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CADERNOS CCOM VOLUME I KARLA CROSARA IKUMA REZENDE Adoção de Critérios de Elegibilidade para o Acesso Individual Classe Especial – AICE do Serviço Telefônico Fixo Comutado Destinado ao Uso do Público em Geral

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CADERNOS CCOM

VOLUME I

KARLA CROSARA IKUMA REZENDE

Adoção de Critérios de Elegibilidade para o Acesso Individual Classe Especial – AICE do

Serviço Telefônico Fixo Comutado Destinado ao Uso do Público em Geral

COORDENADOR GERALMurilo César Ramos

PROJETO GRÁFICONúcleo de Multimídia e Internet – NMI/UnB

EQUIPE EDITORIALPreparação de originaisDaniela Garrossini e Maria do C. Rigon

RevisãoCatarina Felix

Editoração EletrônicaSuhelen Chaves e Luciana Lobato

CapaCristiane Arakaki

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB

EDITORA FACULDADE DE TECNOLOGIA - FTCampus Universitário Darcy Ribeiro,

Asa Norte – Brasília – DF – Brasil

CEP: 70910-900 – Caixa Postal: 04386

Fone: +55 (61) 3307-2305 / 3307-2300 Fax: +55 (61) 3273-8893

e-mail: [email protected]

R467a Rezende, Karla Crosara Ikuma.

Adoção de Critérios de Elegibilidade para o Acesso Individual Classe Especial - AICE do Ser-viço Telefônico Fixo Comutado Destinado ao Uso Publico em Geral – STFC/ Karla Crosara Ikuma Rezende; Márcio Nunes Iório Aranha Oliveira (Orientador). – Brasília: Faculdade de Tecnologia/UnB, 2008.

64 p. – (Cadernos CCOM; Volume I).

ISBN:

1. Telecomunicações. 2. Serviços públicos em geral. I. Título. II. Karla Crosara Ikuma Rezende. II. Centro de Políticas, Direito, Economia e Tecnologias das Comunicações (CCOM). III. Márcio Nunes Iório Aranha de Oliveira (Orientador).

CENTRO DE POLÍTICAS, DIREITO, ECONOMIA E TECNOLOGIAS DAS COMUNICAÇÕES - CCOM

Série: CADERNOS CCOM - VOLUME I

Monografia defendida como requisito de aprovação no V Curso de Especialização em Regulação de Telecomunicações da UnB em 18 de julho de 2006.

Orientador: Profº Márcio Nunes Iório Aranha Oliveira

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Bibliotecária responsável: Catarina Felix dos Santos Soares CRB 514/1ª região)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................ 5

1 UNIVERSALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES ........ 7

1.1 UNIVERSALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL .................................................................................................... 7

1.2 TRATAMENTO INTERNACIONAL DA UNIVERSALIZAÇÃO OU SERVIÇO UNIVERSAL .......................................................................................... 18

1.2.1 União Internaional das Telecomunicações - UIT ....................... 18

1.2.2 Comissão Interamericana de Telecomunicações - CITEL .......... 19

1.2.3 Estados Unidos - EUA ................................................................ 20

1.2.4 Portugal ..................................................................................... 24

2 ACESSO INDIVIDUAL CLASSE ESPECIAL - AICE ............................ 27

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO E BASE LEGAL ........................................ 27

2.2 ELEGIBILIDADE ............................................................................. 39

CONCLUSÃO ......................................................................................... 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 61

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INTRODUÇÃO

Os serviços de telecomunicações na atualidade são considerados de suma importância para a sociedade e, por via de conseqüência, para o desen-volvimento sócio-econômico dos países.

A sociedade que possui acesso aos serviços de telecomunicações indistintamente, sem discriminação especialmente no tocante à condi-ção econômica de seus indivíduos, certamente se sobressairá dentre as demais. As telecomunicações propiciam disseminação de informações, criando uma nova cultura de educação, fator essencial para o desenvol-vimento de uma nação.

Destarte, o tema a ser abordado trata da possibilidade jurídica de se ado-tar critério que resulte em eleição de certo segmento da sociedade, aquele composto por indivíduos com menor poder aquisitivo, para usufruírem do Serviço Telefônico Fixo Comutado destinado ao uso do público em geral - STFC, em condições tarifárias especiais, por meio da nova classe de assinantes deste serviço, intitulada Acesso Individual Classe Especial - AICE.

A partir da análise dos aspectos que fundamentam o “princípio” da uni-versalização ou serviço universal ou, ainda, acesso universal, no Brasil, nos Estados Unidos e em Portugal, países adotados como referência, constatar-se-á que o conceito de eleição de segmentos é indissociável do de universalização, constante da Lei nº 9.472/97 - Lei Geral de Teleco-municações (LGT).

A igualdade, princípio constitucional, em uma sociedade alicerçada nas diferenças, só é obtida por meio de práticas isonômicas de tratamento, de forma que possibilitem o nivelamento dos diversos indivíduos. Neste sentido, insere-se o AICE, cabendo ao Estado, por meio de suas ins-tituições, estabelecer mecanismos, baseados no princípio da isonomia, eficazes para a efetiva universalização do único serviço público de tele-comunicações, o STFC, assim considerado pelo Decreto nº 2.534, de 02 de abril de 1998, que aprovou o Plano Geral de Outorgas (PGO).

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1 UNIVERSALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES

1.1 UNIVERSALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL

A universalização dos serviços de telecomunicações fez parte dos princí-pios norteadores da reforma das telecomunicações brasileiras, em mea-dos de 1997, com a edição da Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997 - Lei Geral de Telecomunicações (LGT). Tínhamos, à época, uma empresa esta-tal (Telecomunicações Brasileiras - Telebrás) responsável pela prestação dos serviços de telecomunicações no país e, com a desestatização, houve a necessidade de um disciplinamento apropriado para o novo cenário, qual seja, a prestação dos serviços de telecomunicações por empresas privadas.

Neste sentido, de acordo com a Exposição de Motivos nº 231/Ministério das Comunicações, de 10 de dezembro de 1996, foram formulados os seguintes objetivos específicos para a reforma das telecomunicações no Brasil, sendo a figura da universalização erigida como princípio essen-cial no arcabouço legal:

I) fortalece o papel regulador do Estado e eliminar seu papel de empresário. Esse objetivo contempla a orientação de que o Estado promoverá um grau adequado de super-visão sobre o setor, de modo a assegurar que sejam alcan-çados os objetivos essenciais da reforma, a criação de um mercado de competição efetiva e a proteção dos consu-midores contra comportamentos anticoncorrenciais. Adi-cionalmente, sintetiza a decisão de privatizar as empresas atualmente sob controle acionário da União, bem como de outorgar novas licenças para que operadores privados prestem serviços de telecomunicações no Brasil;

II) aumentar e melhorar a oferta de serviços. Três temas básicos decorrem desse objetivo: a promoção da diversi-dade dos serviços oferecidos à sociedade; o aumento sig-nificativo da oferta de serviços de telecomunicações no Brasil; e o alcance de padrões de qualidade compatíveis com as exigências do mercado;

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III) em um ambiente competitivo, criar oportuni-dades atraentes de investimento e de desenvol-vimento tecnológico e industrial. Nesse objetivo consolidam-se três intenções básicas. A primeira delas associa-se à necessidade de atração de capi-tais privados através da criação de oportunidades para investimento no setor. A segunda diz res-peito à construção de um ambiente que propicie o desenvolvimento da competição justa no mer-cado e facilite a consolidação de novos partici-pantes. Finalmente, a terceira refere-se à geração de condições que estimulem a pesquisa e o desen-volvimento tecnológico e industrial;

IV) criar condições para que o desenvolvimento do setor seja harmônico com as metas de desenvol-vimento social do País. Quatro são as proposições básicas consolidadas nesse objetivo: propiciar condições para reduzir o diferencial de cobertura dos serviços de telecomunicações entre as diver-sas regiões do País e entre as diversas faixas de renda; criar condições para a prática de tarifas razoáveis e justas para os serviços de telecomu-nicações; promover serviços de telecomunicações que incentivem o desenvolvimento econômico e social do País; e alcançar metas específicas de serviço universal;

V) maximizar o valor de venda das empresas esta-tais de telecomunicações sem prejudicar os obje-tivos anteriores. Esse objetivo expressa a inten-ção de que o processo de privatização das atuais operadoras estatais seja planejado de forma que os objetivos essenciais ligados à introdução da competição e à promoção do acesso universal aos serviços básicos sejam alcançados, sem, con-tudo, provocar impactos negativos importantes no valor dos ativos a serem vendidos.

Imputou-se, portanto, as obrigações de universalização e de con-tinuidade aos serviços de telecomunicações prestados em regime público, sendo que, desde a edição da LGT, até hoje, temos ape-nas o Serviço Telefônico Fixo Comutado destinado ao uso do

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público em geral (STFC) considerado como tal, de acordo com o Decreto nº 2.534, de 02 de abril de 1998, que aprovou o Plano Geral de Outorgas (PGO).

Definiram-se obrigações de universalização, de acordo com o artigo 79, §1º, da referida lei como:

§1º. As obrigações de universalização são as que obje-tivam possibilitar o acesso de qualquer pessoa ou insti-tuição de interesse público a serviço de telecomunica-ções, independentemente de sua localização e condição sócio-econômica, bem como as destinadas a permitir a utilização das telecomunicações em serviços essenciais de interesse público.

O artigo 80 e seus respectivos parágrafos dispuseram que as obrigações de universalização seriam objeto de metas periódicas, estabelecidas em plano específico elaborado pela Anatel e aprovado pelo Poder Executivo. Diante disto, foi editado o Decreto nº 2.592, de 15 de maio de 1998, que aprovou o Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Tele-fônico Fixo Comutado prestado no regime público (PGMU/98), fixando metas para as concessionárias relativas aos acessos individuais e cole-tivos.

As metas finais deste plano tiveram vigência de 18 de maio de 1998 a 31 de dezembro de 2005, consistindo resumidamente em:

a) Metas de Acessos Individuais:

• Implantar o STFC, com acessos individuais, até 31 de dezembro de 2005, em todas as localidades com mais de 300 habitantes.

b) Metas de Prazo - Acessos Individuais:

• Atender às solicitações de acesso individual, nas localidades com STFC, no prazo máximo de uma semana, a partir de 31 de dezembro de 2004.

c) Metas de Acessos Coletivos:

• Cada localidade com mais de 100 habitantes ainda não atendida pelo STFC deverá, até 31 de dezembro de 2005 dispor de pelo menos um Tele-

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fone de Uso Público (TUP)1 1, instalado em local acessível 24 horas por dia e capaz de originar e receber chamadas de longa distância nacional e internacional.

• Nas localidades com STFC com acessos individuais, as Concessioná-rias deverão, a partir de 31 de dezembro de 2005, ativarem, por Uni-dade da Federação, TUPs em quantidade que respeite a densidade de 8,0 TUP/1000 habitantes e a relação percentual de 3,0% de TUP pelo total de acessos instalados.

No tocante à responsabilidade em custear as metas, os artigos 80 e 81 da LGT estabeleceram:

Art. 80. As obrigações de universalização serão objeto de metas periódicas, conforme plano específico elaborado pela Agência e aprovado pelo Poder Executivo, que deverá referir-se, entre outros aspectos, à disponibilidade de ins-talações de uso coletivo ou individual, ao atendimento de deficientes físicos, de instituições de caráter público ou social, bem como de áreas rurais ou de urbanização precária e de regiões remotas.§ 1º O plano detalhará as fontes de financiamento das obrigações de universalização, que serão neutras em rela-ção à competição, no mercado nacional, entre prestado-ras.§ 2º Os recursos do fundo de universalização de que trata o inciso II do art. 81 não poderão ser destinados à cober-tura de custos com a universalização dos serviços que, nos termos do contrato de concessão, a própria presta-dora deva suportar.

Art. 81. Os recursos complementares destinados a cobrir a parcela do custo exclusivamente atribuível ao cumpri-mento das obrigações de universalização de prestadora de serviço de telecomunicações, que não possa ser recupe-rada com a exploração eficiente do serviço, poderão ser oriundos das seguintes fontes:

1 Decreto nº 2.592, de 15 de maio de 1998: “Art. 3º, X. Telefone de Uso Público (TUP): é aquele que permite, a qualquer pessoa, utilizar, por meio de acesso de uso coletivo, o STFC, indepen-dentemente de assinatura ou inscrição junto à prestadora;”

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I - Orçamento Geral da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;II - fundo especificamente constituído para essa finali-dade, para o qual contribuirão prestadoras de serviço de telecomunicações nos regimes público e privado, nos ter-mos da lei, cuja mensagem de criação deverá ser enviada ao Congresso Nacional, pelo Poder Executivo, no prazo de cento e vinte dias após a publicação desta Lei.Parágrafo único. Enquanto não for constituído o fundo a que se refere o inciso II do caput, poderão ser adotadas também as seguintes fontes:I - subsídio entre modalidades de serviços de telecomuni-cações ou entre segmentos de usuários;II - pagamento de adicional ao valor de interconexão.

Posteriormente, em consonância com a LGT, foi editada a Lei nº 9.998, de 17 de agosto de 2000, que instituiu o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) e o Decreto nº 3.624, de 5 de outu-bro de 2000, que o regulamentou.

De acordo com o artigo 6º, da referida lei, constituem receitas do fundo:

I - dotações designadas na lei orçamentária anual da União e seus créditos adicionais;

II - cinqüenta por cento dos recursos a que se referem as alíneas c, d, e e j do art. 2º da Lei no 5.070, de 7 de julho de 1966, com a redação dada pelo art. 51 da Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, até o limite máximo anual de setecentos milhões de reais;

III - preço público cobrado pela Agência Nacional de Telecomunicações, como condição para a transferência de concessão, de permissão ou de autorização de serviço de telecomunicações ou de uso de radiofreqüência, a ser pago pela cessionária, na forma de quantia certa, em uma ou várias parcelas, ou de parcelas anuais, nos termos da regulamentação editada pela Agência;

IV - contribuição de um por cento sobre a receita opera-cional bruta, decorrente de prestação de serviços de tele-comunicações nos regimes público e privado, excluindo-se o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e obre Prestações de Serviços de Transportes

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Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações - ICMS, o Programa de Integração Social - PIS e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins;

V - doações;

VI - outras que lhe vierem a ser destinadas. Parágrafo único. Não haverá a incidência do Fust sobre as trans-ferências feitas de uma prestadora de serviços de teleco-municações para outra e sobre as quais já tenha havido o recolhimento por parte da prestadora que emitiu a conta ao usuário, na forma do disposto no art. 10 desta Lei.

Neste sentido, estabeleceu o PGMU/98 que:

Art. 2º Este Plano estabelece as metas para a progres-siva universalização do Serviço Telefônico Fixo Comu-tado prestado no regime público, a serem cumpridas pelas Concessionárias do serviço, nos termos do art. 80, da Lei nº 9.472, de 1997. § 1º Todos os custos relaciona-dos com o cumprimento das metas previstas neste plano serão suportados, exclusivamente, pelas Concessionárias por elas responsáveis, nos termos fixados nos respectivos contratos de concessão, observado o disposto no §2º do art. 4º.

§ 2º A Agência Nacional de Telecomunicações - ANA-TEL, em face de avanços tecnológicos e de necessidades de serviços pela sociedade, poderá propor a revisão do conjunto de metas que objetivam a universalização do serviço, observado o disposto nos contratos de concessão, bem como propor metas complementares ou antecipação de metas estabelecidas neste Plano, a serem cumpridas pelas prestadoras do Serviço Telefônico Fixo Comutado, definindo, nestes casos, fontes para seu financiamento, nos termos do art. 81 da Lei nº 9.472, de 1997.

§ 3º As metas apresentadas neste Plano serão detalhadas, por Concessionária, nos respectivos contratos de conces-são.

Portanto, o referido plano deixou claro que o cumprimento de tais metas não seria objeto de subsídio por meio dos recursos do FUST.

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Recentemente, com a renovação dos Contratos de Concessão do STFC e a edição de novo PGMU, por meio do Decreto nº 4.796, de 27 de junho de 2003 (PGMU/03), foram estabelecidas novas metas, cujos custos, tam-bém, devem ser suportados, exclusivamente pelas concessionárias do serviço. No referido decreto foi criada então a classe especial do STFC, ou seja, o Acesso Individual Classe Especial - AICE. Dispôs o referido decreto sobre o AICE:

Art. 3º. Para efeitos deste Plano são adotadas as definições constantes da regulamentação, em especial as seguintes:

I - Acesso Individual Classe Especial - AICE é aquele que tem por finalidade a progressiva universalização do acesso individualizado por meio de condições especificas de oferta, utilização, aplicação de tarifas, forma de paga-mento, tratamento das chamadas, qualidade e sua função social;

Art. 19. A partir de 1º de janeiro de 2006, as concessioná-rias do STFC na modalidade Local devem ofertar o AICE, nas localidades com acessos individuais, observando que o atendimento da solicitação de instalação deve ocorrer após a inscrição do assinante, no prazo máximo de trinta dias.

Parágrafo único. A ANATEL estabelecerá regulação espe-cífica e, se necessário, a adequação de regulamentos e normas para a implementação do AICE.

Sobre os custos, o Regulamento do AICE, aprovado pela Resolução nº 427, de 16 de dezembro de 2005, dispôs:

Art. 4º Todos os custos relacionados com o cumprimento do disposto no presente Regulamento são suportados, exclusivamente, pela concessionária do STFC na modali-dade local - Concessionária, nos termos fixados nos res-pectivos contratos de concessão.

As metas deste plano de universalização atual têm vigência a partir de 1º de janeiro de 2006 e consistem em:

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a) Metas de Acessos Individuais:

• A partir de 1º de janeiro de 2006, as concessionárias do STFC deverão ter implantado o STFC, com acessos individuais das classes residenciais, não residencial e tronco, em todas as localidades com mais de 300 habi-tantes.

b) Metas de Prazo - Acessos Individuais:

• A partir de 1º de janeiro de 2006, as concessionárias do STFC deverão atender às solicitações de acesso individual, das classes residencial, não residencial e tronco, nas localidades com STFC, no prazo máximo de sete dias.

c) Metas de Prioridade no atendimento - Acessos Individuais:

• A partir de 1º de janeiro de 2006, em localidades com STFC com aces-sos individuais, as concessionárias devem:

i) dar prioridade às solicitações de acesso individual dos estabelecimentos de ensino regular, das instituições de saúde, estabelecimentos de segurança pública, bibliotecas e museus públicos, órgãos do Poder Judiciário, órgãos do Ministério Público e órgãos de defesa do consumidor;

ii) tornar possível a utilização do STFC para comunica-ção com serviços públicos de emergência, existentes na localidade;

iii) tornar disponíveis acessos individuais para estabeleci-mentos de ensino regular, das instituições de saúde, esta-belecimentos de segurança pública, bibliotecas e museus públicos, órgãos do Poder Judiciário, órgãos do Ministé-rio Público, objetivando permitir-lhes a comunicação por meio de voz ou da transmissão de outros sinais e a cone-xão a provedores de acesso a serviços internet, mediante utilização do próprio STFC ou deste como suporte de acesso a outros serviços.

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d) Metas de Acessos Coletivos:

• A partir de 1º de janeiro de 2006, todas as localidades com mais de 100 habitantes, ainda não atendidas pelo STFC, devem dispor de pelo menos um TUP2 instalado em local acessível 24 horas por dia e com capacidade de originar e receber chamadas de longa distância nacional e internacional.

• A partir de 1º de janeiro de 2006, nas localidades com STFC com acessos individuais, as concessionárias deverão ter ativados TUPs em quantidades que assegurem a densidade de 6,0 TUP/1000 habitantes por setor do Plano Geral de Outorgas, aprovado pelo Decreto nº 2.534, de 02 de abril de 1998.

• A partir de 1º de janeiro de 2006, as concessionárias do STFC na modalidade local devem, nas localidades onde o serviço estiver dispo-nível, ativar TUPs nos estabelecimentos de ensino regular, instituições de saúde, estabelecimentos de segurança pública, bibliotecas e museus públicos, órgãos do Poder Judiciário, órgãos do Ministério Público e órgãos de defesa do consumidor; observados os critérios estabelecidos na regulamentação.

• A partir de 1º de janeiro de 2006, as concessionárias do STFC na modalidade local devem assegurar que, nas localidades onde o serviço estiver disponível, pelo menos 2% dos TUPs sejam adaptados para cada tipo de portador de necessidades especiais, seja visual, auditiva, da fala e de locomoção, mediante solicitação dos interessados, observados os critérios estabelecidos na regulamentação, inclusive quanto à sua loca-lização e destinação.

• Os portadores de necessidades especiais poderão, diretamente ou por meio de quem os represente, solicitar adaptação do TUP de acordo com as suas necessidades, cujo atendimento deve ser efetivado, a contar do registro da solicitação, no prazo máximo de sete dias.

2 Decreto nº 4.796, de 27 de junho de 2003: “Art. 3º, X. Telefone de Uso Público (TUP): é aquele que permite, a qualquer pessoa, utilizar, por meio de acesso de uso coletivo, o STFC, indepen-dentemente de assinatura ou inscrição junto à prestadora;”

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e) Metas de Postos de Serviços:

• Cada Posto de Serviço de Telecomunicações (PST)3 deve dispor, de pelo menos, quatro TUPs, quatro Terminais de Acesso Público (TAP)4 e facilidades que permitam o envio e recebimento de textos, imagens e gráficos, em modo fac-símile, bem como deve estar acessível ao público em geral sete dias por semana no horário de oito às vinte horas.

• Os TUPs e os TAPs utilizados em PSTs devem permitir o pagamento dos serviços por meio de cartão indutivo, sem prejuízo de outras formas de pagamento, observado o disposto na regulamentação.

• Os PSTs deverão possibilitar que os consumidores sejam pessoalmente atendidos pelas concessionárias, inclusive para o exercício de seus direi-tos e interesses.

• Deve ser ativado, pelo menos, um PST por município com até 50.000 habitantes e, pelo menos, um PST para cada grupo com até 50.000 habi-tantes, nos municípios com população superior a cinqüenta mil habi-tantes.

• A ativação de mais de um PST, em um mesmo município ou locali-dade, deve ocorrer de forma a assegurar sua distribuição territorial de maneira uniforme e sua localização deve ser previamente aprovada pela Anatel.

3 Decreto nº 4.796, de 27 de junho de 2003: “Art. 3º, VIII. Posto de Serviço de Telecomunicações (PST): é um conjunto de instalações de uso coletivo, mantido pela concessionária, dispondo de, pelo menos, TUP e TAP, e possibilitando o atendimento pessoal ao consumidor;”4 Decreto nº 4.796, de 27 de junho de 2003: “Art. 3º, XI. Terminal de Acesso Público (TAP): é aquele que permite, a qualquer pessoa, utilizar, por meio de acesso de uso coletivo, o STFC, independentemente de assinatura ou inscrição junto à prestadora, incluindo, ainda, funções complementares que possibilitem o uso do STFC para conexão a Provedores de Acesso a Ser-viços Internet - PASI, de livre escolha do usuário, e envio e recebimento de textos, gráficos e imagens, por meio eletrônico, observado o disposto na regulamentação;”

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f) Metas de Postos de Serviços em Áreas Rurais:

• Cada PST de Unidade de Atendimento de Cooperativa (UAC)5 deve dispor de, pelo menos, um TUP, um TAP e facilidades que permitam o envio e recebimento de textos, imagens e gráficos, em modo fac-símile, bem como deve estar acessível ao público em geral sete dias por semana no horário de oito às vinte horas.

• Os TUPs e os TAPs utilizados em PST de UAC devem permitir o paga-mento dos serviços por meio de cartão indutivo, sem prejuízo de outras formas de pagamento, observado o disposto na regulamentação.

g) Metas de Acessos Individuais Classe Especial:

• A partir de 1º de janeiro de 2006, as concessionárias do STFC na moda-lidade Local devem ofertar o Acesso Individual Classe Especial (AICE)6, nas localidades com acessos individuais, observando que o atendimento da solicitação de instalação deve ocorrer após a inscrição do assinante, no prazo máximo de trinta dias.

Salienta-se que as metas de universalização cujos custos devem ser arca-dos pelas concessionárias foram as constantes do PGMU/98 e agora do PGMU/03. As políticas, as diretrizes gerais e as prioridades que orien-tarão as aplicações do FUST, bem como a definição dos programas, projetos e atividades financiados com recursos do referido fundo devem ser formulados e definidos pelo Ministério das Comunicações7.

Importante ressaltar, que até o momento foram arrecadados em torno de 2 bilhões de reais para o FUST, todavia ainda não utilizados.

5 Decreto nº 4.796, de 27 de junho de 2003: “Art. 3º, XII. Unidade de Atendimento de Coopera-tiva (UAC): é aquela que atende efetivamente os associados de uma cooperativa desenvolvendo atividades específicas, tais como, unidades de armazenagem, embalagem, frigorificação, cré-dito, infra-estrutura, bem como armazéns gerais alfandegários, nos termos do disposto na Lei no 5.025, de 10 de junho de 1966;”6 Decreto nº 4.796, de 27 de junho de 2003: “Art. 3º, I. Acesso Individual Classe Especial (AICE): é aquele que tem por finalidade a progressiva universalização do acesso individualizado por meio de condições específicas para sua oferta, utilização, aplicação de tarifas, forma de pagamento, tratamento das chamadas, qualidade e sua função social;”7 Lei 9.998/00: “Art. 2º. Caberá ao Ministério das Comunicações formular as políticas, as diretri-zes gerais e as prioridades que orientarão as aplicações do Fust, bem como definir os programas, projetos e atividades financiados com recursos do Fundo, nos termos do art. 5o desta Lei.”

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1.2 TRATAMENTO INTERNACIONAL DA UNIVERSALIZAÇÃO OU SERVIÇO UNIVERSAL8

1.2.1 União Internaional das Telecomunicações - UIT9

Na medida em que entramos no século XXI, continuam existindo focos extensos de população que não tem acesso aos serviços básicos de telecomunicações. Igualmente como a água, a comida e a habitação, o acesso aos meios de comunicação também deve ser um direito humano. Devemos trabalhar conjuntamente para que isto se torne realidade na região das Américas10.

Por meio destas palavras, o Diretor do Departamento de Desenvolvi-mento das Telecomunicações da UIT, Hamadoun I. Touré, exprime o entendimento da UniãoInternacional das Telecomunicações (UIT) sobre o acesso universal11 e serviço universal12.

8 Em alguns países os conceitos serviço ou acesso universal são utilizados no sentido de uni-versalização.9 Disponível em:<http:// www.itu.org> 10 Servicio Universal em Las Americas – Comisión Interamericana de Telecomunicaciones, Organi-zación de Los Estados Americanos, CITEL; Febrero 2000; Prólogo; pg V: “En la medida que entra-mos en el siglo XXI, continúan existiendo focos extensos de poblatión que no tienen acceso a los servicios básicos de telecomunicaciones. Al igual que el água, la comida, y la vivienda, el acceso a los comunicaciones también debe ser um derecho humano. Debemos trabajar conjuntamente para que esto se convierta em uma realidad em la región de las Américas – tradução livre do original.”11 Acesso Universal: acesso razoável às telecomunicações para todos, incluindo o serviço uni-versal para quem pode pagar pelo serviço telefônico individual e a instalação de telefones públicos a uma certa distância para o resto da população. Glossário do relatório sobre o Desen-volvimento Mundial das Telecomunicações da UIT/1998: “Acceso universal: acceso razonable a las telecomunicaciones para todos. Incluye el servicio universal pra quienes pueden pagar el servicio telefónico individual y la instalación de teléfonos públicos a uma distancia prudencial para el resto de la poblatión. - tradução livre do original.”12 Serviço Universal: disponibilidade, acesso não discriminatório e acessibilidade por todos ao ser-viço telefônico. O nível do serviço universal se mede estatisticamente em termos de porcentagem de lugares com telefone. Glossário do relatório sobre o Desenvolvimento Mundial das Telecomu-nicações da UIT /1998: “Servicio universal: disponibilidad, acceso no discriminatorio y asequibi-lidad general del servicio telefônico El nível de servicio universal se mide estadísticamente em términos de porcentje de hogares com teléfono. - tradução livre do original.”

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No ano de 1998, a quarta edição do Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial das Telecomunicações da UIT teve como escopo o Acesso Uni-versal, resultando em um instrumento completo de análise das políticas de universalização dos países.

Foi, então, feito um exame da situação do acesso mundial às telecomu-nicações, a revisão dos critérios de medição por meio da teledensidade e da penetração, bem como outros critérios, tais como localização, acesso comunitário e telefones públicos. Além dos aspectos diretamente relacio-nados à quantidade, foram também considerados outros como o preço (oferta x demanda) baseado em custos, bem como a acessibilidade.

Neste documento foi construída uma nova noção de universalização, voltada não só ao acesso individual, mas para grupos da população e no acesso comunitário, culminando na formulação de metas possíveis de alcançar até o ano de 2010.

Ademais, destaca-se o Plano Estratégico da UIT para 1999 - 2003, apro-vado pela Resolução 71 da Conferência dos Plenipotenciários, realizada em Mineápolis, 1998, que estabeleceu para todos os setores da UIT, a Meta 2: fomentar o acesso aos serviços básicos de telecomunicações e de informa-ções, promover a conectividade mundial com a infra-estrutura mundial da informação e a participação global na sociedade mundial da informação. As ações prioritárias da referida Meta compreenderam, de maneira geral, facilitar o acesso às telecomunicações por meio da inovação tecnológica e de preços baixos os usuários finais, observando as normas e os requisitos de qualidade.

1.2.2 Comissão Interamericana de Telecomunicações - CITEL13

A Comissão Interamericana de Telecomunicações - CITEL foi instituída preponderantemente com objetivos de coordenar ações que assegurem e facilitem as políticas de acesso/serviço universal nas Américas.

Como ponto de partida, os Chefes de Estado na Primera Cumbre de Las Américas (9-11 de dezembro de 1994, Flórida) aprovaram o Plano de

13 Disponível em: <http://www.citel.oas.org>

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Ação para fomentar os objetivos da Declaração de Princípios adotada na oportunidade. Reconheceram que a infra-estrutura da informação de um país é um componente essencial para o desenvolvimento político, eco-nômico, social e cultural e que a necessidade de desenvolvimento desta infra-estrutura era imensa. Destarte, os governos se propuseram a mini-mizar tal deficiência, por meio da adoção de ações múltiplas voltadas a assegurar o serviço universal.

Na Segunda Cumbre de Las Américas (18-19 de abril de 1998, Chile), os Chefes de Estado encomendaram (i) o estabelecimento de estratégias de apoio ao desenvolvimento e atualização permanente de um plano de infra-estrutura de telecomunicações, considerando os planos nacionais e a necessidade do acesso universal aos serviços básicos de telecomuni-cações em toda a região, assim como a evolução da Sociedade Global da Informação, (ii) o trabalho em estreita cooperação com o setor privado para construir em curto prazo a infra-estrutura de telecomunicações, adotando estratégias para a obtenção de acesso economicamente viável aos serviços básicos de telefonia e de internet para todos e (iii) a promo-ção em conjunto com o setor privado das melhores práticas de regula-ção, como as relativas ao acesso e serviço universal.

Desta maneira, a CITEL propicia um foro ativo de compartilhamento de experiências entre os países, disseminando informações de vital impor-tância para o desenvolvimento do conceito e das práticas necessárias à consecução da universalização.

1.2.3 Estados Unidos - EUA14

Pioneiro no assunto, os Estados Unidos, em 8 de fevereiro de 1996 pro-mulgaram o Telecommunications Act, ato normativo responsável pela alteração do Communications Act15 de 1934, cujos objetivos principais são a plena competência em todos os mercados de telecomunicações e o acesso de todos os americanos aos serviços de telecomunicações e de Act

14 Servicio Universal em Las Americas – Comisión Interamericana de Telecomunicaciones, Orga-nización de Los Estados Americanos, CITEL; Febrero 2000.15 Disponível em:<http://www.fcc.gov/telecom>.

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de 1934, cujos objetivos principais são a plena competência em todos os mercados de telecomunicações e o acesso de todos os americanos aos serviços de telecomunicações e de informação atuais e futuros.

Têm-se, na referida lei, a seção 254 reservada para tratamento do ser-viço universal, estabelecendo, dentre outros aspectos a necessidade de dar início a procedimentos de implementação das disposições acerca do serviço universal e da definição dos serviços a ele vinculados. Nesta seção foram estabelecidos os princípios norteadores do provimento do serviço universal em um mercado competitivo, tais como os subsídios e as contribuições por parte de todos os prestadores de telecomunicações a serem estabelecidas sobre eqüitativo e não discriminatório.

Ainda, de acordo com as diretrizes legais, o serviço universal deve estar disponível a preços justos, razoáveis e acessíveis, inclusive para as clas-ses menos favorecidas economicamente, para as áreas rurais, insulares e de alto custo, bem como nas escolas, bibliotecas e instituições de saúde.

Em resumo, os princípios da política relativa ao serviço universal, escul-pidos no Telecommunications Act de 1996, são:

• Os serviços devem ter qualidade e preços justos, razoáveis e acessí-veis;

• Acesso a serviços avançados de telecomunicações e de informação em todas as regiões do país;

• Acesso para as áreas rurais e de alto custo;

• Contribuições eqüitativas e não discriminatórias;

• Mecanismos federais e estaduais específicos de suporte;

• Acesso a serviços de telecomunicações avançados para escolas, biblio-tecas e hospitais;

• Os mecanismos de suporte e as regras do serviço universal não devem implicar em vantagem ou desvantagem para um prestador em relação a outro, nem de uma tecnologia em relação à outra.

De acordo com a referida lei, a definição de serviço universal consiste em um nível evolutivo de serviço de telecomunicações, que o Federal Communications Commission - FCC deve estabelecer periodicamente,

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considerando os avanços tecnológicos, dos serviços e das informações. Outros aspectos devem igualmente ser considerados, tais como (i) o grau de importância para a educação, para a saúde, para a segurança pública, (ii) a penetração nas residências, (iii) cobertura das redes públicas por parte dos prestadores e (iv) sua conformidade com o interesse público.

Em consonância com a definição e os princípios legais estabelecidos, foram, então, criados os seguintes programas voltados ao serviço uni-versal:

a) Áreas rurais, insulares e de alto custo possibilita:

• Auxílio para a “última milha” para as empresas em áreas rurais ou de difícil acesso onde o custo de prover este serviço exceda 115% do custo médio nacional;

• Suporte a Acesso (comutado) Local, voltado para as empresas com menos de 50.000 linhas e que por isso tem um custo alto de comutação no acesso;

• Suporte ao Acesso Interestadual, ajudando a balancear as taxas de acesso interestadual;

• Suporte a prestadoras não rurais, calculando o custo médio por linha no Estado e comparando com a média nacional. Se a média do Estado exceder 135% da média nacional, o Estado se qualifica para receber o auxílio;

• Suporte a Entroncamento comum, criado para substituir o custo de acesso a linhas comuns.

b) Consumidores de baixa renda

Por meio da reformulação dos programas já existentes Lifeline (Lifeline Assistence) e Link Up (Lifeline Connection Assistence), a fim de alcançar os seguintes objetivos: (i) estender o programa Lifeline para todos os esta-dos e territórios, por meio do incremento do suporte federal, (ii) respeitar a neutralidade competitiva na contribuição e distribuição do suporte, fazendo com que todos os prestadores elegíveis recebam o suporte para a oferta do serviço por meios dos programas Lifeline (Lifeline Assistence) e Link Up (Lifeline Connection Assistence) e (iii) provimento de certos

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serviços aos consumidores de baixa renda. Estes programas permitem a redução dos valores mensais e de instalação, devendo os prestadores elegíveis incluírem os serviços de bloqueio e de limitação das chamadas interurbanas.

c) Escolas e bibliotecas

As escolas e bibliotecas eleitas podem receber descontos para adquirir os serviços de telecomunicações disponíveis. Sendo que maiores descon-tos são para as instituições economicamente menos favorecidas e para aquelas situadas em áreas de alto custo. Os descontos variam de 20 a 90%.

d) Centros de Saúde

Todos as instituições de saúde públicas ou sem fins lucrativos, locali-zados em área rural e que se enquadrem nas condições legais, podem receber suporte para o serviço universal.

De acordo com as determinações legais, as regras para que os prestado-res possam receber o suporte do serviço universal são: (i) ofertar todos os serviços designados como serviço universal, em uma determinada área e (ii) publicar em meios de comunicação de massa a disponibilidade de tais serviços e seus respectivos preços. Ressalta-se que é de responsa-bilidade de cada Estado a designação das áreas a serem servidas pelos prestadores urbanos.

Em relação à responsabilidade de contribuição para o suporte do ser-viço universal foram estabelecidos contribuintes obrigatórios e outros em virtude do interesse público. Encaixam-se nos critérios de contri-buinte obrigatório, o prestador que oferta serviço de telecomunicações interestadual, a um determinado valor e diretamente a um determinado público. Portanto, todas as empresas que prestam serviço entre estados, incluindo as de longa distância, as locais, as prestadoras de telefonia móvel e as empresas que exploram os telefones públicos são obrigadas a contribuir com o fundo. As empresas contribuem de acordo com o “Fator de Contribuição” (percentual específico sobre as receitas auferidas com o serviço internacional e interestadual).

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Foi, então criado um fundo específico, o Universal Service Fund - USF e como administrador dos mecanismos de suporte foi designada temporaria-mente uma instituição não-governamental, a National Exchange Carrier Association - NECA e a criação de um Comitê responsável pela escolha de um administrador permanente, através de um processo seletivo.

1.2.4 Portugal 16

O serviço universal, nos termos do artigo 86, da Lei 5/2004, consiste no conjunto mínimo de prestações definido na lei, de qualidade espe-cificada, disponível para todos os usuários, independentemente da sua localização geográfica e a um preço acessível. O conjunto mínimo de prestações que deve estar disponível no âmbito do serviço universal é o seguinte: ligação à rede telefônica pública num local fixo e acesso aos serviços telefônicos acessíveis ao público num local fixo; disponi-bilização de uma lista telefônica completa e de um serviço completo de informações de listas que incluam todos os assinantes de serviços tele-fônicos acessíveis ao público (fixos e móveis); oferta adequada de postos públicos.

Ressalta-se ainda que, a Comissão Européia considera atualmente a pos-sibilidade de revisão do conceito de serviço universal, encontrando-se o órgão regulador de Portugal, Autoridade Nacional das Comunicações (ANACOM), em conjunto com outros reguladores no âmbito do Indepen-dent Regulators Group (IRG) a analisar esta questão.

O objetivo é garantir a disponibilidade de serviços acessíveis ao público de boa qualidade, através de uma concorrência e de uma possibilidade de escolha efetiva e atender às situações em que as necessidades dos consumidores finais não sejam convenientemente satisfeitas pelo mer-cado.

Caso a ANACOM conclua sobre a existência de custos líquidos do ser-viço universal e que estes constituem um encargo excessivo para os

16 Contato por meio eletrônico com o Sr. Pedro Ferreira da ANACOM

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respectivos prestadores, competirá ao Governo, mediante pedido destes, promover a sua compensação adequada.

O Governo escolherá igualmente o mecanismo de compensação, o qual pode ser, alternativa ou cumulativamente, a compensação a partir de fundos públicos ou a repartição dos custos pelos demais prestadores que ofereçam, no território nacional, redes e serviços de comunicações ele-trônicas acessíveis ao público.

Neste último caso, deve ser estabelecido um fundo de compensação para o qual aquelas empresas contribuam e que será administrado pelo regu-lador ou por outro organismo independente designado pelo Governo, neste caso sob supervisão da ANACOM.

No quadro da análise de custos do serviço universal de telecomunica-ções levada a cabo pela ANACOM foi deliberado não aceitar aplicar quaisquer mecanismos compensatórios sobre o período anterior à libe-ralização plena e efetiva do mercado das telecomunicações, ocorrida em 1º/01/01, já que em 2000 não existiram ofertas de chamadas locais e regionais em regime de acesso indireto na rede do prestador de serviço universal.

Como programas para a população de baixa renda, tem-se:

a) Aposentados e Pensionistas

Em conformidade com o Decreto-Lei 20-C/86, os aposentados e pensio-nistas com recursos econômicos insuficientes (desde que o rendimento mensal do seu agregado familiar seja igual ou inferior ao salário mínimo nacional) poderão beneficiar-se de 50% de desconto no preço da taxa de assinatura telefônica. No atual tarifário do prestador do serviço univer-sal, os aposentados/pensionistas beneficiam-se de um desconto de 60% no preço da assinatura mensal e uma oferta de tráfego por mês no valor de 2.30 (sem impostos).

b) Plano de Baixo Consumo

Quando da aplicação de obrigações no âmbito dos mercados varejistas ponderou-se a imposição de uma medida que se consubstanciasse na

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disponibilização, por parte do Grupo Portugal Telecom, concessionária nacional, de um produto com as características do Plano de Baixo Con-sumo (PBC), que substituiu o “Pacote Econômico”, o qual consistia num plano tarifário que resultava na aplicação de um desconto automático na assinatura e no tráfego aos clientes residenciais com consumo infe-rior a 9.78, após um período transitório de três meses, em que ambos coexistiram.

A ANACOM entende que a disponibilização de um serviço direcionado, em particular, para clientes com características específicas é compatível com uma prática comercial normal, entendendo, em conseqüência, não ser necessário impor, neste momento, uma obrigação relativamente a esta matéria.

Entendeu-se ainda, no entanto, que caso se verifique a indisponibilidade de um produto direcionado para usuários com menores consumos, a ANACOM poderá equacionar a imposição de uma obrigação específica no sentido de assegurar a acessibilidade por parte dos usuários finais dos serviços prestados.

Neste contexto, o operador histórico manteve o PBC, embora tenha fechado a adesão a novos aderentes.

c) Medidas específicas para usuários com deficiências

De acordo com o art. 91 da Lei 5/2004, os prestadores de serviço univer-sal devem disponibilizar ofertas específicas de forma a garantir o acesso dos consumidores finais com deficiência, de modo equivalente aos res-tantes, aos serviços telefônicos acessíveis ao público, incluindo o acesso aos serviços de emergência e à lista telefônica e serviço de informações de listas.

As ofertas específicas podem consistir, nomeadamente, no seguinte (i) disponibilização de telefones e ou postos públicos com texto, ou medi-das equivalentes, para pessoas surdas ou com deficiências na comuni-cação oral, (ii) Fornecimento de serviços de informações telefônicas, ou medidas equivalentes, a título gratuito, para pessoas cegas ou com deficiências visuais e (iii) Fornecimento de conta detalhada em formatos alternativos, a pedido de uma pessoa cega ou com deficiências visuais.

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2 ACESSO INDIVIDUAL CLASSE ESPECIAL - AICE

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO E BASE LEGAL

Preliminarmente, ressalta-se que, em especial este tópico, não possui o escopo de analisar criticamente as posições políticas que envolveram e ainda envolvem a questão da adoção de um telefone voltado para a parcela da população menos favorecida economicamente, por meio do Acesso Individual Classe Especial - AICE ou do Telefone Social. Propõe-se, este item apenas em expor os acontecimentos que circundaram a criação desta nova classe do Serviço Telefônico Fixo Comutado desti-nado ao uso do público em geral - STFC.

No nosso ordenamento jurídico, podemos depreender que a primeira menção ao AICE foi por meio do Decreto nº 4.769, de 27 de junho de 2003, que aprovou o Plano Geral de Metas para Universalização do Ser-viço Telefônico Fixo Comutado Prestado em Regime Publico - PGMU, em seus artigos 3º e 19, in verbis:

Art. 3º. Para efeitos deste Plano são adotadas as definições constantes da regulamentação, em especial as seguintes:

I - Acesso Individual Classe Especial - AICE é aquele que tem por finalidade a progressiva universalização do acesso individualizado por meio de condições especifi-cas de oferta, utilização, aplicação de tarifas, forma de pagamento, tratamento das chamadas, qualidade e sua função social;

Art. 19. A partir de 1º de janeiro de 2006, as conces-sionárias do STFC na modalidade Local devem ofer-tar o AICE, nas localidades com acessos individuais, observando que o atendimento da solicitação de instala-ção deve ocorrer após a inscrição do assinante, no prazo máximo de trinta dias.

Parágrafo único. A ANATEL estabelecerá regulação especí-fica e, se necessário, a adequação de regulamentos e nor-mas para a implementação do AICE.

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A partir da edição do Decreto supracitado, fez-se necessária a elaboração pela Anatel, de regulamentação estabelecendo os contornos específicos da nova classe do STFC. Neste contexto, foram iniciados os trabalhos de elaboração de minuta de regulamento, que foi disponibilizada para con-sulta pública, por meio da CP nº 457, de 6 de junho de 2003, publicada no Diário Oficial, de 9 de junho de 2003 e de realização de Audiências Públicas nos dias 29 de agosto de 2003 em Recife, 5 de setembro de 2003 em Belo Horizonte e 12 de setembro de 2003 em Porto Alegre, nos ter-mos da Resolução Anatel nº 270, de 19 de julho de 2001, que aprovou o Regimento Interno da Agência Nacional de Telecomunicações17.

Neste contexto, após a compilação das manifestações da sociedade por meio da Consulta e Audiências Públicas, a proposta de Regulamento do AICE foi pautada para ser aprovada na 365ª Reunião do Conselho Diretor da Anatel, do dia 13 de outubro de 2005, por meio da Análise nº 180/2005 GCPA, do Conselheiro Plínio de Aguiar Júnior, na qual foram apresentadas modificações à proposta da área técnica, tais como:

• Redução do valor da assinatura para 35% do valor da assinatura da classe residencial;

• Fixação de valor de chamada por minuto equivalente ao dobro do valor da classe residencial;

• Eliminação da cobrança de valor adicional por completamento de cha-madas;

• Eliminação da restrição do atendimento somente a domicílios que não possuíssem acessos telefônicos.

17 Lei nº 9.472/97: “Art. 42. A Audiência Pública destina-se a debater ou apresentar, oralmente, matéria de interesse geral, sendo seu objeto e seus procedimentos definidos no instrumento convocatório.

Art. 43. A data, a hora, o local e o objeto da Audiência serão divulgados, com pelo menos cinco dias de antecedência, pelo Diário Oficial da União e pela Biblioteca da Agência.

Parágrafo único. A participação e manifestação na Audiência não dependerão de inscrição prévia, sendo facultado o oferecimento de documentos ou arrazoados.

Art. 44. A Agência poderá adotar outros meios de participação dos interessados, diretamente ou por meio de organizações e associações legalmente reconhecidas.

Parágrafo único. A transcrição dos fatos ocorridos na Audiência será arquivada na Biblioteca da Agência para conhecimento do público em geral.”

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Nesta mesma reunião, o Conselheiro Elifas Chaves Gurgel do Amaral pediu vistas do processo e, na reunião subseqüente, em 19 de outubro de 2005, solicitou prorrogação de prazo para apreciação da matéria, rea-presentando-a na 369ª reunião, realizada na data de 1º de novembro de 2005, por meio da Análise nº 003/2005-PR, propondo algumas modifi-cações na proposta do relator, incluindo a possibilidade de parcelamento do pagamento da habilitação e reduzindo os prazos dos indicadores de qualidade propostos pela área técnica.

Na referida reunião, o Conselheiro Pedro Jaime Ziller de Araújo, solici-tou vistas do processo, sendo a matéria reapresentada na reunião subse-qüente, por meio da Análise nº 161/2005-GCPJ, de 08 de novembro de 2005, propondo:

• Aumento do valor da assinatura para até quarenta e um vírgula setenta e sete por cento do valor da assinatura da classe residencial;

• Criação de franquia de quinze minutos de chamadas locais;

• Novos prazos para a implantação.

Todavia, neste ínterim, a questão foi acrescida de nuances políticos entre a Anatel e o Ministério das Comunicações, travando-se ampla discussão sobre os aspectos sociais do AICE, seus valores tarifários, a elegibilidade e a manutenção do equilíbrio econômico- financeiro dos contratos de concessão. Pode-se constatar a amplitude dos debates, por meio das reportagens abaixo transcritas:

Costa: Anatel aguarda decreto de Lula sobre telefone social18

O Ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse hoje que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ainda aguarda um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que permita a oferta do “telefone social” apenas para as famílias com renda de até três salários mínimos. Após participar de uma reunião com o presidente da omissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, deputado Jader Bar-

18 COSTA: Anatel aguarda decreto de Lula sobre telefone social. Agência Estado, 16 nov. 2005.

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balho (PMDB-PA), o ministro observou que existe uma proposta de consenso para o formato do novo serviço, que terá que ser oferecido a partir de 1º de janeiro de 2006. O formato negociado, de acordo com o Ministério das Comunicações, prevê um serviço com assinatura básica de no máximo R$ 13,90 e uma franquia de 120 minutos. A tarifa por minuto excedente à franquia seria de R$ 0,22 (sem impostos). “Estamos com o projeto (que restringe a venda do serviço) enviado para Casa Civil, e o presidente Lula já está ciente que nós precisamos de um decreto para atender a questão da inclusão de apenas quem ganha até três salários mínimos, e esperamos a qualquer momento um posicionamento do presidente”, afirmou Costa. O Conselho Diretor da Anatel, que está reunido hoje, deverá adiar para a próxima quarta-feira uma decisão técnica sobre o assunto. Na avaliação de Costa, a decisão poderá ser condicionada à edição do decreto presidencial, caso ele não seja publicado até a semana que vem. (...)

Telefone social de ministro beneficia as operadoras19

O Acesso Individual Classe Especial (AICE), telefone mais barato proposto pela Agência Nacional de Telecomunica-ções (Anatel), seria para todo mundo e traria perdas bilio-nárias a elas, de acordo com o ministro. Com o telefone social, as perdas serão bastante reduzidas.

Quer dizer que o telefone social é melhor par as empresas que o Aice? O Ministro, durante o evento na Federação das Industrias do Estado de São Paulo (Fiesp), preferiu não responder a pergunta diretamente: “A proposta do Aice, como foi apresentada, trazia uma preocupação às empre-sas. Eu tenho responsabilidade, como ministro, de garantir que o governo não será prejudicado. Se o governo paga, quem paga é o povo. Se as empresas alegarem desequi-

19 TELEFONE social de ministro beneficia as operadoras. Agência Estado, 22 nov. 2005.

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líbrio econômico-financeiro por causa da aplicação do Aice, quem vai pagar a conta é o governo”. Segundo o ministro, a Telefônica perderia R$ 4 bilhões com o Aice, em 5 anos, e a Telemar, R$ 7 bilhões. A Brasil Telecom, apesar de não ter apresentado nenhuma projeção, perde-ria entre R$ 4 bilhões e R$ 7 bilhões. No caso do telefone social, proposto por Hélio Costa, a perda de receita das 3 operadoras juntas ficaria em R$ 380 milhões.

(...)

Telefone social: o ministro Hélio Costa pode enfrentar sua segunda derrota20

(...)

Agora, Costa enfrenta resistência dentro da Casa Civil e do Ministério da Fazenda ao seu projeto de telefone social, que tem como alvo as famílias com renda de ate três salários mínimos. Segundo fontes da casa Civil, a resistência não é ao projeto em si, no qual vêem méritos, mas ao fato de considerare que um decreto presidencial definindo o telefone social, com as características acorda-das com as operadoras - ou seja, apenas para famílias com renda ate três salários mínimos -, seria ilegal. Isso porque, afirmam, a Lei Geral de Telecomunicações estabelece que os serviços têm que ser prestados de forma isonômica, permitindo apenas descontos por volume. “Sem mudar a LGT, não é possível oferecer o telefone social só para as famílias dessa faixa de renda”, argumenta uma fonte. A preocupação é que, aprovado o telefone social, as ope-radoras passem a ser alvo de ações na Justiça por parte de assinantes que vão querer pagar a assinatura do tele-fone social (R$ 14,90 por mês, sem impostos, incluindo franquia de cem minutos e modulação horária); e que a

20 TELEFONE social: o ministro Hélio Costa pode enfrentar sua segunda derrota. Tele.síntese, 02 dez. 2005.

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migração dos assinantes do plano básico para o telefone social provoque desequilíbrio econômico-financeiro nas empresas, que terá que ser coberto pelos recursos do fust e, em ultima instancia, pela União. E esse segundo ponto que está sendo considerado pelos técnicos da Fazenda.

Universalização, só com elegibilidade

Essa argumentação não é consenso entre advogados. Para Floriano de Azevedo Marques, ela não procede, porque a LGT, ao mesmo tempo em que estabelece a isonomia, prevê, em seu artigo 5º, a redução das desigualdades regionais e sociais. E atribui ao Presidente da República a aprovação do plano geral de metas “para a progressiva universalização do serviço prestado em regime público”. “Não há universalização sem elegibilidade”, diz Aze-vedo Marques. “Se o decreto proposto pelo Minicom para o telefone social for ilegal, o PGMU em vigor também seria ilegal, pois elege quem tem que ser atendido”, argu-menta.

(...)

Portanto, as características do AICE encontravam-se em conflito com os anseios do Ministério das Comunicações, que, então, iniciou os traba-lhos para a criação de outra figura: o Telefone Social, com tarifas dife-renciadas e voltado para a população de baixa renda. Na reunião 370ª, o Conselheiro José Leite Pereira Filho pediu vistas do processo, apre-sentando-o na 373ª reunião, de 30 de novembro de 2005, por meio da Análise nº 220/2005 - GCJL, com as seguintes propostas de alteração:

• Eliminação de qualquer critério de elegibilidade;

• Retorno do adicional de completamento por chamada;

• Retorno dos prazos de cumprimento dos indicadores de qualidade;

Destaca-se abaixo trecho da referida Análise acerca da elegibilidade:

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Considerando que a fixação de critérios de elegibilidade dependeria de um instrumento legal que desse suporte a delimitação do público alvo para o AICE, considero que até mesmo a menção à não existência de um acesso tele-fônico no domicílio, como proposto pela SPB/SUN21, deve ser removida do texto do regulamento, dando maior consistência jurídica e evitando possíveis questionamen-tos que possam trazer atrasos ao cronograma de implan-tação do serviço21.

Na 373ª reunião, o Substituto Eventual de Conselheiro Jarbas José Valente, pediu vistas do processo e, após deferimento do pedido de prorrogação, a questão foi novamente apresentada, por meio da Análise nº 009/2005-GCJV, na 375ª reunião, de 7 de dezembro de 2005, suge-rindo, dentre outras, as seguintes alterações:

• Restrição de que o AICE deve ser o único acesso do STFC no domicí-lio;

• Alteração dos prazos de implantação;

• Valor da tarifa de habilitação, respeitado o limite máximo da tarifa de habilitação aplicável à classe residencial;

• Valor da tarifa de assinatura, respeitado o limite máximo de 60% (sessenta por cento) do valor da tarifa de assinatura aplicável à classe residencial;

• Valor da tarifa por tempo de utilização limitada, no máximo, ao valor do minuto aplicável às demais classes do plano básico da modalidade local, sendo a unidade de tarifação o décimo de minuto (seis segundos), independentemente do horário e dia da semana;

• Valor da tarifa de completamento por chamada, limitada a 2 (duas) vezes o valor do minuto (MIN) aplicável às demais classes do plano básico da modalidade local.

21 SPB: Superintendência de Serviços Públicos da Anatel e SUN: Superintendência de Universa-lização da Anatel.agência

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Neste sentido, foi aprovado, na referida reunião do Conselho Diretor, o Regulamento do AICE, resultando na Resolução Anatel nº 427/2005, nos termos da Análise nº 009/2005- GCJV, que concluía, dentre outras questões que caso fosse editada política pública estabelecendo critérios de elegibilidade, seria imprescindível a incorporação destes critérios ao Regulamento do Acesso Individual Classe Especial (AICE) do Serviço Telefônico Fixo Comutado, em virtude da função social existente, con-comitantemente ao estabelecimento de novos critérios tarifários, a fim de novamente proporcionar o equacionamento necessário para a preser-vação do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos.

De acordo com a Análise nº 009/2005-GCJV, não existiriam óbices para a adoção de critérios de elegibilidade para o AICE, todavia o estabeleci-mento destes estava na esfera de competência do Ministério das Comu-nicações, visto se configurarem política pública. O AICE, portanto, não incorporou critério de elegibilidade, decidindo a Anatel, diante da neces-sidade de preservação do equilíbrio econômico-financeiro das conces-sionárias adotar as tarifas acima mencionadas. Todavia, vislumbrando a possibilidade de futura edição de política pública sobre o assunto, a aná-lise de aprovação do supracitado regulamento consignou a necessidade de ajustes, em especial tarifários, caso fossem estabelecidos critérios de elegibilidade por outro instrumento legal posterior, não editado até o momento.

De acordo com as reportagens abaixo, o Ministério das Comunicações juntamente com a Presidência da República consideram necessária a alteração da LGT para o estabelecimento de critérios de elegibilidade, encaminhando a questão para o Poder Legislativo:

Governo decide mudar a LGT para permitir telefone social22

O governo brasileiro chegou à conclusão que nem mesmo um Decreto Presidencial seria suficiente para permitir a implantação do telefone social com critérios de ele-gibilidade. Será necessário mudar a Lei Geral de Teleco-municações. A opinião do ministro Hélio Costa, que foi

22 GOVERNO decide mudar a LGT para permitir telefone social. Teletime, 20 dez. 2005

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convencido desta necessidade pela consultoria jurídica do Minicom, para quem o “decreto” representava riscos des-necessários, e compartilhada pela ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef. Desse modo, segundo Hélio Costa, no começo do ano legislativo, vale dizer após 15 de feve-reiro, o governo vai enviar ao Congresso um projeto de lei em regime de urgência para modificar a LGT.

(...)

Questionado sobre sua possível desilusão por não ter conseguido colocar o telefone social no Contrato de Con-cessão, Hélio Costa repetiu duas vezes a palavra “muito” acrescentando que em sua opinião, o Aice não resolve o problema de telefonia para os segmentos de baixa renda especialmente porque não permite o acesso a internet nos finais de semana e nos horários diferenciados. Caso o Con-gresso aprove a mudança na LGT, o ministro acredita que a proposta de telefone social possa substituir o Aice nos contratos. É espantosa a decisão do governo em propor a mudança da LGT justamente no ano de eleições gerais, quando afloram os interesses eleitoreiros e o quorum no Congresso baixa a níveis mínimos. Sem falar no pequeno prazo para votar qualquer coisa (praticamente de marco a junho). Não deixa de ser uma atitude ousada que este governo não tentou nos três primeiros anos de mandato e sobre a qual o governo passou a largo.

Costa quer boicote ao telefone barato da Anatel23

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, pregou ontem um boicote ao telefone fixo pré-pago que as operado-ras começam a oferecer este ano. “Peço a cada um de vocês que não usem, porque ele é ruim, prejudicial; e mais caro e engana o consumidor”, disse ele numa audiência na Comissão de Educação do Senado. Também chamado

23 COSTA quer boicote ao telefone barato da Anatel. Agência Estado, 02 fev. 2006

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de Acesso Individual Classe especial (AICE), o telefone fixo pré-pago e uma proposta da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para atender principalmente a população de baixa renda. Nos novos contratos que as operadoras de telefonia assinaram no final de 2005, está previsto que esse serviço será oferecido ainda este ano.

(...)

Governo mudará a LGT para permitir telefone social24

A Presidência da República encaminhou nesta segunda, 6, mensagem ao Congresso Nacional com um projeto de lei que altera a Lei Geral de Telecomunicações de forma a permitir a implantação do telefone social. A proposta altera os artigos 2º, 3º, 18 e 103 da LGT e se refere exclu-sivamente à implantação do telefone social. De acordo com o ministro Hélio Costa, as mudanças relativas ao Fust serão encaminhadas posteriormente.

As propostas do projeto de lei são as seguintes:

*Introdução da elegibilidade entre os conceitos da LGT – Nova redação do inciso I do artigo 2º (que trata dos deveres do Poder Publico): “garantir, a toda a população, o acesso às telecomunicações, a tarifas e preços razoáveis, em condições adequadas, admitindo-se, para esse fim, no âmbito dos serviços prestados em regime publico, o estabelecimento de critérios de elegibilidade fundados na condição socioeconômica do usuário”.

*Garantir a aplicação da elegibilidade – Dar nova redação ao inciso III do artigo 3º (que trata dos direitos dos usuá-rios dos serviços de telecomunicações em geral). A reda-ção anterior deste inciso garantia ao usuário “o direito de não ser discriminado quanto às condições de acesso e fruição do serviço”. Para viabilizar a aplicação da elegibi-lidade, a mudança introduziu uma exceção “ressalvado o

24 GOVERNO mudará a LGT para permitir telefone social. Teletime, 06 mar. 2006

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estabelecimento de critérios de elegibilidade fundado em condições socioeconômicas, nos termos da regulamenta-ção”.

*Prerrogativa de estabelecer os critérios - Acrescenta ao artigo 18 (que trata das competências do Poder Executivo a serem exercidas por meio de decreto) um novo inciso: “Inciso V – regulamentar a instituição de critérios diferen-ciados de prestação de serviços de telecomunicações fun-dados na condição socioeconômica do usuário, com vistas a ampliação do acesso da população de baixa renda aos serviços de telecomunicações prestados em regime público”. O decreto que será baixado posteriormente deverá definir, por exemplo, a faixa de renda familiar máxima (serão três salários mínimos ou quatro, como já está dizendo o minis-tro Hélio Costa) para que o usuário possa usufruir o serviço com estas características.

*Permitir os subsídios cruzados – dar nova redação ao parágrafo 2º do artigo 103 (que proíbe os subsídios cru-zados entre modalidades de serviços e segmentos de usu-ários com exceção do previsto no artigo 81 que trata da universalização) de forma a introduzir uma nova ressalva: “São vedados os subsídios entre modalidades de serviços e segmentos de usuários ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 81 desta Lei e o estabelecimento de critérios de elegibilidade fundados na condição socioeconômica do usuário, com vistas a ampliação do acesso da população de baixa renda aos serviços de telecomunicações pres-tados em regime público”. Esta mudança permitirá, por exemplo, que nas ligações dirigidas aos telefones sociais seja cobrado dos usuários de telefones convencionais uma diferença que subsidie seu funcionamento.

Diante disso, na data de 17 de maio do corrente ano, a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados aprovou, por unanimidade, o Substitutivo do deputado José Rocha (PFL/BA) ao Projeto de Lei (PL) nº 5.055/01, de autoria do ex-deputado Gilberto Kassab, que dispõe sobre a tarifa social da telefonia fixa para os consumidores residenciais de baixa renda, estando apensado a este o PL nº 6.677/06, de autoria do Poder Executivo, que estabelece

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políticas diferenciadas para os usuários. O supramencionado substitutivo propõe alteração de dispositivos da LGT, para admitir a adoção de cri-térios diferenciados fundados na condição socioeconômica do usuário, a fim de garantir acesso aos serviços de telecomunicações e reduzir as desigualdades sociais, in verbis:

Art. 1º Esta Lei altera dispositivos da Lei n.º 9.472, de 16 de julho de 1997 - Lei Geral de Telecomunicações, a fim de admitir a adoção de critérios diferenciados funda-dos na condição socioeconômica do usuário, garantindo acesso aos serviços de telecomunicações à população de baixa renda e reduzindo as desigualdades sociais.

Art. 2º Os artigos 2º, 3º e 18 da Lei n.º 9.472, de 16 de julho de 1997, passam a vigorar com as seguintes alte-rações:

“Art. 2º...........................................................................

I – garantir, a toda a população, o acesso às telecomunica-ções, a tarifas e preços razoáveis, em condições adequadas, admitindo-se para esse fim, no âmbito dos serviços pres-tados em regime público, o estabelecimento de políticas sociais específicas para a população de baixa renda; (NR) .......................”

“Art.3º............................................................................

III – de não ser discriminado quanto às condições de acesso e fruição do serviço, ressalvado o estabelecimento de critério de elegibilidade fundado em condição socioe-conômica, nos termos do regulamento; (NR) ................................”

“Art.18...........................................................................

V – regulamentar a instituição de critérios diferenciados de prestação de serviços de telecomunicações fundados na condição socioeconômica do usuário, com vistas à ampliação do acesso da população de baixa renda aos ser-viços de telecomunicações prestados em regime público.”

Art. 3º. As políticas sociais específicas para a população

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de baixa renda poderão definir mecanismos que possibili-tem aos beneficiários o acesso ao Serviço Telefônico Fixo Comutado prestado em regime público mediante o paga-mento de uma tarifa de assinatura não superior a 50% (cinqüenta porcento) do valor vigente dessa tarifa para a classe residencial.

Art. 4º. Esta lei entra em vigor na data de sua publica-ção.

Destarte, a questão atualmente encontra-se em discussão na Câmara dos Deputados, foro, na opinião do Ministério das Comunicações e da Presi-dência da República, julgado o mais adequado para dirimir a questão.

2.2 ELEGIBILIDADE

Entendendo que a questão acerca da elegibilidade traz inquietude na esfera jurídica vislumbro ampla fundamentação jurídica para sua adoção, como demonstrada abaixo. Temos, preliminarmente, que a universalização foi esculpida como um dos pilares para o setor de telecomunicações, estabe-lecida, desta forma, pela Lei nº 9.472/97 e, com o fito de atender aos mais dignos objetivos da universalização, é que se insere a criação de mais uma Classe de Assinantes, denominada AICE.

Neste sentido, analisar-se-á a fundamentação jurídica para a criação de mais outro critériode acessibilidade para uma nova Classe de Assinantes - AICE, que objetiva aumentar a penetração do Serviço Telefônico Fixo Comutado – STFC na camada da população de baixa renda, que, até o momento, não conseguiu adquirir, ou se conseguiu, ainda não consegue manter, o acesso à Classe Residencial.

A Classe de Assinantes - AICE, conforme o Decreto nº 4.769, de 27 de junho de 2003, que aprovou o Plano Geral de Metas de Universalização do Ser-viço Telefônico Fixo Comutado Prestado no Regime Público – PGMU, foi definida, em seu artigo 3o, inciso I, como aquela que tem por finalidade a progressiva universalização do acesso individualizado por meio de condi-ções específicas para sua oferta, utilização, aplicação de tarifas, forma de

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pagamento, tratamento das chamadas, qualidade e sua função social.

Neste mesmo instrumento, em seu Capítulo VI – DAS METAS DE ACES-SOS INDIVIDUAIS CLASSE ESPECIAL, foi estabelecido que a partir de 1º de janeiro de 2006, as concessionárias do STFC na modalidade Local devem ofertar mais esta Classe de Assinantes - AICE, para atender aos princípios da universalização, dando oportunidade de acesso inclusive para a população de baixa renda, nas localidades com acessos indivi-duais, observando que o atendimento da solicitação de instalação deve ocorrer após a inscrição doassinante, no prazo máximo de trinta dias.

O STFC, de acordo com o art. 1º, §2º, do Decreto nº 2.534/98, que aprovou o Plano Geral de Outorgas c/c o art. 6º da Resolução Anatel nº 426/2005, que aprovou o Regulamento do STFC, possui três modalidades: Local, Longa Distância Nacional e Longa Distância Internacional.

De acordo com o artigo 47 do regulamento supracitado, a Prestadora do STFC deve oferecer plano básico de serviço, em uma das formas de pagamento, pós-pago ou pré-pago, entendido como o plano de serviço de oferta obrigatória e não discriminatória a todos os usuários ou inte-ressados no STFC. Salienta, ainda, o §1º do referido artigo, que a estru-tura tarifária e os critérios de tarifação do plano básico de serviço da concessionária são definidos em regulamentação específica.

Além deste Plano de Serviço, autoriza o artigo 43 do mesmo regulamento, o oferecimento de Planos Alternativos de Serviço, opcionais ao Plano Básico e de estrutura de preços definida pela Prestadora, visando a melhor adequação da prestação do serviço para o atendimento do mercado.

Em consonância, os Contratos de Concessão firmados com as concessio-nárias do STFC, dispõem que o Plano Básico do Serviço Local é de oferta obrigatória a todos os usuários, in verbis, fazendo constar como parte integrante dos Contratos o seu Anexo 03, intitulado PLANO BÁSICO DO SERVIÇO LOCAL.

Capítulo XI - Do Regime Tarifário e da Cobrança dos Usu-ários

Cláusula 11.1. A Concessionária deverá ofertar a todos os usuários, obrigatoriamente, o Plano Básico do Serviço Local, Anexo n.º 03, parte integrante deste Contrato.

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Parágrafo único. O Plano Básico do Serviço Local será único para toda a área referida na cláusula 2.1 e deverá conter, nos termos do estabelecido pela Anatel, valores máximos para cada item da estrutura tarifária definida para a prestação do Serviço Telefônico Fixo Comutado, valores estes que serão revistos e reajustados, observadas as normas aplicáveis.

Do item 2 – Acesso ao Serviço Telefônico Fixo Comutado, subitem 2.225., do Anexo 03, abaixo transcrito, dos Contratos de Concessão, temos que atualmente o Plano Básico do STFC, divide-se em quatro Classes de Assi-nantes diferentes: Residencial, Não Residencial, Tronco CPCT e Especial, que se distinguem pelas características dos assinantes a que atendem e pelo valor da assinatura.

2. Acesso Individual ao Serviço Telefônico Fixo Comutado - STFC

(...)

2.2. Para manutenção do direito de uso, caso aplicável, as Concessionárias estão autorizadas a cobrar tarifa de assi-natura mensal, segundo a tabela abaixo, conforme Atos n.º 54.695 de 13/12/05 e n.º 54.855 de 16/12/05.

Classe de assinantes R$

Residencial valores (reais)

Não residencial valores (reais)

Tronco de CPCT valores (reais)

Especial valores (reais)

Fonte: Anatel, 2005.

25 Salienta-se que as tarifas apresentadas são máximas, líquidas de impostos e contribuições sociais, de acordo com o item 1.2, do Anexo 03, dos Contratos de Concessão. Ademais, os valores constantes da tabela encontram-se desatualizados, sendo os valores fixados à época da assinatura dos contratos. “1.2. As tarifas apresentadas são máximas, líquidas de impostos e contribuições sociais.”

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De acordo com dados fornecidos pela Anatel, os valores de assinatura das três classes existentes anteriormente à Especial são: R$ 44, 15 para Tronco CPCT e Não-Residencial, e R$ 27,27 para a Residencial26.

Verifica-se, portanto, que os valores das assinaturas para as Classes são diferentes, deixando explícito o tratamento “privilegiado” para a Classe de Assinantes Residenciais.

Tal segregação é importante precedente e deixa clara a intenção de se ade-quar as tarifas aos custos da prestação do serviço e ao poder aquisitivo dos assinantes de cada Classe, equilibrando-se, em contrapartida, estes fatores com a atratividade para a concessionária, o que se constitui agora um dos importantes fatores a serem considerados para a preservação do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos.

Portanto, a subdivisão em Classes de Assinantes teve fundamento, em última análise, no limite de penetração do serviço comparativamente à capacidade de consumo dos segmentos de assinantes, entenda-se renda destes, e indiretamente na geração de receita para a concessionária, por meio da fruição do serviço.

Este cenário de três valores de assinatura para as diversas Classes de Assinantes é ilegal? Não temos hoje adotados, desde a desestatização, critérios de acessibilidade dentro das Classes de Assinantes do STFC? Um assinante Não Residencial deve usufruir das mesmas condições que o Residencial? Por quê? Senão vejamos.

Em consonância com a definição de obrigações de universalização cons-tantes da Lei Geral de Telecomunicações, temos que estas são as que objetivam possibilitar o acesso de qualquer pessoa ou instituição de interesse público a serviço de telecomunicações, independentemente de sua localização e condição sócio-econômica, bem como as destinadas a permitir a utilização das telecomunicações em serviços essenciais de interesse público27.

26 Os valores são resultado da média de todas as prestadoras e estão atualizados, sendo máxi-mos, líquidos de impostos e contribuições sociais.27 Lei nº 9.472/97, “Art. 79, §1º. Obrigações de universalização são as que objetivam possibilitar o acesso de qualquer pessoa ou instituição de interesse público a serviço de telecomunicações, independentemente de sua localização e condição sócio-econômica, bem como as destinadas a permitir a utilização das telecomunicações em serviços essenciais de interesse público.”

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O espírito da universalização não é contrariado pela existência de Clas-ses de Assinantes diferentes (Residenciais, Não Residenciais, Tronco de CPCT e, agora, a Especial), que possuem valores de assinaturas igual-mente diversos e critérios de acessibilidade particulares. Contrariamente, esta subdivisão é o fundamento da universalização, reforçando e dando sustentação para consecução do seu objetivo: o de possibilitar acesso a serviço de telecomunicações a toda e qualquer pessoa ou instituição de interesse público.

A política de universalização está voltada a realizar a justiça social e a redução das desigualdades, vez que busca a minoração das desigualdades sociais e econômicas, intransponíveis sem a percepção governamental da necessidade de auxílio à parcela desfavorecida, por meio de incentivos externos ao mercado.

Por conseguinte, se toda a população possuísse situação igualitária de acesso aos serviços de telecomunicações inexistiriam obrigações de uni-versalização, posto que cada indivíduo seria igualmente atraente para o mercado e, por conseguinte, disputado nas mesmas condições pelos pres-tadores de serviço. Todavia, esta, infelizmente, não é nossa realidade. E, sendo dever do Poder Público, garantir, a toda a população, o acesso às telecomunicações, a tarifas e preços razoáveis, em condições adequadas28, é descabido imaginar o tratamento uniforme para parcelas da sociedade que não o são.

Desta forma, a idéia de universalização não se concebe sem eleição dos segmentos da sociedade beneficiários desta política, coroando o real sig-nificado da isonomia, ou seja, tratamento não uniforme na exata pro-porção das desigualdades para a afirmação da igualdade essencial. O que existe é a vedação de tratamento discriminatório quando não importa necessariamente na conferência de tratamento não uniforme, senão não serviria de instrumento nivelador, mas sim catalisador das diferenças. Em consonância com este pensamento, mencionamos a lição do Profes-sor Luís Roberto Barroso29 acerca do tema:

28 Lei nº 9.472/97, Artigo 2º, inciso I. 29 BARROSO, Luís Roberto. Temas de Direito Constitucional.2.ed. Rio de Janeiro: Editora Reno-var, 2001. p. 159.

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Reproduzindo o conhecimento habitual, costuma-se afir-mar que a isonomia traduz-se em igualdade na lei ordem dirigida ao legislador e perante a lei ordem dirigida ao apli-cador da lei. Em seguida, é de praxe invocar-se a máxima aristotélica de que o princípio consiste em “tratar igual-mente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida em que eles se desigualam”... Assim, ao contrário do que se poderia supor à vista da literalidade da matriz constitucio-nal da isonomia, o princípio, em muitas incidências, não apenas não veda o estabelecimento de desigualdades jurí-dicas, como, ao contrário, impõe o tratamento desigual.

Neste cenário é que se insere a criação de uma nova Classe de Assinantes – AICE, outra Classe de Assinantes do Plano Básico do STFC, com valo-res e critério de acessibilidade que objetivam o aumento da penetração do STFC com a inclusão de um segmento de assinantes incapaz econo-micamente de ter acesso ao serviço por meio da Classe de Assinantes Residencial.

E, neste ponto, ressaltamos que, a Classe de Assinantes – AICE busca complementar uma parcela dos assinantes compreendida apenas pela Classe de Assinantes Residencial e não pela Classe de Assinantes Não Residencial, tendo em vista o caráter social adotado como premissa, o de possibilitar o acesso ao serviço para os indivíduos de baixa renda.

O estabelecimento de critérios de acesso para a Classe de Assinantes - AICE nada mais é do que a estrita observância dos preceitos dos artigos 2º, inciso I30; 5º31 e 7932 da Lei Geral de Telecomunicações, na medida em que se observa o exercício do Poder Público para a garantia, a toda a população, de acesso às telecomunicações, a tarifas e preços razoáveis, em condições adequadas, bem com a obediência aos princípios constitu-cionais da liberdade de iniciativa, redução das desigualdades regionais e sociais, na disciplina das relações econômicas no setor de telecomu-nicações.

30 Lei nº 9.472/97: “Art. 2° O Poder Público tem o dever de: I - garantir, a toda a população, o acesso às telecomunicações, a tarifas e preços razoáveis, em condições adequadas;”

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Tais dispositivos não devem estar em dissonância com o verdadeiro espírito do artigo 3º, inciso III da LGT, que veda a discriminação entre usuários dos serviços de telecomunicações, não significa a proibição de tratamentos desuniformes, mas sim a de desequiparações desprovidas de objetividade e razoabilidade.

O que não se pode admitir é a discriminação arbitrária ou desarrazoada, como doutrina Alexandre de Morais33 verbis:

Desta forma, o que se veda são as diferenciações arbi-trárias, as discriminações absurdas, pois o tratamento desigual dos casos desiguais, na medida em que se desi-gualam, é exigência tradicional do próprio conceito de Justiça, pois o que realmente protege são certas finalida-des, somente se tendo por lesado o princípio constitucio-nal quando o elemento discriminador não se encontra a serviço de uma finalidade acolhida pelo direito, sem que se esqueça, porém, como ressalvado por Fábio Konder Comparato, que as chamadas liberdades materiais têm por objetivo a igualdade de condições sociais, meta a ser alcançada, não só por meio de leis, mas também pela apli-cação de políticas ou programas de ação estatal.

31 Lei nº 9.472/97: “Art. 5º Na disciplina das relações econômicas no setor de telecomunicações observar-seão, em especial, os princípios constitucionais da soberania nacional, função social da propriedade, liberdade de iniciativa, livre concorrência, defesa do consumidor, redução das desigualdades regionais e sociais, repressão ao abuso do poder econômico e continuidade do serviço prestado no regime público.”32 Lei nº 9.472/97: “Art. 79. A Agência regulará as obrigações de universalização e de continui-dade atribuídasàs prestadoras de serviço no regime público. § 1° Obrigações de universalização são as que objetivam possibilitar o acesso de qualquer pes-soa ou instituição de interesse público a serviço de telecomunicações, independentemente de sua localização e condição sócio-econômica, bem como as destinadas a permitir a utilização das telecomunicações em serviços essenciais de interesse público.§ 2° Obrigações de continuidade são as que objetivam possibilitar aos usuários dos serviços sua fruição de forma ininterrupta, sem paralisações injustificadas, devendo os serviços estar à disposição dos usuários, em condições adequadas de uso.”33 Morais, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo. Editora Saraiva, 2000, p. 62.

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Nesta mesma linha, temos as decisões abaixo:

ADI 2623 MC / ES - ESPÍRITO SANTOMEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DEINCONSTITUCIONALIDADERelator (a): Min. MAURÍCIO CORRÊAJulgamento: 06/06/2002Órgão Julgador: Tribunal PlenoPublicação: DJ 14-11-2003 PP-00011 EMENT VOL-02132- 13 PP-02472

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL. PROIBIÇÃO DE PLANTIO DE EUCALIPTO PARA FINS DE PRODUÇÃO DE CELULOSE. DISCRIMI-NAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. AFRONTA AOS POSTULA-DOS DA ISONOMIA E DA RAZOABILIDADE. DIREITO DE PROPRIEDADE. TEMA DE DIREITO CIVIL. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO.

1. Vedação de plantio de eucalipto no Estado do Espí-rito Santo, exclusivamente quando destinado à produção de celulose. Ausência de intenção de controle ambiental. Discriminação entre os produtores rurais apenas em face da destinação final do produto da cultura, sem qualquer razão de ordem lógica para tanto. Afronta ao princípio da isonomia. 2. Direito de propriedade. Garantia constitucio-nal. Restrição sem justomotivo. Desvirtuamento dos reais objetivos da função legislativa. Caracterizada a violação ao postulado da proporcionalidade. 3. Norma que regula direito de propriedade. Direito civil. Competência priva-tiva da União para legislar sobre o tema (CF, artigo 22, I). Precedentes. Presença dos requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora. Pedido cautelar deferido.

ADI 2019 MC / MS - MATO GROSSO DO SULMEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DEINCONSTITUCIONALIDADERelator (a): Min. ILMAR GALVÃOJulgamento: 01/07/1999Órgão Julgador: Tribunal Pleno

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Publicação: DJ 01-10-1999 PP-00029 EMENT VOL-01965-01 PP-00017

EMENTA: ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL. LEI Nº 1.949, DE 22.01.99. PROGRAMA DE PENSÃO MENSAL A CRIANÇAS GERADAS A PARTIR DE ESTUPRO. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 157, I; 155, I; 203 E 5º, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REQUERIMENTO DE MEDIDA CAUTELAR.

Ausência de plausibilidade dos fundamentos expostos. Relevância, todavia, da tese da inconstitucionalidade da lei, em face da norma do art. 5º, LIV, da Carta Magna, posto patente a ausência de razoabilidade na discrimi-nação estabelecida pela lei em tela, ao erigir para pres-suposto de benefício assistencial não o estado de neces-sidade dos beneficiários, mas as circunstâncias em que foram eles gerados. Cautelar deferida.

Ademais, em se tratando de obrigações de universalização, em obedi-ência aos ditames do artigo 79, em especial seu parágrafo único, deve-se considerar que a expressão “possibilitar” nele contida, significa, de acordo com o Dicionário Michaelis:

Possibilitar: (lat possibile) vtd e vpr Tornar(-se) possível;

Possível: adj m+f (lat possibile) 1 Que pode ser, existir, acontecer, fazer-se ou praticar-se. 2 Fácil de realizar-se. 3 Que pode ser feito; praticável. 4 Verossímil, provável;

Portanto, o acesso de qualquer pessoa ou instituição de interesse público a serviço de telecomunicações, independentemente de sua localização e condição sócio-econômica, só se torna possível na verdadeira acepção da palavra, por meio de mecanismos diferentes de acessibilidade baseados na localização e condição sócio-econômica dos assinantes a quem se pretende captar.

Cientes da necessidade de adequação dos critérios de segregação entre as Classes de Assinantes do STFC (Residencial, Não Residencial e Tronco CPCT), uma vez que se constatam em torno de vinte e cinco milhões de domicílios que não possuem ainda telefone no ano de 2004, de acordo com os dados da PNAD34 , insere-se a Classe de Assinantes - AICE, que

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de forma não inovadora, diferentemente da interpretação de alguns incautos, de maneira análoga às Classes de Assinantes Residenciais e Não Residenciais já existentes cria outro critério de acesso ao STFC para os indivíduos menos favorecidos economicamente.

Além das anteriormente estabelecidas classes de assinantes do STFC e do caso similar adotado para o setor elétrico, por meio do Decreto nº 4.336/02 e pela Resolução Aneel nº 485/02, temos precedentes judiciais que dão suporte à questão da elegibilidade em consonância com o prin-cípio da isonomia:

ADI 1643 / UF - UNIÃO FEDERALAÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADERelator(a):Min. MAURÍCIO CORRÊAJulgamento:05/12/2002Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação:DJ 14-03-2003 PP-00027 EMENT VOL-02102- 01 PP-00032

EMENTA: ACÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS PROFISSÕES LIBERAIS. PERTINÊNCIA TEMÁTICA. LEGI-TIMIDADE ATIVA. PESSOAS JURÍDICAS IMPEDIDAS DE OPTAR PELO REGIME. CONSTITUCIONALIDADE. 1. Há pertinência temática entre os objetivos institucionais da requerente e o inciso XIII do artigo 9º da Lei 9317/96, uma vez que o pedido visa a defesa dos interesses de pro-fissionais liberais, nada obstante a referência a pessoas jurídicas prestadoras de serviços. 2. Legitimidade ativa da Confederação. O Decreto de 27/05/54 reconhece-a como entidade sindical de grau superior, coordenadora dos inte-resses das profissões liberais em todo o território nacional. Precedente. 3. Por disposição constitucional (CF, artigo 179), as microempresas e as empresas de pequeno porte devem ser beneficiadas, nos termos da lei , pela “sim-plificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redu-ção destas” (CF, artigo 179). 4. Não há ofensa ao princípio

34 IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>

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da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empre-sas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do SIMPLES aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistên-cia do Estado. Ação direta de inconstitucionalidade jul-gada improcedente.

ADC 9 / DF - DISTRITO FEDERALAÇÃO DECLARATÓRIA DECONSTITUCIONALIDADERelator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRARel. AcórdãoMin. ELLEN GRACIEJulgamento:13/12/2001Órgão Julgador: Tribunal PlenoPublicação: DJ 23-04-2004 PP-00006 EMENT VOL-02148-01 PP-00001

AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISÓRIA nº 2.152-2, DE 1º DE JUNHO DE 2001, E POSTERIORES REEDIÇÕES. ARTIGOS 14 A 18. GESTÃO DA CRISE DE ENERGIA ELÉTRICA. FIXAÇÃO DE METAS DE CONSUMO E DE UM REGIME ESPECIAL DE TARIFAÇÃO. 1. O valor arrecadado como tarifa especial ou sobretarifa imposta ao consumo de energia elétrica acima das metas estabelecidas pela Medida Provisória em exame será utilizado para custear despesas adicionais, decorren-tes da implementação do próprio plano de racionamento, além de beneficiar os consumidores mais poupadores, que serão merecedores de bônus. Este acréscimo não desca-racteriza a tarifa como tal, tratando-se de um mecanismo que permite a continuidade da prestação do serviço, com a captação de recursos que têm como destinatários os fornecedores/concessionários do serviço. Implementação, em momento de escassez da oferta de serviço, de polí-tica tarifária, por meio de regras com força de lei, con-forme previsto no artigo 175, III da Constituição Federal. 2. Atendimento aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, tendo em vista a preocupação com os direi-

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tos dos consumidores em geral, na adoção de medidas que permitam que todos continuem a utilizar-se, mode-radamente, de uma energia que se apresenta incontesta-velmente escassa. 3. Reconhecimento da necessidade de imposição de medidas como a suspensão do fornecimento de energia elétrica aos consumidores que se mostrarem insensíveis à necessidade do exercício da solidariedade social mínima, assegurada a notificação prévia (art. 14, § 4º, II) e a apreciação de casos excepcionais (art. 15, § 5º). 4. Ação declaratória de constitucionalidade cujo pedido se julga procedente.

RE 225721 / PE – PERNAMBUCORECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a): Min. ILMAR GALVÃOJulgamento: 22/02/2000Órgão Julgador: Primeira TurmaPublicação: DJ 28-04-2000 PP-00096 EMENT VOL-01988-06 PP-01114

EMENTA: ISONOMIA. ART. 5º, CAPUT, DA CONSTI-TUIÇÃO FEDERAL. POLÍCIA MILITAR. DISTINÇÃO EM RAZÃO DO SEXO. PROMOÇÃO DE OFICIAL DO SEXO FEMININO EM VAGA DO QUADRO MASCULINO DA COR-PORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. A jurisprudência do STF tem admitido discriminações no provimento de cargos, desdeque se legitimem como imposição da natureza e das atribuições da função. O art. 5º da Lei nº 9.816/86, do Estado de Pernambuco, ao permitir a promoção de oficiais do sexo masculino em postos do quadro feminino, sem admitir a possibilidade inversa, não viola o princípio da isonomia, uma vez que se louva em distinção legitimada pela natureza das atribuições de cada um dos quadros de oficiais da corporação. Recurso extraordinário conhecido e provido.

MI 58 / DF - DISTRITO FEDERALMANDADO DE INJUNÇÃORelator(a): Min. CARLOS VELLOSORel. Acórdão

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Min. CELSO DE MELLOJulgamento:14/12/1990Órgão Julgador:Tribunal PlenoPublicação: DJ 19-04-1991 PP-04580 EMENT VOL-01616-01 PP-00026 RTJ VOL-00140-03 PP-00747

MANDADO DE INJUNÇÃO – PRETENDIDA MAJORA-ÇÃO DE VENCIMENTOS DEVIDOS A SERVIDOR PÚBLICO (INCRA/MIRAD) – ALTERAÇÃO DE LEI JA EXISTENTE - PRINCÍPIO DA ISONOMIA - POSTULADO INSUSCETIVEL DE REGULAMENTAÇÃO NORMATIVA INOCORRENCIA DE SITUAÇÃO DE LACUNA TECNICA - A QUESTÃO DA EXCLUSAO DE BENEFICIO COM OFENSA AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA - MANDADO DE INJUNÇÃO NÃO CONHE-CIDO. O princípio da isonomia, que se reveste de auto-aplicabilidade, não e – enquanto postulado fundamental de nossa ordem político-jurídica - suscetível de regula-mentação ou de complementação normativa. Esse princí-pio - cuja observância vincula, incondicionalmente, todas as manifestações do Poder Público - deve ser conside-rado, em sua precípua função de obstar discriminações e de extinguir privilégios (RDA 55/114), sob duplo aspecto: (a) o da igualdade na lei e (b) o da igualdade perante a lei. A igualdade na lei - que opera numa fase de genera-lidade puramente abstrata – constitui exigência destinada ao legislado que, no processo de sua formação, nela não poderá incluir fatores de discriminação responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. A igualdade perante a lei, contudo, pressupondo lei já elaborada, traduz imposição destinada aos demais poderes estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou discriminatório. A even-tual inobservância desse postulado pelo legislador imporá ao ato estatal por ele elaborado e produzido a eiva de inconstitucionalidade. Refoge ao âmbito de finalidade do mandado de injunção corrigir eventual inconstituciona-lidade que infirme a validade de ato em vigor. Impõe-se refletir, no entanto, em tema de omissão parcial, sobre as possíveis soluções jurídicas que a questão da exclu-são de beneficio, com ofensa ao princípio da isonomia, tem sugerido no plano do direito comparado: (a) exten-são dos benefícios ou vantagens as categorias ou grupos inconstitucionalmente deles excluídos; (b) supressão dos

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benefícios ou vantagens que foram indevidamente con-cedidos a terceiros; (c) reconhecimento da existência de uma situação ainda constitucional (situação constitucio-nal imperfeita), ensejando-se ao Poder Público a edição, em tempo razoável, de lei restabelecedora do dever de integral obediência ao princípio da igualdade, sob pena de progressiva inconstitucionalização do ato estatal exis-tente, porem insuficiente e incompleto.

AR 1204 / DF - DISTRITO FEDERALAÇÃO RESCISÓRIARelator(a):Min. CELIO BORJARel. AcórdãoMin. SYDNEY SANCHESJulgamento: 23/02/1989Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENOPublicação: DJ 11-09-1992 PP-14714 EMENT VOL-01675- 02 PP-00192 RTJ VOL-00141-01 PP-00084

CAFE. EXPORTAÇÃO. QUOTAS. ARTS. 2. E 3., II, PARA-GRAFO 1., DA LEI N. 1.779, DE 22.12.1952; ART. 3., “B”, DA RESOLUÇÃO N. 51, DE 19.08.1981. PRINCÍPIO DE ISONOMIA. ART. 153, PARAGRAFO 1., DA E.C. N. 1/69. 1. A ALINEA “B” DO ART. 3. DA RESOLUÇÃO N. 51/81, DO I.B.C., COM APOIO NOS ARTS. 2. E 3., INCISO II, E SEU PARAGRAFO 1., DA LEI N. 1.779, DE 22.12.1952, VISOU A FOMENTAR O COOPERATIVISMO DE PRODUÇÃO ENTRE OS CAFEICULTORES, POIS, AMPLIANDO AS QUOTAS DE EXPORTAÇÃO DE SUAS COOPERATIVAS, POR ESSA FORMA LHES FACILITOU O ESCOAMENTO DA PRODU-ÇÃO. 2. NÃO E ARBITRARIA A DISCRIMINAÇÃO ENTRE AS COOPERATIVAS, QUE BUSCAM AFASTAR INTERME-DIARIOS E COM ISSO PROPICIAR MELHORES PREÇOS, E AS EMPRESAS NÃO COOPERATIVAS, QUE PODEM SE VALER DE INTERMEDIARIOS E ALCANCAR PREÇOS MAIORES. E ISSO PESA NA COMPETIÇÃO PERANTE O MERCADO EXTERNO. 3. VALENDO-SE DE CRITÉRIOS POLITICOS, QUE LHE HAVIAM SIDO CONFERIDOS, O I.B.C., NA RESOLUÇÃO 51/81, NÃO EXORBITOU DA LEI N. 1.779, DE 22.12.1952, NEM AFRONTOU O PRINCÍPIO

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DA ISONOMIA PREVISTO NO PARAGRAFO 1. DO ART. 153 DA E.C. N. 1/69. 4. PRESERVANDO ESSES CRITÉRIOS O ACÓRDÃO RESCINDENDO TAMBÉM NÃO VIOLOU TAL PRINCÍPIO. 5. NEM COMPETE AO PODER JUDICIARIO A PRETEXTO DE ISONOMIA, AMPLIAR OU ESTENDER A TERCEIRO BENEFÍCIOS OU PRIVILEGIOS LEGALMENTE AUTORIZADOS, INCLUSIVE OS RESULTANTES DE RESO-LUÇÕES NORMATIVAS DE ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS COM PODER DELEGADO, POIS ISSO SERIA SUBSTITUIR-SE AO LEGISLADOR OU ADMINISTRADOR. COMPETE-LHE, ISTO SIM, DESCONSTITUIR TAIS BENEFÍCIOS E PRI-VILEGIOS, QUANDO INCONSTITUCIONAIS, SE PROVADO PELAS VIAS PROPRIAS, EM CARÁTER INCIDENTAL OU PRINCIPAL. 6. INOCORRENDO A ALEGADA VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ISONOMIA (ART. 153 PARAGRAFO 1. DA E.C. N. 1/69), JULGA-S IMPROCEDENTE A AÇÃO RESCISÓRIA, QUE SE FUNDA APENAS NESSA ALEGA-ÇÃO.

RMS 19464 / SC ;RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DESEGURANÇA 2005/0011483-0MIN. GILSON DIPP (1111)T5 - QUINTA TURMAData do Julgamento: 02/02/2006Data da Publicação/Fonte: DJ 06.03.2006 p. 417

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO - CONCURSO PÚBLICO – BOMBEIRO MILITAR - EDITAL - LIMITAÇÃO AO SEXO MASCULINO - PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE - APLICAÇÃO - NATUREZA DA FUNÇÃO A SER EXER-CIDA – LEI COMPLEMENTAR 172/1998 E PRINCÍPIO DA ISONOMIA - OFENSA - INEXISTÊNCIA - PROVA PRÉ CONSTITUÍDA - AUSÊNCIA – RECURSO DESPROVIDO. I- Não ofende qualquer direito líquido e certo a disposição prevista no Edital de abertura de Concurso Público para ingresso no cargo de Bombeiro Militar do Estado de Santa Catarina, limitando a inscrição a candidatos do sexo masculino. II - A Lei Complementar Estadual estabele-ceu percentual máximo de ingresso para o sexo feminino no cargo de Bombeiro Militar, a ser definido em edital

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de concurso público, “em razão da necessidade, peculia-ridades e especialidade da atividade policialmilitar...” III - A norma constitucional que veda discriminações para ingresso em cargos públicos não é absoluta, a ser exami-nada à luz do princípio da razoabilidade. IV – Mandado de segurança exige prova préconstituída como condição essencial à verificação de pretensa ilegalidade, não ser-vindo como remédio hábil para apreciar suposto ausência de razoabilidade na limitação editalícia não demonstrado de plano. Desta forma, inaceitável a adoção de tese cujo arcabouço probatório não foi previamente produzido. V - Recurso conhecido, mas desprovido.

REsp 567873 / MG ;RECURSO ESPECIAL 2003/0151040-1Relator(a): MIN. LUIZ FUX (1122)T1 - PRIMEIRA TURMAData do Julgamento: 10/02/2004Data da Publicação/Fonte: DJ 25.02.2004 p. 120 RSTJ vol. 182 p. 134

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. ISENÇÃO NA COM-PRA DE AUTOMÓVEIS. DEFICIENTE FÍSICO IMPOSSIBI-LITADO DE DIRIGIR. AÇÃO AFIRMATIVA. LEI 8.989/95 ALTERADA PELA LEI Nº 10.754/2003. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE DA LEX MITIOR. 1. A ratio legis do benefício fiscal conferido aos deficientes físicos indicia que indeferir requerimento formulado com o fim de adqui-rir um veículo para que outrem o dirija, à míngua de con-dições de adaptá-lo, afronta ao fim colimado pelo legisla-dor ao aprovar a norma visando facilitar a locomoção de pessoa portadora de deficiência física, possibilitando-lhe a aquisição de veículo para seu uso, independentemente do pagamento do IPI. Consectariamente, revela-se inacei-tável privar a Recorrente de um benefício legal que coad-juva às suas razões finais a motivos humanitários, posto de sabença que os deficientes físicos enfrentam inúmeras dificuldades, tais como o preconceito, a discriminação, a comiseração exagerada, acesso ao mercado de trabalho, os obstáculos físicos, constatações que conduziram à con-sagração das denominadas ações afirmativas, como esta que se pretende empreender. 2. Consectário de um país

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que ostenta uma Carta Constitucional cujo preâmbulo promete a disseminação das desigualdades e a proteção à dignidade humana, promessas alçadas ao mesmo patamar da defesa da Federação e da República, é o de que não se pode admitir sejam os direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência, relegados a um plano diverso daquele que o coloca na eminência das mais belas garantia constitucionais. 3. Essa investida legislativa no âmbito das desigualdades físicas corporifica uma das mais expressivas técnicas consubstanciadoras das denominadas “ ações afirmativas”. 4. Como de sabença, as ações afirma-tivas, fundadas em princípios legitimadores dos interesses humanos reabre o diálogo pós-positivista entre o direito e a ética, tornando efetivos os princípios constitucionais da isonomia e da proteção da dignidade da pessoa humana, cânones que remontam às mais antigas declarações Uni-versais dos Direitos do Homem. Enfim, é a proteção da própria humanidade, centro que hoje ilumina o universo jurídico, após a ta decantada e aplaudida mudança de paradigmas do sistema jurídico, que abandonando a igua-lização dos direitos optou, axiologicamente, pela busca da justiça e pela pessoalização das situações consagradas na ordem jurídica. 5. Deveras, negar à pessoa portadora de deficiência física a política fiscal que consubstancia ver-dadeira positive action significa legitimar violenta afronta aos princípios da isonomia e da defesa da dignidade da pessoa humana. 6. O Estado soberano assegura por si ou por seus delegatários cumprir o postulado do acesso ade-quado às pessoas portadoras de deficiência. 7. Incumbe à legislação ordinária propiciar meios que atenuem a natu-ral carência de oportunidades dos deficientes físicos. 8. In casu, prepondera o princípio da proteção aos deficientes, ante os desfavores sociais de que tais pessoas são víti-mas. A fortiori, a problemática da integração social dos deficientes deve ser examinada prioritariamente, maxime porque os interesses sociais mais relevantes devem preva-lecer sobre os interesses econômicos menos significantes. 9. Imperioso destacar que a Lei nº 8.989/95, com a nova redação dada pela Lei nº 10.754/2003, é mais abrangente e beneficia aquelas pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas, direta-mente ou por intermédio de seu representante legala pela

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Lei nº 10.690, de 16.6.2003), vedando-se, conferir-lhes na solução de seus pleitos, interpretação deveras literal que conflite com as normas gerais, obstando a salutar retroa-tividade da lei mais benéfica. (Lex Mitior). 10. O CTN, por ter status de Lei Complementar, não distingue os casos de aplicabilidade da lei mais benéfica ao contribuinte, o que afasta a interpretação literal do art. 1º, § 1º, da Lei 8.989/95, incidindo a isenção de IPI com as alterações introduzidas pela novel Lei 10.754, de 31.10.2003, aos fatos futuros e pretéritos por força do princípio da retroa-tividade da lex mitior consagrado no art. 106 do CTN. 11. Deveras, o ordenamento jurídico, principalmente na era do pós-positivismo, assenta como técnica de aplicação do direito à luz do contexto social que: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e à exi-gências do bem comum”. (Art. 5º LICC) 12. Recurso espe-cial provido para conceder à recorrente a isenção do IP nos termos do art. 1º, § 1º, da Lei nº 8.989/95, com a nove redação dada pela Lei 10.754, de 31.10.2003, na aquisiçã de automóvel a ser dirigido, em seu prol, por outrem.

REsp 43789 / SP ;RECURSO ESPECIAL 1994/0003552-7Relator(a): MIN. ASSIS TOLEDO (1066)T5 - QUINTA TURMAData do Julgamento: 18/04/1994Data da Publicação/Fonte: DJ 09.05.1994 p. 10886 RSTJ vol. 84 p. 307

PROCESSUAL CIVIL. ASSISTENCIA JUDICIARIA. PRAZO EM DOBRO E INTIMAÇÃO PESSOAL DO DEFENSOR PUBLICO (ART. 5., PAR. 5., DA LEI 1.060/50, NA REDA-ÇÃO DETERMINADA PELA LEI 7.871, DE 08/11/89). CONSTITUCIONALIDADE E EFICACIA DESSES PRECEI-TOS. A CONCESSÃO DE TUTELA JURIDICA DIFEREN-CIADA AOS “NECESSITADOS” NÃO CONSTITUI DISCRI-MINAÇÃO OU PRIVILEGIO CONTRARIOS AO PRINCIPIO DA ISONOMIA, POR REPRESENTAR MERO TRATAMENTO DESIGUAL A DESIGUAIS INSTITUIDO POR LEI E RESUL-TANTE DE MANDAMENTO CONSTITUCIONAL EXPRESSO

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(ART. 5., LXXIV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL). DEFEN-SOR PUBLICO. TEM DIREITO A INTIMAÇÃO PESSOAL E AO DOBRO DO PRAZO, NOS PROCESSOS EM QUE ATUA PELA ASSISTENCIA JUDICIARIA. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO, PELAS LETRAS “A” E “C”, PARA, AFASTADO O FUNDAMENTO DO ACORDÃO, DETERMI-NAR SE PROSSIGA NO JULGAMENTO DA APELAÇÃO.

Ainda, ratificando esta idéia, temos exemplos de estabelecimento de cri-térios de eleição já pacificamente adotados, tais como as peculiaridades de tratamento dos maiores de idade e dos idosos, o de diferença de idade base para aposentadoria do homem e da mulher, a diferença do prazo de licença maternidade e de paternidade, o de deficientes e outros muitos mais.

Além destes exemplos nacionais, destacam-se as experiências de outros países no estabelecimento de programas voltados para a classe de baixa renda, conforme tópico 1.2 deste trabalho. Nos Estados Unidos temos os programas Lifeline (Lifeline Assistence) e Link Up (Lifeline Connection Assistence e em Portugal o dirigido para aposentados/pensionistas, bem como o Plano de Baixo Custo, que permitem a redução dos valores men-sais e de instalação.

Por fim, podemos afirmar também, como fator ensejador da legalidade da Classe de Assinantes - AICE, a observância da preservação das con-dições econômicas e financeiras da concessão, tendo em vista o estabe-lecimento de regras de segregação claras, de simples adoção e de opera-cionalização confiável. Não se tem fundamento para sustentar a criação de Classe de Assinantes, nos moldes da Classe de Assinantes - AICE, sem critérios de elegibilidade. Trata-se de Classe Especial e como o seu pró-prio nome, deve possuir especialidade de assinantes, qual seja indivíduos de baixa renda.

Neste diapasão, fundamenta-se a eleição de assinantes de baixa renda para fruição da Classe de Assinantes - AICE, também na preservação do equilíbrio econômico-financeiro das prestadoras.

Portanto, buscando atender aos anseios da política pública setorial 35 36 (i) de universalização, (ii) de assegurar o acesso individualizado de todos os cidadãos a pelo menos um serviço de telecomunicação e a modicidade das tarifas, (iii) de estímulo ao desenvolvimento dos serviços de forma

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a aperfeiçoar e a ampliar o acesso, de toda a população, às telecomuni-cações, sob condições de tarifas e de preços justos e razoáveis e de (iv) garantia do atendimento adequado às necessidades dos cidadãos, relati-vas aos serviços de telecomunicações com garantia de qualidade; e tam-bém à preservação do equilíbrio econômico-financeiro das prestadoras de STFC, podemos concluir que não há óbices jurídicos para o estabele-cimento de critérios de acessibilidade para o Classe de Assinantes - AICE, sendo cabível contemplar apenas a parcela hipossuficiente da sociedade eleita sem ofensa ao princípio constitucional da isonomia.

35 Decreto n. 4733/03: “Art.3º. As políticas para as telecomunicações têm como finalidade pri-mordial atender ao cidadão, observando, entre outros, os seguintes objetivos gerais:I - a inclusão social;II - a universalização, nos termos da Lei no 9.472, de 1997;III - contribuir efetivamente para a otimização e modernização dos programas de Governo e da prestação dos serviços públicos;IV - integrar as ações do setor de telecomunicações a outros setores indispensáveis à promoção do desenvolvimento econômico e social do País;V - estimular o desenvolvimento industrial brasileiro no setor;VI - fomentar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico do setor;VII - garantir adequado atendimento na prestação dos serviços de telecomunicações;VIII - estimular a geração de empregos e a capacitação da mão-de-obra; eIX - estimular a competição ampla, livre e justa entre as empresas exploradoras de serviços detelecomunicações, com vistas a promover a diversidade dos serviços com qualidade e a preços acessíveis à população.”36 Decreto n. 4733/03: “Art.4º As políticas relativas aos serviços de telecomunicações objeti-vam:I - assegurar o acesso individualizado de todos os cidadãos a pelo menos um serviço de teleco-municação e a modicidade das tarifas;II - garantir o acesso a todos os cidadãos à Rede Mundial de Computadores (Internet);III - o atendimento às necessidades das populações rurais;IV - o estímulo ao desenvolvimento dos serviços de forma a aperfeiçoar e a ampliar o acesso, de toda a população, às telecomunicações, sob condições de tarifas e de preços justos e razo-áveis;V - a promoção do desenvolvimento e a implantação de formas de fixação, reajuste e revisão de tarifas dos serviços, por intermédio de modelos que assegurem relação justa e coerente entre o custo do serviço e o valor a ser cobrado por sua prestação, assegurado o equilíbrio econômico-financeiro do contrato;VI - a garantia do atendimento adequado às necessidades dos cidadãos, relativas aos serviços de telecomunicações com garantia de qualidade;VII - a organização do serviço de telecomunicações visando a inclusão social.”

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CONCLUSÃO

Diante de todo o exposto, instrumentos de inclusão social como o AICE não devem ser erroneamente elaborados com critérios que impedem a consecução de sua função social de progressiva universalização.

Neste sentido, não há que se falar em incentivos governamentais de cunho social como este sem a criação de mecanismos niveladores das diferenças entre os indivíduos. A pior barreira ao crescimento de um indivíduo e, por via de conseqüência, da nação, são as econômicas, que os impedem de ter acesso, em especial neste caso, às inúmeras oportuni-dades que os serviços de telecomunicações podem oferecer.

Têm-se exemplos nacionais e internacionais de práticas “discriminató-rias”, que não afrontam o princípio da isonomia, todas baseadas em critérios de discrímen que privilegiam a justiça social. Portanto, o esta-belecimento da elegibilidade no AICE possui amplo suporte jurídico, não possuindo óbices à sua adoção.

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