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POLLYANNA DANIELLA CANDELORIO ADSORVEDORES DE GÁS NATURAL DE ORIGEM VEGETAL CAMPO GRANDE 2007

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POLLYANNA DANIELLA CANDELORIO

ADSORVEDORES DE GÁS NATURAL DE ORIGEM

VEGETAL

CAMPO GRANDE

2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM FÍSICA

ADSORVEDORES DE GÁS NATURAL DE ORIGEM

VEGETAL Dissertação submetida à

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

como parte dos requisitos para a

obtenção do grau de Mestre em Física

POLLYANNA DANIELLA CANDELORIO

Campo Grande, março de 2007

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ADSORVEDORES DE GÁS NATURAL DE ORIGEM

VEGETAL

Pollyanna Daniella Candelorio

‘Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre Física , Área de

Concentração em Física Aplicada– Física da matéria condensada, e aprovada em sua forma

final pelo Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade Federal de Mato Grosso do

Sul.’

______________________________________

Dr. José Renato J. Delben

orientador

______________________________________

Edson Kassar

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Física

Banca Examinadora:

______________________________________

Marlene de Barros Coelho

______________________________________

Sandro Márcio Lima

______________________________________

Petr Menilkov

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“Dedico este trabalho à minha família pelo amor, compreensão e carinho”.

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus pela vida, pelo grande amor que tem por mim.

Ao prof° Dr. José Renato J. Delben, que sabe repreender quando preciso sem perder o

bom humor e que com muita paciência e disponibilidade atendeu-me sempre que precisei,

demonstrando ser não somente um “grande professor” mas também um “grande amigo”.

Profa Dr. Ângela A.S.T. Delben pelas opiniões de fundamental importância para a

realização deste trabalho e por ter repartido seus conhecimentos.

Profa Dr. Marlene de Barros Coelho por todo o tempo dispensado com muita boa

vontade em conversas, explicações e correções.

Aos alunos de iniciação científica Felipe Fernandes e Thiago Spontoni que foram

essenciais na obtenção das amostras, sem as quais este trabalho não teria sido realizado.

Aos técnicos de laboratório Evaldo e Valdeir por todas as análises e consultas técnicas

realizadas.

Aos meus colegas de mestrado Geocris, Débora, Aleandro e outros que ajudaram nas

listas de exercícios.

Ao colega Elias por toda a calma, incentivo e coleguismo demonstrado.

Ao “Rubinho” por me transmitir tanta vontade de estudar me influenciando a fazer o

mesmo.

E a todos que direta ou indiretamente apoiaram a realização deste trabalho.

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Resumo

As reservas de gás natural de petróleo (GNP) perdurarão por várias décadas após o

esgotamento das reservas de petróleo; o Brasil se torna um grande consumidor deste produto

após o gasoduto Brasil-Bolívia; Urge desenvolver tecnologias de armazenamento GNP; O

carvão ainda é um dos melhores materiais para tal. Nesta dissertação, amostras de aroeira

sofreram pirólise à vácuo em diversas condições e foram caracterizadas por Calorimetria

Exploratória Diferencial (DSC), Análise Termogravimétrica (TGA), Microscopia Eletrônica

de Varredura (MEV) e espectroscopia no infravermelho. As análises térmicas apresentaram

transformações entre 300 0C e 600 0C, em torno de 600 0C e acima de 800 0C, que foram

confirmadas pelas análises de raios-X, infravermelho e Microscopia eletrônica de varredura.

Quando a temperatura de pirólise aumenta, a anisotropia da resistência mecânica tende a

desaparecer (como mostra o MEV) e a capacidade de adsorção da água também aumenta. A

pirólise completa acontece somente em altas temperaturas e com grande tempo de tratamento.

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Abstract

The petroleum natural gas (PNG) reserves will to last after the oil reserves exhaustion. It

urges to develop technologies of PNG storage. The activated charcoal is the best materials for

such. Samples of aroeira had suffered pyrolysis under vacuum in diverse conditions. They

samples were characterized by Differential Scanning Calorimetry (DSC), Thermogravimetry

Analysis (TGA), Scanning Electronic Microscopy (SEM) and infrared spectroscopy (FT-IR).

The thermal analyses had presented transformations between 300°C and 400°C, around

600°C and above 800°C that had been confirmed by the analyses of x-rays, infra-red ray and

electronic microscopy. When temperature pyrolysis increases the anisotropy of the mechanics

resistance tends to disappear, as it shows the SEM, and water adsorption too. The complete

pyrolysis only happens in high temperatures and great time of treatment.

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Sumário

Agradecimentos ...........................................................................................................................i Resumo .......................................................................................................................................ii Abstract......................................................................................................................................iii Sumário......................................................................................................................................iv Lista de Figuras ..........................................................................................................................v Lista de Tabelas .........................................................................................................................vi 1. Introdução.............................................................................................................................11 2- Objetivos ..............................................................................................................................13 3. Revisão Bibliográfica ...........................................................................................................14

3.1 O que é madeira? ...........................................................................................................14 3.1.1 Celulose ...................................................................................................................15 2.1.2 Lignina.....................................................................................................................16 3.1.3 Hemicelulose ..........................................................................................................19 3.1.4 Extrativos e Cinzas ..................................................................................................21 3.1.5 Parede Celular ........................................................................................................22

3.2 Transformações da madeira............................................................................................24 3.3 Caracterização dos produtos da pirólise .........................................................................28

3.3.1 Análise Térmica.......................................................................................................28 3.3.2 Difratometria de Raios X........................................................................................34 3.3.3 Espectroscopia Fotoacústica no Infravermelho por Transformada de Fourier .....35

3.4 Uso do carvão ativado para adsorção do GNP ...............................................................40 4. Materiais e Métodos .............................................................................................................44

4.1 Preparação .....................................................................................................................44 4.2- Caracterização das amostras..........................................................................................45

4.2.1-Análise Térmica ......................................................................................................45 4.2.2-Difratometria de raios-x .........................................................................................45 4.2.3-Espectroscopia no infravermelho ...........................................................................46 4.2.4- Microscopia eletrônica de varredura ....................................................................46

5. Resultados e Discussões .......................................................................................................47 5.1 Análise Térmica.............................................................................................................47 5.2- Espectroscopia no infravermelho ..................................................................................49 5.3- Difratometria de raios-x ................................................................................................50 5.4- Microscopia eletrônica de varredura .............................................................................51 5.5- Adsorbância...................................................................................................................53

6. Conclusões............................................................................................................................54 7. Sugestões para trabalhos posteriores ....................................................................................56 8. Referências Bibliográficas....................................................................................................57

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Lista de Figuras

Figura 1- Esquema da composição Química da Madeira .........................................................14 Figura 2- Partes do tronco das árvores .....................................................................................15 Figura 3- - Estrutura química da Celobiose.............................................................................16 Figura 4- Estrutura química da Celulose. ................................................................................16 Figura 5- Estrutura química do Álcool sinapílico, Álcool coniferílico e Álcool cumarílico respectivamente ........................................................................................................................17 Figura 6- Estrutura química de um tipo de lignina...................................................................18 Figura 7- - Principais açúcares que compõem as Hemiceluloses.............................................19 Figura 8- Esquema da classificação dos extrativos da madeira...............................................21 Figura 9- Estrutura cristalina da celulose. ................................................................................22 Figura 10- Fibrila, microfibrilas e celulose na parede celular de uma célula vegetal ..............22 Figura 11- Ilustração da estrutura da parede celular da madeira..............................................24 Figura 12- Análise DSC de celuloses e hemiceluloses. (a) pó de madeira, (b) holocelulose, (c) α-celulose, (d) galactoglucomannan (GM), (e) Whatman CF11, (f) celulose carboxymethyl, e (g) xilema..................................................................................................................................30 Figura 13- Análise DSC de ligninas. (a) lignina moída de madeira (MWL), (b) complexo de lignina carboidratada (LCC), (c) Lignina comercial (Klason), (d) celulose tratada LCC, (e) alcali tratada LCC.....................................................................................................................30 Figura 14- Análise DSC de mistura de holoceluloses e lignina. (a) Mistura de lignina impregnada em holocelulose (compósito), (b) Mistura simples de holocelulose e lignina......31 Figura 15- Curvas TGA da madeira e de alguns componentes isolados. .................................33 Figura 16- Gráficos de difratometria de raios- x de madeiras com vários tratamentos térmicos..................................................................................................................................................35 Figura 17- Tipos de vibrações ..................................................................................................36 Figura 18- Esquema do equipamento utilizado para realização da pirólise ..........................44 Figura 19- Curvas DSC, TG e DTG em nitrogênio (esquerda) e ar (direita) de amostras tratadas em várias temperaturas................................................................................................48 Figura 20- Gráfico da análise de espectroscopia no infravermelho. ........................................49 Figura 21- Curvas de análise de raios x de aroeira tratada a várias temperaturas...................51 Figura 22- Micrografias (com mesmo aumento) das amostras com diferentes temperaturas de tratamento térmico....................................................................................................................52 Figura 23- Quantidade de água adsorvida em amostras pirolisadas a diversas temperaturas. .53

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Diferenças fundamentais entre celulose e hemiceluloses........................................20 Tabela 2 - Etapas da pirólise ....................................................................................................25 Tabela 3 - Rendimentos em madeira e lignina .........................................................................26 Tabela 4 - Efeito da temperatura no rendimento do carvão e na composição elementar .........27 Tabela 5- Absorção das ligações entre moléculas orgânicas...................................................37

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1. Introdução

O mundo enfrenta atualmente duas crises de naturezas distintas, mas

profundamente interligadas: uma ecológica e outra energética, decorrentes do crescimento

da demanda por produtos industrializados e conforto pessoal (térmico, alimentar,

locomoção, etc.). Devido a isto ocorre um enorme consumo das fontes de energias fósseis

(carvão vegetal e petróleo) e biomassa. Nos países em desenvolvimento o uso de biomassa

para geração de energia e o avanço da agropecuária restringem o uso do solo para florestas

nativas. Desta forma, está ocorrendo de maneira crescente a emissão para a atmosfera de

uma quantidade enorme de carbonos poluentes, anteriormente fixados sob forma de

carvão, petróleo e em florestas nativas.

Como o consumo mundial de gás natural de petróleo (GNP) triplicou nos últimos

trinta anos, consolida-se cada vez mais como solução inteligente de aproveitamento de

recursos energéticos alternativos ao petróleo. No Brasil, a sua utilização ainda se dá

basicamente para cocção de alimentos e aquecimento de água. Na indústria, o GNP é

utilizado como combustível para fornecimento de calor; geração de eletricidade e de força

motriz; como matéria-prima nos setores químico; petroquímico, e de fertilizantes; e como

redutor siderúrgico na fabricação do aço [1]. A utilização do gás natural como combustível

(Gás Natural Veicular - GNV) vem ganhando espaço crescente principalmente devido às

suas vantagens como uma alternativa de combustível barato e menos agressor ao meio

ambiente. São mais de 1 milhão de veículos em circulação por 47 países da Europa,

Américas do Norte e do Sul e Ásia. As fontes de gás natural são abundantes e sub-

utilizadas [2]. No entanto, uma das desvantagens desse combustível está associada ao

armazenamento do mesmo.

Torna-se de grande importância o desenvolvimento de materiais que promovam

uma fixação permanente de carbono em larga escala. Na natureza, o método mais eficiente

para a fixação do carbono é realizado pelas plantas que retiram carbono da atmosfera

usando a fotossíntese. A taxa de liberação de carbono para a atmosfera, pelos processos

citados, tem sido muito menor que a taxa de fixação natural. Desta forma é importante o

desenvolvimento de materiais que fixem o carbono permanentemente utilizando madeiras e

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seus derivados. Um desses tais produtos são materiais adsorventes de GN a base de carvão

ativado.

Com esse trabalho, pretende-se avaliar a possibilidades de novos meios de

armazenamento do gás natural veicular, a baixos custos e com maior segurança. Para tal

espera-se desenvolver um material altamente adsorvente, com elevada densidade

volumétrica de energia e, portanto, maior kilometragem por volume de combustível.

O Grupo de Materiais do Departamento de Física da UFMS vem desenvolvendo

projetos para o estudo de adsorvedores de origem vegetal utilizando madeiras como

aroeira, eucalipto, buriti e bambu a fim de encontrar um material adsorvente com alta área

superficial para o armazenamento de gás natural. A escolha do melhor adsorvente de gás

natural vai depender, portanto das propriedades físico-químicas das amostras obtidas por

vários trabalhos de um projeto maior. Coube a este trabalho estudar especificamente as

características e propriedades do material obtido pela pirólise da aroeira (Astronium

urundeuva), tendo como resultado esta primeira dissertação de mestrado na área e o

primeiro trabalho submetido a publicação (ainda sob julgamento) tendo como objeto de

estudo a pirólise da madeira.

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2- Objetivos

2.1- Objetivos gerais

Desenvolvimento de materiais que promovam uma fixação permanente de carbono

em larga escala

Desenvolver materiais adsorventes de GN a base de carvão ativado.

Promover o armazenamento do gás natural veicular, a custos inferiores e maior

segurança.

Aproveitar recursos energéticos alternativos ao petróleo.

2.2- Objetivo específico

Estudar a pirólise da madeira aroeira para a maximização da área superficial

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3. Revisão Bibliográfica

3.1 O que é madeira?

A madeira é um polímero composto essencialmente de celulose, hemicelulose e

lignina, sendo que a proporção dessas estruturas está diretamente ligada a fatores como

composição do solo, clima onde foi cultivada e a idade da árvore [3]. A composição

química da madeira também depende da espécie da árvore. Estes polímeros formam a

parece celular da madeira e são responsáveis pela maioria das suas propriedades físicas e

químicas. Podemos dizer que a celulose forma um esqueleto imerso numa matriz de

hemicelulose onde a lignina é o material aglutinante, cimentante ou adesivo entre as

fibras, responsável pela ligação de celuloses e polioses conferindo rigidez à parede celular.

A Figura 1 mostra um esquema dos constituintes da madeira.

MADEIRA

SUBSTÂNCIAS DE BAIXO PESO

MOLECULAR

SUBSTÂNCIAS DE ALTO PESO

MOLECULAR

MATERIAL ORGÂNICO

MATERIAL INORGÂNICO POLISSACARÍDEOS LIGNINA

EXTRATIVOS CINZAS

CELULOSE

POLIOSES

Figura 1- Esquema da composição Química da Madeira

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Obtém-se a madeira do cerne do tronco das árvores. O cerne é a parte do tronco

composta por células mortas, formando um tecido de resistência. A Figura 2 mostra a

distribuição radial das partes do tronco. O alburno é constituído por células vivas que são

responsáveis pela condução de seiva para as folhas da árvore. No câmbio ocorrem as

multiplicações celulares fazendo com que a árvore cresça em espessura. As cascas interna

e externa são responsáveis pela proteção da planta.

Figura 2- Partes do tronco das árvores

À medida que a árvore vai envelhecendo, vai ocorrendo o processo de cernificação,

que é a morte de células do alburno transformando-se em cerne.

A madeira é um material higroscópico, sendo capaz de absorver ou perder água

para o meio ambiente. Essa característica é explicada pela constituição química da

madeira, composta pelos polímeros de celulose, hemicelulose e lignina. Dentre essas

substâncias, a hemicelulose é a mais hidrófila (que atrai moléculas de água), contribuindo

para a variação dimensional da madeira em função da troca de água com o meio.

3.1.1 Celulose

As plantas contêm a clorofila, responsável pela catálise da reação do dióxido de

carbono com água produzindo glicose (açúcares) e oxigênio. Tal processo é chamado de

fotossíntese e é representada pela equação 1. Isso é importante para mostrar a grande

quantidade de carboidrato presente na madeira.

( ) 262622 666 OOHCOHCO +→+ (1)

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A glicose é considerada um monossacarídeo, que quando associada com outra

estrutura de glicose, passa a ser chamada de dissacarídeo. A celobiose, representada na

Figura 3, é um exemplo.

Figura 3- - Estrutura química da Celobiose.

A celulose é o material estrutural básico da maior parte dos vegetais incluindo a

madeira, e nada mais é do que um polissacarídeo, uma estrutura n vezes a celobiose, unidas

por ligações COC −− , na posição β−4,1 das glicoses. Essas estruturas maiores, de

grande peso molecular, repetidas de uma estrutura base (Glicose), são chamados de

polímeros. Assim, a celulose é um polímero (veja Figura 4).

Figura 4- Estrutura química da Celulose.

A celulose pode formar cadeias longas e pesadas, chegando a 3000 unidades de glicose, e

conseqüentemente tornando-se insolúvel em água, ao contrário da maioria dos carboidratos, que

são solúveis. O comprimento mínimo de uma molécula de celulose nativa é de 5000 nm.

2.1.2 Lignina

A lignina é um dos principais componentes da madeira, e é responsável por sua

resistência mecânica e impermeabilidade. Localiza-se principalmente na lamela média

16

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onde é depositada durante a lignificação do tecido vegetal [4,5]. A lignificação é um

processo bioquímico que abrange desde a formação dos monolignóis (monômeros da

lignina) até a polimerização da lignina na parede celular [6]. Quando o processo de

lignificação é completado, geralmente coincide com a morte da célula formando o que

se denomina tecido de resistência. Daí conclui-se que a lignina é um produto final do

metabolismo da planta [5]. A lignina, como a celulose, também é um polímero, mas

difere desta porque é predominantemente um composto aromático, e porque é altamente

irregular em sua constituição e estrutura molecular [7].

A formação da molécula lignina se dá a partir da combinação de três precursores

que são os álcoois: sinapílico , coniferílico e cumarílico, apresentando uma estrutura tri-

dimensional [3], conforme mostrado na Figura 5.

Figura 5- Estrutura química do Álcool sinapílico, Álcool coniferílico e Álcool cumarílico

respectivamente

O radical (propenol) ligado ao fenol (COHC 53 6H6OH) é comum aos três álcoois,

então a diferença entre as moléculas é o número de radicais metoxílicos, (CH3O) variando

sua posição no anel aromático.

A lignina é encontrada em muitas plantas do reino vegetal, porém, sua constituição

não é a mesma em todas elas. A Figura 6 mostra a estrutura de um tipo de lignina, porém a

lignina não deve ser considerada como uma substância química única, mas sim como uma

classe de materiais correlatos, pois depende da proporção dos três álcoois citados na Figura

5 que a compõem.

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Figura 6- Estrutura química de um tipo de lignina

O termo lignina, em um senso mais amplo, refere-se à lignina componente de

várias plantas, que diferem umas das outras de acordo com a espécie e localização na

planta.

O termo protolignina ou lignina “in situ” refere-se à lignina associada ao tecido da

planta, uma vez que para separar a lignina da sua associação natural na parede celular há,

pelo menos, ruptura das ligações lignina-polissacarídeos e uma redução no peso molecular

[5].

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Deve-se ser criterioso ao usar o termo lignina para referir-se a preparação de

ligninas isoladas, uma vez que sempre ocorrem, durante o isolamento, mudanças químicas

em extensões variadas.

Um tipo de lignina muito parecida com a protolignina é a obtida por extração com

solventes orgânicos. Destaca-se dentre várias a lignina de madeira moída (LMM). Esta é

uma das mais estudadas para a análise estrutural, pois a lignina não sofre grandes

transformações químicas, representando, assim, a composição média da lignina do vegetal

[8].

As madeiras obtidas de árvores do tipo folhosas (angiospermas) tem principalmente

ligninas compostas pelos álcoois sinapílicos e cumarílico. As espécies de árvores do tipo

coníferas (gimnospermas) apresentam ligninas formadas principalmente por álcool do tipo

coniferílico.

3.1.3 Hemicelulose

Hemiceluloses são polissacarídeos de baixas massas moleculares se comparadas à

da celulose. Diferentemente da celulose que apresenta uma substância fundamental, a

hemicelulose é um conjunto de açúcares como mostrado na Figura 7.

Figura 7- - Principais açúcares que compõem as Hemiceluloses.

As hemiceluloses mais importantes são: glucoxilanas, arabinoglucoxilanas,

glucomananas, arabinogalactanas, etc[3].

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Em certos casos, a lignina pode se associar com a hemicelulose, formando um

Complexo de Lignina Carboidratada (LCC). A Tabela 1 mostra a diferença entre celulose

e hemiceluloses (polioses).

Tabela 1 - Diferenças fundamentais entre celulose e hemiceluloses

CELULOSE HEMICELULOSES

(POLIOSES)

- Constituída por uma única unidade

monomérica glucosídica. -Constituída por várias unidades ligadas

entre si (pentoses e hexoses).

- Grau de polimerização elevado. - Grau de polimerização baixo.

- Forma fibra. - Não forma fibra.

- Possui regiões cristalinas e amorfas em

sua estrutura. - Só possui regiões amorfas.

- É lentamente atacada por ácidos. - Sofre ataque mais rápido por ácido.

As hemiceluloses são responsáveis por diversas propriedades importantes das

pastas celulósicas. Devido à ausência de cristalinidade, sua baixa massa molecular e sua

configuração irregular e ramificada, as hemiceluloses absorvem água facilmente. Este fato

contribui para o intumescimento, a mobilidade interna e o aumento de flexibilidade das

fibras, a redução do tempo e da energia requeridos no refino de pastas celulósicas, e o

aumento da área específica ou de ligação das fibras.

Outra influência das hemiceluloses nas propriedades das fibras de pastas

celulósicas pode ser observada na secagem. Por serem amorfas e adesivas por natureza,

tendem, na secagem, a perder sua elasticidade, e endurecem, isto é, tornam-se inertes com

relação à água e aos agentes comuns de intumescimento, estendendo esta característica às

fibras, que se tornam menos susceptíveis ao intumescimento e refino quando secas. A

plasticidade e a grande área superficial, decorrentes da presença de hemiceluloses na

superfície e no interior da fibra, levam a um aumento do contato fibra-fibra durante a

formação da folha de papel e sua secagem.

Quantidades extremamente altas de hemicelulose, por outro lado, podem

resultar em um decréscimo das propriedades de resistência à tração, não devido ao efeito

de ligação, mas possivelmente devido à diminuição da resistência da fibra individual, em

decorrência do decréscimo do grau médio de polimerização do sistema.

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A presença de hemicelulose é indesejável na fabricação de derivados de celulose,

pois as velocidades de reação diferem também a solubilidade dos derivados

correspondentes, normalmente com formação de gel, de turvação e dificuldades de

filtração dos derivados de celulose.

Vale ressaltar que o conjunto da celulose e das hemiceluloses compõe o conteúdo

total de polissacarídeos contidos na madeira e é denominado holocelulose [9].

3.1.4 Extrativos e Cinzas

As substâncias de baixo peso molecular podem ser divididas em materiais

orgânicos e inorgânicos. Os orgânicos são chamados de extrativos, e os inorgânicos de

cinzas.

As cinzas predominantes são componentes minerais como o Ca, K, Mg, etc. Esses

elementos são de suma importância para a parte viva da árvore (alburno).

Os extrativos são muitas vezes responsáveis pelas propriedades de coloração da

madeira, cheiro, etc. Na Figura 8 temos um esquema da classificação destes componentes

de baixo peso molecular da madeira.

EXTRATIVOS

SUBSTÂNCIAS ALIFÁTICAS

SUBSTÂNCIAS AROMÁTICAS

SUBSTÂNCIAS NITROGENADAS

GLICOSÍDIO

TERPENOS

ESTERÓIDES CARBOIDRATOS

Figura 8- Esquema da classificação dos extrativos da madeira

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3.1.5 Parede Celular

Antes de qualquer coisa é importante saber o que é uma fibrila. É formada por um

feixe paralelo de 36 moléculas de celulose ligadas entre si por meio de pontes de

hidrogênio. Essas moléculas de celulose formam regiões ordenadas (regiões cristalinas)

que se mesclam, sem delimitação alguma, com regiões desordenadas ou amorfas.

A formação se dá pelas ligações das moléculas de glicose, formando a celulose,

com uma estrutura cristalina como mostra a Figura 9.

Figura 9- Estrutura cristalina da celulose.

O agrupamento das moléculas de celulose formam as micelas, e conseqüentemente

as micro-fibrilas como mostra a Figura 10:

Figura 10- Fibrila, microfibrilas e celulose na parede celular de uma célula vegetal

22

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A parede celular é feita essencialmente de celulose e hemicelulose; os grupos

hidroxil presentes nestes compostos químicos fazem com que a parece celular seja muito

higroscópica. A lignina, agente cimentante entre as células, é geralmente uma molécula

hidrofóbica. Isto significa que a parede celular da madeira tem uma grande afinidade com a

água, mas a capacidade das paredes de armazenar água é limitada, em parte pela presença

de lignina. A água na madeira tem um grande efeito sobre suas propriedade. Portanto a

relação madeira-água é importante em vários campos da tecnologia, física e química da

madeira [10].

O xilema é um tecido estruturalmente complexo, composto por um conjunto de

células com forma e função diferenciadas, e é o principal tecido condutor de água nas

plantas vasculares. Possui ainda as propriedades de ser condutor de sais minerais,

armazenar substâncias e sustentar o vegetal. É importante ressaltar que o xilema é

encontrado em várias regiões dos vegetais, não só no caule, como raiz e ramos [11]. As

células que compõem o xilema logo após o processo de divisão celular são formadas

primeiramente pela lamela média (LM), camada composta basicamente por pectato de

cálcio e magnésio que atua como um cimento com função de unir as celulose e com

espessura é de 0,1 a 1,0μm. No caso da madeira, a laméla média é lignificada. Sobre esta

camada depositam-se internamente uma malha de microfibrilas de celulose, que irá

constituir a parede primária da célula. Após concluído este processo, depositam-se junto à

parede primária novas camadas de microfibrilas de celulose, orientadas de formas distintas,

que irão formar as camadas S1, S2 e S3 da parede secundária com espessura que pode

variar de 1 a 10μm. Ao mesmo tempo da formação da parede secundária, ocorre também o

processo de lignificação. Na parte interna da camada S3 ocorre ainda uma camada

verrucosa (CV) .

Nas células da madeira, a parede primária é muito fina com espessura de 0,1 a

0,2μm, e é geralmente indistinguível da lamela média. Por esta razão, o termo lamela

média é usado para se referir à parede primária da célula. [3]

Note na figura 11 que a camada S2 tem o sentido de orientação das microfibrilas

perpendicular ao sentido das microfibrilas das camadas S1 e S3, o que confere à madeira a

resistência a esforços mecânicos, pois limita o trabalho da camada S2.

23

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Figura 11- Ilustração da estrutura da parede celular da madeira

3.2 Transformações da madeira

A indústria da madeira hoje abrange três grandes tipos de operações:

beneficiamento, processamento e incorporação da madeira para diversos fins.

1. Durante as três etapas do beneficiamento, variados fins são contemplados:

o falquejamento pode ter em vista a preparação de lenha ou de peças

lavradas e serradas (para dormentes, postes, pranchões, componentes de

caixotes, engradados e congêneres); o desdobramento destina-se, em geral,

à construção civil (tábuas, barrotes, caibros, sarrafos, ripas, tacos para

assoalho), enquanto a compensação da madeira - que também pode ser

folheada, aglutinada ou concrecionada por prensagem - pode ser voltada

para a marcenaria ou para a indústria de mobiliário.

2. Nas operações de incorporação se criam bens ou artefatos que utilizam as

propriedades essencialmente mecânicas da madeira (dureza e maciez,

densidade e leveza, elasticidade e rigidez, plasticidade): cabos de

ferramentas, carretéis, roldanas, fôrmas trabalhadas, embalagens comuns e

especiais, artigos de palha e cortiça, móveis de todo tipo com predomínio ou

participação da madeira, composições arquitetônicas e decorativas,

armações e outros sistemas de utilização composta.

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3. No processamento, a madeira é empregada como matéria-prima na

produção de celulose e de diversas pastas (hidráulicas, mecânicas, físico-

químicas e químicas), corantes, vários tipos de látex, gases combustíveis e

carvões vegetais.

Destacamos neste trabalho o processamento da madeira para a obtenção de carvão

vegetal que é produzido a partir da lenha pelo processo de carbonização ou pirólise.

A pirólise consiste num processo pelo qual a madeira é aquecida em ambiente

fechado com exclusão do ar. Gases, vapores d'água e de líquidos orgânicos são liberados,

enquanto o alcatrão (um líquido escuro, viscoso, constituído essencialmente de

hidrocarbonetos aromáticos, tais como fenóis, anilina, piridina, benzeno, naftaleno) e

principalmente o carvão são deixados como resíduos [12].

Mesmo a 100ºC, sob aquecimento prolongado, a madeira sofre modificações

estruturais; inicialmente, com a perda de água, oriunda da umidade ou produzida por

reações de desidratação que envolvem os grupos - OH presentes nas moléculas dos

polissacarídeos; em seguida forma-se ácido acético, ácido fórmico e metanol.

O processo de pirólise pode ser separado em 4 etapas como descrito na Tabela 2:

Tabela 2 - Etapas da pirólise

ETAPA TEMPERATURA

(° C)

PRODUTOS

ENDOTÉRMICA

(SECAGEM)

100 – 200 H2O

ENDOTÉRMICA 170 – 270 CO2, CO, H2O, Alcatrão,

CH3OH,CH3CHO,CH3CO2H

EXOTÉRMICA 270 – 280 CO2,CH4,CO,H2O,H2,Alcatrão,H2O,

CH3OH,CH3CHO,CH3CO2H

EXOTÉRMICA 280 – 400 H2,CO,CO2, Hidrocarbonetos

No Brasil, as instalações existentes são projetadas quase sempre para aproveitar

somente o carvão vegetal, perdendo-se os voláteis condensáveis e não condensáveis.

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Nesse tipo de carbonização a perda de energia é equivalente a 2,6x105 kcal por

tonelada de madeira seca para um rendimento médio de 30% de carvão. Com a

utilização de retortas a perda é menor, pois é possível o aproveitamento dos gases não-

condensáveis (no mesmo processo de carbonização) para suprir parte da demanda

energética, sobretudo na etapa de secagem da madeira. Por outro lado, o alcatrão isento

de água, obtido após tratamento térmico com vapor livre, possui elevado poder

calorífico, cerca de 6500 kcal/kg, e pode também ser usado como combustível; mas

ainda que haja uma perda de energia na conversão da madeira em carvão, o produto

final mantém algumas características próprias de valor.

Nos fornos com retorta, a pirólise da madeira desenvolve-se sem contato direto

com a fonte de calor, permitindo a reciclagem dos gases e a condensação dos voláteis.

Nesse caso, os rendimentos dos diversos produtos obtidos são:

• CARVÃO: 38%

• GASES NÃO-CONDENSÁVEIS: 20%

• ALCATRÃO INSOLÚVEL: 7%

• ALCATRÃO SOLÚVEL: 3%

• ÁCIDO PIROLENHOSO: 33%

A Tabela 3 indica que, comparada à madeira, a lignina como um produto

industrial, produz maiores rendimentos de carvão e alcatrão. Embora a lignina apresente

um teor de grupos metoxílicos (-OCH3) muitas vezes superior ao da madeira, o

rendimento de metanol obtido de sua pirólise é inferior ou comparável ao observado na

madeira.

Tabela 3 - Rendimentos em madeira e lignina

PRODUTO MADEIRA(%) LIGNINA(%)

CARVÃO 37,8 50,6

ALCATRÃO 8,1 13,0

METANOL 1,0 0,9

ACETONA 0,2 0,2

ÁCIDO ACÉTICO 3,2 1,1

GASES E ÁGUA 49,7 34,2

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O carvão de madeira comercial contém cerca de 80% de carbono fixo, (1-3)% de

cinzas e (12-15)% de componentes voláteis. O efeito da temperatura no rendimento do

carvão e na composição elementar é mostrado na Tabela 4.

Tabela 4 - Efeito da temperatura no rendimento do carvão e na composição elementar

TEMPERATURA DE

PIRÓLISE (OC)

C(%)

H(%) O(%) RENDIMENTOS (%)

200 52,3 6,3 41,4 91,8

300 73,2 4,9 21,9 51,4

400 82,7 3,8 13,5 37,8

500 89,6 3,1 6,7 33,0

600 92,6 2,6 5,2 31,0

800 95,8 1,0 3,3 26,7

1000 96,6 0,5 2,9 26,5

Dependendo do tipo de processo ou da espécie de madeira, pode-se produzir

cerca de 15 a 20% de alcatrão. De modo geral, o alcatrão obtido da pirólise de coníferas

contém aproximadamente 60% de fenóis, 10% de ácidos orgânicos e 30% de

substâncias neutras.

Com o carvão vegetal, quando embebido com géis, obtém-se cerâmicas celulares

que são materiais que mantém a estrutura celular da madeira. Neste processo é

necessário uma sinterização em temperaturas acima de 1000 oC, transformando o

carvão em carbetos.

Cerâmicas celulares derivadas da madeira de estrutura anisotrópica de poros

homogênea (monomodal) ou heterogênea (multimodal ou fractal) pode ser de interesse

para filtros de exaustão de gases de alta temperatura, suportes catalíticos em tecnologia

ambiental e de energia, sistemas microreatores avançados, suportes resistentes à corrosão e

bio-inertes de imobilização para células vivas ou enzimas na indústria alimentícia,

medicina e biotecnologia, tratamento de água servida, tanto quanto para estruturas de

isolamento acústico e térmico. Na literatura encontramos várias propostas de utilização

desse material como adsorvente para armazenamento de gás natural [13-15] .

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3.3 Caracterização dos produtos da pirólise

3.3.1 Análise Térmica

A Análise Térmica compreende um conjunto de técnicas que investigam

transformações físicas e químicas dependentes da temperatura e do tempo. Como todas as

técnicas experimentais, estas têm por finalidade investigar as causas e as características

(por exemplo, evolução temporal) de um fenômeno. Portanto, os resultados experimentais

devem ser analisados à luz dos conceitos e teorias da física e da química.

Alguns exemplos de transformações são:

1. Transformações físicas

a. Cristalização

b. Solidificação/fusão/evaporação

c. Transições vítreas

d. Mudanças de fases cristalinas

2. Transformações químicas

a. Reações químicas (decomposição ou interação)

b. Adsorção/Desorção

c. Oxi-redução

d. Desidratação

Características eletromagnéticas, mecânicas e térmicas, dentre muitas, podem ser

determinadas em função da temperatura. Desta forma uma grande variedade de técnicas de

análise térmica está disponível. Nesta ocasião veremos duas das técnicas mais comuns e

que são muito úteis para o presente trabalho: Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

e Análise Termogravimétrica (TG). Estas técnicas de caracterização térmica têm sido

exaustivamente usadas para o estudo da degradação térmica da madeira [16]. Os picos

exotérmicos e endotérmicos podem informar em que temperatura, e em que quantidade, a

madeira perde água, gases, e transformações de seus principais componentes químicos

durante a pirólise. Os mecanismos de degradação térmica dos componentes principais da

madeira não são completamente conhecidos. Na literatura encontramos alguns trabalhos

sobre a degradação térmica da madeira utilizando TGA e DSC [17-20], mas os autores não

são coerentes quanto às posições e atribuições dadas aos picos apresentados pelos gráficos

de análise térmica.

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Muitos estudos recentes têm sido realizados por análise térmica de diversas madeiras e

de seus componentes isolados [17-19]. Os resultados apresentados diferem entre si em

diversos graus. Isto se deve a três fatores principais: a grande variedade de espécies de

lignina e hemiceluloses; a diferença de composição das diversas madeiras no que concerne

à proporção entre hemiceluloses, celulose e lignina; e à maneira como estes componentes

estão dispostos na parede celular. A seguir veremos alguns resultados da literatura que

podem ilustrar isto.

a) Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

Dentre alguns autores que pesquisaram o comportamento térmico da madeira

citamos TSUJIYAMA et al [17]. Estes autores obtiveram resultados relevantes que estão

apresentados nas Figuras 9, 10 e 11. A Figura 9 contém as curvas DSC da madeira e outros

componentes de celulose e hemicelulose. O segundo gráfico, Figura 10, mostra o

comportamento térmico de ligninas. As ligninas usadas foram lignina moída de madeira

(milled wood lignin – LWM) e complexo de lignina carboidratada (LCC), um tipo de

lignina comercial (Klason), celulose tratada com LCC e lignina álcali tratado com LCC. As

analises térmicas foram feitas em ar comum.

Um dos métodos de extração da lignina é o tratamento da madeira com álcali, tal

como hidróxido de sódio ou uma mistura de hidróxido de sódio e sulfeto de sódio em

temperaturas na faixa de 170-180°C. A lignina dissolvida em álcali é então precipitada

com ácido sulfúrico. A lignina álcali é diferente da “lignina de madeira moída” que é

obtida pela extração da madeira com mistura de água-dioxano [18].

Na figura 12 vê-se as curvas DSC de hemiceluloses e celuloses isoladas e

associadas e observa-se que as temperaturas de oxidação diferem substancialmente para

diferentes associações, sugerindo que a quebra de ligações químicas e formações de

outras no processo de isolamento químico dos compostos da madeira geram produtos

diferentes daqueles presentes na madeira. Isto é, as celuloses e a holocelulose presentes

nas madeiras não são iguais aos seus homônimos isolados.

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Figura 12- Análise DSC de celuloses e hemiceluloses. (a) pó de madeira, (b) holocelulose, (c) α-celulose,

(d) galactoglucomannan (GM), (e) Whatman CF11, (f) celulose carboxymethyl, e (g) xilema

Na Figura 13 temos a curva DSC da lignina pura de madeira com um pico

exotérmico em 533 °C. Na figura vemos que quando a lignina é carboidratada, ou seja,

associada com hemiceluloses, a temperatura do pico é abaixada.

Figura 13- Análise DSC de ligninas. (a) lignina moída de madeira (MWL), (b) complexo de lignina

carboidratada (LCC), (c) Lignina comercial (Klason), (d) celulose tratada LCC, (e) alcali tratada LCC.

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Na madeira, a lignina não está pura e sim impregnada com hemiceluloses assim

como a lignina carboidratada (LCC). Do mesmo modo, notou-se uma diferença entre o

primeiro pico da madeira (340°C) e da celulose pura. Este pico coincidiu com o da

holocelulose. É claro que temos celulose se decompondo neste pico, mas a diferença da

posição deste pico da madeira em relação à celulose se explica porque a celulose na

madeira não está sozinha, mas está “contaminada” com hemiceluloses.

A Figura 14 mostra as curvas DSC para uma mistura de lignina impregnada em

holocelulose e outra curva contendo uma mistura simples destes dois componentes. Na

primeira mistura houve uma ligação química entre elas formando uma solução sólida e

na segunda mistura não. A primeira, onde houve formação de compósito entre a lignina

e holoceluloses os picos se aproximaram mais da madeira, 342 e 459°C. Na madeira

então temos uma forte interação entre os seus componentes principais formando um

compósito onde a celulose é o reforço e a lignina é a matriz.

Figura 14- Análise DSC de mistura de holoceluloses e lignina. (a) Mistura de lignina impregnada em

holocelulose (compósito), (b) Mistura simples de holocelulose e lignina.

Ainda que os comportamentos térmicos dos compostos da madeira difiram quando

isolados muitos autores reportam que os picos de DSC podem ser claramente

identificados isoladamente como devidos à presença dos constituintes da madeira. Strzov

et al [20] afirmaram, por outro lado, que na madeira pirolisada considera-se que o

produto poderia ser dado pela soma de seus três maiores componentes pirolisados

separadamente. As pirólises não avançam em proporções iguais. Isto ocorre em um

patamar que começa com a quebra das hemiceluloses em 200-260°C, celuloses em

aproximadamente 240-350°C e por fim a lignina em 280-500°C.

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As hemiceluloses são convertidas essencialmente em gases e ácido acético. Lignina e

celuloses se decompõem resultando em três produtos: gás, alcatrão e carvão. Estas reações,

porém, dependem da atmosfera, pressão e do material precursor. Em geral, taxas de

aquecimentos menores e maiores pressões resultam em maiores rendimentos. Orgânicos

com altas proporções de compostos aromáticos também resultam em maiores rendimentos.

Aditivos químicos também afetam a cinética desses processos de pirólise.

b) Análise Termogravimétrica (TGA)

Dentre alguns autores que se utilizaram da análise termogravimétrica para estudar a

decomposição da madeira citamos ROWELL et al [19] que analisou a perda de massa da

madeira em atmosferas de nitrogênio e oxigênio; Chamaram de pirólise a degradação

térmica feita com a exclusão de ar (a vácuo); Identificaram picos na curva derivada em

225-325°C e 370°C atribuídos a hemiceluloses e polímeros de celuloses respectivamente.

Segundo estes autores, a lignina começa a se decompor em 200°C e é muito estável

termicamente. A estabilidade térmica é definida como a capacidade de uma substância

manter suas propriedades pouco alteradas quando submetidas à variação de temperatura.

Na Figura 15 podemos detectar esta estabilidade térmica da lignina. A curva TG da lignina

tem uma queda bem mais suave do que a da celulose, por exemplo. A celulose é mais

instável termicamente, isto é, se degrada mais rápido que a lignina. Eles afirmaram que de

300 a 375 °C a maioria dos polímeros carboidratados se degrada restando apenas a lignina.

Na presença do oxigênio, os resíduos de carvão sofrem ignição. CO e CO2 se

formam mais rápido em oxigênio do que em nitrogênio, e isto diminui as temperaturas de

decomposição. A Figura 15 também mostra as perdas de massa em função da temperatura

(TGA) de madeira e de alguns de seus componentes separados. Nota-se que os

componentes separados possuem temperaturas de degradação diferentes da madeira, onde

todos os componentes estão juntos.

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Lignina de madeira moídaM

assa

(%)

Temperatura °C

Ácido lenhoso

Madeira

Celulose

Xilema

Figura 15- Curvas TGA da madeira e de alguns componentes isolados.

De acordo com GRIOULI et al [21] e OUAJAI et al [22] não é correto dividir a

degradação térmica da madeira em três partes devido aos três principais componentes da

madeira (hemiceluloses, celuloses e lignina). Esses autores afirmaram que o

comportamento da degradação térmica reflete a soma das respostas térmicas destes três

componentes principais; eles identificaram os picos em 217°C, 270°C e 327°C cujos

valores de temperatura não correspondem necessariamente à temperatura de decomposição

dos três principais componentes da madeira: hemiceluloses, celulose e lignina

separadamente. Os picos indicam decomposições térmicas destas três juntas porque estão

todas ligadas quimicamente.

Não há uma concordância entre os autores citados quanto às posições dos picos,

pois isto depende do tipo de madeira utilizada, idade da árvore, parte da madeira de onde

foi retirada a amostra e também da atmosfera utilizada na análise DSC.

Desta forma, se cada madeira possui assinatura química própria, bem como cada

parte dela, se faz necessário estudar vários tipos de madeira, bem como várias partes de

cada madeira, sem a predisposição de assumir que os processos de transformação térmica

serão necessariamente iguais. A identificação destes mecanismos é essencial para o

aproveitamento industrial destes processos e produtos.

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3.3.2 Difratometria de Raios X

A técnica de difração de raios-X é usada na investigação da estrutura fina do

material. No princípio era utilizada apenas para a determinação da estrutura cristalina. Com

o desenvolvimento da técnica, hoje é utilizada para vários fins como análises químicas,

medidas de tamanho de partícula e determinações de orientações de cristais. Os raios-X,

radiação eletromagnética de comprimento de onda entre 0,5 e 2,5 Å, são produzidos

quando elétrons com alta velocidade colidem com uma placa de metal liberando este tipo

de radiação em todas as direções. Neste processo os elétrons podem ser freados liberando

um espectro “branco” de raios-x ou podem promover elétrons da camada K dos átomos do

alvo. Denomina-se radiação Kα aquela usada mais comumente para a obtenção dos

difratogramas de raios-x, mais especificamente tendo o alvo constituído de cobre – CuKα.

Ao incidirem sobre os planos cristalográficos da amostra serão difratados com determinado

ângulo, que é definido pela forma e tamanho da cela cristalográfica do composto. A

intensidade indicada no gráfico de intensidade versus ângulo de Bragg é a soma das

intensidades relativas de todos os raios difratados na mesma direção.

A difratometria de raios-X é muito usada no estudo dos processos de

transformação térmica da madeira, uma vez que a celulose se encontra em parte como

cristalitos embebidos em uma matriz amorfa de hemicelulose e lignina. Os principais

planos cristalinos da celulose, segundo a literatura, [ 23] correspondem às difrações

próximas do seguintes ângulos de Bragg (2θ)= 23° (plano 002), 21° (plano 021), 17°

(plano 101), 15° (plano 101) e 35° (plano 040). Para a celulose, as difrações nos ângulos de

Bragg em 23° (plano 002) e 20° (plano 101) têm intensidades semelhantes. Espera-se

também para a celulose o aparecimento de difração próximo a 2θ = 15° decorrente do

plano cristalino 101, entretanto, esta identificação pode ser dificultada pela difração difusa

da parte amorfa. Outros autores encontram resultados ligeiramente diferentes justamente

porque a celulose encontra-se embebida de diversas formas em matrizes diferentes. Por

exemplo, BRUM et al [24] constataram uma banda larga centrada com ângulo de Bragg a

2θ = 22°, indicando a existência de regiões cristalinas. Esta banda é característica da

celulose, mas provavelmente se deve à superposição das bandas em 23o e 21o.

NISHIMIYA et al [25] obtiveram os mesmos resultados de BRUM et al [24] para as

bandas da celulose, porém em seu trabalho destacaram uma modificação nesta banda com

o aumento da temperatura de tratamento (Figura 16), indicando que houve modificação na

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estrutura cristalina da celulose. Na amostra tratada a 1000°C ainda apareceu esta banda.

Isso significa que ainda há celulose, ou seja, ainda não ocorreu totalmente a decomposição

térmica da celulose. De acordo com a literatura, a grafitização total do carvão se dá acima

de 1400°C. Em altas temperaturas deverão surgir novamente picos de cristalização devido

a condensação dos anéis aromáticos que começam em 800°C. Acima de 1800°C, esta

condensação dos anéis aromáticos no carvão leva ao grafite em termos de estrutura.

Figura 16- Gráficos de difratometria de raios- x de madeiras com vários tratamentos térmicos

3.3.3 Espectroscopia Fotoacústica no Infravermelho por Transformada de Fourier

Uma molécula pode absorver energia proveniente de radiação eletromagnética,

sofrendo vários tipos de excitações como a eletrônica, rotacional, mudança de spin e

deformação de ligação, entre outras [23]. A espectroscopia no infravermelho médio

refere-se à radiação de excitação a números de onda entre 4000 e 600 cm-1. A

Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIV) é uma técnica de

análise para colher o espectro infravermelho mais rapidamente. Em vez de se coletar os

dados variando-se a freqüência da luz infravermelha monocromática, a luz IV (com

todos os comprimentos de onda da faixa usada) é guiada através de um interferômetro.

Depois de passar pela amostra o sinal medido é o interferograma. Realizando-se uma

transformada de Fourier no sinal resulta-se em um espectro idêntico ao da

espectroscopia IV convencional (dispersiva).

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A radiação infravermelha não tem energia suficiente para excitar os elétrons e

provocar transições eletrônicas, mas ela faz com que os átomos ou grupos de átomos

vibrem com maior rapidez e com maior amplitude em torno das ligações covalentes que os

unem. Estas vibrações são quantizadas e, quando ocorrem, os compostos absorvem energia

IV em certas regiões do espectro. Nas vibrações, as ligações covalentes comportam-se

como se fossem pequenas molas unindo os átomos. Quando os átomos vibram, só podem

oscilar com certas freqüências, e as ligações sofrem várias deformações. Quando a ligação

absorve energia, ela sofre alterações e, ao retornar ao estado original, libera essa energia,

que então é detectada pelo espectrômetro.

As moléculas podem vibrar de muitos modos. Dois átomos unidos por uma

ligação covalente podem efetuar vibrações de estiramento dessa ligação, como se fosse

uma mola que estica e retorna ao tamanho original. Três átomos também podem efetuar

diferentes vibrações de estiramento e alteração dos ângulos de ligação, em vários planos

do espaço. As ligações podem vibrar de seis modos: estiramento simétrico, estiramento

assimétrico, tesoura, rotação, wag e twist. No entanto, as vibrações de estiramento, que

estão apresentadas na Figura 17 são as mais importantes.

Figura 17- Tipos de vibrações

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Os números de onda de absorção relativos aos modos de vibração dependem da

força da ligação química entre dois átomos e a intensidade de absorção da diferença de

momento dipolar nesta mesma ligação. Desta forma, é possível caracterizar a função

química a qual pertence o composto. A Tabela 5 contém alguns valores de absorção das

ligações entre moléculas orgânicas.

Tabela 5- Absorção das ligações entre moléculas orgânicas

Ligação Tipo de ligação Tipo específico de ligação Faixa de absorção e intensidade

C-H Alquil metil 1380 cm-1 (fraca), 1460 cm-1 (forte) and 2870, 2960 cm-1 (ambas médias a fortes)

metileno 1470 cm-1 (forte) and 2850, 2925 cm-1 (ambas médias a forte)

metino 2890 cm-1 (fraca)

vinil C=CH2900 cm-1 (forte) and 2975, 3080 cm-1 (média)

C=CH 3020 cm-1 (média)

alcenos monosubstituídos 900, 990 cm-1 (ambas fortes)

alcenos cis-dissubstituídos 670-700 cm-1 (forte)

alcenos cis-dissubstituídos 965 cm-1 (forte)

alcenos trissubstituídos 800-840 cm-1 (média a forte)

aromática benzeno 3070 cm-1 (fraca)

benzeno monossubstituído 700-750 cm-1 (forte) and 700±10 cm-1 (forte)

benzeno orto-dissubstituído 750 cm-1 (forte)

benzeno meta-dissubstituído 750-800 cm-1 (forte) and 860-900 cm-1 (forte)

benzeno para-dissubstituído 800-860 cm-1 (forte)

alcinos 3300 cm-1 (média)

aldeídos 2720, 2820 cm-1 (média)

C-C C-C acíclico alcenos monossubstituídos 1645 cm-1 (média)

alcenos 1,1-dissubstituídos 1655 cm-1 (média)

alcenos cis-1,2-dissubstituídos 1660 cm-1 (média)

alcenos trans-1,2-dissubstituídos 1675 cm-1 (média)

alcenos tri e tetrasubstituídos 1670 cm-1 (fraca)

C-C conjugado dienos 1600, 1650 cm-1 (forte)

com anéis benzênicos 1625 cm-1 (forte)

com C=O 1600 cm-1 (forte)

C=C aromático 1450, 1500, 1580, 1600 cm-1 (fraca a forte) - sempre TODAS as 4!

C-C triplo alcinos terminais 2100-2140 cm-1 (fraca)

alcinos dissubstituídos 2190-2260 cm-1 (muito fraca, às vezes não visível)

C=O aldeído/cetona alifática saturada/cíclica de 6 membros 1720 cm-1

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α,β-insaturada 1685 cm-1 (também para cetonas terminais)

cíclica de 5 membros 1750 cm-1

cíclica de 4 membros 1775 cm-1

aldeídos 1725 cm-1 (influência da conjugação como com cetonas)

ácidos carboxílicos e seus derivados ácidos carboxílicos saturados 1710 cm-1

ácidos carboxílicos insaturados e ácidos carboxílicos aromáticos 1680-1690 cm-1

ésteres e lactonas 1735 cm-1 (influência da conjugação e do tamanho do anel como em cetonas)

anidridos 1760 and 1820 cm-1

halogenetos 1800 cm-1

amidas 1650 cm-1 (associated amides)

carboxilatos (sais) 1550-1610 cm-1 (também para zwitterions de aminoácidos)

O-H álcoois, fenóis 3610-3670 cm-1 (concentrando as amostras alarga-se a banda e a move para 3200-3400 cm-1)

ácidos carboxílicos 3500-3560 cm-1 (concentrando as amostras alarga-se a banda e a move para 3000 cm-1)

N-H aminas primárias duplete entre 3400-3500 cm-1 e 1560-1640 cm-1 (forte)

aminas secundárias acima de 3000 cm-1 (fraca a média)

íons amônio banda larga com múltiplos picos entre 2400-3200 cm-1

C-O álcoois primários 1050±10 cm-1

secundários cerca 1100 cm-1

terciários 1150-1200 cm-1

fenóis 1200 cm-1

éteres alifático 1120 cm-1

aromáticos 1220-1260 cm-1

ácidos carboxílicos 1250-1300 cm-1

ésteres 1100-1300 cm-1 (duas bandas - distinção das cetonas, que não possuem C-O!)

C-N aminas alifáticas 1020-1220 cm-1 (freqüentemente sobreposta)

C=N 1615-1700 cm-1 (efeitos de conjugação similares a C=O)

nitrila (ligação C≡N) 2210-2260 cm-1 (não conjugada 2250 cm-1, conjugada 2230 cm-1)

isonitrilas (ligação R-N-C) 2165-2110 cm-1 (2140 - 1990 cm-1 for R-

N=C=S)

C-X (X=F, Cl, Br, I) fluoroalcanos ordinária 1000-1100 cm-1

trifluormetil duas fortes, bandas largas entre 1100-1200 cm-1

cloroalcanos 540-760 cm-1 (média to fraca)

bromoalcanos abaixo de 600 cm-1

iodoalcanos abaixo de 600 cm-1

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N-O nitro compostos alifática 1550 cm-1 (banda mais forte) and 1380 cm-1 (banda mais fraca) - SEMPRE AMBAS!

aromáticos 1520, 1350 cm-1 (conjugação normalmente reduz o número de onda)

A região de 800 a 1500 cm-1 congrega absorções correspondentes á impressão

digital dos carboidratos. A banda em 1640 cm-1 supostamente indica a presença de

carbonilas conjugadas que provavelmente resultam da oxidação de carboidratos [26]. O

rompimento das ligações hidrogênio intra- e/ou intermoleculares existentes aumenta a

amorfogênese da celulose.

NISHIMIYA et al [25] utilizaram a espectroscopia no infravermelho para investigar

as mudanças químicas sofridas pela madeira durante o processo de carbonização em

atmosfera de nitrogênio e pressão normal. Afirmaram que o modo vibracional do tipo O-H

“stretching” em aproximadamente 3300 cm-1 diminui com o aumento da temperatura de

carbonização. A ligação C=O em aproximadamente 1700 cm-1 apareceu claramente em

300°C. A ligação C=C na faixa de 1660-1630 cm-1 foi fracamente detectada no espectro do

carvão carbonizado na faixa de temperatura de 300-600°C. Os aromáticos em

aproximadamente 1600 cm-1 se apresentaram mais fracos em 600°C.

Baseados nestes resultados, concluíram que a diminuição da presença de O-H após

o aumento da temperatura indicou a desidratação do carvão, o que provocou a formação de

picos de C=O em 300°C, mas desapareceu em 600°C. Esta seqüência sugeriu que a ligação

dupla foi formada no carvão pela desidrogenação durante o processo de carbonização. Os

autores forneceram resultados de análise de infravermelho de madeira sem tratamento

térmico. Eles detectaram absorção de aromáticos presentes na lignina em

aproximadamente 1600 e 1510 cm-1. Estes aromáticos foram também encontrados no

carvão, mas os picos se deslocaram para um comprimento de onda mais baixo com o

aumento da temperatura de carbonização. Este resultado sugeriu aos autores que os anéis

aromáticos da lignina fossem transformados em outros compostos aromáticos diferentes

pela carbonização. A ligação C=O característica das hemiceluloses foi detectada em

aproximadamente 1740 cm-1. Por outro lado, sua absorção se dá na amostra tratada a

300°C em aproximadamente 1700 cm-1.

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3.4 Uso do carvão ativado para adsorção do GNP

O Carvão vegetal é uma substância de cor negra obtida pela carbonização da

madeira ou lenha. É muito utilizado como combustível para aquecedores, lareiras,

churrasqueiras e fogões a lenha. Considerado um fitoterápico, o carvão vegetal para uso

medicinal (carvão ativado) provém de certas madeiras moles e não resinosas (extraído de

partes lenhosas, cascas e serragens), obtidos por combustão incompleta, o que lhe confere

a capacidade adsorvente. Desde a antiguidade já se conhece o uso do carvão vegetal. No

antigo Egito era utilizado na purificação de óleos e para aplicações medicinais. Na

segunda guerra mundial foi utilizado para remoção de gases tóxicos devido a sua

capacidade adsorvente sendo um material extremamente poroso. E entre os índios

brasileiros também há registro de uso, misturado às gorduras animais no tratamento de

tumores e úlceras malignas. Estudos químicos utilizando carvão ativado detectaram uma

redução significativa na produção de gases intestinais nos pacientes tratados, eliminando

os desconfortos abdominais. É ainda um notável condutor de oxigênio, sendo um

extraordinário eliminador de toxinas.

Devido a sua rapidez de ação, o carvão vegetal é considerado ainda um agente útil

no tratamento de envenenamentos. O carvão ativado liga-se ao tóxico residual no lúmen do

trato gastrointestinal e reduz rapidamente a absorção deste. O carvão vegetal tem a

propriedade de adsorver substâncias que, em contato com bactérias intestinais, contribuem

para a produção de flatulência. Diante dos resultados de estudos, o uso do carvão vegetal é

indicado em casos de dores no estômago, mau hálito, aftas, gases intestinais, diarréias

infecciosas, desinteria hepáticas e intoxicações. Atualmente o carvão é usado como fonte

de energia, e em menor proporção em composição de materiais cerâmicos e coque em

metalurgia. [27,28]. Aqui destacamos a utilização do carvão para composição de cerâmicas

porosas.

Sendo a adsorção um fenômeno essencialmente de superfície, para que um

adsorvente tenha uma capacidade adsortiva significante, deve apresentar uma grande área

superficial específica, o que implica em uma estrutura altamente porosa. As propriedades

adsortivas dependem do tamanho dos poros, da distribuição do tamanho dos poros e da

natureza da superfície sólida. Os adsorventes mais utilizados em escala industrial

atualmente são o carvão ativado, a sílica-gel, a alumina ativada e as peneiras moleculares.

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O carvão ativado é o nome comercial de um grupo de carvões que se caracterizam

por ter uma estrutura porosa e uma alta área superficial [29]. São materiais carbonáceos

porosos que apresentam uma forma microcristalina, não grafítica, e que sofreram um

processamento para aumentar a porosidade interna. Uma vez ativado, o carvão apresenta

uma porosidade interna comparável a uma rede de túneis que se bifurcam em canais

menores e assim sucessivamente. Esta porosidade é classificada segundo o tamanho de

poros em macro, meso e microporos [30]. De acordo com a IUPAC [31] temos:

a) Microporos (diâmetro < 2nm) : Contribuem para a maioria da área superficial que

proporciona alta capacidade de adsorção para moléculas de dimensões pequenas, tais como

gases e solventes comuns.

b) Mesoporos (diâmetro 2- 50nm): São importantes para a adsorção de moléculas

grandes tais como corantes e proporcionam a maioria da área superficial para carvões

impregnados com produtos químicos

c) Macroporos (diâmetro > 50nm): São normalmente considerados sem importância para

a adsorção e sua função é servir como meio de transporte para as moléculas gasosas.

Os chamados adsorventes amorfos – carvão ativado, sílica-gel e alumina –

apresentam áreas específicas entre 200-1000m2/g, e uma faixa de distribuição de tamanho

de poros bem ampla, enquanto que as peneiras moleculares, por serem materiais

cristalinos, apresentam tamanho de poros da ordem de grandeza molecular definido pela

estrutura cristalina, e que praticamente não varia [32].

O carvão ativado é um dos primeiros adsorventes conhecidos e um dos mais

utilizados atualmente. Pode ser produzido de várias maneiras e suas características vão

depender da matéria prima utilizada e da forma de ativação. Geralmente é produzido pela

decomposição térmica de material carbonáceo seguido pela ativação com vapor ou dióxido

de carbono em temperaturas elevadas. Sua superfície possui afinidade com substâncias de

caráter orgânico, conferindo-lhe sua principal aplicação atualmente, a descontaminação de

água destinada ao consumo humano.

Todos os carvões ativados contêm micro, meso e macroporos em sua estrutura, mas

a proporção relativa depende consideravelmente de acordo com o precursor e o processo

de fabricação utilizado. Como a maior parte da superfície do carvão ativado reside em

microporos, são estes os principais responsáveis por sua capacidade de adsorção.

O carvão ativado tem capacidade de adsorção diferenciada para os diferentes gases.

Por exemplo, ele pode adsorver cerca de duas vezes o seu volume com gás hélio, vinte e

uma vezes gases como hidrogênio, argônio, nitrogênio, oxigênio e até duzentas vezes,

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quando se tratar de gases como a amônia. Ele adsorve pouco substâncias como água ou

ácido cianídrico. Deve-se lembrar que quanto maior a massa molar do composto, maior a

sua adsorbabilidade. Ele não adsorve gases como hidreto de arsênico (AsH3), cloreto de

cianogênio (CNCl) ou monóxido de carbono (CO).

GARCÍA et al [33] propuseram a utilização de fibras nanométricas de carbono

(VGCF) como precursor para armazenamento de gás. Porém, a estrutura do VGCF é

altamente organizada como a do grafite e isto pode constituir um inconveniente sério para

sua ativação, particularmente ativação física. Para aumentar sua ativação física e química

os autores estudaram as interações entre o VGCF e diferentes agentes ativantes físicos e

químicos.

Por apresentar as áreas de produção, em geral, distantes dos mercados

consumidores, e como se trata de um produto em seu estado gasoso a temperatura

ambiente, o Gás Natural necessita de uma estrutura que possibilite transporta-lo ao menor

custo. As opções tecnológicas de transporte atualmente apresentadas são o transporte via

dutos, o transporte via Gás Natural Liquefeito (GNL), e sob a forma de Gás Natural

Comprimido (GNC) [34-36].

O Gás Natural (GN) armazenado à temperatura ambiente é inadequado para

transporte principalmente devido à sua limitada densidade de energia volumétrica (que é

muito baixa) [2, 37-38]. Em condições normais de temperatura e pressão a densidade de

energia volumétrica do GN é somente 0,12% da gasolina. Portanto, a adequação do GN

para aplicação veicular depende da habilidade em armazenar uma quantidade adequada de

gás em um tanque de combustível [13,39-41].

Sendo o principal constituinte do GN o metano [42-44], e sua temperatura crítica -

82ºC (191 K), o gás não pode ser liquefeito alterando-se somente a pressão. O Gás Natural

Liquefeito (GNL) é usualmente armazenado como um líquido a aproximadamente -161ºC

(112 K) em um tanque criogênico a uma pressão de aproximadamente 1 atm (14,7 psig)

[45]. O GNL tem uma densidade volumétrica até 600 vezes maior que o GN nas CNTP.

Devido a isso, a densidade energética volumétrica do GNL é aproximadamente 72% desse

valor para a gasolina. Entretanto, a desvantagem do GNL é que invariavelmente ocorre o

aquecimento do gás concomitante ao desenvolvimento de pressões no interior do tanque

criogênico, requerendo assim, descargas periódicas. Isso faz com que o armazenamento

prolongado do veículo em lugares fechados se torne perigoso. Além disso, o abastecimento

deve ser conduzido por pessoas treinadas por causa do risco de acidente devido ao contato

com líquidos criogênicos [46-50].

42

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O Gás Natural Comprimido (GNC) é o GN armazenado como um fluido

comprimido em temperatura ambiente e a uma pressão máxima de mais ou menos 204 atm

(3000 psig). Nessas condições uma densidade máxima 230 vezes maior que nas CNTP

pode ser alcançada com o GNC a 204 atm. Isso implica em densidade de energia

volumétrica de 26% daquela para a gasolina. Entretanto, o volume inadequado dos

cilindros de alta pressão para GNC ocupam considerável espaço no porta-malas do veículo

[28,51-55].

Os cilindros de armazenamento que contêm o gás natural comprimido (GNC) são

fabricados a partir de tubos de aço sem costura, ou por embutimento em chapa plana. São

utilizados materiais como aço médio manganês ou aço cromo molibdênio e são

confeccionados para uma pressão de trabalho de 200 kgf/cm2 a 250 kgf/cm2. O mesmo é

fixado através de suporte composto de duas partes: o corpo fixado diretamente na

carroceria do veículo e as cintas móveis, que fixam o cilindro no corpo do suporte. A

capacidade de armazenamento desses cilindros varia de 7,5 a 30m3, peso de 42 a 112kg e

comprimento de 850 a 1470mm.

O GN armazenado como fase adsorvida em materiais porosos é denominado Gás

Natural Adsorvido (GNA). Nesse caso a pressão para um estágio único de compressão e

relativamente barato é de aproximadamente 34 atm.

O grande desafio atual é desenvolver materiais porosos que atinjam a capacidade de

armazenamento na faixa de 220 v/v que significa 220 volume de GN por volume de

adsorvente. Por este motivo, o GNA vem sendo motivo de intensas pesquisas [56-58] em

busca por um material poroso adequado em termos de promover a melhoria da densidade

de energia volumétrica do GNA e diminuir o custo do adsorvente para o consumidor.

43

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4. Materiais e Métodos

Neste capítulo são descritos os métodos de preparação das amostras bem como as

técnicas e condições de caracterização dos produtos. As técnicas e metodologias de

caracterização dos produtos tratados a várias temperaturas foram escolhidas para, além de

caracterizar o produto em si, pudessem refletir isoladamente e em conjunto os mecanismos

de transformação da aroeira durante a pirólise.

4.1 Preparação

Lâminas (55X20X3 mm) do cerne de aroeira (Astronium urundeuva), comum na

região do cerrado brasileiro, foram tratadas a várias temperaturas sob vácuo, de forma a

abranger a fase de carbonização e a de início de grafitização. Foram aquecidas a uma taxa

média de 1°C/min até patamares de temperaturas escolhidos para evitar deformações

excessivas, trincas ou defeitos decorrentes dos gradientes de temperatura e de composição

decorrentes do tratamento térmico. As temperaturas escolhidas dos patamares foram 230,

310, 450 e 950 oC que foram mantidas por 60 min.

A Figura 18 mostra um esquema do equipamento que montamos para a realização da

pirólise à vácuo. Um tubo cilíndrico de alumina acoplado a um termopar e a uma bomba de

auto-vácuo da marca Edwards modelo “dois estágios”. Devido a contaminação do óleo da

bomba pelos produtos da pirólise como, gases, alcatrão entre outros, montamos uma

armadilha desenvolvendo uma peneira molecular. Ao termopar ligamos um programa de

temperatura “Novus” N1100.

Figura 18- Esquema do equipamento utilizado para realização da pirólise

44

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4.2- Caracterização das amostras

4.2.1-Análise Térmica

As características térmicas das transformações (endotérmica ou exotérmica) sofridas

pelas amostras pirolisadas em vários patamares de temperatura, bem como as perdas de

massa correspondentes, podem ser obtidas pelas técnicas de Calorimetria exploratória

diferencial (DSC) e Análise termogravimétrica (TGA). O comportamento térmico das

amostras obtido por estas técnicas sob atmosfera oxidante e inerte é reflexo e conseqüência

das condições da pirólise, e levam a inferir sobre os processos físico-químicos envolvidos.

Foi feito no Grupo de Materiais do departamento de Física da UFMS, utilizado o

equipamento TA 50 – Shimadzu utilizando cadinhos de platina em um fluxo de ar seco e

nitrogênio com uma taxa de aquecimento 10 °C/min. Escolhemos esta pequena taxa de

aquecimento para evitar deformidade no material como empenamento e outras mudanças

estruturais que propiciem a heterogeneidade da amostra.

4.2.2-Difratometria de raios-x

A técnica de raios-x foi utilizada para averiguar as composições químicas bem

como o grau de cristalinidade dos componentes presentes nas amostras de madeiras com

diferentes temperaturas de tratamento térmico.

Foi utilizado o método de pó para a difratometria de raios-X na USP de São Carlos,

SP. As medidas de difração de raios-X foram realizadas em um equipamento Rigaku -

Rotaflex modelo RU200B acoplado com câmara “multpourpose”, utilizando-se radiação

CuKα e faixa angular entre 10 e 60°, a 50 kV de tensão e 100mA. Para analisar os dados

obtidos utilizou-se o banco de dados JSPDS.

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4.2.3-Espectroscopia no infravermelho

Por espectroscopia de infravermelho pode-se acompanhar a transformações químicas

da madeira em vários estágios da pirólise. Em moléculas complexas como são as da

madeira, as transformações ocorrem por etapas com dissociação e liberação de radicais

metanóis, etanóis, hidroxilas, etc, mantendo a estrutura em anel das moléculas até

temperaturas e tempos bem maiores de tratamento. Desta forma é uma técnica

extremamente adequada para complementar as técnicas de análise térmica. Utilizou-se a

técnica FT-IR (espectroscopia por transformada de Fourier no infravermelho) na UEMS

em Dourados MS, num equipamento NEXUS 670 – Termo Nicolet a uma velocidade de

0,1564 cm/s, 64 varreduras, resolução de 8,0 cm-1.

4.2.4- Microscopia eletrônica de varredura

Durante a pirólise da madeira ocorrem transformações significativas na morfologia

da amostra. Estas transformações são correspondentes por decorrência das transformações

físico-químicas. Tanto a morfologia em si quanto o aspecto das superfícies de fratura são

indicações importantes das transformações ocorridas. As micrografias das amostras

pirolisadas em diversos patamares de temperaturas foram obtidas por Microscopia

Eletrônica de Varredura (MEV) utilizando um equipamento JEOL 6830 do Grupo de

Materiais do departamento de Física da UFMS. As amostras não precisaram de

recobrimento, pois são condutoras. Através deste mesmo equipamento foi possível estimar

o tamanho médio de poros das amostras obtidas.

4.2.5- Medidas da Adsorbância

Para investigar a capacidade de adsorção de água da madeira nos vários estágios de

pirólise, amostras de aroeira foram tratadas nas temperaturas 250,310,450,600,700,950 e

1000 °C. Foram mantidas por 24h em um ambiente fechado contendo um recipiente com

água. Em seguida, foi feita a análise termogravimétrica de cada amostra utilizando

equipamento TA 50 – Shimadzu, cadinhos de platina e fluxo de ar seco a uma taxa de

aquecimento de 5 °C/min. Obteve-se a perda de massa correspondente ao primeiro pico de

cada curva TG que se deve à água adsorvida pela amostra devido a umidade do ambiente.

46

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5. Resultados e Discussões

5.1 Análise Térmica

Na Figura 19 (esquerda) observamos curvas DSC, TG e DTG (de cima para baixo

respectivamente), realizados em atmosfera de nitrogênio de amostras tratadas nas várias

temperaturas. A amostra tratada em 2300C apresenta quatro picos exotérmicos largos e de

baixa intensidade nas temperaturas aproximadas de 290, 360, 400 e 4900C. O primeiro

correspondem às hemiceluloses, os intermediários à celulose e o 4900C à lignina [3]. A

amostra tratada em 310 0C apresenta um pico largo com o máximo em 4000C e início em

torno de 3000C e um último pico bastante alargado. A amostra em 4500C apresenta apenas

o último pico alargado e na amostra tratada em 9500C não se pode identificar nenhum pico.

As curvas TG e DTG demonstram que para a amostra tratada a 2300C ocorreu uma

redução grande de massa na faixa de temperaturas entre 2500C a 4000C, e duas rampas de

perda de massa posteriores que perduram na seqüência até aproximadamente 6000C e até

mais de 10000C. A primeira perda corresponde à decomposição das hemiceluloses e

celulose (dois primeiros picos por DSC) cuja diminuição indica a degradação

predominantemente das polioses durante a pirólise a temperaturas mais baixas. Nas

amostras tratadas acima de 4000C só aparecem as perdas de massa correspondentes à

degradação da lignina, ou de um produto correlato oriundo do processo de carbonização da

madeira. As amostras pirolisadas a 9500C apresentam uma perda de massa em torno de

6000C associado a um produto da pirólise parcial da madeira e outra em torno de 9000C, ou

seja, mesmo após meia hora de tratamento em 9500C a transformação total da aroeira não

se completou.

A Figura 19 (direita) mostra as curvas DSC das amostras obtidas em fluxo de

oxigênio. As amostras tratadas em temperaturas menores que 9500C apresentam dois picos

exotérmicos, o primeiro mais largo e o segundo estreito atribuídos a hemicelulose e

celulose respectivamente. No entanto, não aparece pico algum correspondente à

degradação da lignina como observado nas curvas DSC, TG e DTG sob atmosfera de

nitrogênio. Isto ocorre porque, em torno de 4000C a amostra entra em combustão. A

amostra tratada a 9500C apresenta apenas um pico estreito com máximo em torno de 4500C

47

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devido à carbonização decorrente da pirólise à vácuo que desloca o pico para maiores

temperaturas como pode ser observado nas curvas obtidas sob nitrogênio.

200 400 600

-6

-3

0

3

a)

230°C

310°C

450°C

950°C

Flux

o de

Cal

or (u

.a.)

Temperatura (ºC)

0 200 400 600 800 1000

20

40

60

80

100

950°C

450°C

310°C

230°C

Mas

sa (%

)

Temperatura (ºC)

0 200 400 600 800 1000

-0,08

-0,04

0,00

b)

230 0C

310 0C

4500C950 0C

DTG

Temperatura (°C)

0 150 300 450 600 750

0

30

60

90

120a)

230°C

310°C

450°C950°CFl

uxo

de C

alor

(mW

)

Temperatura (ºC)

0 300 600

40

80

950°C

450°C

310°C

230°C

Mas

sa (%

)

Temperatura (ºC)

200 300 400 500-0,15

-0,10

-0,05

0,00

b)

2300C

DTG

Temperatura (°C)

4500C

3100C

2300C

9500C

Figura 19- Curvas DSC, TG e DTG em nitrogênio (esquerda) e ar (direita) de amostras tratadas em

várias temperaturas.

48

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5.2- Espectroscopia no infravermelho

A Figura 20 apresenta curvas de absorção no infravermelho médio para as amostras

de aroeira tratadas em 230, 310, 450 e 950°C. Na amostra tratada a 230 °C identificamos

as bandas de hemiceluloses (h) celuloses (c), Lignina (L) e anéis aromáticos presentes na

lignina (a(L)).

Nas bandas características da hemiceluloses encontramos C=O do grupo acetil em

1740 cm-1, 1450 cm-1 e em 1032 cm-1. As bandas de celulose se encontram em 1052 cm-1.

A lignina apresenta bandas em 1458 cm-1 e devido à presença de anéis aromáticos em sua

composição química temos outra banda de lignina em 1611 cm-1. Temos uma banda

característica em 1160 cm-1 de ligações C-O-C que são muito comuns em madeira tratada.

Figura 20- Gráfico da análise de espectroscopia no infravermelho.

Na madeira tratada a 230 oC, a maioria dos picos característicos da hemicelulose,

celulose e lignina estão presentes e, portanto, o processo de carbonização das amostras é

ainda muito incipiente. Com o aumento da temperatura de tratamento os picos

correspondentes às hemiceluloses e celuloses diminuem paulatinamente restando as bandas

da lignina. Já para as amostras tratadas em 310 oC os picos de absorção correspondentes à

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celulose e hemicelulose (1300 a 1000 cm –1) não aparecem claramente e são apenas

sugeridos, aparecendo em seu lugar uma banda muito larga. No entanto os picos de

absorção correspondentes à lignina estão presentes apresentando somente um pequeno

alargamento. Isto indica que o processo de carbonização da celulose e hemicelulose pode

ocorrer já nesta temperatura enquanto que da lignina não. Os picos de absorção da amostra

tratada a 450 oC se alargam substancialmente e todas as bandas largas permanecem, ou

seja, ainda estão presentes os anéis aromáticos dos compostos da madeira e ruídos que

indicam a presença de água. Somente a 950 °C as bandas características da madeira

desaparecem por completo, restando novamente um ruído na faixa de 2000-1600 cm-1

apontando a presença de água que a amostra adsorveu do ambiente. Isto comprova os

resultados do TG e DTG quanto à cinética de decomposição dos componentes da madeira

que nos impulsionou a fazer medidas de adsorbância da água.

5.3- Difratometria de raios-x

Os difratogramas de raios-x apresentados na Figura 21, mostram as transformações

microestruturais da aroeira pirolisada em várias temperaturas. A madeira tratada em 230 oC

apresenta dois picos muito largos da celulose cristalina correspondentes aos picos em 23o

ou 21o e 17o ou 15o. A designação precisa destes picos é dificultada pela grande

amorficidade da amostra na qual estão embebidos cristalitos de celulose que tornam os

picos mais largos. Em 310 oC estes picos desaparecem, uma vez que o processo de

degradação da celulose destrói a sua cristalinidade. A partir desta temperatura o

difratograma é típico de uma substância amorfa. No entanto à medida que a temperatura de

pirólise aumenta começa a se definir um pico largo que se desloca ligeiramente para um

ângulo de reflexão maior. O difratograma da amostra tratada em 950 oC apresenta dois

picos bastante largos em aproximadamente 25° e 45°, denotando o provável aparecimento

de cristalitos de grafite, uma vez que diversos autores indicam que a cristalização do

grafite ocorre apenas para temperaturas acima de 1200 oC. Estes resultados indicam um

adensamento da estrutura na direção de uma grafitização do material e estão plenamente de

acordo com a espectroscopia no IR, onde as linhas de absorção da celulose e da lignina

desapareceram com o aumento da temperatura de tratamento restando as faixas largas nas

posições características dos anéis aromáticos. Em 950 oC desaparecem todas as bandas

largas de absorção referentes aos anéis aromáticos e das estruturas remanescentes dos

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compostos da madeira. Estes resultados concordam também com a análise térmica que

apresenta mudanças dramáticas somente nas amostras tratadas à temperaturas mais altas.

Há pequenos picos sobrepostos aos picos largos em todas as amostras, indicando

cristalinidade devido a presença de cinzas como Ca, Mg, K e outros possíveis elementos

muito comuns na madeira. Não nos preocupamos em fazer a identificação de cada um

deles porque as cinzas são elementos de baixo peso molecular e, portanto, de pouco

interesse para nossas análises.

10 20 30 40 50

0

3000

6000

950°C

450°C

310°C

230°CInte

nsid

ade

(uni

dade

arb

itrár

ia)

2θ (0)

Figura 21- Curvas de análise de raios x de aroeira tratada a várias temperaturas.

5.4- Microscopia eletrônica de varredura

As micrografias obtidas por MEV, Figura 22, evidenciam as intensas mudanças na

morfologia das amostras tratadas em várias temperaturas. As amostras tratadas a

temperaturas de 230°C e 310oC ainda apresentam estrutura fibrosa, fratura esfiapada. A

natureza lamelar da parede celular, ou seja, ser composta de camadas cujas composições

diferem entre si, e as diferenças de temperatura e velocidade de pirólise de seus

constituintes mantém a estrutura fibrosa da madeira pirolisada em baixas temperaturas,

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uma vez que a madeira mantém ainda lignina e celulose ainda não totalmente degradadas

termicamente.

Figura 22- Micrografias (com mesmo aumento) das amostras com diferentes temperaturas de

tratamento térmico.

Estes resultados são novamente concordantes com os resultados de análise térmica e de

absorção no IR. Mais especificamente, embora a celulose tenha sido pirolisada quase

completamente em 310°C a estrutura anisotrópica da madeira ainda existe devido à lignina

presente. Em 450°C a lignina já foi bastante alterada e a estrutura torna-se bastante

isotrópica mecanicamente e ocorre uma superfície de fratura bem plana. Isto quer dizer que

a madeira já está em estágio avançado de carbonização no qual as estruturas dos

componentes da madeira se assemelham a do carvão. No entanto, a disposição dos anéis de

carbono ainda se dispõe espacialmente de forma desorganizada retendo ainda íons de

hidrogênio, sulfetos, etc.Em temperaturas superiores a aproximadamente 800 oC começa a

ocorrer a grafitização da amostra, ou seja, a perda destes íons e um adensamento dos anéis

mudam as propriedades físico-químicas do produto, o que pode ser visto pelo

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comportamento mais “brilhante” da superfície fraturada sob o feixe de elétrons do MEV.

Podemos ver, também, que nas micrografias das amostras tratadas a 450 e 950°C a amostra

apresenta uma estrutura porosa, com tamanha médio de poros igual a 10 μm. Sob vácuo, a

decomposição da madeira para a formação de carvão requer temperaturas altas por tempo

prolongado para se completar.

5.5- Adsorbância

A Figura 23 mostra a curva de água adsorvida pela amostras pirolisadas a várias

temperaturas.

300 400 500 600 700 800 900 1000

2

4

6

8

10

Águ

a ad

sorv

ida

(%)

Temperatura de pirólise(0C)

Figura 23- Quantidade de água adsorvida em amostras pirolisadas a diversas temperaturas.

A capacidade de adsorção de água das amostras não varia significativamente,

dentro do erro experimental, tanto no intervalo de tratamento entre 300 oC e 600oC quanto

no intervalo acima de 700 oC. Na região aproximada entre 600 oC e 700 oC ocorre um

acréscimo substancial na capacidade de adsorção da água, denotando uma mudança brusca

nas propriedade físico-químicas e morfológicas das amostras, ou seja a ativação do carvão

ocorre neste intervalo.

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6. Conclusões

Resultou deste trabalho, de maneira geral, uma maior compreensão dos processos

físico-químicos ocorridos durante a pirólise de madeira (em particular da aroeira) e das

propriedades dos produtos finais em função da temperatura de pirólise. Esta visão

“panorâmica” nos é conferida pelos seguintes fatos experimentais:

1. A pirólise da madeira é um processo complexo que ocorre em várias etapas com

particularidades bem distintas:

a. De menor importância para o escopo deste trabalho ocorrem perdas de

voláteis da madeira até temperaturas em torno de 100oC;

b. O processo de carbonização à vácuo começa em temperaturas pouco

superiores a 200oC com o início da decomposição das hemiceluloses e

celuloses. Quase que simultaneamente a lignina começa a se transformar;

c. Mesmo que os inícios das transformações ocorram em temperaturas muito

próximas, a celulose e a hemicelulose carbonizam-se a vácuo muito

rapidamente enquanto que a lignina sofre um processo lento;

d. A pirólise a vácuo completa da madeira aroeira se dá em temperaturas

acima de 750ºC. A pirólise da lignina é muito mais lenta que a da

celulose.

2. As propriedades físico-químicas da madeira sofrem mudanças dramáticas em

determinadas faixas de temperaturas, quais sejam:

a. Nas amostras tratadas a 230°C as análises de raios-x mostraram picos

característicos da cristalinidade da celulose que não aparecem nas

amostras de 310°C comprovando a degradação da celulose e, portanto,

sua cristalinidade;

b. Entre aproximadamente 200oC e 600oC ocorre a carbonização da madeira

consistindo em transformação completa dos seus componentes em carvão.

Mantém-se constante a capacidade de adsorção de água;

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c. Entre 600oC e 700oC ocorre um salto substancial na capacidade de

adsorção das amostras decorrente da densificação dos anéis aromáticos

tornando as amostras quimicamente próximas do grafite, mas amorfas;

d. Na faixa de 700°C a 950°C picos largos surgem informando que as

amostras podem apresentar uma estrutura nanocristalina. Isto ocorre

devido ao adensamento da estrutura se aproximando da estrutura do

grafite.

As técnicas experimentais adotadas, bem como a metodologia, foram adequadas ao

estudo realizado, uma vez que os resultados das análises estão plenamente de acordo entre

si e fornecem boa base experimental para conclusões.

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7. Sugestões para trabalhos posteriores

• Haja visto que a capacidade de adsorção da madeira tratada é grande e

aumenta em função da temperatura de tratamento, sugere-se para trabalhos

futuros uma análise mais profunda da área superficial e porosidade

utilizando-se de análises de BET (função de Brunauer, Emmett e Teller)

• Os componentes principais da madeira (lignina, celulose e hemiceluloses)

não estão distribuídos homogeneamente na parede celular da madeira.

Sugere-se então que se faça um ataque químico antes de realizar a pirólise

para remover seletivamente um dos componentes provocando uma maior

área superficial e consequentemente uma maior porosidade.

• Dopar o carvão produzindo uma cerâmica porosa com a microestrutura da

madeira partindo da infiltração de metais pelo método sol-gel, mudando as

características físico-químicas da superfície adsorvedora, aumentando

porventura sua capacidade de adsorção.

• As proporções e disposições de lignina, celulose e hemiceluloses na madeira

dependem do tipo de árvore da qual foi retirada, da parte da árvore (cerne,

alburno, casca) e também da idade da árvore. Devido a isso é interessante

estudar outros tipos de madeira em busca de um material que atinja, com a

pirólise, uma maior área superficial e maior porosidade.

• Promover o ataque biológico da madeira por enzimas de microorganismos

antes de realizar a pirólise.

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