administraÇÃo de passivo tributÁrio por: elisangela

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ADMINISTRAÇÃO DE PASSIVO TRIBUTÁRIO Por: Elisangela Ribeiro; docente e pesquisadora, UNIVÁS – Universidade do Vale do Sapu- caí, MG Lázaro Quintino Alves; docente e pesquisador, UNIVÁS – Universidade do Vale do Sapucaí, MG Gestão e Conhecimento, v. 3, n. 1, julho/novembro 2006 http://www.pucpcaldas.br/graduacao/administracao/nupepu/online/inicial.htm

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ADMINISTRAÇÃO DE PASSIVO TRIBUTÁRIO

Por:

Elisangela Ribeiro; docente e pesquisadora, UNIVÁS – Universidade do Vale do Sapu-

caí, MG

Lázaro Quintino Alves; docente e pesquisador, UNIVÁS – Universidade do Vale do

Sapucaí, MG

Gestão e Conhecimento, v. 3, n. 1, julho/novembro 2006

http://www.pucpcaldas.br/graduacao/administracao/nupepu/online/inicial.htm

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ADMINISTRAÇÃO DE PASSIVO TRIBUTÁRIO Elisangela Ribeiro, Lázaro Quintino Alves

Gestão e Conhecimento V. 3, n. 1, art. 1, julho,novembro 2006 PUC – Minas campus Poços de Caldas ISSN 1808-6594

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Resumo:

Este trabalho procurou demonstrar a importância de se fazer a administração do

passivo tributário para reduzir a carga tributária sem ferir a legislação, pois o Brasil os-

tenta uma das cargas tributária mais alta do mundo, e ela cresce dia-a-dia. Com a globa-

lização da economia e a concorrência cada vez mais acirrada, as organizações necessi-

tam de uma correta administração do passivo tributário para garantir sua sobrevivência.

Uma das ferramentas usadas pelas empresas para tentar reduzir de forma lícita e contri-

buir na diminuição dos gastos tributários é o Planejamento Tributário. Sabemos que não

é possível acabar com os impostos, pois é com eles que o governo movimenta sua má-

quina administrativa e retorna em melhorias para a sociedade. Cabe ao administrador, e

ao responsável pela área contábil, uma análise minuciosa das atividades desenvolvidas

na empresa, inclusive a parte documental, ramo de atividade, enquadramento fiscal,

produção, vendas e recebimento, entre outros na busca de meios para aliviar dentro da

Lei o peso dos impostos e adequar à empresa no melhor regime de tributação.

Palavras-chaves: Planejamento Tributário; Regimes de Tributação; Impostos;

Elisão Fiscal.

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1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que o Brasil possui uma das maiores cargas tributárias do mundo e que

os tributos (impostos, taxas e contribuições) representam um percentual significante no

custo das empresas.

Com a globalização da economia e a concorrência cada vez mais acirrada, a car-

ga tributária é uma das preocupações das organizações.

Diante desta realidade, as empresas buscam formas para redução desta carga tri-

butária sejam elas lícitas (elisão fiscal) ou ilícitas (evasão fiscal).

Cabe ao profissional de contabilidade junto à organização, implementar um bom

planejamento tributário para de forma lícita, reduzir o passivo tributário, proteger de

forma eficaz as disponibilidades das empresas, maximizar os lucros e contribuir para

combater o nível de desemprego.

Esse trabalho pretende contemplar a importância da administração do passivo

tributário junto às organizações e como sistema de apoio quer para empresários, geren-

tes, diretores, contadores, estudantes, enfim para todos que direta ou indiretamente estão

envolvidos com a gestão de planejamento tributário.

Portanto, pretende-se realizar um estudo da legislação pertinente para conhecer

os regimes de tributação e identificar as situações onde é possível o crédito tributário,

situações de postergação dos recolhimentos de impostos e consequentemente o gerenci-

amento do fluxo de caixa.

2. SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO

2.1 A evolução da carga tributária no Brasil

Espina (2005) afirma que empresas que no início de cada ano fazem junto com

seu contador uma análise tributária saem na frente, visto que enfrentar um “leão” cada

vez mais faminto exige das organizações muita disciplina para conseguir se manter no

mercado.

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Não dá para fingir que os impostos não existem. Faz-se necessário entender que

não dá para acabar com os impostos, pois é com eles que o governo alimenta sua má-

quina administrativa e pelo menos na teoria retorna em benefícios para a sociedade.

Pode-se observar que o governo brasileiro vem mantendo um processo constante

de aumento da carga tributária, sendo que em alguns períodos não houve grandes modi-

ficações, mas também apresentou aumentos bruscos em alguns períodos, como veremos

abaixo, e que causaram grandes repercussões na economia brasileira.

O montante dos impostos arrecadados atualmente no país representa mais de um

terço das riquezas produzidas e a carga tributária é medida em percentuais do Produto

Interno Bruto (PIB).

Observa-se nos parágrafos seguintes uma explanação a respeito do aumento da

carga tributária brasileira segundo o artigo tributário de Rosa (2006).

Segundo ele, em 1947 a carga tributária brasileira encontrava-se no patamar de

13,8% do PIB nacional.

Em 1965, quase duas décadas depois, a carga tributária já se encontrava bem

mais onerosa, situada no patamar de 19,0% do PIB nacional.

Com a alteração do sistema tributário promulgado com a Emenda Constitucional

nº 18 em 01/12/65 a arrecadação do governo intensificou seu ritmo de crescimento e

quatro anos depois, em 1970, a carga tributária estava situada no patamar de 26,0% do

PIB nacional.

Com este crescimento brusco, várias manifestações desfavoráveis aconteceram,

contudo como o Brasil atravessava a década de 70 um período de grande explosão eco-

nômica, o governo optou por manter a carga tributária até a primeira metade da década

de 80, melhorando sua arrecadação tão somente através do crescimento econômico do

país.

Em 1986, a carga tributária, situada em 26,2% do PIB, encontrava-se pratica-

mente no mesmo patamar de 1970.

Nos dois anos subseqüentes, houve redução da carga tributária para 22,4% do

PIB devido votação do texto da Constituição de 1988, contudo em 1990 atingiu 28,8%

do PIB.

Com isso, muitas empresas foram levadas à insolvência ou mesmo à falência.

Este aumento expressivo da carga tributária foi tão maléfico que o governo teve que

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reduzir drasticamente em 1991 para 25,2% do PIB para evitar que a economia brasileira

“afundasse”. Esse patamar foi mantido até 1993.

Em 1994 a carga tributária atingiu 29,8% do PIB, devido à implementação de

um novo modelo econômico que permitiu ao governo incrementar substancialmente sua

arrecadação.

Com a manutenção da estabilidade econômica do país foi mantido o panorama

favorável de crescimento de carga tributária brasileira, que em 2001 atingiu o patamar

de 34,7% do PIB.

Corroborando com o artigo acima, vê-se, a seguir, a matéria publicada no Jornal

Estado de São Paulo, no dia 03/04/2006 e divulgada no site Portal de Contabilidade, a

respeito do estudo feito pelos economistas José Roberto Afonso e Beatriz Barbosa Mei-

relles.

Neste estudo, que tem como base o anuário fiscal do Fundo Monetário Interna-

cional (FMI), relata-se que o Brasil já atingiu a média da carga tributária dos países

mais ricos do mundo, onde o Brasil apresentou um índice de 38,9% em 2005, enquanto

os 21 países industrializados pesquisados apresentavam de 2003 a 2004 um índice de

38,8%.

Entre as nações ricas, podem-se citar os Estados Unidos, Japão e Austrália que

possuem carga tributária inferior a brasileira, sendo 25,77%, 26,28% e 30,68% respecti-

vamente.

Os países com carga tributária superiores às brasileiras encontram-se principal-

mente no Norte da Europa, sendo: Suécia (51,35%), Dinamarca (49,85%), Bélgica

(46,85%) e França (45,04%), entre outros.

Porém, segundo o FMI, a carga tributária dos países que possuem mesmo nível

de desenvolvimento do Brasil é de apenas 27,44% em média, caindo essa média para

16% do PIB na América Latina, como por exemplo, o Chile (18,72%) e Argentina

(25,93%).

Como visto acima, embora o Brasil seja um país de 3º mundo, sua carga tributá-

ria brasileira está num patamar semelhante ao das grandes nações. Com isso, as empre-

sas procuram reduzir de alguma forma, essa carga tributária absurda, nem sempre de

forma lícita, porém seria utopia pensar que a curto ou médio prazo essa realidade brasi-

leira irá mudar, pois isso resultaria no comprometimento das finanças públicas do país.

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2.2 Lista de tributos brasileiros

De acordo com a legislação os tributos se dividem em: Impostos, Taxas e Con-

tribuições.

Os tributos são pagamentos feitos para o governo tanto por pessoas físicas (indi-

víduos) quanto pessoas jurídicas (estabelecimentos) em decorrência de atividades reali-

zadas (industrialização, comercialização ou prestação de serviços) ou em decorrência de

patrimônios por elas mantidos.

Os impostos são usualmente divididos em: impostos diretos e indiretos, confor-

me veremos a seguir com mais detalhes.

Confira abaixo a lista de tributos brasileiros descritos na enciclopédia livre

(Wikipédia):

2.2.1 Impostos

2.2.1.1 Impostos federais

• Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros ( II );

• Imposto sobre a exportação de produtos nacionais ou

nacionalizados ( IE );

• Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza ( IR );

• Imposto sobre produtos industrializados ( IPI );

• Imposto sobre operações financeiras ( IOF );

• Imposto territorial rural ( ITR );

• Imposto sobre grandes fortunas ( IGF ).

2.2.1.2 Impostos estaduais

• Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e

sobre serviços de transporte interestadual e intermunicipal ( ICMS );

• Imposto sobre propriedade de veículos automotores ( IPVA );

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• Imposto sobre transmissões causa mortis e doações de qualquer

bem ou direito (ITCD );

• Adicional do imposto da união sobre a renda e proventos de

qualquer natureza (AIRE ).

2.2.1.3 Impostos municipais

• Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana ( IPTU );

• Imposto sobre transmissão inter vivos de bens e imóveis e de

direitos reais a eles relativos ( ITBI );

• Imposto sobre vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos

– extinto (IVVC);

• Impostos sobre serviços de qualquer natureza ( ISS )

2.2.2 Taxas

• Taxa de autorização do trabalho estrangeiro;

• Taxa de avaliação in loco das instituições de educação e cursos de

graduação - Lei 10.870/2004;

• Taxa de classificação, inspeção e fiscalização de produtos animais

e vegetais ou de consumo nas atividades agropecuárias - Decreto Lei

1.899/1981;

• Taxa de coleta de lixo;

• Taxa de combate a incêndios;

• Taxa de conservação e limpeza pública;

• Taxa de controle e fiscalização ambiental – TCFA - Lei

10.165/2000;

• Taxa de controle e fiscalização de produtos químicos - Lei

10.357/2001, art. 16;

• Taxa de emissão de documentos (níveis municipais, estaduais e

federais);

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• Taxa de fiscalização CVM (Comissão de Valores Mobiliários) -

Lei 7.940/1989;

• Taxa de fiscalização de vigilância sanitária - Lei 9.782/1999, art.

23;

• Taxa de fiscalização dos produtos controlados pelo exército

brasileiro - TFPC - Lei 10.834/2003;

• Taxa de fiscalização e controle da previdência complementar -

TAFIC - art. 12 da MP 233/2004;

• Taxa de licenciamento anual de veículo;

• Taxa de licenciamento para funcionamento e alvará municipal;

• Taxa de pesquisa mineral DNPM - Portaria Ministerial 503/1999;

• Taxa de serviços administrativos – TSA – Zona Franca de

Manaus - Lei 9960/2000;

• Taxa de serviços metrológicos - art. 11 da Lei 9933/1999;

• Taxas ao conselho nacional de petróleo (CNP);

• Taxas de outorgas (Radiodifusão, telecomunicações, transporte

rodoviário e ferroviário, etc.);

• Taxas de saúde suplementar - ANS - Lei 9.961/2000, art. 18;

• Taxa de utilização do mercante - Decreto 5.324/2004;

• Taxas do registro do comércio (Juntas comerciais);

• Taxa processual conselho administrativo de defesa econômica -

CADE - Lei 9.718/1998.

2.2.3 Contribuições

2.2.3.1 Contribuições trabalhistas ou sobre a folha de pagamento

• Contribuição para o instituto nacional de seguridade social

(INSS);

• Contribuição para fundo de garantia por tempo de serviço

(FGTS);

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• Contribuição para o programa de integração social e de formação

do patrimônio do servidor público ( PIS/PASEP ).

2.2.3.2 Contribuições sobre o faturamento ou sobre o lucro

• Contribuição social para o financiamento da seguridade social

(COFINS);

• Contribuição social sobre o lucro líquido ( CSLL ).

2.2.3.3 Contribuições sobre movimentações financeiras

• Contribuição provisória sobre movimentação financeira (CPMF).

2.2.3.4 Contribuições - "Sistema S"

• Contribuição ao serviço brasileiro de apoio a pequena empresa

(Sebrae) - Lei 8.029/1990;

• Contribuição ao serviço nacional de aprendizado comercial

(SENAC) - Lei 8.621/1946;

• Contribuição ao serviço nacional de aprendizado dos transportes

(SENAT) - Lei 8.706/1993;

• Contribuição ao serviço nacional de aprendizado industrial

(SENAI) - Lei 4.048/1942;

• Contribuição ao serviço nacional de aprendizado rural (SENAR) -

Lei 8.315/1991;

• Contribuição ao serviço social da indústria (SESI) - Lei

9.403/1946;

• Contribuição ao serviço social do comércio (SESC) - Lei

9.853/1946;

• Contribuição ao serviço social do cooperativismo (SESCOOP);

• Contribuição ao serviço social dos transportes (SEST) - Lei

8.706/1993.

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2.2.3.5 Outras contribuições

• Contribuições aos órgãos de fiscalização profissional (Ordem dos

advogados do Brasil - OAB, Conselho regional de contabilidade - CRC, etc);

• Contribuição á direção de portos e costas (DPC) - Lei 5.461/1968;

• Contribuição ao fundo nacional de desenvolvimento científico e

tecnológico (FNDCT ) - Lei 10.168/2000;

• Contribuição ao fundo nacional de desenvolvimento da educação

(FNDE), também chamado "Salário Educação";

• Contribuição ao funrural;

• Contribuição ao instituto nacional de colonização e reforma

agrária (INCRA) - Lei 2.613/1955;

• Contribuição ao seguro acidente de trabalho (SAT);

• Contribuição confederativa laboral (dos empregados);

• Contribuição confederativa patronal (das empresas);

• Contribuição de intervenção do domínio econômico (CIDE) - Lei

10.336/2001;

• Contribuição para custeio do serviço de iluminação pública -

Emenda Constitucional 39/2002;

• Contribuição para o desenvolvimento da indústria

cinematográfica nacional (CONDECINE) - art. 32 da Medida Provisória

2228-1/2001 e Lei 10.454/2002;

• Contribuição sindical laboral;

• Contribuição sindical patronal - é obrigatória, pelo artigo 578 da

CLT;

• Contribuição social adicional para reposição das perdas

inflacionárias do FGTS - Lei Complementar 110/2001;

• Contribuições aos órgãos de fiscalização profissional (OAB,

CRC, etc.);

• Contribuições de melhoria: asfalto, calçamento, esgoto, rede de

água, rede de esgoto, etc.

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2.3 Impostos diretos e indiretos

2.3.1 Impostos diretos

Harada (2004, p. 323) define o imposto direto como “... aquele em que não há

repercussão econômica do encargo tributário, isto é, aquela pessoa que praticou o fato

tipificado na lei suporta o respectivo ônus fiscal”.

Os impostos diretos são aqueles que incidem diretamente sobre o patrimônio ou

a renda das pessoas físicas e jurídicas. Como exemplo, podemos citar: Imposto de Ren-

da Pessoa Jurídica (IRPJ), Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), Imposto sobre a

propriedade territorial rural (ITR), Imposto sobre a propriedade territorial urbana

(IPTU), entre outros.

2.3.2 Impostos indiretos

Os impostos indiretos são aqueles que incidem indiretamente sobre o patri-

mônio ou a renda das pessoas físicas e jurídicas.

Segundo Harada (2004, p. 323) “o imposto indireto seria aquele em que o

ônus financeiro é transferido ao consumidor final, por meio do fenômeno da reper-

cussão econômica”.

São aqueles que agregam ao valor final da mercadoria e são repassados para

o consumidor final, sendo que os principais são: ICMS – Imposto sobre Operações

relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal e o IPI – Imposto sobre produtos industrializados.

2.4 Planejamento tributário

Planejamento tributário não é sonegação fiscal e sim uma forma legal para redu-

zir, excluir ou adiar a carga tributária.

Oliveira (2001, p. 319) define planejamento tributário “(...) como a organização

dos negócios e dos atos do indivíduo e das empresas de maneira a evitar ou reduzir o

peso dos tributos”.

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São procedimentos lícitos que devem ser buscados através do conhecimento da

legislação vigente e também dos elementos específicos da empresa que envolvem a pos-

sível concretização do fato gerador, como por exemplo: o processo produtivo, o merca-

do consumidor, matérias-primas e insumos envolvidos, os produtos ou serviços gerados

e o tipo societário adotado.

Souza (2005, p. 21) afirma que “a sonegação, portanto implica necessariamente

a ocorrência do fato gerador. Só há sonegação quando alguém tenta simular, esconder

ou descaracterizar o fato gerador (já ocorrido)”.

Segundo Cassone (2004, p. 279) “fato gerador é o fato que gera a obrigação tri-

butária”.

Corroborando, Borges (2004, p. 69) afirma que:

“(....) afigura-se-nos correto conceituar o Planejamento Tributário como uma atividade técnica – realizada no universo da gestão empresarial da tributação – que visa projetar as ativi-dades econômicas da empresa, para conhecer as suas válidas e legítimas alternativas estruturais e formais, assim como as suas respectivas obrigações e encargos fiscais, para daí, então, medi-ante meios e instrumentos adequados, avaliá-las com vistas à adoção daquela (alternativa) que possibilita a anulação, maior redução ou o mais extenso adiamento do ônus tributário perti-nente, e, por outro lado, que se integra harmonicamente à plani-ficação global dos negócios.”

Cabe ao profissional contábil encontrar dentro da lei uma forma de buscar al-

ternativas para obter melhores resultados em relação a carga tributária da empresa,

deixando bem claro que planejamento não significa simplesmente deixar de pagar

impostos, ressaltando que sonegar é crime, conforme Lei nº. 8.137/90.

Oliveira (2001, p. 319) ressalta que:

“(...) o sistema jurídico brasileiro admite a possibilidade de o contribuinte planejar seus atos e negócios de forma a não pagar tributo, ou a incidir na menor carga tributária possível, ou mesmo de forma a postergar o momento em que deva recolher algum tributo, o que é uma maneira indireta de economia”.

Tanto o governo federal quanto o governo estadual de Minas Gerais propor-

cionam as empresas do ramo de informática e automação meios para baixar o peso

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dos tributos, sem que a empresa apele para o sonegação, como por exemplo: Proto-

colo de Intenções – ligado diretamente ao pagamento de ICMS e o Programa de a-

poio à pesquisa, desenvolvimento e inovação em tecnologia da informação (PD&I-

TI) – ligado ao pagamento do IPI.

2.5 Elisão e evasão fiscal

Como mencionado anteriormente, tanto o governo federal quanto o governo

estadual proporcionam as empresas meios para reduzir a carga tributária dentro da

lei sem que ocorra a evasão fiscal.

O profissional contábil é peça primordial para as empresas que estão preocupa-

das em minorizar a pesada carga tributária, maximizar os resultados e minimizar os cus-

tos e ou prejuízos com base em um planejamento usando de procedimentos legais a fim

de evitar a ocorrência do fato gerador.

A existência do tributo está diretamente ligada à concretização do fato gerador,

ressaltando que a omissão do fato gerador já concretizado ou o uso de meios fraudulen-

tos para ocultar sua ocorrência caracterizam procedimentos ilícitos de sonegação e eva-

são fiscal.

Souza (2005, p. 4) define evasão fiscal como sendo a “(...) prática que infringe a

lei, cometida após a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, objetiva reduzi-

la ou ocultá-la”.

Já a elisão fiscal é uma forma lícita do uso de meios legais para redução da carga

tributária antes que ocorra o fato gerador.

Oliveira (2001, p. 325) destaca que:

“(...) pode-se concluir que a elisão fiscal é o resultado lí-cito do planejamento tributário, que o contribuinte pratica com suporte em princípios basilares da ordem constitucional brasilei-ra, decorrendo de atos ou omissões anteriores à ocorrência do fa-to gerador”.

Complementando, Souza (2005, p. 3) afirma que:

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“Sua finalidade é de obter a maior economia fiscal possí-vel, reduzindo a carga tributária para o valor realmente devido por lei. Para tanto, deve-se pesquisar, antes de cada operação, suas conseqüências econômicas e jurídicas, porque uma vez concretizada, considera-se ocorrido o fato gerador e existente os seus efeitos (art. 116 do CTN) surgindo a obrigação tributária.”

2.6 Regimes de tributação

Cabe ao profissional contábil levantar e conhecer a fundo as atividades da em-

presa e a legislação vigente para a elaboração e implantação do planejamento tributário

e enquadrar a empresa na melhor opção de tributação.

Para saber qual a melhor opção do regime tributário, seja ele: Simples – Sistema

Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições, Lucro Presumido ou Lucro Real

isso dependerá do tipo de negócio da empresa.

Uma das modalidades mais usadas por micro e pequenas empresas é o Simples,

porém nem sempre é a melhor solução. A falta da obrigatoriedade de escrituração para

cálculo do imposto, faz com que as empresas não conheçam sua real situação. Isso pode

acarretar em desfalque no fluxo de caixa da empresa, visto que não pode ser abatido no

imposto o prejuízo da empresa, caso ocorra.

Os fatores de maior relevância nessa modalidade de tributação é o fato do cálcu-

lo ser feito através do faturamento mensal, não necessitando da escrituração contábil tão

somente para o cálculo do imposto, a “isenção” do IPI que onera significativamente o

valor dos produtos. Temos que levar em conta também os encargos trabalhistas, já que

só é recolhido para o INSS o valor descontado em folha.

A apuração pelo lucro presumido não se difere muito do Simples, visto que o

imposto também é calculado com base no faturamento não necessitando da escrituração

contábil e levantamento das demonstrações tão somente para cálculo do imposto, não

demonstrando também a real situação de lucro ou prejuízo.

Quanto à tributação pelo lucro real, qualquer empresa pode fazer a opção,

devendo avaliar se é mais viável o recolhimento trimestral ou anual.

No caso de opção pela apuração trimestral deverá ser feito o levantamen-

to das demonstrações contábeis, observando as normas estabelecidas na legislação e

serão feitos os ajustes pelas adições, exclusões e compensações determinadas e autori-

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zadas por lei. Já as empresas que optarem pelo lucro real anual deverão efetuar os reco-

lhimentos com base em estimativas, apurando-se o lucro real anualmente, com a possi-

bilidade de suspensão ou redução do imposto com base em balanços ou balancetes peri-

ódicos. Os prejuízos fiscais apurados e controlados no Livro de Apuração do Lucro Real

(LALUR) poderão ser compensados com limite máximo de 30% do lucro ajustado pelas

adições e exclusões previstas em lei, não existindo prazo de prescrição para compensa-

ção.

A tributação pelo lucro arbitrado é usada pela receita federal para punir

infrações, porém não será discutido neste trabalho.

Vê-se, adiante, com maiores detalhes, os regimes de tributação: simples,

lucro presumido e lucro real, tentando relatar de forma clara e objetiva o que nos coloca

a legislação vigente.

2.7 Simples Federal

No caso de micro e pequenas empresas, uma das modalidades de tributação mais

usadas é o Simples, por se tratar de um tratamento tributário diferenciado. É o pagamen-

to unificado dos seguintes impostos e contribuições: Imposto de Renda Pessoa Jurídica

(IRPJ), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição Social sobre o Lucro Líqui-

do (CSLL), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Imposto

sobre Produtos Industrializados (IPI), se for contribuinte do IPI e Contribuições para a

Seguridade Social a cargo da pessoa jurídica.

Em 21 de novembro de 2005 foi promulgada a Lei 11.196/05 que aprovou a

Medida Provisória – MP 255, mais conhecida como “MP do Bem”.

Foi estabelecido com essa lei que as micro e pequenas empresas teriam seus li-

mites de receitas brutas dobradas, passando de R$ 120 mil para R$ 240 mil para as ME

e de R$ 1.200 mil para R$ 2.400 mil reais para as EPP.

Em complemento a esta lei, em 29 de dezembro de 2005 através da MP 275 fo-

ram determinadas as novas faixas de apuração e alíquotas.

Ressaltamos que as empresas enquadradas neste regime estão dispensadas do

pagamento de contribuições instituídas pela União, como por exemplo, as destinadas ao

Serviço Social do Comércio (SESC), ao Serviço Nacional de Aprendizado Industrial

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(SENAI), entre outros, bem como as relativas ao salário-educação e à Contribuição Sin-

dical Patronal.

Caso o Estado e/ ou município tenha aderido mediante convênio ao Simples, se-

rá incluído o ICMS e/ ou ISS devido pelas micro e pequenas empresas.

Nos itens a seguir, estaremos relatando o que nos diz a Secretaria da Receita Fe-

deral em 2006 a respeito da forma de tributação pelo Simples.

2.8 Conceitos básicos

Em 01/01/2006 entrou em vigor os novos limites de faturamento para as micro-

empresas e empresas de pequeno porte.

As empresas que em 2005 não ultrapassaram os novos valores da receita bruta

poderão permanecer no Simples.

Vide abaixo os novos limites e a conceituação de ME e EPP:

• Microempresa (ME): é a pessoa jurídica que durante o ano-

calendário, tenha auferido receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00.

• Empresa de pequeno porte (EPP): é a pessoa jurídica que durante

o ano-calendário, tenha auferido receita bruta superior a R$ 240.000,00 e i-

gual ou inferior a R$ 2.400.000,00.

Para as empresas que iniciaram suas atividades no ano de 2005, os limites são de

R$ 20.000,00 para ME e de R$ 200.000,00 para EPP, multiplicados pelo número de

meses de funcionamento. Deve ser desconsiderado os meses fracionados, por exemplo,

uma ME que iniciou sua atividade em 15/06/2005 deve multiplicar R$ 20.000,00 por 6

meses. Somente será considerada a fração se a empresa iniciar suas atividades em de-

zembro.

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2.9 Quem pode optar

Podem optar por esse regime de tributação as empresas enquadradas na condição

de ME ou EPP e que não exerçam nenhuma atividade impeditiva conforme veremos

com maiores detalhes a seguir.

2.10 Como optar

Tanto para inscrição quanto para alteração no enquadramento deve ser preenchi-

do a Ficha de Cadastro de Pessoa Jurídica (FCPJ) disponível no site da Receita Federal.

2.11 Mudança de enquadramento

A ME que extrapolar o limite de faturamento do ano-calendário imediatamente

anterior deverá comunicar para a Receita Federal sua mudança de enquadramento para

EPP até o último dia útil do mês de janeiro do ano calendário subseqüente aquele em

que houve o desenquadramento através do preenchimento da FCPJ.

A EPP que no ano-calendário imediatamente anterior tiver receita bruta igual ou

inferior a R$ 240.000,00 poderá comunicar à Receita Federal sua mudança de enqua-

dramento para ME até o último dia útil do mês de janeiro do ano calendário subseqüente

através do preenchimento da FCPJ. Caso não faça a alteração continuará enquadrada

como EPP.

2.12 Alíquotas do simples

• Microempresa (ME): O valor devido mensalmente pela ME será

determinado sobre a aplicação dos percentuais sobre a receita bruta mensal.

Para determinação da alíquota a ser aplicada deverá ser apurado o valor da

receita bruta acumulada.

Caso a empresa exceda o limite de R$ 240.000,00 durante o exercício, a mesma

permanecerá até o final do ano-calendário enquadrada como ME, porém sujeitar-se-á a

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aplicação das alíquotas da EPP por faixa da receita bruta acumulada desde o mês em

que ocorrer o excesso.(Tabela 1)

TABELA 1

Alíquotas do simples – Microempresa

Receita bruta acumulada ME contribuinte

do IPI

ME não contribuinte

do IPI

Até R$ 60.000,00 3,5 % 3,0%

De R$ 60.000,01 até

90.000,00

4,5% 4,0%

De R$ 90.000,01 até

120.000,00

5,5% 5,0%

De R$ 120.000,01 até

240.000,00

5,9% 5,4%

Fonte: Receita Federal

Conforme mencionado acima, neste caso deverá ser preenchida a FCPJ até o úl-

timo dia do mês de janeiro do ano subseqüente ao desenquadramento e só poderá en-

quadrar como EPP caso não tenha ultrapassado o limite de R$ 2.400.000,00.

• Empresa de pequeno porte (EPP): O valor devido mensalmente

pela EPP será determinado sobre a aplicação dos percentuais sobre a receita

bruta mensal. Para determinação da alíquota a ser aplicada deverá ser apurado

o valor da receita bruta acumulada.

Caso a empresa exceda o limite de R$ 2.400.000,00 durante o exercício, a mes-

ma estará automaticamente excluída do Simples no próximo exercício e só poderá re-

tornar para esse regime no ano-calendário subseqüente àquele em que seu faturamento

anual tenha ficado dentro dos limites aplicáveis.

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No mês em que ocorrer o excesso da receita bruta acumulada é acrescido sobre a

última faixa um adicional de 20% como punição, conforme demonstrado acima na últi-

ma linha da Tabela 2.

TABELA 2

Alíquotas do simples – Empresa de pequeno porte

Receita bruta acumulada ME contribu-

inte do IPI

ME não con-

tribuinte do IPI

Até R$ 240.000,00 5,9% 5,4%

De R$ 240.000,01 a 360.000,00 6,3% 5,8%

De R$ 360.000,01 a 480.000,00 6,7% 6,2%

De R$ 480.000,01 a 600.000,00 7,1% 6,6%

De R$ 600.000,01 a 720.000,00 7,5% 7,0%

De R$ 720.000,01 a 840.000,00 7,9% 7,4%

De R$ 840.000,01 a 960.000,00 8,3% 7,8%

De R$ 960.000,01 a 1.080.000,00 8,7% 8,2%

De R$ 1.080.000,01 a 1.200.000,00 9,1% 8,6%

De R$ 1.200.000,01 a 1.320.000,00 9,5% 9,0%

De R$ 1.320.000,01 até 1.440.000,00 9,9% 9,4%

De R$ 1.440.000,01 até 1.560.000,00 10,3% 9,8%

De R$ 1.560.000,01 até 1.680.000,00 10,7% 10,2%

De R$ 1.680.000,01 até 1.800.000,00 11,1% 10,6%

De R$ 1.800.000,01 até 1.920.000,00 11,5% 11,0%

De R$ 1.920.000,01 até 2.040.000,00 11,9% 11,4%

De R$ 2.040.000,01 até 2.160.000,00 12,3% 11,8%

De R$ 2.160.000,01 até 2.280.000,00 12,7% 12,2%

De R$ 2.280.000,01 até 2.400.000,00 13,1% 12,6%

ACIMA DE R$ 2.400.000,01 15,72% 15,12%

Fonte: Receita Federal

2.13 Forma, data de pagamento e preenchimento da guia

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Conforme normas da Secretaria da Receita Federal, o Darf – Simples deverá ser

preenchido conforme descrito no Quadro 1:

Campo do

Darf

O que deve conter

01 O nome e o telefone da Microempresa ou Empresa de Pequeno

Porte.

02 A data de encerramento do período de apuração no formato

DD/MM/AA. Exemplo: período de apuração janeiro de 1997 = 31/01/97

03 O número da inscrição no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídi-

cas-CNPJ

04 Não preencher.

05 A soma das receitas brutas mensais de janeiro até o mês de apu-

ração.

06 O percentual decorrente da receita bruta acumulada a ser aplica-

do sobre a receita mensal, com duas casas decimais.

07 O valor resultante da aplicação do percentual do campo 06 sobre

a receita bruta mensal.

08 O valor da multa, quando devida.

09 O valor dos juros de mora, quando devidos.

10 O valor da soma dos campos 07 a 09.

11 A autenticação do agente arrecadador.

Quadro 1: Normas da Secretaria da Receita Federal quanto ao preenchimento do

Darf

Fonte: Receita Federal

O valor apurado referente ao pagamento do Simples devido pelas microempresas

e pelas empresas de pequeno deve ser recolhido no vigésimo dia do mês subseqüente a

receita bruta apurada através do Documento de Arrecadação do Sistema Integrado de

Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno

Porte (DARF – Simples).

O código de receita para recolhimento é 6106.

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2.14 Entrega da declaração do IRPJ

Deverá ser entregue anualmente pelas microempresas e pelas empresas de pe-

queno porte, em disquete, a declaração simplificada, que deverá ser transmitida via in-

ternet através do programa Receitanet. Essa declaração deve ser transmitida até o último

dia útil do mês de maio do ano-calendário subseqüente ao da ocorrência dos fatos gera-

dores.

A declaração deverá ser entregue até o último dia útil do mês subseqüente ao fa-

to em casos de fusão, cisão, incorporação ou extinção da empresa.

2.15 Vedações à opção pelo regime de tributação simples

Conforme mencionado no item 3.3.1.2 existem algumas vedações a pessoa jurí-

dica quanto à opção por esse regime de tributação a qual veremos a seguir com maiores

detalhes:

• Não poderá continuar como ME as empresas cujo faturamento

bruto anual tenha sido superior ao limite máximo de R$ 240.000,00 ou tenha

ultrapassado o valor de R$ 20.000,00 multiplicados pelo número de meses de

funcionamento, caso a empresa tenha iniciado sua atividade no ano-

calendário imediatamente anterior;

• Não poderá continuar como EPP as empresas cujo faturamento

bruto anual tenha sido superior ao limite máximo de R$ 2.400.000,00 ou te-

nha ultrapassado o valor de R$ 200.000,00 multiplicados pelo número de me-

ses de funcionamento, caso a empresa tenha iniciado sua atividade no ano-

calendário imediatamente anterior;

• Sociedades por ações;

• Atividades como: banco comercial, banco de investimentos, ban-

co de desenvolvimento, caixa econômica, sociedade de crédito, financiamen-

to e investimento, sociedade de crédito imobiliário, sociedade corretora de tí-

tulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e valores mobiliá-

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rios, empresa de arrendamento mercantil, cooperativa de crédito, empresa de

seguros privados e de capitalização e entidade de previdência privada aberta;

• Empresas que se dedicam à compra, venda, loteamento, incorpo-

ração ou a construção de imóveis, abrangendo inclusive as obras e serviços

auxiliares e complementares da construção civil;

• Empresas que tenha sócio estrangeiro, residente no exterior;

• Empresas cujo capital tenha participação de entidade da adminis-

tração pública, federal, estadual ou municipal, de forma direta ou indireta, in-

dependente da forma de constituição;

• Filial, sucursal, agência ou representação, no país, de pessoa jurí-

dica com sede no exterior;

• Quando o titular ou um dos sócios tenha participação em outra

empresa com mais de 10% e a soma da receita bruta de todas as empresas

onde tenha participação ultrapassem o limite anual de faturamento no Sim-

ples de R$ 2.400.000,00;

• Empresa onde outra pessoa jurídica participe do capital social;

• Factoring, propaganda e publicidade, excluídos os veículos de

comunicação, prestação de serviço de vigilância, limpeza, conservação e lo-

cação de mão-de-obra, armazenamento e depósito de produtos de terceiros,

locação ou administração de imóveis;

• Que preste serviços profissionais de corretor, representante co-

mercial, despachante, ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos,

cantor, músico, dançarino, médico, dentista, enfermeiro, veterinário, enge-

nheiro, arquiteto, físico, químico, economista, contador, auditor, consultor,

estatístico, administrador, programador, analista de sistema, advogado, psicó-

logo, professor, jornalista, publicitário, fisicultor ou assemelhados, e de qual-

quer profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente

exigida;

• Que participe do capital de outra pessoa jurídica, ressalvados os

investimentos provenientes de incentivos fiscais efetuados antes da vigência

da Lei 7256/84, quando se tratar de ME, ou antes da vigência da Lei 9317/96,

quando se tratar de EPP;

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• Quando possuir débito inscrito em dívida ativa da União ou do

INSS e que não esteja suspensa sua exigibilidade;

• Quando o titular ou sócio com mais de 10% do capital possuir dé-

bito inscrito em dívida ativa da União ou do INSS e que não esteja suspensa

sua exigibilidade;

• Empresa resultante da cisão ou qualquer outra forma de desmem-

bramento da Pessoa Jurídica, exceto em relação aos eventos ocorridos antes

da vigência da Lei 9317/96;

• Quando o titular ou sócio com mais de 10% do capital, compre

bens ou gaste valores incompatíveis com seus rendimentos declarados;

• Empresas que exerçam atividades de industrialização de bebidas e

cigarros, classificados na Tabela de Incidência do IPI (TIPI) nos Capítulos 22

e 24.

2.16 Lucro presumido

Como citado anteriormente, a tributação pelo lucro presumido é muito pare-

cida com o Simples no que diz respeito ao cálculo do imposto, visto que tributa-se

exclusivamente as receitas e não os resultados.

Nos itens a seguir, encontra-se apresentado o que rege a Secretaria da Recei-

ta Federal em 2006 em relação ao regime de tributação pelo lucro presumido.

2.17 Conceitos básicos

O lucro presumido é uma forma de tributação onde o imposto é apurado median-

te aplicação da alíquota correspondente sobre a receita bruta.

Considera-se como receita bruta total a soma da receita de vendas, o valor dos

serviços prestados, ganhos de capital decorrentes de receitas não ligadas as operações da

empresa e as demais receitas, tais como, rendimentos de aplicações financeiras, receita

de locação de imóveis, descontos de ativos, variações monetárias ativas, juros recebidos

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como remuneração do capital próprio, etc. O ICMS não deve ser excluído da receita

bruta total, exceto se for a título de substituição tributária.

Devem ser excluídas as vendas canceladas, os descontos incondicionais conce-

didos e os impostos em que o vendedor ou prestador é mero depositário, como por e-

xemplo, o IPI.

O limite anual de faturamento do lucro presumido foi alterado em 2002 passan-

do de R$ 24.000.000,00 para R$ 48.000.000,00.

2.18 Quem pode optar

As pessoas jurídicas que podem optar pelo lucro presumido são:

a) aquelas cuja receita bruta total no ano-calendário anterior tenha

sido igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais),

ou a R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicado pelo número de

meses em atividade no ano-calendário anterior;

b) aquelas que em função da natureza jurídica, atividade exercida ou

da constituição societários não estejam obrigadas à tributação pelo lucro real;

c) as pessoas jurídicas obrigadas ao lucro real com exceção das insti-

tuições financeiras, inclusive equiparadas e factoring, no período em que es-

tiverem submetidas ao Programa de Recuperação Fiscal (REFIS).

2.19 Percentuais aplicáveis de presunção de lucro sobre a receita bru-

ta para compor a base de cálculo do lucro presumido

A seguir os percentuais a serem aplicados sobre a receita bruta (Tabela

3):

TABELA 3

Os percentuais a serem aplicados sobre a receita bruta

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Atividades Percentuais

(%)

Atividades em geral 8,0

Revenda para consumo de combustível deri-

vado de petróleo, álcool etílico carburante e gás

natural

1,6

Serviços de transporte (exceto o de carga) 16,0

Serviços de transporte de cargas 8,0

Serviços em geral (exceto serviços hospitala-

res)

32,0

Serviços hospitalares 8,0

Intermediação de negócios 32,0

Administração, locação ou cessão de bens e

direitos de qualquer natureza (inclusive imóveis)

32,0

Fonte: Receita Federal

2.20 Como optar

A opção pelo lucro presumido é considerada como definitiva para todo o ano

calendário, e será manifestada com o pagamento da primeira quota ou quota única

do imposto devido correspondente ao primeiro período de apuração.

Quando as pessoas jurídicas iniciarem suas atividades ou ocorra incorpora-

ção, cisão ou fusão a partir do segundo semestre, a opção será manifestada com o

pagamento da primeira quota ou quota única relativa ao trimestre de apuração cor-

respondente ao início da atividade.

2.21 Casos especiais para aplicação dos percentuais

• O percentual a ser considerado para as pessoas jurídicas exclusi-

vamente de serviços, exceto as que prestam serviços hospitalares e as socie-

dades civis de prestação de serviços de profissão legalmente regulamentada

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será de 16% sobre a receita bruta de cada trimestre desde que a receita bruta

anual não ultrapasse R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais);

• A pessoa jurídica que utilizar o percentual reduzido conforme ci-

tado acima, deverá recolher a diferença do imposto caso ultrapasse o limite

de R$ 120.000,00 durante o ano-calendário. O pagamento da diferença do

imposto deverá ser apurado em relação a cada mês transcorrido e o recolhi-

mento deverá ser feito até o último dia útil do mês subseqüente aquele em

que ocorreu o excesso;

• O exercício de profissões legalmente regulamentadas, como as

escolas, inclusive as creches, deverão aplicar o percentual de 32% mesmo

que a receita bruta anual seja de até R$ 120.000,00;

• A pessoa jurídica que explorar atividades diversificadas deverá

aplicar o percentual correspondente a cada atividade devendo as receitas se-

rem apuradas separadamente;

• O percentual a ser aplicado na atividade de prestação de serviços

de construção civil quando houver emprego unicamente da mão-de-obra é de

32%, porém quando houver emprego de materiais em qualquer quantidade

será de 8%;

• As concessionárias ou subconcessionárias de serviços públicos

deverão aplicar o percentual de 32% caso prestem serviços de suprimento de

água tratada, coleta e tratamento de esgotos, cobrados diretamente dos usuá-

rios dos serviços, ou se exploram rodovias mediante cobrança de preço dos

usuários;

• O percentual a ser utilizado pelas sociedades cooperativas de con-

sumo e pelas demais cooperativas quanto aos atos não cooperados será con-

forme a natureza de suas atividades;

• A atividade gráfica pode ser configurada como indústria, comér-

cio ou prestação de serviços, portanto o percentual a ser aplicado dependerá

da atividade por ela desenvolvida:

a) Será aplicado o percentual de 32% quando a atividade desenvol-

vida for de prestação de serviços. Entende-se por prestação de serviços o

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preparo do produto, por encomenda direta do consumidor ou usuário, com

ou sem fornecimento de material, na residência do preparador ou em ofici-

na, desde que, em qualquer caso, seja preponderante o trabalho profissional,

ou seja, quando a mão-de-obra contribua com 60% ou mais no preparo do

produto para formação de seu valor;

b) Será aplicado o percentual de 8% quando atuar nas áreas comer-

cial e industrial.

2.22 Alíquota e adicional do imposto renda

A alíquota do imposto de renda que incidirá sobre a base de cálculo é de 15% .

Será aplicado o percentual de 10% sobre a parcela do lucro presumido que exce-

der R$60.000,00 por trimestre e o imposto deverá ser recolhido integralmente, não sen-

do admitidas quaisquer deduções.

Deverá ser considerado para fins de adicional o valor de R$ 20.000,00 multipli-

cado pelo número de meses do período quando o período de apuração for inferior a três

meses, como por exemplo, início de atividade.

2.23 Período de apuração e recolhimento do lucro presumido

O imposto de renda com base no lucro presumido é determinado por períodos de

apuração trimestrais e o seu recolhimento deve ser feito até o último dia útil do mês

subseqüente ao período de apuração.

Os períodos de apuração se encerram em 31 de março, 30 de junho, 30 de se-

tembro e 31 de dezembro de cada ano calendário.

2.24 Mudança de enquadramento

A pessoa jurídica que durante o ano-calendário ultrapassar o limite da receita

bruta total de R$ 48.000.000,00 poderá continuar sendo tributada com base no lucro

presumido dentro deste mesmo ano, porém estará automaticamente obrigada a apu-

ração pelo lucro real no ano-calendário subseqüente.

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27

A pessoa jurídica poderá voltar a ser tributada pelo lucro presumido a partir

do ano-calendário em que enquadrar-se nas normas desta modalidade de tributação.

2.25 Vedações à opção pela tributação no lucro presumido

Segue, abaixo, a relação das pessoas jurídicas que por determinação legal estão

obrigadas à apuração pelo lucro real, ainda que preenchendo o requisito relativo ao limi-

te máximo de receita bruta para tributação pelo lucro presumido:

a) pessoas jurídicas cujas atividades sejam de bancos comerciais,

bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, so-

ciedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito i-

mobiliário, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, empresas

de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguro pri-

vado e de capitalização e entidades de previdência privada aberta;

b) pessoas jurídicas que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de

capital oriundos do exterior;

c) pessoas jurídicas que, autorizadas pela legislação tributária, quei-

ram usufruir de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto

de renda;

d) pessoas jurídicas que, no decorrer do ano-calendário, tenham efe-

tuado o recolhimento mensal com base em estimativa;

e) pessoas jurídicas que explorem as atividades de prestação cumu-

lativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão

de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber,

compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de

prestação de serviços (factoring).

2.25.1 Lucro real

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De acordo com o regulamento do imposto de renda, o lucro real é o lucro líquido

do período de apuração (lucro antes da provisão para o imposto de renda) e ajustado

pelas adições, exclusões ou compensações autorizadas em lei.

Observa-se, com maiores detalhes, no decorrer do tema, o que determina a recei-

ta federal e o regulamento do imposto de renda.

2.26 Conceitos básicos

O lucro real é o lucro do período apurado na escrituração comercial, ajustado pe-

las adições, exclusões ou compensações autorizadas em lei.

Podemos dizer que é o lucro apurado pela contabilidade com base na escritura-

ção contábil e fiscal completa e com observância da legislação vigente e dos princípios

fundamentais de contabilidade.

Devem ser transcritos no livro de apuração do lucro real (LALUR), os ajustes do

lucro líquido do período de apuração e a demonstração da apuração do lucro real.

2.27 Quem pode optar

A opção de tributação pelo lucro real pode ser feita por qualquer pessoa jurídica,

porém em alguns casos essa opção é obrigatória.

Veja, a seguir, as pessoas jurídicas que estão obrigadas pela tributação com base

no lucro real:

a) pessoas jurídicas que no ano-calendário anterior, a receita bruta

total tenha sido superior a R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de re-

ais), ou a R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicado pelo núme-

ro de meses em atividade;

b) pessoas jurídicas cujas atividades sejam de bancos comerciais,

bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, so-

ciedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito i-

mobiliário, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, empresas

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de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguro pri-

vado e de capitalização e entidades de previdência privada aberta;

c) pessoas jurídicas que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de

capital oriundos do exterior;

d) pessoas jurídicas que, autorizadas pela legislação tributária, quei-

ram usufruir de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto

de renda;

e) pessoas jurídicas que, no decorrer do ano-calendário, tenham efe-

tuado o recolhimento mensal com base em estimativa;

f) pessoas jurídicas que explorem as atividades de prestação cumu-

lativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão

de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber,

compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de

prestação de serviços (factoring).

2.28 Tributação pelo lucro real

As pessoas jurídicas optantes ou obrigadas à tributação pelo lucro real podem fa-

zer apuração trimestral ou anual.

2.29 Tributação pelo lucro real trimestral

A pessoa jurídica que fizer a opção pela apuração do lucro real trimestral deverá

fazer o levantamento das demonstrações contábeis observando as normas estabelecidas

na legislação e efetuar os ajustes pelas adições, exclusões ou compensações.

Os períodos de apuração se encerram em 31 de março, 30 de junho, 30 de setem-

bro e 31 de dezembro de cada ano calendário.

A apuração da base de cálculo e do imposto devido deverá ser efetuada na data

do evento em casos de incorporação, fusão, cisão ou na extinção da pessoa jurídica, pelo

encerramento da liquidação.

O recolhimento deve ser feito até o último dia útil subseqüente ao período de a-

puração sem acréscimos.

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O recolhimento também poderá se pago em três quotas mensais, iguais e suces-

sivas vencível no último dia útil dos três meses subseqüentes ao período de apuração,

sendo que as parcelas deverão ser acrescidas de juros conforme determinação legal,

sendo que a primeira quota não sofrerá acréscimos quando paga até o vencimento.

A alíquota do imposto de renda que incidirá sobre a totalidade da base de cálculo

é de 15%, ou seja, 15% do lucro real.

Será aplicado o percentual de 10% sobre a parcela da base de cálculo que exce-

der R$ 60.000,00 por trimestre.

Deverá ser considerado para fins de adicional o valor de R$ 20.000,00 multipli-

cado pelo número de meses do período quando o período de apuração for inferior a três

meses, como por exemplo, início de atividade.

2.32 Tributação pelo lucro real anual

O pagamento mensal do imposto de renda com bases estimadas deverá ser calcu-

lado sobre a receita bruta de acordo com a atividade da pessoa jurídica, mediante apli-

cação dos seguintes percentuais para formação da base de cálculo (Tabela 4):

TABELA 4

Percentuais as serem aplicados para a formação da base de cálculo do IR

Atividades Percentuais

(%)

Atividades em geral 8,0

Revenda para consumo de combustível derivado de petróleo, ál-

cool etílico carburante e gás natural

1,6

Serviços de transporte (exceto o de carga) 16,0

Bancos comerciais, de investimentos, de desenvolvimento, cai-

xas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento,

sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valo-

res mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários,

empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas

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de seguros privados de capitalização e entidades de previdência privada

aberta

16,0

Serviços em geral (exceto serviços hospitalares) 32,0

Intermediação de negócios 32,0

Administração, locação ou cessão de bens e direitos de qualquer

natureza (inclusive imóveis)

32,0

Prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria credi-

tícia, mercadológica, gestão e crédito, seleção de riscos, administração

de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes

de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring)

32,0

Serviços hospitalares 8,0

Fonte: Receita Federal

A pessoa jurídica que fizer a opção pela apuração do lucro real anual deverá efe-

tuar recolhimentos mensais com base em estimativas e apurar o lucro real em 31 de de-

zembro de cada ano com a possibilidade de suspensão ou redução do imposto com base

em balanços ou balancetes periódicos.

A apuração da base de cálculo e do imposto devido deverá ser efetuada na data

do evento em casos de incorporação, fusão, cisão ou na extinção da pessoa jurídica, pelo

encerramento da liquidação.

O recolhimento deve ser feito até o último dia útil subseqüente ao período de a-

puração.

A alíquota do imposto de renda devido em cada mês será determinada mediante

a aplicação, sobre a base de cálculo, do percentual de 15%.

Deverá ser considerado para fins de adicional o percentual de 10% sobre a par-

cela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder R$ 20.000,00.

A pessoa jurídica que explorar atividades diversificadas deverá aplicar o percen-

tual correspondente a cada atividade devendo apurar as receitas separadamente.

O percentual a ser considerado para as pessoas jurídicas prestadoras de serviços

em geral, exceto as que prestam serviços hospitalares e de transporte será de 16% sobre

a receita bruta de cada trimestre desde que a receita bruta anual não ultrapasse R$

120.000,00 (cento e vinte mil reais).

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A pessoa jurídica submetida ao regime tributação com base no lucro real, não te-

rá na composição da sua base de cálculo do imposto, as receitas provenientes de ativi-

dade incentivada na proporção do benefício a que fizer jus.

2.33 Base de cálculo

A base de cálculo mensal do imposto será determinada mediante a aplicação dos

percentuais mencionados acima sobre a receita bruta auferida mensalmente.

Considera-se como receita bruta total o produto da venda de bens nas operações

de conta própria, o valor dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de

conta alheia.

Deverão ser acrescidos, também, à base de cálculo, os ganhos de capital, demais

receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não ligadas às operações da

empresa, exceto os rendimentos tributados pertinentes às aplicações financeiras de ren-

da fixa e variável, bem como os lucros, dividendos ou resultado positivo decorrente da

avaliação de investimento pela equivalência patrimonial.

O ganho de capital corresponderá ao resultado positivo verificado entre o valor

da alienação e o respectivo valor contábil, nas alienações de bens do ativo permanente e

de aplicações em ouro não tributadas como renda variável.

Devem ser excluídas as vendas canceladas, os descontos incondicionais conce-

didos e os impostos em que o vendedor ou prestador é mero depositário, como por e-

xemplo, o IPI.

2.34 Deduções da receita bruta

A) As instituições financeiras, sociedades corretoras de títulos, valo-

res mobiliários e câmbio, e sociedades de títulos e valores mobiliários pode-

rão deduzir da receita bruta:

• as despesas incorridas na captação de recursos de terceiros;

• as despesas com obrigações por refinanciamentos, empréstimos e

repasses de recursos de órgãos e instituições oficiais e do exterior;

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• as despesas de cessão de créditos;

• as despesas de câmbio;

• as perdas com títulos e aplicações financeiras de renda fixa;

• as perdas nas operações de renda variável realizadas em bolsa, no

mercado de balcão organizado, autorizado pelo órgão competente, ou atra-

vés de fundos de investimento, para a carteira própria das entidades citadas

acima.

B) As empresas de seguros privados, cosseguro e resseguro cedidos

poderão deduzir da receita bruta os valores referentes a cancelamentos e resti-

tuições de prêmios e a parcela dos prêmios destinada à constituição de provi-

sões ou reservas técnicas.

C) Entidades de previdência privada abertas e empresas de capitali-

zação poderão deduzir a parcela das contribuições e prêmios, respectivamen-

te, destinada à constituição de provisões ou reservas técnicas, sendo vedado à

dedução de qualquer despesa administrativa

2.35 Deduções do imposto mensal

As pessoas jurídicas poderão deduzir do imposto apurado no mês, os incen-

tivos relativos ao programa de alimentação do trabalhador (PAT), atividades cultu-

rais ou artísticas, atividade audiovisual, doações aos fundos da criança e do adoles-

cente e o imposto pago ou retido na fonte sobre as receitas que integram a base de

cálculo.

Deverão ser observados os limites e prazos previstos para os incentivos.

Quanto ao imposto de renda retido na fonte, caso seja superior ao devido, a

diferença poderá ser compensada no imposto a pagar dos meses subseqüentes.

2.36 Suspensão, redução e dispensa do imposto mensal

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A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido

em cada mês, caso demonstre que o valor acumulado já pago, inclusive o adicional,

excedem o valor do imposto.

Este fato deve ser comprovado através de balanços ou balancetes periódicos e

deve ser calculado com base no lucro real do período em curso.

Os balanços ou balancetes deverão ser transcritos no livro diário e levantados

com observância das leis comerciais e fiscais e somente produzirão efeitos para deter-

minação da parcela do imposto devido no decorrer do ano-calendário.

As pessoas jurídicas que, através de balanços ou balancetes mensais, demons-

trem na apuração a partir de janeiro do ano-calendário a existência de prejuízos fiscais,

estão dispensadas do pagamento mensal do imposto.

2.37 Deduções do imposto anual

A pessoa jurídica poderá deduzir para efeito de determinação do saldo do impos-

to a pagar ou a ser compensado, os valores:

a) relativos a incentivos fiscais de dedução do imposto, observando

os limites e prazos previstos na legislação;

b) relativos a incentivos fiscais de redução e isenção do imposto,

calculados com base no lucro da exploração;

c) relativos ao valor do imposto já pago.

2.38 Opção da forma de pagamento e preenchimento do DARF

A opção de pagamento com base na apuração do imposto trimestral ou anual não

poderá ser alterada durante o ano-calendário.

Para pagamento das quotas e do imposto devido por estimativa mensal devem

ser usados os seguintes códigos no preenchimento do documento de arrecadação de re-

ceitas federais – DARF.

a) pessoas jurídicas obrigadas a tributação com base no lucro real:

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• por estimativa mensal - 2362

• apuração trimestral - 0220

b) pessoas jurídicas optantes pela tributação com base no lucro real:

• por estimativa - 5993

• apuração trimestral - 3373

2.39 Exemplo de apuração do imposto de renda por estimativa

Simula-se, na Tabela 5, uma empresa que optou pela apuração mensal por esti-

mativa e posterior apuração do lucro real anual, tendo em determinado mês as seguintes

movimentações:

TABELA 5

Simulação do cálculo do IR por estimativa e posterior apuração do lucro real

Vendas de

mercadorias

Prestação

de serviços

Receitas brutas 800.000 100.000

Deduções das receitas brutas:

Imposto sobre produtos industrializados –

IPI

80.000

Imposto sobre circulação de mercadorias –

ICMS

96.000

Imposto sobre serviços – ISS 3000

Vendas canceladas e devoluções 24.000

Descontos incondicionais 8.000

Total das deduções: 208.000

Receitas líquidas 592.000 97.000

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Ganhos de capital no mês:

Lucro na venda de ativo imobilizado 50.000

Receita com locação de imóvel 4.000

Rendimentos auferidos nas operações de

mútuo com coligadas

6.000

Total de ganhos de capital: 60.000

Imposto de renda retido na fonte sobre os

ganhos de capital

100

A seguir demonstra-se, na Tabela 6, a apuração da base de cálculo do imposto de

renda por estimativa, onde poderá ser deduzido do montante apurado pela pessoa jurídi-

ca os incentivos fiscais, e estaremos supondo que houve gastos com o PAT que confor-

me determinação legal o limite máximo para dedução é de 4% do imposto calculado

antes da aplicação do valor adicional.

TABELA 6

Apuração da base de cálculo do IR por estimativa

Vendas de

mercadorias

Prestação

de serviços

Receitas brutas 800.000 100.000

Deduções para apuração da base de cálcu-

lo:

Imposto sobre produtos industrializados –

IPI

80.000

Vendas canceladas e devoluções 24.000

Descontos incondicionais 8.000

Total das deduções: 112.000

Receitas líquidas para efeito da apuração

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da base de cálculo 688.000 100.000

Aplicação do percentual sobre a receita

bruta

8% 32%

Lucro estimado = receitas líquidas x per-

centual

55.040 32.000

Total do lucro estimado 87.040

Acréscimos de ganhos de capital 60.000

Base de cálculo do imposto mensal 147.040

Cálculo do imposto de renda devido no

mês

Alíquota normal = 15% x 147.040 22.056

Adicional de 10% sobre o excesso do lu-

cro estimado (147.040 – 20.000) = 127.040

12.704

Imposto de renda a pagar 34.760

Deste valor apurado estaremos deduzindo o imposto de renda retido na fonte e

os gastos com o PAT, ficando o seguinte valor a ser recolhido:

• Imposto de renda calculado com bases estimadas – R$ 34.760,00

• Dedução do incentivo fiscal (4% x 22.056) – R$ 882,24

• Imposto de renda retido na fonte sobre os ganhos de capital – R$

100,00

• Imposto de renda a recolher – R$ 33.777,76

2.40 Compensação de prejuízos fiscais e condições para dedução dos custos

ou despesas

As pessoas jurídicas de acordo com a legislação do imposto de renda podem

compensar os prejuízos fiscais apurados referentes a períodos de apuração anterio-

res, anuais ou trimestrais, limitado ao máximo de 30% do lucro líquido ajustado pe-

las adições e exclusões previstas em lei.

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Não existe prazo de prescrição para a compensação do prejuízo fiscal e o

montante deste prejuízo deve ser apurado e controlado no LALUR.

Serão aceitos como dedutíveis na apuração da base de cálculo do imposto, os

custos e despesas admitidos como operacionais, ou seja, se forem necessários e usu-

ais para a realização das atividades da pessoa jurídica e se tiverem comprovação do

fato, tais como faturas, notas fiscais, entre outros.

3. Considerações finais

Na realização deste estudo ficou evidente a importância da administração do

passivo tributário das pessoas jurídicas e o papel do profissional contábil neste contexto.

A legislação é muito ampla e complexa e exige um esforço contínuo no seu a-

companhamento devido freqüentes alterações.

Foi possível observar que a carga tributária brasileira teve um aumento exorbi-

tante nos últimos anos e isso acarreta na busca de meios para reduzir a carga tributária

das empresas, nem sempre de forma legal.

Ficou evidente que com a globalização, as pessoas jurídicas necessitam da utili-

zação de métodos para se manterem competitivas no mercado, sendo que uma das peças

primordiais nessa busca é o planejamento tributário.

Não se pode fingir que os impostos não existem ou pensar que irão acabar, pois

é com eles que o governo alimenta sua máquina administrativa, além do mais represen-

tam atualmente mais de 1/3 das riquezas do país.

Embora a carga tributária brasileira esteja no mesmo patamar dos países ricos, o

nível de desenvolvimento e igualdade social está muito aquém das necessidades da po-

pulação.

O planejamento tributário é o meio legal de buscar na legislação instrumentos

adequados que possibilitem a anulação, maior redução ou o mais extenso adiamento do

ônus tributário, ou seja, praticar a elisão fiscal.

Em contraposição, a evasão fiscal infringe a lei, pois é a redução ou a ocultação

da obrigação tributária após a concretização do fato gerador.

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Diante do exposto, o profissional contábil deve levantar, conhecer a fundo as a-

tividades da empresa e manter-se sempre atualizado na legislação vigente para a ade-

quada elaboração e implantação do planejamento tributário enquadrando a empresa no

melhor regime de tributação.

Destacam-se, neste trabalho, os regimes de tributação simples, lucro presumido e

lucro real.

O regime de tributação no simples é o mais usado nas micro e pequenas empre-

sas, pois se trata de uma forma simplificada no recolhimento dos impostos e sua apura-

ção é feita com base no faturamento mensal não necessitando da escrituração contábil

tão somente para cálculo do imposto.

O fator de maior relevância neste regime de tributação é a economia com os en-

cargos trabalhistas, visto que só é repassado para o governo o valor descontado dos fun-

cionários.

No sistema de tributação pelo lucro presumido, o imposto de renda é calculado

tendo como base um percentual do faturamento determinado pela atividade da pessoa

jurídica.

Os pontos negativos desses dois sistemas é que, como não necessitam da escritu-

ração contábil para cálculo do imposto isso contribui para que a empresa não tenha uma

real visão da situação de lucro ou prejuízo e em caso de prejuízos fiscais existentes, es-

tes não poderão ser compensados no pagamento do imposto.

No sistema do lucro real deverão ser abatidas da receita as despesas e benefícios

fiscais autorizadas pela legislação nos prazos e limites estabelecidos, além de poderem

compensar os prejuízos fiscais apurados limitados a 30% do lucro líquido ajustado pelas

adições e exclusões previstas em lei.

Ratificamos que a escolha da opção pelo regime de tributação é de suma impor-

tância, pois afetará todo ano-calendário, visto que não é permitida a mudança de enqua-

dramento durante o exercício.

Pelo exposto, é conveniente ressaltar que com um bom planejamento tributário e

a melhor escolha do regime de tributação a pessoa jurídica pode encontrar uma alterna-

tiva menos onerosa para o pagamento dos impostos e garantir a saúde financeira de sua

organização.

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