faces da religião na pós modernidade - bauman

5/12/2018 Faces da religi o na p s modernidade - Bauman - slidepdf.com

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Faces da religião na pós-modernidade.

Faces da religião na pós-modernidade.

Não há duvidas que vivemos um tempo em que, cada esquina nos apresenta um novo tipo de

comercio, comercio estes em que seus vendedores gritam, e cantam os nomes de seus

produtos que estão à venda. Ofertas que a cada dia tem ficado mais irresistível, pois não há

mais tempo para se acreditar em alguma coisa, por isso há a necessidades de uma solução fest

food para resolvermos nossos problemas, essa é a nossa visão atual, comercialização do

divino, comercialização dos milagres. Segundo o senso de 2004 havia uma estimativa de

188.498 igrejas evangélicas no país, só em São Paulo capital ha ruas que chegam a ter trêsigrejas, com os mais diversos gostos, seja você roqueiro, surfista ou quem sabe até algo mais

ligth para os finais de semana.

Não há a menor sombra de duvida que a igreja andou até certo ponto em convergência com a

modernidade, procurando sempre o conhecimento, e dando sempre um lugar para o eu,

colocado assim espaço para a razão e até certo ponto o conhecimento subjetivo. Pois como

conhecemos na historia, Martinho Lutero abriu espaço para um novo modo de pensar e dando

um novo espaço para o eu, pois agora com a Bíblia a minha disposição, não preciso mais de

quem a interprete para mim, sendo assim eu dou espaço para minha experiência individua, e

tenho o meu próprio contato com meu Deus.

No começo do século XX inaugurado um novo modo de pensar a religião no seguimento do

protestantismo, surge nos Estados Unidos o movimento pentecostal, que surge como as

principais características de falar em línguas e os dons espirituais, um deles é o dom de

profecia, no qual o eu entro em contato direto com o metafísico, e recebo mensagens divinas,

sendo assim, agora não preciso mais de sacerdote para me comunicar com o divino.

No final do século XIX podemos ver o declino da modernidade, o que chegou a maior crise na

metade do século XX com o despertar de um pesadelo, já previsto que foi a segunda guerra

mundial, pois a modernidade, já apontava para esses problemas, era como um dilúvio

previsto, pois foi na modernidade que o homem começou a pensar em ter domínio da



natureza para uma melhor vida no futuro. E o aperfeiçoamento da espécie humana com o

sonho de que um dia seria uma espécie perfeita, culminando no arianismo da segunda guerra.

Podemos ver assim a segunda guerra mundial como o ponto Maximo da modernidade.

No começo dos anos 60 começamos a entrar em um novo contexto histórico, alguns teóricos o

chamam de Pós-Modernidade, este período é marcado pela consolidação do capitalismo, que

posso dizer que nos tempos atuais é algo indestrutível, e que até mesmo aqueles países que

ainda não o assumiram, convergem pra isso. O novo período é marcado pelo consumo

desenfreado, por parte a população, e também os esforços exorbitantes por parte do mercado

para formar consumidores. Agora o mercado não procura apenas atender a demanda, mas em

produzir bem mais que a demanda, e usar de recursos para que os consumidores adquiram

seus preciosos produtos.

Segundo Bauman este período e marcado pela perda da solides da modernidade, sendo assim,

tudo que é solido tende a se derreter. Aquilo que na modernidade era solido se derreteu e se

escorre pelas mãos na pós-modernidade.

Mas o que tudo isso tem haver com a religião protestante e a culminação do movimento

pentecostal? Com a crise da modernidade o movimento pentecostal também evoluiu. Mas de

que forma? Ele se derreteu. Como? A primeira grande divisão na igreja católica ocorreu noséculo V e VI no 1º concilio de Nicéia e a segunda por volta de 1500 com Martinho Lutero. Mas

o movimento pentecostal já começou com divisão, pelo menos foi o que aconteceu no nosso

país, a primeira linha pentecostal no Brasil começou no sul e sudeste com a direção do

missionário Louis Francescon, e a segunda com Daniel Berg e Gunnar Vingren na região norte.

Cada movimento deu origens a igrejas totalmente diferentes. Mas mesmo assim, ainda um

movimento em convergência com a crise da modernidade.

Mal Estar No Cristianismo Atual.

Com o despertar da pós-modernidade, surge um novo conceito de liberdade, agora eu tenho

o meu Deus e você tem o seu. Com esta teologia barata, a igreja pós-moderna transforma

Deus em uma mercadoria. Na qual eu posso comprar em qualquer esquina mais próxima de

casa. Sendo assim, já não sou obrigado a me prender em qualquer religião, mas seguir aquela

na qual eu mais me adéquo, ou aquela na qual Deus se adéqüe mais a mim. Sendo assim a

maior autoridade nesse período é o próprio EU. Se alguma coisa não se adequar ao eu, posso

mudar quando eu quiser. Sendo assim a religião pós-moderna é liquida o que é bom pra mim

hoje, amanha já não poderá ser. As verdades da igreja também são liquida neste período, um

dos maiores exemplos disto é que as normas das igrejas pentecostais que esta sempre em

movimento, e a cada dia se torna um campo mais aberto para a entrada de novos princípios,seja criando novas verdades, ou destruindo velhas verdades.

O ponto Maximo disto foi por volta dos anos 60 com o surgimento do movimento

neopentecostal, este agora com mais cara ainda de religião pós-moderna. Mas como? Uma

das marcas da pós-modernidade é a liberdade religiosa, isto se caracteriza pelo fato de uma

pessoa pode seguir duas religiões sem que esta entre em conflito com aquela. Por exemplo;

posso ser cristão, mais fazer minhas meditações transcendental em uma comunidade

budista. De que forma isso coincide com o movimento neopentecostal? O costume típico de

religiões afro-brasileiras a cada dia entra mais dentro das igrejas evangélicas, na forma de



simpatias, como alguns pastores que andam se vestindo de branco como um pai de santo,

jogando rosas brancas no mar ou espalhando em meio a casa ou em formas de amuletos da

sorte como sabonetes, correntinhas, pingentes e coisas deste tipo.

Será que um dia esta religião tente a se unir? A única verdade que podemos ter certeza é que

quanto mais adentrarmos neste período, mais a liberdade aumentará, junto com esta

liberdade também aumenta a liberdade religiosa.

Wellington Johnny

Zimund Bauman, Ed. Jorge Zagar. 2009

Nem anjos nem demônios: Interpretações sociológicas do pentecostalismo. Petrópolis:Vozes,

1994, p. 67-162.

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