africa fundador: padre amÉrico - 29.10.19… · .r a vida, as, como a pessoa , atribuí· ato...

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TO» sura A. s o tinha al. E, s sítios as con- no co- os que o Gaia· grande! ontinua- co onde inunda· não são os, mas a Obra i r Fran· Senhor nte tão iue mili- . Na si· pequena que se o ribeiro :ando. E :os, nas itos, nas enchem rigações .ue nos e os · odos do Daniel página) fo. ilite de- ais um não anto ele ser as- ela afir- é como a coisa. · gem em a nossa da. Nós por via homens orgulho .r a vida, as, como a pessoa , atribuí· ato Pinto J 1 , AFRICA 1 À chegada a Luanda, regressados de Uíge, tivemos uma. sa- borosa. surpresa: a visita do Delfim. Delfim foi do Lar do Ex- -Pupilo e um dos das primeiras levas que Pai Américo empregou em Angolii-. É operário da BRICON e anda de terra em terra, por onde a Brigada traz obras. Agora trabalha em Salazar, na. construção de residências para. funcionários. Pois Delfim chegou a Luanda. 4. 11 feira em que saímos para o Congo e ali esperou a pé firme para nos ver. Foram qua- tro dias sem trabalho e com despesa acrescida pela. deslocação ... Mas ele vinha para o que vinha e não arredou sem cumprir seu objectivo. Encontrámo-lo à porta do Hotel Globo, à tarclinha do nosso segundo sábado de Angola. Não o conhecíamos. Ele tampouco a nós. Mas calculou e perguntou se sim... Éramos. Delfim tem trinta anos, o seu pecú)io, sua noiva. .. Pensa casar no fim deste ano. Vive contente. Tive sinais da sua gene- rosidade. Eis uma virtude que, em toda a parte - e em Ãfrilia, nomeadamrente - pode tornar-se um perig·o, se não prudente orientação. A vida é exigente e sôfrega de compensações. Sempre se levanta muito forte a tenta_ção do imediato. Esperar - que não fosse acto de uma virtude sobrenatural -;- humanamente é uma operação düícil, por vezes, mesmo heroica. E, para esperar, é preciso ter por que esperar. Ter um ideal bem definido e tão firme adesão a ele, que todo o sacrifício intermédio é º' peque- no preço da sua obtenção. · Ora em África, onde mesmo para o operário é um boeadi '-- nho maior a fartura do dinheiro, pode ela converter-se. em atra- so em vez de ·progresso na realização do anseio de quase todo o rapaz de vinte anos pelo seu Lar. Por isso Pai Américo, que além da experiência dos anos, tinha a da vida africana em pequenos meios, desejava que os seus rapazes foss0Ill! casados, ou proximamente casadoiros, para preencher o vazio - ainda maior lá do que -que o Delfim sente, agora aos trinta anos, em desejos de estabilizar a sua vida. Em Uíge fomos abordados por dois pedreiros, pai e filho, que aos poucos e das suas economias corajosamente granjeadas, construiram nos arredores uma casinha com suas lareiras. Mas faltam-lhes as mulheres. São eles que de manhã co- zinham · qualquer coisa para todo o dia e asseiam a casa quan- to sabem e.podem. Mas não basta. Não lar sem mulher. «Oh Senhor Padre, eu tenho estado a pontos de desanimar e deixar tudo e voltar à terra!. .. São seis anos! ... Vejái me consegue que a mulher venha depressa .. . » Eu acho que era melhor irem menos uns colonos e dar prioridade às coan'Panheiras destes que estão, sujeitos a tltntos perigos, de que, infelizmente, muitos se não libertam, na mesmo na destruição dos seus lares. É tão humano este grito de um português que deu as suas provas no Ultramar! Provas de trabalhador e provas de digni- dade e de fidelidade aos grandes valores sociais ! Quem me dera poder responder eficazmente, e já, aio seu pedido: «Veja se me consegue que a mulher venha depressa ... »! Por isso que Pai Américo bem sabia como é dissipante em África a vida de um rapaz sozinho; por isso que também nós o - é que queríamos que fossem casados ou a casar proximamente, quantos dos nossos forem partindo para lá. E ao Delfim, de quem guardamos uma recordacão de mui· ta simpatia, nós desejamos e queremos que em nos dê a alegre notícia de mais um lar fundado em Cristo, a tornar mais portuguesa a nossa Angola. SEMENTES muito que devia ter sido escri· ta esta palavra de agradecimento. A nossa horta está se mpre l'.echeada de mimos que nos fornecem alimento precioso. Ra- ras são as sementeiras compradas por que «A Sementeira», do Porto, no-las tem dado. São · muitos escudos poupados por esta forma. Quase teríamos vergonha de entrar se não fossem as palavras que acompanham sempre as numerosas remessas: «Temos mui· to gosto em as oferecer». Estas palavras dão· ·nos confiança e dizem- nos que não razão para temermos o cansaço de nos verem por ali tantas vezes. Padre Manuel António Fundador: PADRE AMÉRICO ANO XVI - N. 0 434 Preço ISOO OBRA DE: PARA RAPAZ PELOS RAPAZES Redacção e Administração Casa do Gaiato - Paço de Sousa Propriedade da Obra da Rua ARECE que cli!sta ve ... é certo: a coisa vai! · Eu me queixei aqui das consumi- ções que t êm sido com esta ofi- cina: Não podemos pôr mais rapazes porque não teares ; não ternos posto mais teares porque não rapazes. t fái.cil! Os dois teares mecâni· cos que temos, (um automáti- co) só escassamente nos ocupam dois rapazes: o oficial e o apren· diz. Ora vem a tropa, ou qual- quer outro precalço imprevisto - e ficamos nós sem oficia l. E como o aprendiz não dá conta sàzinlw, começam as avarias as vindas roda vez mais f de afinador de fora, o desânimo a crescer .. . e temos o encer- ramento temporário (bem longo, às vezes) da oficina. T 1.m sido assi'in! Tem si.do, mas agora temos fundadas es- peranças de qu,J não. t que Ze- quita, o oficial pró · momento, foi à inspecção e não o quise- ram. Fizeram muito bem por - que ele é volumoso e tem pro· sá pias, mas não passa de um fraquito! Xico de Guimarães está sempnd sorridente ao seu tear. O nosso apelo de meses foi ouvido e temos mais dois teares, estes manuais, que um Amigo muito simpático, nos vem mon- tar e verificar nos seus domingos e horas <Jr, ócio. Manuel f orge supervisiona os dois primeiros. Vamos meter mai.s doi,s o Zé Luis «Morcão» e outro, que ainda não sei. De modo que os senlwres es- tão a ver oonw a lwra é deres- surreição! Uma coisa, porém é necessá- ria: encomendas, muitas enco· mendas, que nós não podemos estar a trabalhar sem destino. Ao pano lençol e sarja com 70 cm. de wrgo que temos fa- brirodo, vem juntar-se agora a possibilidade de executarmos te- cidos decorativos, de linho, ou esta pa, de seda ou algodão. Façam as senhoras o favor de dar balanço ao seu bragal e de mandar seus recados. Nós só queremos trabalho para for- mar de pequeninos, grandes te- celões. Por isso vejam bem e mandem s -1us recados - não vá a oficina ter de oncerrar mais uma vez, com teares pro ntos e tecelões adestrados, por falta de consumo da nossa pr1Jdução. Director e Editor: P A D R E CARLOS O homem que tenho diante de mim é solteiro. Vive com o pai octogenário. Conheço-o de quando trabalhou em nossa Casa como carpinteiro. Hoje apresenta-se car- re gado de inquietação, que os olhos marejados de lágr imas bem nos dizem: « - Tenho meu pai sem vista nem fala. Depois do trabalho sou eu quem lhe faz o ca ldo e lho dou. Mas suja-se todo. Se me arranjasse sacos de cimento para lhe deitar debaixo, era tão bom!.» Os Pobres são tão pouco exi- gentes! Contentam-se com tão pou- ca coisa! Bastam-lhe papéis! Eu sinto arrepios com este pedido . Fico mudo. Tão reclamantes de bem estar que nós somos! Tão exagerados em nossa.s comodida- des! Nunca achamos demasiado o bem que possuímos! E os Pobres tão modestos em seu viver! Nem quando doentes conhecem acepi- pes: «Sou eu quem lhe faz o caldo»! Mesmo na invalidez não suspeitam a dignidade que os co- loca... ao nível dos irmãos, que são todos os demais homens. Não vislumbram quem são! - Olhe lá: E se ele viesse para o Calvário? - Mas pode ser? - perguntam «É realmente imperdoável que ainda lhe n ão tenhamos escrito fa- lando do nosso Rogério. Rogério: Recebe saudades, beiji- nhos e abraços do Renato, Laranji- nha, todos os companheiros e a benção da Obra. Composto e Impresso Nas Escolas Gráficas CASA DO GAIA.TO aque'es olhos arregalados. - Pode sim. Eu vou buscá-lo. As ramadas enfeitam todas as habitações por estes lados, desde as mais nobres aos pardieiros. Nisto não há distinção. Aqui, a chuva acumulada nas folhas secas das vides cai sobre nós em pingos mansos, antes de entrarmos nesta morada de pedras escurecidas pe- los anos e salpicadas de musgo. Dentro quase o vazio. Sómente a um canto enxerga sem lençóis, co- berta de trapos que escondem o doente . Tal como o filho descrevera. Os Pobres não enganam, quando os amamos. Se o fazem, talvez se- jamos nós os culpados de não co- lhermos a v e r d._a de . Os pobres querem ser amados sem máscara nem enfeites. Ora, quantas vezes não mentimos, quando afirmamos amá-los! E os Pobres têm a Intuição da verdade. Pois, aqui, tudo como o filho dissera I Ele não cabe em si de contente. Não diz nada, nem é preciso que diga. Eu gosto da eloquência do silêncio, nestes casos. As palavras, que o mundo profere, não passam muitas vezes de sons, tanto mais sonoros quanto mais oco é quem as emite! E, pelo caminho de regresso, acomp anhou-nos mais um doente, que a inquietação e o amor de filho trouxeram ao Calvário para morrer em leito digno. Depois do que tenho visto, suspei- to sempre das circunstâncias em que vivem os Pobres. E sabendo de algum que chama, perco o sono. O Senhor faz-nos ver um irmão em cada homem. E nós sentimos a Sua paternidade universal, o Seu amor por todos os homens. Comun- gamos díàriamente o Corpo que imolou e o sangue que derramo u por todos eles! Por isso, não po- demos deixar de amar aqueles que constituem objecto de tanto amor e preço de tal sangue! Cristo rejeita-nos, se não sentimos e pul- samos em uníssono com Ele! E que os Pobres guardem a constância do muito que lhes queremos. PADRE BAPTJSTA Boas Notícias A verdade é que andamos durante um mês por fora e agora o tempo tem passado tão depressa que nem damos por isso. O Rogério está famoso como aliás era de esperar. está com cerca de 20 quilos e cresceu 3 centímetros. Continua com o tratamento reco- men dado pelo médico pois durante muito tempo andava sempre com temperatura. Quer de manhã, quer à noite, aparecia constantemente com 37,2 ou 37,1 o que conforme opinião dica era resultante de qualquer afecção antiga de que ainda conservava sintomas. O tra- tamento contudo está a fazer-lhe bem apesar de que Of! gânglios continuam teimosamente a perma- n ecer. Anda num Jardim-Escola onde aprende a brincar e a conviver com as outras crianças. Vai contudo da parte da manhã pois que após o almoço faz-lhe bem d ormir um pouco e descansar. Junto algumas fotografias das quais fará o favor de ent1egar uma ao Renato, outra à Senhora D. Sofia. Aliás ele continua s empre a falax no Carlitos Quim Carpinteiro, La· ranjinha, Cozinh eiro, Jorgito, Cabe- Continua no página D O 1 - -- - - ------ ·

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Page 1: AFRICA Fundador: PADRE AMÉRICO - 29.10.19… · .r a vida, as, como a pessoa , atribuí· ato Pinto J 1 , AFRICA 1 À chegada a Luanda, regressados de Uíge, tivemos uma. sa borosa

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À chegada a Luanda, regressados de Uíge, tivemos uma. sa­borosa. surpresa: a visita do Delfim. Delfim foi do Lar do Ex­-Pupilo e um dos das primeiras levas que Pai Américo empregou em Angolii-. É operário da BRICON e anda de terra em terra, por onde a Brigada traz obras. Agora trabalha em Salazar, na. construção de residências para. funcionários.

Pois Delfim chegou a Luanda. nà 4.11 feira em que saímos para o Congo e ali esperou a pé firme para nos ver. Foram qua­tro dias sem trabalho e com despesa acrescida pela. deslocação ... Mas ele vinha para o que vinha e não arredou sem cumprir seu objectivo. Encontrámo-lo à porta do Hotel Globo, à tarclinha do nosso segundo sábado de Angola. Não o conhecíamos. Ele tampouco a nós. Mas calculou e perguntou se sim... Éramos.

Delfim tem trinta anos, o seu pecú)io, ~ sua noiva... Pensa casar no fim deste ano. Vive contente. Tive sinais da sua gene­rosidade. Eis uma virtude que, em toda a parte - e em Ãfrilia, nomeadamrente - pode tornar-se um perig·o, se não há prudente orientação.

A vida é exigente e sôfrega de compensações. Sempre se levanta muito forte a tenta_ção do imediato. Esperar - que não fosse acto de uma virtude sobrenatural -;- já humanamente é uma operação düícil, por vezes, mesmo heroica. E, para esperar, é preciso ter por que esperar. Ter um ideal bem definido e tão firme adesão a ele, que todo o sacrifício intermédio é º' peque­no preço da sua obtenção. · Ora em África, onde mesmo para o operário é um boeadi'-­nho maior a fartura do dinheiro, pode ela converter-se. em atra­so em vez de ·progresso na realização do anseio de quase todo o rapaz de vinte anos pelo seu Lar.

Por isso Pai Américo, que além da experiência dos anos, tinha a da vida africana em pequenos meios, desejava que os seus rapazes foss0Ill! casados, ou proximamente casadoiros, para preencher o vazio - ainda maior lá do que cá -que o Delfim sente, agora aos trinta anos, em desejos de estabilizar a sua vida.

Em Uíge fomos abordados por dois pedreiros, pai e filho, que aos poucos e das suas economias corajosamente granjeadas, construiram nos arredores uma casinha com suas lareiras. Mas faltam-lhes as mulheres. São eles que de manhã co­zinham ·qualquer coisa para todo o dia e asseiam a casa quan­to sabem e.podem. Mas não basta. Não há lar sem mulher.

«Oh Senhor Padre, eu tenho estado a pontos de desanimar e deixar tudo e voltar à terra!. .. São seis anos! ... Vejái lá ~e· me consegue que a mulher venha depressa ... »

Eu acho que era melhor irem menos uns colonos e dar prioridade às coan'Panheiras destes que já lá estão, sujeitos a tltntos perigos, de que, infelizmente, muitos se não libertam, na tra~~ão, mesmo na destruição dos seus lares.

É tão humano este grito de um português que deu as suas provas no Ultramar! Provas de trabalhador e provas de digni­dade e de fidelidade aos grandes valores sociais ! Quem me dera poder responder eficazmente, e já, aio seu pedido: «Veja lá se me consegue que a mulher venha depressa ... »!

Por isso que Pai Américo bem sabia como é dissipante em África a vida de um rapaz sozinho; por isso que também nós o sabemo~ - é que queríamos que fossem já casados ou a casar proximamente, quantos dos nossos forem partindo para lá.

E ao Delfim, de quem guardamos uma recordacão de mui· ta simpatia, nós desejamos e queremos que em brev~ nos dê a alegre notícia de mais um lar fundado em Cristo, a tornar mais portuguesa a nossa Angola.

SEMENTES Há muito que devia ter sido escri·

ta esta palavra de agradecimento. A nossa horta está sempre l'.echeada de mimos que nos fornecem alimento precioso. Ra­ras são as sementeiras compradas por que «A Sementeira», do Porto, no-las tem dado. São ·muitos escudos poupados por esta

forma. Quase teríamos vergonha de lá entrar se não fossem as palavras que acompanham sempre as numerosas remessas: «Temos mui· to gosto em as oferecer». Estas palavras dão· ·nos confiança e dizem-nos que não há razão para temermos o cansaço de nos verem por ali tantas vezes.

Padre Manuel António

Fundador: PADRE AMÉRICO ANO XVI - N.0 434 Preço ISOO

OBRA DE: RAPAZ~S. PARA RAPAZ E~. PELOS RAPAZES

Redacção e Administração Casa do Gaiato - Paço de Sousa Propriedade da Obra da Rua

ARECE que cli!sta ve ... é certo : a coisa vai! ·

Eu já me queixei aqui das consumi­

ções que têm sido com esta ofi­cina: Não podemos lá pôr mais rapazes porque não há teares; não ternos posto mais teares porque não há rapazes.

t fái.cil! Os dois teares mecâni· cos que lá temos, (um automáti­co) só escassamente nos ocupam dois rapazes: o oficial e o apren· diz. Ora vem a tropa, ou qual­quer outro precalço imprevisto - e aí ficamos nós sem oficial. E como o aprendiz não dá conta sàzinlw, começam as avarias as vindas roda vez mais f reque~tes de afinador de fora, o desânimo a crescer ... e aí temos o encer­ramento temporário (bem longo, às vezes) da oficina.

T 1.m sido assi'in! Tem si.do, mas agora temos fundadas es­peranças de qu,J não. t que Ze­quita, o oficial pró · momento, foi à inspecção e não o quise­ram. Fizeram muito bem por­que ele é volumoso e tem pro· sá pias, mas não passa de um fraquito! Xico de Guimarães lá está sempnd sorridente ao seu tear.

O nosso apelo de há meses foi ouvido e temos mais dois teares, estes manuais, que um Amigo muito simpático, nos vem mon­tar e verificar nos seus domingos e horas <Jr, ócio.

Manuel f orge supervisiona os dois primeiros. Vamos meter mai.s doi,s apr~ndizes : o Zé Luis «Morcão» e outro, que ainda não sei.

De modo que os senlwres es­tão a ver oonw a lwra é deres­surreição!

Uma coisa, porém é necessá­ria: encomendas, muitas enco· mendas, que nós não podemos estar a trabalhar sem destino.

Ao pano dl~ lençol e sarja com 70 cm. de wrgo que temos fa­brirodo, vem juntar-se agora a possibilidade de executarmos te­cidos decorativos, de linho, ou esta pa, de seda ou algodão.

Façam as senhoras o favor de dar balanço ao seu bragal e de mandar seus recados. Nós só queremos trabalho para for­mar de pequeninos, grandes te­celões. Por isso vejam bem e mandem s -1us recados - não vá a oficina ter de oncerrar mais uma vez, com teares prontos e tecelões adestrados, por falta de consumo da nossa pr1Jdução.

Director e Editor :

P A D R E CARLOS

O homem que tenho diante de mim é solteiro. Vive só com o pai octogenário. Conheço-o de quando trabalhou em nossa Casa como carpinteiro. Hoje apresenta-se car­regado de inquietação, que os olhos marejados de lágrimas bem nos dizem:

« - Tenho meu pai sem vista nem fala. Depois do trabalho sou eu quem lhe faz o caldo e lho dou. Mas suja-se todo. Se me arranjasse sacos de cimento para lhe deitar debaixo, era tão bom!.»

Os Pobres são tão pouco exi­gentes! Contentam-se com tão pou­ca coisa! Bastam-lhe papéis! Eu sinto arrepios com este pedido. Fico mudo. Tão reclamantes de bem estar que nós somos! Tão exagerados em nossa.s comodida­des! Nunca achamos demasiado o bem que possuímos! E os Pobres tão modestos em seu viver! Nem quando doentes conhecem acepi­pes: «Sou eu quem lhe faz o caldo»! Mesmo na invalidez não suspeitam a dignidade que os co­loca... ao nível dos irmãos, que são todos os demais homens. Não vislumbram quem são!

- Olhe lá: E se ele viesse para o Calvário?

- Mas pode ser? - perguntam

«É realmente imperdoável que ainda lhe não tenhamos escrito fa­lando do nosso Rogério.

Rogério: Recebe saudades, beiji­nhos e abraços do Renato, Laranji­nha, todos os companheiros e a

benção da Obra.

Composto e Impresso Nas Escolas Gráficas

CASA DO GAIA.TO

aque'es olhos arregalados. - Pode sim. Eu vou lá buscá-lo. As ramadas enfeitam todas as

habitações por estes lados, desde as mais nobres aos pardieiros. Nisto não há distinção. Aqui, a chuva acumulada nas folhas secas das vides cai sobre nós em pingos mansos, antes de entrarmos nesta morada de pedras escurecidas pe­los anos e salpicadas de musgo. Dentro quase o vazio. Sómente a um canto enxerga sem lençóis, co­berta de trapos que escondem o doente. Tal como o filho descrevera. Os Pobres não enganam, quando os amamos. Se o fazem , talvez se­jamos nós os culpados de não co­lhermos a v e r d._a de. Os pobres querem ser amados sem máscara nem enfeites. Ora, quantas vezes não mentimos, quando afirmamos amá-los! E os Pobres têm a Intuição da verdade. Pois, aqui, tudo como o filho dissera I Ele não cabe em si de contente. Não diz nada, nem é preciso que diga. Eu gosto da eloquência do silêncio, nestes casos. As palavras, que o mundo profere, não passam muitas vezes de sons, tanto mais sonoros quanto mais oco é quem as emite!

E, pelo caminho de regresso, acompanhou-nos mais um doente, que a inquietação e o amor de filho trouxeram ao Calvário para morrer em leito digno.

Depois do que tenho visto, suspei­to sempre das circunstâncias em que vivem os Pobres. E sabendo de algum que chama, perco o sono. O Senhor faz-nos ver um irmão em cada homem. E nós sentimos a Sua paternidade universal, o Seu amor por todos os homens. Comun­gamos díàriamente o Corpo que imolou e o sangue que derramou por todos eles! Por isso, não po­demos deixar de amar aqueles que constituem objecto de tanto amor e preço de tal sangue! Cristo rejeita-nos, se não sentimos e pul­samos em uníssono com Ele! E que os Pobres guardem a constância do muito que lhes queremos.

PADRE BAPTJSTA

Boas Notícias

A verdade é que andamos durante um mês por fora e agora o tempo tem passado tão depressa que nem damos por isso.

O Rogério está famoso como aliás era de esperar. Já está com cerca de 20 quilos e cresceu 3 centímetros. Continua com o tratamento reco­m endado pelo médico pois durante muito tempo andava sempre com temperatura. Quer de manhã, quer à noite, aparecia constantemente com 37,2 ou 37,1 o que conforme opinião mé dica era resultante de qualquer afecção antiga de que ainda conservava sintomas. O tra­tamento contudo está a fazer-lhe bem apesar de que Of! gânglios continuam teimosamente a perma­necer.

Anda num Jardim-Escola onde aprende a brincar e a conviver com as outras crianças. Vai contudo só da parte da manhã pois que após o almoço faz-lhe bem dormir um pouco e descansar.

Junto algumas fotografias das quais fará o favor de ent1egar uma ao Renato, outra à Senhora D. Sofia. Aliás ele continua sempre a falax no Carlitos Quim Carpinteiro, La· ranjinha, Cozinheiro, Jorgito, Cabe-

Continua no página D O 1 ~

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o Património prõpriament.J dito nem por isso... Mas os pio. {U) fim pelos cuiáados- do Pc.quenos Auxílios grassam em saudável epidemia nos Pastor. Tal como em Sobreposta, ai redares de Braga. impressionou-ncs o conhecimen-

N ~m admira! O Minho é província super-povoa- to que ele tem de cada uma das

d d · d" "d"d suas ovelhas, a quem chama pe-a, e terras muito wi i as ... D há · · · · d lo seu no~. Mas, graças a eus, um movimento incipiente e ressur-

1 Teição. Fa::JJn-nos tão bem estes en-

fá 1TW não recordo de quem foram os primeiros ajudados. Sei contras!

que esses passaram palavra, que ela ecoou por lá e têm sido muitos a 1· Mais um.a breve n1usa1em escuU..-la e a aceitar o estímul.o que ela repr~senta, apesalr da soma r- o

por Maximinos, onde Gonhece­-le responsabilidades que também importa.

1

--- mos desde o nascer o cresci-Eu lembro-me sempro) da his-

t, · J caldo de pedra. Pro· Este até Gualtar. A maior parte menta d• um p..quenino povo, wi• • 0 d d . , l s V. f ºto d l "d . dad t

t _ • li a. põem-se peque- o w gastàmo- o em . ictor. ei a so i ane e en re os me e s• • .e i ' A' l' · ud d P · ' P b d C _·Jad d al nas e sensatas condições quanto à . i. a so z.cit e o nor e pro- o res e a ana e e g1ins

lid d d str11.rão _ e porcwnal ( grQ.fGS a Deus por menos pobres que para aí f.oi qua a e a con -~ l ) ' b d , . r· canalizada por iniciativa dos uma família, sãmente inconfor- e e ª po .raza a paroquia. i -

. s!J~ c;n lan· vemos muito que c.orrer. Umas vicentinos de Braga. E /.amos m ista com a sua re wen .,.,. - . . M h d E t- séria co- sol~oes mais felizes, outras p <J.rnoitar em arin as e spo-ça-se nesta empresa ao . t r te sende, onde na manhã seguinte mo . é a constr~ão da sua casa. menos, masad stadempre, m endig~n- -

d TTIJvVite ap as as co u•oes se realizava a entrega da primei-Claro que esta empresa pe e d d d -~ •

l d t possíveis e ro ea as o pnnci- ra casa do Património. um aval. Sem e e, nem ~n ro da paróquia nem fora dela con-seguirá credenciais. É o pároco. Ora se este c.ntra no alcance profundo da Obra ~ se dá d~ alma e coração a estimular auxi­lias a coordenar esforços, a pedir, a ser bem sucedido a esta porta e a ouvir naquela o que, ninguém gosta - se faz tudo isto por amor de Deus e tal co­mo se o beneficiário da empresa fosse el11 próprio, então a Obra vai porqiie Deus quer e fe~unda o querer d ... • um homem, vinctus in Domino, vencido pelo Amor.

Pois fomos, desta vez, quim Tipógrafo mais eu. Começamos pelas Taipas. Saltámo~ a S. Lou­renço de Sande, Do:ii'.71', S. Sa~­vador e Santa Leocadw de Bn­teiro§ e terminámos o dia em Sobreposta, onde são muitos os lares em constr~ão.

Nem sempre as vistas foram consoladoras. Encontrámos casas muito boas, onde à ressurreição em pedra e cal s"<: seguizi ª outra a mais importante, a de um teor d e vida mais civilizado. Mas também 0 reverso nos sur­giu. Casas menos más de cons­tr~ão mas desarrumadas, su­jas. E:n uma delas, toda a famí­lia aliás numerosa, vivia em urr: qZLarto e uma sala. A m_a~r parte da casa servia de oficina de bicicletas. Ora isto não está l.h m e diz eloquentemente da falta de uma cabeça responsá~ vel, a assistir, não só por uma vez, mas continuadamente, num es/orço de educação.

Dia seguinte, após a Missa no Bom-Jesus, deixámos para trás Espinho que é a /regziesia do Sam.eira, e Pedralva, visitad11s dias antes, on<P.· são também muito numerosas as casas cons· truidas ou melhoradas e fomos por S . Pedro e S. Mamede de

Em Novembro de 1926 volta com outra longa carta, recheada de doutrina e de desejo de entregar ao Amigo a mensagem que o aju­daria a remover o estorvo à una­nimidade para que tende a ami­zade autêntica: "Eu quero que ( ... ) V. se torne semelhante a mim tanto quanto possível. Este é o fim das minhas cartas».

Leiamos atentos durante várias quinzenas. E no fim voltemos a ler a carta por inteiro, que ela é um de muitos documentos onde se revela o sobrenaturalismo do seu pensa­mento, assim como depois a sua vida sacerdotal, em moldes tão simples e de tanta bondade. havia de testemunhar a sobrenaturalida­de "exclusiva" da sua acção.

* Efectivamente eu preparo-me pa­

ra as suas cartas o melhor que sei e posso, tanto na matéria como na forma, mas, note bem, não é para merecer os seus elogios que assim procedo. Eu quero que, por amor das minhas ideias aqui expressas, Você se torne semelhante a mim tanto quanto possível. Este é o fim das nunhas cartas.

Sabe certamente que a vida re­ligiosa de todo o cristão gravita à volta destas três verdades filo­sóficas: existência de Deus; imor­talidade da alma e divindade de Jesus e essa vida será tanto mais intensa quanto maior for a nossa adesão a elas. Tem suas dificuldades, confesso, o conceito da vida cristã com os seus dogmas, mas a verdade é que também o da vida dos mate­rialistas as tem, com a agravante dos absurdos, como por exemplo, a matéria gerar a vida, que é um dos seus dogmas.

A vida de todo o homem tem por consequência 2 planos; o natural e

----------------.. o sobrenatural. No !.•há homens de CONTINUAÇÃO DA PAGINA UM

çudo, Cebolinha e Mãe Batista. Oportunamente enviaremos umas

fotografias em grande conforme prometemos. É só arranjar tempo e disposição para ir ao fotógrafo.

Saudades a todos do Rogério. Cumprimentos nossos e desejos de Felicidade»·

:·~ : ~'.'·'S:~~·'

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carácter íntegro, honestos, justos, exemplares. Eu conheço muitos. Estes tais desagradam a Deus? De maneira nenhuma. As suas obras merecem diante de Deus? De ma­neira nenhuma, porque as não pra­ticam por Seu amor. Praticam-nas por razões de ordem natural: soli­citações de uma consciência recta ; conveniências sociais ; amor de uma sã reputação, etc. Exemplo: Um dos seus empregados é exemplar, não por amor ou consideração sua, mas por r azões de ordem diferente. Suponhamos, por hipótese, que Vo­cê lia no íntimo de toda a gente e por ísso sabia os movimentos inter-

nos do empregado. Este caía no seu desagrado? Por maneira ne­nhuma, visto como cumpria o seu dever. Merecia aos seu olhos? Não o título de empregado dilecto, mas sómente o d e empregado bom.

Ao contrário, no plano sobrenatu­ral, tudo se faz por amor de Deus. Jesus disse: - «Um copo de água que deres em meu nome, não ficará sem recompensa». - Vamos então atrás da recompensa? Somos por­ventura interesseiros? Não. Ama­mos. Eu já lhe disse que a essên­cia da vida cristã é o Amor. É este o primeiro mandamento da Lei Divina. Exemplo : Alberto, estudante aqui, não toma parte numa serenata porque a música o não interessa. Obrou naturalmente e por isso mereceu-lhe quando muito o ti­tulo de rapaz pacato. Mas Alberto não toma parte na ser enata porque sabe que- com isso ia desgostar seu pai. Por sua vontade iria. Era essa a sua natural inclinação. A noite estava bela; os companheiros so­licitavam-no. Não importa. O rapaz luta; vence-se ; e, por amor de seu pai, não sai de casa. Você, que na hipótese lia no íntimo de toda a gente e por conseguinte no do seu filho, diria : como meu filho me ama! E cobria-o de bençãos. Na vida sobrenatural, tanto maior é o amor que manifestamos, quanto mais alto f ôr o sacrifício que fazemos. Veja, S. . A nossa fé tem que ser objectiva, sentida, vivida e princi­palmente activa. Fé com obras.

Eu procuro pôr-lhe tudo nos olhos da razão supondo que os da fé ain­da não estão bem abertos. Como vê, pois, aos olhos da razão o plano que mais nos convém é sem dúvida o da vida sobrenatural. Este é muito mais elevado; implica uma vida mais forte e superior, porque o seu Ideal é infinito e por isso os rasgos heróicos nesta vida são con­siderados loucura na natural. É ló­gico. Exemplo: O Prior de Santa Cruz, aquela igreja que visitámos há tempos, apanhou dum homem que saia do café Monumental, duas gran­des bofetadas. Caiu, levantou-se e seguiu o carrlinho. Pediram-lhe que se queixasse às autoridades locais. Não quis. Ora observemos o caso sob os dois aspectos. No primeiro, o homem é um covarde. No segundo, um valente. É louco no 1. •; sábio no 2.0

• O ideal do primeiro é vencer o inimigo e vingar-se. No 2.0 caso é perdoar e esquecer. --« ... e ao que te der uma bofetada, vira-lhe a outra face» - disse Jesus.

AMERICO

Continua

No segundo domingo de Outubro, como de_ costume, já é a quinta vez, estiveram junto de nós «Os Bairristas do Palácio». Vieram em romagem, trazidos por um mo· tivo de piedade. A finalidade desta peregrinação é Unicamente visitar os lugares onde se sente a presença de Pai Américo de uma maneira mais sensível.

Gente simples mas boa, de coração à flor da pele, pronto a abrir-se em generosidade para com os irmãoi mais necessitados. Dava-me vontade de transcrever u palavras que disseram junto da Campa de Pai Américo. Elas di..:em do espírito que os animou e que presidia àquela romagem. Tudo muito certo. Amor de Deus ae• Amor do próximo é uma mentira. Pai Américo est:i.n. ali como testemunha da unidade do Amor. Uma d0t.­ção total, sem reservas, a.o próximo, supõe uma entrega D.8. mesma linha a Deus. Este foi o tema. E não se fica­ram em palavras apenas ... Com toda a simplicidade nOI entregaram 1.477$20 para a construção de uma Casa. d• Pa.trimónio.

Come>? Ora vejam: 2$50 de um sócio, 11$00 doutro, dez tostões, quinze tostões de outros mais. Eis o encanto dos 1.477$20. Quantos deles desejariam uma casa a que pudessem chamar sua. Mas esquecem·se de si para que outr<>s mais necessitados a possuam.

Esta foi a lição que nos vieram trazer. E «até a.o ano se Deus quiser».

XXX

Aquele domingo encheu-nos a alma. Tudo muito simples. E não há dúvida que é na simplicidade que des­cobrimos Deus com toda a clareza.

Foi o caso de uma jovem professora primária, com um ano de serviço, que veio trazer-nos todo o seu orde­nado do primeiro mês de trabalho.

Ningilém deu por isso. Só nós fomos testemunh&s da alegria com que o fez. Os pais estavam presentea • participaram dessa mesma felicidade.

Quando o mundo busca no dinheiro toda a razão da sua felicidade, esta jovem encontra-a na renúncia a esse

mesmo dinheiro. Padre Manuel António

o que llOS

dão· llO Por falta de noticias nesta secção

muitos se têm esquecido de nós. No Montepio de Lisboa, donde men­salmente retirávamos embrulhos de roupas que fazem mimosos os nos­sos rapazes, têm aparecido menos. Com muita pena minha pois trago alguns descalços e outros sem rou­pa capaz para o domingo. O dinheiro também é menos. Será antes uma impressão minha porque têm au­mentado as necessidades da casa? ... Nós somos aqui quase cento e dez. As nossas oficinas continuan1 com sacrifício. Temos lutado muito para apetrechá-las com o imprescindí­vel. A Tipografia agora concentra todas as atenções. A falta da má­quina que esperamos, tem-nos trazido dissabores : são clientes que rejeitam o trabalho, outros rejeitamo-lo nós por incapacidade para o imprimir; outro vai mal apre­sentado e não nos recomenda para outra vez. A despesa com a máquina nova é de tal ordem que ultrapassa urn terço da despesa anual da Casa. Vai custar muito a pagar se os nossos amigos não puserem mãos a aju­dar-nos generosamente. Tenho es­perado pacientemente subir aos púlpitos das igrejas da Cidade a levar o pregão da Caridade Evan­gélica : «dai e dar-se-vos-à; amai­-vos uns aos outros como eu vos amei». Pois por duas vezes dei vol­ta pelas igrejas onde pedimos há mais tempo e só trago promessas. Ainda nada de concreto. Quer isto dizer que até final do ano o barco vai custar muito a governar. Mas tenho confiança em Deus. Ele nunca nos desamparou. Tenho confiança

<'Cojal nos nossos amigos: eles nU111.•• dei­xaram de o ser. Alguns têm per­guntado pelos vendedores quando é que aparecemos em tal ou tal igre­ja. Não esperem por isso.

Últimamente, algumas pessoas aqui têm aparecido com peque ninas ajudas. Outros, alguns · parecem novidade, enviam vales do correio. Temos tido os amigos certos como os empregados da Mobil que não cansam na sua amizade fervorosa. As senhoras do Sábado e da Quinta não esmorecem. A senhora da Quarta agora passou a vir mais vezes, Deus sabe com que sacrifício. Os frequentadores do Montepio devem andar descontentes comigo porque há muito não vêm mencio­nados os seus donativos. Reparo que de há muito desapareceu da lista o Casal de S. Jorge de Arroios. A todos eu agradeço com a alma em prece, o carinho e solicitude com que ali depositam as suas ajudas.

O senhor da Padaria da Rua de Buenos Aires, também tem sido persistente. Quando roer.os espera­mos, ai vêm uns sacos de pão que fazem a delicia da malta ao café. A propósito de café. Antigamente havia quem no-lo desse do bom, de vez em quando~ e agora não. Eu sei que muitos amigos, não têm dado porque também nós não aparece­mos. Eu sou novato. Esta Casa tem muita lida e por isso desculpem-me esses amig os.

Há muito que não tem sido repar­tido pelos Pobres aquilo que nos dão. A gente às vezes teme visi­tá-los porque vem de lá desconfor­tado. Apetece gritar ao mundo que

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Vai tal ·qual nos chegou às mãos: «Segue um vale postal no valor de 300$00. É o abono re­ferente aos dois primeiros meses de minha filhinha nascida em Maio pa:!Sado, acompanhado de um mês de abono de um seu irmão mais velhinho. Que o bom Deus aceite de bom grado esta pequena oferta que em boas mãos entregamos e conceda aos nossos dois queridos filhos e a essa i;rande Obra muitas graças. Um casal vosso Amigo». Não fazemos comentários. Deixamos à vossa meditação a simplicida­de e sinceridade destas linhas. E estoutra logo a seguir, saída da pena de uma criança de dez anos que nos manda os 50$00 que seu Pai lhe dá todos os me­ses para rebuçados. Não sei ~e ele o sabe, mas quão feliz se deve sentir pela descoberta dum tesoiro precioso no coração de sua filha: a Caridade que lhe foi infundida no dia do feu Bap-11ismo.

Seguem, de mistura, vindas de todos os cantos do nosso Portugal de àquem e além mar, as mais variadas provas de ca­rinho.

De Gaia 150$00 para aquela Mãe solteira de 4 filhos que quer regenerar-se. Graças a Deus tudo vai bem encaminhado. Mais 1008 não sei donde. O assinante 29.693 manda·nos uma generosa oferta por C. F. Pelos bons êxitos no exame de sua filha a Mãe manda 500$00 em Acção de Graças. É do Porto.

Da Calçada da Glória, em Lisboa, veio igual quantia, com palavras de entusiasmo por tudo o que diz respeito ao que a Obra da Rua tem realizado. 300$ da Figueira da Foz com promes­sa de voltar. Outros 500$ de Al­cobaça para distribuir por várias intenções.

E agora uma longa série de­las de 10$00, 20$, 50$ dei «dois amargurados», 100$ de um au­mento de ordenado, 105$ da Fa­culdade de Engenharia do Porto, · lOOS de um médico, 150$ de al­guns motoristas de Táxi do Al­to Maé Lourenço Mar­ques. -Vários dias de trabalho da nos~a província de Moçambique 1

e 250$ de Quelimane e roupas usadas da Ilha de Moçambique.

Mais uma pausa nesta longa caminhada: «Deposito nas suas mãos o meu primeiro ordenado. São 500$». Aquele numeral pri­meiro diz-nos muito. São . as primícias oferecidás ao Pai do

se debruce; que pare um pouco na loucura do prazer e do dinheiro. que olhe para estes irr.:ãos caídos e tenha pena. Mais pena trago ain­da dentro de mim porque o que oiço d ebruçado sobre o seu leito havia de proclamá-lo em cima do telhado. O que oiço em segredo no escuro da barraca havia de di­zê-lo à luz do dia. Para que o pão e o agasll1ho que ali folta não fosse mais uma ferida a abrir-se quando volto a visitá-lo~ . Não vos esqueçais querid os leitores d os nossos Pobres.

Padre ] o3é Maria

Céu. Deixem-se estar parados em silêncio e meditem: «aí vai a minha primeira féria - 40$80 1

- conforme tinha prometido pe­la saúde do meus paizinhos». Tem 11 anos. Não fazemos co­mentários pois poderíamos com- 1

plicar o que é tão simples e cla­ro como a luz do sol.

E continuemos a marcha: 740$ do grupo excursionista «Amigos 1

da Casa do Gaiato», roupas usa­das, ainda em bom estado, que

branças de <mma humilde ope­rária do Porto», 20S do Porto e promessa de mais, o mesmo de Ilhavo, 180$ de Vale de Cambra, 185$ de uma excursão de Avei­ro, os 41$00 do costume de Lis­boa, 20$ de «uma esposa preo­cupada», 350$ do Sport Club das Andorinhas, 100$ em sufrágio de um filho adoptivo, 2.000$ de um anónimo por intermédio de um sacerdote, 2.100$ da co~-

pra de uma pulseira de oiro, 50$ de· c:uma amargurada». 208 para «consolar uma velhinha», roupas usadas de uma beirense, 500$ da Praia da Granja, 356$ de Lisboa correspondente a umas horas extraordinárias de traba­lho, 200$ de Montepuez e ou­tro tanto da R. José Carlos dos Santos de Lisboa; 2.000S de Areias de S. Vicente, Barcelos e um embrulho de roupas da J. O. C. F. da Ilha de Moçam­bique.

última paragem. Esta medita­ção é sobre a renúncia ao apego aos bens da terra como condi­ção da felicidade verdadeira: «em cumprimento de uma pro­mefsa feita por meus pais e, se­cundado por mim com todo o carinho, envio a quantia de 2.500$, referentes ao meu pri­meiro ordenado, depois de for­mado». Veio de Castelo Branco. E uma anónima acr~cenla: «ofe-

reço estes 50$ para sufragar a alma duma pessoa de família, em vez das flores que é uso dar--se nestas circunstâncias~.

Cremos que não Ee-rá deslocado, e que estará de acordo com o título desta colu­na falar de uma dádiva de 500$ destinados a ajudar a compra de um aparelho de televisão para os nofsos rapazes, tão oportuno neste tempo de inverno; e tam­bém à compra de patins para os mesmos. Aqui fica a lembrança.

Padre Manuel António

Ser cristão--eis um te.ma

eram um estorvo na casa, 100$ •------------------------------•

inesgotável Profundo e exten­so como Cristo e a sua lir&ja. Rico em justiça e amor como

«para ajudar a mãe a alimentar o seu filho», outro tanto para a «viúva da Nota da Quinzena»; 50 de um estudante de Lisboa a favor dos que não puderam ter a mefma felicidade que ele.

Três vezes 500$ - uma de Lisboa sufragando a alma de c:meu pai»; outra do Porto -c:mais um aumento de ordenado que tive e que, como os anterio­res, ele aqui vai para que o bom Deus traga saúde ao meu pa­trão»; e outra do Dundo-Dia­mang c:duma pessoa que quer fique só conhecida de Deus». Passa uma noiva a sufragar a alma de seu noivo. Volta Lou­renço Marques com 50$. Coim­bra com 100$ «para que todas as Mães, como eu, se preocupem com fazer dos filhos homens di­gnos». Sever do Vouga com 220S.

ITá tantas caras que nos são conhecidas: - os empregados da Mobil Oil com os seus 53$50 duas vezes da Rua da l\Iadale­na os 2os' do costume, da Avó de Moscavide idem, «de um ami­go do Porto por intermédio de uma amiga de Lisboa», 250$ de Aveiro, 20$ de E. D. M., 100$ de A. F. F., 15$ da Beira da Zezinha e da Avó.

Mais uma paragem. Medite­mos: «Sou assinante de «0 Gaia­to». Envio esta pequena quantia que foi do meu primeiro orde­nado do emprego de um consul­tório na minha terra que abriu no mês passado. Deus queira que este médico tenha sorte na sua medicina porque é merece­dor da ajuda de Deus Mas a Sua vontade seja feita» . Que lin­do! Veio de Avintes.

O Senhor Manuel Teb:eira da R. da Corticeira não se cansa : «20$ do costume, mais 20$ por este mês ler mais trabalho». Foi grande a nossa alegria quando, noutra ocasião, tivemos o prazer de o abraçar.

Mais doutrina, mais medi­tação: «Envio 200S pelo nasci­mento do meu segundo filho. Um it1•ipeiro». Quando muitos lares não os deixam ver a luz do dia, por egoísmo, este tripei­rio dá graças a Deus. De Favaios 20$ cdo primeiro ganho do meu filho». 500$ de «uma mãe agra­decida» pedindo que o seu filho seja um homem de bem.

Ponhamo-nos novamente a ca­minho: 50 de' Serpa, 50 de Al­gures, idem, de Valença, de An­gola, de Nampula, da «Juven­tude do Telheiro F. C.», lem-

Campanha de Assinaturas

ATENÇÃO: Estávamos dispostos a mandar no primeiro jor­nal de Janeiro a célebre circuiar para caçar assinantes. Mas a nossa impaciência precipita os acontecimentos. E vai daí, em vez de ser num Famoso de Janeiro será num de Novembro. O::i senhores preparem-se. E preparem o ambiente. Vão botando o olho à volta e marcando os que podem ser caçados' ou se dis­ponham já a aceitar o Famoso, pregoeÍl'o da Verdade que,, po1• is)>o mesmo, não lhe tem faltado quem deseje ei opere no sen ti­do de lhe fechar a boca!

XXX

ULTRAMAR: As boas notícias continuam ! E isto alegra­-nos. Pois que independentemente do objectivo principal que nos levou a palmilhar aquelas distâncias sem fim - visitar os nossos rapazes e conseguir futuro para mais e mais - nós l e· vámos, como é natural, a chama viva dos mais sofredores dos nossos frmãos - os Pobres, imagem de Cristo. Por isso mesmo, a nossa viagem foi, essencialmente, missionária. I;evámos e avivámos a inquietação que Jesus provoca na alma dos sedentos do mais e melhor. Para o quê, :façam favor de ler esta carita de um grande amigo de Luso (Angola):

«Envio-lhe mais um papel com a indicação de 6 novos ass,nantes.

Li o seu artigo relativo à viagem a Africa, e satisfeito pelo Luso ter cumprido à vossa chamada ma.s, ao mesmo tempo triste por saber que os grandes centros onde era de esperar grande entusiasmo e concorrência tivessem falhado.

É a sociedade que está doente. A mocidade que devia coi-. laborar com a vossa Obra porque de Deus, prefere divertimen­tos fúteis. Não se lembram de auxiliar os irmãos Pobres. Não se lembram de auxiliar a vossa Obra, que auxiliando-a auxiliam os nossos irmãos Pobres. O que pretendem hoje é o cinema e mil futilidades.

Com resignação e paciência temos que sofrer... Já enviei para aí 2 listas de novos assinantes. Deus permita que não se, esqueçam de pag·ar a assinatura».

Do T.iuso, um salto a Silva Porto e a temperatura não ari.Te­:fece. Senhor Padre Reis é um enamorado que não descansa e,, por isso, ai está com mais onze assinantes! Para remate de An._ gola, temos presenGas de Benguela e Luanda.

Na outra costa, em Moçambique, o fogo crepita intensamen­te. Lourenço Marques leva, até, a camisola amarela: recebemos 4 de um quase da família, com dinheirinho à frente; mais 3 na mesma, de uma assinante; e mais 15, também desobrigados, de outra assinante! Finalmente, comparece Nampula.

XXX

METRÓPOLE : Para que este cantinho se não estenda de­masiado aí vão, sinteticamente, as presenças recebidas durante a quinzena: Alcobaça, Maia, Viseu, Barcelos, Estoril, Ba1Toze­las, Paredes, Porto, Fafe, Campo Maior (quando surge a Cam­panha Campo Maior não falta!), Maceira-Liz ~ Carcavelos. Um mapa de Portugal!

Júlio Mendes

o coração de Deus ! Quanto mais eu sou da I gre­

ja e de Cristo pela pobreza da minha doação tanto mais vou descobrindo a riqueza in­finita de Cristo nos cristãos e maior proveito vou tirando dela. Quer nos momentos de júbilo por vermos o nosso ir­mão amado, quer nas horas de abatimento por o vermos es­pesinhado, o cristão está sem­pre presente. Está-o com a sua justiça e o seu amor, que rece­be do Coração de Cristo, a aprovar e a alegrar-se ou a sofrer e a chorar coin quem se alegra ou chora. Alegria

1 ou angústia de cristãos são se~timentps vivos de Cristo

1 Vivo, comunicados e Tividos entre nós pel' «0 Gaiato». Ele é uma ligação por Cristo entre cristãos. É feito da alegria ou dor dos filhos de Deus. Temperado com o sal da contradição, deixando per­ceber o gosto, por vezes acre neste mundo, da Verdade. Não é feito de mais nada. Nunca o foi. Espera em Deus continuar a não ser, senão o que tem sido e é. «0 Gaiato» é comunhão familiar dos fi­lhos ge Deus. Simples, como deve ser tudo entre os cris­tãos. Na simplicidade de um viver cristão encontramos o arrojo que o destingue dos compromissos dos outro11 mo­dos de viver.

Quantas cartas não repre­sentam para nós um degrau subido na doação aos outros! Quantos exemplos escondidos, simples mas plenos de justiça e amor, são estímulo forte de melhor e mais além! Quantos cristãos são refúgio em dias turvos e amparo no fracasso aparente daquilo que fazemos ou dizemos !

Foi no domingo passado, à tardinha. Um casal novo veio trazer a segunda prestação para uma casa do Patrimó­nio : «Um casal agradecido ao Senhor». Juntou-s~ a famí­lia toda: - pais e dois filhi­nhos pequenos. Dão às pres­tações. É um amor forte e duradoiro. Enquanto tantos outros põem já a render para os seus filhos, ou seu único fi-

Continua na página quatro

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29 DE OUTUBRO DE 1960 * aO GAIATO• 'f. AVENÇA

Visado pela Censura

LAR DO PORTO

CONFER1!:NCIA: Relato algumas das visitas feitas aos nossos amigos e irmãos necessitados.

Por este motivo os . vicentinos da Conferência deste Lar, que tanto amamos, dirigimo-nos e penetramos nas ruas íngremes e insalubres dos barredos.

Depois de ter visitado vários neces­sitados e até mesmo uma família à qual chamamos «os Pobres envergo­nhados:<> que em i:oral são os que mais carecem da ajuda, tanto mate­rial como espiritual, cheguei à Sé, a Senhora Andorinha, aquela alma radiosa, pobre, mas feliz (porque não miserável), que necessita mas que no entanto não se esquece dos seus ir­mãos mais pobres.

Já a tenho visto sair dum certo restaurante com bocados de pão e logo . a caminho da casa faz sua a fome dos outros e quantas vezes dá o 1pão fresco e como ela, que já tem 60 e tal anos, o seco. Sim, porque já muitos de nós confrades temos participado r.om êla para lhe fazer companhia, e aleçá.la. Temos comido e; r~u callio e do seu p;ío.

De vc": cm quando lú vem efa · «0lbe, vá ver aquela família, coita­dinha, que precisa tanto. Veja se r. pode \'isitan.

É uma vicentina que trabalha no seu m~io por 110'5a conta, sim, por­que tudo o que faz não tem coragem de guardar para si, tanto as alegrias com.o as tristezas. Quem diz que os Pobres não são verdadeiros mestres? Quem?

Sempre que podemos, a seu pedi­do, lemos.lhe o nosso jornal que e1a

SETúBAL

tanto gosta e aprecia e, pelos vistos, parece que pratica a sua doutrina.

Após esta, entrei na casa, se é quo se pode chamar, da entravadinha, qu'e mora na mesma rua, a qual me lembrou um carrinho de pa­ralíticos para se poder mover, que já há tempos pedi, mas que por falta de espaço no Famoso não chegou ao conhecimento dos amigos leitores.

Mantas não me pediu, mas reparei que estava a tremer, pois não tem acção alguma, e só tinha uma coberta na cama.

Portanto, bons irmãos, se tendes roupa nas vossas casas, mesmo com um pouco de sacrifício atendei por amor de Deus à necessidade destes irmãos Pobres.

Fui com mais vontade, talvez por­que há quase quinze dias, confesso, que não ia ruas abaixo, desta sempre nobre e invicta cidade que se tem ten· tado (e muito já se tem feito) sanear.

A visita aos Pobres como estes acima referidos, <;omeçou após o Santo Sacrifício da Missa, o que aliás sempre que po~ível assim procedo.

Com o pensamento no Criador, que é o único Rei e Senhoir lia ter­ra, e na Vítima do altar dirigi.me com Ele e apenas por Ele. 11ão sei porquê e levado não sei po1que força, a visitar, como de cos­tume, os nossos c t ··mpre vossos ir· mãos que esperam co:n ansiedade a nossa e vossa ajuda.

Fui pois apenas por Ele. E com Ele é que qualquer confrade

deve deixar o seu descanso ou cil­vertimentos e penetrar nas velhas .: por vezes inabitáveis moradias.

Se muitos de nós gaiatos e vi. centinos não tivéssemos passado e visto com os nossos próprios olhos também não acredit:ir:amos nem per­mitiríamos que nos di~sessem, haver quem passe necessidades de tal forma.

A visita a um Pobre e a narrai;ão da vida <leste, nunca é para mal da Humanidade. A visita feita por um confrade a um desprotegido, quantos e quantos nossos irmãos não sofre­dores terá salvo das prisões ou dos hospitais e quantos bons cidadãos tem dado a este nosso querido Portugal.

Uma pessoa que visite um Pobre por amor de Deus não fala por sim­ples prazer, mas sim o que lhe dita o coração dorido pelos membros do «Corpo Místico> de Cristo.

A nossa Conferência não é com certeza das que movimenta mai!I ca­pital, pois elas foram instituidas nas nossas Casas para a melhor educação dos filhos desta Obra.

A Senhora do Lourenço Marques,

*

A palavra de abertura, dou-a à asssinante 2164 que eu tão bem conheço sem saber quem é - e não quero saber para não banali­zar!

«Também eu mando um grande abraço de boas-vindas e junto a décima-sétima pedra da «Casa da Minha Mãe».

Enquanto o Senhor Padre Carlos e o Júlio andaram por nossas terras de Arrica, andamos nós a tentar acompanhá-los através das noticias do Gaiato e a pedir ao Senhor para que em tudo fossem bem sucedi­dos.

Agora que chegaram e graç;i.s a Deus, bem, corno teria sido bom assistir à alegria da hora da chega­da que o D~niel tão bem conta. Nós que também fazemos parte da farni­lia, por isso nos sentimos contentes pelo regresso depois duma ausência de tantos dias por terras onde a paz entre os homens anda tão alterada.

Que o Senhor vos guarde sempre dos perigos deste mundo e nos ilu­mine a todos para que O saibamos Amar e Servir».

Vejam que simpatia! Esta é a nossa força: A comunhão de tantos que reclamam a sua parte na Obra. «Nós também fazemos parte da fa­milia».

Esta assinante tem sempre urna palavra que custa não transcrever. Como na 17.•, assim foi na 14. •, 15.• e 16.•. Tantas foram as que se jun­taram para esta saída da procissão.

Aberta ela por alguém que nunca falta, vamos prosseguir com este grupo.

É a 4. • prestação de 1.900$00 para a «Casa de Nossa Senhora das Do­res» e a Maria Luisa que pensa perfazer com estes 300$ a quantia de 4.800$00.Jü!io viu o conta corren­te e diz que está certo.

De um grande amigo do Banco de Angola 1.000$00 para nova pres­tação de urna casa. 01,1tra 1. • prestação, esta de 500$00 e este documento de urna Mãe :

«Tinha também desejo de fazer urna para nós, mas como tenho 4 filhos que é preciso educar vejo que é impossível as duas coisas, portanto resolvi pedir ao Pai Amé­rico para que interceda junto a Deus pelos exames dos meus filhos, e dar 250$00 por cada em que os meus filhos fiquem bem. Como este ano fizeram exame com bom resul­tado ai vai a primeira pedra. Um foi 2.º do Liceu e outro admissão ao Liceu. Vai levar bastantes anos a construir a casa, mas como são bastantes se Deus permitir que sempre fiquem bem, e me der vida, hei-de ter o gosto de a ver pronta. Gostaria que se chamasse «Casa de S. Luls». Se lhe parecer que outras mães quererão fazer o mes­mo e se fossem tantas que chegasse para muitas, poderia ser, a Casa dos Estudantes.

Sempre que po ,so mando dinhei­ro para a Obra da Rua, e peço nas minhas orações para que Ela seja ca­da vez mais amada por todos.

O que fez a admissão quer ir para o Seminário e eu peço para que V. Rev.• nas suas orações rogue a Deus que ele seja um Padre da Rua, cheio de amor e caridade».

Helena manda a 3. •para a «Casa de S. Francisco» e a «contribuição mensal para o meu Pobre>>. O assi-

Continuaçã:o da página três

lho, e abrem conta em seu no­me nos bancos, este casal tem necessidade de agradecer. .AJ3 necessidades presentes e fu­turas (pois estão em princí· pio de vida) não os preocu­pa; domina-os a sede de jus­tiça pela situação. indevida dos seus irmãos e o amor por aqueles que não i;ão amados e

1 sentem necessidade de dar graças a Deus, dando e dan­<lo-se. que assim quer que u citemos e nos 1-----~-------­

Eu ergo as mãos ao Céu ao lembrar-me delell. Só pelo bem que isto me faz valia a pena o sacrifício, mas pela Glória que dá a Deus valer-· Thes-á participação da glória eterna. Não precisamoli1 saber de quem se trata, mas temos necessidade de conhecer as grandezas para não nos dei­xarmos dominar pelo pessi­mismo. São cristãos.

À despedida eles beijaram as minhas mãos sac&rdotais .. . A mim, confundido, apetecia· ·me beijar-lha~ também!

Padre Acílio

manda uma mala de roupas, que te-remos de levantar em Guimarães, pergunta se levamos a mal por virem dois amigos visitar o seu Pobre. Le­var a mal? De quê, minha boa Se. nhora? Até queremos que assim acon· teça, porque temos quase a certeza de que são mais duas almas que verão e sentirão, quanto mais não seja por algum tempo, o ·problema dos neces­sitados.

Respondemos, ainda, minha santa senhora, que há tempos recebemos as ditas importâncias para o i;eu Pobre.

O frio chega, mas graças a Deus, já temos recebido umas roupazinhas para os Pobres, mas não tem sido muita so olharmos à necessidades.

Quem quer começar a limpar o:; seus guarda vestidos? .

Nós por amor de Deus o dos Po·

bres desde já muito agradecemos. Bendito seja Deus por três camas

e os respectivos colchões que dois benfeitores nos mandaram. e ainda por um berço que veio mesmo a ca· lhar e por uma roupinha de crianças.

Uma Pobre da Rua Fonte Taurina pede.nos um chaile. Quem a satisfaz? Em nome desta velhinha que tem 60 e tal anos desde já agradecemos. F. V., da anónima 7 de Maio, e de uma anónima, cá recebemos as res­pectivas importâncias. De uma operá. ria da Fábrica de T. Raione do salão 1 também deu 83SOO de horas extra­ordinárias para os nossos Pobres.

. Agradecemos também a todos os nos­sos subscritores que com as suas uú-galhas nos ajudaram a pagar mercea· ria do respeitante mês.

Fernando Dias

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nante 6790 mandou a 53. • e de urna só vez mais 5 «para a prometida Casa do Património. Confio em que Deus Nosso Senhor me ajuda­r á a chegar ao fim». Pois a mim me parece que com urna tal devoção o fim jamais chegará enquanto a vida não tiver fim.

Três vezes mil para a «Casa Nascimento». É o terceiro mistério do Rosário a terminar... Só faltam duas Avé-Marias. Quarenta para a «Casa de S. Carlos». 200$00 atrazados e 220$00 mais recentes para a «Casa Fé em Deus», de urna Mãe que tem a graça de sentir a presença d•Ele na nossa vida quo tidiana. «Para o primeiro aniversá­rio da «Casa do Ti Jaquim» aqui junto o que consegui reunir das economias domésticas apóo; Maio, altura em que fiz a última remessa>>. .

Alto ! Agora é /úrica que passa. Graças a Deus aquele Continente agora tão discutido, tem hoje farta representação nesta assembleia de Amor e de Justiça, onde os homens responsáveis por outras assembleias podiam vir estudar o processo de estruturar a Paz.

«Estimo que tenha feito boa via­gem.

Foi pena ter embarcado 3 dias antes de· eu receber, pois tinha planeado conversar consigo àcerca deste assunto.

O assunto é o seguinte : - deseja­va, que empregasse estes 300$, numa casa para pobres, que deve­rá ter o nome de «Casa de Santa Filomena».

Estes 300$00 serão para começar. Faça de conta que são os primeiros tijolos que recebe para essa casa.

Acha viável est? ideia? Ou será leviandade começar a construir urna casa, só dispondo de 300$00 para iniciar?»

Se a Obra do Património, como todas as que sairam da mão inspira­da de Pai Américo, fossem urna obra exclusivamente humana, es­sencialmenre assistencial, seria levi­andade, sim.

Mas como é urna Obra sobrenatu­ral, o pôr em acção d e urna Cruzada que Deus quer, não só é viável como muito eficaz a sua ideia. Cá ficam pois os 300$00 iniciais à espe­ra dos 100$00 e dos 50$00 que mensalmente se lhes virão juntar.

E já que começamos, continue­mos com /úrica. Mil - 3. • prestação de «Dois Amigos-Luanda». Duas -a 5. • e a 6. • prestação-de 500$, para o «Lar da Graça», de Porto Alexandre e ainda por cima «um muito obrigada pela grande alegria que sinto quando mando as pres­ções».

A Ana Maria, do Luabo, iniciou com 500$00 a Casa que prometeu erguer com esta pedrada mensal quando por lá passamos e demos a conhecer um luzeirinho de tanta be­leza que as nossas mãos pecadoras recebem para oferecer neste altar de Deus que é a Obra da Rua.

Igual quantia da Maria Edith, de Lourenço Marques, para a «Casa de S. Francisco Xavier» que fica em 2.700$00.

Outro filho inquieto por honrar seus Pais com actos de caridade.

«Há exactamen e um ano escre­via-lhe uma carta é'.companhando a· l.• prestaçi;.o de 2.000$00 para a Casa Ser.:uina e Biágio que me pro­punha oferecer para comemorar as bodas de oiro matrimoniais de meus Pé\is em 1966.

Tal satisfação não poderá ser já totalmente realizada, pois quis Deus chamar à Sua Divina Presença minha querida e saudosa Mãe. Isso não impedirá, porém, o meu sonho que tex_n agora a ampará-lo a revelação a Minha Mãe dum se­gredo que queria manter até a casa estar «pronta a ser habitada» e sinto a necessidade imperiosa de concluir mais ràpidamente esta minha ideia, agora com o seu au.rili.o.

Assim no dia de hoje, no quadra­gésimo quarto aniversário do casa­mento de meus pais e primeiro da separação temporária do Casal, que não podia admitir outra, eu quero que a metade da minha Mãe fique já completada e por isso lhe envio em vale de correio a quantia de 4.000$00 que com os 2.000$00 en-

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viados há um ano perfaz metade do valor da casa.

Oxalá eu consiga dentro dum ano completar a casa que será apenas a «Casa Serafina e Biágio».

ó piedade filial! ó amor con­jugal, que só a morte separa! Tanta beleza!

Mais duas prestações para a «Casa do António e do Fernando». Mais três do Alberto do «Plano Decenal>>. Outra vez duas (22. • e 23.ª) do casal assinante n.º 28562. O assinante 1.087 começa a sua com um aumento de ordenado 1.023$00 e promete continuar com 300$00 cada trimestre. E, «como estamos no mês do Rosário, gostava que a casa que há-de ser construi­da com a graça de Deus e o meu esforço tivesse o nome de Nossa Senhora do Rosário ; e como o Ro­sário tem muitas contas, a mesma seja habitada ·por urna familia nu­merosa, o local não interessa, será onde for maior a necessidade».

Não é preciso ir aos aútores eru­ditos aprender teologia. Deus reve­la aos pequeninos e humildes se­gredos que os sábios desconhecem. Eis aqui um mestre: « . .. a casa que há-de ser construida com a graça de Deus e o meu esforço ... » Ele­mentos essenciais à construção, ordem e disposição deles - tudo perfeito.Quem duvidará ainda de que o Património não é obra mera­mente natural? !

Outro depoimento :

«Sou há muitos anos urna assídua e entusiasta leitora do «Gaiato».

A sua doutrina faz despertar as nossas consciências e a ter um de­sejo enorme de fazer bem. Mas esse desejo nem sempre se concretiza, e noutros casos, só muito tarde.

Foi o que me aconteceu agora. Há tanto tempo que me comovo com a rubrica «Património dos Pobres» sem nunca ter dado um passo para fazer qualquer coisa.

Agora resolvi construir · urna casa com as migalhinhas que fosse economizando. E tenho fé em Deus que hei-de conseguir e Ele na sua Divina Bondade me há-de ajudar.

Envio os primeiros 100$00 e sem­pre que possa vou enviando outras quantias.

A casa g ostaria que se chamasse Santa F· omena, pela grande devoção que tenho a essa santa.

Nem quero pensar na «loucura» que é, ir também construir uma casa, sem ter o dinheiro necessá­rio. Mas vou alinhar na procissão e Nosso Sen·.or fará o resto.»

Mais teologia ! A hora da Graça é aquela que Deus sabe e quando Ele quer.

Com 5.060$00 é principiada a «Casa João Pedro». Mais urna presta­ção para a 2. • Casa de Nossa Senhora da Especiação.

«Casa Avó Ema fica na 31.• pe­dra: 7.432$00 para a «Casa do João»: «é oferecida em acção de graças por urna anónima que volta­rá a aparecer até per.azar os 12 contos.

Que feliz seria o mundo, que su­ficiente, se todos os homens tivessem e alimentassem desejos assim!

Aquele outro casal, tão meu co­nhecido, embora sem o conhecer, da «Casa à Minha Noiva» e da « Casa à Minha Filha», está quase na meta da sua terceira casa : «total em divida - 1.000$00».

Eu não sei se os senhores adver­tem na profundidade de consciência dos deveres sociais, que aqui se re­vela : «Total em dívida». - Dívida que o Amor faz assumir, voluntària­mente !

Vem agora o grupo das casas de construção colectiva: 200$00 para a dos Josés e metade para a da «Rainha das Virgens».

E os 500$00 com que os «Amigos do Gaiato» da Beira, completaram a sua casa. A nossa simpatia e votos de continuar a vê-los por aqui.

E logo surge outro : o dos traba­lhadores que aparecem mensal­mente : Pessoal da HICA e do Gré­mio de Panificação ; aquela empre­gada do <<Pequeno Louvre». Mais 100$00 de Portuzelo, outro tanto de «urna amiga dos Pobres», 70$00 da Alda.