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Vanda Sousa Página 1

Escola Secundária de Francisco Franco

Material de Apoio/Português/10º Ano

Assunto: Actos Ilocutórios

Pragmática e linguística textual

Interacção discursiva

* Discurso: Produção verbal concreta, única e irrepetível que deriva da interacção estabelecida pelos participantes do acto

enunciativo num contexto espácio-temporal efectivo. Na configuração

do produto verbal intervêm duas dimensões interactuantes: uma estrutura global materializada através de uma sequência de

enunciados, que realizam uma específica estratégia comunicativa que o locutor activa, procurando agir sobre o alocutário em ordem à

alteração do seu conhecimento ou à modificação dos seus comportamentos, e uma rede complexa de determinações

extralinguísticas de envolvente contextual de onde se destacam, entre outros factores (saber compartilhado), o conhecimento do

contexto da troca verbal, informação relativa ao estatuto, e às relações interpessoais, dos participantes do acto enunciativo, as suas

formas usuais de interacção e informação acerca das formas social e cultural assumidas em determinado acto ilocutório. Neste sentido,

discurso, entendido como linguagem em uso e como acontecimento social, afasta-se da noção de texto, visto como produto pertencente

ao domínio do sistema linguístico.

* Força ilocutória: Conteúdo accional (ou dimensão da

significação) de um enunciado que permite ao interlocutor, num específico contexto enunciativo, o reconhecimento do objectivo

comunicativo do locutor. São vários os marcadores da força ilocutória de um enunciado: a ordem das palavras, o contorno entonacional, a

pontuação, o modo verbal, os verbos performativos. Pode-se ainda indicar o tipo de acto ilocutório que se pretende realizar, começando

a frase por «Aviso que...», «Prometo que...», «Peço desculpa por...», «Afirmo que...». No entanto, a situação enunciativa é, por vezes,

suficiente para a determinação da força ilocutória desse mesmo

enunciado, dispensando-se a explicitação dos verbos performativos, mas contanto com as capacidades inferenciais do ouvinte para a

interpretação correcta do discurso.

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- Tipologia dos actos ilocutórios:

*Assertivo: Acto de fala que o locutor realiza pela enunciação de uma proposição, com cujo valor de verdade se compromete em maior

ou menor grau. Tal proposição pode, portanto, ser submetida ao teste do verdadeiro ou falso. Entram na categoria de assertivos

verbos como «afirmar», «sugerir» ou «colocar uma hipótese», distinguindo-se entre si pelo grau de comprometimento do locutor.

Exemplo

A) Parto para a Austrália na próxima semana.

*Directivo: Nesta categoria incluem-se actos que têm em comum, embora com matizações, a intenção do locutor de levar o interlocutor

a fazer ou a dizer alguma coisa. Tendo em comum o facto de darem expressão a uma vontade ou desejo do locutor em levar o

interlocutor a realizar uma acção futura, perfilam-se actos como

«convidar», «pedir», «requerer», «ordenar», «suplicar» ou «avisar», embora difiram pela natureza própria de cada um. É importante

salientar que, em relação a «pedir», «ordenar» obedece a uma condição preparatória adicional segundo a qual o locutor tem que

estar numa posição de autoridade em relação ao interlocutor. As perguntas são uma subclasse de directivos, tendo em conta que o

objectivo é obter do interlocutor a execução de um acto de fala.

Exemplo

A) Quero esse trabalho terminado dentro de meia hora.

*Compromissivo: Acto de fala que, como o de «prometer», dá

expressão a uma intenção do locutor, vinculando-o à realização de uma acção futura que poderá afectar o interlocutor de um modo

positivo (no caso da promessa) ou de um modo negativo (no caso da ameaça). O conteúdo proposicional consiste na acção futura a que o

locutor se propõe. Enquanto os actos directivos colocam o

interlocutor sob uma obrigação, os compromissivos exercem essa obrigatoriedade sobre o locutor.

Exemplo

A) Ligo-te amanhã.[Prometo que te ligo amanhã.]

*Expressivo: Acto de fala que, como o de «agradecer» ou «dar os parabéns», pretende exprimir um estado psicológico relativo ao

estado de coisas contido no conteúdo proposicional da frase. Fazem parte do paradigma dos actos expressivos verbos como «agradecer»,

«congratular-se», «lamentar». Agradecer apresenta como conteúdo

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proposicional um acto passado feito pelo interlocutor em benefício do

locutor que, por tal, expressa gratidão ou apreço.

Exemplo

A) Lamento profundamente tudo o que te aconteceu.

*Declaração: Acto de fala que cria um estado de coisas novo pela simples declaração de que elas existem, caso em que dizer é fazer

(criar a própria realidade). Tais declarações [ver exemplos] alteram o estado de coisas envolvente: alguém fica baptizado, alguém deixa de

ser solteiro para assumir o estatuto de casado, por exemplo. Para que a realização dos actos declarativos seja bem sucedida é

necessário que o enunciado, além de obedecer às regras linguísticas, surja inscrito numa específica instituição extra-linguística, como a

igreja, o tribunal, o estado, dentro da qual o locutor e o interlocutor desempenham papéis sociais pré-estabelecidos (o padre perante os

noivos, por exemplo).

Exemplo

Expressões paradigmáticas desta categoria são:

A) «Baptizo este barco com o nome de ...»

B) «Declaro-vos marido e mulher.»

*Declaração assertiva: Dentro dos actos declarativos circunscrevem-se, numa classe autónoma, os assertivos que, como o

de declarar alguém inapto para o serviço militar, ou alguém excluído de um concurso, reúnem os objectivos ilocutórios de asserções e de

declarações. Nestes casos, o locutor, que está investido de uma

autoridade específica, é responsável pela tomada de decisões como as do árbitro num jogo de futebol ou um chefe de secção numa

empresa.

*Acto ilocutório indirecto [os anteriores são directos]: Num acto

ilocutório indirecto, o locutor quer dizer algo diferente daquilo que expressa em sentido literal, contando com as capacidades inferenciais

do interlocutor para o reconhecimento da sua intenção ou objectivo

ilocutório. O enunciado «Importas-te de me passar o sal?», apesar do seu formato interrogativo (que poderia realizar um acto ilocutório de

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pergunta), deve antes ser entendido como um pedido (acto ilocutório

indirecto). Para a desmontagem do mecanismo dos actos ilocutórios indirectos, o interlocutor recorre ao que Grice denomina implicatura

conversacional, em que intervém um conjunto de saberes

diferenciados, tais como os que se relacionam com as informações enciclopédicas/conhecimento do mundo (saber compartilhado), com o

conhecimento relativo aos actos ilocutórios, com os princípios reguladores da interacção discursiva (princípio de cooperação,

princípio de cortesia).

Exemplo

A) Será que vocês gostariam de vir passar o fim-de-semana a

Lisboa comigo? - pergunta que realiza um convite.

Aplica os teus conhecimentos, clicando nos links que se seguem:

http://aulasdeliteratura.no.sapo.pt/Exercicios/ailocutorios1.htm

http://cessylou.no.sapo.pt/actividades.htm

http://www.malhatlantica.pt/lpo/batatas/actosilocutorios.htm