kohler ( PMDB)

Bens declarados:- Fundo de previdenciaprivada banco real - R$350.000.00- Plano de previdenciaprivada banco itaú - R$250.000.00Total: R$ 600.000,00

Dez anos da urna eletrônica

burocratizantes, como propõe o TSE. Elatem que ser sistêmica. E pode ser bastantesimples.

A alternativa para acabar definitivamen-te com o caixa dois se resume a exigir doscandidatos a abertura de uma conta ban-cária conjunta, cujos titulares seriam o can-didato e o próprio TSE. Pagamentos de cam-panha só poderão ser feitos mediante mo-vimentação dessa conta única. Com isso,qualquer movimentação financeira pode-ria ser acompanhada pelo órgão eleitoral aqualquer momento. Todo pagamento a for-necedor ou prestador de serviço nas cam-panhas eleitorais será acompanhado de uma“filipeta” comprovando o recebimento dosrecursos via conta única e emitida pelo pró-prio banco em que a conta é movimentada.

A fiscalização de campanhas se resu-mirá, assim, a exigir de qualquer fornece-dor ou prestador de serviço a exibição darespectiva “filipeta”. Sem ela, o candidato-cliente perderá sumariamente seu registroeleitoral. Exibida a “filipeta”, o TSE poderácomprovar sua validade consultando aconta bancária e o número do pagamentoque saiu da conta bancária da qual é co-titular.

As formas de liquidação dos pagamen-tos seriam as usualmente utilizadas porqualquer correntista, isto é, por meio decheque ou transferência via DOC ou TED.Nada de novo. Tudo exatamente comoocorre hoje em qualquer conta conjunta.

A votação eletrônica no Brasil completa dez anos nas eleições de outubro. Aurna eletrônica foi utilizada pela primeira vez nas eleições municipais de 1996, nosmunicípios com mais de 200 mil eleitores, atingindo cerca de 33 milhões de eleitores.

Uma década depois, a expectativa é de que quase 126 milhões de eleitores utili-zem a urna eletrônica para votar nas próximas eleições de outubro. Para as eleiçõesdeste ano, o TSE adquiriu um novo lote de 25.538 urnas.

Fonte: TRE/RJ - Divulgação de Dados de Candidatoswww.tre-rj.gov.br

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R e g i ã o

Mar

coni

Cas

tro

cão é o melhor amigo do homem, dizo ditado. O problema é que nem sem-pre o homem torna-se o melhor ami-

go do cachorro, ou de qualquer outro ani-mal. E é aí que um grupo de amigos de vá-rias cidades da Região dos Lagos entra emação. Eles não possuem associação, sede,nem mesmo um estatuto ou algo parecido.A única ferramenta de trabalho é o amorpelos animais e uma dedicação incondicio-nal que faz com que desde 2001, eles lutematé mesmo que seja na Justiça, para garan-tir condições saudáveis de vida para vári-os tipos de bichinhos.

Entre esses amantes dos animais, estáo arquiteto Mário Paulo Tiengo Goldstein.Ele mora em São Pedro da Aldeia, e divideseu espaço com nada mais, nada menos,que 28 cães e três gatos. Todos encontra-dos nas ruas e que encontraram no quintaldo arquiteto um “lar, doce lar”.

Assim como Mário, muitas pessoas daregião se dedicam ao recolhimento de ani-

mais abandonados: cães, gatos, periquitos,papagaios, preás, etc.

- Em Iguaba existe uma senhora que cui-da de 20 cães e 130 gatos – comentou.

E nem sempre esses abnegados pos-suem condições financeiras para mantertantos animais em casa.

- Somos um grupo de amigos que gos-ta de cuidar de animais, mas não aceitamosnenhum tipo de doação em dinheiro paramantê-los. Recebemos ajuda de pessoasque compram ração, remédios e outros ma-teriais e nos doam, para que possamos tra-tar desses animais e colocarmos cada umdeles, com saúde, disponível para adoção– explicou Mário, dando como exemplo dededicação Élcio de Aquino, morador dobairro Jardim Caiçara, em Cabo Frio.

- Ele é uma pessoa culta, que teve umavida confortável, mas perdeu tudo o quetinha. Mora num terreno emprestado, a casaé um barraco enfeitado com objetos queele cata do lixo. Mal tem o que comer, emuitas vezes deixa de se alimentar para darcomida aos animais que cria (cerca de 20cães, gatos, periquitos e preás que foramabandonados pelos seus donos). É umhomem bom, que vem recebendo ajuda demuitas pessoas da região. Chamamos acasa dele de “Paraíso dos Animais”.

Ao todo o grupo conta com cerca de 50pessoas, que se reúnem todos os sábados,às 16 horas, no quiosque da lanchoneteBob’s, no Boulevard Canal, em Cabo Frio.

- Nosso grupo é aberto a qualquer pes-

Amigo dos

animais

Cristiane Zotich

O

soa que queira participar. Basta compare-cer nas reuniões para ser bem-vindo – co-mentou Mário, que coloca os telefones (22)2621-2955 e (22) 9963-9963 à disposição dequem desejar adotar animaizinhos de esti-mação.

Cabo Frio terá Canil

Municipal

Em Cabo Frio o governo municipalanuncia para breve a inaugurar um CanilMunicipal na Fazenda Campos Novos, lo-calizada no 2º Distrito do município. O lo-cal será administrado pela secretaria deAgricultura do muncípio. A obra já está emfase final de construção, faltando apenasalguns detalhes.

O novo canil terá capacidade para abri-gar cerca de 50 cachorros, oferecendo aosanimais assistência veterinária que incluisala de cirurgia, castração, alimentação evacinação. Haverá ainda disponível um cre-matório e um cemitério no local. O canil aser inaugurado vai substituir o anterior,também localizado na Fazenda CamposNovos, que sempre abrigou os cães reco-lhidos nas ruas de Cabo Frio.

Ao todo são 600 m² de área construída.A obra está orçada em R$ 200 mil.

Legislação

A governadora Rosinha Matheus san-sionou Lei que estabelece regras para a pos-se e criação de cães e gatos no Estado doRio de Janeiro. A Lei trata das condiçõesadequadas para mantê-los, alimentação, as-sistência veterinária e procriação sem in-tervalo.

O não cumprimento da lei pode ocasio-nar multas que variam de 20 a 100 Ufirs,dependendo do artigo desrespeitado. Emcaso de reincidência, a multa é acrescidade 20%.

A Associação Protetora dos AnimaisSão Francisco de Assis, de Búzios, será aresponsável por fiscalizar o comprimentoda Lei no balneário. Atualmente a entidadeabriga cães e gatos vítimas de violência eabandono. Eles são recolhidos nas ruas elevados para uma clínica veterinária, ondesão medicados, castrados e higienizados.

Para sustentar os animais a associaçãomantém um bazar beneficente, que recebedoações através de uma conta bancária noBanco do Brasil, agência 1592-X, contacorrente 11.602-5. Todo domingo a feira dedoações é realizada na Praça SantosDumont, das 11 às 16 horas.

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Agosto, mês de cães danados!

Agosto de desgosto, decães danados, de azares quecrédulos e incrédulos mantêmvivos no inconsciente coleti-vo. Coincidência ou não, a his-tória está marcada de fatossombrios, quando não trági-cos, ocorridos neste mês.

A origem pode estar emcerto episódio ocorrido naEuropa em 1305, quandoFelipe, o Belo, então Rei daFrança, quis atrair os Cava-leiros Templários e os Hos-pitalários para o seu projetode poder, e não obtendo su-cesso deu cabo à destruição

das Ordens. Em 13 de agostode 1314 (sexta-feira!), os sinosda Catedral de Notre Dame to-caram ao anoitecer para anun-ciar a fogueira que queimariaJacques DeMolay e outros Ca-valeiros, por determinação dacomissão especial nomeadapelo Papa Clemente V. A maldi-ção medieval bradada porDeMolay contra a injustiça fa-ria o desgosto ecoar atravésdos séculos.

Demais casos de desgraças,perseguições sangrentas oupestes disseminariam a crençade que não devemos esperarbonança neste mês. Na Ingla-terra, França, Itália, Espanha e

Octávio Perelló

3 1

Portugal histórias de infortúni-os corriam a cavalo. E pode tervindo com os lusitanos para oBrasil a pecha de mês de azar,pois até entre os índios quepassaram a se guiar pelo calen-dário cristão surgiriam esquisi-tas lendas sobre o oitavo mêsdo ano. Certo decreto imperialautorizando o recolhimento eextermínio de cães danados queameaçavam a saúde pública,embora em vigor a partir de se-tembro, referia-se ao surto deraiva no mês anterior.

Referências à lenda tambémsão alimentadas pela literatura.Sobram citações em Machadode Assis, Lima Barreto, Aluísio

Azevedo e tantos outros. Oescritor Moacyr Scliar deu aum de seus romances premi-ados o título Mês de Cães Da-nados. Poetas escreveram o-des à danação do mês. A his-tória ajudou não deixando alenda passar em brancas nu-vens. Tratou de torná-las cin-zentas sobre o mês que se fezde palco para o suicídio deGetúlio Vargas – que teve suaatmosfera sombria virulenta-mente bem captada em Agos-to, de Rubem Fonseca – epara a renúncia de Jânio Qua-dros, perpetuando o desgos-to de agosto em imagináriosuivos de cães danados.

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L i v r o s

Octávio Perelló

Doce ateu e comunista, não é o santo o foco do romance de Oscar Niemeyer, EAgora?, Editora Paz e Terra, 2003, 60 págs, capa e ilustrações do próprio autor. Coma simplicidade e a visão humanística que lhes são características o arquiteto ambientana São Pedro da Aldeia de três décadas atrás a história de um velho militante comunis-ta que revive suas memórias engendrando-as aos sonhos de jovens idealistas comquem convive. O personagem pode ter sido inspirado no filósofo Rolland Corbusier,que viveu muitos anos na cidade. Se ficção ou memórias divididas entre o escritor e oprotagonista, o leitor continuará questionando, mas com a garantia de ter comparti-lhado de singela aventura escrita pelo monstro sagrado da arquitetura. Com direito aoafago à memória aldeense.

Na década de 1980 foi editada com requintes gráficos uma obra que deveser considerada referência para o entendimento da cultura popular daregião dos lagos. Trata-se de Antônio de Gastão Pescador de Cabo Frio– O Artista Popular e Seu Meio, FUNARTE, Instituto Nacional do Fol-clore, 1989, 120 páginas de farto material textual e iconográfico, incluin-do um mapa da restinga desenhado por Carlos Diz e um vinil compactocom canções do pescador, pintor, escultor, construtor de miniaturas debarcos e exímio contador de histórias. Um artista popular completo queexerceu sua criatividade à altura do reconhecimento que obteve de pes-quisadores e produtores culturais de renome. Com obras espalhadas emvários acervos públicos e particulares dentro e fora da região, Antônio deGastão marcou uma época de intensa produção artística em Cabo Frio.

Definindo-se como um extemporâneo neo-romântico exposto às flechadas da história oficial, a qual classifica como velha damamui digna sujeita aos retoques da nossa indignação, o escritor Antônio Torres traça um dos mais incisivos paralelos entre aficção e a História em Meu Querido Canibal, Editora Record, 2004, 5ª. Edição, 192 páginas de um fascinante road-movie, nadefinição metafórica do cineasta Nelson Pereira dos Santos. O romance tem como personagem principal Cunhambebe, o supre-mo chefe indígena tupinambá que reinava na Baía de Angra dos Reis e estendia seus domínios de Bertioga (SP) a Cabo Frio (RJ),liderando tribos aliadas durante a Confederação dos Tamoios, a união dos mais antigos da terra, considerada a maior organiza-ção indígena de resistência à invasão dos portugueses em toda a história do Brasil. Herdeiro confesso do sangue e fábulas deuns e outros, o autor reconstrói o encontro de portugueses e franceses com os indígenas no século XVI. E o faz à pena realística,sem nos privar do tom épico que requer a narrativa da aliança em defesa da terra, que perdurou por cerca de 12 anos e contou coma participação dos tupinambás de Cabo Frio. Das particularidades que tocam à história da região ao longo de cinco honrosaspáginas do romance, a Guerra de Cabo Frio, triste episódio da Confederação, e certa viagem, em 1511, em que a nau Bretoa partiuda cidade levando para Portugal 36 índios escravizados.

O Querido Canibal que dominava nosso litoral

O artista popular e seu meio

Romance de Niemeyer rememora São Pedro

3 5CIDADE, Outubro de 2005

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a “ordem do dia” da reciclagem e deuma eminente crise planetária tendocomo foco a água, surge na Região

dos Lagos uma idéia que, se não chega aser novidade absoluta, é uma luz no fim dotúnel para dois graves problemas domésti-cos: a poluição da Lagoa de Araruama e odesperdício. Trata-se de um projeto capi-taneado pela concessionária Prolagos, ba-tizado de “Reuso da Água”.

O projeto piloto vem sendo desenvol-vimento na Estação de Tratamento de São

M e i o A m b i e n t e

N

Pedro da Aldeia, e consiste em reutilizar oefluente da mesma, transformando-o emágua não potável, mas perfeitamente utili-zável em serviços como rega de jardim, la-vagem de ruas e praças, construção civil eoutros, não servindo, de forma nenhuma,para o consumo humano.

Por enquanto, apenas os organizadoresdo Campeonato Estadual de Motocross,na etapa ocorrida em São Pedro da Aldeiano mês de maio, e a prefeitura daquela ci-dade recorreram à Prolagos pelo serviço,que nesta fase experimental, não está sen-do cobrado.

- Ainda estamos na fase de divulgação

e análise do projeto, que tem tudo para darcerto. Quando estiver engrenado, ele serácobrado, pois tem um custo que envolveestudos constantes da qualidade da água,transporte, reservatórios e outros – expli-cou Sueli Oliveira, gerente de esgotos daconcessionária, afirmando que, em plenofuncionamento, o reuso fornecerá 600 ca-minhões-pipa por dia aos clientes interes-sados.

Sueli explica que, por enquanto, ape-nas a Estação de Tratamento de São Pedroda Aldeia possui as características neces-sárias para o reuso, visto que as de CaboFrio e Búzios fazem apenas o tratamento

Renato Silveira

Água recicladaProjeto piloto de reuso das águas dos efluentes das Estações deTratamento de Esgoto começa a ser testado em São Pedro da Aldeia

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Estação de Tratamento de Esgoto

de São Pedro da Aldeia

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primário do esgoto. A de Iguaba Grandeainda não está em funcionamento.

- Isto não significa que elas não pos-sam entrar no projeto, apenas que o reusodos efluentes das mesmas não podem serutilizados em algumas funções, como o deSão Pedro da Aldeia, que faz tratamentoterciário e praticamente elimina os metaispesados da água – disse.

Iguaba podera fazer reuso

da água

A Estação de Tratamento de IguabaGrande também funcionará de formaterciária, e provavelmente terá boa quali-dade na água de reuso. Mas entraves bu-rocráticos envolvendo a Agência Nacio-nal de Saneamento e a SuperintendênciaEstadual de Rios e Lagoas – Serla – impe-diram, até agora, o pleno funcionamentoda mesma.

- Está praticamente tudo pronto, masestamos esperando a licença dos órgãosambientais para colocar aquela estação emfuncionamento. De qualquer forma, mes-mo fazendo o tratamento terciário, não dápra ter certeza sobre a qualidade da águade reuso ali, pois há também a questão dasalinidade, que se for alta, também limita autilização – explicou Suely.

A Prefeitura de Iguaba Grande confir-ma a paralisação das obras em função dasexigências da Serla, e diz que não concor-da com o local de despejo programado pelaconcessionária: as imediações do quios-que Popeye, um dos pontos mais badala-dos do verão iguabense.

- Quem solicitou as exigências à Serlafomos nós, porque todas as estações daregião foram feitas sem estes estudos. Aprevisão é que a nossa esteja em funciona-mento neste segundo semestre, após umajuste de conduta no Ministério Público,mas temos modificações a fazer no projeto.A idéia é transferir o despejo da lagoa parao Rio Una, na Zona Rural do município –conta Waldemir Pereira, diretor de MeioAmbiente de Iguaba.

Segundo Waldemir, o investimento a serfeito pela Prolagos, no valor de R$ 560 mil,seriam repassados ao município, que fariatoda a obra necessária para que os efluenteschegassem à zona rural, com a vantagemde ajudar na perenização do rio.

- A água de esgoto, mesmo tratada, nãopode mais ser jogada na lagoa, e não have-ria grandes impactos ambientais se jogás-semos no Rio Una, que vem sofrendo um

processo de desgaste e até seria recom-posto com essa nova água – acreditaWaldemir.

Lagoa está no limite

Para o biólogo e extensionista rural daEmater, Dimas Tadeu, a conclusão de que alagoa não suporta mais receber efluentesestranhos ao seu ecossistema é recente, etem o aval de entidades influentes, como oConsórcio Ambiental Lagos São João.

- A quantidade de água doce, mesmo tra-tada, jogada na lagoa pelas estações de tra-tamento, provoca desequilíbrio. A situaçãopiora quando sabemos que junto com a águadoce, vêm alguns metais pesados, como fós-foro, enxofre e nitrogênio - lamenta.

O biólogo diz ser um incentivador doreuso da água recém-implantado pelaProlagos, e que a zona rural pode ser bene-ficiada através de um processo de irriga-ção, mas que, para isso acontecer, é neces-sário que haja o interesse dos produtoresrurais.

- Cabe a nós da Emater indicar os cami-nhos, mas o custo tem de ser bancado peloprodutor. Temos de ter atenção também aoaspecto da análise desta água, pois para oplantio, os metais pesados, se presentesem quantidade muito grande, são prejudi-ciais, assim como o sal - afirmou.

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Ascom/Prolagos

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Reuso da água em evento

em São Pedro

Abastecimento de

água reciclada

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T u r i s m o

pesar de ser o turismo a atividadeque gera o maior movimento na eco-nomia local, um fator causa preocu-

pação nos setores que vivem do turismo: afalta de divulgação, com antecedência ne-cessária, dos eventos programados tantopara a baixa quanto para a alta temporada.Arraial do Cabo e Búzios são bons exem-plos disso. O município cabista, emboratenha um calendário definido, não podedivulgar os eventos com antecedência por-que, segundo o secretário de TurismoValter Lúcio, “não sabemos se existirá ver-ba suficiente para realizar o que está pro-gramado”. Já no município buziano, até odia 10 de julho, ainda não havia sido fecha-do o calendário de eventos deste segundosemestre.

- Isso aqui é uma piada. A Álcalis estána eminência de ser desativada. A cidadenão oferece nada aos moradores nem aosturistas. Quem não quiser ir pra Cabo Frio,não tem o que fazer aqui. Arraial do Cabosó tem praia, e se chover, o turista cancelaa reserva e vai embora. Estamos entreguesàs moscas. Isso aqui virou uma cidade fan-tasma. Vivemos apenas em dezembro, ja-neiro e fevereiro. No resto do ano sobrevi-vemos daquilo que ganhamos no verão.Hoje tenho apenas quatro funcionários, enão poderei mantê-los por muito tempoporque não está entrando dinheiro. E nãoentra dinheiro porque a cidade não tem umcalendário de eventos – comentou MarliRosas Viana, proprietária do Hotel PraiaGrande, em Arraial do Cabo.

Cabo Frio e São Pedro saem

na frente

Ao contrário de Arraial do Cabo e Ar-mação dos Búzios, Cabo Frio e São Pedroda Aldeia já trabalham o calendário deeventos do segundo semestre, na regiãoe também fora dela. Em Cabo Frio, porexemplo, desde o ano passado a prefeitu-

nheiro, esses turistas movimentam na ci-dade. Mas certamente é um valor alto –garantiu Paula, lembrando que, para isso,“o trabalho de divulgação é intensificadoum mês antes dos eventos”.

ra vem trabalhando na divulgação da IIFesta Portuguesa, confirmada para o mêsde outubro.

- Foi um dos eventos de maior sucessono ano passado, e é a nossa grande expec-tativa para este ano, comentou o Secretá-rio de Turismo Gustavo Beranger, lembran-do ainda que a prefeitura programou umasérie de eventos náuticos, além de um Fes-tival Nordestino e a Feira da Moda Praia,em agosto, além do tradicional Encontrode Corais, em setembro.

Em São Pedro da Aldeia a subsecretá-ria de Turismo Paula Rascão lembrou quemuitos eventos na área de esporte estãoprogramados para este segundo semestre,como o campeonato de Futebol Amador eo Campeonato Municipal de Futebol dePraia:

- Mas também teremos o Rodeio Showe o Encontro de Motos, em setembro; acomemoração do Dia das Crianças, em ou-tubro, e nossa festa de emancipação políti-co administrativa em dezembro.

Turismo é a maior fonte

de renda

Em Cabo Frio, o secretário Gustavo Be-ranger confirmou que o turismo é mesmo amaior fonte geradora de renda da cidade:

- Só em ICMS, a previsão é de que esteano a gente arrecade cerca de R$ 100 mi-lhões com o movimento do comércio porconta do turismo.

Segundo dados da Secretaria de Fazen-da de Cabo Frio, nos últimos seis meses amaior arrecadação de ICMS foi registradaem Janeiro (R$ 3.958.369,00) por conta doverão. Nos meses seguintes a menor arre-cadação foi em junho (R$ 2.819.636,00), e amaior em março (R$ 3.763.862,00).

Em São Pedro da Aldeia, os eventos,segundo a subsecretária, costumam reunirum público entre 10 e 20 mil pessoas.

Infelizmente ainda não existe uma pes-quisa precisa que nos diga quanto, em di-

Cristiane Zotich

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A Força dos

Calendários

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Motocross em São Pedro da Aldeia

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Entre as atrações que mais captam pú-blico, a subsecretária de Turismo de SãoPedro da Aldeia citou os campeonatos es-portivos e o Encontro de Motos.

- Temos eventos bastante diferencia-

dos, mas acreditamos que esses dois sãoos eventos que mais atraem pessoas parase hospedar na nossa rede hoteleira e usu-fruir de nossos restaurantes e do comérciolocal em geral.

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Carros antigos

em Cabo Frio

Festival de Camarão.

Evento obrigatório ganha força

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As roupas pretas de couro; o gostopela liberdade e pelo rock’n roll.Tudo isso deu aos motociclistas,durante muito tempo, o rótulo de“selvagens”. O estigma, no entanto,está longe da realidade, onde oclima é de união e fraternidadedentro e fora das pistas.

Simone Mendonça / Fotos: Marconi Castro e Ricardo Valle

Apaixão pela máquina – e pelo prazer que ela proporciona – éo primeiro ponto em comum entre os motociclistas. No en-tanto, a maior das afinidades está no grande espírito de

companheirismo e de solidariedade que os une, muitas vezes for-mando grupos, os chamados motoclubes (MCs), onde cada ação,ao contrário do que possa parecer, é levada muito a sério.

MC Tubarões de Cabo Frio

Paulo Manfredini (Friburgo/RJ)

45 anos de estrada

MC Rota dos Ventos

São Pedro da Aldeia

MC Irmandade do Dragão

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Os grupos costumam se reunirem encontros promovidos pelosmotoclubes espalhados em todo o

país. Nos eventos, muitos shows derock, onde se ouvem clássicos como

“Born to be wild”, que virou o hino da clas-se. Em Cabo Frio, no mês passado, mais de130 mil pessoas compareceram ao XI En-contro Nacional de Motociclismo, com aparticipação de 800 MCs de todas as par-tes do Brasil.

“Cada encontro é uma oportunidade deunir amigos e trocar idéias sobre as novi-dades do motociclismo. É também um gran-de aprendizado de humildade, onde a gen-te tenta buscar em cada pessoa um grandeamigo”, diz Augusto de Aquino, presiden-te do MC Tubarões, de Cabo Frio.

Motociclistas sim,

motoqueiros não

Extremamente organizados, os motoclu-bes estabelecem regras rígidas de compor-tamento dentro e fora das pistas. Daí nas-ce uma distinção entre os que respeitam eos que burlam a etiqueta estabelecida.“Motociclistas são aqueles que respeitamas normas de trânsito e usam a moto comomeio de transporte. Já os motoqueiros sãoos sem-lei”, define Augusto. O presidentedo MC Irmandade do Dragão, ÁlvaroDragon, reitera a opinião do colega: “Mo-tociclista utiliza o veículo de maneira res-ponsável, o motoqueiro é aquele que cau-sa baderna”.

Fraternidade sobre rodas

O visual arrojado, com roupas pretas,de couro, carregadas de acessórios, nadatem a ver com rebeldia, mas com funciona-lidade. “As roupas pretas não sujam, e ocouro, além de isolante térmico, protege ocorpo nas eventuais quedas”, explica K2,integrante do MC Gladiadores.

Por trás dessa imagem agressiva, há umcomportamento dócil, que prima pelafraternidade. “O motociclismo é mais queum estilo de vida. É um conceito de igual-dade e de irmandade que se prega”, dizFernando Jaguar, integrante do MC Jaguardo Asfalto, de Rio das Ostras. E foi esseconceito que o atraiu para o grupo. “Quan-do fui morar em Macaé, me senti muito so-zinho. Até que conheci o grupo e fui con-quistado pelo clima de amizade, confrater-nização e segurança. No grupo, todo mun-do é igual e esse espírito de equivalência

não se encontra em qualquer lugar”, com-pleta Jaguar, que viaja uma média de 2 milKm por mês.

Os mesmos motivos seduziram o nova-to Alex do Santos, presidente do recém-criado moto-grupo Rota dos Ventos, de SãoPedro da Aldeia. “Nesse meio, não há dis-tinção de cor, raça ou posição social. É re-almente uma irmandade, onde você exercea compaixão, a solidariedade e tem vonta-de de acolher os amigos; valores que infe-lizmente não são comuns na sociedade atu-al”, conta.

Num clima tão familiar, é comum que osencontros transcorram sem brigas. “É raroacontecer, mas quando há confusão noseventos, geralmente não é causada por in-tegrantes de motoclubes, mas por pessoasque não são do ambiente”, observa Álva-ro Dragon. Segundo ele, quando há mal-entendidos entre grupos, cada membro sedirige ao seu respectivo presidente até che-gar a um consenso. Mas sem conflitos. “Oimportante é ter respeito”, conclui.

Ações Sociais

Mas o clima de solidariedade não ficasó entre eles. Muitos grupos promovemações filantrópicas. “Se Deus nos deu aoportunidade de ter esses veículos e deviajar, é justo que façamos algo para retri-buir”, diz Álvaro, cujo grupo arrecada ali-mentos para doação a entidades carentes.

Com menos de um ano de existência, oMC Rota dos Ventos já está desenvolven-do um trabalho de ordem social. Primeiro,reproduzindo na comunidade local os con-ceitos aprendidos com os companheirosde outros MCs. “Queremos influenciarpositivamente nossa comunidade, como,por exemplo, mostrar para a garotada a im-portância de respeitar as normas de trânsi-to. Depois, vamos praticar a cidadania an-gariando alimentos para quem necessita”,explica Alex.

Transformações

Se, por um lado, é fácil dizer que o moto-ciclismo é fantástico, difícil é explicar oporquê. “Viajar de moto é uma experiênciainenarrável. Você só vai entender quandoexperimentar”, assegura Jaguar. “O fato éque o motociclismo nos muda para melhor.Nesse ambiente, perdi a timidez e a insegu-rança. Costumo dizer que cada quilômetrorodado é um desprendimento do ego. Vocêdeixa de ser só para viver o coletivo”, con-clui Alex.

C o m p o r t a m e n t o

Augusto de

Aquino residente

do MC Tubarões

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CIDADE, Agosto de 2006

riada com o objetivo, fundamental-mente, de preservar a comunidadepesqueira local, a Reserva acabou se

tornando foco de discussões dos setorescomerciais e turísticos da cidade, além decontrapontos entre os criadores da Unida-de de Conservação e aqueles que a admi-nistram atualmente.

A Reserva foi instituída em 1997, se-gundo Decreto Federal de seis de janeirodaquele ano. Entretanto, as primeiras dis-cussões sobre a possível criação de umaReserva em Arraial começaram em 1984,

quando biólogos do IBAMA tentaram im-plantar no município uma zona de prote-ção para a pesca artesanal, conforme expli-ca um dos criadores da Reserva MarinhaExtrativista, o analista ambiental, Fábio Fa-biano. Segundo ele, os conceitos foramamadurecendo com o tempo e, em 1992, aidéia foi incorporada pelo IBAMA, nascen-do assim o Centro Nacional de Desenvol-vimento Sustentável das Populações Tra-dicionais (CNPT).

- A Reserva não foi criada para fins po-líticos, como afirmam alguns que não con-cordam com o projeto. Ela foi criada por-que houve um interesse da população lo-

cal e do prefeito da época, David Dutra,que se ocupou dos tramites legais paraviabilizá-la. – explicou ele.

Segundo Fábio Fabiano, representan-tes de diversos segmentos da sociedade eOrganizações Não-Governamentais(ONGs) apoiaram o projeto, na época, assi-nando o termo de criação. O conflito queexiste hoje, principalmente, com as Opera-doras de Mergulho que acusam a Reservade estagnar a economia do município, porcausa da restrição das áreas utilizadas paraa atividade, explica, não podem ser toma-dos como parâmetros para rever qualquernorma da Reserva, já que, para ele, os gan-

Reserva

de polêmicas

Perto de completar 10 anos de criação, a Reserva Marinha Extrativistade Arraial do Cabo é uma Unidade de Conservação de Uso Sustentávelmarcada por críticas e polêmicas envolvendo diversos segmentos dapopulação cabista, analistas ambientais e até mesmo a Marinha do Brasil

Vanessa Campos

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Arraial do Cabo/RJ

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A r r a i a l d o C a b o

hos que o município obteve com a criaçãoda Reserva são inesgotáveis:

- São 56 mil hectares marinhos protegi-dos, preservando uma enorme quantidadede corais, além das mais de 65 espécies depeixes comerciais que chegam até Arraialdo Cabo por meio de uma corrente marinhaoriunda das Malvinas. Hoje, uma Unidadede Conservação como esta é a forma maismoderna de se tentar preservar alguma coi-sa. Para os pescadores, é um espaço paramanterem viva a pesca artesanal, que osíndios já realizavam ali há mais de 300 anos.

Para o administrador atual da Reserva,o analista ambiental do IBAMA, MarcusMachado Gomes, o propósito é que nãohaja domínio de nenhum setor, e que todosdialoguem em condições de eqüidade.

- No entanto, não podemos negar queos pescadores que compõem o setor dapesca de pequena escala constituem o fo-co de nossas políticas. Este é o segmentomais antigo de Arraial do Cabo, responsá-vel por uma parcela importante da econo-mia da cidade e portador de conhecimen-tos tradicionais sobre o ambiente marinho.

Marcus afirma, entretanto, que a Re-serva passa, atualmente, por uma transi-ção administrativa. Hoje, garante, não émais o IBAMA o principal órgão gestor daUnidade.

- Hoje, estamos vivendo a construçãodo Conselho Deliberativo, presidido peloIBAMA sim, mas que conta com a partici-pação de diversas entidades civis e tam-bém de órgãos públicos, inclusive a Mari-nha. – explicou ele, referindo-se à normavigente na Lei do SNUC (Sistema Nacionalde Unidades de Conservação da Nature-za), de julho de 2000, que determina que aReserva Extrativista deva ser gerida – apartir daquela data - por um ConselhoDeliberativo, constituído por representan-tes de órgãos públicos, de organizaçõesda sociedade civil e das populações tradi-cionais residentes na área.

Para Fábio Fabiano, a lei “distorce osinteresses dos pescadores”. Segundo ele,a partir do momento que outras entidades,que não sejam pesqueiras, passam a dirigira Reserva, a comunidade pesqueira perdea autonomia, podendo ameaçar a preser-vação da pesca artesanal – hoje, protegi-da, principalmente, pela proibição da pes-ca industrial a uma distancia de três milhasda costa e, segundo ele, também pela proi-bição do mergulho noturno.

O atual administrador da Reserva dis-corda.

- O Conselho Deliberativo é fruto demuitos debates e negociações, mas o setorcomercial será contemplado. As associa-ções de pousadas e de operadoras de mer-gulho, além da Associação Comercial dacidade, estão participando do processo deconstrução do Conselho e deverão partici-par também da gestão da RESEXMAR deArraial do Cabo.

As ações da Marinha do Brasil tambémestão sob pontos de vista diferentes. En-

quanto que para o criador da Reserva, aMarinha não respeita o regimento da lei,para Marcus Gomes, a atuação das ForçasArmadas em área legalmente protegida ser-ve como apoio as atividades:

- A Marinha não respeita as leis brasi-leiras. Por exemplo, a Lei do SNUC determi-na que se crie uma Carta Náutica, por meioda qual se oficializam as coordenadas geo-gráficas da Unidade de Conservação, sóque a Marinha nunca tirou isso do papel.Além disso, há o fato de que os navios deguerra usados para exercícios da Marinha,dentro da área da Reserva, são altamente

poluentes, pois vazam óleo indiscrimina-damente – defende Fábio Fabiano.

- A Marinha, por meio do Instituto deEstudos do Mar Almirante Paulo Moreira(IEAPM), é grande produtora de conheci-mento científico a respeito da Reserva e daregião. Além disso, a Capitania dos Portosé parceira no que diz respeito à fiscalizaçãoda pesca e das embarcações. Daí a impor-tância de sua contribuição à gestão da Re-serva. Quanto ao derramamento de óleo,

as plataformas que entraram na Reserva ofizeram para fins de manutenção, operaçãobastante rara nos últimos anos.

Comerciantes garantem:

Reserva estagnou economia

de Arraial do Cabo

Conhecida como a “capital do mergu-lho” – sendo, inclusive, apontada como umdos melhores pontos de mergulhosubaquático da América do Sul – a cidadede Arraial do Cabo vive hoje um dilema:com a criação da Reserva, vários pon-

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Ricardo Valle Marconi Castro

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Biólogo Fábio Fabiano Marcus Machado Gomes

Administrador da Reserva

Paulo Lopes

Operadora

PL Diver e

Pousada Suiá

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tos para a prática da atividade foram proi-bidos, por estarem na área da Unidade –entre eles, Pedra Vermelha e Maramutá -além de ter sido vetado o mergulho notur-no, considerado pelos especialistas comoum dos mais procurados pelos turistas.Segundo os comerciantes, especialmenteos proprietários de Operadoras de Mergu-lho, a Reserva veio com apenas um fim:beneficiar um único segmento, o dos pes-cadores:

- Estou em Arraial há 15 anos. Possogarantir que foi o único local do mundoque teve o mergulho proibido. Por contadisso, tive, ao longo desses anos, uma di-minuição drástica na procura pelos cursosde mergulho. Houve, de uns três anos paracá, quando foi instituída a proibição, umaqueda de 50% no movimento. – garante odono da Operadora Tubarão Rio, RicardoCoelho Gonçalves. Segundo ele, na épocada proibição do mergulho noturno, os tu-ristas ligavam perguntando se a atividadehavia sido banida de Arraial.

- Nunca houve espaço para as Opera-doras de Mergulho de Arraial votarem so-bre qualquer coisa ligada à Reserva. É umaquestão matemática e política: são 10 Ope-radoras contra milhares de pescadores eautoridades que os defendem – questio-nou o proprietário da Operadora PL Diver

e sócio da Pousada Suiá, Paulo Lopes.Segundo Paulo, a criação da Reserva

foi apoiada em uma realidade fantasiosa deArraial. A cidade foi apresentada aoIBAMA como um vilarejo de pescadores ea eles foi prometido um “paraíso para apesca”, explica o comerciante.

- O erro da criação da Reserva come-çou aí. O município é uma cidade pesquei-ra, mas não vive só dessa atividade. Naverdade, depende muito mais do Turismodo que da Pesca. Criou-se uma Unidade deConservação para favorecer os pescado-res, mas esqueceram que a cidade tem co-mércio, restaurantes, hotéis e outros seto-res que vivem, essencialmente, dos turis-tas que visitam a cidade por causa do mer-gulho.

Mesma opinião tem o proprietário daPousada Enseada das Orcas e presidenteda Associação de Turismo de Arraial doCabo (ATAC), Paulo Fernandes, que acre-dita que os pescadores têm direito a umalegislação que os defenda, mas com outraatuação.

- O mergulhador já não vem mais paracá. Agora que a Cia. Nacional da Álcalispraticamente acabou, o turismo é que podemovimentar a cidade. Entretanto, na Capi-tal do Mergulho, estamos de mãos atadas.– concluiu

Atuando há 26 anos na Região dosLagos, o analista ambiental, Fábio Fran-co da Costa Fabiano, assumiu, desde odia 3 de julho, em Brasília, o cargo decoordenador de Compensação Ambien-tal e Conservação de Multas junto aoInstituto Brasileiro do Meio Ambiente edos Recursos Naturais Renováveis(IBAMA).

Em Brasília, Fábio vai tentar a implan-tação de um projeto a nível nacional, to-mando por base a experiência como co-ordenador da criação da Reserva Extra-tivista Marinha de Arraial do Cabo. “Es-tou levando a proposta de um Plano Na-cional de Revitalização e Desenvolvi-mento Ambiental que poderá ser implan-tado em todas as reservas marinhas dopaís. Esse programa inclui normas paraarrecadação de taxas, criação de um fun-do social para gerir as Unidades de Con-

servação e ainda para a fiscalização dasmesmas”. O principal objetivo desse pla-no, o qual se pretende que vire lei, é evi-tar que todo o ônus proveniente do usosustentável das Unidades de Conserva-ção Ambiental fique retido nos cofres daUnião, podendo ser, enfim, transferidodefinitivamente para um conselho gestorque ficará responsável em cada Unidadepor arrecadar essas taxas, oriundas, porexemplo, das empresas que utilizam umaárea protegida legalmente para fins quecausem qualquer tipo de impacto am-biental.

- A idéia é que pelo menos 50% daarrecadação fiquem dentro da ReservaMarinha, assim como acontece hoje emArraial do Cabo - explica ele, acrescen-tando que esta é única Reserva Marinha,dentre as 36 existentes no país, que im-plantou esse tipo de arrecadação.

Analista Ambiental assume cargo em Brasília

A r r a i a l d o C a b o

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CIDADE, Agosto de 2006

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Mar

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N o s s a P r a i a

N

Cristiane Zotich

ão há nada melhor do que caminharpela orla de Cabo Frio. E, Se o pas-seio em questão for na Praia do Peró,

melhor ainda. Com sete quilômetros de ex-tensão (do morro do Vigia à pontadas Caravelas), a praia é uma dasmaiores do município.

Fora da temporada, é o local ide-al para quem gosta de sossego,pois é freqüentada apenas pelospróprios moradores do bairro epoucos turistas, sendo a maioriadeles petropolitanos. Agitação, sómesmo no alto verão. O local é tam-bém um point para os amantes dosurf. Com ondas constantes, nãoé raro encontrar os praticantes doesporte deslizando nas águasazuis, de transparência impressio-nante.

Lugar de beleza inigualável, a praia doPeró possui quiosques padronizados e orlaurbanizada com um extenso calçadão ondeas mamães podem passear com seus be-bês, e a garotada se divertir andando depatins, patinete, ou mesmo de bicicleta, à

P E R ÓMar azul, areia fina...

sombra de coqueiros, espalhados por todaa orla.

Enquanto a meninada curte o mar deareia fina, os pais podem ficam tranqüilos,saboreando as delícias oferecidas pelosmuitos quiosques. Tudo devidamenteacompanhado por uma cervejinha bem ge-

lada, caipirinhas e caipiríssimas especiais.Quem não quiser ficar nos quiosques,

tem, ainda, como opção, os restaurantesdas muitas pousadas localizadas à beiramar. Todos possuem cardápio variado epratos deliciosos.

E não é só isso. Também é nesta praia

que ficam as Dunas do Peró. Um imensomorro branco, de areias tão finas, que sómesmo vendo, ou tocando, para acreditar.E o melhor: carregadinho de pitangas. É aíque amantes de um outro esporte radical, osandboard (surf na areia em prancha feitade madeira), costumam se encontrar para

deslizar pelas encostas das dunasperfeitas.

Segundo estudos da Feema, apraia do Peró é a também a únicapraia do Brasil com índice de po-luição zero.

A temperatura da água é outracoisa que impressiona os freqüen-tadores do local: normalmente emtorno dos 22º. Talvez por isso apresença constante de pescadoresno local. De barco, ou mesmo decaniço, sentados na beira da água,lá estão eles, felizes, exibindo comotroféus anchovas, tainhas, bade-

jos, e outras espécies abundantes no lo-cal.

A praia fica bem perto do Centro da ci-dade, cerca de 10 minutos de carro. E, sevocê depende de ônibus, também não temproblema: ele o deixa, praticamente, na bei-ra do mar.

Orla bem estruturada

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Mar

coni

Cas

tro

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CIDADE, Agosto de 2006

R e s u m o

Cabo Frio espera fechar

R$ 2 milhões em negócios

na 2ª Feira de Moda Praia.

De 30 deagosto a 2desetembro,acontece a2ª Feira deModa Praia– “FashionBeach CaboFrio 2006 –quepromete reunir mais de 10 milvisitantes, movimentandonegócios na ordem de R$ 2milhões. O evento, que serárealizado em uma área de 3 milm² localizada em frente aoTeatro Municipal de Cabo Frio,terá duas apresentações diáriasde desfiles mostrando peças demais de 60 expositores jáconfirmados na Feira. A 2ª Fashion Beach Cabo Frio2006 é um evento promovidopela Associação Comercial eIndustrial da Rua dos Biquínis(ACIRB), Sebrae-RJ e RumoEvento, e tem o apoio daPrefeitura Municipal de CaboFrio, do Governo do Estado doRio de Janeiro e da Abravest.Os organizadores estãoinvestindo cerca de R$ 400 milno evento.

Pedágio mais caro

As tarifas básicas cobradasnos pedágios das rodoviasRJ124 e RJ116 estão maiscaros a partir de Agosto. Oreajuste é anual e estáprevisto nos contratos deconcessão das estradas.Na Via Lagos (RJ124), a tarifapassou de R$ 7,00, nos diasúteis, para R$ 7,50. Nosferiados e finais de semana deR$10,70 para R$ 11,50.Na Itaboraí-Friburgo (RJ116),a tarifa, que era de R$ 2,80,passou a ser de R$ 2,90. Aestrada tem quatro postos decobrança.

Cabo Frio anuncia

construção de Centro de

Convenções

Segundo anunciado pelaprefeitura, está previsto para2007 o início das obras deconstrução do primeiro Centrode Convenções de Cabo Frio,com capacidade para receberaté oito mil pessoas. Ocupandouma área total de 470 mil m² , naantiga Salina Apicu, dos quais150 mil m² serão usados naestrutura do Centro, o projetojá é considerado o segundomaior do Estado do Rio deJaneiro, atrás somente doRioCentro, localizado na Barrada Tijuca, com uma área totalde 571 mil m².O empreendimento prevê,ainda, a instalação de um hotelquatro estrelas e um parquepúblico. Está orçado em R$ 40milhões e deverá estar prontoem quatro anos com recursos aserem captados junto aoBanco Nacional deDesenvolvimento Econômico eSocial (BNDES).

Nova orla em Iguaba

Começaram as obras dereurbanização da orla deIguaba Grande. Segundo osecretário de Obras, SérgioPaladino, a nova orla deveráser entregue à população noprazo de quatro meses.Orçada em R$ 700 mil, a obraterá calçadão, ciclovia emcores diferentes erecomposição da faixa de areiacom o material retirado nadragagem do Canal Itajuru. Aprimeira fase concluirá 1.650metros, de um total de 3.050projetados.

Parada GLTB deixa as ruas

A segunda edição da Paradado Orgulho GLBT de CaboFrio/RJ terá formato diferentede todas as Paradasrealizadas no país e nomundo. Com o tema “Pelodireito de amar quem quiser”,a manifestação, este ano,acontecerá em um circuitooval, dentro do novo parquede eventos da cidade,afastado do centro e da praiado Forte. Uma estrutura serámontada para abrigar oencontro, nos moldes doseventos tradicionaisrealizados no local, comtendas, praça de alimentação,feira de moda, artesanato,pista de dança, além de palcopara apresentação de shows.O evento acontece entre osdias 05 e 10 de setembro e temem sua programação círculosde palestras, mostras devídeo, encontros de Ongs elançamentos de livros.

131 navios

Búzios receberá 131 escalasde navios na temporada 2006/2007, segundo o anúncio feitopela Agência Regional daCapitania dos Portos.Enquanto isso, a prefeituraanuncia a reforma e ampliaçãodo cais do centro da cidade.R$ 721 mil deverão serinvestidos na primeira etapa,com previsão de conclusão atempo de receber o primeironavio, programado para o dia12 do outubro.

HC de Arraial atende região

O Hospital Geral de Arraial doCabo passa a receberpacientes também dosmunicípios de Cabo Frio, SãoPedro da Aldeia e IguabaGrande. A Secretaria de Saúdedo município assinouconvênio com o GovernoFederal, e aderiu à Política deCirurgias Eletivas, passandoa realizar cirurgias de pequenae média complexidade. Orepasse da verba Federal é deR$ 2,25 por habitante/ano. Apopulação dos quatromunicípios atendidos totaliza277 mil pessoas. O repasse émensal e a primeira parcela jáchegou, no início de junho.Os pacientes desses quatromunicípios, que aguardam nafila para alguma cirurgiaeletiva devem procurar asecretaria de Saúde da cidadeonde vivem, para maisinformações. O convênio temduração de um ano.

Multi Ângela

Pelas ondas da Rádio CaboFrio AM, está no ar, de 9 às10 horas, todas as sextas-feiras, o programa BúziosHoje, tendo no comandoÂngela Barroso. Ex-presidente da Apae/Buzios ecolunista do Jornal PrimeiraHora, Ângela ainda encontratempo para se dedicar àpolítica. “Nos dias atuaistemos que ir em buscade horizontes maisesclarecedores, comcredibilidade, projetos epropostas confiáveis”, dizÂngela, que à frente doPSDB Mulher de Búzios,passa a se dedicar à tarefa depreparar uma candidata paraas próximas eleiçõesmunicipais no balneário.O PSDB de Búzios tem napresidência o empresárioClemente SilveiraMagalhães.

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Com apenas um ano de formação, abanda Stractus já participou deimportantes eventos musicais naRegião dos Lagos como, porexemplo, o II Fest Noise, no TeatroMunicipal de Cabo Frio e um encontrode bandas, transmitido ao vivo pelaTV Costa do Sol, que gerou granderepercussão para o grupo.A banda se formou a partir doencontro dos amigos Felipe Arruda(vocal), Renato Souto (guitarra evocal), Alex Barone (guitarra),Jonathan Soares (bateria e vocal) eVinícius Cardoso (baixo e vocal),todos moradores de São Pedro daAldeia.No repertório, pop e rock nacional einternacional dos anos 80 e daatualidade, além dos clássicos. Masa banda possui, também, umrepertório autoral, que fará parte doCD que já está em processo degravação.Com shows marcados até o final doano, a banda começa a viajar estemês para apresentações no circuitoRio - Niterói.

Stratus do rock

Felipe Arruda, Renato Souto, Alex Barone,

Jonathan Soares e Vinícius Cardoso.

M a r i n a M a s s a r iO P I N I Ã O

Desde a “Maria de Deus”até as Marias de ninguém,a mulher tem sido varri-da pelos ventos dedor, segregação ediscriminação porséculos e séculos.

À “Maria deDeus” foi dada umacoroa de estrelas, opoder a glória, mastambém foi dada a infi-nita dor de assistir, impoten-te, seu filho ser içado à uma cruzcom um cravo imenso em cada mãoe uma incrível coroa de espinhos cra-vada entre as mechas de seus cabe-los.

Desde então coube à cada Maria,o anonimato de uma luta desigual. Eelas saem rumo ao trabalho quando osol ainda dorme e os filhos já estãoacordados chorando por pão. E elassaem sem glória, coroa ou poder, comos filhos ainda tão jovens pendendona cruz, em busca do seu ganho decada dia.

Engolfada no mar de gente, notrem ou no ônibus, seu peito arfa, seuspés doem, suas mãos se agarram nasalças dos coletivos com medo de cair,enquanto ela segue sozinha e consci-ente de que é dela que vem o únicomeio de sobrevivência dos filhos tãopequenos ainda, e já marcados pelasdiferenças sociais.

E o medo do amanhã faz brotar osuor em seu rosto cansado. É um medotão grande e tão forte que ela tem aimpressão que poderia tocá-lo com asmãos se não tivesse que se segurarcom força para não cair.

Seu medo tem nomes e formas edesfilam diante dela no trem apinha-do.

Maria tem medo dos homens quese isentam da culpa de um filho. Temmedo da fome que ronda o cortiço. Tem

medo do assal-to no trem ou narua, Tem medo da po-lícia que bate primeiro epergunta depois. Tem medodo hospital onde o filho morreupor falta de médico. Tem medo do de-semprego e de ver seus meninos dearmas nas mãos.

Mesmo com todos esses medosela segue seu rumo como se coisa ne-nhuma pudesse deter sua força es-condida sob a capa milenar da fragili-dade, que ela transforma em garras afi-adas, e se lança de corpo inteiro naluta, para provar que o mundo é dela,dela e de mais ninguém. E a simplesMaria de cada ônibus, cada trem, cadabarraco ou cada esquina, coloca so-bre sua cabeça, a coroa de glória dasua coragem.

Poesia à mulher de hoje e de sempre

Ode a todas as Marias

Marina Massari

Estilista, Jornalista, Escritora eMissionária Leiga de formaçãoBeneditina.

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M ú s i c a

Div

ulga

ção

Criar um público pronto para enten-der e apreciar a cultura. Foi com essaidéia que, em 2003, a maestrina EdnaCarvalho começou a desenvolver, em Ar-raial do Cabo, um trabalho com músicae dança inicialmente direcionado paracrianças carentes. Entre as atividades,oficinas de violino, violão e balé, que aospoucos foram ganhando admiradores erevelando potenciais talentos.

A iniciativa, que nasceu modesta,ganhou expressão. Hoje, as oficinas

O fotógrafo e jornalista Carlos TDC, morador de Arraial do Cabo, pensou quea distância tinha furtado o diálogo entre ele e o filho, que mora no Rio com amãe. Até que viu na música um canal de reaproximação.“No Natal do ano passado, quando telefonei para ele, ouvi uma linda músicaao fundo e fiquei surpreso ao saber que era o meu filho tocando guitarra.Ficamos três horas ao telefone, com ele tocando e falando sobre música”,conta o jornalista.Foi apenas o primeiro sinal de aproximação. No mês seguinte, quando co-nheceu a oficina de violinos, iniciou logo as aulas, apostando numa oportuni-dade de trocar mais idéias com o adolescente.Com a ajuda da professora, Carlos está aprendendo um repertório voltadopara o gosto do filho. “Hoje, quando nos falamos ao telefone, tocamos umpara o outro e fazemos planos. Estamos mais próximos e mais amigos. Amúsica nos reaproximou”, diz o pai.

não atendem apenas crianças caren-tes, sendo procuradas por toda a co-munidade. Só nas aulas de música, hámais de 150 alunos. A faixa etária tam-bém se expandiu: há alunos de 4 atémais de 50 anos.

Diante dos talentos revelados, veioa idéia de formar a Orquestra JovemMunicipal de Arraial do Cabo. “No co-meço, tínhamos apenas violinos. Maso valor do projeto foi reconhecido pelaPrefeitura, que investiu na compra deoutros instrumentos”, conta Edna.

Atualmente a orquestra possui 30

componentes, com idade entre 10 e 40anos, que se dividem entre viola, violi-no, violoncelo, flauta transversa,trompete, trompa, sax tenor, sax sopra-no, sax contralto, baixo acústico eclarineta. No repertório, Bethoven, Elgar,Bach, Mozart, além de peças brasilei-ras.

“É muito gratificante ver os resulta-dos. Os alunos são tão empenhadosque alguns já estão fazendo trabalhosparalelos, formando bandas ou se apre-sentando com os professores”, diz amaestrina.

Jovens talentos

Aluno da oficina de violino, Carlos faz

performances via internet com seu filho, que

mora no Rio. Pai, no violino e filho, no violão,

som via skype e imagem via web cam.

Maestrina Edna Carvalho rege a

Orquestra Jovem Municipal

Unidos na música

Simone Mendonça

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ção

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Galeria

Reinaldo Caó

Nascido no bairro do Retiro, na cidade de São Pedro da Aldeia / RJ,

no ano de 1966, Caó viveu toda a sua vida em Cabo Frio. Começou

a pintar aos oito anos e participa de coletivas nas principais capitais

do país e também no exterior. A tela “As Bailarinas” foi pintada “ao

vivo”, enquento o artista assitia ao espetáculo.

As Bailarinas - Óleo sobre tela - 20cm x 22 cm (1989)

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