adocao reportagem

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Ser mãe significa: “ter alguém do teu lado em todos os momentos . É fazer a unhas juntas, dividir os livros de receitas, ir ao shopping, poder contar alguns segredinhos que só nós mulheres sabemos”. Assim declara o significado de ser mãe de F. M., que foi chamada após 3 anos e meio de espera, e já estava há um tempo com a criança de forma ilegal. Para adotar legalmente é preciso se inscrever no cadastro de adoção na Vara da Infância e Juventude da cidade e fazer um pedido, através de um defensor público ou advogado, informando o perfil da criança que se pretende adotar. Os interessados devem também fazer um curso de preparação e passar por avaliações e entrevistas que comprovem sua capacidade de ser pai ou mãe. Só depois que o pedido for autorizado pelo juiz é que o cadastro será aceito. A partir disso, a pessoa deve esperar na fila, que seguirá em ordem cronológica. Marise Boratto Przytocki, 40 anos, afirma ter sido rápido o processo, por se tratar de 03 irmãos maiores de 04 anos: “Foram 4 meses, ente entrevistas com assistente social e psicólogos, cursos e adaptação com as crianças”. De acordo com dados do CNA (Cadastro Nacional de Adoção), em 8 de maio de 2013, entre os 5.426 adolescentes e crianças prontos para adoção haviam 1.777 brancos (32,75%), 2.575 pardos (47,46%), 1.024 negros (18,87%), 23 de pele amarela (0,42%) e 35 indígenas (0,65%). Em relação aos pretendentes cadastrados, 9.450 (32,10%) aceitavam somente crianças brancas, contra 1.644 (5,58%) que queriam apenas crianças pardas e 573 (1,95%) que desejavam crianças negras. Existiam 11.475 pessoas indiferentes à cor da pele (38,98%). A preferência era por crianças do sexo feminino: 32,65% ou 9.613 pretendentes. As chamadas crianças tardias - com mais de 6 anos somam mais de 4.883 - cerca de 90% 46% pardos 36% brancos 19% negros

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Adoção: texto jornalístico

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Page 1: Adocao reportagem

Ser mãe significa: “ter alguém do teu lado em todos os momentos . É fazer a unhas juntas, dividir os livros de receitas, ir ao shopping, poder contar alguns segredinhos que só nós mulheres sabemos”.

Assim declara o significado de ser mãe de F. M., que foi chamada após 3 anos e meio de espera, e já estava há um tempo com a criança de forma ilegal.

Para adotar legalmente é preciso se inscrever no cadastro de adoção na Vara da Infância e Juventude da cidade e fazer um pedido, através de um defensor público ou advogado, informando o perfil da criança que se pretende adotar. Os interessados devem também fazer um curso de preparação e passar por avaliações e entrevistas que comprovem sua capacidade de ser pai ou mãe. Só depois que o pedido for autorizado pelo juiz é que o cadastro será aceito. A partir disso, a pessoa deve esperar na fila, que seguirá em ordem cronológica.

Marise Boratto Przytocki, 40 anos, afirma ter sido rápido o processo, por se tratar de 03 irmãos maiores de  04 anos: “Foram 4 meses, ente entrevistas com assistente social e psicólogos, cursos e adaptação com as crianças”.

De acordo com dados do CNA (Cadastro Nacional de Adoção), em 8 de maio de 2013,

entre os 5.426 adolescentes e crianças prontos para adoção haviam 1.777 brancos

(32,75%), 2.575 pardos (47,46%), 1.024 negros (18,87%), 23 de pele amarela (0,42%) e

35 indígenas (0,65%).

Em relação aos pretendentes cadastrados, 9.450 (32,10%) aceitavam somente crianças

brancas, contra 1.644 (5,58%) que queriam apenas crianças pardas e 573 (1,95%) que

desejavam crianças negras.

Existiam 11.475 pessoas indiferentes à cor da pele (38,98%). A preferência era por

crianças do sexo feminino: 32,65% ou 9.613 pretendentes.

As chamadas crianças tardias - com mais de 6 anos somam mais de 4.883 - cerca de

90%

46% pardos

36% brancos

19% negros

2000 possuem irmãos cadastrados, que não podem ser separados em caso de adoção

 

A adoção legal, além de obedecer à lei e não expor a criança a riscos de traumas psicológicos garante à família um procedimento seguro, tranquilo e definitivo. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), só em 2013, mais de 5 mil crianças e adolescentes estão no Cadastro

Page 2: Adocao reportagem

Nacional de Adoção esperando um novo lar. Desde 2006, mais de 1.987 mil crianças cadastradas foram adotadas.

Quem pode adotar?

Qualquer pessoa maior de 18 anos, independentemente de sexo, ou estado civil pode entrar com um pedido de adoção. A diferença de idade entre o adotante e a criança adotada deve ser de, no mínimo, 16 anos.

Quando se é casado, ou se vive uma união estável, o pedido deve ser feito em conjunto.

A adoção por casais em união homoafetiva ainda não está prevista em lei, mas já existem diversos casos de decisões judiciais favoráveis.

 

° Passo

Procure a Vara da Infância e Juventude mais próxima.

 

2º Passo

Prepare uma petição, que pode ser feita por defensor público ou advogado particular para dar entrada nos papéis necessários e aguardar a aprovação. (Nome nos cadastros)

 

3º Passo

Você deverá fazer um curso de preparação psicossocial e jurídica para ser considerado apto a adotar uma criança. Este curso é oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude.

 

4º Passo

Após o curso, você será avaliado por uma equipe composta por diversos profissionais que atestará a sua capacidade psicossocial e socioeconômica para manter uma criança.

 

5° Passo

Page 3: Adocao reportagem

Neste estágio, você passará por uma entrevista técnica, em que descreverá o perfil da criança que deseja adotar: sexo, faixa etária, estado de saúde, se tem irmãos, ou não.

 

6º Passo

Depois da avaliação e entrevista, seu pedido será enviado ao Ministério Público. Caso seja aprovado, seu nome será inscrito nos cadastros.

 

7º Passo

Surgiu uma criança com o perfil que você deseja adotar. A Vara de Infância entrará em contato e apresentará o histórico de vida da criança. Caso seja de seu interesse, eles marcarão um primeiro encontro entre você a criança.

 

8° Passo

Após o primeiro encontro, você e a criança serão entrevistados para saber se ambos querem dar continuidade ao processo.

 

9° Passo

Você poderá fazer visitas à criança no abrigo onde ela vive e até dar pequenos passeios monitorados para que vocês se conheçam melhor.

 

10° Passo

Depois de conhecer a criança, você ajuizará a ação de adoção e receberá a guarda provisória até o final deste processo. Até a conclusão, a equipe técnica continuará realizando visitas periódicas para apresentar uma avaliação.

 

11° Passo

O juiz dá a sentença de adoção e a partir daí, determina a lavratura do novo registro de nascimento, já com o sobrenome da nova família. O primeiro nome da criança também poderá ser trocado e ela passa a ter todos os direitos de um filho biológico.

 

A Nova Lei Nacional de Adoção

Page 4: Adocao reportagem

De acordo com a lei os abrigos de proteção precisam encaminhar relatórios periódicos, de seis em seis meses, às autoridades judiciárias. Neste relato devem narrar se os abrigados estão em processo de adoção ou de retorno para suas famílias.

A lei de adoção garante direito a qualquer pessoa maior de 18 anos, mesmo solteira, de entrar com processo de adoção, mas a diferença de idade entre a criança e o adulto, nesta situação, deve ser de, no mínimo, 16 anos. As crianças maiores de 12 anos podem opinar sobre o processo ajudando na decisão do juiz.

ADOÇÃO EM NÚMEROS

Desde 2009, é obrigatório um curso de preparação para a adoção, indicados pelas Varas da Infância e da Juventude, e ministrado pelos grupos de apoio à adoção. Passo a passo da adoção

1 - A pessoa ou casal interessado em adotar, maior de 18 anos, deve

comparecer a uma Vara da Infância e da Juventude mais próxima de sua casa

ou então ao Fórum. Lá deverá procurar o Serviço Social e se inscrever no CPA

(Cadastro de Pretendentes à Adoção).

2 - Em geral, nesse momento, os documentos pedidos são: cópias do RG e do

CPF, comprovante de rendimentos (holerite ou declaração do empregador em

papel timbrado, declaração de Imposto de Renda), comprovante de endereço,

atestados de sanidade física e mental, certidões negativas de antecedentes

criminais, cópias autenticadas da certidão de casamento ou de nascimento, no

caso de pessoas solteiras.

3 - Também poderão ser pedidas fotos do pretendente e de sua residência,

parte interna e externa.

4 - Depois de reunida toda a documentação, tem início o processo de

habilitação à adoção. A papelada será enviada ao setor técnico para o

agendamento de entrevistas que deverão ser feitas por assistentes sociais e

psicólogos.

5 - Nesse momento, também poderá ser feita uma visita domiciliar.

Page 5: Adocao reportagem

6 - Assim que os técnicos encerrarem a avaliação do pretendente (casal ou

solteiro), a documentação será enviada ao Ministério Público. É o juiz quem

dará uma sentença de habilitação à adoção.

7 - A partir daí, o pretendente entra no Cadastro Nacional de Adoção, ficando

na lista de espera da criança ou adolescente que se enquadrar no que foi

previamente estipulado.

O que saber sobre adoção

A adoção é um instituto jurídico a partir do qual uma criança ou adolescente não gerado

biologicamente pelo adotante torna-se irrevogavelmente (ECA, art. 48) seu filho(a). Trata-se

de medida excepcional (ECA art. 19), cabível apenas quando se verificar a impossibilidade de

manutenção da criança ou adolescente na família de origem. E tem como objetivo maior a

garantia do direito fundamental das crianças e adolescentes à convivência familiar e

comunitária (CF, art. 227, e ECA, art. 19). Este direito também pode ser atendido por meio de

outras duas medidas protetivas, que são a guarda ou a tutela.

Com a adoção, a criança ou adolescente passa a ter os mesmos direitos e deveres (ECA, art.

41), inclusive hereditários. Passa a ter o mesmo sobrenome do(s) adotante(s) e nunca mais

deixará de ser considerado filho deste(s). Nem mesmo a morte do(s) adotante(s) devolve os

direitos aos pais biológicos (para isso, é necessário proceder à nova adoção).

A Vara da Infância e da Juventude (VIJ) mantém um cadastro (ECA, art. 50) de crianças e

adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas habilitadas para adotar.

Deste modo, a Justiça realiza um trabalho de mediação entre as crianças ou adolescentes

que precisam de família e as famílias que se disponibilizam a adotá-los. A VIJ também atende

as famílias de origem dessas crianças ou adolescentes.

O vínculo de adoção constitui-se por sentença judicial (ECA, art. 47). Por isso, o Juiz da Vara

da Infância e da Juventude é a autoridade legitimada pela sociedade para aplicar a medida

de adoção. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e

fundar-se em motivos legítimos (ECA, art. 43).