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Folder digital do espetáculo ACONTECE ENQUANTO VOCÊ NÃO QUER VER do grupo Cen@ff. Cotem informações sobre o grupo, sinopse da peça, entrevista 4parede e critica de Isabelle Barros para o Diário de PErnambuco

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Page 1: Acontece enquanto você não quer ver

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O grupo

O primeiro espetáculo do grupo estreou em novembro de 2014, na sala de um apartamento no bairro da Boa vista. A nossa escolha pelo espaço não convencional, tem a intenção de horizon-talizar o encontro com a plateia. O grupo Cen@ff estreia dentro de um movimento denominado de teatro domiciliar, onde grupos se utilizam do ambiente de uma casa para partir suas criações. É da natureza do grupo pensar na resignificação do pilares fundamentais da arte teatral, como a presença do ator e a relação com a plateia.

Nesse período descobrimos que desejamos mais do que ser um grupo de repertório em teatro, e sim um grupo que dissemine realizações sócio-político-cultural. Nesse período de um ano selamos algumas parcerias importantes que fazem parte da nossa rede de trabalho como a produtora Três de Copas, que em nosso processo de estreia foi co criador do nosso primeiro trabalho, como resultado da nossa parceria criamos uma série de filmes para o web que expande o universo criativo do espetáculo. O Teatro de Fronteira na figura de Rodrigo Dourado que super-visionou a nossa cena. E o Caramiolas Lab que em 2015 tem sido parceiro permanente e essencial para as nossas produções.

Chegamos a um ano de trabalho! Para marcar essa data significativa para nós, estamos produzindo uma nova temporada, com o espetáculo de estreia do grupo ACONTECE ENQUANTO VOCÊ NÃO QUER VER e também estamos realizando uma oficina de iniciação chamada GERMINATO, e seguir com o grupo de estudo INTERATOR. Essas ações são realizações importantes para a continuidade da pesquisa e das obras do Cen@ff.

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Daniel Barros Fábio Calamy Nathan Drake

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O espetáculo

ACONTECE ENQUANTO VOCÊ NÃO QUER VER fala de um olhar alerta para fora, mas cego para dentro. A vida urbana constrói, amplia e combate, em um só tempo, a violência. Esta é fruto de medos e preconceitos trabalhados e reproduzidos, e esses frutos são colhidos das desigualdades sociais existentes. A distância irredutível entre os grupos sociais pode levar a crer, para alguns, que cada um deve se isolar e conviver apenas com seus iguais. Ilhas urbanas. É uma arquitetura “natural” de refugio de “bem nascidos”, “emergentes”, privilegiados socialmente que vivem o pavor de se deparar com o crime.

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Fábio - Acredito que tudo que foi parti-lhado nos outros trabalhos foi lenha para a fogueira que aprontamos pra aquecer o Cen@ff. Comungávamos muitas ideias e praticas. Afinamos o jogo de cena muito rápido e isso foi tão prazeroso que fica perceptível pra quem nos vê. Além disso, tudo que eu buscava desenvolver drama-turgicamente e cenicamente dialogava com a busca de Daniel. Percebemos que não tinha outro caminho que não fosse o laboral. A todo o momento estamos criando e buscando formas de comunicar. Há quem diga que somos terroristas e subversivos pela abordagem dos temas e pelas escolhas dos mesmos. Eu acredito que estamos muito mais interessados em comunicar a partir de outras plataformas, e para isso não podemos negar o que a linguagem dessas nos oferece.

Daniel – Nesse momento o Cena OFF é resultado de nossos caminhos percorri-dos, de experiências somadas e de uma grande amizade.

“Acontece Enquanto Você Não Quer Ver” é o primeiro espetáculo de vocês e é carregado de bastante angústia, ironia e urgência. De onde vêm esses senti-mentos nas vivências de vocês e como foi o processo de transformar tudo isso dramaturgia e cena?

Entrevista do Cen@ff para o

Blog 4ª parede

“nossa cena é feita de coragem. Não podíamos ser

vítimas…”

junho 6th, 2015

O que motivou você e Fábio a criarem o Cen@ff? Que tipo de trabalhos vocês desenvolviam antes que este projeto?

Daniel - Fábio e eu somos amigos há dez anos. nos conhecemos quando Carlos Salles, um grande amigo nosso e meu primeiro professor de teatro, dirigia o grupo de teatro de rua Loucos e oprimidos da Maciel e nos convidou. A gente nunca mais se separou, preci-samos colocar na cena as várias idéias que tínhamos juntado e dizer coisas que para nós dois eram urgentes. O importante é unir nossas identidades e pensamentos e partir numa empreitada autoral. Estamos à procura dos limites da cena, da reconfiguração de estru-turas. E para isso precisamos correr alguns riscos.

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“Acontece Enquanto Você Não Quer Ver” é o primeiro espetáculo de vocês e é carregado de bastante angústia, ironia e urgência. Como foi o processo de trans-formar tudo isso dramaturgia e cena?

Daniel - “O espetáculo é dividido em dois atos, no ato I que se chama “O bem guardado” é inspirado num conto de Grégorio Bacic que se chama “ Pequenas distrações”. O texto fala sobre a sensação de insegurança que estamos expostos: segurança pública, paranóias sociais e sobre tudo o medo da violência que é um companheiro diário. Queríamos aproxi-mar o tema a nossa realidade e daí surgi-ram várias histórias.Vimos o quanto temos o medo dentro da gente, o quanto ele é alimentado ate virar monstro. E assim isso foi para o texto e para a cena. O segundo Ato que se chama “Rua Garopaba 410”. Eu nasci no bairro do Pina, na comunidade do bode e lá vivenciei muitas pequenas tragédias e era disso que queria falar, eu via a face crua e o peso da realidade muitas vezes absurda acontecer na minha frente. E isso

preencheu meu imaginário e eu precisa-va expor e de certa formar também me vingar dos algozes. Passei muito tempo registrando e escrevendo as histórias e antes do projeto acontecer eu já tinha esses textos guardados. A nossa cena é feita de coragem, a gente não podia se colocar como vitima. Então escolhemos a ironia que permeia todo nosso trabalho e em cena.

Um elemento que se mostrou muito interessante não só dentro do espetácu-lo, mas como forma de divulgação, foi o diálogo com outras linguagens. Isto foi pensado desde o início ou foi aconte-cendo a partir das parcerias que foram surgindo?

Fábio - Pensamos muito em Intermídia e nas novas plataformas de comunica-ção, como forma de expandir o discurso. Pesquisamos Companhias de teatro que experimentam hibridizar linguagens, procurando novas linhas de força. E acha-mos alguns grupos que nos inspiraram como o Phila 7, La fura del baus, Teatro da Vertigem, Teatro Oficina, Espanca entre outros. Dentro das nossas pesqui-sas chegamos ao teatro digital, onde

alguns grupos pensam e objetivam a cena também para a internet, como uma plataforma protagonista e que vem valo-rizando a consciência de presença que é consequência da experiência digital. Durante a primeira temporada, chegamos nos filmes de extensão que tem conexões com universo do espetáculo, são histó-rias que complementam o universo da cena presencial e expandi nosso discurso também para web. Produzimos quatro filmes: Cabra Macho, Pedras e palavras, O motoboy e A diretora. Esses filmes, tem roteiro e direção de Ricardo Maciel (Três de copas) que também assina a parte áudio visual do espetáculo.

O espetáculo coloca muito em xeque nossa relação com a segurança e a vigi-lância. Vocês acreditam que vivemos certa espetacularização do medo e uma sociedade que vem baseando suas formas de consumo nas nossas insegu-ranças – pessoais, econômicas, sociais, amorosas, profissionais etc ?

Vivemos tempos de terror psicoló-gico jorrando de todos os meios e veícu-los de comunicação. As paginas policias

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sempre foram visitadas diariamente por muitos, os programas policiais de rádio são ouvidos costumeiramente no café da manhã e ainda temos a tv regando de vermelho sangue o almoço. Tudo isso acompanhado como se fosse uma novela.Recebemos essas informações trágicas a todo instante, mesmo sem querer. Ouvi-mos opiniões conclusivas e precipitadas pelos comunicantes, gerando outras opini-ões ainda mais equivocadas, construindo um pensamento rotulado que constrói na população uma sensação dilatada da violência. Em sua maioria as relações são feitas cheias de conotações piscologizantes e preconceituosas. O grande risco nisso é perder a noção de totalidade do proble-ma. Não são apenas problemas e moti-vações pessoais, existe uma conjuntura a qual os cidadãos estão inseridos. Tudo isso constrói a uma naturalização e termina virando condição.Nossa cena pretende apresentar de forma dialética tais fatos para no mínimo levan-tar a um outro posicionamento sobre a questão. Acontece enquanto você não quer ver trabalha de forma habilidosa com a onipresença do medo na sociedade.

Confira a entrevista completa em:

www.4parede.com/nossa-cena-e-feita -de-coragem-nao-podiamos-ser-vitimas

-entrevista-cena-off/

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A onipresença do medo na sociedadeCritica por Isabelle Barros - Diário Pernambuco.

É um alívio ver no teatro pernambucano uma proposta de encenação extre-mamente contemporânea, que sabe usar com inteligência outras linguagens e que consegue deixar o espectador em um permanente estado de tensão e surpresa. Em Acontece enquanto você não quer ver, que abriu a Mostra de Teatro em Casa do Janeiro de Grandes Espetáculos, a sensação é de que qualquer coisa pode acontecer, inclusive trazer, com tintas absurdas e irônicas, o medo com o qual a sociedade inteira aprendeu a conviver. O espetáculo, realizado pela Cena OFF e Três de Copas, tem a capacidade de receber até 50 espectadores por sessão. É bom avisar: quem espera uma peça divertida ou relaxante deve ficar longe do espetáculo. A pegada é outra. O primeiro trabalho coletivo da Cena OFF traz personagens muito familiares, que podem ser vistos em qualquer lugar. Para isso, a encenação, de 50 minutos, é dividida em dois atos: Bem Guardado e Rua Garopaba, 410. O que está em jogo aqui não é apenas mostrar uma suposta banalidade do cotidiano, mas esmiuçar o que há de sombrio e surreal em situações tão absurdas que já se tornaram naturalizadas.Os atores Daniel Barros e Fábio Calamy, responsáveis também pela dramaturgia e encenação, trouxeram, com atenção artesanal aos detalhes, as consequências da vida em uma sociedade doente, cujos fortes abusam do poder para humilhar e violentar os fracos. Ambos também sabem jogar muito bem com o ritmo da encenação nos dois atos, trazendo momentos de relaxamento que se tornam extremamente interli-gados à narrativa, ainda que nenhum dos espectadores saiba disso de antemão.Dar mais detalhes sobre a encenação é trair a essência do espetáculo, mas um dos pontos fortes é o uso habilidoso de projeções de vídeos disponíveis na internet,

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escolhidos e colocados nos momentos certos para prender a atenção do espectador. É nesse sentido, também, que as escolhas se tornam mais surpreendentes, com um diálogo entre teatro e audiovisual que traz relações inesperadas. A maturidade que o Cena OFF já apresenta merece com que Acontece enquanto você não quer vertenha uma vida mais longa e já deixa a ansiedade para as próximas empreitadas da dupla. O espetáculo tem mais quatro sessões em dois dias: 23 e 30 de janeiro, no mesmo local, o Espaço Caramiolas, na Avenida Dantas Barreto. As páginas da Cena OFF no Facebook e do Três de Copas na internet disponibilizam vídeos relacionados à temática do espetáculo, e o material também pode ser encontrado via Youtube, ao digitar o nome da peça. Eles podem ser assistidos tanto por quem já viu a peça – o que potencializa ainda mais a compreensão da dramaturgia – quanto por quem ainda não viu, pois já ambienta o espectador no universo pesquisado por Barros e Calamy. Fo

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Ficha técnica

Criação, Direção e Performance: Daniel Barros e

Fábio Calamy

Direção de Arte: Kelen Link

Áudio Visual: Ricardo Maciel

Supervisão: Rodrigo Dourado

Designer e Programação Visual: Nathan Drake

Realização: Cen@ff

Agradecimentos: Lindaura, Ana, Cleide, Rafael,

Juliana, Felipe, Andrea Cabral, Beto Vieiara,

Carlos Salles (em memória), Zácaras Garcia (em

memória), Carlos Ferrera, Leidson Ferraz, Cleiton

Cabral, Kelen Link, Ricardo Marciel, Flavia Gomes,

Plinio Maciel, Marcia Cruz, Marcio Andrade,

Benedito Serafim, Alessandro Moura, Ana Crisrina,

Paulo José, Monyck S Vieira, Davi de Barros, Marcio

Fecher, Celso Costa, Enaile Lima, Paulo Vieira,

Anjo da guarda Alcina, Maria Goreti, Java Araújo,

Julie Marques, Fábio Caparica, Rafael Soarez, Iara

Campos, Whisky e os gatos, Pai Xango.