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VIEIRA; PINHEIRO & VIEIRA (2017) A REFORMA DO ENSINO MÉDIO (LEI 13.415/2017) E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NATAL, RN – 24 A 27 DE JULHO DE 2017 – CAMPUS NATAL CENTRAL IFRN 1 A FORMAÇÃO INTEGRAL E/OU PARA O MERCADO DE TRABALHO? PERCEPÇÕES DE DOCENTES E DISCENTES SOBRE ENSINO PROFISSIONALIZANTE NO INTERIOR DO CEARÁ Miqueias Miranda Vieira; Carlos Henrique Lopes Pinheiro Mykaelly Morais Vieira RESUMO As Escolas Estaduais de Ensino Profissionalizante EEEPs no Estado do Ceará tem se expandido como proposta desenvolvimentista do governo em priorizar uma formação integrada de base humanística e técnica, mediante a uma serie de oferta de cursos no ensino médio. Desse modo, as EEEPs têm crescido de modo significativo na proposta de preparação para o mercado de trabalho ao passo em que propõe uma base comum curricular humanística e interdisciplinar. Neste estudo buscamos refletir sobre a percepção de docentes e discentes de uma EEEP no interior do Ceará, como compreendem o ensino profissionalizante e a formação integral. Tal modalidade de educação resulta de uma série de políticas educacionais e movimentos políticos que apontam contradições e conflitos expressos no ensino profissional brasileiro. Como resultado da pesquisa, notamos que os/as docentes e discentes têm uma compreensão do processo de formação integral e das intencionalidades que compõe o ensino profissionalizante dentro da proposta em preparar e habilitar jovens para o mercado de trabalho. É notável que para alguns estudantes e docentes, a formação profissional passa a tencionar o chamado dualismo, sendo que tal ensino se apresenta como suporte necessário para inserção de modo mais rápido no mercado de trabalho numa perspectiva neoliberal. PALAVRASCHAVE: Ensino Profissionalizante, Percepção Docente, Políticas Educacionais, Formação integral, Formação para o mercado de trabalho.. INTEGRAL TRAINING AND / OR FOR THE JOB MARKET? PERCEPTIONS OF TEACHERS AND STUDENTS ON PROFESSIONAL TEACHING IN CEARÁ ABSTRACT The Schools of professional Education in the State of Ceará has expanded as a developmental proposal of the government to prioritize an integrated training based on humanistic and technical, through a series of courses offered in high school. Thus, EEEPs have grown significantly in the proposal for preparation for the labor market while proposing a common humanistic and interdisciplinary curriculum. In this study we seek to reflect from the perception of teachers and students of EEEP in the interior of Ceará, as they comprise vocational education and integral education. This type of education results from a series of educational policies and political movements that point to contradictions and conflicts expressed in Brazilian professional education. From the perceptions of the students and teachers, we note that these / these have an understanding of the process of integral formation and the intentionalities that compose vocational education within the proposal to prepare and enable young people for the job market. It is noteworthy that for some students and teachers, technical training starts to mediate the socalled dualism, and vocational education is included as a necessary support to enter the labor market faster. KEYWORDS: Vocational Education, Teaching Perception, Educational Policies, Integral education, Training for the labor market.

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VIEIRA;  PINHEIRO  &  VIEIRA  (2017)  

   

A   REFORMA   DO   ENSINO   MÉDIO   (LEI   13.415/2017)   E   SUAS   IMPLICAÇÕES   PARA   A   EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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A  FORMAÇÃO  INTEGRAL  E/OU  PARA  O  MERCADO  DE  TRABALHO?  PERCEPÇÕES  DE  DOCENTES  E  DISCENTES  SOBRE  ENSINO  PROFISSIONALIZANTE  NO  INTERIOR  

DO  CEARÁ  

Miqueias  Miranda  Vieira;    Carlos  Henrique  Lopes  Pinheiro    

Mykaelly  Morais  Vieira      

RESUMO  

As   Escolas   Estaduais   de   Ensino   Profissionalizante-­‐  EEEPs   no   Estado   do   Ceará   tem   se   expandido   como  proposta  desenvolvimentista  do  governo  em  priorizar  uma   formação   integrada   de   base   humanística   e  técnica,  mediante  a  uma  serie  de  oferta  de  cursos  no  ensino  médio.  Desse  modo,  as  EEEPs  têm  crescido  de  modo  significativo  na  proposta  de  preparação  para  o  mercado   de   trabalho   ao   passo   em   que   propõe   uma  base  comum  curricular  humanística  e  interdisciplinar.  Neste  estudo  buscamos  refletir  sobre  a  percepção  de  docentes   e   discentes   de   uma   EEEP   no   interior   do  Ceará,   como   compreendem   o   ensino  profissionalizante   e   a   formação   integral.   Tal  modalidade   de   educação   resulta   de   uma   série   de  

políticas   educacionais   e   movimentos   políticos   que  apontam  contradições  e  conflitos  expressos  no  ensino  profissional   brasileiro.   Como   resultado   da   pesquisa,  notamos   que   os/as   docentes   e   discentes   têm   uma  compreensão  do  processo  de  formação  integral  e  das  intencionalidades   que   compõe   o   ensino  profissionalizante   dentro   da   proposta   em  preparar   e  habilitar  jovens  para  o  mercado  de  trabalho.  É  notável  que   para   alguns   estudantes   e   docentes,   a   formação  profissional   passa   a   tencionar   o   chamado   dualismo,  sendo   que   tal   ensino   se   apresenta   como   suporte  necessário   para   inserção   de   modo   mais   rápido   no  mercado  de  trabalho  numa  perspectiva  neoliberal.    

PALAVRAS-­‐CHAVE:  Ensino  Profissionalizante,  Percepção  Docente,  Políticas  Educacionais,  Formação  integral,  Formação  para  o  mercado  de  trabalho..  

 INTEGRAL  TRAINING  AND  /  OR  FOR  THE  JOB  MARKET?  PERCEPTIONS  OF  TEACHERS  AND  STUDENTS  ON  PROFESSIONAL  TEACHING  IN  CEARÁ  ABSTRACT  

The  Schools  of  professional  Education  in  the  State  of  Ceará  has   expanded   as   a   developmental   proposal   of  the   government   to   prioritize   an   integrated   training  based  on  humanistic   and   technical,   through   a   series  of   courses   offered   in   high   school.   Thus,   EEEPs   have  grown   significantly   in   the   proposal   for   preparation  for   the   labor   market   while   proposing   a   common  humanistic   and   interdisciplinary   curriculum.   In   this  study   we   seek   to   reflect   from   the   perception   of  teachers   and   students   of   EEEP   in   the   interior   of  Ceará,   as   they   comprise   vocational   education   and  integral   education.   This   type   of   education   results  from   a   series   of   educational   policies   and   political  

movements  that  point  to  contradictions  and  conflicts  expressed   in   Brazilian   professional   education.   From  the  perceptions  of  the  students  and  teachers,  we  note  that   these   /   these   have   an   understanding   of   the  process  of  integral  formation  and  the  intentionalities  that   compose   vocational   education   within   the  proposal  to  prepare  and  enable  young  people  for  the  job  market.   It   is   noteworthy   that   for   some   students  and  teachers,  technical  training  starts  to  mediate  the  so-­‐called   dualism,   and   vocational   education   is  included   as   a   necessary   support   to   enter   the   labor  market   faster.

KEYWORDS:  Vocational  Education,  Teaching  Perception,  Educational  Policies,  Integral  education,  Training  for  the  labor  market.  

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VIEIRA;  PINHEIRO  &  VIEIRA  (2017)  

   

A   REFORMA   DO   ENSINO   MÉDIO   (LEI   13.415/2017)   E   SUAS   IMPLICAÇÕES   PARA   A   EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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1  INTRODUÇÃO    

As   políticas   educacionais   mais   recentes   têm   colocado   a   educação  profissional   na   articulação   estratégica   para   a   formação   integral,   dos/das  estudantes,  e  a  partir  do  decreto  de  2004,  referente  à  educação  profissional,  uma  serie  de  ações  tem  sido  mediadas  por  estados,  municípios  baseadas  na  proposta  desenvolvimentista   e   de   expansão   da   educação   aliada   à   formação   de   base  nacional  comum  e  para  o  mercado  de  trabalho.  (FRIGOTTO,  2002).  

Mediante   o   Plano   Integrado   de   Educação   Profissional   e   Tecnológica   do  Estado  do  Ceará,  promovida  pela  política  de  governo  do  então  Governador  Cid  Gomes,   a  Lei  Nº  14.  273   sancionada  em  2008   regulamenta   as  EEEPs  enquanto  política  pública  do  Estado  do  Ceará  para  a  promoção  da  oferta  do  ensino  médio  integrado   à   educação   profissional.   Assim,   essa   política   pública   como   parte   de  uma  série  de  medidas  do  Governo  Federal  em  expandir  a  educação  profissional  passa   a   estar   intencionalizada   na   escola   de   tempo   integral   integrada   a   base  nacional  comum  curricular.  

As  EEEPs  no  contexto  recente  do  Estado  do  Ceará  estão,  enquanto  política  educacional,  ligadas  diretamente  nos  discursos  e  intenções  políticas  de  governo  (SAVIANI,  2005)  de  maneira  que  inserida  no  plano  de  formação  integral,  passam  a  mediar  os  discursos  de  formação  de  base  humanística  e  de  preparação  para  o  mercado   de   trabalho   baseadas   no   perfil   e   na   demanda   do  mercado   que   exige  sujeitos  cada  vez  mais  capacitados.    

De  acordo  com  a  Secretária  de  Educação  do  Ceará-­‐  SEDUC,  atualmente  são  ofertados   em  média   51   cursos   técnicos   integrados   ao   ensino  médio.   Até   2013,  100   escolas   profissionalizantes   ofertavam   o   ensino   integrado,   sendo   74  municípios   do   estado   beneficiários   das   escolas   com   essa  modalidade.   (CEARÁ;  SEDUC,  2017).  

A   categoria   educação   e   trabalho   estão   imbricados   desde  muito   cedo   na  história   educacional   do   Brasil,   ao   passo   em   que   muito   tem   se   discutido   na  proposta   da   educação   integrada   a   formação   técnica,   essa,   permeada   por   uma  corrente  de  autores  e  autoras  que  apontam  o  desafio  de  se  formar  humanamente  e  tecnicamente,  e  outra  por  a  tendência  neoliberal  de  educação  que  atenta  para  a  preparação   e   habilitação   o   mais   precoce   possível   de   jovens   para   compor   o  mercado  que  carece  de  mão  de  obra  qualificada.  Conforme  salienta  Garcia  (2012,  p.   7),   essa   modalidade   de   educação   está   imbuída   pela   antiga   dualidade   de  formação,  uma  educação  para  a  classe  que  irá  inserir-­‐se  nas  atividades  liberais  e  no   ensino   superior,   e   a   classe   popular   ser   inserida   prontamente   no  mundo  do  trabalho.    

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VIEIRA;  PINHEIRO  &  VIEIRA  (2017)  

   

A   REFORMA   DO   ENSINO   MÉDIO   (LEI   13.415/2017)   E   SUAS   IMPLICAÇÕES   PARA   A   EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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Contribuindo   com   a   discussão   do   autor,   Kuenzer   (2005)   nos   apresenta  que  a  relação  da  educação  profissional  mediada  pelas  demanda  do  mercado,  tem  evidenciado  notadamente  a  dualidade  de   formação,   sendo  essa  perpassada  por  intenções   e   estratégias  por  parte  do  modelo  neoliberal   de   educação  de   formar  estudantes  para  o  mercado  de  trabalho.      

Sobre  os/as  agentes  sociais  que,  mediante  as  disposições  sociais  passam  a  interagirem  e  ressignificarem  os  espaços  sociais,  partimos  da  perspectiva  que  a  escola,  como  todo  espaço  social  é  dotada  de  um  habitus  (BORDIEU,  1983),e  é  a  partir   das   experiências   e   da   ação   social   que   as   subjetividades   passam   a  intermediar  nas  estruturas  sociais.  (DUBET,  1994).    

Nesse   sentido   propomos   refletir   sobre   como   docentes   e   discentes   da  EEEP  situada  em  Redenção  no   interior  do  Ceará  vivenciam  a   formação   integral  proposta  pela  modalidade  da  escola.  Buscamos  expor  quais  as  implicações  para  esses/essas  sobre  o  ensino  de  base  comum  integrado  ao  ensino  técnico  e  como  vivenciam   essa   realidade   no   cotidiano   escolar.   A   coleta   de   dados   é   mediante  pesquisa  realizada  na  escola  em  2014.  Na  ocasião,  foram  aplicados  questionários  estruturados   e   semiestruturados   a   110   estudantes   distribuídos   entre   cursos  técnicos  do  1°  ao  3°  ano  do  ensino  médio,  e  12  docentes,  4  desses  educadores  da  base  técnica.    

 

2   OS   DESAFIOS   DA   EDUCAÇÃO   PROFISSIONAL   NO   CONTEXTO  BRASILEIRO:   O   ENSINO   PROFISSIONALIZANTE   INTEGRAL   NA  FORMAÇÃO  DO  ENSINO  MÉDIO.  

 A   educação   profissional   ao   longo   da   historia   brasileira   é   permeada   por  

diversas   intencionalidades   que   inserem   essa   modalidade   educacional   como  herdeira   de   um   longo   processo   de   contradições   e   mediações   pelas   diversos  conflitos   e   discursos   de   governos   brasileiros,   que   ora   por   discursos   de  desenvolvimento   e   de   expansão   do   país,   coloca   essa   modalidade   educacional  como   estratégica.   Pairam   nesse   contexto   a   polêmica   entre   a   dualidade   de  educação  sendo  uma  para  formação  do  pensamento  liberal,  destinada  às  classes  favorecidas   e   outra   para   o   trabalho,   destinada   as   classes   menos   favorecidas.  (KUENZER,   2005,   p.3).   De   modo   que:   “Com   o   incremento   de   novos   setores   na  economia,  a  qualificação  profissional  deixou  de  ser  uma  atividade  compulsória  aos  pobres  e  “desvalidos  da  sorte”,  tornando-­‐se  uma  opção  para  uma  nova  parcela  da  sociedade,  a  classe  popular  urbana.”  (GARCIA,  2012,  p.58).    

No   contexto   das   diversas   políticas   públicas   para   a   educação   brasileira  desde  o  século  XX,  a  dualidade  existente  no  ensino  profissionalizante  é  entendida  

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VIEIRA;  PINHEIRO  &  VIEIRA  (2017)  

   

A   REFORMA   DO   ENSINO   MÉDIO   (LEI   13.415/2017)   E   SUAS   IMPLICAÇÕES   PARA   A   EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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como  uma  realidade,  na  proporção  em  que  desde  o  processo  de  industrialização  do   país,   a   consolidação   do   pensamento   positivista   e   os   ideais   neoliberais   que  também   foram   inseridos  nos  modelos  de  educação,  o  que   tem  sido  notório  é  a  consolidação   do   processo   de   formação   fragmentária   e   que   posiciona   o   ensino  profissional   como   discurso   da   preparação   e   qualificação   dos/das   estudantes  para  compor  vagas  no  mercado  cada  vez  mais  exigente.  Dito  isso,  Frigotto  (2011)  argumenta  que  no   campo  educacional   e  pedagógico:   “O  resultado  da  concepção  fragmentária   e   positivista   da   realidade,   vai   se   expressar   de   um   lado   na  interminável   lista  de  disciplinas  e  de  outro  na  divisão  arbitrária  entre  disciplinas  de   conteúdo   geral,   humano   e   disciplinas   de   conteúdo   específico   e   técnico.”  (FRIGOTTO,  2011,  p.  59).  

Cabe   salientar   que   desde   as   décadas   de   30   e   40   no   Brasil,   políticas  direcionadas  para   a   educação   estiveram  sendo   tensionadas  pelos  processos  de  industrialização  e  o  crescimento  da  população  urbana  (SAVIANI,  2005).  Envolta  pelo   discurso   de   desenvolvimentismo   e   expansão,   essa   modalidade   de   ensino  passou  a  desempenhar  grande  destaque  dentro  da  formação  da  camada  popular  no  espaço  educacional,  entendida  em  alguns  momentos  “...  como  um  investimento  em   capital   humano   individual   que   habilita   as   pessoas   para   a   competição   pelos  empregos  disponíveis”  (SAVIANI,  2011,  p.  430).  

Conforme   argumenta   Frigotto   (2002),   a   educação   desde   a   transição   do  período   da   ditadura   militar   até   o   período   de   redemocratização   vem   marcada  pelas   propostas   neoliberais   que   passam   a   implicar   diversas   mudanças   e/ou  reproduções  de  modelos  que   intensificam  uma  fragmentação  e  dicotomia  entre  várias   esferas   sociais   e   nas   próprias   especializações.   Essa   lógica   insere  implicações   também   nas   próprias   políticas   educacionais   que   passam   a  caracterizar  na  educação  as  contradições  existentes  pelos  movimentos  políticos  brasileiros,   caracterizando  nesse   sentido  uma   crise  de   identidade  nos  modelos  educacionais.    

Desde   a   reformulação   da   LDB   de   1996,   percebemos   que   poucas  reformulações  põem  em  questão  a  perspectiva  da   formação   integral  ou  dual.  O  que  é  notável  é  que  o  que  é  modificado  é  somente  como  o  ensino  técnico  pode  ser   inserido   junto   à   formação   de   base   comum,   de  maneira   que   no   governo   de  Fernando   Henrique   Cardoso,   com   o   decreto   de   1997,   a   educação   profissional  passa   a   manter   a   dualidade   entre   ensino   técnico   e   de   Base   Nacional   Comum  Curricular,  sendo  esse  primeiro  pensado  unicamente  nos  eixos  que  priorizem  a  preparação   para   o   mercado   de   trabalho,   “podendo   ser   oferecida   de   forma  concomitante   ou   sequencial   a   este”   (KUENZER,   2005,   p.   24).   Portanto,   o   que  persiste   é   a   antiga   dualidade   da   educação   profissional   destinada   a   camada  popular  e  outra  para  elite.      

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VIEIRA;  PINHEIRO  &  VIEIRA  (2017)  

   

A   REFORMA   DO   ENSINO   MÉDIO   (LEI   13.415/2017)   E   SUAS   IMPLICAÇÕES   PARA   A   EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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Com  o  governo  de  Luís  Inácio  Lula  da  Silva,  em  2003,  o  que  notamos  é  que  na   proposta   desenvolvimentista   e   expansionista   de   educação,   o   decreto  5.154/04,   passa   a   novamente   a   inserir   a   possibilidade   de   formação   técnica  simultaneamente   ao   ensino  médio   de  maneira   que   no   discurso   do   governo   “...  tanto   a   LDB   quanto   o   novo   decreto   regulamentador   Decreto   5.154/04,   não  admitem  mais  essa  dicotomia  que  separa  a  teoria  da  prática”  (BRASIL,  2004,  p.  5).  

Contudo,   como   nos   apresenta   Frigotto,   Ciavatta   e   Ramos   (2005),   o  referido   decreto   passa   a   ser   somente   um   parâmetro   que   cria   um   limiar   para  possibilidades,   de   maneira   que   no   contexto   de   formação   profissional  contemporânea,  o  ensino  técnico  passa  a  fazer  parte  da  formação  de  estudantes  para  inserirem-­‐se  no  mercado  de  trabalho.    

De  acordo  com  Saviani,  os  maiores  desafios  da  educação  contemporânea  se  baseia  na  relação  educação  e  trabalho,  de  maneira  que  “...  o  conhecimento  e  a  atividade   prática   deverá   ser   tratada   de   maneira   explícita   e   direta.   O   papel  fundamental   da   escola   de   nível   médio   será,   então,   o   de   recuperar   essa   relação  entre   o   conhecimento   e   a   prática   do   trabalho.”   (SAVIANI,   2006,   p.   14).   Nesse  sentido,   compreendemos  que   a   proposta   da   politecnia   seria   a   possibilidade  de  formação  integral  proposta  pelos  parâmetros  vigentes  da  educação  profissional.  De  maneira  que  o  que  está  posto  em  questão  na  proposta  de  formação  integral  é  exatamente  a  integralização  de  conteúdos  e  de  apropriação  do  conhecimento  da  base   comum   curricular   e   da   formação   técnica   para   os   estudantes   que   se  submetem  a   essa  modalidade  de   educação,   sendo   a   politecnia   entendida   como  “domínio   dos   fundamentos   científicos   das   diferentes   técnicas   que   caracterizam  o  processo  de  trabalho  moderno”  (SAVIANI,  2003,  p.  140).  

Neste  sentido,  a  Lei  N°  14.273.  DE  19.12.08  segmenta  a  criação  das  EEEPs  no  Ceará,  a  partir  do  mandato  do  Governador  Cid  Gomes,  essa  propõe  a  formação  integral  integrada  ao  ensino  médio,  no  sentido  em  que  tal  política  pública  passa  a  ser  mediada  pelo  discurso  de  desenvolvimento  e  de  propagação  de  educação  de  qualidade   e   premissa   do   estado   em   ser   referência   no   quesito   de   educação  (SEDUC,  2017).  A  propaganda  do  Governo  do  Estado  é  propiciar  a  possibilidade  do/da  estudante  optar  por  seu  futuro,  capacitando  para  o  mercado  de  trabalho  e/ou   tendo   a   formação   integrada   que   possibilitará   sua   inserção   no   ensino  superior.   Nessas   diversas   intencionalidades   propostas   pelo   governo,  ponderamos  o  que  Frigotto,  Ciavatta  e  Ramos  (2005,  p.  35)  sugerem  como  pode  ser   incumbida  a  proposta  da   formação   integral  do  ensino  profissional  e  médio:  “Seu   horizonte   deveria   ser   o   de   propiciar   aos   alunos   o   domínio   dos   fundamentos   das  técnicas   diversificadas   utilizadas   na   produção,   e   não   o  mero   adestramento   em   técnicas  produtivas.   Não   se   deveria,   então,   propor   que   o   ensino   médio   formasse   técnicos  especializados,  mas  sim  politécnicos.”.      

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VIEIRA;  PINHEIRO  &  VIEIRA  (2017)  

   

A   REFORMA   DO   ENSINO   MÉDIO   (LEI   13.415/2017)   E   SUAS   IMPLICAÇÕES   PARA   A   EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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É   partindo   deste   cenário   e   dessas   inquietações   que   buscamos   refletir  sobre   como   discentes   e   docentes   compreendem   essa   realidade   posta   de  formação  integral  a  partir  da  educação  profissional  atrelada  ao  ensino  médio.  E  como  os/as  agentes  sociais  da  pesquisa  passam  a   ressignificar  as  propostas  de  formação   integral  mediante   suas   práticas   e   cotidiano   e   partindo   dos   discursos  propagados  por  tal  modalidade  de  educação.  

 

3  METODOLOGIA    Os   resultados   que   serão   apresentados   nesse   estudo   são   parte   de   uma  

pesquisa   mais   abrangente   realizada   em   2014,   denominada:   “Relações  étnicorraciais   e   Educação   Profissional:   Ações   Pedagógicas,   Estratégias   e  Intencionalidades”,  como  requisito  no  curso  de  Bacharelado   Interdisciplinar  em  Humanidades,  na  Universidade  Federal  e   Interiorana  UNILAB,    de  maneira  que  nos  baseamos  na  pesquisa  quantitativa  e  qualitativa  buscando  compreender  de  modo  mais  abrangente  as  duas  temáticas  propostas  na  monografia.    

A   pesquisa   foi   realizada   na   Escola   de   Ensino   Profissionalizante   de  Redenção,  município  situado  a  55  km  de  Fortaleza,  capital  no  Ceará.    Baseamos  a  pesquisa  como  qualitativa  ancorados  pelos  escritos  de  Minayo  (1994),  em  que  a  autora   sistematiza   de  modo   bastante   pertinente   sobre   a   relação   da   entrevista  semiestruturada   e   o   questionário   como   parte   de   um   conjunto   de   ferramentas  que   podem   ser   objeto   de   investigação   para   a   pesquisa   qualitativa   a   partir   da  apropriação   reflexiva   do/a   pesquisador/a.   Sustentamos   ainda   o   que   Minayo  (1994)   reflete   sobre   a   utilização   de   entrevistas   semiestruturadas,   essas  privilegiam  a  obtenção  de  informações  por  meio  da  fala  individual  que  é  capaz  de  revelar   aspectos   que   representam   características   de   determinados   grupos.   Ou  seja,   por   meio   das   entrevistas   semiestruturadas,   podemos   nos   aproximar   das  percepções  e  motivações  dos/das  agentes  sociais  estudados/as.  (MINAYO,  1994,  p.  25).  

Contextualizando   um   pouco   do   ensino   profissionalizante   nas   EEEPs   no  estado  do  Ceará,  o  estudante  que  ingressa  essa  modalidade  passa  8  horas  diárias  de   segunda   a   sexta,   tendo   ao   longo   dos   três   anos   a   sua   trajetória   no   curso  técnico.  Nesse  período   tem  disciplinas  de  base   comum   flexibilizadas  durante  o  dia,   concomitantemente   a   disciplinas   do   curso   profissionalizante,   o   qual   optou  no   inicio   do   1°   ano.   São   mais   de   50   cursos   ofertados,   entre   eles,   Comércio,  Enfermagem,  Redes  de  computadores,  hospedagem,  Informática,  turismo,  etc.    

O/a   estudante   tem   a   vivência   dos   três   anos   da   base   comum   curricular  integrado   o   ensino   profissional.   Disciplinas   que   vinculam   a   questão   da  

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VIEIRA;  PINHEIRO  &  VIEIRA  (2017)  

   

A   REFORMA   DO   ENSINO   MÉDIO   (LEI   13.415/2017)   E   SUAS   IMPLICAÇÕES   PARA   A   EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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profissionalização,   tais   como:   empreendedorismo,   formação   cidadã   e   em  segmentos   do   mercado   de   trabalho,   sendo   as   disciplinas   de   Tecnologia  Empresarial   Socio-­‐Educacional   (TESE),   e   a   Tecnologia   Empresarial   Odebrecht  (Teo).  Tais  disciplinas  TESE  e  TEO  são  baseadas  nos  parâmetros  dos  pilares  da  educação   e   relacionando   eixos   da   formação   para   o   mundo   do   trabalho.       No  terceiro  ano  de  curso,  que  equivale  o  3°  ano  do  ensino  médio,  o  estudante,  passa  por   o   processo   do   estágio,   desempenhando   atividades   nos   segmentos   dos  setores   urbanos   locais.   Ao   longo   desse   processo   o   aluno   faz   um   Trabalho   de  Conclusão  de  Curso  para  obtenção  do  certificado  de  técnico.    

Sobre   nosso   interesse   nesse   estudo,   foram   aplicados   aos   estudantes   42  questionários   estruturados   na   turma   1°   enfermagem,   38   questionários  direcionados  a   turma  2°  Redes,  16  questionários  a   turma  do  3°  Comércio  e  14  questionários   a   3°   Informática,   totalizando   110   questionários.   Sobre   o   corpo  docente,  foram  aplicados  12  questionários  estruturados  aos  professores.  Sendo  8  professores  de  base  comum  e  4  relacionados  aos  professores  de  áreas  técnicas.  Em   que   foram   enfermagem,   comércio,   redes   e   informática.   Foram   realizadas  entrevistas  semiestruturadas  com  alguns  dos  docentes  da  pesquisa.    

Sobre   os   discentes,   92%   dos   entrevistados   eram   oriundos   de   escola  pública,  de  modo  que  6%  eram  egressos  de  escolas  particulares.  64%  dos  alunos  foram  do  sexo  feminino  e  35%  dos  alunos  eram  do  sexo  masculino.Em  todos  os  cursos  foi  percebido  um  maior  número  de  estudantes  do  sexo  feminino  escritas.  Houve   no   curso   de   Redes   um   equilíbrio   entre   os   alunos   do   sexo   feminino   e  masculino,  destacando  que  ao  todo  64,5%  dos  alunos  entrevistados  foram  alunos  do   sexo   feminino   entre   os   cursos   de   enfermagem   e   informática.   A   idade  dos/estudantes  pesquisados  variaram  entre  15  e  18  anos.    

Em   relação   aos   professores   pesquisados,   6   professores   eram   do   sexo  masculino  e  6  do  sexo  feminino.    A  idade  dos  professores  era  entre  22  a  54  anos.  25%  tinham  34  anos,  16%  33  anos,  dentre  as   idades   listadas,  as  demais   foram  perceptíveis  8%.    

 

4  RESULTADOS  DA  PESQUISA    

4.1  Percepções  dos  Discentes    Das   questões   direcionadas   aos   estudantes,   foi   perguntado   por   quais   as  

razões   escolheram   estudar   numa   escola   de   nível   médio   integrado   ao   ensino  técnico.   54,%  dos   alunos   ressaltaram  que   escolheram  por   conta   que   amplia   as  possibilidades  de  futuro,  em  inseri-­‐los  no  mercado  de  trabalho  e  habilitá-­‐los  para  

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A   REFORMA   DO   ENSINO   MÉDIO   (LEI   13.415/2017)   E   SUAS   IMPLICAÇÕES   PARA   A   EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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a  profissão.  18%  dos  alunos  disseram  que  optaram  porque  possibilitava  a  refletir  sobre   o   mundo   e   por   conta   das   áreas   regulares   vinculando   com   a   formação  profissional.  17,27%  disseram  que  era  por  conta  da  preparação  para  o  mercado  de  trabalho.  7,27%  disseram  que  era  uma  formação  interessante  para  ingressar  em   nível   superior   e   2,72%   disseram   que   era   por   conta   da   formação   que   o  mercado  exige.  

No   momento   da   aplicação   dos   questionários,   uma   estudante   de  informática   ressaltou:   “Ora,  Escolhi  essa  escola  porque  é  melhor  pro  meu   futuro.  Aqui   a   gente   se   prepara   no   perfil   que   é   necessário   para   mercado   de   trabalho.”  (Estudante   do   Curso   de   Informática,   17   anos).     Desse   modo,   percebemos   que  para  a  estudante  o  ensino  profissionalizante  era  um  diferencial  levando  em  conta  o  mercado.    

A  partir  da  fala  da  estudante,  instigamos  a  reflexão  com  Kuenzer  (2005,  p.  26),   quando   a   autora   considera   que   no   contexto   de   dualidade   vivenciada   pela  educação   profissional   no   contexto   contemporâneo,   existem   uma   serie   de  amarras  que  passam  a  mediar  a  relação  entre  mercado  de  trabalho,  a  formação  técnica  e  a  permanência  no  campo  de  trabalho  por  parte  do  estudante,  dando  o  caráter   de   inclusão   excludente   e   a   questão   da   pedagogia   das   competências  responsabilizando   o/a   aluno/a   pelo   sucesso   ou   fracasso.   Intentamos  compreender   em   que   passo   se   dá   a   questão   da   responsabilização   do/da  estudante?  Qual  a  analise  de  uma  perspectiva  de  competências  geradas  por  esse  aluno   num   contexto   de   mercado   que   demanda   cada   vez   mais   a   mão   de   obra  qualificada  baseada  na  flexibilização  do  currículo?    

Foi   perguntado   as/os   estudantes   como   compreendiam   a   formação  integral  proposta  por  meio  da  educação  profissional,  levando  em  consideração  os  princípios  da  Base  Nacional  Comum,  e  os  eixos  da  educação  profissional.  46,36%  dos  alunos  disseram  que  estavam  satisfeitos  sendo  que  Escola  faz  o  diálogo  entre  o  ensino  técnico  e  o  ensino  médio,  deixando  aberto  o  espaço  para  refletir  sobre  outros   assuntos,   como   o   contexto   local.   37,27%   ressaltaram   que   estavam  satisfeitos,   pois   a   escola   permite   uma   visão   pluralizada,   entre   os   dois   polos,  técnico  e  do  social  e  16,  6%  dos  estudantes  disseram  que  a  escola  só  preconizava  a  profissionalização,  deixando  em  aberto  outras  possibilidades  do  ensino  médio.    

Questionados   sobre   como   percebiam   a   formação   integral   e   quanto   a  dualidade   existente   entre   o   ensino   básico   e   a   profissionalização.   57,   7%   dos  estudantes  apontaram  que  a  possibilidade  de  integralização  na  escola  era  muito  importante,   porque   além   de   esses/essas   terem   conteúdos   de   base   comum,  passavam  a  construir  uma  formação  técnica  que  permitiam  chances  de  inserir  no  mercado  de  trabalho  assim  que  saíssem  do  ensino  médio.  20,  3  %  dos  estudantes  apontaram  que  notavam  que   a   escola  dava  base  profissional   e   perpassam  uma  

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formação  técnica  alinhada  a  realidade  da  região,  permitindo  uma  maior  chance  de   arranjar   emprego   por   meio   da   experiência   do   estágio.   19,   7%   dos/das  estudantes   ressaltaram   que   a   escola   tinha   distinção   quanto   a   formação   entre  ensino  médio  e  de  base  técnica,  tendo  diferenças  nas  abordagens  de  cada  curso.    

Uma   fala  de  um  estudante  do  3°  Redes  foi  bastante  significativa.  O  aluno  apontou  para  a  seguinte  reflexão:  

Estudar  na  educação  profissional  aqui  é   importante,  porque  a   gente   consegue   ter   noção   do   que   o   mercado   precisa.   A  gente   consegue  perceber  que  podemos   seguir  no   estudo  do  ensino   médio,   e   ai   pensando   no   Enem,   estudar   na  Universidade.  E   também  poder  construir  nossa  base   técnica  que   nos   diferencie   no   mercado.   Temos   disciplinas   como   a  TEO  e  a  TESE,  que  permite  a  gente  trabalhar  questões  de  vida  e  o  próprio  perfil   de   trabalho.  Daí   temos  mais   chance  de   se  dar   bem   quando   sair   da   escola.   (Estudante   do   Curso   3°  Comércio).  

Com   fala   desse   estudante,   trazemos   mais   questionamentos.   Quais   os  desafios   de   pensar   a   educação   de   forma   integral,   haja   vista   a   proposta   de  mercado   e   de   base   neoliberal   que   tem   posto   a   escola   a   dicotomizar   as   ações  pedagógicas  em  propostas  e  nos  modelos  empresarial?    

Partimos   dessa   reflexão   apontando   que   no   contexto   do   ensino  profissionalizante   os   desafios   são   postos   exatamente   nesse   movimento,   de  pensar   a   escola   enquanto   um   modelo   empresarial   que   forma   profissionais  habilitados   para   o   mercado   de   trabalho.   E   a   estrutura   e   o   funcionamento   da  escola,   como   se   porta   diante   dessa   perspectiva?     Ressaltamos   que   no   caso   das  disciplinas  TEO  e  TESE,  conforme  nos  relata  Barros  (2013),   tais  disciplinas  que  propõem   pensar   a   escola   enquanto   uma   empresa   e   base   mercadológica:   “...  sistematiza   um   protótipo   empresarial   a   ser   implantado   nas   ―escolas   empresas.  Segundo  os   executores   da   lógica  neoliberal,   via  parceria  público  privado,   a  TESE  ―foi   desenhada   para   levar   esses   conceitos   gerenciais   para   o   ambiente   escolar   e  permitir   ao   Gestor   o   atingimento   dos   seus   objetivos   de   maneira   estruturada   e  previsível.”   (BARROS,   2013,   p.47).   Concluímos   que   esse   modelo   inserido   na  proposta  de  formação  integral  acaba  por  tornar  cada  vez  mais  próxima  a  escola  como  parte  de  uma   lógica  neoliberal,   geradora  de  resultados  e  de  profissionais  preparados  pra  adentrar  mais  rápido  possível  no  mercado  de  trabalho,  colocando  em   risco   a   proposta   de   uma   educação   horizontalizada,   que   vise   às   bases  cientificas,   tecnológicas,   culturais  do   ser  humano.  Barros   (2013,  p.   48)   ressalta  sobre   o   papel   da   escola   na   proposta   da   TESE   e   TEO   sendo   inserida   numa  perspectiva  empresarial  e  o  ambiente  pedagógico  também  nessa  perspectiva  que  para  a  autora  torna-­‐se  inaceitável.    

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 4.2   Percepções   dos   Docentes   sobre   o   Ensino   Profissionalizante   e   formação  integral    

 Das   percepções   dos   docentes,   foi   perguntado   sobre   a   educação  

profissional,   em  que  como  os  professores  pesquisados  compreendiam  a   junção  do   ensino   regular   integrado   a   educação   profissional.   50%   dos   pesquisados  ressaltaram   a   importância   por   conta   que   dá   chances   do   aluno   ingressar   no  ambiente  profissional.  25%  disseram  que  é  importante  no  preparo  do  aluno  no  mercado  de  trabalho  e  16%  dizendo  que  é  importante  para  o  aluno  ingressar  nos  cargos  públicos.    

Uma   reflexão   interessante   foi   a   suscitada   pelo   professor   de   Português  quando   perguntado   sobre   como   ele   percebia   a   formação   integral   proposta   na  escola.  Ele  destacou:  

Olha,  aqui  a  formação  integral  dos  estudantes  se  dá  pelo  fato  de   que   nós   professores   da   base   comum,   damos   disciplinas  também  como  a  TESE  e  a  TEO,  participamos  dos  horários  de  estudo,   e   tentamos   na  medida   do   possível   alinhar   algumas  temáticas   das   disciplinas   junto   a   cada   curso   técnico.   Tipo  assim,   eu   estou   dando   aula   de   Gramática   no   Comércio.   Aí  tento   usar   textos   que   dialoguem   na   área   dos   meninos   e  sempre   nos   eixos   dos   pilares   da   educação.   (Professor   de  Lingua  Portuguesa.  37  anos.)  

No   contexto   do   discurso   do   Professor,   a   reflexão   que   fazemos   é   que  proposta  da  formação  integral  para  esse  se  dar  pelo  entendimento  de  alinhar  sua  área  de  ensino  com  assuntos  relacionados  ao  cunho  técnico  contextualizando  e  vislumbrando  a  intenção  do  ensino  profissionalizante.  Suscitamos  ainda  a  partir  do  escrito  de  Saviani  (2003),  compreender  que  o  que  é  posto  em  um  modelo  de  educação  integral,  semelhante  a  politecnia  expressa  pelo  autor,  é  a  possibilidade  de   formação  humanística,   contextualizada.  Tal   formação  não   é   só   contemplada  pelo   apego   e   supervalorização  da  profissionalização   e   a   técnica  pela   técnica.  O  que   é   colocado   é   a   possibilidade   de   imbricar   a   formação   humanística,   de   base  comum,  a  proposta  de  formação  técnica  consciente.  Resultante  de  um  modelo  de  educação  pluridimensional  que  valorize  cada  área  de  ensino,  e  que  proporcione  aos   estudantes   a   compreensão   reflexiva  de   ambos,   seja   em  disciplinas  de  base  comum,  ou  em  disciplinas  de  cunho  técnico.    

Foi   suscitado   aos   pesquisados   disserem   como   esses/essas   percebiam   o  corpo   docente   e   a   relação   entre   a   formação   integral   dos   estudantes.   50%  assinalaram  que  o  corpo  docente,  tanto  da  base  técnica  como  da  base  comum,  de  forma   coletiva   passam   a   tomar   práticas   pedagógicas   e   alinhadas   as   premissas  

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que  a  escola  esboça  como  o  perfil  de  formar  os  estudantes.  25%  ressaltaram  que  nos   encontros   pedagógicos   os   professores   passavam   a   levar   questões   para  pensar   o   perfil   desejado   que   o  mercado   local   carece.   25%   responderam  que   a  escola  possui  educadores  específicos  da  base  técnica  que  passam  a  mediar  essa  formação  integral  por  meio  de  disciplinas  específicas.    

Questionamos,  ainda,  aos  12  professores  participantes  da  pesquisa,  sobre  quais  as  implicações  do  ensino  médio  ser  integrado  ao  ensino  profissional.  33%  dos   professores  disseram  que   tem   grandes   implicações   em  preparar   os   alunos  para  o  mercado  de  trabalho.  Também  33%  dos  professores  responderam  que  era  válido   para   construir   nos   alunos   o   perfil   exigido   pelo   sistema   de   trabalho,  também  33%  disseram  que  é  pertinente  para  ampliar  as  possibilidades  de  futuro  e  as  habilitações  profissionais.  O  professor  de  informática  ponderou  no  momento  da  realização  da  pesquisa  uma  questão  que  chamou  a  atenção,  ele  disse:  

 

A  gente  percebe  que  a  educação  profissional  aqui  no  Ceará  é  muito   importante,   porque   permite   que   a   escola   tenha   uma  maior  abordagem  por  ser  em  período   integral.  Aqui  a  gente  tem  disciplinas  de  todos  os  gostos,  e  com  todos  os  sentidos.  Tem  disciplina  pra  formar  para  mercado  de  trabalho,  tem  pra  trabalhar   projeto   de   vida,   tem   pra   abordar   o   perfil   do/da  estudante.  Tem  disciplina  pra  os  alunos  se  dar  bem  no  ENEM.  (Professor  de  Informática-­‐  29  anos  de  idade).  

 

Perguntada   sobre   como   a   docente   de   enfermagem   compreendia   a  educação  integral  na  proposta  do  ensino  profissionalizante,  ela  disse:  “É  assim,  eu  percebo  que  vai  muito  é  pela  abordagem  da  escola.  Qual  os  projetos  pedagógicos  implementa.   Qual   a   responsabilidade   com   a   formação   profissional   que   a   escola  quer   trabalhar.   E   como   a   escola   consegue   administrar   o   tempo   e   as   formações”.  (Professora  de  Enfermagem.  34  anos  de  idade.).    

Dessa   fala  da  Professora  compreendemos  que  é  exatamente  o  cerne  que  está   posto   o   pensar   sobre   o   ensino   profissionalizante   no   contexto   brasileiro  atual.   Se   propõe   que   tal   ensino   seja   “concebido   como   oportunidade   para   a  formação   humana   integral,   tendo   como   eixo   estruturante   a   integração   entre  trabalho,   ciência,   tecnologia   e   cultura,   fundamentando-­‐se   no   trabalho   como  princípio   educativo.”   (Diretrizes   Curriculares   Nacionais   para   a   Educação  Profissional,  2013,  p.  237).  E  esses  discursos,  não  são  eles  ressignificados  a  partir  do  cotidiano  e  da  apropriação  da  escola?  

Pois   bem,   com   a   fala   da   pesquisada   compreendemos   que   é   nesse  movimento   que   a   formação   integral   passa   a   ser   um   fator   desafiador.   São   nas  

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A   REFORMA   DO   ENSINO   MÉDIO   (LEI   13.415/2017)   E   SUAS   IMPLICAÇÕES   PARA   A   EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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práticas  pedagógicas,  nas  ações  construídas  entre  docentes  e  discentes  e  como  a  escola   passa   a   ressignificar   as   propostas   do   ensino   profissional   alinhado   a  formação   de   base   comum   no   ensino   médio   que   iremos   compreender   como   a  formação  integral  de  fato  é  posta  pelos  agentes  que  compõe  o  espaço  escolar.  São  nas   subjetividades   e   na   ação   social   que   se   transpõe   os   conceitos   em   práticas.  (DUBET,   1994).     Partindo   da   compreensão   das   disposições   sociais   dos   agentes  sociais   que   transpõem   do   discurso   teórico   à   prática   educativa,   que   podemos  avançar  para   entender  os  desafios  mais  micro  que   a   formação   integral   passa   a  desempenhar   no   contexto   das   escolas   profissionais,   por  meio   das   experiências  docentes   e  discentes.  É  na   compreensão  do  habitus  (BORDIEU,  1983,  p.   46-­‐47)  construído  na  experiência  dos  docentes  e  discentes,  que  a  intenção  da  formação  integral   pode   ser   entendida.   Não   esquecendo   o   que   Garcia   (2012,   p.   87-­‐88)  quando   ressalta   que   a   educação   profissional   esteve   à   mercê   das   mudanças  sociais,  políticas  e  econômicas  que  expressaram  os  movimentos  e  conflitos  que  o  país  mediou  frente  a  interesse  do  mercado.    

 

5  CONCLUSÃO    

O  ensino  profissionalizante  estruturado  pelas  EEEPs  no  Interior  do  Ceará  é   bastante   estratégico   dentro   da   proposta   de   governo,   e   mais   ainda,   essa  modalidade  de  educação  é  parte  de  diversas  políticas  públicas  que  apresentam  a  educação   como   proposta   ligada   diretamente   no   discurso   desenvolvimentista   e  de  expansão  do  Brasil.  Seja  movido  pela  polêmica  de   tendências  neoliberais  na  educação,   seja   nos   resquícios   positivistas   de   fragmentação   das   disciplinas,   o  ensino  profissionalizante  vem  ganhando  destaque  no  cerne  das  discussões  sobre  as  identidades  e  contradições  da  educação  brasileira.    

A  partir  da  educação  profissional   inserida  no  ensino  médio  pelo  Decreto  5.154/04   diversas   possibilidades   de   se   pensar   uma   formação   de   modo  pluridimensional   e   que   possibilite   estudantes   cada   vez   mais   flexíveis   e  conscientes   dos   eixos   científicos,   tecnológicos,   culturais   que   permeiam   as  estruturas   sociais  passa  a   ser  uma   realidade.  Não  é   culpabilizar  um  modelo  de  educação   atrelado   ao   trabalho   na   estrutura   dicotômica   de   classes,   sendo   uma  base   liberal   para   a   elite   inserir-­‐se   no   ensino   superior   e   outra   base   para   o  trabalho  para  as  classes  subalternas  em  inserir-­‐se  no  mercado.  O  que  está  posto  aqui   é   refletirmos   sobre   a   dualidade   e   fragmentação   entre   ensino   técnico   e  ensino  de  base   comum,  que   abre  possibilidades  para  uma   supervalorização  do  aspecto  profissionalizante,  tecnicista  da  educação  e  que  coloca  os/as  estudantes  numa  posição  de  serem  responsáveis  pelo  sucesso  ou  fracasso,  e  inserirem-­‐se  de  imediato  no  mercado  de  trabalho.    

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VIEIRA;  PINHEIRO  &  VIEIRA  (2017)  

   

A   REFORMA   DO   ENSINO   MÉDIO   (LEI   13.415/2017)   E   SUAS   IMPLICAÇÕES   PARA   A   EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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Por   meio   das   percepções   dos   docentes   e   discentes,   notamos   que  esses/essas   tem   uma   compreensão   do   processo   de   formação   integral   e   das  intencionalidades  que  compõe  o  ensino  profissionalizante  dentro  da  proposta  do  Governo  do  Estado  em  preparar  e  habilitar  jovens  para  o  mercado  de  trabalho.  É  notável   que   para   alguns   estudantes   e   docentes,   a   formação   técnica   passa   a  mediar  o  chamado  dualismo,  de  maneira  que  pelas  falas  de  alguns  estudantes,  o  ensino   profissionalizante   é   o   suporte   necessário   para   inserir   de   modo   mais  rápido  no  mercado  de  trabalho.    

É  na  experiência  e  no  habitus  do  espaço  escolar,  que  refletimos  que  são  as  disposições   sociais  e  as  ações  dos/das  agentes   sociais  que  passam  a  vivificar  e  ressignificar  as  estruturas  sociais.  Os  discursos  e  os  parâmetros  que  apontam  a  educação  profissional  no  ensino  médio  podem  ser  vislumbrados  no  exercício  de  compreender   a   partir   de   estudantes,   docentes   e   técnicos   que   vivenciam   essas  experiências   como   ocorre   a   transposição   da   proposta   de   formação   integral   na  perspectiva  da  experiência  desses  e  dessas.    

Sobre   o   que   foi   exposto   nesse   estudo,   buscamos   ampliar   de   modo   mais  abrangente  em  pesquisas  futuras  como  docentes  e  discentes  do  interior  do  estado  do   Ceará   compreendem/vivenciam   essas   questões   da   formação   integral   nas  práticas,  nos  projetos  pedagógicos  e  no  cotidiano  das  EEEPs.      

6  REFERÊNCIAS      

BARROS,   Rosiane   Bento.   O   ensino   médio   profissionalizante   no   Estado   do  Ceará:  a  empregabilidade  vencendo  a  formação  integral./  Rosiane  Bento  Barros.    Universidade  Estadual  Do  Ceará-­‐  Uece  Faculdade  De  Educação,  Ciências  E  Letras  Do  Sertão  Central  –  FECLESC—  Quixadá,  2013.  BRASIL.  Parecer  CNE/CEB  nº.  39,  de  08  de  dezembro  de  2004.  Regulamenta  a  aplicação  do  Decreto  nº.  5.154/2004  na  Educação  Profissional  Técnica  de  nível  médio  e  no  Ensino  Médio.  Diário  Oficial  da  União,  Brasília,  08.  Dez.  2004.  BORDIEU,  Pierre.    Sociologia.    (Org.)  Renato  Ortiz.  São  Paulo:  Ática.  1983.    

CEARÁ;   SEDUC.   Educação   Profissional   –   apresentação.   Disponível   em:  http://www.seduc.ce.gov.br/index.php/educacao-­‐profissional   Acesso   em:   05.  Jun.  2017.    

Diretrizes  Curriculares  Nacionais  Gerais  da  Educação  Básica  /  Ministério  da  Educação.   Secretaria   de   Educação   Básica.   Diretoria   de   Currículos   e   Educação  Integral.  ISBN:  978-­‐857783-­‐136-­‐4.  MEC,  SEB,  DICEI:  Brasília,  2013.  

DUBET,  François.  Sociologie  de  l’expérience.  Paris:  Seuil,  1994.  

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VIEIRA;  PINHEIRO  &  VIEIRA  (2017)  

   

A   REFORMA   DO   ENSINO   MÉDIO   (LEI   13.415/2017)   E   SUAS   IMPLICAÇÕES   PARA   A   EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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GARCIA,   Júlio   Cézar.   A   reforma   da   educação   profissional   [manuscrito]:   a  dualidade   assumida   /   Júlio   Cézar   Garcia.   –  Dissertação   (mestrado)   –  Pontifícia  Universidade  Católica  de  Goiás,  Departamento  de  Educação,  2012.  

FRIGOTTO,  G.  Educação  e  a  construção  democrática  no  Brasil:  da  ditadura  civil-­‐militar  à  ditadura  do  capital.  In:  FAVERO,  OSEMERARO,  G.  (Org.).  Democracia  e  construção   do   público   no   pensamento   educacional   brasileiro.Petrópolis:  Vozes,  2002.  FRIGOTTO,  G.;  CIAVATTA,  M.;  RAMOS,  M.  A  gênese  do  Decreto  n.  5.154/2004:  um  debate   no   contexto   controverso   da   democracia   restrita.   In:   FRIGOTTO,  Gaudêncio;  CIAVATTA,  Maria;  RAMOS,  Marise  (Org.).  Ensino  médio   integrado:  concepções  e  contradições.  São  Paulo:  Cortez,  2005.  

FRIGOTTO,   Gaudêncio.   A   Interdisciplinaridade   como   necessidade   e   como  problema   nas   ciências   sociais.In:   JANTSCH,   Ari   Paulo.   BIANCHETTI   (ORGS).  Interdisciplinaridade:   para   além   da   filosofia   do   sujeito.   9°   Ed.   Petrópolis:  Vozes,  2011.    KUENZER,   A.   Z.   Exclusão   includente   e   inclusão   excludente:   a   nova   forma   de  dualidade   que   objetiva   as   novas   relações   entre   educação   e   trabalho.   In:  LOMBARDI,  C.  F.;  SAVIANI,  D.;  SANFELICE,  J.  L.  (Orgs)  Capitalismo,   trabalho  e  educação.  3  ed.  Campinas,  SP:  Autores  Associados,  HISTEDBR,  2005.    

MINAYO,  M.C  de  S.  O  desafio  do  conhecimento:  pesquisa  qualitativa.  3.  Ed.  São  Paulo:  Huciterc/  Abrasco,  1994.    

SAVIANI,   D.   Trabalho   e   educação:   fundamentos   ontológicos   e   históricos.  Trabalho  apresentado  na  29ª  Reunião  Anual  da  ANPED,  Caxambu,  2006.  ______.  O  choque  teórico  da  politecnia.  Trabalho,  Educação  e  Saúde,  2003.