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+ Acompanhamento Terapêutico: um recurso a serviço da Saúde Mental Marcelo da Rocha Carvalho Especialista em Terapia Racional Emotiva Comportamental(TREC) pelo Albert Ellis Institute, NY

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Page 1: Acompanhamento Terapêutico

+Acompanhamento Terapêutico: um recurso a serviço da Saúde Mental

Marcelo da Rocha CarvalhoEspecialista em Terapia Racional Emotiva Comportamental(TREC) pelo Albert Ellis Institute, NY

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+Aprendizagem social

“Problemas abstratos como infelicidade e falta de objetivo não podem ser modificados com sucesso por nenhuma forma de tratamento, enquanto permanecem desvinculadas de seus determinantes experienciais concretos.”

Bandura, 1979

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+ Atendente psiquiátrico, amigo qualificado ou acompanhante terapêutico, por Luiz Cezar de Oliveira

O primeiro registro de AT realizado no Brasil foi em uma comunidade terapêutica em Porto Alegre (Clínica Pinel de Porto Alegre) aonde os acompanhantes terapêuticos que até então eram chamados de atendentes psiquiátricos, se caracterizavam por serem pessoas que não possuíam uma formação profissional específica, (...), que se disponibilizavam a sair com os pacientes internados, pelas ruas da cidade, afim de fazer passeios ou acompanhá-los até sua residência, para uma visita antes da alta.

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+História

O surgimento no Brasil ocorreu a partir dos anos 60 com a introdução do conceito de psiquiatria dinâmica. Coincide com o surgimento dos antipsicóticos, com a influência da psicanálise na atividade psiquiátrica e com a expansão da prática ambulatorial. Da idéia de comunidade terapêutica e do tratamento intensivo dos pacientes surgiu a figura do atendente psiquiátrico, do emprego de estudantes universitários na atenção e no acompanhamento dos pacientes.

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+Mais história

Os primeiros estudantes utilizados foram os de medicina e enfermagem. Até meados dos anos sessenta, o Curso de Psicologia era complementar a outros cursos de nível superior como o de História Natural por exemplo. Com a lei que regulamentou a profissão de psicólogo surgiram as Faculdades de Psicologia com currículos próprios e muitos estudantes de psicologia e mesmo psicólogos formados passaram a atuar na área de acompanhamento terapêutico.

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+Santos - SP

Luta Anti-Manicomial. Prefeita Telma de Souza, Secretário da Saúdo Dr.

Capistrano e Dr. Tikanori. NAPS – Núcleos de Atenção Psicossocial. Tam Tam, de Renato Di Renzo. ACASA – em São Paulo. Acompanhamento Comportamental na Clínica

Particular, Psic. Márcia Pinto.

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+Definição Comportamental

O acompanhante terapêutico é solicitado para uma intervenção terapêutica de caráter intensivo, em grande parte dos casos, nos locais nos quais o cliente vive e atua. Tem como principais objetivos a reinserção social e o desenvolvimento de repertórios comportamentais necessários para uma interação mais satisfatória com o ambiente físico e social, por meio da aplicação em ambiente extra-consultório de estratégias terapêuticas propostas pela equipe.(Núcleo Paradigma)

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+Eduardo Kalina

Na década de 70, as comunidades terapêuticas são fechadas e o auxiliar psiquiátrico é nomeado, por Kalina, como “amigo qualificado”, sendo solicitado pelas famílias dos doentes para os cuidados rotineiros em suas residências...

“ocorre uma mudança no papel do auxiliar psiquiátrico, que por sua vez atua numa modelo de estar com, fazendo companhia permanente para o paciente e perfazendo papéis de enfermeiro, conselheiro e confidente”.(Vianna e Ignácio, 2006)

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+O AT e sua modificação

É em 1979, “por uma distorção interpretativa, a denominação passa de amigo qualificado para acompanhante terapêutico(AT). Há um reconceituação das suas funções e um extensão das suas atribuições, ultrapassando os papéis de observador e avaliador, adicionando-se a possibilidade de intervenção no processo terapêutico, incluindo a utilização de técnicas específicas de acordo com o quadro clínico do paciente”. (Vianna e Ignácio, 2006)

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+Funções do AT(Mauer & Resnizky, 1982)1. Conter o paciente.

2. Oferecer modelo de identificação.

3. Emprestar o Eu.

4. Detectar, reforçar e desenvolver a capacidade criativa do paciente.

5. Informar sobre o mundo objetivo do paciente.

6. Representar o paciente.

7. Atualizar como agente ressocializador.

8. Servir de agente catalisador das relações familiares.

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+Um definição do AT

“O AT, segundo Vianna e Sampaio, surge, portanto, como um modelo de atuação assistencial mais diretivo, personalizado e intensivo para com os pacientes, intervindo no ambiente natural, diretamente, onde o comportamento problema ocorre”. (Vianna e Ignácio, 2006)

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+Fatores positivos do uso do AT

Causa menor impacto do que a internação e promove a socialização; e podem também, abreviar o processo de internação.

Modificação eficiente do ambiente para alterações comportamentais significativas do paciente.

Controle dos elementos aversivos e patológicos da família, que ajudaram a desenvolver o problema, bem como, o sustentam.

Promove modelos apropriados para o paciente e sua família sobre: habilidades sociais, assertividade, controle do stress e resolução de problemas.

Page 13: Acompanhamento Terapêutico

+Avaliação Cognitivo-Comportamental

Metáfora do reforço; Metáfora dos déficits de habilidades sociais; Metáfora do desamparo aprendido ou desesperança; Metáfora da distorção cognitiva; Metáfora do auto-manejo e Metáfora da modelagem social.

Adaptado de Sharp et al. (1999): Metáforas frente clínica

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+Zamignani e o AT comportamentalista Para ele o trabalho do AT permite o acesso a dados que

explicam as relações interpessoais e com o ambiente do paciente. Ele acredita também que o AT é um agente ressocializador e modelo facilitador da aprendizagem de um novo repertório comportamental por parte do paciente.

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+Pré-requisitos para ser um AT Conhecimento de quadros clínicos e suas características

diagnósticas. Saber executar uma análise funcional do comportamento. Treino para observação. Técnicas de controle e manejo comportamental. Capacidade desenvolvida para entrevista psicológica. Noções de psicofarmacologia. Técnicas cognitivas de confrontação.

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+Quem pode ser um AT?

O AT pode ser um estudante ou um profissional graduado na área da Saúde, como enfermeiro, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo e outros.

A busca por estudantes para ser um AT é cada vez maior, visto que é uma chance dele adquirir experiência profissional e se inserir no mercado de trabalho. Com isso ele também cria condições de manter despesas escolares.

Há profissionais que vem no trabalho um forma de atuar que não envolva custos com consultório, já que é realizado no ambiente natural.

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+Aquisição de habilidades para a construção de uma boa relação terapêutica Literatura sobre relação terapêutica Observação de colegas (co-terapia) Supervisão Terapia pessoal

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+Desafios freqüentes no trabalho em ambiente natural: o ‘impacto’ de comportamentos do cliente sobre o profissional

No caso do atendimento extra-consultório ‘impacto’ ainda maior acesso mais direto e intenso do terapeuta aos

comportamentos-problema do cliente: fuga e esquiva Tempo despendido em geral é maior Chances de imprevistos Realização de atividades desagradáveis para o

profissional Comportamentos inusitados e/ou agressivos Comportamentos auto-lesivos ou potencialmente

suicidas Possíveis ‘saídas’:

Sessões mais curtas Co-terapia Discussões em equipe, supervisão

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+Conteúdo comum do papel do AT O AT no ambiente natural do paciente, observa e entrevista para

coleta de dados, para elaboração ou complementação da análise funcional.

O AT discute com o profissional responsável e os outros membros da equipe as informações coletadas e participa, de acordo com o caso, da elaboração do programa de atendimento e objetivos específicos.

O AT aplica os procedimentos nas situações eleitas. O AT discute, em supervisão, o andamento do caso. O AT participa de reuniões de equipe para discussão do caso e

possíveis mudanças de procedimento. O AT, quando necessário, orienta e aconselha o paciente em suas

dificuldades, com continência. Finaliza o processo com desligamento gradual, avaliando a

manutenção dos ganhos.

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+Bibliografia

Hawton, K. e col – “Terapia Cognitiva-Comportamental dos Problemas Psiquiátricos – um guia prático”, Martins Fontes, 1997;

Mauer, S. K. & Resnizky, S. – “O papel do Acompanhante Terapêutico no tratamento de adolescentes psicóticos”, In.: Kalina, Eduardo – “Tratamento de adolescentes psicóticos”. Ed. Francisco Alves, 1982.

Vianna, A. M. & Ignácio, C. V. – “Acompanhamento Terapêutico, In.: Savoia, Mariângela G.(Org.) – “A Interface entre Psicologia e Psiquiatria: novo conceito em Saúde Mental”. Ed. Roca, 2006.