agenda 21 brasileira avaliação e resultados

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Tendo como ponto focal o Ministério do Meio Ambiente e como instância aconselhadora a CPDS (Comissãode Políticas para o Desenvolvimento Sustentável), a Agenda 21 Brasileira (publicada em 2002)Apresentaçãoelaborou o Programa de fomento às Agendas 21 Locais, ancorado em um projeto de cooperação técnicaentre o Ministério e o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).Este projeto duroudez anos e terminou recentemente (2010).

TRANSCRIPT

  • Presidncia da Repblica

    Vice-Presidente Michel Temer

    Ministrio do Meio Ambiente - MMA Ministra Izabella Teixeira Secretrio Executivo Francisco Gaetani

    Secretaria de Articulao Institucional e Cidadania Ambiental - SAIC Secretria Samyra Crespo Chefe de Gabinete Aldenir Paraguass

    Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental DCRSDiretor Geraldo Vitor de Abreu

    Coordenao TcnicaErick Aguiar Maura Machado Silva Ricardo Carneiro Novaes (consultor)

    Ministrio do Meio AmbienteSecretaria de Articulao Institucional e Cidadania AmbientalDepartamento de Cidadania e Responsabilidade SocioambientalCoordenao da Agenda 21Esplanada dos Ministrios, Bloco B, sala 916, 9 AndarCEP 70060-900, Braslia/DFTel.: 55 61 2028 1372, fax: 55 61 2028 1980www.mma.gov.br/[email protected]

  • A Agenda 21 Global at hoje considerada por aqueles que atuam no campo do desenvolvimen-to sustentvel como um documento de referncia que orientou e orienta ainda governos nacionais e locais, bem como outros segmentos sociais (empresas e organizaes da sociedade civil, por exemplo) no planejamento e execuo de aes que buscam promover um novo paradigma de uso dos ativos ambientais nas sociedades contemporneas.

    Com a proximidade da Rio + 20 Conferncia sobre Desenvolvimento Sustentvel no Contexto da Erradicao da Pobreza (junho de 2012), e por ser o Brasil novamente o anfitrio, natural que se per-gunte que frutos deram este importante documento das Naes Unidas que pretendia ser uma espcie de roteiro rumo sustentabilidade. O prprio momento poltico, em que o Brasil precisa fazer escolhas fundamentais para sustentar seu crescimento e expandir a sua insero competitiva em um mundo que experimenta grave crise nos leva a tentar fazer um balano. Com mais de 500 pginas e 40 captulos, a Agenda 21 trazia, em 1992, numa conjuntura totalmente outra, muito mais otimista, um elenco de no-vidades conceituais e propostas de programas e aes, que encantaram os ambientalistas, desafiaram os gestores pblicos e conquistaram milhares de militantes em nosso Pas.

    Para enfrentar os desafios da sua implementao, as Naes Unidas recomendaram aos pases sig-natrios que criassem conselhos de desenvolvimento e planos de ao nacionais. Em 1997, tambm no Rio de Janeiro ocorreu a Rio + 5, para avaliar este primeiro impulso de uma nova agenda de desenvol-vimento em nvel global. Verificou-se ali que a maior parte dos pases no tinha conseguido fazer seus planos decolarem.

    No Brasil, naquele momento, verificou-se que a Agenda 21 poderia servir como um instrumento eficiente para cumprir dois propsitos: municiar os municpios de ferramentas (planejamento partici-pativo) e diretrizes para a modernizao da agenda socioambiental, propondo uma viso mais sistmi-ca entre as vrias dimenses do desenvolvimento .

    O segundo propsito era a prpria modernizao e institucionalizao da agenda ambiental no Pas. Lembremos que a Constituio de 1988 promovia definitivamente um pacto federativo colaborativo e a palavra de ordem era descentralizao das competncias e atribuies, bem como a aplicao do princpio da subsidiariedade . Isso levou traduo do slogan pensar globalmente e agir localmente para o mote pensar o federal, articular o estadual e agir no municipal.

    Isso explica em grande parte o porque do primeiro programa da Agenda 21 Brasileira, cuja elabo-rao contou com ampla participao da sociedade brasileira ter se fixado no incentivo s Agendas 21 Locais. Queria-se um Agenda de baixo para cima e fortemente ancorada no local, no enfrentamento dos problemas onde eles acontecem.

    Tendo como ponto focal o Ministrio do Meio Ambiente e como instncia aconselhadora a CPDS (Co-misso de Polticas para o Desenvolvimento Sustentvel), a Agenda 21 Brasileira (publicada em 2002)

    Apresentao

  • elaborou o Programa de fomento s Agendas 21 Locais, ancorado em um projeto de cooperao tcnica entre o Ministrio e o PNUD (Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento).Este projeto durou dez anos e terminou recentemente (2010).

    Este foco na promoo de Agendas 21 nos municpios foi uma escolha poltica consonante com a descentralizao e o fomento participao social na elaborao de polticas pblicas voltadas para atender s necessidades das pessoas na ponta, onde elas residem e onde os problemas ocorrem de fato. A chamada Agenda 21 Brasileira, que tinha a ambio de integrar esforos de gesto e inspirar toda a administrao pblica no foi considerada como programa matricial nos sucessivos PPA(s) que marcaram a ltima dcada.

    Deveramos ento falar em fracasso? Uma coisa analisar o conjunto de intenes ali explicitadas e outra coisa olhar para o que realmente ocorreu no Brasil nos ltimos anos. A metfora do copo meio cheio ou meio vazio perfeita para avaliar o que ocorreu desde no s 1992, mas desde Joanesburgo (2002) e se quisermos, desde 1972 (Estocolmo).

    Inegavelmente, tivemos muitos avanos, quer consideremos qualquer dos pilares do desenvolvi-mento sustentvel (o ambiental, o social ou o econmico). Tiramos 40 milhes de pessoas da pobreza e temos hoje um Pas de classe mdia, muito diferente em todos os aspectos. Temos polticas e programas consistentes e imitados por outros pases para lidar com a populao pobre que ainda no tem acesso aos bens e servios pblicos, ou renda mnima. Temos uma democracia slida e que aperfeioa seus mecanismos de transparncia e de participao social.

    Temos um dos sistemas de gesto ambiental mais avanados da AL e um arcabouo de leis consi-derado amplo e moderno. Temos Planos Nacionais robustos e elaborados participativamente, como a Estratgia Nacional de Biodiversidade, como o Plano Nacional da Sociobiodiversidade, como o Plano Nacional de Resduos Slidos (derivado da Poltica Nacional), o Plano de Ao de Consumo Sustent-vel, e o Plano Nacional do Clima. Avanamos a olhos vistos no financiamento da rea ambiental e da sustentabilidade com os fundos do Clima, Amaznia e outra centena que atende a partir dos bancos de desenvolvimento , dos governos federal (FNMA, Fundo dos Direitos Difusos), estaduais e municipais, alm daqueles que so geridos pelo setor privado.

    A publicao aqui apresentada um esforo considervel de sntese e de pesquisa no qual se bus-cou mostrar a metade cheia do copo. Aquele conjunto de aes que, pela robustez e pelos resultados que produziu vem colocando o Brasil em posio reconhecida no mundo como um Pas que cresce, protege e inclui.

    Qualquer olhar mais abrangente mostra que aplicamos muitas das diretrizes e executamos de fato muitas propostas da Agenda 21 Brasileira. No foco do Programa da Agenda 21 Local ajudamos a criar centenas de conselhos locais de desenvolvimento sustentvel, a institucionalizar a rea de gesto am-biental e a fomentar as vocaes cvicas. Empresas do porte da Petrobrs, Furnas, Itaipu, de grandes mineradoras, e outras esto aplicando a Agenda 21 Local como modelo de incentivo ao desenvolvimen-

  • to local integrado e sustentvel. H um reconhecimento geral e promissor no reconhecimento de sua metodologia e das suas possibilidades de engajamento.

    O novo Plano Plurianual de Investimentos do Governo Federal,PPA 2012-2015, traz um conjunto de aes que afirmam a importncia dessa experincia brasileira.

    20 anos depois, temos muita coisa para mostrar, para compartilhar. Esperamos que os leitores pos-sam aproveitar as informaes aqui contidas e como ns, olhar com confiana mais informada para os desafios que esto colocados aos brasileiros nos prximos anos.

    Samyra CrespoSecretria de Articulao Institucional e Cidadania Ambiental

  • SumrioIntroduo

    I - A economia da poupana na sociedade do conhecimento

    Objetivo 1 - Produo e consumo sustentveis contra a cultura do desperdcioObjetivo 2 - Eco-eficincia e responsabilidade social das empresasObjetivo 3 - Retomada do planejamento estratgico, infra-estrutura e integrao regionalObjetivo 4 - Energia renovvel e a biomassaObjetivo 5 - Informao e conhecimento para o desenvolvimento sustentvel

    II - Incluso social para uma sociedade solidria

    Objetivo 6 - Educao permanente para o trabalho e a vidaObjetivo 7 - Promover a sade e evitar a doena, democratizando o SUSObjetivo 8 - Incluso social e distribuio de rendaObjetivo 9 - Universalizar o saneamento ambiental protegendo o ambiente e a sade

    III - Estratgia para a sustentabilidade urbana e rural

    Objetivo 10 - Gesto do espao urbano e a autoridade metropolitanaObjetivo 11 - Desenvolvimento sustentvel do Brasil ruralObjetivo 12 - Promoo da agricultura sustentvelObjetivo 13 - Promover a Agenda 21 Local e o desenvolvimento integrado e sustentvelObjetivo 14 - Implantar o transporte de massa e a mobilidade sustentvel

    IV - Recursos naturais estratgicos: gua, biodiversidade e florestas

    Objetivo 15 - Preservar a quantidade e melhorar a qualidade da gua nas bacias hidrogrficasObjetivo 16 - Poltica florestal, controle do desmatamento e corredores de biodiversidade

    V - Governana e tica para a promoo da sustentabilidade

    Objetivo 17 - Descentralizao e o pacto federativo: parcerias, consrcios e o poder localObjetivo 18 - Modernizao do Estado: gesto ambiental e instrumentos econmicosObjetivo 19 - Relaes internacionais e governana global para o desenvolvimento sustentvelObjetivo 20 - Cultura cvica e novas identidades na sociedade da comunicaoObjetivo 21 - Pedagogia da sustentabilidade: tica e solidariedade

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    A Agenda 21 sem dvida um dos grandes legados da Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992.

    Tendo os 179 Pases participantes da Conferncia como signatrios, a Agenda 21 Global pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construo de sociedades sustentveis, em diferentes bases geogrficas, que concilia mtodos de proteo ambiental, justia social e eficincia econmica. O documento recomenda que todos os Pases elaborem suas estratgicas nacionais de desenvolvimento sustentvel. Em seus 40 captulos, a Agenda 21 permanece atual e mantm seu carter de referncia para os programas de desenvolvimento. No Brasil, a implementao da Agenda 21, por meio da Comisso de Polticas para o Desenvolvimento Sustentvel e Agenda 21 (CPDS), e a construo das Agendas 21 Locais e de Planos de Desenvolvimento Local Sustentvel so demonstraes da atualidade e da importncia desse documento para o enfrentamento dos desafios do desenvolvimento sustentvel.

    A construo e conduo da Agenda 21 Brasileira

    O Brasil, como um dos signatrios da Agenda 21 Global, assumiu compromisso junto comunidade internacional e investiu recursos na elaborao de sua agenda nacional e no fomento das aes locais. A elaborao da Agenda 21 Brasileira teve incio em 1997, com a criao por decreto presidencial da Comisso de Polticas de Desenvolvimento Sustentvel e da Agenda 21 (CPDS), comisso paritria formada por membros do Governo Federal e da sociedade civil, com a finalidade de propor estratgias de desenvolvimento sustentvel e coordenar, elaborar e acompanhar a implementao da Agenda 21 Brasileira.

    Aps um longo processo participativo iniciado em 1999, envolvendo consultas temticas e aos Estados da federao e encontros regionais, contando com a participao estimada de 40 mil pessoas em todo processo, a Agenda 21 Brasileira foi lanada em julho de 2002. O documento representa uma plataforma de aes prioritrias com 21 objetivos divididos em cinco blocos. O texto descreve polticas, recomendaes de aes e medidas (inclusive legais e institucionais).

    Introduo

    Aps a finalizao do documento Agenda 21 Brasileira, a CPDS foi revisada e expandida pelo Decreto Presidencial de 3 de fevereiro de 2004, mantendo a paridade entre Governo Federal e sociedade civil. Seu objetivo principal de propor estratgias de desenvolvimento sustentvel(art. 1). Dentre suas competn-cias esto: coordenar e acompanhar a implementao e as revises peridicas da Agenda 21 Brasileira (art. 2, II); propor ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e a outros rgos colegiados a discusso de estratgias, programas e instrumentos de aes da Agenda 21 (art. 2o, V); acompanhar a elaborao e avaliao da implementao do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Oramentrias e da Lei do Oramento Anual, tendo como referncia a Agenda 21 Brasileira e estratgias de desenvolvi-mento sustentvel (art. 2 VI) e tambm subsidiar posies brasileiras nos foros internacionais para o desenvolvimento sustentvel e acompanhar a implementao dos respectivos acordos multilaterais (art. 2, IX).

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    Os cinco blocos so:

    i) a economia da poupana na sociedade do conhecimento; ii) incluso social para uma sociedade solidria; iii) estratgias para a sustentabilidade urbana e rural; iv) recursos naturais estratgicos: gua, biodiversidade e florestas; e v) governana e tica para a promoo da sustentabilidade.

    A Agenda 21 Brasileira foi elaborada para ter papel particularmente destacado na concepo e na coordenao da execuo de uma nova gerao de polticas pblicas, que venham a reduzir o quadro de desigualdades e discriminaes sociais prevalecentes no Pas, levando a uma melhoria dos componentes do desenvolvimento humano. Nesse sentido, a Agenda 21 Brasileira busca ser um documento que extrapola a preocupao com a dimenso eminentemente ambiental, constituindo-se ento como um marco de referncia para um modelo de desenvolvimento sustentvel. Tal desenvolvimento pressupe um processo de incluso social, com uma vasta gama de oportunidades e opes para as pessoas, zelando-se para que as formas de apropriao e de uso dos recursos naturais no comprometam os nveis de bem-estar das geraes futuras.

    Ao mesmo tempo nossa Agenda 21 afirma que o avano da cultura da sustentabilidade somente ser possvel a partir de novas formas de cooperao e dilogo entre os vrios atores sociais na implementao de suas aes prioritrias, que no so obra de um ou de outro setor de forma isolada. Os diversos segmentos da sociedade devem estar unidos, aliados para alcanar eficcia nas aes projetadas solidariamente sabendo que, para tal, muitos conflitos polticos e tenses sociais tero de ser enfrentados, equacionados e superados.

    A Agenda 21 Brasileira reconhece, ainda, que indispensvel o papel do Estado na construo do processo de desenvolvimento sustentvel no Brasil. O Estado deve servir como gestor dos interesses das futuras geraes, por meio de polticas pblicas que utilizem mecanismos regulatrios ou de mercado, adaptando a estrutura de incentivos a fim de garantir o uso racional de nossos recursos e, portanto, condies satisfatrias de vida para esta e para as futuras geraes.

    Em consonncia a esse princpio, conforme se ver ao longo deste documento, a preocupao com a sustentabilidade se encontra internalizada nos diversos rgos da administrao federal, com um amplo conjunto de polticas pblicas voltadas incluso social, ao bem-estar das populaes presentes e futuras, e a o uso sustentvel dos recursos naturais.

    A conduo da Agenda 21 Brasileira conta com o protagonismo do Ministrio do Meio Ambiente, que exerce a presidncia da CPDS e, por meio da Coordenao da Agenda 21, sua secretaria executiva. Hoje a Coordenao da Agenda 21, vinculada Secretaria de Articulao Institucional e Cidadania Ambiental do MMA, alm de monitorar o processo de implantao da Agenda 21 Brasileira, desenvolve aes no mbito da elaborao e implementao das Agendas 21 Locais.

    Dentro da atribuio da Coordenao da Agenda 21 de acompanhar e avaliar o processo de implementao da Agenda 21 Brasileira que se situa esse documento. Para tanto, no prximo bloco sero apresentados, luz dos 21 objetivos presentes na Agenda 21 Brasileira, algumas aes e polticas pblicas federais que se destacam, ilustrando os esforos do governo brasileiro na construo de uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentvel.

    No terceiro e ltimo bloco so apresentadas as principais concluses deste balano e as recomendaes para a superao dos desafios.

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    Em 2012, passados vinte anos da publicao da Agenda 21 Global e dez anos da AG21 Brasileira, o enfrentamento problemtica da produo e do consumo em padres insustentveis altamente intensivos em recursos naturais e frequentemente ineficientes em seu uso se mostra uma questo incontornvel.

    Nesse cenrio, a insero de parcelas crescentes da humanidade a nveis adequados de bem-estar social, ambiental e econmico est condicionada a uma reviso destes padres.

    No caso brasileiro, o expressivo perodo de crescimento econmico, alicerado pelas polticas de combate excluso e desigualdade, teve reflexos diretos na gerao de empregos e no aumento da renda mdia dos trabalhadores, gerando forte aumento do consumo de bens e servios. Tal trajetria nos coloca o desafio premente e incontornvel da incorporao definitiva da noo de sustentabilidade socioambiental ao ciclo de desenvolvimento.

    Frente necessidade de conscientizar e mobilizar os diversos atores da sociedade brasileira para a adoo de novos padres de produo e consumo, um amplo conjunto de esforos tem se realizado ao longo das ltimas duas dcadas. Tais estratgias privilegiam o emprego de tecnologias limpas, a utilizao racional dos recursos naturais, a reduo da gerao de resduos e o incentivo certificao da cadeia produtiva a partir da adoo de princpios e critrios socioambientais.

    A promoo e o apoio a padres sustentveis de produo e consumo esto includos como diretrizes da Poltica Nacional de Mudana do Clima e do Plano Nacional sobre Mudana do Clima (PNMC), lanado em dezembro de

    2009 para atender os compromissos brasileiros no mbito da Conveno-Quadro da Mudana do Clima (UNFCCC, sigla em ingls)). O PNMC volta - se principalmente para as aes governamentais e do setor produtivo, com foco na reduo das emisses de gases de efeito estufa resultantes do desmatamento e dos macro setores de energia e transportes.

    Mais recentemente, com a publicao do Plano de Ao para Produo e Consumo Sustentveis (PPCS) ao final de 2011, foi enfatizado o papel do consumidor na demanda por produtos e servios mais sustentveis ao longo de toda cadeia produtiva, bem como na responsabilidade individual e coletiva dos cidados brasileiros. A misso do PPCS fomentar polticas, programas e aes de consumo e produo sustentveis no Pas, voltadas a ampliar as solues para problemas socioambientais, consoante com as polticas nacionais visando erradicao da misria, a reduo de emisses de gases de efeito estufa e ao desenvolvimento sustentvel e com os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, sobretudo com as diretrizes do Processo de Marrakech.

    O Plano traz um leque de aes estratgicas, envolvendo e valorizando a participao de todos os segmentos, ordenadas em seis prioridades: Educao para o Consumo Responsvel; Compras Pblicas Sustentveis; Agenda Ambiental na Administrao Pblica; Aumento da Reciclagem; Varejo Sustentvel e Construes Sustentveis.

    A conjugao dessas duas polticas PNMC e PPCS explicita a determinao do governo e da sociedade brasileira em enfrentar esse desafio.

    objetivo 1PRODUO E CONSUMO SUSTENTVEIS CONTRA A CULTURA DO DESPERDCIO

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    Para saber mais:

    Lei 12.187/2009 - Institui a Poltica Nacional sobre Mudana do Clima PNMC:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12187.htm

    Plano Nacional sobre Mudana do Clima, PNMC:http://www.mma.gov.br/estruturas/smcq_climaticas/_arquivos/plano_nacional_mudanca_clima.pdf

    Plano de Ao para Produo e Consumo Sustentveis (PPCS): http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=234&idMenu=1225

    Em 2002, na Cpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentvel em Johanesburgo, quando se fez um balano da dcada, ficou patente que a questo do consumo no tinha evoludo na maioria dos pases. O Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e o Departamento de Assuntos Econmicos e Sociais das Naes Unidas (UNDESA, sigla em ingls), foram indicados para liderar um processo de mudana. Em 2003, Marrakech, no Marrocos, sediou a primeira reunio que lanou a iniciativa conhecida como Pro-cesso de Marrakech, que visa dar aplicabilidade e expresso concreta ao conceito de Produo e Consumo Sustentveis (PCS). Solicita e estimula que cada pas membro das Naes Unidas e participante do programa desenvolva seu plano de ao, o que ser compartilhado com os demais pases em nvel regional e global, gerando subsdios para a construo do Marco Global para Ao em Consumo e Produo Sustentveis.

    Processo de Marrakech

    a incorporao, ao longo de todo o ciclo de vida de bens e servios, das melhores alternativas pos-sveis para minimizar custos ambientais e sociais. Acredita-se que esta abordagem preventiva melhore a competitividade das empresas e reduza o risco para sade humana e meio ambiente. Vista numa perspectiva planetria, a produo sustentvel deve incorporar a noo de limites na oferta de recursos naturais e na capacidade do meio ambiente para absorver os impactos da ao humana.

    Produo Sustentvel

    Consumo Sustentvel o uso de bens e servios que atendam s necessidades bsicas, proporcionando uma melhor quali-

    dade de vida, enquanto minimizam o uso dos recursos naturais e materiais txicos, a gerao de resduos e a emisso de poluentes durante todo ciclo de vida do produto ou do servio, de modo que no se coloque em risco as necessidades das futuras geraes.

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    No balano dos dez anos da AG21 Brasileira fica patente o crescente compromisso da sociedade brasileira em relao eco-eficincia e responsabilidade socioambiental.

    Na esfera privada h de se destacar o progressivo engajamento do setor produtivo com os objetivos do desenvolvimento sustentvel, com crescente adeso aos chamados mecanismos voluntrios, tais como os relatrios de sustentabilidade (por exemplo o Global Report Initiative - GRI e o Greenhouse Protocol), pactos

    setoriais relacionados reduo das emisses e proteo biodiversidade, e a ampliao das certificaes baseadas em princpios e critrios socioambientais. Tambm tem sido animadora a resposta do setor empresarial s demandas de reduo do impacto das embalagens, dos resduos slidos gerados na fonte e nas responsabilidades pela logstica reversa, no mbito da Poltica Nacional de Resduos Slidos.

    Outra importante convergncia entre os setores pblico e privado visando a eco-eficincia tem se dado atravs do Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica PROCEL, coordenado pelo Ministrio de Minas e Energia. O PROCEL, com aes diretas junto aos setores da indstria, de edificaes, de saneamento ambiental, de educao, de iluminao pblica, residencial, de gesto energtica municipal, etiquetagem, incluindo o Selo PROCEL, dentre outros, possibilitou, entre 1985 e 2007, economia

    de 28,5 TWh, reduzindo a demanda na ponta em aproximadamente 8.000 MW, e evitando a emisso de cerca de 8 milhes de tCO2. Na frente educativa, entre 2003 e 2010, o subprograma Procel Educao atendeu 10.314 escolas e capacitou 70,1 mil professores sobre o tema da conservao de energia, promovendo a sensibilizao de mais de 9,1 milhes de alunos do Ensino Fundamental.

    objetivo 2ECO-EFICINCIA E RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS

    Fonte: Banco de imagens SRHU/MMA

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    No tocante esfera pblica merece destaque a disseminao da Agenda Ambiental na Administrao Pblica (A3P), ao voluntria que promove a adoo de novos padres de produo e consumo, sustentveis, nas trs esferas do governo. A A3P tem como objetivos principais sensibilizar os gestores pblicos para as questes socioambientais; estimular a incorporao de critrios para gesto social e ambiental nas atividades pblicas; promover a economia de recursos naturais e reduo de gastos institucionais; e contribuir para a reviso dos padres de produo e consumo, e na adoo de novos referenciais, no mbito da administrao pblica, levando economia de recursos naturais e reduo de gastos institucionais. Apesar de existir desde 1999, a A3P foi ampliada e estruturada somente a partir de 2007, sendo que, de 2008 a 2009 foi duplicado o nmero de instituies que oficializaram a sua adeso ao programa. Hoje, so mais de 150 rgos da administrao pblica que j possuem o Termo de Adeso a A3P.

    Tambm focado na Administrao pblica e priorizado no Plano de Ao para Produo e Consumo Sustentveis (PPCS), o Programa Compras Pblicas Sustentveis que teve o seu decreto assinado pela Presidenta Dilma Rousseff, no dia 05 de junho de 2012, visa contratao preferencial de bens e servios ecologicamente sustentveis ou de menor impacto ambiental e ao incentivo de prticas de reduo de impactos ambientais na produo e consumo de bens e servios nas contrataes pblicas, para empresas identificadas com a responsabilidade ambiental e social, dentre outros. Alm disso, objetiva estabelecer uma poltica continuada de uso do poder de compra do Estado para o desenvolvimento sustentvel, de modo a gerar emprego e distribuir renda, apoiar minorias, proteger o meio ambiente, fomentar a inovao tecnolgica, reduzir as desigualdades regionais, incentivar a economia local e melhorar a competitividade internacional da economia brasileira. Importante resultado deste programa foi a publicao da Instruo Normativa n 1/2010 da Secretaria de Logstica e Tecnologia da Informao do Ministrio do Planejamento, que dispe sobre os critrios de sustentabilidade ambiental na aquisio de bens, contratao de servios ou obras pela Administrao Pblica Federal.

    Outro bom exemplo de preocupao com a eco-eficincia internalizado nas polticas pblicas a adoo do Sistema de Aquecimento Solar de gua no Programa Minha Casa, Minha Vida, o qual, em sua fase II, pretende construir 2 milhes de casas e apartamentos at 2014.

    A Agenda Ambiental na Administrao Pblica - A3P uma experincia ambiental inovadora que tem importante papel na institucionalizao da Responsabilidade So-cioambiental (RSA) na administrao pblica. Para promover a RSA, O MMA criou o Pr-mio Melhores Prticas da A3P com o objetivo de dar visibilidade e reconhecer o mrito das iniciativas dos rgos e instituies do setor pblico. Na ltima edio da premia-o, foram selecionadas as melhores prticas em 3 categorias temticas: Gesto de Resduos, Uso Sustentvel dos Recursos Naturais e Inovao da Gesto Pblica.

    Prmio Melhores Prticas da A3P

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    Para saber mais:

    Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica PROCEL: http://www.eletrobras.com/elb/procel/main.asp

    Agenda Ambiental na Administrao Pblica (A3P): http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=36

    Programa de Compras Pblicas Sustentveis: http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/wp-content/uploads/2010/06/Cartilha.pdf

  • 20

    A preocupao com o desenvolvimento e com a reduo das disparidades regionais foi tambm objeto de importantes programas estruturantes ao longo da ltima dcada. A Poltica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), criada em 2003 e institucionalizada em 2007, inaugurou uma estratgia de enfrentamento das desigualdades brasileiras a partir da movimentao das economias das regies, respeitando suas diferenas e fortalecendo sua base social, favorecendo a construo de arranjos institucionais e financeiros que balizaram inmeras aes e programas. Investimentos macios foram viabilizados pela participao do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte (FNO), do Nordeste (FNE) e do Centro-Oeste (FCO), e dos Fundos de Desenvolvimento da Amaznia (FDA) e do Nordeste (FDNE).

    Um importante instrumento de ordenamento territorial, associado Poltica Nacional do Meio Ambiente, que merece ser destacado o Zoneamento Ecolgico-Econmico (ZEE). Municpios, Estados da federao e rgos federais tm executado ZEEs e avanado na conexo entre os produtos gerados e os instrumentos de polticas pblicas, com o objetivo de efetivar aes de planejamento ambiental territorial. O ZEE pretende ser uma referncia para as polticas pblicas e ter capacidade de oferecer solues alternativas para conflitos de uso dos recursos e ocupao do

    territrio, subsidiando a elaborao de polticas territoriais e orientando os tomadores de deciso na adoo de polticas convergentes com as diretrizes de planejamento estratgico do Pas. O Governo Federal priorizou a realizao do ZEE em regies e reas que apresentam maior incidncia de conflitos e problemas socioambientais, como a bacia do rio So Francisco, os ncleos de desertificao do Semirido e a Amaznia Legal. Em dezembro de 2010, aps um amplo processo de elaborao que envolveu 15 ministrios, os Estados da regio e a sociedade civil, foi aprovado por decreto presidencial o Macrozoneamento Ecolgico-Econmico da Amaznia Legal.

    Como mais um exemplo exitoso de planejamento territorial focado na sustentabilidade temos o Projeto de Gesto Integrada da Orla Martima (Projeto ORLA). Iniciado em 2001, o ORLA busca o ordenamento dos espaos litorneos, fluviais e estuarinos, aproximando as polticas ambiental e patrimonial, com ampla articulao entre as trs esferas de governo e a sociedade. Cobre hoje cerca de 25% dos municpios costeiros e conta com quinze Comisses Tcnicas Estaduais institucionalizadas ou em processo de formalizao. Em articulao direta com os Estados costeiros foram estabelecidas diretrizes iniciais para elaborao de zoneamentos estaduais e para a integrao destes com as macrodiretrizes de ocupao territorial.

    objetivo 3RETOMADA DO PLANEJAMENTO ESTRATGICO, INFRA-ESTRUTURA E INTEGRAO REGIONAL

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    objetivo 3RETOMADA DO PLANEJAMENTO ESTRATGICO, INFRA-ESTRUTURA E INTEGRAO REGIONAL

    Esse objetivo explicita uma das grandes conquistas da sociedade brasileira no tocante sustentabilidade, com relevantes acmulos desde a publicao da AG21 Brasileira em 2002. Com o conjunto de medidas tomadas ao longo dos ltimos anos, a matriz energtica brasileira manteve-se como uma das mais limpas do mundo, com cerca de 46% de fontes renovveis. Com relao energia eltrica, a proporo de fontes renovveis em nossa matriz ainda mais relevante, alcanando aproximadamente 90% da gerao.

    Na ltima dcada a indstria sucroalcooleira superou o setor hidreltrico e se consolidou como principal fonte de energia renovvel. A partir de 2003, com o lanamento dos veculos de tecnologia bicombustvel (flex-fuel) na frota veicular brasileira, a cadeia produtiva fortaleceu-se de forma expressiva. Em 2008, o consumo interno desse biocombustvel ultrapassou o da gasolina e passou a ser o principal combustvel utilizado por veculos leves no Pas. Dois anos depois, a frota de veculos bicombustvel atingiu a marca de 11 milhes de carros, sendo que nove em cada dez automveis novos eram fabricados com essa tecnologia.

    O Programa Nacional de Produo e Uso do Biodiesel (PNPB) introduziu o combustvel na matriz energtica brasileira, tendo seu lanamento oficial em dezembro de 2004. Dessa forma, o PNPB institucionalizou a base normativa para a produo e comercializao do biodiesel no Pas, envolvendo

    a definio do modelo tributrio para este novo combustvel e o desenvolvimento de mecanismos para incluso da agricultura familiar na cadeia produtiva do biodiesel, identificado pelo Selo Combustvel Social.

    A criao do Plano Nacional de Agroenergia (2005), que estabeleceu as diretrizes para a pesquisa e inovao tecnolgica em agroenergia, foi fator importante para que o setor alcanasse esse bom nvel de desenvolvimento. Decisiva foi tambm a criao, em 2008, do Programa Desenvolvimento da Agroenergia e sua incluso no Plano Plurianual 2008-2011 como instrumento para promover a integrao dos esforos das diferentes reas de governo ligadas ao tema.

    Para garantir a sustentabilidade da expanso das cadeias produtivas agroenergticas, foram realizados o Zoneamento Agroecolgico da Cana-de-acar (ZAE Cana) e da Palma e o Zoneamento Agrcola de Risco Climtico para diversas culturas oleaginosas, bem como para o eucalipto, principal alternativa de produo de carvo vegetal e lenha.

    O ZAE Cana tratou-se de um criterioso estudo do clima e do solo das regies brasileiras, a fim de orientar a expanso sustentvel da produo de cana-de-acar e os investimentos no setor sucroenergtico, excluindo reas com vegetao nativa; reas para cultivo nos biomas como a Amaznia, Pantanal e Bacia do Alto Paraguai.

    objetivo 4ENERGIA RENOVVEL E A BIOMASSA

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    Macrozoneamento da Amaznia Legal

    Unidades Territoriais

    O ZEE um instrumento para planejar e ordenar o territrio brasileiro, harmonizando as relaes econmicas, sociais e ambientais que nele acontecem. Demanda um efetivo esforo de compartilhamen-

    to institucional, voltado para a integrao das aes e polticas pblicas territoriais, bem como articulao com a sociedade civil, congregando seus interesses em torno de um pacto pela gesto do territrio. O ZEE ponto central na discusso das questes fundamen-tais para o futuro do Brasil como, por exemplo, a questo da Amaznia, do Cerrado, do Semi-rido Brasileiro, dos Bio-combustveis e das Mudanas Climticas.

    ZEE - Zoneamento Ecolgico-Econmico

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    O ZAE Cana priorizou a produo em regies degradadas ou de pastagem e definiu que a expanso susten-tvel da produo de acar e biocombustveis deveria observar a proteo do meio ambiente, a conservao da biodiversidade, a utilizao racional dos recursos naturais, a funo social da propriedade, a promoo do desenvolvimento, a valorizao da cana-de-acar como um recurso energtico e o respeito segurana alimentar e nutrio adequada como direitos fundamentais do ser humano.

    Para saber mais:

    Plano Nacional de Agroenergia: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Ministerio/planos%20e%20programas/

    PLANO%20NACIONAL%20DE%20AGROENERGIA.pdf

    Programa Nacional de Produo e Uso do Biodiesel (PNPB):http://www.mme.gov.br/programas/biodiesel/

    Zoneamento Agroecolgico da Cana-de-Acar: http://www.cnps.embrapa.br/zoneamento_cana_de_acucar/ZonCana.pdf

  • 24

    Ao longo da ltima dcada, a trajetria rumo construo de um modelo de desenvolvimento sustentvel e inclusivo tem sido acompanhada, estrategicamente, pelo aumento nos investimentos na gerao de conhecimento e na formao de capital humano, requisitos fundamentais para tal transio.

    Na rea de Cincia e Tecnologia podemos destacar um amplo conjunto de iniciativas voltadas sustentabilidade:

    Para o setor de energia, foi criado o Programa de Desenvolvimento Tecnolgico do Biodiesel, que contribuiu para a insero do biodiesel na matriz energtica brasileira. Ao mesmo tempo, foram ampliados os esforos de pesquisa e desenvolvimento da cadeia produtiva do bioetanol, com o objetivo de manter a liderana do Brasil no mercado global de biocombustveis, tendo como marcos a criao do Laboratrio Nacional de Cincia e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), e a formao da Rede Interuniversitria para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa). As pesquisas sobre outras energias renovveis, como elica, solar e hidrulica, tambm receberam apoio oficial.

    Aumentaram tambm expressivamente as pesquisas sobre os recursos naturais do Brasil. Foram expandidos os estudos da biodiversidade na Amaznia, no Semirido e na Mata Atlntica. Realizao relevante foi a criao da Rede de Cooperao em Cincia e Tecnologia para Conservao e Uso Sustentvel do Cerrado (ComCerrado), que passou a dar apoio a 11 instituies de pesquisa sobre o tema. Foram estruturadas outras duas redes de pesquisas regionais, a Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amaznia Legal (Rede Bionorte), integrando os nove Estados da Amaznia Legal, e a Rede Centro-Oeste de Ps-Graduao, Pesquisa e Inovao (Pr-Centro-Oeste), integrando os trs Estados da regio e o Distrito Federal. Foi implantada ainda uma unidade de pesquisa para o desenvolvimento de conhecimento e tecnologia voltados para as condies especficas do bioma pantaneiro, o Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP).

    O Programa de Cincias do Mar, por sua vez, surgiu para implementar pesquisas marinhas em mbito nacional, agregando e apoiando instituies de ensino e pesquisa nos variados ramos desse campo do conhecimento.

    Criado em 2007, o Programa Nacional de Mudanas Climticas visou o aprofundamento do conhecimento sobre o fenmeno, identificando os impactos no territrio brasileiro e subsidiando polticas pblicas de enfrentamento do problema.

    Tambm com o objetivo de expandir a capacidade de Pesquisa e Desenvolvimento do Brasil em Mudanas Climticas Globais, visando identificar impactos e subsidiar polticas pblicas de adaptao e mitigao, implantou-se em 2009 a Rede Clima, envolvendo a participao de 136 grupos de pesquisa de 76 instituies de todo o Pas.

    De modo a promover a consolidao, expanso e internacionalizao da cincia e tecnologia, da inovao e da competitividade brasileira por meio do intercmbio e da mobilidade internacional foi criado o Programa Cincia Sem Fronteiras, fruto de esforo conjunto dos Ministrios da Cincia, Tecnologia e Inovao (MCTI) e do Ministrio da Educao (MEC). O Programa prev a utilizao de at 75 mil bolsas

    objetivo 5INFORMAO E CONHECIMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    objetivo 5INFORMAO E CONHECIMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

    de estudo em quatro anos visando promover o intercmbio, de alunos de graduao e ps-graduao no exterior, com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relao tecnologia e inovao em reas prioritrias, entre as quais: Cincias Biomdicas; Produo Agrcola Sustentvel; Energias Renovveis; Biotecnologia; Tecnologias de Preveno e Mitigao de Desastres Naturais; Biodiversidade e Bioprospeco; e Cincias do Mar.

    Concomitante a tais avanos, o perodo entre as duas Conferncias viu o Brasil instituir e consolidar sua Poltica Nacional de Educao Ambiental (Lei 9.795 de 1999 e Decreto 4.281 de 2002). O Programa Nacional de Educao Ambiental (ProNEA) visa assegurar, no mbito educativo, a integrao equilibrada das mltiplas dimenses da sustentabilidade - ambiental, social, tica, cultural, econmica, espacial e poltica - ao desenvolvimento do Pas, resultando em melhor qualidade de vida para toda a populao brasileira, por intermdio do envolvimento e participao social na proteo e conservao ambiental e da manuteno dessas condies ao longo prazo. O programa resultado de processo de Consulta Pblica, realizado em setembro e outubro de 2004, que envolveu mais de 800 educadores ambientais de 22 Unidades Federativas do Pas, configurando um processo de construo participativa do Programa e ao mesmo tempo promovendo a apropriao do ProNEA pela sociedade.

    Como ilustrativo das estratgias e programas, podemos citar: O Projeto Sala Verde, que consiste no incentivo implantao de espaos socioambientais para

    atuarem como potenciais Centros de Informao e Formao Ambiental; A formulao do Programa de Educao Ambiental e Agricultura Familiar, proposta voltada

    para a capacitao, sensibilizao e mobilizao dos trabalhadores e trabalhadoras rurais nas questes referentes ao meio ambiente e produo agroecolgica;

    Fonte: Ricardo Rosado Maia/Banco de Imagens IBAMA

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    Para saber mais:

    O fomento criao de Coletivos Educadores, conjuntos de instituies que atuam em processos formativos permanentes, participativos, continuados e voltados totalidade e diversidade de habitantes de um determinado territrio;

    A elaborao da Estratgia Nacional de Educao Ambiental em Unidades de Conservao (e seus entornos) ENCEA;

    Circuito Tela Verde, mostra nacional de produes audiovisuais sobre a temtica socioambiental; Apoio ao Programa Nacional de Educao Ambiental e Mobilizao Social em Saneamento

    PEAMSS, que busca fortalecer e apoiar o desenvolvimento das iniciativas de educao ambiental e mobilizao social em saneamento.

    Fonte: Banco de Imagens ASCOM/MMA

    Rede de Cooperao em Cincia e Tecnologia para Conservao e Uso Sustentvel do Cerrado: http://www.redecomcerrado.net

    Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amaznia Legal: http://www.bionorte.org.br

    Rede Clima: Programa Cincia Sem Fronteiras: http://www.ccst.inpe.br/redeclim http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf

    Programa Nacional de Educao Ambiental: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/pronea3.pdf

    Programa Nacional de Educao Ambiental e Mobilizao Social em Saneamento: http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNSA/Arquivos_PDF/CadernoMetodologico.pdf

  • EDUCAO PERMANENTE PARA O TRABALHO E A VIDA

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    A Constituio de 1988 consolidou a educao como um direito universal de todos os brasileiros. Na dcada seguinte, o Pas comeou a superar a histrica excluso de uma grande parcela da populao do sistema educacional. O Ensino Fundamental caminhou para a universalizao e o Ensino Mdio iniciou uma ampla expanso. Entretanto, em 2002, quando da publicao da AG21 Brasileira, o contexto ainda era de excluso e incapacidade de atender demanda por mais vagas e por qualidade na educao.

    O Governo Federal tem, progressivamente, confrontado as causas estruturais da excluso por meio de polticas redistributivas e afirmativas, tendo como alvo prioritrio os grupos sociais mais vulnerveis. Considerou-se a educao, a partir de ento, instrumento de promoo da cidadania, fundamental para reduzir desigualdades e consolidar o desenvolvimento social e econmico do Pas. A fim de democratizar o acesso e garantir o desenvolvimento e permanncia das crianas e adolescentes nas escolas, as aes desenvolvidas pelo Governo Federal buscaram fortalecer um sistema educacional articulado, integrado e gerido em colaborao entre Unio, Estados e municpios, com recursos progressivos e que conferiu prioridade a todas as etapas da educao da Creche Ps-Graduao.

    Para promover a viabilidade e a sustentabilidade deste compromisso, foi lanado em 2007 o Plano de Desenvolvimento da Educao (PDE), cujo objetivo foi responder ao desafio de reduzir desigualdades sociais e regionais na educao, buscando o aprimoramento do regime de colaborao federativa e a efetiva participao da sociedade brasileira como

    coautora no processo de educao. Articulado ao PDE, o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educao, estabeleceu 28 diretrizes e um conjunto de metas a serem atingidas por cada escola, cada municpio e cada Estado, pautadas em resultados de avaliao de qualidade e de rendimento dos estudantes. Todos os entes federados aderiram ao Plano de Metas, alterando uma lgica histrica de convnios unidimensionais e efmeros para Planos de Aes Articuladas (PAR), de carter plurianual.

    Tal esforo tem sido tambm acompanhado de um maior aporte de recursos. Na ltima dcada os investimentos em educao mais que triplicaram. O investimento pblico direto em Educao em relao ao Produto Interno Bruto (PIB), que era de 3,9% em 2000, chegou a 5% em 2009, e o esforo governamental tem sido para alcanar os 7%. O oramento do Ministrio da Educao (MEC) aumentou mais de duas vezes em termos reais, indo de R$ 27,2 bilhes em 2003 para R$ 65,2 bilhes em 2010. O total de recursos do Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao (Fundeb) mais que dobrou de 2002 para 2010 passou de R$ 37,5 bilhes para R$ 83,8 bilhes.

    O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao (FNDE), autarquia vinculada ao Ministrio da Educao, cuja misso prover recursos e executar aes para o desenvolvimento da educao, visando garantir ensino de qualidade a todos os brasileiros, triplicou o seu oramento, que passou de R$ 9,02 bilhes em 2003 para R$ 27,5 bilhes em 2010 em termos reais. O Programa de Alimentao Escolar (Pnae) e o Programa de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate) tambm foram ampliados para toda a Educao Bsica.

    objetivo 6EDUCAO PERMANENTE PARA O TRABALHO E A VIDA

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    O Pnae viabiliza o fornecimento alimentao escolar para os alunos de toda Educao Bsica matriculados em escolas pblicas e filantrpicas.

    O Pnate, criado em 2004, custeia despesas com manuteno, reforma, combustvel, seguro, licenciamento, impostos e taxas dos veculos ou embarcaes utilizados no transporte escolar de alunos da Educao Bsica pblica residentes em reas rurais. Tambm voltado para o transporte escolar, foi criado em 2007 o Programa Caminho da Escola, visando renovar a frota de veculos escolares destinados ao transporte de estudantes matriculados na educao bsica da zona rural das redes estaduais e municipais.

    O ciclo da Educao Bsica brasileira foi redesenhado, ganhando nova configurao. Originalmente, era obrigatrio apenas o Ensino Fundamental de 7 a 14 anos, que foi ampliado para nove anos (Lei 11.274/2006), iniciando-se a partir dos seis anos (Lei 11.114/2005). Pela

    Emenda Constitucional 59/2009, a educao tornou-se obrigatria dos quatro aos 17 anos, abrangendo, portanto, a Educao Pr-Escolar, o Ensino Fundamental e o Ensino Mdio.

    Praticamente atingido o objetivo de colocar todas as crianas de 7 a 14 anos na escola, a grande preocupao fica centrada na melhoria contnua da qualidade da educao. Essa meta vem sendo galgada atravs da Poltica Nacional do Ensino Fundamental, a partir das seguintes estratgias: ampliao do Ensino Fundamental para nove anos de durao; a correo das distores idade/ciclo/srie, ou seja, as repetncias e as evases; a reorganizao dos tempos e espaos escolares; a avaliao de desempenho dos alunos (Prova Brasil e Provinha Brasil); e a definio de novas orientaes curriculares para o Ensino Fundamental.

    O Programa Brasil Alfabetizado atendeu mais de 14 milhes de brasileiros, propiciando que na ltima dcada a taxa de analfabetismo entre a populao com 15 anos ou mais diminusse 4 pontos percentuais, caindo de 13,6% para 9,6%.

    Fonte: Banco de Imagens ASCOM/MMA

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2009

    Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2009

    Nota: Pessoas residentes em domiclios particulares, exclusive pensionistas, empregados domsticos e parentes de empregados domsticos. (1) Inclusive sem rendimento e sem declarao

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    No tocante educao profissional e tecnolgica, destaca-se a criao dos institutos federais. No espao de quase um sculo (de 1909 a 2002), foram implantadas no Brasil 140 escolas tcnicas federais, ao passo que nos ltimos dez anos foram entregues cerca de 250 novas unidades.

    No mbito do Ensino Superior, houve nfase na expanso da educao de qualidade, democratizao do acesso em instituies pblicas e privadas, reformulao da avaliao e das ferramentas de coleta de dados, bem como ampliao da ps-graduao.

    O papel decisivo da Educao Superior como pedra fundamental da estrada rumo ao desenvolvimento sustentvel levou o governo a implementar programas de ampliao da oferta de vagas e que viabilizassem a permanncia dos estudantes. Considerando a necessidade de incluso de grande percentual da populao nesse nvel de ensino, as medidas foram adotadas tanto no mbito do ensino pblico, quanto nas instituies privadas, tendo sempre como balizador da expanso a qualidade no ensino oferecido.

    A ps-graduao foi tambm fortalecida ao longo da ltima dcada. A concesso de bolsas de mestrado e doutorado foi ampliada em mais de duas vezes, com aumento significativo nos seus valores. Acompanhando o crescimento de bolsas, ampliou-se o nmero de cursos em 64,6%. Como resultado, entre 2002 e 2012 o nmero de mestre e doutores dobrou, contando o Pas hoje com 41,3 mil mestres e 13,3 mil doutores.

    Para saber mais:

    Plano de Desenvolvimento da Educao, PDE: http://portal.mec.gov.br/arquivos/livro/livro.pdf

    Programa Nacional de Alimentao Escolar, PNAE: http://www.fnde.gov.br/index.php/programas-alimentacao-escolar

    Programa Nacional de Transporte Escolar, PNATE: http://www.fnde.gov.br/index.php/programas-transporte-escolar

    Programa Caminhos da Escola: http://www.fnde.gov.br/index.php/programas-caminho-da-escola

    Programa Brasil Alfabetizado:

    http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=86&id=12280&option=com_content&view=article

    PROMOVER A SADE E EVITAR A DOENA, DEMOCRATIZANDO O SUS

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    Em 2002, a poltica de sade no Brasil amparada pela Constituio de 1988 e pelo Sistema nico de Sade - j se fundamentava nos princpios de universalidade, equidade e integralidade do atendimento ao cidado. Permaneciam, no entanto, graves obstculos sua plena concretizao. As precariedades tcnicas, financeiras e polticas de Estados e municpios dificultavam a efetivao da gesto descentralizada do sistema em mbito nacional. Era frgil a articulao entre Governo Federal, Estados e municpios co-gestores e financiadores do SUS como tambm havia dificuldade de integrao da assistncia bsica com o atendimento de mdia e alta complexidade.

    Diante da perspectiva de universalizao, os recursos mostraram-se limitados. Entretanto, com o enfrentamento dos problemas estruturais de gesto, registrou-se, na ltima dcada, um expressivo crescimento das aes em Sade nas diferentes reas de interveno, desde aes inovadoras em promoo Sade at a ampliao significativa do atendimento em diversas reas de ateno, sobretudo na ateno bsica, e tambm nos servios de alta complexidade, na vigilncia

    em Sade e na imunizao. Avanou-se tambm na regulao sanitria e no segmento suplementar de Sade. Permanece como desafio a busca de financiamento estvel para cumprir o pacto constitucional de universalizao da sade.

    Um novo olhar, por fim, se estabeleceu sobre o setor da Sade no Brasil. A Sade foi tratada no contexto das polticas sociais e dos direitos de cidadania, e tambm passou a ser considerada no mbito do projeto de desenvolvimento nacional, compreendendo as dimenses social, econmica e tecnolgica do setor.

    No tocante ateno bsica, o Programa Sade da Famlia - PSF, teve papel destacado na melhoria dos indicadores de sade no Brasil, na ltima dcada. A cobertura aumentou 65% e o nmero de equipes cresceu de 19 mil para 31,5 mil (at novembro de 2010). A cada ano, 5,8 milhes de pessoas passaram a ser atendidas pelo PSF. Em maro de 2010, o Programa j estava presente em 5,26 mil municpios de todas as regies (94,6% do total), totalizando cerca de 100 milhes de brasileiros com acesso e encaminhamento a consultas e exames, acompanhamento e orientao sobre preveno de doenas e promoo de sade.

    objetivo 7PROMOVER A SADE E EVITAR A DOENA, DEMOCRATIZANDO O SUS

    Fonte: Departamento de Ateno Bsica, Secretaria de Ateno Sade, Ministrio da Sade, 2008

    Evoluo da cobertura do Programa Sade da Famlia

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    O maior avano, entre 2003 e 2009, ocorreu no Nordeste: o Sade da Famlia atua em 99,4% dos municpios e beneficia cerca de 38 milhes de pessoas. No final de 2010, o PSF mobilizava diretamente cerca de 240 mil profissionais. Sua disseminao municipal implicou importante efeito positivo na equidade em sade.

    O Servio de Atendimento Mvel de Urgncia Samu 192, foi criado em setembro de 2003 para reduzir as mortes por acidentes, os perodos de internao e as sequelas por falta de socorro, com equipes treinadas para atendimento 24 horas, que atendem urgncias traumticas, clnicas, peditricas, neonatais, cirrgicas, obsttricas e sade mental. Em maro de 2010 j havia 1,9 mil ambulncias do Samu em circulao em 1,2 mil municpios de todo o Brasil. H tambm o suporte de 400 motolncias, sete ambulanchas e quatro helicpteros, em sete Estados. Dentro desse modelo, as Unidades de Pronto Atendimento UPAs, unidades de complexidade intermediria, consolidam a integrao da assistncia de urgncia e emergncia. Funcionam de modo articulado com o Sade da Famlia, a ateno bsica, o Samu e as unidades hospitalares. Os pacientes so avaliados de acordo com uma classificao de risco, podendo ser liberados ou permanecer em observao por at 24 horas e, se necessrio, removidos para um hospital.

    A reduo da mortalidade infantil se acentuou a partir de 2003, como consequncia de diversas iniciativas governamentais: aumento da cobertura vacinal, introduo de novas vacinas, utilizao da terapia de reidratao oral, aumento da cobertura de pr-natal e ampliao dos servios

    de sade. Outros fatores tambm contriburam para esses resultados, entre os quais: a reduo da fecundidade, a melhoria ambiental e nutricional, o aumento da escolaridade das mes e o maior aleitamento materno. Outra iniciativa que merece destaque o Pacto pela Reduo da Mortalidade Infantil na regio Nordeste e na Amaznia Legal. Para reduzir a mortalidade em 5% ao ano, prev-se a ampliao de 775 leitos de UTI neonatal e 1.446 leitos de Unidade de Cuidados Intermedirios (UCI) neonatal.

    O Programa Farmcia Popular do Brasil teve como objetivo disponibilizar medicamentos a preo de custo. No final de 2010, eram 547 farmcias populares em funcionamento em 422 municpios. Elas atendem, em mdia, um milho de pessoas por ms. At setembro de 2010 foram realizados 50 milhes de atendimentos. So 108 medicamentos disponveis no programa, que j ofereceu mais de 290 milhes de unidades populao. Atualmente, so 13,1 mil estabelecimentos credenciados em mais de 2,3 mil municpios, beneficiando mais de 130 milhes de habitantes, em uma mdia de 1,2 milho de atendimentos por ms.

    Preveno e controle de doenas e agravos: ao longo das ltimas duas dcadas, vitrias no campo da sade coletiva vm sendo colecionadas, tais como a erradicao da poliomielite, a interrupo da circulao autctone do vrus do sarampo e a transmisso vetorial da doena de Chagas. H perspectivas de eliminao do ttano neonatal e da raiva humana transmitida por ces; e tendncia declinante de casos de difteria, coqueluche e ttano acidental. Importantes medidas foram tomadas, por

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    exemplo, para o controle da pandemia de Influenza A (H1N1). O Programa Nacional de Imunizaes (PNI) vacinou mais de 16 milhes de idosos contra a gripe, o que representou uma cobertura superior a 82% .

    DST/AIDS: a implantao do Programa de Preveno e Controle das Doenas Sexualmente Transmissveis foi um destaque importante da ao governamental, que possibilita a cerca de 200 mil pessoas que vivem com o HIV/Aids o acesso aos medicamentos antirretrovirais fornecidos na rede pblica. Em 2009, foram distribudos 465,2 milhes de unidades de preservativos masculinos, quantidade trs vezes maior que em 2007. Em 2008, foram produzidos na fbrica estatal em Xapuri (AC) cerca de 40 milhes de unidades, tambm destinadas distribuio pblica. No ano de 2010, foram adquiridos cerca de 1,2 bilho de unidades a serem entregues na rede pblica e pelas organizaes da sociedade civil.

    Destaca-se, ainda, a atuao da Agncia Nacional de Sade Suplementar (ANS) nas atividades de regulao, normatizao, controle e fiscalizao no segmento da assistncia suplementar sade.

    Para saber mais:

    Sistema nico de Sade, SUS: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/area/345/entenda-o-sus.html

    Servio de Atendimento Mvel de Urgncia, SAMU: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=1787

    Programa Sade da Famlia, PSF: http://dab.saude.gov.br/atencaobasica.php

    Programa de Preveno e Controle das Doenas Sexualmente Transmissveis: http://www.aids.gov.br/

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    Em 2002, ano em que se conclua o processo de construo da Agenda 21 Brasileira, os indicadores sociais revelavam uma situao bastante grave: havia um total de 55 milhes de brasileiros na pobreza, vivendo com o valor mensal de meio salrio mnimo por pessoa, dos quais 24 milhes com menos de 1/4 de salrio mnimo, na condio de extrema pobreza. O Brasil era a dcima economia do mundo, mas tambm um dos Pases com pior distribuio de renda: o coeficiente de Gini, ndice que avalia a desigualdade na distribuio de renda, era o terceiro mais alto entre 110 Pases analisados.

    A reverso desse quadro tornou-se prioridade para o Governo Federal, a partir de 2003, tendo estabelecido um novo contrato social com metas claras de erradicao da fome, reduo da pobreza e crescimento com distribuio de renda e sustentabilidade. O primeiro passo foi o lanamento do programa Fome Zero, estratgia abrangente para promover a segurana alimentar e nutricional e assegurar o direito alimentao adequada s pessoas com dificuldade de acesso aos alimentos. Formado por um conjunto de programas de diversos ministrios, o Fome Zero tinha em sua agenda apoio agricultura familiar; direito Previdncia Social; complementao de renda para formao educacional adequada das crianas de famlias pobres; ampliao da merenda escolar, atingindo todas as crianas de escolas pblicas, inclusive creches; e apoio aos programas de combate fome criados por governos estaduais, municipais e pela sociedade civil. O segundo passo foi a estruturao de uma ao unificada de transferncia de renda: o Programa Bolsa Famlia (PBF), criado em 2003. O Bolsa Famlia unificou quatro programas desse tipo existentes: Programa Bolsa Escola, Programa Bolsa Alimentao, Auxlio Gs e Carto

    Alimentao. O modelo de gesto intersetorial do programa, descentralizado e com controle social, inovou ao viabilizar por meio de mecanismos eficientes o acompanhamento da frequncia escolar e do cumprimento da agenda de sade bsica pelas famlias beneficirias. A agenda social que comeou a ser implantada em 2003 conciliava as dimenses econmica e social na conduo das polticas pblicas. O conjunto de aes, somado a outros fatores como o crescimento da economia, a poltica do salrio mnimo e a gerao de empregos, possibilitou eliminar pela metade a proporo da populao pobre no Pas em 2005. A criao do Ministrio Extraordinrio de Segurana Alimentar e Combate Fome (Mesa) e do Ministrio da Assistncia Social (MAS), em 2003, j foram indicativos da priorizao do tema. Para racionalizar e integrar mais as polticas de proteo e promoo social, ambos os ministrios se juntaram em um nico em 2004, o Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome (MDS), que tambm congregou a Secretaria Executiva do Programa Bolsa Famlia. O desafio de construir outro modelo de desenvolvimento, a partir de polticas pblicas de incluso social, deu origem Poltica Nacional de Assistncia Social, que instituiu o Sistema nico de Assistncia Social (Suas) e Lei Orgnica de Segurana Alimentar e Nutricional, contendo as bases do Sistema Nacional de Segurana Alimentar e Nutricional (Sisan).

    A nova agenda social brasileira conseguiu cortar pela metade a proporo da populao pobre no Pas e tambm cumpriu a meta assumida em 2005 de reduzir essa proporo para um quarto da populao. A fome e a desnutrio em crianas de zero a 4 anos foram estatisticamente eliminadas em 2009.

    A partir do Sistema nico da Assistncia Social (Suas), o Governo Federal passou a oferecer um

    objetivo 8INCLUSO SOCIAL E DISTRIBUIO DE RENDA

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    conjunto de servios e benefcios populao mais pobre de todos os municpios brasileiros, por meio de unidades responsveis pela procura e acesso das pessoas ao Sistema: no final de 2010, 6.981 Centros de Referncia de Assistncia Social (Cras) estavam distribudos em 96,2% dos municpios do Pas.

    Para garantir a segurana alimentar, foram fortalecidos programas de crdito popular como o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), que teve seu oramento triplicado, e criados novos, como o Programa de Aquisio de Alimentos (PAA). Em mdia 164 mil agricultores familiares por ano foram beneficiados pelo PAA, de 2003 a 2010, com recursos da ordem de R$ 3,5 bilhes e 3,2 milhes de toneladas de alimentos.

    Na compra direta da agricultura familiar, com o fornecimento de leite para entidades sociais e famlias, mais de 700 mil famlias foram beneficiadas. O Brasil tornou-se gradualmente referncia mundial no combate fome.

    Alm do impacto da transferncia direta de renda aos mais necessitados, o que por sua vez favoreceu as economias locais das regies mais pobres do Pas, as condicionalidades do Bolsa Famlia foram estratgias fundamentais para o enraizamento de um amplo leque de polticas sociais nas reas de educao, sade e segurana alimentar e nutricional. Como resultado do Bolsa Famlia, a frequncia escolar de crianas de 6 a 17 anos das famlias beneficirias foi 4,4 pontos percentuais maior do que a de crianas das famlias no beneficirias. S na regio Nordeste essa diferena foi de 11,7 pontos percentuais a favor das crianas das famlias beneficirias. A progresso de srie escolar para crianas de 6

    a 17 anos de famlias beneficirias foi 6 pontos percentuais a mais, em comparao com famlias no beneficirias. A condicionalidade em educao do Bolsa Famlia teve impacto fundamental tambm na queda da taxa de trabalho infantil no Pas. O impacto do programa em importantes indicadores de sade pblica relacionados agenda bsica de sade tambm revelador.

    A gigantesca operao que tornou possvel um sistema que hoje atende cerca de 13 milhes de famlias se baseia no Cadastro nico para Programas Sociais. Formado a partir de diferentes bancos de dados, o Cadastro nico permite saber quem so, onde esto e quais so as necessidades das mais de 20 milhes de famlias vulnerveis do Pas. Ali se encontram nome, endereo e renda dos cidados em situao de risco. A operao e o acompanhamento dos programas voltados aos segmentos populacionais de menor renda tomam por base esse cadastro. Com o Cadastro nico tornou-se possvel, tambm, articular e integrar polticas e programas de forma a beneficiar segmentos especficos. Exemplos disso so os programas como o Tarifa Social de Energia Eltrica, Carteira do Idoso e o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

    Como resultado 28 milhes de brasileiros saram da pobreza absoluta e 36 milhes entraram na classe mdia. A concentrao de renda tambm foi reduzida: o ndice de Gini, que em 2002 era de 0,589 caiu para 0,510 em janeiro de 2012, menor valor desde que comeou a ser medido.

    Entretanto, mesmo com este esforo, 16 milhes de brasileiros ainda permanecem na pobreza extrema. So populaes ainda no alcanadas pelas polticas de incluso, como o Bolsa Famlia, e sem acesso a servios essenciais

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    como gua, luz, educao, sade e moradia. Para atender a esse pblico - localizado em reas longnquas do nosso territrio ou em zonas segregadas das grandes cidades foi criado o Plano Brasil Sem Misria. Entre outras coisas, vai identificar e inscrever pessoas que precisam e ainda no recebem o Bolsa Famlia. E ajudar quem j recebe a buscar outras formas de renda e melhorar suas condies de vida. Para isso, desenvolveu uma nova estratgia, chamada Busca Ativa, e est montando o mais completo Mapa da Pobreza no Pas.

    Para saber mais:

    Programa Bolsa Famlia: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia

    Plano Brasil Sem Misria: http://www.brasilsemmiseria.gov.br/

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    A universalizao do saneamento , sem dvida, um dos grandes desafios ainda postos ao Brasil.

    Em 2002 10,7% dos domiclios urbanos ainda no tinham acesso ao abastecimento de gua potvel por rede geral com canalizao interna e, aproximadamente, um a cada quatro lares no dispunha de redes coletoras de esgotos sanitrios ou fossas spticas. Igualmente, inexistia um marco legal que orientasse as aes do setor e no havia um fluxo constante de investimento.

    Para superar esse quadro, foi empreendido, ao longo da ltima dcada, um grande esforo de coordenao das iniciativas, fundado no planejamento conjunto e na definio clara das atribuies de cada um dos rgos atuantes na rea. Tal reordenamento institucional foi acompanhado da ampliao das verbas federais voltadas melhoria das condies de saneamento da populao. Em 2007, um novo reforo veio com o Programa de Acelerao do Crescimento (PAC), que visou aos sistemas de abastecimento de gua, ao esgotamento sanitrio, ao saneamento integrado, drenagem urbana e ao manejo de resduos slidos urbanos em todo o Pas.

    Segundo apontou a Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), entre 2002 e 2009, os servios de abastecimento de gua ampliaram-se na rea urbana, cuja cobertura saltou de 89,3% para 92,6%. Na zona rural, o resultado foi ainda mais expressivo, passando de 18,3% para 28,9%. No montante final, 10,7 milhes de domiclios passaram a dispor de gua potvel com canalizao interna. Em reas indgenas, a Funasa registrou uma cobertura de 64,3%. Ao todo, entre 2003 e julho de 2010, R$ 12,8 bilhes foram destinados

    implantao e ampliao de sistemas de abastecimento de gua em 681 municpios.

    Os investimentos em saneamento garantiram que mais 10,7 milhes de domiclios passassem a dispor de gua potvel com canalizao at o final de 2009. No mesmo perodo, a cobertura da rede coletora de resduos em esgotos e fossas spticas cresceu de 76,6% para 80,4% na rea urbana e, na rural, de 17,1% para 26,0%. Com isso, 9,7 milhes de casas em 573 municpios passaram a dispor de esgotamento sanitrio e, consequentemente, de melhores condies ambientais e de sade. O empreendimento contou com R$ 13,2 bilhes em investimentos. O quadro de melhorias foi reforado com a ampliao de 11,3% no tratamento de esgotos, que uma das principais iniciativas na rea de saneamento bsico. Segundo o Sistema Nacional de Informaes sobre Saneamento, o perodo de 2002 a 2008 registrou um incremento de 11,3% na cobertura do servio.

    As polticas pblicas do setor tambm alcanaram resultados satisfatrios no manejo de resduos slidos na rea urbana, abrangendo 98,5% das residncias em 2009. Ao considerar o total de domiclios que passaram a contar com os servios, verifica-se a cobertura de 11,1 milhes de novos lares em sete anos.

    Quanto ao destino do lixo coletado, a Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico revelou o decrscimo de 30% no envio dos resduos para lixes entre os anos 2000 e 2008, embora ainda recebam mais da metade dos resduos slidos dos municpios. Por outro lado, registrou-se um grande avano nos programas de coleta seletiva e reciclagem, passando de 451 municpios para 994, no perodo.

    objetivo 9UNIVERSALIZAR O SANEAMENTO AMBIENTAL PROTEGENDO O AMBIENTE E A SADE

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    Avanos relevantes tambm se deram na instituio de um marco legal para o setor. A Lei 11.445/07 estabeleceu as diretrizes nacionais e instituiu a poltica federal para o saneamento bsico. Entre as principais inovaes, destacam-se a extenso do conceito de saneamento bsico aos servios de manejo de guas pluviais e de resduos slidos urbanos e a obrigatoriedade do planejamento, da fiscalizao e, principalmente, da regulao dos servios. De modo complementar, em 2010, foi sancionada a Lei que instituiu a Poltica Nacional de Resduos Slidos, que estabeleceu o ciclo de prioridades para a gesto desses resduos, compreendendo a no gerao, a reduo, o reuso, a reciclagem, o tratamento e a destinao final. Foram previstos, ainda, a elaborao de planos de resduos slidos em vrias esferas da Administrao Pblica e do setor privado; a estruturao de cadeias de logstica reversa (a fim de retornar mercadorias e embalagens ao setor produtivo aps o seu ciclo de vida, tal como hoje j ocorre com pilhas e pneus); a ampliao da cobertura por coleta seletiva; e a instalao de aterros sanitrios em todos os municpios do Brasil.

    Fonte: Banco de Imagens SRHU/MMA

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    Para saber mais:

    Lei 12.305/2010. Institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm

    Sistema Nacional de Informaes sobre Saneamento: http://www.snis.gov.br

    Lei 11.445/2007. Institui a Poltica Nacional de Saneamento: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm

  • GESTO DO ESPAO URBANO E AUTORIDADE METROPOLITANA

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    Com cerca de 80% da populao brasileira residindo em cidades, garantir a qualidade de vida nos ncleos urbanos um dos grandes desafios do sculo XXI. O rpido processo de urbanizao nas ltimas dcadas gerou aglomeraes urbanas com infraestrutura precria e ocupao inapropriada de reas ambientalmente frgeis, como mananciais, esturios e territrios de proteo da biodiversidade. Em paralelo, nos anos recentes, se tem observado - com o aprofundamento do processo de interiorizao - uma sensvel modificao na dinmica de urbanizao, com reflexos na densidade e mobilidade populacional, na articulao do espao econmico e na

    intensificao do uso de recursos naturais.Desde a publicao da AG21 Brasileira,

    em 2002, o Pas vem assistindo a um amplo conjunto de esforos voltados ao enfrentamento do histrico processo de excluso socioespacial que aflige milhes de brasileiros em nossas cidades: um cenrio urbano dominado por altas concentraes populacionais em assentamentos precrios situados em rea de risco ou nas periferias das grandes cidades. Irregularidades fundirias, dficit de saneamento e habitacional, degradao ambiental e mobilidade reduzida devido ao trnsito catico e a sistemas de transporte pblico insuficientes completavam esse

    objetivo 10GESTO DO ESPAO URBANO E AUTORIDADE METROPOLITANA

    Crescimento demogrfico anual das Regies Metropolitanas de 2000 a 2007

    Fonte: CEM/Cebrap Centro de Estudos da Metrpole, 2008

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    quadro. Era urgente uma interveno nas regies metropolitanas e aglomerados urbanos, que at ento careciam de instncias democrticas para represent-los localmente e de pactos federativos orientados obteno de melhorias concretas. A situao refletia a ausncia de uma poltica nacional de desenvolvimento que integrasse e financiasse os projetos setoriais de habitao, saneamento, mobilidade, transporte e gesto territorial. O enfrentamento dos problemas comeou exatamente por essa articulao, buscando resultados que se perpetuassem e que rendessem frutos tambm para as futuras geraes.

    Foi institudo, ento, o Ministrio das Cidades, com a misso de unificar as polticas setoriais, envolver a sociedade nos processos decisrios, implantar o Estatuto da Cidade e, sobretudo, apoiar os municpios no esforo de planejar e gerir o uso e a ocupao do solo. Para tanto, realou o papel institucional das prefeituras, com programas de capacitao e assistncia tcnica; promoveu a regularizao fundiria, ampliando as alternativas de acesso moradia e de urbanizao dos assentamentos precrios; aumentou e tornou contnuos os investimentos em infraestrutura, especialmente em termos de saneamento e transporte coletivo; e estimulou a participao qualificada dos cidados na concepo e no monitoramento das aes.

    Em 2006, uma iniciativa interministerial deu origem ao Plano Nacional de Desenvolvimento Urbano (PNDU), que ganhou reforo significativo com a criao do eixo de Infraestrutura Social e Urbana no mbito do Programa de Acelerao do

    Crescimento (PAC), em 2007. Por meio dele, R$ 51 bilhes foram destinados a aes integradas de habitao, saneamento e urbanizao e, ainda, ao lanamento do Programa Minha Casa, Minha Vida, em 2009.

    Para enfrentar o dficit habitacional e as inadequaes dos domiclios, os eixos de atuao abrangeram: proviso habitacional a famlias de baixa renda; financiamento pessoa fsica com recursos de fundos geridos pela Unio e do Sistema Brasileiro de Poupana e Emprstimo; o Minha Casa, Minha Vida, com volumes inditos na destinao de recursos pblicos para moradias voltadas populao pobre; a urbanizao de assentamentos precrios; e o desenvolvimento institucional de Estados, municpios e Distrito Federal, associado cooperao tcnica. Simultaneamente, os esforos de planejamento e gesto territorial urbana beneficiaram mais de 276 mil famlias com a regularizao fundiria promovida entre 2004 e 2009, bem como viabilizaram a execuo de 18,2 mil projetos de infraestrutura.

    Igualmente, condies ambientais e de sade mais adequadas foram proporcionadas s populaes de baixa renda graas ampliao do abastecimento de gua potvel para 10,7 milhes de casas e expanso do esgotamento sanitrio para 9,7 milhes de famlias. Tambm satisfatrio passou a ser o manejo de resduos slidos nas reas urbanas, abrangendo 98,5% das residncias em 2009. A Poltica Nacional de Resduos Slidos, de 2010; e o Prodes - Programa Despoluio de Bacias Hidrogrficas, iniciado em 2003, so marcos importantes dessa poltica de saneamento ambiental nas cidades.

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    Para saber mais:

    Ministrio das Cidades: http://www.cidades.gov.br

    Programa de Acelerao do crescimento, PAC: http://www.brasil.gov.br/pac

    Minha Casa, Minha Vida: http://www.brasil.gov.br/pac/o-pac/pac-minha-casa-minha-vida

    Programa Despoluio de Bacias Hidrogrficas: http://www2.ana.gov.br/Paginas/projetos/Prodes.aspx

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    Em 2002, a Agenda 21 Brasileira, ao contextualizar o desafio posto ao desenvolvimento sustentvel rural, j colocava em cheque a percepo, ento corrente, do xodo rural enquanto um fenmeno inevitvel e irreversvel. Para tanto, destacava como fundamental reconhecer e criar condies de realizao do potencial ainda inexplorado de desenvolvimento do interior do Pas, baseado na maior capacidade de absoro

    de fora de trabalho dos sistemas produtivos de carter familiar, cuja base a pluriatividade e a multifuncionalidade da agropecuria de pequeno porte (grifo nosso).

    Hoje, passada apenas uma dcada desse alerta, temos j consolidadas as bases de um novo paradigma de desenvolvimento rural. Um amplo conjunto de polticas pblicas, elaboradas e implementadas em estreito dilogo com os movimentos sociais do campo, tem configurado um novo Brasil rural, com qualidade de vida para suas populaes e uso mais sustentvel dos recursos naturais.

    Dentre tantas aes, merece meno especial o Programa Desenvolvimento Sustentvel de Territrios Rurais (Pronat), iniciado em 2003. Com 164 Territrios Rurais implantados, o programa abrange mais de 2.500 municpios, com uma populao de 52,2 milhes de pessoas (28,51 % do total da populao brasileira) e correspondendo a uma rea de 5,04 milhes de km2 (58,49% da rea total do Pas).

    Cada territrio conta com seu Colegiado, instncia participativa e responsvel pela elaborao e implantao dos Planos de Desenvolvimento Territorial Rural Sustentvel.

    Em 2008, a partir dos acmulos do Pronat, foi lanado o Programa Territrios da Cidadania, concebido para universalizar medidas bsicas de cidadania, congregando diversas polticas pblicas. Foram criados 60 Territrios da Cidadania em 2008. Esse nmero ampliou-se para 120 em 2009, atingindo 1.851 municpios e 42,4 milhes de habitantes (23% do total do Pas). O Programa abrangeu, desde sua criao, 46% da populao

    objetivo 11DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL DO BRASIL RURAL

    Fonte: ECADET

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    rural brasileira, 1,9 milho de famlias agricultoras, 587 mil famlias de assentados da reforma agrria, 11 milhes de famlias beneficirias do Bolsa Famlia, 1.004 comunidades quilombolas e 349 indgenas e 410 mil famlias de pescadores, segundo dados do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio, MDA.

    Para propiciar esse ciclo de transformao a assistncia tcnica e extenso rural pblica (ATER) foi reconstruda a partir da instituio, em 2003, da Poltica Nacional de Assistncia Tcnica e Extenso Rural (Pnater). No mesmo contexto, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) consolidou uma engenharia financeira que tem viabilizado projetos que geram renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrria. O programa possui as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, alm das menores taxas de inadimplncia entre os sistemas de crdito do Pas. A criao de novas linhas de financiamento tais como Pronaf Agroindstria, Semirido, Floresta, Mulher, Jovem, Custeio de Agroindstrias Familiares, Comercializao da Agricultura Familiar, Cotas-Partes e Agroecologia efetivou um ciclo estruturante das polticas pblicas voltadas valorizao de gnero e ao desenvolvimento sustentvel, contemplando os agricultores que desenvolvessem atividades produtivas ecologicamente corretas.

    O Programa de Aquisio de Alimentos (PAA), criado em 2003, tem propiciado a aquisio de alimentos de agricultores familiares, com iseno de licitao, a preos compatveis aos praticados nos mercados regionais. Dessa forma, articulando diversas polticas, promove o acesso a alimentos s populaes em situao de

    insegurana alimentar e promove a incluso social e econmica no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar. Os produtos so destinados a aes de alimentao empreendidas por entidades da rede socioassistencial; Equipamentos Pblicos de Alimentao e Nutrio como Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitrias e Bancos de Alimentos e para famlias em situao de vulnerabilidade social. Alm disso, esses alimentos tambm contribuem para a formao de cestas de alimentos distribudas a grupos populacionais especficos.

    Em 2009, com a criao da Poltica Nacional de Alimentao Escolar (PNAE), mais um grande exemplo do potencial transformador das polticas integradas foi dado, com forte impacto no fortalecimento da agricultura familiar. A PNAE determina a utilizao de, no mnimo, 30% dos recursos repassados para alimentao escolar, na compra de produtos da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizaes, priorizando os assentamentos de reforma agrria, as comunidades tradicionais indgenas e comunidades quilombolas. A lei orienta ainda que a aquisio desses gneros alimentcios seja realizada, sempre que possvel, no mesmo municpio das escolas. Quando o fornecimento no puder ser feito localmente, as escolas podero complementar a demanda entre agricultores da regio, territrio rural, Estado e Pas, nesta ordem de prioridade.

    Os resultados de todas essas iniciativas logo se fizeram sentir. Na ltima dcada, o xodo rural foi invertido e a agricultura familiar ganhou 412 mil novos estabelecimentos. O emprego assalariado no campo contemplou 577 mil novas famlias e

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    mais de 4,8 milhes de pessoas que viviam em reas rurais saram da pobreza. A renda mdia da agricultura familiar cresceu 30% em termos reais no perodo (a renda mdia brasileira cresceu 11%). Por consequncia, melhorou a qualidade de vida dos agricultores, que conseguiram acesso a vrios bens. Entre 2004 e 2009, o nmero de domiclios rurais com iluminao eltrica saltou de 6,5 para 8,2 milhes.

    Para saber mais:

    Poltica Nacional de Assistncia Tcnica e Extenso Rural, PNATER: http://portal.mda.gov.br/portal/saf/programas/assistenciatecnica/2522569

    Programa Aquisio de Alimentos:http://comunidades.mda.gov.br/portal/saf/programas//alimentacaoescolar

    Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, PRONAF: http://portal.mda.gov.br/portal/saf/programas/pronaf

  • 51

    Passados dez anos de publicao da Agenda 21 Brasileira, o Brasil consolidou-se como provedor mundial de matrias primas e alimentos. Conseguiu tambm avanos rumo a padres mais sustentveis de produo agropecuria, com incorporao crescente de tecnologias como sistemas de produo integrada, plantio direto, agricultura orgnica, integrao lavoura-pecuria-floresta, prticas de conservao do solo e metodologias inovadoras e eficientes de recuperao de reas degradadas e de restaurao florestal. Parte significativa dessa conquista fruto dos investimentos constantes e crescentes nas reas de pesquisa e desenvolvimento, com destaque para os trabalhos da Embrapa, das agncias estaduais de pesquisa agropecuria e das

    universidades e centros tecnolgicos. A rea de assistncia tcnica e extenso rural

    pblica sucateada ao longo da dcada de 90 foi reconstruda, tendo como marco legal a instituio, em 2010, da Poltica Nacional de Assistncia Tcnica e Extenso Rural (PNATER) e o Programa Nacional de Assistncia Tcnica e Extenso Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrria (Pronater), instrumentos focados na transio para uma agricultura sustentvel. Tambm no campo da agricultura familiar, a criao de novas linhas de financiamento do Pronaf, tais como Pronaf-Floresta, Pronaf-Sustentvel, e Pronaf-Agroecologia, possibilitou os instrumentos de crditos para essa mudana de padro de produo. Importante medida nesse sentido foi a poltica de remunerar os produtores familiares orgnicos, fornecedores do Programa de Aquisio de Alimentos (PAA), com um bnus de at 30% em relao ao valor pago pela produo convencional.

    Ao mesmo tempo em que se fortalecia a transio agroecolgica junto agricultura familiar, polticas de apoio sustentabilidade da produo agropecuria em maior escala tambm chegavam ao campo. O Programa Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC), criado em 2010 pelo Governo Federal, desenvolvido para mitigar e reduzir a emisso dos gases de efeito estufa gs carbnico (CO2), gs metano (CH4) e xido nitroso atravs de incentivos e recursos para os produtores rurais adotarem tcnicas agrcolas sustentveis, de forma a difundir uma nova agricultura sustentvel a ser adotada pelos agricultores, reduzindo assim os impactos do aquecimento global. O Programa ABC apoia aes em seis principais linhas: plantio direto na palha;

    objetivo 12PROMOO DA AGRICULTURA SUSTENTVEL

    Fonte: Banco de Imagens/MDA

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    recuperao de reas degradadas; integrao lavoura-pecuria-floresta; plantio de florestas comerciais; fixao biolgica de nitrognio; e tratamento de resduos animais.

    Para saber mais:

    Programa ABC: http://www.agricultura.gov.br/abc/

    Lei 12.188/2010 - Poltica Nacional de Assistncia Tcnica e Extenso Rural (PNATER) e a Programa Nacional de Assistncia Tcnica e Exten-

    so Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrria (Pronater):http://www.mda.gov.br/portal/institucional/novaleideater

    Fonte: Banco de Imagens/MDA

  • 53

    Para o governo brasileiro, a construo da Agenda 21 Local tida como importante instrumento de gesto e planejamento para o desenvolvimento sustentvel na escala local. O sucesso da Agenda 21 Local consiste em garantir o planejamento voltado para a ao compartilhada, na construo de propostas pactuadas, voltadas para a elaborao de uma viso de futuro entre os diferentes atores envolvidos; na conduo de um processo contnuo e sustentvel; na descentralizao e controle social e incorporao de uma viso multidisciplinar em todas as etapas do processo. Desta forma, governo e sociedade esto utilizando este poderoso instrumento de planejamento estratgico participativo para a construo de cenrios consensuados, em regime de co-responsabilidade, que devem servir de subsdios elaborao de polticas pblicas sustentveis, orientadas para harmonizar desenvolvimento econmico, justia social e equilbrio ambiental.

    Estimular nacionalmente os processos de elaborao de agendas 21 locais atribuio do MMA, por meio da Secretaria de Articulao Institucional e Cidadania (SAIC). Para auxiliar os municpios no processo de conduo do processo de Agenda 21, no ano de 2005, o MMA publicou o documento Passo a passo da Agenda 21 local.

    Ao longo dos anos, diversas aes foram realizadas pelo MMA no processo de induo e acompanhamento dos processos de agenda 21 Local. Em 2002, assim que finalizada a Agenda 21 Brasileira, foi solicitado ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) que fosse includa no instrumento de pesquisa do suplemento especial de Meio Ambiente da Pesquisa de Informaes Municipais (MUNIC), uma seo que indagava o estgio e forma de atuao de processos de Agenda 21 Local. A pesquisa considerou a existncia de Agenda 21 Local a partir da fase de mobilizao da sociedade e do poder pblico local, mesmo que esta iniciativa no tivesse passado por uma formalizao legal. Os resultados apontaram a ocorrncia de 1.652 municpios com processos de implantao da Agenda 21, o que correspondia a 29,7% do total dos municpios brasileiros.

    Para fomentar processos de Agenda 21, o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) apoiou, entre os anos de 2001 e 2009, um total de 96 projetos que incluram 298 municpios e trs Estados. Os procedimentos necessrios para a liberao dos recursos exigiam o incio das sensibilizaes/mobilizaes, constituio dos fruns locais, realizao de um diagnstico participativo e elaborao de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentvel (PLDS), sendo este o produto final determinado pelo convnio. Alm do fomento do FNMA, o Programa Agenda 21 do MMA ofereceu assistncia tcnica para uma mdia de

    objetivo 13PROMOVER A AGENDA 21 LOCAL E O DESENVOLVIMENTO INTEGRADO E SUSTENTVEL

    O Passo-a-Passo da Agenda 21 Local prope um roteiro organizado em seis etapas: mobilizar para sensibilizar governo e sociedade; criar um Frum de Agenda 21 Local; elaborar um diagnstico participativo; e elaborar, implementar, monitorar e avaliar um plano local de desenvolvimento sustentvel.

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    100 processos/ano ao longo dos cinco anos, por meio do comparecimento a eventos oficiais de sensibilizao, da coordenao de oficinas de formao; produzindo e distribuindo material metodolgico; dirimindo dvidas dos fruns de Agenda 21 Local; apoiando os encontros da Rede Brasileira de Agendas 21 Locais (REBAL); entre outras aes.

    A Coordenao da Agenda 21 do Ministrio do Meio Ambiente, atenta necessidade de um levantamento destes resultados, realizou em 2009 a Pesquisa Nacional sobre Agendas 21 Locais. Dentre os resultados dessa pesquisa podemos citar impactos da Agenda 21 na escola; na organizao social dos municpios; em atividades econmicas sustentveis; na estruturao de sistemas de gesto de resduos slidos; no fortalecimento de projetos governamentais ou no governamentais; na influncia em polticas pblicas; na criao e fortalecimento de rgos de gesto ambiental; entre outros.

    Desde 2003 a preocupao expressa do Governo Federal com a elaborao e implantao das

    Agendas 21 Locais e apoio formao continuada em Agenda 21 Local tem estado contemplado nos Planos Plurianuais (PPA 2004-2007; PPA 2008-2011; e PPA 2012-2015). As metas estabelecidas para este objetivo no perodo 2012-2015 so:

    a) Apoiar a atualizao e a implementao de 100 Planos Locais de Desenvolvimento Sustentvel, em mbito municipal, pelos respectivos Fruns de Agenda 21; e

    b) Fomentar a implementao de projetos socioambientais abrangendo 200

    municpios brasileiros.

    O balano das aes at aqui desenvolvidas, aliado ao compromisso j expresso no PPA 2012-2015, explicita o comprometimento do Governo Federal em apoiar o fortalecimento dessas importantes plataformas de concertao local, espaos de dilogo, empoderamento e participao social, elementos centrais na construo da sustentabilidade.

    Fonte: Banco de Imagens/DCRS

    Fonte: Banco de Imagens/DCRS

  • AGENDA 21 BRASILEIRA: AVALIAO E RESULTADOS

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    Fonte: Banco de Imagens/DCRS

    Para saber mais:

    Programa Agenda 21 SAIC/MMA: http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=18

    Passo a Passo da Agenda 21 Local: http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/passoapasso.pdf

    Pesquisa Nacional das Agendas 21 Locais - Sumrio Executivo. 2009:http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/sumario_executivo_18.pdf

  • 56

    Em 2002, o Brasil possua uma frota da ordem de 23 milhes de automveis. Passados dez anos, esse nmero se aproxima da casa dos 45 milhes. Tal balano explicita, de um lado, o crescimento econmico vivenciado na ltima dcada; de outro, porm, reflete a magnitude do desafio de se romper com a cultura do automvel, questo j destacada em 2002 pela AG21 Brasileira.

    Se por um lado as polticas econmicas dos ltimos anos favoream e, no raro, patrocinam essa expanso do transporte individual tambm verdade que esse processo foi acompanhado pela implementao e modernizao de polticas de mobilidade urbana e de segurana no trnsito, bem como de investimentos no transporte de massa e reduo dos impactos ambientais do setor.

    Como exemplos desses avanos podemos citar a Poltica Nacional de Trnsito (PNT), instituda em 2004, que traou as diretrizes para garantir a mobilidade de toda a populao, com segurana e

    qualidade ambiental. Com esse intuito, o Cdigo de Trnsito Brasileiro tambm passou por evolues. De forma complementar ao aprimoramento do marco normativo, foram desenvolvidas aes de fortalecimento institucional e apoio elaborao de Planos Diretores de Transporte e Mobilidade Urbana para reas metropolitanas de interesse nacional.

    Cabe aqui tambm destacar a recm instituda Poltica Nacional de Mobilidade Urbana (Lei n 12.587, de3 de janeiro de 2012), na qual constam os instrume