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AnsiedadeCopyright © 2016 WS Editora

1ª edição: 2016

ISBN 978-85-92959-00-5

RevisãoRita Leite

Capa e diagramação Inventus Criação e Comunicação

Impressão Gráfica e Encadernadora Sodré - Vitória, ES

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)Carla Lopes Ferreira (Bibliotecária CRB1-2960)

As citações bíblicas usadas neste livro são das seguintes versões:ARC - Almeida Revista e Corrigida (1969)ARA - Almeida Revista e Atualizada (1999)

NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje (2002)

Todos os direitos reservados. A permissão para o uso ou reprodução de qualquer parte deste livro para outro propósito diferente que o

da condução dos grupos autorizados pela WS Editora, deve ser requerida aos publicadores por escrito.

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N782a Noia, Pedro Ansiedade / Pedro Noia. – Vila Velha: WS Editora, 2016. 144 p. ; 14x21cm.

ISBN 978-85-92959-00-5

1. Ansiedade. 2. Transtorno de ansiedade. 3. Aconselhamento cristão. I. Título. CDU 616-08.272/279 CDD 616.8522

Dedico este trabalho a todas as pessoas que precisam, urgentemente, desacelerar seus pensamentos, desobstruir

as vias respiratórias da consciência e espantar de vez os fantasmas da ansiedade.

IntroduçãoO que causa ansiedade?Quais os sintomas da ansiedade?Precisamos conquistar mais?Precisamos parecer mais com quem?Precisamos garantir o amanhã?Apreciamos as coisas simples?A ansiedade ajuda em quê?Quem vai cuidar de mim?Devo buscar o Reino ou a felicidade?A quem entrego meus problemas?Eu posso dizer “não”?Eu cuido de minhas finanças?Colinas são montanhas?Devo fugir dos meus fantasmas?Conclusão

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sumÁrio

introduçÃo

Oséculo XXI se apresenta com grandes expectativas tecnológicas, científicas, genéticas e cibernéticas. Tes te munhamos grandes descobertas na área da biome dicina e avanços inimagináveis na tecnologia

da comunicação. Porém, todo esse avanço, tem cobrado um alto custo das relações interpessoais. Estamos nos tornando intolerantes, xenofóbicos, egocêntricos e, sobre-tudo, ansiosos demais.

Esse desejo extremo por conquistar, vencer, acertar em tudo, ser feliz, ser visto e tornar-se proeminente, vem acompanhado do medo de não se alcançar esses objetivos; medo de não ser reconhecido; medo de não viver tudo o que se poderia viver; medo de não corresponder aos anseios das pessoas que amamos etc. Esses polos contraditórios entre o “querer e o ser” promovem um desequilíbrio emocional capaz de deprimir, angustiar, provocar comportamentos com pulsi vos, transtornos e, principalmente, síndromes de ansiedade.

Você já percebeu como somos escravos do modismo, da agitação, do brilhantismo, do orgulho, da soberba, da ganância e o quanto esses desejos intrínsecos ao homem provocam estresse, pânico, dúvidas e as mais novas enfer-midades mentais dos últimos tempos – a infoxicação e o congestionamento das ideias?

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Esses termos, apesar de estranhos, denotam uma verdade assustadora. Estamos nos tornando ansiosos e intolerantes por conta do excesso de informações e da incapacidade de filtrar pensamentos. Estamos perdendo nossa capacidade de nos relacionarmos afetivamente, justamente pela impos-sibilidade de processar tantas informações e transformá-las em decisões assertivas, afetuosas e civilizadas. Estamos nos tornando aquilo que criamos; máquinas de processar dados. Pense nisto com carinho: estamos perdendo nossas mais vitais e importantes características humanitárias. Enquanto avançamos tecnologicamente, regredimos nas relações afe-tivas, entulhando nossas vias idealizadoras, engessando nossos sentimentos, aprisionando nossos pensamentos, apequenando nosso intelecto criativo. É incrivelmente espantoso constatar que, apesar de todas as descobertas e avanços nas diversas áreas da ciência, estamos retornando à pré-história em nossas relações comunitárias.

O congestionamento nas vias do nosso pensar lógico, causado pelo choque de palavras, dados, necessidades, vontades, opções, possibilidades, ao invés de viabilizar melhor nossas escolhas afetivas, estão causando estragos irreversíveis na essência do ser humano gregário, que precisa conviver em harmonia com outros de sua espécie. Devido a esse estresse de pensamentos, estamos nos tor-nando intolerantes, explosivos, ansiosos, apressados ou, como diriam nossos avós, pessoas de pavio curto.

Observe que todas essas causas e efeitos descritos acima promovem um estado de agitação mental e ansiedade tão grande que está afetando todas as partes de nossa sociedade, e os níveis de apreensão emocional estão superlativos demais. A infoxicação e o congestionamento das ideias

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estão invertendo valores sociais, transformando homens em caçadores do sucesso; famílias, em repúblicas que dividem as contas no fim do mês; amigos, em sócios cheios de regras de uso e costumes; pais, em progenitores sociais; alguns casamentos, em contratos de convívio com cláusulas bem definidas para distrato; os namoros, em relações sexuais fúteis de fim de semana; aquele companheiro de trabalho, em concorrente ou rival do setor; igrejas, em clubes sociais com linguagem gospel; a política, em fonte de renda ilícita; boa parte dos estudantes, em concurseiros obsessivos por empregos estáveis; quase todas as estradas de rodagem, em cemitérios de alcoólatras e imprudentes do volante. E boa parte das músicas afamadas se perde em devaneios estultos e batidas repetitivas que fariam Henry Ford se remexer no túmulo; e as comunidades, bom, essas, em geral, foram transformadas em massas de robôs teleguiados pelas mídias televisivas, pelas circunstâncias e pelos modismos.

Muito já se escreveu sobre a ansiedade como o mal do século XXI. Mas o que é ansiedade? Quando saber se estou ansioso? Quais os sintomas? Quais as formas de evitá-la?

O que esse distúrbio emocional do século está causando nas relações afetivas?

Quero discutir neste livro, essas e outras questões, reflexões e respostas, a fim de viabilizar soluções compor-tamentais que possam aquietar sua mente e trazer mais leveza ao seu dia a dia.

Para começar, é preciso uma definição formal de ansie-dade para utilizar especificamente nesta obra. Para tal, utili-zarei como base a versão digital do dicionário Aurélio Século XXI e minhas inferências pessoais. Ansiedade é “a incerteza aflitiva; a impaciência e a angústia com o que há de vir”.

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Lendo essa definição literária, podemos contrapor com a definição de fé descrita na Bíblia, no livro de Hebreus, capítulo onze, onde está escrito que “fé é a certeza das coisas que se esperam” (v. 1 – ara), ou seja, daquilo que ainda não aconteceu, mas que não me aflige, porque creio que tudo irá bem.

Dá para concordar que a ansiedade é o contraditório da fé? Se a primeira me deixa aflito, amedrontado pelo que há de vir, e a outra me tranquiliza, me dá confiança, independentemente do que venha a acontecer, e apesar de ambas as definições comportamentais não terem a certeza prática da conquista futura, da cura ou do ganho, quem tem fé se aquieta, ao contrário de quem tem ansiedade, que se agita, se afoba, se angustia e se deprime.

Há milhares de anos, reis, profetas, juízes e até Jesus Cristo e seus apóstolos já preconizavam os males causados pela ansiedade no coração do homem. Existem pelo menos dez passagens nas Sagradas Escrituras que nos alertam quanto aos perigos advindos da ansiedade. Entre elas, podemos destacar a que está registrada no Evangelho de Lucas:

“Então Jesus disse aos seus discípulos: — É por isso que eu digo a vocês: não se preocupem com a comida que precisam para viver nem com a roupa que precisam para se vestir” (Lucas 12.22 – ntlh).

Baseado nesse texto, quero propor algumas aplicações práticas para nos auxiliar a viver uma vida melhor, mais saudável e pacífica, nestes tempos de grande inquietação.

Essas sábias palavras de Jesus se aplicam ainda mais hoje do que no passado, tanto a jovens quanto a casais, pessoas maduras ou aquelas que já estão em idade senil. Todos


precisamos combater a ansiedade, apesar de notarmos que nossas crianças são as que mais precisam de uma orientação especial, devido ao grau elevado de ansiedade em que elas se encontram.

Quando poderíamos imaginar ver meninos em tenra idade roendo suas unhas? Compulsivos para comprar e ter? Intolerantes com os mais velhos?

Num passado recente, a ansiedade era um mal mais observado em pessoas superatarefadas, cheias de res pon-sabilidades ou de problemas. Infelizmente, hoje, até cri-anças estão ansiosas demais.

Encontramos a ansiedade em todos os locais, em todas as classes sociais, culturais e em todos os nichos da sociedade moderna. Pessoas intolerantes e ansiosas são facilmente encontradas em filas de bancos, caixas de supermercados; à procura de uma vaga de estacionamento; sentadas em restaurantes, esperando para comer uma pizza; nas avenidas, em meio ao trânsito; aguardando a data da cerimônia do casamento; enfrentando provas, vestibulares, exames admissionais; até na gestação, as progenitoras se descabelam para aguardar os nove meses, e por conta dessa ansiedade muitas nem cogitam um parto “normal” e já marcam suas cesarianas para não ter que esperar o organismo sinalizar a maturidade do feto.

E por incrível que pareça, vivemos ansiosos, sabemos das consequências desse mal, mas continuamos reproduzindo esse comportamento na vida de nossos filhos.

Hoje, crianças precisam estudar, fazer algum esporte acompanhadas por um treinador, precisam fazer reforço escolar, cursar kumon, aulas de música, aprender uma segunda língua, ser competidoras, saber operar equipamen-


tos tecnológicos, preparar-se para provas de vestibular, UFES, IFES, ENEM, ENAD etc. Literalmente, estamos criando uma geração de ativistas ansiosos.

Já foi o tempo em que crianças iam para a cama antes das 22 horas. Hoje, a maioria delas só dorme no dia posterior ao que acordou e quase sempre após os pais dormirem.

Aos doze anos, por vezes, eu tentei assistir a um programa que era exibido na televisão às 23 horas. O Corujão era uma série de filmes hollywoodianos que muito me interessavam. No entanto, na maioria das vezes, eu adormecia no sofá e era carregado para a cama pelos meus pais. Hoje, as crianças assistem à tv paga ou ficam na Internet até a madrugada, e muitas vezes sozinhas, enquanto seus pais roncam no quarto do casal.

É evidente que os tempos mudaram; as programações televisivas, também. Hoje, uma criança nem precisaria estar acordada até altas horas para assistir a um bom filme, muito pelo contrário. A quantidade de entretenimento é tão farta que nos faltaria tempo para assistir a 10% de tudo o que está sendo televisionado, postado ou publicado. Só na tv paga, existem pelo menos 20 canais que exibem filmes de alta qualidade, de todos os enredos, para todos os tipos de público, um após o outro, 24 horas por dia. Ainda encontramos na tv fechada uma quantidade de seriados, séries policiais, temporadas, ficção, terror etc.

O mundo produz tanto entretenimento, tantas coisas a serem aproveitadas, tantos programas, inúmeros jogos, locais de recreação, áreas de lazer, parques temáticos, aplicativos de interação, que estamos ficando entulhados de informações, na maioria das vezes, informações inúteis para o nosso crescimento emocional, desnecessárias à


nossa dieta cultural e por que não dizer, perniciosas, toscas, imbecis, obscenas e, em muitos casos, pervertidas para nossas famílias.

E apesar dessa quantidade de opções para nos diver-tirmos, nos distrairmos, relaxarmos, fugirmos da pressão e da rotina de trabalho, esse excesso de entretenimento compromete nosso tempo. E por melhor que sejam as tecnologias criadas, nossos dias só possuem 24 horas. Nenhum minuto foi acrescido à carga horária de nossas vidas hoje; é a mesma que tinham nossos avós no passado.

Então, se temos que aproveitar tudo que está disponível e ainda cumprir nossos papéis sociais, assumir nossas responsabilidades e gerir toda essa carga tecnológica, é claro que nossa mente vai entrar em parafuso. Vamos surtar e desenvolver ansiedades diversas.

É evidente que o entretenimento tem como foco principal a sedução. Aquilo que cativa sua atenção, atrai o seu olhar, inebria seus sentidos, captura seu “eu pensante”. O objeto ou o evento sedutor foi concebido para cumprir exatamente este mote: seduzir, envolver, cativar, pescar, quase que abduzir a nossa mente.

Basta assistir a um lançamento nos cinemas para perceber como a tecnologia da informação tem produzido uma quantidade absurda de efeitos especiais. As explosões pirotécnicas, as ilusões de ótica, chroma key, 3D, as re-criações em computador, tudo o que está disponível hoje nos cinemas é algo impressionante. Só para se ter uma ideia do crescimento absurdo, o primeiro filme da série Homem Aranha teve 560 efeitos gerados em computador; o segundo, mais de 800 efeitos e o terceiro, 1.500.

Mas vamos deixar o tema da sedução e do entreteni-


men to para um outro livro, visto que nossa intenção maior nesta obra é analisar a ansiedade causada pelo excesso de preocupações, compromissos, responsabilidades, urgências e, sobretudo, pelo excesso de informações.

Desejo que a leitura deste livro possa lhe dar ferramentas e atalhos para tirá-lo das estatísticas das pessoas ansiosas.

Não apresse a leitura; leia cada capítulo, reflita, critique e, principalmente, sinta prazer em adquirir conhecimento que vai levá-lo a um patamar mais alto de satisfação pessoal e felicidade.

Que a paz de Deus, que excede todo e qualquer en-tendimento das coisas à sua volta, possa inundá-lo de tran-quilidade, esperança e satisfação para que possa aproveitar cada dia de sua vida, sem carregar o pesado fardo da ansiedade.

Deus abençoe a sua vida.

Pedro Noia

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o Que cAusAAnSiedAde?


Podemos afirmar que este século é o século da saturação de informações. Textos, dados, conteúdos, livros, re-vistas, jornais, bloggers, sites, fanpages, seriados, pales-tras, cursos, apostilas, treinamentos, receitas, músicas,

vídeo-aulas, vídeos amadores, tudo isso a somente um click, direto na tela do smartphone, na smart tv, tablets, notebook etc. Uma enxurrada de informações tão grande e tão disponível que seria difícil imaginar tê-las até pouco tempo atrás.

Você já ouviu falar em infoxicação? Esse foi o termo publicado pela primeira vez em março de 2012 pelo físico Alfons Cornellá, para nomear a relação entre o excesso de informações e um estado de intoxicação; uma expressão neológica a fim de exemplificar a dificuldade que a huma-nidade enfrenta para digerir tamanha quantidade de textos.

Outros conceitos citados pela Profa. Dra. Edna Paciência Vietta a respeito do tal excesso de informações são hoje conhecidos como infonomia, uma mania quase que obsessiva por localizar, adquirir, sequenciar, filtrar, decorar, recuperar e preservar informações.

Também vivemos uma era de muito estresse de informação, Síndrome da Fadiga Informativa. E ainda poderíamos incluir nessa lista a tecnodependência, pala-vra utilizada para designar viciados em tecnologias; e

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a tecnofobia, uma síndrome encontrada em pessoas que recusam os avanços tecnológicos ao considerar que prejudicarão a sociedade ou que não teriam condições de dominar tais mecanismos.

Mas, deixando de lado os termos técnicos, vale ratificar que a ausência de informações, a carência de conhe-cimento, promove o erro e o equívoco, enclausura a arte, faz sucumbir os ideais, impede o crescimento cultural, entre tantos outros malefícios. Contudo, o excesso de in for mações tem provocado entupimento das artérias do pensamento, levando o homem a um ataque cardio-emo-cional. Há um emaranhado de bits, dados, palavras, textos, matérias e teses, provadas ou não, verídicas ou não, que estão entulhando as estradas do discernimento, provocando verdadeiros engarrafamentos nas vias da reflexão lógica, ocupando espaços pessoais, invadindo nossa privacidade por conta da exposição desenfreada e maciça nas redes sociais.

Esses mecanismos eletrônicos da comunicação – agora sendo testados até em chips cutâneos – contaminam como uma onda radioativa e têm causado estragos na humanidade de uma forma jamais vista. Um tsunami de dados sendo despejado sobre nós de forma extrema através das telas. Uma verdadeira catarse na memória.

Nossos olhos estão prestes a entrar em colapso, nosso cérebro quase “frita”, tentando organizar tamanha quantidade de textos, e o coração se fadiga tentando manter-nos humanos, apesar do aparato cibernético e tecnológico que nos circunda. Um caos mental!

O jornal O Globo publicou no início deste século, ou seja, mais de 12 anos atrás, um dado já alarmante com


relação à quantidade de informação produzida, armazenada e compartilhada.

O texto noticiado em 04/11/2003, cuja fonte se en-contra ainda disponível no endereço (http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/noticias/gd041103h.htm), dizia que:

“A quantidade de informação gerada e armazenada a cada ano no mundo chegou a um volume tão grande que cientistas dizem que a Humanidade está sendo engolida por um oceano de dados. O primeiro grande estudo dedicado unicamente à tarefa de medir quanta informação há no mundo estima que em 2002 foram produzidos e estocados cinco hexabytes somente em meios físicos (papel, filme, meios óticos e magnéticos). Isso equivale ao conteúdo de 500 mil bibliotecas do Congresso Nacional dos Estados Unidos, cada uma delas com 19 milhões de livros e 56 milhões de manuscritos.

“O coordenador da pesquisa, Peter Lyman, disse que a quantidade de informação produzida dobrou de 1999 a 2002 e aumenta 30%, 40% a cada ano.

“Lyman frisou, todavia, que quando se fala em fluxo de informação por meios eletrônicos, chega-se a números estratosféricos. Quando se considera o fluxo de informação apresentada em meios eletrônicos – telefone, rádio, TV e internet – chega-se a 18 hexabytes de novos dados por ano.”

Você consegue pensar que há dez anos já se produzia um quantitativo de 500 mil bibliotecas por ano? Imagine o que se produz hoje, visto que, pelos cálculos dos especialistas, a quantidade de informações cresceria 40 por cento ao ano.

Gustavo C. Lima, o criador de eventos como Hacking Day e Media Performance Day, publicou em 20/09/2010


o seguinte texto, ainda disponível no endereço (http://blog.corujadeti.com.br/a-quantidade-de-informacao-gerada-no-mundo-vs-a-qualidade/).

“Nestes últimos 3 anos, eu li uma série de artigos abordando a incrível quantidade de dados e informações que o ser humano vem gerando nessa última década, sabemos por exemplo, que toda a informação que uma pessoa adquire em uma semana nos dias de hoje é equivalente a toda informação adquirida por toda uma vida de uma pessoa que vivia no século XVII, o motivo desta discrepância está na evolução tecnológica que o ser humano obteve no decorrer dos séculos quanto à produção e o acesso à informação.”

Que dado alarmante é saber que nossas crianças estão sendo soterradas por informações, e em grande parte, informações inúteis. Pensar que um jovem pode adquirir em uma semana a quantidade de informações que tinha um rei do século XVII, para tomar suas decisões de guerra, é algo assombroso.

A quantidade exacerbada de informações pode ser percebida através da grandiosidade dos números que os fatos nos mostram:

São mais de 1.000 novos títulos de livros editados por dia em todo o mundo. Uma só edição do jornal americano The New York Times contém mais informações do que uma pessoa comum recebia durante toda a sua vida três séculos atrás (Revista Veja de 5 de setembro de 2001). Atualmente existem mais de três bilhões de páginas disponíveis na Internet. Estão em circulação mais de 100 mil revistas científicas no planeta. Há 15 anos, a televisão brasileira


tinha menos de 10 canais. Hoje, tem mais de 100 e, daqui a 10 anos, estima-se, terá mais de 400 canais.

Esses informes são uma prova concreta de que estamos submergindo em um oceano de textos disponibilizados a quase todos, em todo o tempo, tornando os processos seletivos muito mais vorazes. O discurso acadêmico e pro-fissional sinaliza que, quanto mais informação, há mais possibilidades, mais capacidade, mais atrativos para ocupar um cargo de chefia, ou ser aprovado em um concurso público ou numa faculdade. Seria isso uma dica importante para nossa qualidade de vida?

Tente imaginar um relato de um homem de negócios, ou de um jovem estudante de faculdade pensando nas suas atividades para o fim de semana.

“Graças a Deus a sexta-feira está indo embora, a se-mana foi muito puxada, e estou exausto precisando muito descansar... O fim de semana tão esperado chegou. Vou aproveitar para me atualizar com as notícias da semana, por isso preciso ler, pelo menos, alguns editoriais e notícias importantes nos dois maiores jornais de circulação de minha cidade, sem me esquecer da parte de esportes. As revistas Época, Exame, e Isto É chegaram pelos correios e ainda não consegui nem tirar da embalagem. Preciso responder às centenas de e-mails entulhados em minha caixa postal. Tenho que terminar aqueles relatórios e fechar os estudos para a prova da segunda-feira. Não posso deixar de tentar ler um daqueles 3 livros que comprei na última feira do livro, sem falar nos 2 best-seller’s que ganhei dos amigos no meu aniversário no mês passado, eles já me perguntaram se gostei e fiz cara de paisagem. Não posso perder os dois filmes que serão exibidos neste sábado, tampouco me esquecer do


jogo do campeonato brasileiro que será no domingo. Meu Deus, já ia me esquecendo de reservar um tempo para ir ao shopping comprar um presente para o aniversário da mamãe, e aproveitar e passar numa loja de departamentos para comprar meias; as minhas já estão com ar-condicionado. Será que daria tempo de convidar aquela pessoa especial para um cinema? Teria que ser na sessão matinê, pois já tenho um compromisso com os amigos do futebol, sem contar que domingo é dia de ir à Igreja. Fiquei de dar um banho no meu cachorro na semana passada; o bichinho deve estar muito fedido e não posso me esquecer novamente de levar minha impressora para o conserto, já faz dias que estou sem imprimir nada em casa. Não devo me separar do meu celular, pois coloquei anúncio de venda do meu violão na Internet. Já desisti de tentar aprender a tocar, pois nunca tenho tempo para praticar. Ah! estou mesmo exausto; não vejo a hora de dormir até tarde, mas não devo passar das 8h da manhã, pois os técnicos da minha internet a cabo ficaram de resolver meu problema no sábado pela manhã. A geladeira está vazia, preciso ir ao supermercado antes do almoço, quem sabe depois de levar o carro para consertar o multimídia e o GPS. Como posso sobreviver sem essa tecnologia funcionando em meu carro? Caramba! Tenho dezenas de pedidos de amizades para autorizar no Facebook e centenas de outras mensagens ‘in box’ para responder. Vou ter que encerrar essa agenda agora, meus grupos de WhatsApp estão me solicitando res-postas... Ufa! Segunda-feira eu volto à rotina...”

Será que lendo esse texto, você não se viu em muitas dessas atividades?

Segundo Richard Wurman, autor do livro Ansiedade de Informação, com medo de ficar desatualizado e na


busca de acompanhar as centenas de teorias preconizadas pelos “gurus” do conhecimento, muitas pessoas começam a desenvolver sentimentos de ansiedade e frustração, em consequência da incapacidade de absorverem toda a quantidade de informações que julgam necessárias.

“Para a psiquiatria, a ansiedade surge em consequência da superestimulação que não pode ser descarregada por meio da ação. Há um círculo vicioso comum para todos aqueles que ficam ansiosos na busca de informações. Quanto mais informações obtêm, mais ficam sabendo da existência de novas fontes da mesma informação, gerando ainda mais ansiedade. É comum as pessoas se sentirem intimidadas e impotentes frente à quantidade enorme de informações existente à sua volta, e buscarem, portanto, mais e mais informações na vã tentativa de suprir suas inseguranças. O problema é que tais sentimentos de im-potência agravam os sintomas de ansiedade que, por sua vez, reduzem a capacidade de aprender, gerando mais ansiedade e fechando o círculo vicioso.”

Nesse texto, percebemos o quanto o volume de in-formações sem uma comporta, uma barreira de bom senso, pode levar uma pessoa ao ciclo repetitivo: busca pela informação, incapacidade de vivenciar todo esse aprendizado e consequente angústia causada por essa incapacidade humana de realização. Nesse estágio de ansiedade, a mente é superestimulada a buscar novos conhecimentos, novas fórmulas para suprir essa frustração, retroalimentando o ciclo.

Para agravar ainda mais a situação, quando observamos com um pouco mais de critério os enredos dos filmes e


seriados, percebemos que a grande maioria é de conteúdo violento. Mesmo quando se tratam de filmes de ficção científica, quase sempre vêm recheados com uma boa dose de mortes, lutas épicas, mutilações, perversidade etc. Até os filmes ditos infanto-juvenis envolvem tramas entre bandidos e mocinhos, bem e o mal, justos e injustos, que não se satisfazem em resolver os conflitos, mas sempre há um tom de vingança, justiça própria, ilegalidade, utilização de meios escusos e imorais para alcançar mérito moral. Para salvar a donzela, resgatar o filho, é permitido e até louvável estripar o bandido, queimar os seus capangas, exterminar uma nação de perversos seres, e mesmo que esses malvados sejam homens de carne e ossos, vê-los estrebuchando de dor e sofrimento é quase o desfecho feliz para esses filmes e desenhos.

Se creditarmos mérito às proposições do escritor Au-gusto Cury, esses episódios e essas literaturas, que eviden-ciam e colocam em relevo a maldade e a perversidade, não passam incólumes pelos olhos e ouvidos dos homens, pelo contrário, elas vão ser registradas no subconsciente de forma automática e imediata. Quer queira ou não, esses eventos visuais, impregnados de efeitos especiais de extrema sedu-ção e dramatização, vão entulhar de lixo nossas emoções, promovendo preocupações, traumas e sofrimentos por an-tecipação, e em alguns casos, a contração do prazer.

Pior que registrar essas cenas terríveis, a mente pode se tornar viciada em sadismo, cenas sanguinárias a ponto de não mais se satisfazer com a fotografia do filme, as músicas, o romantismo, o cavalheirismo e as cenas morais. Reflita como os nossos telejornais noticiam, na maior parte do tempo, tragédias, corrupção, assassinatos, chacinas, acidentes, assal-tos, e todos os tipos de violência contra a humanidade. E


por que tanto sangue nos jornais? É porque a população está viciada em drama, desgraça, perversidade, mortes violentas etc. As emissoras e redes de tv apenas entregam aos expectadores o que eles desejam assistir; afinal, quanto mais gente assistindo, mais caros são vendidos os horários publicitários, e isso é o que importa numa nação que abre concessões de rádio e tv para exploradores capitalistas. Os meios de comunicação, que deveriam ser instrumentos extraordinários na culturação, civismo, moralização e ensino da população, tornam-se uma arma suicida, que espalha o terror e o medo, transformando a humanidade numa bomba-relógio de ansiedade e intolerância.

Filmes musicais, histórias românticas, familiares, his-tórias com animais de estimação, infantis, comédias de humor pastelão sem achincalhamento de pessoas, magia e fantasia estão todos em plena extinção. Assim como livros poéticos, os romances, as revistas para meninas, os épicos, os minimalistas em geral, tudo considerado insosso e sem graça pela maioria das pessoas desta geração.

Uma geração tão bem informada e tão frágil nas relações interpessoais.

Uma juventude saturada e faminta ao mesmo tempo, consumista e necessitada; informada e ao mesmo tempo tão frágil nas relações interpessoais; longeva no corpo e envelhecida no espírito; com acesso a grandes mananciais de informação, contudo morrendo de sede de inteligência emocional.

A famosa juventude que carrega a última letra do nosso alfabeto, a geração “Z”, está tão analfabeta de Deus.


É uma geração que deveria estar se relacionando como nunca antes a partir da tecnologia a elas disponibilizada, mas contrariando essas expectativas, se torna a cada dia mais enclausurada; desaprendeu de olhar nos olhos quando fala com seus pares. Pessoas de todas as idades, de todas as regiões do planeta, de todas as raças e etnias, vivendo os mesmos dilemas emocionais – saturação, intolerância e ansiedade.

Essa ansiedade consome a capacidade de armaze-namento de informações importantes. Vicia a memória como a bateria de um celular que não consegue mais ser carregada e aprisiona a capacidade de cogitar e criar. Somos seres muito menos criativos, apesar das ferramentas a nosso dispor. Não temos mais espaço na mente para guar dar nem o telefone dos amigos, as datas de aniversário, endereços para correspondência. Tudo se tornou virtual, dependemos do celular não mais por sua capacidade de telefonia móvel, mas, sobretudo, por sua quantidade de memória disponível, sua potente câmera fotográfica, sua filmadora, a calculadora, o rádio, o toca-músicas, o portal para navegação na internet, seus aplicativos, seus jogos, seu relógio multifunções, leitor de código de barras, home banking, videoconferência, máquina de cartão de crédito, radar, GPS, dicionário, biblioteca virtual, e por que não, um exemplar digital da Bíblia Sagrada etc.

Entendemos, então, que as palavras proferidas por Jesus Cristo a seus discípulos há mais de dois mil anos, estão atualizadas e muito podem nos auxiliar a diminuir o estresse e a ansiedade no nosso dia a dia.

Nós nos preocupamos em treinar nossos filhos a serem guerreiros profissionais, que nunca desistem de alcançar um posto, atletas educacionais que se sobressaem a seus


colegas em concursos e gincanas estudantis, conquistadores sociais que valorizam o pódio e as capas dos periódicos escolares, competidores esportistas que superam seus li mi-tes através do esforço desumano e das dietas recheadas de proteínas e aceleradores de metabolismo. Jovens adestrados e comprometidos com seus ideais e seus sonhos, ainda que pessoais e egocêntricos, eficazes em realizar provas e enfrentar disputas, principalmente para alcançar um cargo público de estabilidade garantida, mesmo que pos-sam se tornar perdulários e preguiçosos funcionários. Infelizmente, também treinamos nossos jovens a serem habilidosos malabaristas da personalidade, entregando ao próximo sempre o que supostamente percebem ser o melhor, não o que é verdadeiro e sincero.

Mas na contramão de todo esse investimento que faze-mos na vida desses nossos superatletas de alto rendimento, eles se tornam cada vez mais frágeis, amedrontados e inconstantes no front-end de suas emoções. São facilmente levados de um lado para outro, por qualquer vento de modismo que se viraliza na internet. Tornam-se presas fáceis no mar da pederastia sexual, experimentando a perversão e a sodomia para manterem seu status quo nas relações grupais. Não são capazes de duvidar, analisar e julgar segundo os padrões morais e éticos que receberam dos pais, antes, preferem simplesmente aderir e surfar nas ondas produzidas pela maioria. Isso, quando não resolvem polarizar suas ações, tornando-se a caricatura de si mesmos, exagerando no figurino exterior, travestindo-se de suas próprias utopias emocionais, para ocultarem os recalques e frustrações que estão pressurizadas no seu interior.

Todo o treinamento que imprimimos de forma militar


e austera a nossos estudantes – independentemente do nível de escolaridade – a fim de, supostamente, prepará-los para os desafios do porvir, acabam saturando e inundando suas mentes de opções, possibilidades e dúvidas. E diante das bifurcações da vida, tornam-se tão vulneráveis aos modismos que passam a se deixar escolher. Recolhem suas velas, abandonam o leme e navegam à deriva pelos oceanos da existência. E não importa se todos os barquinhos dos colegas estão flutuando em direção à queda d‘água, mais importante do que saber para onde se está indo é saber que não se está indo só.

Mais importante do que saber se vamos chegar a um destino abençoado é nos fantasiarmos e usarmos as mesmas bandeiras em nossas embarcações. Mais interessante que traçar com equilíbrio um mapa náutico para navegar nas águas da paz interior, nossa juventude marca seus corpos, fere seus membros, rasga suas vestes, pinta suas madeixas, modifica seu exterior e enfeita o corpo, mas não consegue perfumar e embelezar suas emoções. São tão fortes por fora, intolerantes e tão seguros de si no discurso, intocáveis, superinteligentes, dominadores da tecnologia, mas tão vulneráveis à contaminação do seu interior.

Jovens socialmente perceptivos pelos adornos e enfeites, mas invisíveis aos seus amados.

Na grande maioria, nossos jovens maculam e adornam seu exterior para chamar a atenção de pessoas que estão ao seu lado, mas tão distantes do coração deles. Gritam pedindo socorro a pais e amigos que os veem com os olhos, mas não os enxergam com a alma. E, por mais estranho que


pareça, essas demonstrações extravagantes atraem muito mais a atenção dos pais, do que suas ações socialmente corretas.

Quantos filhos só recebem a atenção dos pais, quan-do estes são chamados à coordenação da escola por atos de vandalismo de seus amados. Quantas crianças só conseguem ter minutos de conversa, ainda que bravia, de seus pais quando estes são surpreendidos em suas faltas.

Se alcançam mérito nas notas, não fazem mais que sua obrigação, por isso recebem apenas, em alguns casos, um “Parabéns” balbuciado, sem ao menos um olhar di-reto. Mas, se suas notas caem, imediatamente convoca-se uma reunião familiar, onde sentados ao redor da mesa da sala, com a tv desligada e o celular em modo vibra, esses responsáveis entregam a esses filhos longas horas de sermões, testemunhos, discursos e aconselhamentos. Se você fosse uma criança carente, não faria frequentemente uma estripulia para ter minutos de atenção plena de seus pais? Mesmo que esse tempo fosse de repreensão?

Creio que precisamos valorizar, brindar e celebrar os momentos bons, as pequenas conquistas dos nossos jovens, para que eles não precisem se tornar punks skinheads para chamar nossa atenção no futuro.

Estamos blindando carros, colocando cadeados nos por-tões, pendurando câmeras de segurança, instalando cercas elétricas, contratando segurança particular para não sermos atacados por malfeitores. Protegemos nosso pa trimônio, fazemos seguros de vida, de acidente, de in cêndio. Mas, infelizmente, deixamos as portas e as ja ne las da mente absolutamente escancaradas para o mal, para ata ques e influências subliminares. Esquecemo-nos de proteger nossa


memória do excesso de informações e nos furtamos à responsabilidade de filtrar as mensagens que nos chegam via aplicativos, telefonia ou telas de TV e cinema. Por esses portais da comunicação instantânea, ladrões virtuais in vadem nossas casas, trazendo armas poderosas em seus arsenais bélicos de pornografia, vio lência, desconstrução familiar, libertinagem, consu mismo e pederastia. Roubam a nossa paz, nossas amizades, nos sos sentimentos gregários. Invadem, ou melhor, nós os convidamos a entrar; então, eles roubam e deixam um rastro de desolação e destruição emocional. Um ambiente desorganizado, desonrado e, consequentemente, abar rotado de ansiedade e intolerância.

No passado, sentávamos à mesa juntos, enquanto a comida estava quente. Hoje o microondas nos separa na hora das refeições.

O processo de viralização e dependência tecnológica é tão violento que muitos já não conseguem sentar à mesa para fazer suas refeições sem deixar o celular on-line ao lado do prato, para entre uma garfada e outra, lerem ou responderem uma postagem.

O pior é saber que muitas dessas notícias vinculadas pela internet são factoides ou meias verdades. Fofocas que nós ajudamos a propagar. Compartilhamos fotos, fatos e vídeos que podem ter sido manipulados por mentes maquiavélicas, que precisam de nossas curtidas para espalhar inverdades. Tornamo-nos cavaleiros do Apocalipse, arautos das mentiras e boatos postados em nossas linhas do tempo.

E quantos não se afobam, se amedrontam, sofrem e perdem a paz por acreditarem nessas inverdades? Quantos


não pedem ajuda para casos inexistentes, principalmente utilizando imagens de crianças em leitos hospitalares? A Polícia Federal já catalogou centenas de casos de pirataria, estelionato e calúnia lançados na rede e compartilhados por pessoas “sem noção”.

Os jogos eletrônicos possuem imagens que parecem reais, e seu grau de dificuldade para avançar nas fases chega a ser algo desumano. Esses games do século XXI são tão cheios de efeitos especiais quanto de violência. Quanto mais se aproximam da realidade nas imagens, mais fortes, chocantes e assustadoras são as cenas. Em sua esmagadora maioria, cativam a mente dos jogadores, escravizando seus pensamentos e sentidos por horas a fio. Crianças, jovens e pessoas maduras se tornam viciadas em jogos eletrônicos e fadigam seus olhos e seus sentidos dia após dia, numa maratona de 4, 6 e até 12 horas diárias diante de uma tela, manobrando um manche ou um joystick recheado de botões coloridos, ou mesmo ligados a um controle sensorial.

Um dia desses perguntei a um auditório de mais de 800 pessoas quantos sabiam jogar xadrez; o jogo que no século passado foi considerado o exercício mental mais eficaz para o desenvolvimento estratégico e lógico da mente humana. Para minha surpresa, apenas dez pessoas se manifestaram, e dessas, apenas duas ainda jogavam com certa frequência.

Mas, ao indagar sobre os que se divertiam com jogos eletrônicos, quase 100% dos jovens respondeu positi-vamente e boa parte dos adultos também confessou jogar vez por outra um jogo no celular ou nos videogames.

O déficit de atenção já é uma realidade em grande parte dos alunos na fase fundamental. Acomete boa parte das crianças e juniores em fase de construção de suas


personalidades. Em muitos casos, essas descompensações são fruto desses excessos cometidos dentro de casa e patrocinados pelos próprios pais e responsáveis.

Isso sem falar nos problemas auditivos provocados pelo excesso de volume dissipado nos fones de ouvidos que se tornaram quase que mais uma peça do vestuário jovem. Um item indispensável que, além de provocar a perda da audição, ainda é responsável por boa parte dos acidentes causados pela distração nas vias públicas.

Sem nenhuma dúvida, esses jovens assoberbados e seduzidos pela tecnologia tendem a ser adultos extre ma-mente ansiosos e intolerantes.

Sobre todos esses aspectos, voltemos ao texto-base, em que Jesus instrui seus seguidores a não andarem ansiosos. Observe que Ele não diz que não podemos vez por outra sentir ansiedade; isso é inerente à raça humana com suas limitações emocionais. O problema apontado por Ele é o estar, o andar, o permanecer por muito tempo ansioso. O perigoso é transformar um reflexo humano, uma resposta biológica natural, num modus vivendi, num estilo de vida, e assim permitir que esse estado de desconfiança com o futuro tire a sua paz, o seu sono, a sua capacidade de responder lógica e racionalmente aos estímulos da vida.

Observe o que disse o sábio Salomão em Provérbios 12.25: “A ansiedade no coração do homem o abate...” (ara). Perceba a seriedade dessa exortação e o quanto a ansiedade pode nos fazer mal: abater ou esmorecer, entristecer, prostrar, desmotivar o coração do homem. E isso é muito mais do que apenas deixá-lo triste, segundo os registros do mesmo sábio: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Provérbios 4.23 –


ara). O coração é parte que precisamos guardar, pois dele procedem as fontes da vida, as saídas de dentro da alma, os pensamentos, os desejos, o querer e também as respostas aos estímulos exteriores. Se esse coração está ansioso, naturalmente não responderá com qualidade, não dará respostas racionais, não terá a capacidade de refletir em suas decisões e, a partir dessa desordem de ideias e sentimentos confusos, levará o ansioso a experimentar consequências desastrosas em sua vida e seus relacionamentos.

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