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2. Didatismo e Conhecimento ndice PRFDepartamento de Polcia Rodoviria Federal Agente Administrativo EDITAL N 1 DPRF ADMINISTRATIVO, DE 13 DE SETEMBRO DE 2012 ARTIGO DO WILLIAM DOUGLAS LNGUA PORTUGUESA 1 Compreenso e interpretao de textos. .........................................................................................................................01 2 Tipologia textual................................................................................................................................................................07 3 Ortografia oficial. ............................................................................................................................................................. 20 4 Acentuao grfica. ...........................................................................................................................................................28 5 Emprego das classes de palavras. ....................................................................................................................................30 6 Emprego do sinal indicativo de crase..............................................................................................................................56 7 Sintaxe da orao e do perodo. .......................................................................................................................................59 8 Pontuao...........................................................................................................................................................................74 9 Concordncia nominal e verbal.......................................................................................................................................77 10 Regncia nominal e verbal..............................................................................................................................................89 11 Significao das palavras................................................................................................................................................94 12 Redao de correspondncias oficiais: Manual de Redao da Presidncia da Repblica......................................96 TICA E CONDUTA PBLICA 1 tica e moral......................................................................................................................................................................01 2 tica, princpios e valores.................................................................................................................................................03 3 tica e democracia: exerccio da cidadania....................................................................................................................04 4 tica e funo pblica.......................................................................................................................................................06 5 tica no Setor Pblico.......................................................................................................................................................07 5.1 Decreto n 1.171/1994 - Cdigo de tica Profissional do Servio Pblico e Decreto n 6.029/2007 (Institui Sistema de Gesto da tica do Poder Executivo Federal).....................................................................................................................08 5.2 Lei n 8.112/1990 - regime disciplinar: deveres e proibies, acumulao de cargos, responsabilidades, penalidades. ................................................................................................................................................................................18 5.3 Lei n 8.429/1992: disposies gerais, atos de improbidade administrativa. ............................................................24 NOES DE INFORMTICA 1 Conceitos e modos de utilizao de aplicativos para edio de textos, planilhas e apresentaes.............................01 2 Conceitos bsicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet...................................................................94 3 Conceitos e modos de utilizao de ferramentas e aplicativos de navegao de correio eletrnico, de grupos de discusso, de busca e pesquisa. ..................................................................................................................................................94 Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 3. Didatismo e Conhecimento ndice 4 Conceitos bsicos e modos de utilizao de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados Internet e intranet.......................................................................................................................................................................94 5 Conceitos de tecnologia de informao: sistemas de Informaes e conceitos bsicos de Segurana da Informao....105 LEGISLAO RELATIVA PRF 1 Perfil Constitucional: funes institucionais...................................................................................................................01 2 Art. 20 da Lei n 9.503/1997..............................................................................................................................................03 3 Decreto n 1.655/1995. 4 Decreto n 6.061/2007..............................................................................................................03 NOES DE MATEMTICA 1 Nmeros inteiros, racionais e reais..................................................................................................................................01 2 Sistema legal de medidas. 2.1 Comprimento, rea, volume, massa, tempo, ngulo e arco. 2.2 Transformao de unidades de medida.....................................................................................................................................................................10 3 Razes e propores..........................................................................................................................................................13 4 Proporcionalidade, regras de trs, diviso de grandezas em partes proporcionais, mdias aritmtica, geomtrica e ponderada....................................................................................................................................................................................17 5 Porcentagem. 5.1 Capital, tempo, juros simples e compostos. 5.2 Taxas de juros nominal, efetiva, equivalentes, proporcionais, real e aparente. 5.3 Montante, capitalizao e descontos. .............................................................................28 6 Equaes e inequaes de 1 e de 2 graus......................................................................................................................40 7 Funes e grficos..............................................................................................................................................................50 8 Progresses aritmticas e geomtricas. ...........................................................................................................................63 9 Funes exponenciais e logartmicas...............................................................................................................................70 NOES DE DIREITO CONSTITUCIONAL 1 Constituio. 1.1 Conceito, classificaes, princpios fundamentais. ...........................................................................01 2 Direitos e garantias fundamentais. 2.1 Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, cidadania, direitos polticos, partidos polticos. .......................................................................................................................06 3 Organizao poltico-administrativa. 3.1 Unio, estados, Distrito Federal, municpios e territrios.......................22 4 Administrao pblica. 4.1 Disposies gerais, servidores pblicos. ...........................................................................33 5 Poder Legislativo. 5.1 Congresso nacional, cmara dos deputados, senado federal, deputados e senadores...........40 6 Poder Executivo. 6.1 atribuies do Presidente da Repblica e dos ministros de Estado..........................................47 7 Poder Judicirio. 7.1 Disposies gerais. 7.2 rgos do Poder Judicirio. 7.2.1 Competncias. 7.3 Conselho Nacional de Justia (CNJ). 7.3.1 Composio e competncias................................................................................................................49 8 Funes essenciais justia. 8.1 Ministrio pblico, advocacia e defensoria pblicas...............................................63 NOES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 1 Ato administrativo: conceito, requisitos, atributos, classificao, espcies e invalidao. 1.1 Anulao e revogao. 1.2 Prescrio...............................................................................................................................................................................01 2 Controle da administrao pblica: controle administrativo, controle legislativo e controle judicirio..................03 3 Agentes administrativos: investidura e exerccio da funo pblica. 3.1 Direitos e deveres dos servidores pblicos. 3.2 Processo administrativo: conceito, princpios, fases e modalidades.................................................................................06 4 Poderes da administrao: vinculado, discricionrio, hierrquico, disciplinar e regulamentar. ..............................08 Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 4. Didatismo e Conhecimento ndice 5 Princpios bsicos da administrao. 5.1 Responsabilidade objetiva da administrao. 5.2 Improbidade administrativa. ............................................................................................................................................................................10 6 Servios pblicos: conceito, classificao, regulamentao, formas e competncia de prestao. ............................15 7 Administrao direta e indireta, centralizada e descentralizada..................................................................................16 8 Lei n 8.112/1990 e alteraes...........................................................................................................................................17 9 Lei n 8.666/1993, arts. 1 a 6, 20 a 26, e 54 a 80, e alteraes......................................................................................38 10 Lei n 9.784/1999: processo administrativo no mbito da administrao pblica federal.......................................50 NOES DE ESTATSTICA 1 Estatstica descritiva e anlise exploratria de dados: grficos, diagramas, tabelas, medidas descritivas (posio, disperso, assimetria e curtose). ................................................................................................................................................01 2 Probabilidade. 2.1 Definies bsicas e axiomas. 2.2 Probabilidade condicional e independncia. 2.3 Variveis aleatrias discretas e contnuas..................................................................................................................................................19 3 Inferncia estatstica. ........................................................................................................................................................27 4 Tcnicas de amostragem. 4.1 Amostragem aleatria simples. 4.2 Amostragem estratificada. 4.3 Amostragem sistemtica. 4.4 Amostragem por conglomerados. ...................................................................................................................27 Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 5. Didatismo e Conhecimento Artigo O contedo do artigo abaixo de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem clusula de exclusividade, para uso do Grupo Nova. O contedo das demais informaes desta apostila de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova. A DOBRADURA DOS LENOS Por William Douglas, professor, escritor e juiz federal. H momentos em que o velho se revela em mim, e isto acontece cada vez mais. Antigamente, eu era o mais novo nas conversas e mesas... o que j no to comum. J dei aula para juzes, professores, que passaram por mim h alguns anos e, agora, sentam-se comigo. Anoto: uma honra gratificante. E nem falo das palestras sobre concursos, onde cada vez mais recebo a visita de concurseiros j aprovados, que vo apenas levar o abrao e a notcia, sempre alvissareira, de seus merecidos sucessos. Sou amigo dos pais de vrios profissionais com que lido. Bem, fui amigo primeiro dos pais, entende? Em um relance mais difcil, recebo do oftalmologista novos bilhetes, com nmeros mais altos, que me obrigam a fazer novas lentes. Curiosamente, quando comeo a entender um pouco mais do mundo pelos olhos da emoo, os olhos fsicos vo ficando mais frgeis. H alguns anos disse que possua todas as respostas para o mundo no meu bolso, que s me faltava achar os botes da cala. Sigo tentando achar os botes, estou certo, mais uns duzentos ou trezentos anos, e eu finalmente entenderei tudo: o amor, os filhos, a alma humana, esse meu maior desafio. Bem, se voc pretendia ler algo objetivo sobre concursos, j viu que no hoje, rs. Pois , h textos motivacionais, outros tcnicos, assuntos institucionais, h cartas de leitores respondidas e, vez ou outra, apenas reflexes entre amigos. Melhor seria se estivssemos num bar, numa mesa alegre, serena, divertida, com algum vinho ou coisa parecida, alm de alguns petiscos. A internet ainda chega l, um dia. Por ora, s temos a conversa, mas isso j significa que partilhamos a mesma mesa, embora estejamos distantes geograficamente falando. Sobre envelhecer, minha mulher, sete anos mais jovem, me lembra disso algumas vezes. Ela insiste em que eu abandone os lenos de tecido, trocando-os pelos de papel muito mais prticos, higinicos, modernos etc. Curiosamente, a habilidade dos lenos e sua descartabilidade no me dizem coisa alguma. Explico. Minha me, j ida, no me deixava sair sem um leno limpo, que em sua mente materna, julgava indispensvel para um homem correto. Ela ensinou coisas mais srias, como no sair de casa nem fazer refeio sem camisa, sobre ser honesto, tratar bem as pessoas e a no fechar as portas, pois o mundo pequeno. Mas tambm tinha essas coisas pequenas, ou aparentemente pequenas, como achar que uma boa esposa devia tocar piano e eu tinha que ter sempre um leno limpo no bolso. Havia, tambm, algumas coisas ruins, como no se cuidar e morrer de cncer. Mas falarei apenas dos lenos. Eu no saa de casa sem um deles, e era um presente comum eu receber dela outra caixa. Logo, enquanto houver lenos de pano eu desprezarei os de papel, porque, de alguma forma muito louca, quando os tenho no bolso, tenho um pouco da me partida, e quando o asso como se os prprios dedos de minha me tocassem a ponta de meu nariz, quando me seco como se a sua mo passasse novamente pela minha face. E, no tenham dvidas, qualquer homem daria seu brao direito para ser tocado, novamente, na face pela me j morta. Por isso mesmo, no livro A ltima carta do tenente, que alerto: todos os que no estiverem com a me morta ou no CTI, corram, ainda tempo! Sim, eu visitei, liguei e conversei com ela menos do que podia e devia, e o concurso foi parte disso. Imaturo, jovem, como s uma me pode entender, cuidei mais da carreira do que era sensato. E, agora, o que posso fazer consolar-me pelos acertos que de fato tive e alertar os amigos: liguem, visitem, passeiem, tolerem, riam, faam agrados e vontades. Eu os invejo, e invejarei cada dia, bem como alertarei a todos que estiverem com a me viva: corram, ainda tempo! Mas falemos dos lenos. Um dia destes recebi da gaveta um lencinho pequeno, sensivelmente menor que de costume, um quadradinho. Protestei com a esposa por terem trocados meus lenos. A dimenso normal deles de 10 x 10 cm, estes que peguei estavam com 7 x 7 cm. No coisa de velho, que abertos os primeiros se encaixam no meu rosto, j que no sou l muito pequeno, e o novo modelo no era to bom para cobrir meu nariz. A esposa, paciente, alertou-me que era o mesmo leno, que apenas tinha sido dobrado de forma diferente. Imediatamente, meu lado cientista e pesquisador foi fazer as conferncias. Percebi que realmente ele era mais gordinho que o modelo tradicional, aquele que alm de til, me lembra a senhora minha me. Suspeitei, ento, estar passando ao largo de uma verdade essencial e desejei beb-la. Verdade essencial qualquer grande concluso, aprendizado, lio ou frase que voc pode assimilar na vida. Esto por a, nos livros, filmes, peas de teatro, nas conversas com sbios, idosos e crianas, ou, por vezes, em situaes vividas, ou escondidas numa paisagem no horizonte. Sou um caador delas. O livro Como passar em Provas e Concursos, por exemplo, uma coleo de verdades essenciais sobre como passar em provas e concursos; o ltima carta, uma coleo de verdades essenciais sobre o sentido da vida; o Maratona, sobre as corridas da vida e da superao pessoal, e assim por diante. Hoje, j conclu que depois de escrever para mim, aos outros, s editoras etc., finalmente escrevo aos meus filhos, desejando que eles caso leiam meus livros encontrem mais facilmente algumas das verdades essenciais que demorei e sofri muito para, enfim, apreender. Averdade essencial escondida no leno que, me corrijam se estiver errado, conforme nos dobramos, podemos ser maiores ou menores. Nosso tamanho influenciado pela forma como nos dobramos. E, curiosamente, da tambm deriva um segundo enunciado filosofal: de um modo ou de outro, os lenos continuam tendo o mesmo tamanho quando se desdobram. Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 6. Didatismo e Conhecimento Artigo Comearei pela segunda observao: todos os homens tm valor igual. Como aprendi na Faculdade de Filosofia, UFRJ, o homem que souber todas as coisas no saber o que ser ignorante. O homem repleto de bens e propriedades no tem a tranqilidade do pescador humilde; o grande executivo pode no ter a vida pausada do porteiro. No existe nada de graa: todas as coisas possuem seu preo e seu respectivo nus. No nosso campo, o servidor pblico no poder ter seu iate, mas, em compensao, tem um horrio de trabalho definido e uma qualidade de vida irrealizvel para a maior parte dos empresrios e executivos. Eu reduzi minhas palestras metade para ficar com meus filhos, reduzindo a velocidade de expanso profissional em troca de uma outra expanso, no mensurvel pelas mesmas vias. So apenas escolhas. Durante muito tempo viajei e curti menos os dias em trocas de conhecimento para hoje, aprovado nos concursos, fazer estas coisas em outro patamar de vida. So apenas escolhas. Mas, no final, todos os homens valem a mesma coisa. Como diz a Declarao Universal dos Direitos do Homem, todos nascemos iguais em dignidade e direitos, e devemos nos comportar uns em relao aos outros com esprito de fraternidade. O sbio no pode valer mais do que o tolo, nem o abastado mais que o miservel. O bondoso no , e isso me assusta, mais importante que o canalha, e suspeito que todos tenhamos mesmo o bondoso e o canalha, o malvado e o filantropo, escondidos em nossas carnes. Mas falemos dos lenos. H alguns homens que no se dobram aos estudos, no se dobram disciplina, no se dobram aos movimentos necessrios para vencer os prprios obstculos. So pessoas que sero pequenas, ou, melhor, menores do que poderiam. Mas quem se dobra mais no fica menor? No. Depende do ngulo que voc olha: o mais dobrado, visto de lado, mais alto. A questo no se dobrar ou no, mas a forma como se dobra e o ngulo de viso escolhido. Sempre existiro obstculos entre um homem e seu sonho. Mas, como j foi dito: obstculos so aquelas coisas assustadoras que voc v quando deixa de focar os seus sonhos. Algumas pessoas se dobram, se curvam mesmo, para pegar o que desejam. Outras no. Lembro de minha adolescncia e primeira juventude, quando era ridicularizado pelos que me consideravam bobo e tolo de estudar tanto, de acreditar tanto, de perder tanto. Eu apenas estava me dobrando como um leno que desejava ser grande. Dobrar-se humildemente, dobrar-se com pacincia e perseverana, dobrar-se ao som do sonho. E a vida e o tempo me recompensaram pelos meus esforos. A vida sempre recompensa. No me dobrei tanto quanto devia aos cuidados com a me, nem com a sade, e fiquei menor, tendo que pagar um preo sobre isso. Felizmente, cuidei alguma coisa de minha genitora, o que me consola, e estou vivo ainda, o que me permite recuperar a sade que me for possvel. H quem se dobre e faa reverncia preguia, omisso, apatia, ao medo do fracasso ou aos outros temores naturais de qualquer empreitada, e ficam menores, menores mesmo, comparados ao que poderiam. Como dizia Renato Russo, muitos temores nascem do cansao ou da solido. Mas se o cansao de estudar, e a solido por estar estudando, da tambm nascem plantas boas: conhecimento, competncia, aprovao, sucesso. Volto ao tema: assim como todos valemos intrinsecamente por sermos humanos, assim como sempre temos escolhas enquanto estamos respirando, todos ns, homens e lenos, nos dobramos. No h como no nos dobrarmos. Como disse o filsofo Rocky Balboa, a quem, junto com Ferris Bueller, Forrest Gump e Rod Tidwell, homenageio em um de meus livros, o fato que ningum bate mais forte do que a vida. vero. Ningum bate mais forte do que ela... e, ao mesmo tempo, ela tudo o que ns temos, e bonita. Um espetculo sem ensaio, irresistvel e que estria todos os dias. Logo, j que a vida irrecusvel, voc ter que se dobrar como qualquer leno. Mas pode escolher a que se dobrar, como e quanto. E dessas suas decises sair desenhado e definido o seu tamanho. E, sempre que quiser, voc poder se desdobrar e fazer um outro desenho. A vida um leno, flexvel, que voc tem no seu bolso. *William Douglas juiz federal, professor universitrio, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller Como passar em provas e concursos . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1 Lugar Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 7. LNGUA PORTUGUESA Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 8. Didatismo e Conhecimento 1 LNGUA PORTUGUESA Prof. Mrcio Andr Emdio Mestrando em Educao Formao Docente. 1 COMPREENSO E INTERPRETAO DE TEXTOS. A literatura a arte de recriar atravs da lngua escrita. Sendo assim, temos vrios tipos de gneros textuais, formas de escrita; mas a grande dificuldade encontrada pelas pessoas a interpretao de textos. Muitos dizem que no sabem interpretar, ou que muito difcil. Se voc tem pouca leitura, consequentemente ter pouca argumentao, pouca viso, pouco ponto de vista e um grande medo de interpretar. A interpretao o alargamento dos horizontes. E esse alargamento acontece justamente quando h leitura. Somos fragmentos de nossos escritos, de nossos pensamentos, de nossas histrias, muitas vezes contadas por outros. Quantas vezes voc no leu algo e pensou: Nossa, ele disse tudo que eu penso. Com certeza, vrias vezes. Temos a a identificao de nossos pensamentos com os pensamentos dos autores, mas para que acontea, pelo menos no tenha preguia de pensar, refletir, formar ideias e escrever quando puder e quiser. Tornar-se, portanto, algum que escreve e que l em nosso pas uma tarefa rdua, mas acredite, valer a pena para sua vida futura. E, mesmo, que voc diga que interpretar difcil, voc exercita isso a todo o momento. Exercita atravs de sua leitura de mundo. Voc sabe, por exemplo, quando algum lhe manda um olhar de desaprovao mesmo sem ter dito nada. Sabe, quando a menina ou o menino est a fim de voc numa boate pela troca de olhares. A todo e qualquer tempo, em nossas vidas, interpretamos, argumentamos, expomos nossos pontos de vista. Mas, basta o(a) professor(a) dizer Vamos agora interpretar esse texto para que as pessoas se calem. E ningum sabe o que calado quer... pois ao se calar voc perde oportunidades valiosas de interagir e crescer no conhecimento. Perca o medo de expor suas ideias. Faa isso como um exerccio dirio mesmo e ver que antes que pense, o medo ter ido embora. Texto um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir interao comunicativa (capacidade de codificar e decodificar). Contexto um texto constitudo por diversas frases. Em cada uma delas, h uma certa informao que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condies para a estruturao do contedo a ser transmitido. A essa interligao d-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases to grande, que, se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poder ter um significado diferente daquele inicial. Intertexto - comumente, os textos apresentam referncias diretas ou indiretas a outros autores atravs de citaes. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Interpretao de Texto - o primeiro objetivo de uma interpretao de um texto a identificao de sua ideia principal. A partir da, localizam-se as ideias secundrias, ou fundamentaes, as argumentaes, ou explicaes, que levem ao esclarecimento das questes apresentadas na prova. Normalmente, numa prova, o candidato convidado a: Identificar reconhecer os elementos fundamentais de uma argumentao, de um processo, de uma poca (neste caso, procuram-se os verbos e os advrbios, os quais definem o tempo). Comparar descobrir as relaes de semelhana ou de diferenas entre as situaes do texto. Comentar - relacionar o contedo apresentado com uma realidade, opinando a respeito. Resumir concentrar as ideias centrais e/ou secundrias em um s pargrafo. Parafrasear reescrever o texto com outras palavras. Exemplo Ttulo do Texto Parfrases O Homem Unido A integrao do mundo. A integrao da humanidade. A unio do homem. Homem + Homem = Mundo. A macacada se uniu. (stira) Condies Bsicas para Interpretar Faz-se necessrio: - Conhecimento Histrico literrio (escolas e gneros literrios, estrutura do texto), leitura e prtica; - Conhecimento gramatical, estilstico (qualidades do texto) e semntico; Na semntica (significado das palavras) incluem- se: homnimos e parnimos, denotao e conotao, sinonmia e antonmia, polissemia, figuras de linguagem, entre outros. - Capacidade de observao e de sntese e - Capacidade de raciocnio. Interpretar X Compreender Interpretar Significa Compreender Significa - Explicar, comentar, jul- gar, tirar concluses, de- duzir. - tipos de enunciados: atravs do texto, infere- -se que... possvel deduzir que... o autor permite concluir que... qual a inteno do autor ao afirmar que... - inteleco, entendimento, aten- o ao que realmente est escrito. - tipos de enunciados: o texto diz que... sugerido pelo autor que... de acordo com o texto, correta ou errada a afirmao... o narrador afirma... Erros de Interpretao muito comum, mais do que se imagina, a ocorrncia de erros de interpretao. Os mais frequentes so: Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 9. Didatismo e Conhecimento 2 LNGUA PORTUGUESA - Extrapolao (viagem). Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que no esto no texto, quer por conhecimento prvio do tema quer pela imaginao. - Reduo. o oposto da extrapolao. D-se ateno apenas a um aspecto, esquecendo que um texto um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido. - Contradio. No raro, o texto apresenta ideias contrrias s do candidato, fazendo-o tirar concluses equivocadas e, consequentemente, errando a questo. Observao: Muitos pensam que h a tica do escritor e a tica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso qualquer, o que deve ser levado em considerao o que o autor diz e nada mais. Coeso - o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam palavras, oraes, frases e/ou pargrafos entre si. Em outras palavras, a coeso d-se quando, atravs de um pronome relativo, uma conjuno (nexos), ou um pronome oblquo tono, h uma relao correta entre o que se vai dizer e o que j foi dito. So muitos os erros de coeso no dia a dia e, entre eles, est o mau uso do pronome relativo e do pronome oblquo tono. Este depende da regncia do verbo; aquele do seu antecedente. No se pode esquecer tambm de que os pronomes relativos tm, cada um, valor semntico, por isso a necessidade de adequao ao antecedente. Os pronomes relativos so muito importantes na interpretao de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coeso. Assim sendo, deve-se levar em considerao que existe um pronome relativo adequado a cada circunstncia, a saber: Que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente. Mas depende das condies da frase. Qual (neutro) idem ao anterior. Quem (pessoa). Cujo (posse) - antes dele, aparece o possuidor e depois, o objeto possudo. Como (modo). Onde (lugar). Quando (tempo). Quanto (montante). Exemplo: Falou tudo quanto queria (correto). Falou tudo que queria (errado - antes do que, deveria aparecer o demonstrativo o). Vcios de Linguagem h os vcios de linguagem clssicos (barbarismo, solecismo, cacofonia...); no dia a dia, porm, existem expresses que so mal empregadas, e por fora desse hbito cometem-se erros graves como: - Ele correu risco de vida, quando a verdade o risco era de morte. - Senhor professor, eu lhe vi ontem. Neste caso, o pronome oblquo tono correto O. - No bar: Me v um caf. Alm do erro de posio do pronome, h o mau uso. Algumas dicas para interpretar um texto: - O autor escreveu com uma inteno - tentar descobrir qual ela a chave. - Leia todo o texto uma primeira vez de forma despreocupada - assim voc ver apenas os aspectos superficiais primeiro. - Na segunda leitura observe os detalhes, visualize em sua mente o cenrio, os personagens - Quanto mais real for a leitura na sua mente, mais fcil ser para interpretar o texto. - Duvide do(a) autor(a) - Leia as entrelinhas, perceba o que o(a) autor(a) te diz sem escrever no texto. - No tenha medo de opinar - J vi terem medo de dizer o que achavam e a resposta estaria correta se tivessem dito. - Visualize vrios caminhos, vrias opes e interpretaes - S no viaje muito na interpretao. Veja os caminhos apontados pela escrita do(a) autor(a). Apegue-se aos caminhos que lhe so mostrados. - Identifique as caractersticas fsicas e psicolgicas dos personagens - Se um determinado personagem tem como caracterstica ser mentiroso, por exemplo, o que ele diz no texto poder ser mentira no mesmo? Analisar e identificar os personagens so pontos necessrios para uma boa interpretao de texto. - Observe a linguagem, o tempo e espao - A sequncia dos acontecimentos, o feedback, conta muito na hora de interpretar. - Analise os acontecimentos de acordo com a poca do texto - importante que voc saiba ou pesquise sobre a poca narrada no texto, assim, certas contradies ou estranhamentos vistos por voc podem ser apenas a cultura da poca sendo demonstrada. - Leia quantas vezes achar que deve - No entendeu? Leia de novo. Nem todo dia estamos concentrados e a rapidez na leitura vem com o hbito. Para ler e entender um texto preciso atingir dois nveis de leitura: Informativa e de reconhecimento; Interpretativa A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informaes e se preparando para a leitura interpretativa. Durante a interpretao grife palavras-chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra ideia-central de cada pargrafo. A ltima fase de interpretao concentra-se nas perguntas e opes de respostas. Marque palavras com no, exceto, respectivamente, etc, pois fazem diferena na escolha adequada. Retorne ao texto mesmo que parea ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor. Organizao do Texto e Ideia Central Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, atravs dos pargrafos que composto pela ideia central, argumentao e/ou desenvolvimento e a concluso do texto. Podemos desenvolver um pargrafo de vrias formas: - Declarao inicial; - Definio; - Diviso; - Aluso histrica. Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 10. Didatismo e Conhecimento 3 LNGUA PORTUGUESA Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques. Convencionalmente, o pargrafo indicado atravs da mudana de linha e um espaamento da margem esquerda. Uma das partes bem distintas do pargrafo o tpico frasal, ou seja, a ideia central extrada de maneira clara e resumida. Atentando-se para a ideia principal de cada pargrafo, asseguramos um caminho que nos levar compreenso do texto. Os Tipos de Texto Basicamente existem trs tipos de texto: - Texto narrativo; - Texto descritivo; - Texto dissertativo. Cada um desses textos possui caractersticas prprias de construo, que veremos no tpico seguinte (Tipologia Textual). comum encontrarmos queixas de que no sabem interpretar textos. Muitos tm averso a exerccios nessa categoria. Acham montono, sem graa, e outras vezes dizem: cada um tem o seu prprio entendimento do texto ou cada um interpreta a sua maneira. No texto literrio, essa ideia tem algum fundamento, tendo em vista a linguagem conotativa, os smbolos criados, mas em texto no-literrio isso um equvoco. Diante desse problema, seguem algumas dicas para voc analisar, compreender e interpretar com mais proficincia. -Crieohbitodaleituraeogostoporela.Quandonspassamos a gostar de algo, compreendemos melhor seu funcionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares a ns mesmos. No se deixe levar pela falsa impresso de que ler no faz diferena. Tambm no se intimide caso algum diga que voc l porcaria. Leia tudo que tenha vontade, pois com o tempo voc se tornar mais seleto e perceber que algumas leituras foram superficiais e, s vezes, at ridculas. Porm elas foram o ponto de partida e o estmulo para se chegar a uma leitura mais refinada. Existe tempo para cada tempo de nossas vidas. - Seja curioso, investigue as palavras que circulam em seu meio. - Aumente seu vocabulrio e sua cultura. Alm da leitura, um bom exerccio para ampliar o lxico fazer palavras cruzadas. - Faa exerccios de sinnimos e antnimos. - Leia verdadeiramente. - Leia algumas vezes o texto, pois a primeira impresso pode ser falsa. preciso pacincia para ler outras vezes. Antes de responder as questes, retorne ao texto para sanar as dvidas. -Ateno ao que se pede. s vezes a interpretao est voltada a uma linha do texto e por isso voc deve voltar ao pargrafo para localizar o que se afirma. Outras vezes, a questo est voltada ideia geral do texto. - Fique atento a leituras de texto de todas as reas do conhecimento, porque algumas perguntas extrapolam ao que est escrito. Veja um exemplo disso: Texto: Pode dizer-se que a presena do negro representou sempre fator obrigatrio no desenvolvimento dos latifndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da indstria extrativa, na caa, na pesca, em determinados ofcios mecnicos e na criao do gado. Dificilmente se acomodavam, porm, ao trabalho acurado e metdico que exige a explorao dos canaviais. Sua tendncia espontnea era para as atividades menos sedentrias e que pudessem exercer-se sem regularidade forada e sem vigilncia e fiscalizao de estranhos. (Srgio Buarque de Holanda, in Razes) Infere-se do texto que os antigos moradores da terra eram: a) os portugueses. b) os negros. c) os ndios. d) tanto os ndios quanto aos negros. e) a miscigenao de portugueses e ndios. (Aquino, Renato. Interpretao de textos, 2 edio. Rio de Janeiro: Impetus, 2003.) Resposta: Letra C. Apesar do autor no ter citado o nome dos ndios, possvel concluir pelas caractersticas apresentadas no texto. Essa resposta exige conhecimento que extrapola o texto. - Tome cuidado com as vrgulas. Veja por exemplo a diferena de sentido nas frases a seguir. a) S, o Diego da M110 fez o trabalho de artes. b) S o Diego da M110 fez o trabalho de artes. c) Os alunos dedicados passaram no vestibular. d) Os alunos, dedicados, passaram no vestibular. e) Marco, canta Garom, de Reginaldo Rossi. f) Marco canta Garom, de Reginaldo Rossi. Explicaes: a) Diego fez sozinho o trabalho de artes. b) Apenas o Diego fez o trabalho de artes. c) Havia, nesse caso, alunos dedicados e no-dedicados e, passaram no vestibular, somente, os que se dedicaram, restringindo o grupo de alunos. d) Nesse outro caso, todos os alunos eram dedicados. e) Marco chamado para cantar. f) Marco pratica a ao de cantar. Leia o trecho e analise a afirmao que foi feita sobre ele. Sempre fez parte do desafio do magistrio administrar adolescente com hormnios em ebulio e com o desejo natural da idade de desafiar as regras. A diferena que, hoje, em muitos casos, a relao comercial entre a escola e os pais se sobrepe autoridade do professor. Frase para anlise. Desafiar as regras uma atitude prpria do adolescente das escolas privadas. E esse o grande desafio do professor moderno. 1 No mencionado que a escola seja da rede privada. 2 O desafio no apenas do professor atual, mas sempre fez parte do desafio do magistrio. Outra questo que o grande desafio no s administrar os desafios s regras, isso parte do desafio, h tambm os hormnios em ebulio que fazem parte do desafio do magistrio. Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 11. Didatismo e Conhecimento 4 LNGUA PORTUGUESA Ateno ao uso da parfrase (reescritura do texto sem prejuzo do sentido original). Veja o exemplo: Frase original: Estava eu hoje cedo, parado em um sinal de trnsito, quando olho na esquina, prximo a uma porta, uma loirona a me olhar e eu olhava tambm. (Concurso TRE/SC) A frase parafraseada : a) Parado em um sinal de trnsito hoje cedo, numa esquina, prximo a uma porta, eu olhei para uma loira e ela tambm me olhou. b) Hoje cedo, eu estava parado em um sinal de trnsito, quando ao olhar para uma esquina, meus olhos deram com os olhos de uma loirona. c) Hoje cedo, estava eu parado em um sinal de trnsito quando vi, numa esquina, prxima a uma porta, uma louraa a me olhar. d) Estava eu hoje cedo parado em um sinal de trnsito, quando olho na esquina, prximo a uma porta, vejo uma loiraa a me olhar tambm. Resposta: Letra C. Aparfrase pode ser construda de vrias formas, veja algumas delas. a) substituio de locues por palavras; b) uso de sinnimos; c) mudana de discurso direto por indireto e vice-versa; d) converter a voz ativa para a passiva; e) emprego de antonomsias ou perfrases (Rui Barbosa = A guia de Haia; o povo lusitano = portugueses). Observe a mudana de posio de palavras ou de expresses nas frases. Exemplos a) Certos alunos no Brasil no convivem com a falta de professores. b) Alunos certos no Brasil no convivem com a falta de professores. c) Os alunos determinados pediram ajuda aos professores. d) Determinados alunos pediram ajuda aos professores. Explicaes: a) Certos alunos = qualquer aluno. b) Alunos certos = aluno correto. c) Alunos determinados = alunos decididos. d) Determinados alunos = qualquer aluno. Exerccios Ateno: As questes de nmeros 1 a 5 referem-se ao texto seguinte. Fotografias Toda fotografia um portal aberto para outra dimenso: o passado. A cmara fotogrfica uma verdadeira mquina do tempo, transformando o que naquilo que j no mais, porque o que temos diante dos olhos transmudado imediatamente em passado no momento do clique. Costumamos dizer que a fotografia congela o tempo, preservando um momento passageiro para toda a eternidade, e isso no deixa de ser verdade. Todavia, existe algo que descongela essa imagem: nosso olhar. Em francs, imagem e magia contm as mesmas cinco letras: image e magie. Toda imagem magia, e nosso olhar a varinha de condo que descongela o instante aprisionado nas geleiras eternas do tempo fotogrfico. Toda fotografia uma espcie de espelho da Alice do Pas das Maravilhas, e cada pessoa que mergulha nesse espelho de papel sai numa dimenso diferente e vivencia experincias diversas, pois o lado de l como o albergue espanhol do ditado: cada um s encontra nele o que trouxe consigo. Alm disso, o significado de uma imagem muda com o passar do tempo, at para o mesmo observador. Variam, tambm, os nveis de percepo de uma fotografia. Isso ocorre, na verdade, com todas as artes: um msico, por exemplo, capaz de perceber dimenses sonoras inteiramente insuspeitas para os leigos. Da mesma forma, um fotgrafo profissional l as imagens fotogrficas de modo diferente daqueles que desconhecem a sintaxe da fotografia, a escrita da luz. Mas difcil imaginar algum que seja insensvel magia de uma foto. (Adaptado de Pedro Vasquez, em Por trs daquela foto. So Paulo: Companhia das Letras, 2010) 1. O segmento do texto que ressalta a ao mesma da percepo de uma foto : (A) A cmara fotogrfica uma verdadeira mquina do tempo. (B) a fotografia congela o tempo. (C) nosso olhar a varinha de condo que descongela o instante aprisionado. (D) o significado de uma imagem muda com o passar do tempo. (E) Mas difcil imaginar algum que seja insensvel magia de uma foto. 2. No contexto do ltimo pargrafo, a referncia aos vrios nveis de percepo de uma fotografia remete (A) diversidade das qualidades intrnsecas de uma foto. (B) s diferenas de qualificao do olhar dos observadores. (C) aos graus de insensibilidade de alguns diante de uma foto. (D) s relaes que a fotografia mantm com as outras artes. (E) aos vrios tempos que cada fotografia representa em si mesma. 3. Atente para as seguintes afirmaes: I. Ao dizer, no primeiro pargrafo, que a fotografia congela o tempo, o autor defende a ideia de que a realidade apreendida numa foto j no pertence a tempo algum. II. No segundo pargrafo, a meno ao ditado sobre o albergue espanhol tem por finalidade sugerir que o olhar do observador no interfere no sentido prprio e particular de uma foto. III. Um fotgrafo profissional, conforme sugere o terceiro pargrafo, v no apenas uma foto, mas os recursos de uma linguagem especfica nela fixados. Em relao ao texto, est correto o que se afirma SOMENTE em Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 12. Didatismo e Conhecimento 5 LNGUA PORTUGUESA (A) I e II. (B) II e III. (C) I. (D) II. (E) III. 4. No contexto do primeiro pargrafo, o segmento Todavia, existe algo que descongela essa imagem pode ser substitudo, sem prejuzo para a correo e a coerncia do texto, por: (A) Tendo isso em vista, h que se descongelar essa imagem. (B) Ainda assim, h mais que uma imagem descongelada. (C) Apesar de tudo, essa imagem descongela algo. (D) H, no obstante, o que faz essa imagem descongelar. (E) H algo, outrossim, que essa imagem descongelar. 5. Est clara e correta a redao deste livre comentrio sobre o texto: (A) Apesar de se ombrearem com outras artes plsticas, a fotografia nos faz desfrutar e viver experincias de natureza igualmente temporal. (B) Na superfcie espacial de uma fotografia, nem se imagine os tempos a que suscitaro essa imagem aparentemente congelada... (C) Conquanto seja o registro de um determinado espao, uma foto leva-nos a viver profundas experincias de carter temporal. (D) Tal como ocorrem nos espelhos da Alice, as experincias fsicas de uma fotografia podem se inocular em planos temporais. (E) Nenhuma imagem fotogrfica congelada suficientemente para abrir mo de implicncias semnticas no plano temporal. Ateno: As questes de nmeros 6 a 9 referem-se ao texto seguinte. Discriminar ou discriminar? Os dicionrios no so teis apenas para esclarecer o sentido de um vocbulo; ajudam, com frequncia, a iluminar teses controvertidas e mesmo a incendiar debates. Vamos ao Dicionrio Houaiss, ao verbete discriminar, e l encontramos, entre outras, estas duas acepes: a) perceber diferenas; distinguir, discernir; b) tratar mal ou de modo injusto, desigual, um indivduo ou grupo de indivduos, em razo de alguma caracterstica pessoal, cor da pele, classe social, convices etc. Na primeira acepo, discriminar dar ateno s diferenas, supe um preciso discernimento; o termo transpira o sentido positivo de quem reconhece e considera o estatuto do que diferente. Discriminar o certo do errado o primeiro passo no caminho da tica. J na segunda acepo, discriminar deixar agir o preconceito, disseminar o juzo preconcebido. Discriminar algum: faz-lo objeto de nossa intolerncia. Diz-se que tratar igualmente os desiguais perpetuar a desigualdade. Nesse caso, deixar de discriminar (no sentido de discernir) permitir que uma discriminao continue (no sentido de preconceito). Estamos vivendo uma poca em que a bandeira da discriminao se apresenta em seu sentido mais positivo: trata- se de aplicar polticas afirmativas para promover aqueles que vm sofrendo discriminaes histricas. Mas h, por outro lado, quem veja nessas propostas afirmativas a forma mais censurvel de discriminao... o caso das cotas especiais para vagas numa universidade ou numa empresa: uma discriminao, cujo sentido positivo ou negativo depende da convico de quem a avalia. As acepes so inconciliveis, mas esto no mesmo verbete do dicionrio e se mostram vivas na mesma sociedade. (Anbal Lucchesi, indito) 6. A afirmao de que os dicionrios podem ajudar a incendiar debates confirma-se, no texto, pelo fato de que o verbete discriminar (A) padece de um sentido vago e impreciso, gerando por isso inmeras controvrsias entre os usurios. (B) apresenta um sentido secundrio, variante de seu sentido principal, que no reconhecido por todos. (C) abona tanto o sentido legtimo como o ilegtimo que se costuma atribuir a esse vocbulo. (D) faz pensar nas dificuldades que existem quando se trata de determinar a origem de um vocbulo. (E) desdobra-se em acepes contraditrias que correspondem a convices incompatveis. 7. Diz-se que tratar igualmente os desiguais perpetuar a desigualdade. Da afirmao acima coerente deduzir esta outra: (A) Os homens so desiguais porque foram tratados com o mesmo critrio de igualdade. (B) A igualdade s alcanvel se abolida a fixao de um mesmo critrio para casos muito diferentes. (C) Quando todos os desiguais so tratados desigualmente, a desigualdade definitiva torna-se aceitvel. (D) Uma forma de perpetuar a igualdade est em sempre tratar os iguais como se fossem desiguais. (E) Critrios diferentes implicam desigualdades tais que os injustiados so sempre os mesmos. 8. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: (A) iluminar teses controvertidas (1 pargrafo) = amainar posies dubitativas. (B) um preciso discernimento (2 pargrafo) = uma arraigada dissuaso. (C) disseminar o juzo preconcebido (2 pargrafo) = dissuadir o julgamento predestinado. (D) a forma mais censurvel (3 pargrafo) = o modo mais repreensvel. (E) As acepes so inconciliveis (3 pargrafo) = as verses so inatacveis. 9. preciso reelaborar, para sanar falha estrutural, a redao da seguinte frase: (A) O autor do texto chama a ateno para o fato de que o desejo de promover a igualdade corre o risco de obter um efeito contrrio. (B) Embora haja quem aposte no critrio nico de julgamento, para se promover a igualdade, visto que desconsideram o risco do contrrio. (C) Quem v como justa a aplicao de um mesmo critrio para julgar casos diferentes no cr que isso reafirme uma situao de injustia. 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Centenas de curiosos foram l apreciar aquela montanha de fora a se esfalfar em vo na luta pela sobrevivncia. Um belo espetculo. noite, cessava o trabalho, ou a diverso. Mas j ao raiar do dia, sem recursos, com simples cordas e as prprias mos, todos se empenhavam no lcido objetivo comum. Comum, vrgula. O sorveteiro vendeu centenas de picols. Por ele a baleia ficava encalhada por mais duas ou trs semanas. Uma santa senhora teve a feliz ideia de levar pastis e empadinhas para vender com gio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se comeasse logo a repartir os bifes. Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vtima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graas religio ecolgica que anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trgua entre todos ns, animais de sangue quente ou de sangue frio. At que enfim chegou uma traineira da Petrobrs. Logo uma estatal, cus, num momento em que preciso dar provas da eficcia da empresa privada. De qualquer forma, eu j podia recolher a minha aflio. Metfora fcil, l se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frgil, merc de curiosos. noite, sonhei com o Brasil encalhado na areia diablica da inflao. A bordo, uma tripulao de camels anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo smbolo. (Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo) 10. O cronista ressalta aspectos contrastantes do caso de Saquarema, tal como se observa na relao entre estas duas expresses: (A) drama da baleia encalhada e trs dias se debatendo na areia. (B) em quinze minutos estava toda retalhada e foram disputadas as toneladas da vtima. (C) se esfalfar em vo na luta pela sobrevivncia e levar pastis e empadinhas para vender com gio. (D) o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar e l se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. (E) At que enfim chegou uma traineira da Petrobrs e Logo uma estatal, cus. 11. Atente para as seguintes afirmaes sobre o texto: I. A analogia entre a baleia e a Unio Sovitica insinua, entre outros termos de aproximao, o encalhe dos gigantes. II. As reaes dos envolvidos no episdio da baleia encalhada revelam que, acima das diferentes providncias, atinham-se todos a um mesmo propsito. III. A expresso Tudo smbolo prende-se ao fato de que o autor aproveitou o episdio da baleia encalhada para tambm figurar o encalhe de um pas imobilizado pela alta inflao. Em relao ao texto, est correto o que se afirma em (A) I, II e III. (B) I e III, apenas. (C) II e III, apenas. (D) I e II, apenas. (E) III, apenas. 12. Foram irrelevantes para a salvao da baleia estes dois fatores: (A) o necrolgio da Unio Sovitica e os servios da traineira da Petrobrs. (B) o prestgio dos valores ecolgicos e o empenho no lcido objetivo comum. (C) o fato de a jubarte ser um animal de sangue frio e o prestgio dos valores ecolgicos. (D) o fato de a Petrobrs ser uma empresa estatal e as iniciativas que couberam a uma traineira. (E) o aproveitamento comercial da situao e a fora descomunal empregada pela jubarte. 13. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: (A) em necrolgio eufrico (1 pargrafo) = em faanha mortal. (B) Comum, vrgula (2 pargrafo) = Geral, mas nem tanto. (C) que se desse por perdida a batalha (2 pargrafo) = que se imaginasse o efeito de uma derrota. (D) estabeleceu uma trgua entre todos ns (3 pargrafo) = derrogou uma imunidade para ns todos. (E) preciso dar provas da eficcia (4 pargrafo) = convm explicitar os bons propsitos. 14. Est clara e correta a redao deste livre comentrio sobre o ltimo pargrafo do texto. (A) Apesar de tratar do drama ocorrido com uma baleia, o cronista no deixa de aludir a circunstncias nacionais, como o impulso para as privatizaes e os custos da alta inflao. (B) Mormente tratando de uma jubarte encalhado, o cronista no obsta em tratar de assuntos da pauta nacional, como a inflao ou o processo empresarial das privatizaes. (C) V-se que um cronista pode assumir, como aqui ocorreu, o papel tanto de um reprter curioso como analisar fatos oportunos, qual seja a escalada inflacionria ou a privatizao. (D) O incidente da jubarte encalhado no impediu de que o cronista se valesse de tal episdio para opinar diante de outros fatos, haja vista a inflao nacional ou a escalada das privatizaes. (E) Ao bom cronista ocorre associar um episdio como o da jubarte com a natureza de outros, bem distintos, sejam os da economia inflacionada, sejam o crescente prestgio das privatizaes. Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 14. Didatismo e Conhecimento 7 LNGUA PORTUGUESA Ateno: As questes de nmeros 15 a 18 referem-se ao texto abaixo. A razo do mrito e a do voto Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a campanha pelas eleies diretas para presidente da Repblica, buscou minimizar a importncia do voto com o seguinte argumento: Ser que os passageiros de um avio gostariam de fazer uma eleio para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefeririam confiar no mrito do profissional mais abalizado? A perfdia desse argumento est na falsa analogia entre uma funo eminentemente tcnica e uma funo eminentemente poltica. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo muito bem nas mos dos militares e que estes saberiam melhor que ningum prosseguir no comando da nao. Entre a escolha pelo mrito e a escolha pelo voto h necessidades muito distintas. Num concurso pblico, por exemplo, a avaliao do mrito pessoal do candidato se impe sobre qualquer outra. A seleo e a classificao de profissionais devem ser processos marcados pela transparncia do mtodo e pela adequao aos objetivos. J a escolha da liderana de uma associao de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre a especialidade tcnica e a vocao poltica h diferenas profundas de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento. Essas questes vm tona quando, em certas instituies, o prestgio do assemblesmo surge como absoluto. H quem pretenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a soberania que a qualifica para a tomada de qualquer deciso. No por acaso, quando algum se ope a essa generalizao, lembrando a razo do mrito, ouvem-se diatribes contra a meritocracia. Eis a uma tarefa para ns todos: reconhecer, caso a caso, a legitimidade que tem a deciso pelo voto ou pelo reconhecimento da qualificao indispensvel. Assim, no elegeremos deputado algum sem esprito pblico, nem votaremos no passageiro que dever pilotar nosso avio. (Jlio Castanho de Almeida, indito) 15. Deve-se presumir, com base no texto, que a razo do mrito e a razo do voto devem ser consideradas, diante da tomada de uma deciso, (A) complementares, pois em separado nenhuma delas satisfaz o que exige uma situao dada. (B) excludentes, j que numa votao no se leva em conta nenhuma questo de mrito. (C) excludentes, j que a qualificao por mrito pressupe que toda votao ilegtima. (D) conciliveis, desde que as mesmas pessoas que votam sejam as que decidam pelo mrito. (E) independentes, visto que cada uma atende a necessidades de bem distintas naturezas. 16. Atente para as seguintes afirmaes: I.Aargumentao do ministro, referida no primeiro pargrafo, rebatida pelo autor do texto por ser falaciosa e escamotear os reais interesses de quem a formula. II. O autor do texto manifesta-se francamente favorvel razo do mrito, a menos que uma situao de real impasse imponha a resoluo pelo voto. III.Aconotao pejorativa que o uso de aspas confere ao termo assemblesmo expressa o ponto de vista dos que desconsideram a qualificao tcnica. Em relao ao texto, est correto SOMENTE o que se afirma em (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III. 17. Considerando-se o contexto, so expresses bastante prximas quanto ao sentido: (A) fazer uma eleio e confiar no mrito do profissional. (B) especialidade tcnica e vocao poltica. (C) classificao de profissionais e escolha da liderana. (D) avaliao do mrito e reconhecimento da qualificao. (E) transparncia do mtodo e desejo da maioria. 18. Atente para a redao do seguinte comunicado: Viemos por esse intermdio convocar-lhe para a assembleia geral da prxima sexta-feira, aonde se decidir os rumos do nosso movimento reinvindicatrio. As falhas do texto encontram-se plenamente sanadas em: (A) Vimos, por este intermdio, convoc-lo para a assembleia geral da prxima sexta-feira, quando se decidiro os rumos do nosso movimento reivindicatrio. (B) Viemos por este intermdio convocar-lhe para a assembleia geral da prxima sexta-feira, onde se decidir os rumos do nosso movimento reinvindicatrio. (C) Vimos, por este intermdio, convocar-lhe para a assembleia geral da prxima sexta-feira, em cuja se decidiro os rumos do nosso movimento reivindicatrio. (D) Vimos por esse intermdio convoc-lo para a assembleia geral da prxima sexta-feira, em que se decidir os rumos do nosso movimento reivindicatrio. (E) Viemos, por este intermdio, convoc-lo para a assembleia geral da prxima sexta-feira, em que se decidiro os rumos do nosso movimento reinvindicatrio. Respostas: 01-C / 02-B / 03-E / 04-D / 05-C / 06-E / 07-B / 08-D / 09-B / 10-C / 11-B / 12-E / 13-B / 14-A / 15-E / 16-A / 17-D / 18-A 2 TIPOLOGIA TEXTUAL. Texto Literrio: expressa a opinio pessoal do autor que tambm transmitida atravs de figuras, impregnado de subjetivismo. Ex: um romance, um conto, uma poesia... (Conotao, Figurado, Subjetivo, Pessoal). Texto No-Literrio: preocupa-se em transmitir uma mensagem da forma mais clara e objetiva possvel. Ex: uma notcia de jornal, uma bula de medicamento. (Denotao, Claro, Objetivo, Informativo). Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 15. Didatismo e Conhecimento 8 LNGUA PORTUGUESA O objetivo do texto passar conhecimento para o leitor. Nesse tipo textual, no se faz a defesa de uma ideia. Exemplos de textos explicativos so os encontrados em manuais de instrues. Informativo: Tem a funo de informar o leitor a respeito de algo ou algum, o texto de uma notcia de jornal, de revista, folhetos informativos, propagandas. Uso da funo referencial da linguagem, 3 pessoa do singular. Descrio: Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de pala- vras mais utilizada nessa produo o adjetivo, pela sua funo caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se at des- crever sensaes ou sentimentos. No h relao de anteriorida- de e posterioridade. Significa criar com palavras a imagem do objeto descrito. fazer uma descrio minuciosa do objeto ou da personagem a que o texto se refere. Narrao: Modalidade em que se conta um fato, fictcio ou no, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. H uma relao de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predo- minante o passado. Estamos cercados de narraes desde as que nos contam histrias infantis, como o Chapeuzinho Vermelho ou a Bela Adormecida, at as picantes piadas do cotidiano. Dissertao: Dissertar o mesmo que desenvolver ou expli- car um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto de apresentao cientfica, o relatrio, o texto didtico, o artigo enciclopdico. Em princpio, o texto dissertativo no est preocu- pado com a persuaso e sim, com a transmisso de conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo. Argumentativo: Os textos argumentativos, ao contrrio, tm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista do autor a respeito do assunto. Quando o texto, alm de explicar, tambm persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, temos um texto dissertativo-argumentativo. Exemplos: texto de opinio, carta do leitor, carta de solicita- o, deliberao informal, discurso de defesa e acusao (advo- cacia), resenha crtica, artigos de opinio ou assinados, editorial. Exposio: Apresenta informaes sobre assuntos, expe ideias; explica, avalia, reflete. (analisa ideias). Estrutura bsica; ideia principal; desenvolvimento; concluso. Uso de linguagem clara. Ex: ensaios, artigos cientficos, exposies,etc. Injuno: Indica como realizar uma ao. tambm utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza lingua- gem objetiva e simples. Os verbos so, na sua maioria, emprega- dos no modo imperativo. H tambm o uso do futuro do presente. Ex: Receita de um bolo e manuais. Dilogo: uma conversao estabelecida entre duas ou mais pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral, como pausas e retomadas. Entrevista: uma conversao entre duas ou mais pessoas (o entrevistador e o entrevistado), na qual perguntas so feitas pelo entrevistador para obter informao do entrevistado. Os reprteres entrevistam as suas fontes para obter declaraes que validem as informaes apuradas ou que relatem situaes vividas por personagens. Antes de ir para a rua, o reprter recebe uma pauta que contm informaes que o ajudaro a construir a matria. Alm das informaes, a pauta sugere o enfoque a ser trabalhado assim como as fontes a serem entrevistadas. Antes da entrevista o reprter costuma reunir o mximo de informaes disponveis sobre o assunto a ser abordado e sobre a pessoa que ser entrevistada. Munido deste material, ele formula perguntas que levem o entrevistado a fornecer informaes novas e relevantes. O reprter tambm deve ser perspicaz para perceber se o entrevistado mente ou manipula dados nas suas respostas, fato que costuma acontecer principalmente com as fontes oficiais do tema. Por exemplo, quando o reprter vai entrevistar o presidente de uma instituio pblica sobre um problema que est a afetar o fornecimento de servios populao, ele tende a evitar as pergun- tas e a querer reverter a resposta para o que considera positivo na instituio. importante que o reprter seja insistente. O entrevis- tador deve conquistar a confiana do entrevistado, mas no tentar domin-lo, nem ser por ele dominado. Caso contrrio, acabar in- duzindo as respostas ou perdendo a objetividade. As entrevistas apresentam com frequncia alguns sinais de pontuao como o ponto de interrogao, o travesso, aspas, reticncias, parntese e as vezes colchetes, que servem para dar ao leitor maior informaes que ele supostamente desconhece. O ttulo da entrevista um enunciado curto que chama a ateno do leitor e resume a ideia bsica da entrevista. Pode estar todo em letra maiscula e recebe maior destaque da pgina. Na maioria dos casos, apenas as preposies ficam com a letra minscula. O subttulo introduz o objetivo principal da entrevista e no vem seguido de ponto final. um pequeno texto e vem em destaque tambm. A fotografia do entrevistado aparece normalmente na primeira pgina da entrevista e pode estar acompanhada por uma frase dita por ele. As frases importantes ditas pelo entrevistado e que aparecem em destaque nas outras pginas da entrevista so chamadas de olho. Crnica: Assim como a fbula e o enigma, a crnica um gnero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos o deus grego do tempo), narra fatos histricos em ordem cronolgica, ou trata de temas da atualidade. Mas no s isso. Lendo esse texto, voc conhecer as principais caractersticas da crnica, tcnicas de sua redao e ter exemplos. Uma das mais famosas crnicas da histria da literatura lu- so-brasileira corresponde definio de crnica como narrao histrica. a Carta de Achamento do Brasil, de Pero Vaz de Caminha, na qual so narrados ao rei portugus, D. Manuel, o descobrimento do Brasil e como foram os primeiros dias que os marinheiros portugueses passaram aqui. Mas trataremos, sobretu- do, da crnica como gnero que comenta assuntos do dia a dia. Para comear, uma crnica sobre a crnica, de Machado de Assis: O nascimento da crnica H um meio certo de comear a crnica por uma trivialidade. dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 16. Didatismo e Conhecimento 9 LNGUA PORTUGUESA as pontas do leno, bufando como um touro, ou simplesmente sa- cudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenmenos atmos- fricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrpolis, e la glace est rompue est comeada a crnica. (...) (Machado de Assis. Crnicas Escolhidas. So Paulo: Editora tica, 1994) Publicada em jornal ou revista onde publicada, destina-se leitura diria ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos. A crnica se diferencia no jornal por no buscar exatido da in- formao. Diferente da notcia, que procura relatar os fatos que acontecem, a crnica os analisa, d-lhes um colorido emocional, mostrando aos olhos do leitor uma situao comum, vista por ou- tro ngulo, singular. O leitor pressuposto da crnica urbano e, em princpio, um leitor de jornal ou de revista. A preocupao com esse leitor que faz com que, dentre os assuntos tratados, o cronista d maior aten- o aos problemas do modo de vida urbano, do mundo contem- porneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes cidades. Jornalismo e literatura: assim que podemos dizer que a crnica uma mistura de jornalismo e literatura. De um recebe a observao atenta da realidade cotidiana e do outro, a construo da linguagem, o jogo verbal. Algumas crnicas so editadas em livro, para garantir sua durabilidade no tempo. Para escrever um texto, necessitamos de tcnicas que implicam no domnio de capacidades lingusticas. Temos dois momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer) e o de express-los por escrito (o escrever propriamente dito). Fazer um texto, seja ele de que tipo for, no significa apenas escrever de forma correta, mas sim, organizar ideias sobre determinado assunto. E para expressarmos por escrito, existem alguns modelos de expresso escrita: Descrio Narrao Dissertao Descrio - expe caractersticas dos seres ou das coisas, apresenta uma viso; - um tipo de texto figurativo; - retrato de pessoas, ambientes, objetos; - predomnio de atributos; - uso de verbos de ligao; - frequente emprego de metforas, comparaes e outras figuras de linguagem; - tem como resultado a imagem fsica ou psicolgica. Narrao - expe um fato, relaciona mudanas de situao, aponta antes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente); - um tipo de texto sequencial; - relato de fatos; - presena de narrador, personagens, enredo, cenrio, tempo; - apresentao de um conflito; - uso de verbos de ao; - geralmente, mesclada de descries; - o dilogo direto frequente. Dissertao - expe um tema, explica, avalia, classifica, analisa; - um tipo de texto argumentativo. - defesa de um argumento: a) apresentao de uma tese que ser defendida, b) desenvolvimento ou argumentao, c) fechamento; - predomnio da linguagem objetiva; - prevalece a denotao. Descrio a representao com palavras de um objeto, lugar, situao ou coisa, onde procuramos mostrar os traos mais particulares ou individuais do que se descreve. qualquer elemento que seja apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras, em imagens. Sempre que se expe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a algum, est fazendo uso da descrio. No necessrio que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do observador varia de acordo com seu grau de percepo. Dessa forma, o que ser importante ser analisado para um, no ser para outro. A vivncia de quem descreve tambm influencia na hora de transmitir a impresso alcanada sobre determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, emoo vivida ou sentimento. Exemplos: (I) De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas a penumbra dos ramos cobria o atalho. Ao seu redor havia rudos serenos, cheiro de rvores, pequenas surpresas entre os cips. Todo o jardim triturado pelos instantes j mais apressados da tarde. De onde vinha o meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, grande demais. (extrado de Amor, Laos de Famlia, Clarice Lispector) (II) Chamavase Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligncia tarda. Raimundo gastava duas horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia com o tempo o que no podia fazer logo com o crebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criana fina, plida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retiravase antes. O mestre era mais severo com ele do que conosco. (Machado de Assis. Conto de escola. Contos. 3ed. So Paulo, tica, 1974, pgs. 3132.) Esse texto traa o perfil de Raimundo, o filho do professor da escola que o escritor frequentava. Devese notar: - que todas as frases expem ocorrncias simultneas (ao mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha grande medo ao pai); - por isso, no existe uma ocorrncia que possa ser considerada cronologicamente anterior a outra do ponto de vista do relato (no nvel dos acontecimentos, entrar na escola cronologicamente anterior a retirarse dela; no nvel do relato, porm, a ordem dessas duas ocorrncias indiferente: o que o escritor quer explicitar uma caracterstica do menino, e no traar a cronologia de suas aes); Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 17. Didatismo e Conhecimento 10 LNGUA PORTUGUESA - ainda que se fale de aes (como entrava, retiravase), todas elas esto no pretrito imperfeito, que indica concomitncia em relao a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano de 1840, em que o escritor frequentava a escola da rua da Costa) e, portanto, no denota nenhuma transformao de estado; - se invertssemos a sequncia dos enunciados, no correramos o risco de alterar nenhuma relao cronolgica poderamos mesmo colocar o ltmo perodo em primeiro lugar e ler o texto do fim para o comeo: O mestre era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes... Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enunciados pode ser invertida, est-se pensando apenas na ordem cronolgica, pois, como veremos adiante, a ordem em que os elementos so descritos produz determinados efeitos de sentido. Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisamos fazer certas modificaes no texto, pois este contm anafricos (palavras que retomam o que foi dito antes, como ele, os, aquele, etc. ou catafricos (palavras que anunciam o que vai ser dito, como este, etc.), que podem perder sua funo e assim no ser compreendidos. Se tomarmos uma descrio como As flores manifestavam todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao invertermos a ordem das frases, precisamos fazer algumas alteraes, para que o texto possa ser compreendido: O Sol fazia as flores brilhar. Elas manifestavam todo o seu esplendor. Como, na verso original, o pronome oblquo as um anafrico que retoma flores, se alterarmos a ordem das frases ele perder o sentido. Por isso, precisamos mudar a palavra flores para a primeira frase e retom- la com o anafrico elas na segunda. Por todas essas caractersticas, dizse que o fragmento do conto de Machado descritivo. Descrio o tipo de texto em que se expem caractersticas de seres concretos (pessoas, objetos, situaes, etc.) consideradas fora da relao de anterioridade e de posterioridade. Caractersticas: - Ao fazer a descrio enumeramos caractersticas, comparaes e inmeros elementos sensoriais; - As personagens podem ser caracterizadas fsica e psicologicamente, ou pelas aes; - A descrio pode ser considerada um dos elementos constitutivos da dissertao e da argumentao; - impossvel separar narrao de descrio; - O que se espera no tanto a riqueza de detalhes, mas sim a capacidade de observao que deve revelar aquele que a realiza. - Utilizam, preferencialmente, verbos de ligao. Exemplo: (...) ngela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo desenvolvimento das propores. Grande, carnuda, sangunea e fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que parecem conformados expressamente para esposas da multido (...) (Raul Pompia O Ateneu) - Como na descrio o que se reproduz simultneo, no existe relao de anterioridade e posterioridade entre seus enunciados. - Devemse evitar os verbos e, se isso no for possvel, que se usem ento as formas nominais, o presente e o pretrio imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferncia aos verbos que indiquem estado ou fenmeno. - Todavia deve predominar o emprego das comparaes, dos adjetivos e dos advrbios, que conferem colorido ao texto. A caracterstica fundamental de um texto descritivo essa inexistncia de progresso temporal. Podese apresentar, numa descrio, at mesmo ao ou movimento, desde que eles sejam sempre simultneos, no indicando progresso de uma situao anterior para outra posterior. Tanto que uma das marcas lingusticas da descrio o predomnio de verbos no presente ou no pretrito imperfeito do indicativo: o primeiro expressa concomitncia em relao ao momento da fala; o segundo, em relao a um marco temporal pretrito instalado no texto. Para transformar uma descrio numa narrao, bastaria introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um estado anterior para um posterior. No caso do texto II inicial, para transform-lo em narrao, bastaria dizer: Reunia a isso grande medo do pai. Mais tarde, Iibertouse desse medo... Caractersticas Lingusticas: O enunciado narrativo, por ter a representao de um aconte- cimento, fazer-transformador, marcado pela temporalidade, na relao situao inicial e situao final, enquanto que o enunciado descritivo, no tendo transformao, atemporal. Na dimenso lingustica, destacam-se marcas sinttico-se- mnticas encontradas no texto que vo facilitar a compreenso: - Predominncia de verbos de estado, situao ou indicadores de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente no presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, situar-se, existir, ficar). - nfase na adjetivao para melhor caracterizar o que des- crito; Exemplo: Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoo entala- do num colarinho direito. O rosto aguado no queixo ia-se alargan- do at calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma orelha outra lhe faziam colar por trs da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho calva; mas no tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, cado aos cantos da boca. Era muito plido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito despe- gadas do crnio. (Ea de Queiroz - O Primo Baslio) - Emprego de figuras (metforas, metonmias, comparaes, sinestesias). Exemplo: Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, no muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chins. Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliosa e saltitante que lhe dava petulncia de rapaz e casava perfeitamente com os olhi- nhos de azougue. (Jos de Alencar - Senhora) - Uso de advrbios de localizao espacial. Exemplo: At os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa casa era assim: na frente, uma grade de ferro; depois voc entrava tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que devia ter uns cinco degraus; a voc entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido de onde saam trs portas; no final do corredor tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e atrs ainda tinha um galpo, que era o lugar da baguna... (Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ) Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 18. Didatismo e Conhecimento 11 LNGUA PORTUGUESA Recursos: - Usar impresses cromticas (cores) e sensaes trmicas. Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol. - Usar o vigor e relevo de palavras fortes, prprias, exatas, concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um cu sereno, uma pureza de cristal. - As sensaes de movimento e cor embelezam o poder da natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer um. - A frase curta e penetrante d um sentido de rapidez do texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito crente. A descrio pode ser apresentada sob duas formas: Descrio Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem so apresentadas como realmente so, concretamente. Ex: Sua altura 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparncia atltica, ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos. No se d qualquer tipo de opinio ou julgamento. Exemplo: A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central que se alcanava por trs degraus de pedra e quatro janelas de guilhotina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. Telhado de quatro guas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse ficado, capricho da sorte, na linha de passagem da variante do Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha e fugindo ligeiramente do alinhamento (...). (Pedro Nava Ba de Ossos) Descrio Subjetiva: quando h maior participao da emo- o, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem so transfi- gurados pela emoo de quem escreve, podendo opinar ou expres- sar seus sentimentos. Ex: Nas ocasies de aparato que se podia tomar pulso ao homem. No s as condecoraes gritavam-lhe no peito como uma couraa de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei... (O Ateneu, Raul Pompia) (...) Quando conheceu Joca Ramiro, ento achou outra esperana maior: para ele, Joca Ramiro era nico homem, par-de- frana, capaz de tomar conta deste serto nosso, mandando por lei, de sobregoverno. (Guimares Rosa Grande Serto: Veredas) Os efeitos de sentido criados pela disposio dos elementos descritivos: Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progresso temporal, a ordem dos enunciados na descrio indiferente, uma vez que eles indicam propriedades ou caractersticas que ocorrem simultaneamente. No entanto, ela no indiferente do ponto de vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para baixo ou viceversa, do detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos de sentido distintos. Observe os dois quartetos do soneto Retrato Prprio, de Bocage: Magro, de olhos azuis, caro moreno, bem servido de ps, meo de altura, triste de facha, o mesmo de figura, nariz alto no meio, e no pequeno. Incapaz de assistir num s terreno, mais propenso ao furor do que ternura; bebendo em nveas mos por taa escura de zelos infernais letal veneno. Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmo, 1968, pg. 497. O poeta descrevese das caractersticas fsicas para as caractersticas morais. Se fizesse o inverso, o sentido no seria o mesmo, pois as caractersticas fsicas perderiam qualquer relevo. O objetivo de um texto descritivo levar o leitor a visualizar uma cena. como traar com palavras o retrato de um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas caractersticas exteriores, facilmente identificveis (descrio objetiva), ou suas caractersticas psicolgicas e at emocionais (descrio subjetiva). Uma descrio deve privilegiar o uso frequente de adjetivos, tambm denominado adjetivao. Para facilitar o aprendizado desta tcnica, sugerese que o concursando, aps escrever seu texto, sublinhe todos os substantivos, acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma locuo adjetiva. Descrio de objetos constitudos de uma s parte: - Introduo: observaes de carter geral referentes procedncia ou localizao do objeto descrito. - Desenvolvimento: detalhes (l parte) formato (comparao com figuras geomtricas e com objetos semelhantes); dimenses (largura, comprimento, altura, dimetro etc.) - Desenvolvimento: detalhes (2 parte) material, peso, cor/ brilho, textura. - Concluso: observaes de carter geral referentes a sua utilidade ou qualquer outro comentrio que envolva o objeto como um todo. Descrio de objetos constitudos por vrias partes: - Introduo: observaes de carter geral referentes procedncia ou localizao do objeto descrito. - Desenvolvimento: enumerao e rpidos comentrios das partes que compem o objeto, associados explicao de como as partes se agrupam para formar o todo. - Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo (externamente) formato, dimenses, material, peso, textura, cor e brilho. - Concluso: observaes de carter geral referentes a sua utilidade ou qualquer outro comentrio que envolva o objeto em sua totalidade. Descrio de ambientes: - Introduo: comentrio de carter geral. - Desenvolvimento: detalhes referentes estrutura global do ambiente: paredes, janelas, portas, cho, teto, luminosidade e aroma (se houver). Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 19. Didatismo e Conhecimento 12 LNGUA PORTUGUESA - Desenvolvimento: detalhes especficos em relao a objetos l existentes: mveis, eletrodomsticos, quadros, esculturas ou quaisquer outros objetos. - Concluso: observaes sobre a atmosfera que paira no ambiente. Descrio de paisagens: - Introduo: comentrio sobre sua localizao ou qualquer outra referncia de carter geral. - Desenvolvimento: observao do plano de fundo (explicao do que se v ao longe). - Desenvolvimento: observao dos elementos mais prximos do observador explicao detalhada dos elementos que compem a paisagem, de acordo com determinada ordem. - Concluso: comentrios de carter geral, concluindo acerca da impresso que a paisagem causa em quem a contempla. Descrio de pessoas (I): - Introduo: primeira impresso ou abordagem de qualquer aspecto de carter geral. - Desenvolvimento: caractersticas fsicas (altura, peso, cor da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas). - Desenvolvimento: caractersticas psicolgicas (personalidade, temperamento, carter, preferncias, inclinaes, postura, objetivos). - Concluso: retomada de qualquer outro aspecto de carter geral. Descrio de pessoas (II): - Introduo: primeira impresso ou abordagem de qualquer aspecto de carter geral. - Desenvolvimento: anlise das caractersticas fsicas, associadas s caractersticas psicolgicas (1 parte). - Desenvolvimento: anlise das caractersticas fsicas, associadas s caractersticas psicolgicas (2 parte). - Concluso: retomada de qualquer outro aspecto de carter geral. A descrio, ao contrrio da narrativa, no supe ao. uma estrutura pictrica, em que os aspectos sensoriais predominam. Porque toda tcnica descritiva implica contemplao e apreenso de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o pintor capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma descrio focaliza cenas ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade. Conforme o objetivo a alcanar, a descrio pode ser no- literria ou literria. Na descrio no-literria, h maior preocupao com a exatido dos detalhes e a preciso vocabular. Por ser objetiva, h predominncia da denotao. Textos descritivos no-literrios: A descrio tcnica um tipo de descrio objetiva: ela recria o objeto usando uma linguagem cientfica, precisa. Esse tipo de texto usado para descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peas que os compem, para descrever experincias, processos, etc. Exemplo: Folheto de propaganda de carro Conforto interno - impossvel falar de conforto sem incluir o espao interno. Os seus interiores so amplos, acomodando tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat Variant possuem direo hidrulica e ar condicionado de elevada capacidade, proporcionando a climatizao perfeita do ambiente. Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para at 1500 litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado. Tanque - O tanque de combustvel confeccionado em plstico reciclvel e posicionado entre as rodas traseiras, para evitar a deformao em caso de coliso. Textos descritivos literrios: Na descrio literria predomina o aspecto subjetivo, com nfase no conjunto de associaes conotativas que podem ser exploradas a partir de descries de pessoas; cenrios, paisagens, espao; ambientes; situaes e coisas. Vale lembrar que textos descritivos tambm podem ocorrer tanto em prosa como em verso. Narrao A Narrao um tipo de texto que relata uma histria real, fictcia ou mescla dados reais e imaginrios. O texto narrativo apresenta personagens que atuam em um tempo e em um espao, organizados por uma narrao feita por um narrador. uma srie de fatos situados em um espao e no tempo, tendo mudana de um estado para outro, segundo relaes de sequencialidade e causalidade, e no simultneos como na descrio. Expressa as relaes entre os indivduos, os conflitos e as ligaes afetivas entre esses indivduos e o mundo, utilizando situaes que contm essa vivncia. Todas as vezes que uma histria contada ( narrada), o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocorreu o episdio. por isso que numa narrao predomina a ao: o texto narrativo um conjunto de aes; assim sendo, a maioria dos verbos que compem esse tipo de texto so os verbos de ao. O conjunto de aes que compem o texto narrativo, ou seja, a histria que contada nesse tipo de texto recebe o nome de enredo. As aes contidas no texto narrativo so praticadas pelas personagens, que so justamente as pessoas envolvidas no episdio que est sendo contado. As personagens so identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos substantivos prprios. Quando o narrador conta um episdio, s vezes (mesmo sem querer) ele acaba contando onde (em que lugar) as aes do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre uma ao ou aes chamado de espao, representado no texto pelos advrbios de lugar. Alm de contar onde, o narrador tambm pode esclarecer quando ocorreram as aes da histria. Esse elemento da narrativa o tempo, representado no texto narrativo atravs dos tempos verbais, mas principalmente pelos advrbios de tempo. o tempo que ordena as aes no texto narrativo: ele que indica ao leitor como o fato narrado aconteceu. Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br Apostilas para Concursos? www.zipconcursos.com.br 20. Didatismo e Conhecimento 13 LNGUA PORTUGUESA A histria contada, por isso, passa por uma introduo (parte inicial da histria, tambm chamada de prlogo), pelo desenvolvimento do enredo ( a histria propriamente dita, o meio, o miolo da narrativa, tambm chamada de trama) e termina com a concluso da histria ( o final ou eplogo). Aquele que conta a histria o narrador, que pode ser pessoal (narra em 1 pessoa: Eu...) ou impessoal (narra em 3 pessoa: Ele...). Assim, o texto narrativo sempre estruturado por verbos de ao, por advrbios de tempo, por advrbios de lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, que so os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as aes expressas pelos verbos, formando uma rede: a prpria histria contada. Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a histria. Elementos Estruturais (I): - Enredo: desenrolar dos acontecimentos. - Personagens: so seres que se movimentam, se relacionam e do lugar trama que se estabelece na ao. Revelam-se por meio de caractersticas fsicas ou psicolgicas. Os personagens podem ser lineares (previsveis), complexos, tipos sociais (trabalhador, estudante, burgus etc.) ou tipos humanos (o medroso, o tmido, o avarento etc.), heris ou antiheris, protagonistas ou antagonistas. - Narrador: quem conta a histria. - Espao: local da ao. Pode ser fsico ou psicolgico. - Tempo: poca em que se passa a ao. Cronolgico: o tempo convencional (horas, dias, meses); Psicolgico: o tempo interior, subjetivo. Elementos Estruturais (II): Personagens Quem? Protagonista/Antagonista Acontecimento O qu? Fato Tempo Quando? poca em que ocorreu o fato Espao Onde? Lugar onde ocorreu o fato Modo Como? De que forma ocorreu o fato Causa Por qu? Motivo pelo qual ocorreu o fato Resultado - previsvel ou imprevisvel. Final - Fechado ou Aberto. Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de tal forma, que no possvel compreend-los isoladamente, como simples exemplos de uma narrao. H uma relao de implicao mtua entre eles, para garantir coerncia e verossimilhana his- tria narrada. Quanto aos elementos da narrativa, esses no esto, obrigato- riamente sempre presentes no discurso, exceto as personagens ou o fato a ser narrado. Exemplo: Porquinhodandia Quando eu tinha seis anos Ganhei um porquinhodanda. Que dor de corao me dava Porque o bichinho s queria estar debaixo do fogo! Levava ele pra sala Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos Ele no gostava: Queria era estar debaixo do fogo. No fazia caso nenhum das minhas ternurinhas... O meu porquinhodandia foi a minha primeira namorada. Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4 ed. Rio de Janeiro, Jos Olympio, 1973, pg. 110. Observeque,notextoacima,humconjuntodetransformaes de situao: ganhar um porquinhodandia passar da situao de no ter o animalzinho para a de tlo; levlo para a sala ou para outros lugares passar da situao de ele estar debaixo do fogo para a de estar em outros lugares; ele no gostava: queria era estar debaixo do fogo implica a volta situao anterior; no fazia caso nenhum das minhas ternurinhas d a entender que o menino passava de uma situao de no ser terno com o animalzinho para uma situao de ser; no ltimo verso temse a passagem da situao de no ter namora