acredito mais na religião do que na ciência51512

Upload: escribo87

Post on 09-Apr-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    1/19

    1

    Acredito mais na religio do que na cincia, ou ser que na cincia?

    Adonai Cesar Mendona1

    Elaboro este trabalho atravs de uma pesquisa bibliogrfica com o intuitode abordar contedos desenvolvidos na disciplina de Fsica Quntica e Metafsica

    do curso de Gesto. Para que ela seja exeqvel fiz um recorte deste contedo;

    atenho-me ao sculo XVII, com o nascimento da cincia moderna. Como

    motivao, procurei construir um terreno que se pretende frtil ao propiciar a

    germinao de conexes outras que o contedo em si; conexes estas com

    alguns fatos da histria da humanidade onde o desenvolvimento da cincia estava

    contextualizado. Permito-me algumas incurses fora do recorte dado, com a idia

    de verificar conseqncias do uso da cincia e da religio ao longo da histria de

    ambas, e, principalmente, na atualidade.

    Com este texto pretendo, atravs de uma dvida, fazer aproximaes entre

    as tentativas de avano que a inteligncia humana capaz, e as dificuldades

    impostas pela intolerncia dos homens detentores do poder de julgar o que

    melhor para a humanidade. Assim pensando, elaboro este trabalho como um

    exerccio de fixao acerca de conceitos que tenho aprendido como aluno do

    curso de Fsica Quntica e Metafsica. um exerccio, somente isto. Tenho

    certeza de que a incoerncia estar presente, principalmente pela falta de um

    tempo necessrio e longo para proceder-se a uma pesquisa que permita fazer

    uma avaliao das reais possibilidades deste tema. Desta forma, comeo este

    exerccio com algumas hipteses na tentativa de responder ao problema que

    compe o ttulo deste trabalho:

    Acredito mais na religio do que na cincia, ou ser que na cincia?

    1 Prof. Doutor em Educao pela USP/SPProf. Ms. Em Educao pela Uniban/SPProf. Esp. Em Educao pela Unoisanta/SPMestre Reiki pela Humaniversidade/SP

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    2/19

    2

    No sei. Ambas esto em busca da verdade2. Acredito na cincia, pois ela

    busca resolver os mais variados aspectos da natureza, produzindo conhecimentos

    que guiam a humanidade rumo ao desenvolvimento. As idias que antes pareciam

    inatingveis, se tornam plausveis, e com o uso da razo pode-se prever fatos e

    planejar o futuro. E as conquistas vo se seguindo. A expectativa de vida do ser

    humano a cada ano que passa cresce. Os estudos da gentica e os processos de

    clonagem de plantas, animais, e o desenvolvimento de rgos para reposio no

    corpo humano, usados cientificamente em benefcio da humanidade

    proporcionaro melhor sade, longevidade e qualidade de vida. H mais

    alimentos disponveis, resultados de pesquisas no sentido de se conseguir

    melhores sementes e controle de pragas. Os povos, antes separados por

    fronteiras geogrficas s vezes de difcil transposio, esto agora interligados porverdadeiras teias de comunicao e de transportes, de um desenvolvimento

    tecnolgico que permite que estes povos, antes submersos em suas culturas,

    tomem contacto com o mundo, de imediato, o que enseja o surgimento de uma

    nova sociedade, onde as tradies podem ser preservadas ao lado do

    descortinamento das realidades de outras sociedades. Enfim, a cincia est

    transformando a vida do homem.

    Acredito na religio, pois ela possui explicaes quelas questes que noesto no mbito da razo, mas que so essenciais para o conforto de almas em

    desespero. Sua busca o sentido da vida e da nossa relao com Deus. As

    nossas atitudes morais encontram alicerce nela. nela que os valores so

    cultivados e inculcados no seio da famlia, onde seus membros crescem

    aprendendo a respeitar valores pr-estabelecidos pela sua sociedade. ela que

    d a esperana e um motivo maior para se crer, e esta a sua poderosa arma: a

    crena. Crer poder acreditar, e acreditar a mola para se viver.

    Acredito na religio quando encontro cientificidade na bblia, livro base que

    rene os princpios acerca da religio, quando mostra que seus autores tinham

    2 No sentido da busca de um conhecimento que sabe-se que no imutvel, que pode sertransitrio. No designa uma realidade neutra, objetiva e impessoal. A verdade consisteprecisamente neste lance audacioso que escolhe a incerteza objetiva com a paixo do infinito(Kierkegaard apud Russ, 1994).

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    3/19

    3

    preocupaes de ordem cientfica. Assim h mais de 3.000 anos ela corretamente

    nos dava uma imagem de uma terra redonda e sem sustentao visvel, como foi

    retratado pelos astronautas do espao: ELE o que est assentado sobre a

    redondeza da terra... (Isaias, 40:22); ELE estende o norte sobre o vazio, suspende

    a terra sobre o nada e faz pairar a terra sobre o nada (J, 26:7). Uma noo do

    ciclo da gua tambm faz parte de suas pginas quando vemos: todos os rios

    correm para o mar e o mar no se enche; ao lugar para onde correm os rios, para

    l tornam eles a correr (Eclesiastes 1:7).Em Levtico h ensinamentos de como

    diagnosticar a lepra, e as noes de saneamento bsico. At a importncia da

    sade mental foi contemplada quando lemos em Provrbios: o nimo sereno a

    vida do corpo, mas a inveja a podrido dos ossos (Provrbios 14:30).

    Acredito na cincia quando h religiosidade nela. Descarte parte da

    existncia de Deus um ser perfeito3 para buscar a existncia de todos os

    objetos pensados por idias claras e distintas, e, portanto, reais, logo, o mundo

    tem realidade e nela inclui seu prprio corpo, que tambm tem existncia (Aranha,

    et al., 1993). Diz entender pelo nome de Deus, uma substancia infinita, eterna,

    imutvel, independente, onisciente, onipotente e pela qual eu mesmo e todas as

    coisas so [...] foram criadas e produzidas (Descarte, 1988); Einstein pronunciou

    em Washington em 1941 que, a religio sem a cincia cega e a cincia sem areligio manca4 (Groot, 1999).

    Leibniz, ao falar de suas mnadas, diz que: ora, esta substncia sendo

    uma razo suficiente de todo este detalhe, o qual est igualmente ligado por todo

    o lado, no h seno um Deus e este Deus basta (Leibniz apud Martins, 2009). E

    ainda, pode-se julgar tambm que esta substncia suprema que nica,

    universal e necessria, nada tendo fora dela que dela seja independente, e sendo

    3 Segundo Aranha, Descarte, para provar a existncia de Deus, toma a prova ontolgica da suaexistncia: a idia de um ser perfeito; se perfeito, deve ter a perfeio da existncia ou lhe faltariaalgo para ser perfeito, logo ele existe (Aranha, et al, 1993).4 Afirma o missionrio colombiano Francisco Pierli que sem a cincia a f cega, arrisca-se a cairna superstio e na alienao. A cincia sem a f manca, isto , incapaz de dar respostasduradouras e livres de equvocos. A cincia sem a f escapa das mos do prprio homem que acriou e vira-se contra ele mesmo, como nos lembram cada dia os problemas ecolgicos (Pierli,2009).

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    4/19

    4

    uma conseqncia simples do ser possvel, deva ser incapaz de limites e deva

    conter tanta realidade quanto lhe seja possvel (Leibniz apud Armond, 2009).

    Acredito na cincia, principalmente nas grandes descobertas deste perodo

    histrico e que impulsionou a humanidade, a despeito de dificuldades impostas

    pelas igrejas. Grandes pensadores como Coprnico, Giordano Bruno, Kepler,

    Galileu Galilei, Descarte, Bacon e Newton so grandes responsveis por este

    grande desenvolvimento. A seguir dois grandes pensadores que chegaram a

    influenciar toda a civilizao ocidental com suas idias: Descartes com seu

    racionalismo e Bacon com o empirismo. Influncia esta que permanecem em

    nossas vidas at hoje.

    O final do sculo XVI instala uma poca de grandes transformaes na

    viso do homem ocidental provocada pelas grandes descobertas, e em

    conseqncia, uma rejeio das idias vigentes que eram aceitas como nicas

    verdades, instalando um clima de ceticismo (Portugal, 2002). Com receio de

    enganarem-se novamente, os pensadores se preocuparam com a busca de um

    mtodo, de um critrio para ter-se certeza da veracidade de um conhecimento

    (Aranha e Martins, 1993). Neste panorama originam-se duas grandes orientaes

    metodolgicas: a racionalista, primando a razo, e o empirismo primando a

    experincia ( Aranha e Martins, 1993), (Cunha 1999), (Portugal, 2002).

    Para Ren Descartes (1596-1650) considerado por muitos como o pai

    do racionalismo s verdadeiro aquilo que evidente, o que for intuvel com

    clareza e preciso. Usa a dvida como mtodo na busca da verdade

    inquestionvel; partindo do cogito, ergo sum, estabelece o carter absoluto e

    universal da razo, e com ela pretende chegar s verdades possveis. Para

    Descartes, as idias claras e distintas so idias gerais que no devem vir do

    particular; elas j esto disponveis no esprito, so inatas, procedem da razo, ecomo no oriundas do exterior e nem pela ao dos sentidos, so verdadeiras. O

    conhecimento pode ser alcanado a priori, isto , na ausncia (por ignorncia ou

    por deciso consciente) da realidade, advindo da o absolutismo. H, portanto uma

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    5/19

    5

    valorizao da razo, do entendimento, e do intelecto (Aranha e Martins, 1993),

    (Portugal, 2002).

    Inspirado no rigor matemtico, e em suas longas cadeias de razo,

    Descartes estabelece quatro preceitos que fundamentam seu mtodo, onde est

    explicitada a deduo, o preceito metodolgico bsico. Assim, nas palavras de

    Descartes5:

    O primeiro consistia em nunca aceitar como verdadeira qualquer cousa,

    sem a conhecer evidentemente como tal; isto , evitar cuidadosamente a

    precipitao e a preveno; no incluir nos meus juzos nada que se no

    apresentasse to clara e to distintamente ao meu esprito, que no

    tivesse nenhuma ocasio para o pr em dvida.

    Este primeiro preceito explicita a regra da evidncia. A seguir o segundoque contm a regra da anlise ou diviso; reduo das coisas compostas aos

    seus elementos simples e certos e, o segundo, dividir cada uma das dificuldades

    que tivesse de abordar no maior nmero possvel de parcelas que fossem

    necessrias para melhor as resolver (Macedo, 1943)6, (Portugal, 2002).

    O terceiro preceito, o da regra da sntese, da deduo. Conduz o

    raciocnio na forma de: dado x posso concluir b, c, d (Portugal, 2002), (Chau,

    1997 apud Cunha, 1999):O terceiro, conduzir por ordem os meus pensamentos, comeando pelos

    objectos mais simples e mais fceis de conhecer, para subir pouco a

    pouco, gradualmente, at ao conhecimento dos mais compostos; e

    admitindo mesmo certa ordem entre aqueles que no se precedem

    naturalmente uns aos outros.

    A ltima a regra da enumerao ou induo, que uma fase criadora

    do mtodo e no apenas um processo de verificao das verdades j

    5 Descartes, R.. Discurso do Mtodo e Tratado das Paixes da Alma. Trad. Newton de Macedo.Livraria S da Costa - Editora, Lisboa, 2a. ed. 1943.6 Macedo N. notas de rodap. In: DESCARTE, R. . Discurso do Mtodo e Tratado das Paixesda Alma. Traduo de Newton de Macedo. Livraria S da Costa - Editora, Lisboa, 2a. ed. 1943.

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    6/19

    6

    descobertas, e o ltimo, fazer sempre enumeraes to completas e revises to

    gerais, que tivesse a certeza de nada omitir(Macedo, 1943)9.

    Francis Bacon (1561-1626) faz uma crtica lgica aristotlica em sua

    obra Novum Organum, propondo em substituio deduo como mtodo de

    descoberta, a induo. Atravs dos dolos, denuncia os preconceitos e noes

    falsas que dificultam a apreenso da realidade (Aranha e Martins, 1993); em um

    deles, os dolos do teatro, que so os que imigraram para o esprito do homem

    atravs das doutrinas filosficas e regras viciosas da demonstrao, Bacon faz a

    sua crtica lgica aristotlica afirmando que ela era um dolo que deveria ser

    exibido e desacreditado. Assim nas palavras de Bacon7: a lgica tal como hoje

    usada mais vale para consolidar e perpetuar erros, fundados em noes vulgares,

    que para a indagao da verdade, de sorte que mais danosa que til.

    Bacon enumera as razes para a sua crtica (Tamoyo, 1998):

    ela, a lgica aristotlica, prope a coleo acidental e acrtica de

    dados sem um referencial composto por algumas idias, ou de

    algumas hipteses que pudessem servir de diretriz;

    generaliza a partir de pouqussimas observaes;

    baseia-se na induo por simples generalizao, que excluem

    sempre os experimentos negativos;

    o valor real e prtico do silogismo descansa exclusivamente na

    definio especfica ou na realidade das premissas;

    mostra interesse excessivo na lgica dedutiva.

    O silogismo consta de preposies, as proposies de palavras, as

    palavras so os signos das noes. Pelo que, se as prprias noes (queconstituem a base dos fatos) so confusas e temerariamente abstradas

    das coisas, nada que delas depende pode pretender solidez. Aqui est por

    que a nica esperana radica na verdadeira induo.

    7 BACON, F. Novum Organum ou Verdadeiras indicaes acerca da interpretao danatureza. Traduo de ANDRADE, J.A.R. de. Coleo Os Pensadores, So Paulo: Editora NovaCultural, 1999.

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    7/19

    7

    Bacon enfatiza a verdade como descoberta; recomendava a coleta de

    grande nmero de dados sobre o fenmeno a ser estudado, organiz-lo em

    tabelas e procurar as regularidades atravs da observao e da experincia,

    segundo mtodos precisos, e atravs de um mtodo empirista-indutivo, partindo

    do particular ao geral, chegar s teorias (Borges, 1996). Em suas palavras:

    S h e s pode haver duas vias para a investigao e para a descoberta

    da verdade. Uma, que consiste em saltar-se das sensaes e das coisas

    particulares aos axiomas mais gerais e, a seguir, descobrirem-se os

    axiomas intermedirios a partir desses princpios e de sua inamovvel

    verdade. Esta a que ora se segue. A outra, que recolhe os axiomas dos

    dados dos sentidos e particulares, ascendendo contnua e gradualmente

    at alcanar, em ltimo lugar, os princpios de mxima generalidade. Este

    o verdadeiro caminho, porm ainda no instaurado.

    Numa tentativa de sistematizao lgica de procedimentos cientficos,

    Bacon prope o mtodo cientfico, que relataremos a seguir, num resumo feito

    por Zanetic (1999):

    1. o cientista faz observaes e experimentos que lhes forneam

    informaes controladas e precisas;

    2. essas informaes so registradas sistematicamente e

    eventualmente divulgadas;

    3. outros cientistas, trabalhando na mesma rea, acumulam novos

    dados;

    4. com o acmulo de dados possvel uma certa ordenao dessas

    informaes permitindo a formulao de hipteses gerais, isto , o

    estabelecimento de enunciados gerais que descrevam razoavelmente o

    que os fatos conhecidos deixam transparecer e, ao mesmo tempo,

    explicam as relaes causais entre os mesmos;

    5. passa-se a seguir fase de confirmao ou verificao dessas

    hipteses assim construdas, procurando-se novos experimentos e ou

    observaes que evidenciem suas afirmaes;

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    8/19

    8

    6. se essa busca de confirmao ou de verificao bem sucedida, o

    cientista chega a uma lei cientfica que passa a ser aplicada a casos

    semelhantes na tentativa de ampliar seu campo de aplicaes;

    7. com esse alargamento de aplicao do conhecimento, novas leis

    ligadas a fenmenos semelhantes vo permitir que se construa toda uma

    teoria.

    Outro grande pensador que nos faz acreditar na cincia Issac Newton

    (1643 1727), grande cientista ingls, reconhecido como fsico e matemtico,

    astrnomo, alquimista e filsofo. Leu os Princpios de filosofia de Descarte e o

    Dilogo sobre os dois principais sistemas do mundode Galileu, apesar de no ser

    um brilhante aluno do Trinity College de Cambridge onde entrou com dezenove

    anos. Por ocasio de um surto de peste bubnica teve que voltar ao lar de seus

    pais em Woolsthorpe na Inglaterra, fez trs descobertas fundamentais para a

    cincia: o mtodo matemtico das fluxes8 ou clculo diferencial, a lei da

    composio da luz9, e a lei da gravitao universal (Chassot, 1994). Esta ltima

    publicada em Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, publicada em 1687.

    Esto ainda dentre suas produes: os anis de Newton (estudos de fenmenos

    de interferncias luminosas), o Binmio de Newton (relaes relativas soma de

    quadrados), o campo newtoniano (fsica das foras gravitacionais), a frmula de

    Newton (para determinar distncias focais em lentes e espelhos), mtodo de

    interpolao de Newton (clculo de variveis em progresso aritmticas), entre

    outros. A mecnica newtoniana foi decisiva ao ser posta a servio do

    desenvolvimento da maquinaria que possibilitou a Revoluo Industrial (Magee,

    2001).

    No acredito na religio quando no posso deixar de pensar sobre o grau

    de certeza de um artigo de Lynn White (1967), mencionado por Hammerschimitt(2009), onde ela atribui a crise ambiental como uma conseqncia do

    antropocentrismo que se estende na filosofia judaico-crist. Menciona na Bblia,

    um Salmo que confere ao homem a dominao da Terra: ... Fizeste-o, no entanto,

    8 Trata de quantidades variveis ou fluidas.9 O disco de Newton. Esta Lei a base para o sistema cientfico da tica.

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    9/19

    9

    por um pouco menor que Deus e de glria e de honra o coroaste. Deste-lhe o

    domnio sobre as obras da tua mo e sob seus ps, tudo lhe puseste: ovelha e

    bois, todos, e tambm os animais do campo; as aves do cu, e os peixes do mar,

    e tudo o que percorre as sendas dos mares... (Salmos 8 -9). E ainda, mostram a

    superioridade do homem: ... Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e

    sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos cus e sobre todo

    animal que rasteja sobre a terra (Gnesis 1:28).

    No acredito em religio quando alguns que detm os conhecimentos

    teolgicos e os cientficos fazem mau uso deles. Os dogmas da religio muitas

    das vezes vo contra a realidade estabelecida pelas teorias cientficas

    estabelecendo conflitos importantes; em nome da crena, de 1022 at 1859,

    instala-se e faz-se funcionar a inquisio com o objetivo de perseguir hereges, e

    nesta categoria incluram-se cientistas. Na Espanha, o monge Torquemada cria

    inquisio, de mbito supremo, destituindo inquisidores considerados por ele j

    ultrapassados e, superando o Papa. No leva em conta nenhum privilgio; no h

    distino para a tortura e interrogatrios. A delao e confisso so as fundaes

    da justia. No sculo XI, a inquisio instala-se na Alemanha, Itlia e Frana. Em

    1215 o IV Concilio de Latro apia a perseguio dos hereges, a delao, a

    suspeita, os interrogatrios com tortura e processos cuja defesa prescindida(Tinco, 1999).

    Neste contexto, um polons chamado Nicolau Coprnico (1473-1543) educado para ser um religioso. Ao exercer a vida religiosa presta servio aos

    pobres como mdico e religioso. Constri em sua capela um observatrio bastante

    simples e faz suas observaes a despeito dos parcos instrumentos que dispunha.

    Interessa-se pelos estudos de Aristarco de Samos, do sculo III a.C, que explicava

    o nascer e o por do Sol (Chassot, 1994).Constri a sua teoria do universo. Ele composto de esferas e finito.

    Nada existe alm destas esferas fixas. Em sua teoria, a heliocntrica, o Sol o

    centro do sistema, contrariando a teoria vigente, a geocntrica. A Terra era um

    dos planetas com uma rbita que se completava durante todo o ano em torno do

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    10/19

    10

    Sol que estava fixo e girava em torno de seu eixo todo dia, com o movimento de

    inclinao de seu eixo que se completava em um ano. Os demais planetas

    conhecidos tinham movimentos uniformes, eternos, circulares e em torno do Sol.

    Mas o Sol no era o centro do universo, porm, perto dele. A partir do Sol

    estavam, Mercrio, Vnus, Terra, Lua, Marte, Jpiter, Saturno, nesta ordem e

    junto com as estrelas fixas compunham o universo (Franciotti, 2009).

    Em 1533, Coprnico divulga a sua teoria j moribundo, e no o faz antes

    por temer a oposio da igreja. O seu livro De revolutionibus orbium coelestium

    com sua teoria heliocntrica publicado, porm h um prefcio do clrigo luterano

    Andrea Osiander, informa ao leitor de que a obra no era necessariamente

    verdade, mas apenas uma hiptese provvel de que a Terra se movesse A igreja

    se pronuncia negativamente e esta posio se funda na afirmao da Sagrada

    Escritura de que foi o Sol e no Terra que Josu mandou parar. Lutero afirmava

    que: este louco vai virar toda a cincia da astronomia de cabea para baixo. Mas,

    como declara o Livro Sagrado, foi o Sol e no Terra que Josu mandou parar10.

    A igreja romana ps a obra de Coprnico no ndex em 1616, at que seja

    corrigida, e s em 1835 a obra foi retirada de l (Chassot, 1994).

    Outro que conheceu as garras da intolerncia da igreja foi Giordano

    Bruno, filsofo que viveu entre 1548-1600, e que estudou no Mosteiro de So

    Domenico na Itlia. Em 1581 chega a Paris para lecionar Filosofia, mas com uma

    fama de mgico e feiticeiro; se aproxima do Rei Henrique III que ficou curioso com

    esta fama. Deu palestras e realizou curas em algumas cidades da Europa. Publica

    o livro, De Umbris Idearum, que trs o seu conceito de arte da memria, que foi

    aprofundado em Cantus Circaeus, e que abrangia "tudo o que pode ser dito,

    sabido imaginado; todas as artes, lnguas, trabalhos e sinais. Neste livro, Bruno

    aborda o princpio da associao de idias e, ainda, questiona o valor dos

    10 Ento, Josu falou ao SENHOR, no dia em que o SENHOR entregou os amorreus nas mos dosfilhos de Israel; e disse na presena dos israelitas: Sol, detm-te em Gibeo, e tu lua, no vale deAijalom. E do sol se deteve, e a lua parou at que o povo se vingou de seus inimigos. No est istoescrito no Livro dos Justos? O sol, pois, se deteve no meio do cu e no se apressou a pr-se,quase um dia inteiro. No houve dias semelhantes a este, nem antes nem depois dele, tendo oSENHOR, assim, atendido voz de um homem; porque o SENHOR pelejava por Israel (Josu, 10,12-14).

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    11/19

    11

    mtodos de conhecimentos tradicionais (Cobra, 2000). O Rei Henrique III o

    convoca a explicar se sua arte da memria era natural ou uma feitiaria (Nicholl,

    2009), (Cobra, 2000). Entre seus trabalhos ressalte-se sua tcnica de

    classificao sistemtica de objetos de observao no preenchimento de tabelas,

    suas tbuas combinatrias, foram os germes dos mtodos empricos que

    marcaram o incio da cincia experimental(Cobra, 2000).

    Giordano Bruno, brilhante, contestador e franco, defendia em plena

    poca da Inquisio a idia de que o Cristianismo era inteiramente irracional,

    pois, era aceito pela f, sem nenhuma base cientfica. Aderiu ao heliocntrico, no

    sem antes propor mudanas a ela e critic-la pela no adeso ao hermetismo.

    Defendeu a idia de um universo infinito11, e a existncia de outros mundos

    povoados por seres inteligentes o que lhe garantiu a simpatia dos esotricos da

    Nova Era e tambm o rotulo de mstico (Nicholl, 2009). J considerado herege

    por catlicos e protestantes por sua adeso ao heliocentrismo e pela suas idias e

    declaraes, e por uma imensa vontade de que a igreja aderisse s idias

    esotricas do culto ao deus Toth12, do antigo Egito, (Cobra, 2000).

    Perseguido pelas Igrejas tanto a catlica como a protestante foi

    aprisionado em Veneza em maio de 1592 e enviado a Roma direto aos tribunais

    da Inquisio, e assim fica entre 1593 e 1600. Foi forado, atravs de

    interrogatrios, e tortura, a renegar suas idias, mas permanece firme na defesa

    deles e, portando, considerado hertico impenitente; condenado morte no

    pelo heliocentrismo que defendia e divulgava, mas sim por negar a divindade de

    Cristo e por magias diablicas (Chassot, 1999). Bruno desafia os seus algozes:

    "talvez vocs, meus juzes, pronunciem esta sentena contra mim com maior

    medo do que eu a recebo. Conduzido fogueira e de lngua amarrada lhe

    oferecido um crucifixo para a sua purificao, mas recusa-o com um desprezoferoz. Seus trabalhos foram includos no Santo ndex em 7 de agosto de 1603

    (Benz, 2009) (Nicholl, 2009).

    11 Afirma isto em seu livro Sobre o Universo Infinito e Mundos (Cobra, 2000).12 Escriba dos deuses, inventor da escrita e patrono de todas as artes e cincias.

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    12/19

    12

    Em um lar muito humilde, nasce em 1571 Johannes Kepler. Foi enviando

    ainda muito jovem a estudar em um seminrio protestante13. Neste seminrio

    desenvolveu uma curiosidade que era muito maior do que seu temor a Deus, pois

    acreditava em um poder criador do Universo, o que o levou a contemplar a

    perfeio csmica: A Geometria existiu antes da Criao... [ela] forneceu a Deus

    um modelo para a Criao... A Geometria Deus. (Kepler, 1628 Apud Costa,

    2004). Estudou com o objetivo de ser pastor luterano, e deixando o clrigo, foi

    nomeado professor de matemtica na ustria, mas, dedicava-se astronomia e

    astrologia, desta elaborava calendrios profticos que se mostraram corretos nas

    predies legando-lhe boa reputao; elaborou tambm horscopo para os ricos

    (Chassot, 1994).

    Adere ao mecanicismo ao propor que o a mquina do universo no

    semelhante a um ser divino animado, mas semelhante a um relgio (...) e nela

    todos os movimentos dependem de uma simples fora ativa material, assim como

    todos os movimentos do relgio so derivados ao simples pndulo. (Kepler, apud

    Chassot, 1994).

    Kepler, em sua a primeira obra, o Mysterium Cosmographicum concebeu

    um modelo de universo envolvendo os cinco slidos perfeitos de Pitgoras: a

    rbita de Saturno, o mais distante dos planetas, estava inscrita em um cubo;

    neste cubo se inseria uma esfera contendo a rbita de Jpiter. Sobre este estava

    uma esfera em um tetraedro contendo a rbita de Marte; entre Marte e a Terra um

    dodecaedro e um icosaedro entre a Terra e Vnus e entre Vnus e Mercrio um

    octaedro. Apesar trabalhar muito sobre refinados clculos matemticos para

    corroborar este pensamento, estas rbitas jamais se encaixavam (Costa, 2004).

    Baseando-se nos trabalhos de Tycho Brahe14, acabou aceitando o inevitvel: as

    rbitas dos planetas no eram circulares como afirmava Coprnico, mas simelpticas e que seus movimentos eram mais rpidos em alguma parte de suas

    13 Este seminrio tinha como objetivo criar barreiras teolgicas contra o avano da poderosa IgrejaCatlica Romana (Costa, 2004).14 O dinamarqus Tycho Brahe (1571 1630), construiu o maior e mais acurado volume demedidas astronmicas jamais realizadas entes da inveno do telescpio em seguida legou todoeste material a uma figura genial, o alemo Johannes Kepler... (Magiee, 2001).

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    13/19

    13

    rbitas (Magee, 2001). A elipse se encaixa em seus clculos e s observaes de

    Tyco. Em suas anotaes, exclama Kepler: Ah! Que bobo tenho sido! (Costa,

    2004). Kepler destri com isso a suposio hegemnica e arraigada de que todos

    os movimentos celestes deveriam seguir padres simtricos (Magee, 2001).

    Em sua segunda obra, De motibus stelae Martins, utilizando medidas

    precisas publica a sua 1 lei que afirmava que tendo o Sol como referencia, todos

    os planetas movem-se em rbitas elpticas, ainda nesta obra enuncia sua 2 lei

    que dizia que, o segmento de reta traada do centro de massa do Sol ao centro de

    massa de um planeta do Sistema Solar varre reas iguais em tempos iguais, ou, a

    linha que liga o Sol ao planeta varre reas iguais em intervalos de tempo iguais

    (Costa 2004).

    No Harmonices Mundi Libri V, define uma relao entre as velocidades dos

    planetas em suas rbitas e a harmonia musical; calculou escalas musicais com

    base nas velocidades dos planetas e sua distncia ao Sol, quanto mais prximo

    ou distante (Magee, 2001). Nesta obra estava sua 3 lei: para qualquer planeta do

    sistema solar, o quociente entre o cubo do raio mdio da rbita e o quadrado do

    perodo de revoluo em torno do Sol constante, isto : o quadrado do tempo

    que eles levam para completar uma volta em torno do Sol proporcional ao cubo

    de suas distncias mdias at o Sol (Costa, 2004).

    Ao lado de sua produo cientfica, Kepler convive com a m sorte: a falta

    de apoio da casa imperial causado pela morte de seu protetor real e a ascenso

    de outro, lhe traz o desemprego por muito tempo, o que lhe causa a pobreza, que

    aliado problemas com a sade, o falecimento da esposa, e a morte de filhos

    causam lhe aflio. Sua f, e idias revolucionarias provocam ressentimentos dos

    religiosos e perseguio a ele e sua famlia. Sua me foi aprisionada e acusada

    de feitiaria fazendo com que Kepler empreendesse inmeras viagens para tratarda defesa da me. Seu prestigio e perseverana faz com que os juizes libertem-

    na. Em 1630, em uma viagem, morre em 15 de novembro, longe de amigos e

    famlia (Marques e Bechara, 2009). Mais um gnio vtima da intolerncia dos

    homens e dos homens religiosos.

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    14/19

    14

    Em 1633, a Inquisio acusa Galileu de heresia por sua comprovao da

    teoria de Coprnico. Preso, ele se retrata, mas condenado priso domiciliar

    perptua. Este grande cientista, Galileu Galilei (1564 1642) foi um dos

    fundadores da moderna cincia, foi a primeira pessoa a observar as estrelas por

    um telescpio, que, discute-se, seja de sua inveno. Revolucionou a indstria de

    relgios e sua preciso ao descobriu o princpio do pndulo ao observar as

    oscilaes de um candelabro e as batidas de seu pulso. de sua inveno o

    termmetro (Magiee, 2001). Foi professor em diversas universidades italianas, e

    em Pdua envolveu-se na construo de telescpios e com isto suplementava a

    renda familiar, pois assumia a responsabilidade da famlia com a morte de seu pai.

    Foi o inventor de uma bomba para fazer subir gua, um compasso geomtrico

    militar e escreveu um tratado sobre fortificaes de cidades (Chassot, 1994).

    Outra importante descoberta de Galileu, diz respeito a que todos os corpos

    caem na mesma velocidade a despeito de seu peso, desde que no sofram

    interferncia de alguma outra presso, refutando a idia comum na poca de que

    quanto mais pesado um corpo, mais rpida sua queda. Disso ainda verifica que,

    a velocidade da queda se acelera num ritmo uniforme de 3,6 m por segundo.

    Lana a cincia da artilharia ao demonstrar que todo projtil se move numa

    parbola (Magiee, 2001).

    Publica em 1612 o Discurso sobre as Coisas que Esto Sobre a gua, onde

    ridiculariza a idia aristotlica de distino entre corpos sublunares e celestes, o

    que no foi do agrado da Igreja; Em 1614 em sua obra Histria e Demonstraes

    Sobre as Manchas Solares, defende as idias de Coprnico. Em 1633 foi preso

    pela Inquisio e submetido a interrogatrios sob tortura. Retratou-se e foi

    obrigado a, vestido como penitente a recitar e assinar publicamente a sua

    confisso. condenado pela Inquisio ao silencio e confinado em sua casa, mascontinua suas pesquisas. Morre aos 78 anos em 8 de janeiro de 1642, e consta

    que, murmurando a frase que tivera que negar: Contudo a Terra move.

    Em nome da crena muitos malefcios foram perpetuados contra a

    humanidade, e em nome do Pai. Guerras cuja motivao principal era a de

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    15/19

    15

    conquistar povos para levar-lhes uma nova crena e desta forma salva-los, tinham

    como objetivos, na verdade, a conquista e a pilhagem material. So as guerras

    santas que esto presentes desde as cruzadas at hoje. Tambm em Seu nome,

    imprios so construdos. Segundo pesquisa feita pelo Instituto Anlise, o

    segmento catlico tem o triplo de fiis em comparao com o segmento

    evanglico, porm com um faturamento muito menor que este; 60% dos catlicos

    fazem doaes contra 70% dos evanglicos e o faturamento mensal do segmento

    catlico atinge 680 milhes por ms e dos evanglicos ultrapassa um bilho de

    reais por ms (Davoli, 2009).

    Verdadeiros mercadores da palavra de Deus vendem a iluso da cura e da

    salvao eterna dos pecados que so frutos da ganncia de um lado e, da

    ignorncia de outro, e so hoje proprietrios de verdadeiras fortunas, e tm nas

    mos, poderosa e vasta rede de informao compreendendo jornais, rdios e

    televiso. Como so formadores de opinio, manipulam as informaes a seu

    favor, muitas das vezes distorcendo fatos apurados pela justia. Recentemente

    tivemos um novo embate entre cincia e religio, quando ao final de uma longa

    peregrinao nas barras da justia, a cincia teve um ltimo encontro, em

    instncia maior, para que se pudesse utilizar as clulas embrionrias em

    experincias que poderiam levar s curas para graves doenas e leses do corpohumano.

    No acredito na cincia quando, em mos de poderosos e inescrupulosos,

    do mau uso s conquistas da cincia: os estudos da biologia, principalmente na

    microbiologia, fornecem a eles uma poderosa arma para o extermnio em massa:

    bactrias e vrus; compostos qumicos so usados da mesma forma; as

    maravilhas da eletrnica utilizadas em artefatos de guerra e de eliminao da

    privacidade das pessoas; descobertas no campo dos remdios que podem curarou aliviar o padecimento de milhes de pessoas tem o seu acesso dificultado

    atravs de patentes que visam no ajuda ao prximo, mas sim a lucros

    substanciosos; a separao do esprito e corpo introduzido pelo racionalismo de

    Descarte fazendo com que o homem seja entendido como uma mquina perfeita.

    Nas palavras de Hammerschitt (2009):

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    16/19

    16

    A nfase dada diviso desestrutura qualquer compreenso orgnica e

    holstica, pois o todo formado por um conjunto de partes separadas e

    desconectadas umas das outras podendo ser conhecido`em si`atravs do

    uso correto e lgico da razo,

    Esmera-se no cuidado do corpo em detrimento do esprito; a diviso do

    saber at especialidade, na rea mdica, por exemplo, resume a patologia em

    um conjunto de exames especializados negando a totalidade do ser humano.

    O indutivismo de Bacon pretende que atravs de experincias com

    determinada propriedade sobre um ente, pode-se deduzir que os conhecimentos

    produzidos por elas sejam vlidos para todos os entes com as mesmas

    propriedades. Chalmers (1993) enuncia a crena da induo como: se um grande

    nmero de As foi observado sob uma ampla variedade de condies, e se todos

    esses As observados possuam sem exceo a propriedade B, ento todos os

    As tm a propriedade B. Ao comentar esta crena mostra o autor, a dificuldade

    de se estabelecer um nmero de observaes que sejam suficientes para se

    atender ao grande nmero de observaes presente no enunciado e necessrio

    para a concluso de que o fenmeno possui a propriedade B. Ele mostra ainda a

    impossibilidade de se estabelecer quais so as amplas variedades decircunstncias, visto que elas sero infinitamente grandes; mostra tambm a

    impossibilidade de se estabelecer critrios para se escolher quais as

    circunstncias que no devem ser levadas em considerao e quais as

    significativas.

    Para o indutivista fundamental que a percepo dos fenmenos seja

    objetiva, livre de desvios, e que seja imparcial, isto , imune personalidade,

    experincia, cultura, conceitos, e idias pr-concebidas ou interesse doobservador. Isto impossvel, pois ao que se pretende que seja imune, determina

    que diferentes observaes sobre um mesmo objeto produzam diferentes

    experincias sensveis (Tamoyo, 1998). Bacon difunde o conhecimento

    mecanicista, exato e afirma: saber poder. A natureza sua escrava, obrigada

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    17/19

    17

    a servir humanidade e o objetivo do cientista extrair da natureza todos os seus

    segredos, mesmo sob tortura (Hammerschitt, 2009), Capra (2003) destaca que:

    A partir de Bacon, o objetivo da cincia passou a ser aquele conhecimento

    que pode ser usado para dominar e controlar a natureza e, hoje, a cincia

    e tecnologia buscam fins profundamente antiecolgicos (Capra, 2003 apud

    Hammerschitt, 2009).

    Por isto e por aquilo, e pelo significado que dou a elas, no creio na religio

    e muito menos na cincia, pelo menos nestas em que as mos dos poderosos

    esto presentes. O que na verdade acredito no esprito do homem. Um esprito

    que a centelha da vida. nela que esto a bondade, a solidariedade e o amor.

    nela que se manifesta a arte e a criao. nela que o homem se aproxima de

    Deus. Na Gnesis, ELE cria o homem sua semelhana e esta semelhana estpresente no esprito. Talvez este esprito seja composto das mnadas de Leibniz,

    uma substncia uma e indivisvel que atravs da percepo espelham as coisas

    do universo, cada uma de per si, espelhando o universo todo. Atravs da

    apercepo, que a capacidade de refletir, de auto-representar, manifesta a

    conscincia, e atravs da apetio que a tendncia de cada mnada de fugir da

    dor e desejar o prazer, passando de uma percepo para outra, busca a

    felicidade. Elas, no tendo pontos de entrada e de sada, no recebem seus

    conhecimentos de fora, mas tm o poder interno de exprimir o resto do universo, a

    partir de si mesmas. O esprito a mnada superior. Ou talvez seja o impulso vital

    de que Brgson fala: fora e impulso de criao que atravessa a matria,

    diversificando-se e se orienta em mltiplas direes (instinto, inteligncia, etc.).

    No sei, o diabo que estas incertezas cada vez me impelem busca e me

    coloca perto do Senhor, Graas a Deus.

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    18/19

    18

    Bibliografia

    ARMOND, F. F. A liberdade do ser em Leibniz. Cadernos Espinosanos.Universidade de So Paulo, v. XVII, p. 92-111, 2008.

    ARANHA, M.L.A. e MARTINS, M.H.P. Filosofando: introduo filosofia. SoPaulo: Editora Moderna, 1993. 395p.

    BBLIA SAGRADA. Traduo de Joo Ferreira de Almeida. So Paulo: SociedadeBblica do Brasil, 2000.

    BORGES, R.M.R. Em debate: cientificidade e educao em cincias. PortoAlegre: Centro de Cincias do Rio Grande do Sul. 1996. 75p.

    CHALMERS, A.F. O que cincia afinal? So Paulo: Brasiliense, 1993, 225p.

    CHASSOT, A. A cincia atravs dos tempos. So Paulo: Moderna, 1994.382p.

    COBRA, R. Q. Giordano Bruno. In: Cobra Pages. Site Educativo. Disponvel em:. Acesso em 28 set. 2009.

    COSTA, J.R. Os astrnomos: Johannes Kepler. Tribuna de Santos. Santos, 30ago. 2004. Caderno de Cincia e Meio Ambiente, p. D-2.

    CUNHA, A.M. de O.A mudana conceitual de professores num contexto deeducao continuada. 1999. 479p. Tese de Doutorado, Faculdade de Educao,Universidade de So Paulo. So Paulo, 1999.

    DAVOLI, O. Panorama. Gazeta de Limeira. Limeira, 29 set. 2009, ano 79 n.15.908, pg. 02, 2009.

    DESCARTES R. Meditaes terceira: de Deus; que Ele existe. In: Coleo osPensadores, So Paulo: Nova Cultural, 1988. p.31-45.

    DESCARTES, R. O discurso do mtodo e Tratado das paixes da alma.Traduo de Newton de Macedo. Lisboa: S da Costa Editora, 1943. 254p.

    FRANCIOTTI, M. A. Coprnico e a tradio Aristotlica. In: UniversidadeFederal de Santa Catarina. Disponvel em < http:// www.cfh.ufsc.br/~fil/cope.htm> .Acesso em: 29 set. 2009.

    GROOT, M. de. O modelo do Big Bang: uma avaliao. Folha Criacionista. ano28, n. 60, Braslia: Sociedade Criacionista Brasileira, maro de 1999.

    HAMMERSCHIMITT, V. L. O racionalismo moderno e as conseqncias scio-ambientais. In: Faculdades de Itapiranga (SC). Disponvel em:http://www.edu.br/fai/academico/artigos-academicos.html.

    Acesso em 29 set. 2009.

    LEIBNIZ, G.W. Princpios de filosofia ou monadologia. In: Conscincia. Org.Disponvel em http://www.consciencia.or/leibniz.shtml. Acesso em 29 set. 2009.

    MAGEE, B. Histria da Filosofia. So Paulo: Loyola, 2001. 240p.

  • 8/8/2019 Acredito mais na religio do que na cincia51512

    19/19

    19

    MARQUES, G. e BECHARA, M. J. Coprnico e Kepler. In: Instituto de Fsica daUniversidade de So Paulo. Mecnica. Histria da Mecnica, seco 2. Disponvelem: . Acessoem 29 set. 2009.

    NICHOLL, C. Giordano Bruno, o padre filsofo. In: O um, o outro. Disponvel

    em . Acesso em 29 set. 2009.PIERLI, F. Misso e transformao social: uma nova configurao. In: RevistaMissionria Colombiana Alm Mar, Mar. de 2009. Lisboa. Disponvel em:www.alem-mar.org/cgibin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EkFyplkFuAQbPtaEApAcesso em 29 set. 2009.

    PORTUGAL, C. A. Discusso sobre empirismo e racionalismo no problema daorigem do conhecimento. In: DILOGO & CINCIA REVISTA ELETRNICA DAFACULDADE DE TECNOLOGIA E CINCIAS DE FEIRA DE SANTANA. Ano I, n.1,dez. 2002. Disponvel em: < http://www.ftc.br/revistafsa>. Acesso em 30 set.2009.

    RUSS, J. Dicionrio de Filosofia. So Paulo: Scipione. 1994. 383p.

    TAMOYO, R.P. Existe el mtodo cientfico? In: Universidad Michoacana deSan Nicolas de Hidalgo. Mxico. Disponvel em:

    .Acesso em 13/10/2009.

    TINCO, H. Os gnios do cristianismo: histria de profetas, de pecadores e desantos. Lisboa: Gradiva, 1999.

    UNIVERSIDADE DE SO PAULO. Sistema Integrado de Bibliotecas. GrupoDiTeses. Diretrizes para apresentao de dissertaes e teses da USP:

    documento eletrnico e impresso/Vnia M.B. de Oliveira Funaro, coord. ... [et al.]. So Paulo: SIbi-USP, 2004. 110p.

    ZANETIC, J. Evoluo dos conceitos da Fsica. Alguns tpicos de filosofiadaCincia. 1a. parte. Notas de aula 1o. semestre. So Paulo: Instituto de Fsica daUSP: mimeo. 1999. 77p.