a importância dos grupos de autoajuda no acompanhamento terapêutico de pessoas com transtornos...

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UNIVERSIDADE PAULISTA BENEDITO CARLOS ALVES DOS SANTOS A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS DE AUTOAJUDA NO ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO DE PESSOAS COM TRANSTORNOS MENTAIS E FAMILIARES SÃO PAULO 2013

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Trabalho de Conclusão de Curso de Aluno Benedito Carlos Alves dos Santos - Pós-Graduação em Saúde Mental para Equipes Multiprofissionais - UNIP - São Paulo - Paraíso - Vida Mental Saúde Mental e Nutricional.

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Page 1: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

UNIVERSIDADE PAULISTA

BENEDITO CARLOS ALVES DOS SANTOS

A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS DE AUTOAJUDA NO ACOMPANHAMENTO

TERAPÊUTICO DE PESSOAS COM TRANSTORNOS MENTAIS E FAMILIARES

SÃO PAULO

2013

Page 2: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

BENEDITO CARLOS ALVES DOS SANTOS

A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS DE AUTOAJUDA NO ACOMPANHAMENTO

TERAPÊUTICO DE PESSOAS COM TRANSTORNOS MENTAIS E FAMILIARES

SÃO PAULO

2013

Trabalho de Conclusão de Curso para

obtenção do Título de Pós - Graduação em

Saúde Mental para Equipes

Multiprofissionais apresentado à

Universidade Paulista – UNIP.

Orientadores: Profa. Ana Carolina Schmidt

de Oliveira e Prof. Hewdy Lobo Ribeiro

Page 3: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

BENEDITO CARLOS ALVES DOS SANTOS

A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS DE AUTOAJUDA NO ACOMPANHAMENTO

TERAPÊUTICO DE PESSOAS COM TRANSTORNOS MENTAIS E FAMILIARES

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA _______________________/__/___

Prof. Hewdy Lobo Ribeiro Universidade Paulista – UNIP

_______________________/__/___ Prof. Ana Carolina Schmidt de Oliveira

Universidade Paulista – UNIP

Trabalho de Conclusão de Curso para

obtenção do Título de Pós - Graduação em

Saúde Mental para Equipes

Multiprofissionais apresentado à

Universidade Paulista – UNIP.

Orientadores: Profa. Ana Carolina Schmidt

de Oliveira e Prof. Hewdy Lobo Ribeiro

Page 4: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

Dedico esse trabalho:

Aos meus genitores que sempre apostaram

em mim. Dedico também a todo leitor que

como eu tem gosto por esse assunto e

acredita que esse trabalho possa ser uma

proposta de uma ação transformadora na

sociedade.

Benedito Carlos Alves dos Santos

Page 5: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me criar e me capacitar criar “imitando” um pouco seu “modo de

fazer sempre nova todas as coisas”.

A todos os professores que passaram pelo Curso de Saúde Mental para

Equipes Multiprofissionais e que me ajudaram a entender mais sobre o assunto,

levando-me a compreender um pouco mais os meandros e práticas de manejos de

tão complexo assunto.

À professora Ana Carolina Schmidt de Oliveira, que sempre se mostrou

interessada nesse trabalho, dando as devidas sugestões, acompanhando cada

etapa dando as pistas que possibilitaram para que o mesmo chegasse ao seu

término.

Ao Professor Dr. Hewdy Lobo que possibilitou essa especialização na área de

Saúde Mental para Equipes Multiprofissionais apostando na capacitação de novos

profissionais para respostas concretas às demandas da Saúde Mental em nossa

época.

Benedito Carlos Alves dos Santos

Page 6: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

“Gostar de si mesmo, sem egoísmo. Apreciar as pessoas em volta. Cuidar da saúde mental e física. Gostar dos seus horários. Não ficar melancólico, mas guardar na lembrança as melhores coisas da vida. E não abrir mão de ser feliz. A busca da felicidade já justifica a existência.”

Dorival Caymmi

Page 7: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

SUMÁRIO

Dedicatória............................................................................................. 04 Agradecimentos..................................................................................... 05 Epígrafe................................................................................................. 06 Sumário................................................................................................. 07 Resumo................................................................................................. 08 I . INTRODUÇÃO....................................................................................... 10 1.1 – Processo Histórico....................................................................... 10 1.2 – Compreensão de Grupos............................................................ 11 1.3 – Grupos de Autoajuda.................................................................. 13 2. OBJETOIVOS GERAIS.......................................................................... 16 3 . MÉTODO............................................................................................ 17 4 . RESULTADOS E DISCUÇÕES........................................................... 18 4.1 - Tabela 1- Artigos sobre autoajuda.............................................. 19

CONCLUSÃO............................................................................................ 25

REFERÊNCIAS........................................................................................ 27

Page 8: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

Santos, B.C.A. A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares. Monografia de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em Saúde Mental para Equipes Multiprofissionais, Universidade Paulista, 27 p.

RESUMO

A Saúde Mental sempre foi um tema que despertou a atenção de muitos desde de tempos antigos, passando por vários significados, muitos preconceitos, muitas dores e também grandes avanços no modo de ver a Pessoa com Transtorno, até chegar aos nossos dias. Hoje temos a consciência mais aberta sobre tal tema, de que o indivíduo com Transtorno tem seu sofrimento, mas é um ser que precisa de uma atenção sempre mais humanizada. Os preconceitos tem sido amenizados e os Doentes mentais têm tido o tratamento humanizado que merecem. Para que em parte esses preconceitos fossem amenizados muitos foram os movimentos de várias áreas que contribuíram, entre elas Sociologia, a Antropologia, a Psicologia, e o Direito. Com isso também vieram juntos os grupos psicoterapêuticos trazendo consigo propostas que pudessem contribuir também para amenizar os sofrimentos das pessoas acometidas por doenças mentais. A “psicologia de grupo” vai ser o grande mentor, o carro chefe nessa caminhada. Sendo assim esse trabalho vem apresentar A importância dos Grupos de Autoajuda no acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtorno Mentais e Familiares. Como base usamos a literatura que trata sobre o assunto de grupos de autoajuda e também uma revisão literária sobre pesquisas apresentadas sobre o mesmo tema.

Palavras-chave: grupos de autoajuda, saúde mental, família, revisão bibliográfica

Page 9: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

ABSTRACT

The Mental Health has always been a topic that attracted the attention of many since ancient times, through various meanings, many prejudices, many sorrows and great advances in the way of seeing the person with disorder, until the present day. Today we are aware more open about this issue, that the individual has their suffering Disorder, but is a being who always needs a more human attention. The bias has been minimizedand Mental patients have had humanized the treatment they deserve. For those prejudices were partly mitigated many of the moves were several areas that contributed, including Sociology, Anthropology, Psychology, and Law. With this also came together psychotherapeutic groups bringing proposals that could also help to alleviate the sufferings of the people affected by mental illness. A "group psychology" will be the great mentor, the flagship in this journey. Therefore this work is presenting The Importance of Self-Help Groups in Therapeutic monitoring of Persons with Mental Disorder and Family. As a basis we use the literature that deals with the subject of self-help groups and also a literature review on the research presented on the same topic.

Keywords: self-help groups, mental health, family, literature review.

Page 10: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

1 - INTRODUÇÃO

1.1 Processo Histórico

Observando o percurso da história da Saúde Mental, foram muitas as

violências aplicadas a indivíduos consideradas pessoas “loucas”, ditas anormais.

Segundo Cooper (1967), uma vez rotulado, o indivíduo é obrigado a assumir o papel

de doente, ele é coisificado até que se converta no objeto resultante do processo

patológico. Segundo Foucault (1972), é apenas a partir da Idade Média que surgem

as instituições com objetivos específicos de receberem toda espécie de pessoas que

não se incluíam no modelo social dito estruturado.

Muitas lutas e discussões foram necessárias para se chegar ao início da

quebra de preconceitos. Segundo Amarante et al (1995), foi com a realização do V

Congresso Brasileiro de Psiquiatria, em outubro de 1978, que possibilitou iniciar uma

importante discussão política sobre o tema da Saúde Mental. Destacou-se neste

mesmo ano a vinda ao Brasil – Rio de Janeiro - para o I Congresso Brasileiro de

Psicanálise de Grupos e Instituições, autores de renome da Reforma Psiquiátrica,

entre eles: Franco Basaglia, Felix Guattari, Robert Castel e Erving Goffman.

Em 1979 ocorreu em São Paulo o I Encontro Nacional do Movimento dos

Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM). O foco desse evento foram as discussões

centradas na necessidade de um estreitamento mais articulado da Saúde Mental

com outros movimentos sociais para as conquistas Antimanicomiais (AMARANTE et

al, 1995).

O ano de 1987, destacou-se pela realização de dois eventos importantes: a I

Conferência Nacional de Saúde Mental e o II Congresso Nacional do MTSM. Este

segundo evento registrou a importante presença de associações de usuários de

serviços de saúde mental e seus familiares, como a "Loucos pela Vida" de São

Paulo, e a Sociedade de Serviços Gerais para a Integração Social pelo Trabalho

(SOSINTRA) do Rio de Janeiro, entre outras (AMARANTE et al, 1995).

Segundo Macedo (2006), esta luta histórica pelos direitos da pessoa

portadora de transtornos mentais teve, entre outras conquistas, a elaboração da Lei

10.216/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de

transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Vale

ressaltar que a aprovação desta lei contou não apenas com o esforço de

Page 11: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

profissionais da saúde, mas também em grande parte pelo esforço e mobilizações

de outros setores do conhecimento, como a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia,

e o Direito.

1.2 Compreensão de Grupos

Segundo Foulkes (1963), muito antes de ter aprendido a fazer fogo ou a

construir um abrigo, o homem percebeu qualidades especiais que podiam ser

obtidas da reunião com seus semelhantes. Segundo Osório (2003), só no século XX

os fenômenos grupais passaram a merecer a devida atenção por parte dos

estudiosos do comportamento humano. O autor coloca que, a “psicologia grupal”

surge na confluência de outras disciplinas preexistentes, especificamente entre: a

psicologia, propriamente dita, e a psicologia social. Ainda no processo pré-histórico

da “Psicologia grupal” aponta-se como referências Gustavo Le Bom (1841-1931),

que traz o conceito “Psicologia das Multidões”, usado como material de estudo por

Freud, e Kurt Lewin (1890-1948).

Segundo Zimerman (1999), mesmo que Freud nunca tenha trabalhado

diretamente com grupos, ele trouxe valiosas contribuições à psicologia de grupos

humanos em cinco trabalhos: As perspectivas futuras da terapêutica psicanalítica

(1910), Totem e Tabu (1913), Psicologia das massas e análise do ego (1921), O

futuro de uma ilusão (1927) e Mal estar na civilização (1930).

Na fase histórica da “Psicologia Grupal”, segundo Osório (2003), não se pode

deixar de citar autores como: J.L. Moreno, com a teoria dos papéis; Pichon-Rivière

com a abordagem psicodramática, a teoria dos vínculos e a relação dos grupos com

realização de tarefas que propõem; Von Bertalanffy com a teoria sistêmica; e ainda

Bateson et al., com seus estudos sobre comunicação humana.

Ainda podemos destacar um grande contribuinte desses trabalhos, W.R. Bion,

fortemente influenciado por M. Kein, que traz contribuições de que qualquer grupo

movimenta-se em dois planos: o primeiro, que ele denomina como grupo de

trabalho, opera no plano do consciente e está voltado para a execução de alguma

tarefa; subjacente a esse, existe em estado latente, o grupo de pressupostos

básicos, o qual está radicado no inconsciente e suas manifestações clínicas

Page 12: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

correspondem a um primitivo atavismo das pulsões e de fantasias inconscientes

(ZIMERMAN, 1999).

Segundo Osório (2003), a junção de todos esses expoentes citados,

trouxeram grandes contribuições como marcos teóricos para as concepções de

grupo. Pode-se assim resumir as seguintes influências:

- da Dinâmica de grupos, que obteve noções básicas de campo grupal, das

distintas formas de liderança e do exercício da autoridade, bem como do

aprendizado da autenticidade;

- da Psicanálise, sua teoria dos afetos e a compreensão das motivações

inconscientes das ações humanas;

- da Teoria de Vínculos e dos Grupos Operativos, a forma de discernir os

objetivos (tarefas) dos grupos e das instituições e o modo de abordá-los

operativamente, a partir dos vínculos operacionais;

- do Psicodrama, a visualização dos papéis designados no cenário dos

sistemas humanos e a utilização do role-playing como ferramenta operacional.

- da Teoria Sistêmica, a possibilidade de perceber e discernir o jogo interativo

dos indivíduos no contexto grupal e, a partir dessa percepção, catalisar as

mudanças possíveis no sistema, trabalhando com os elementos fornecidos pela

teoria da comunicação humana, no sentido de esclarecer os “mal-entendidos” e

desfazer os “nós comunicacionais”, obstáculos do fluxo operativo.

Para Zimerman (1999), alguns pontos caracterizam um grupo, propriamente

dito, quer psicoterápico ou operativo:

- Um grupo não é uma mera somatória de indivíduos; pelo contrário, ele se

constitui como uma nova entidade, com leis e mecanismos próprios.

- Todos os integrantes estão reunidos, face a face, em torno de uma tarefa e

de um objetivo comum ao interesse de todos eles.

- O tamanho de um grupo não pode exceder o limite que ponha em risco a

indispensável preservação da comunicação, tanto a visual, como a auditiva e a

conceitual.

-Deve haver a instituição de um enquadre (setting) e o cumprimento das

combinações nele feitas. Assim, além de ter objetivos claramente definidos, o grupo

deve levar em conta a preservação do espaço (os dias e local certo das reuniões),

de tempo (horários, tempo de duração das reuniões, plano de férias, etc.) e a

Page 13: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

combinação de regras e outras variáveis que delimitem e normatizem a atividade

grupal proposta.

- O grupo é uma unidade que se comporta como uma totalidade e vice-versa.

Cabe uma analogia com a relação que existe entre as peças separadas de um

quebra-cabeça e deste com o todo a ser armado.

- Apesar de um grupo constituir-se como uma nova entidade, com uma

identidade grupal própria e genuína, é também indispensável que fiquem claramente

preservadas, separadamente, a identidade específica de cada um dos indivíduos

componentes do grupo.

- Nos grupos sempre existira uma hierárquica distribuição de posições, de

papéis, de distintas modalidades e intercambiáveis entre si.

- É inerente à conceituação de grupo, a existência entre seus membros de

alguma forma de intenção afetiva, a qual costuma assumir as mais variadas e

múltiplas formas.

É inevitável a formação de um campo grupal dinâmico, onde gravitam

fantasias, ansiedade, mecanismos defensivos, fenômenos resistenciais e

transferenciais, etc., além de alguns outros fenômenos que são próprios e

específicos dos grupos.

1.3 Grupos de Autoajuda

Tem-se visto que os grupos de autoajuda (“terapêutica de grupo”), segundo Bion

(1975), podem ter dois significados: pode referir-se ao tratamento específico, com

número de indivíduos reunidos para sessões terapêuticas especiais ou pode

relacionar-se a um esforço que conduzem a uma atividade cooperativa de

funcionamento livre. Segundo Savoia (2011), já na década de 1920, Burrow usava

um sistema ainda não chamado de grupos de autoajuda, com a realização de

pequenos grupos incluindo pacientes, familiares e colegas, a fim de estudar em

profundidade o comportamento social. Ainda segundo Savoia (2011), dois grandes

expoentes que não se pode deixar de mencionar em se tratando de grupos de

autoajuda: o primeiro, Adler, que em 1925 já utilizava terapia coletiva para crianças e

adultos; e o segundo, Marsh, psiquiatra que em 1931 também promovia sessões em

grupo para internos psiquiátricos, além de reuniões comunitárias proferindo a

seguinte frase: “Pela multidão foram eles quebrantados; pela multidão serão eles

curados”.

Page 14: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

Segundo Mackenzie, apud Bechelli e Santos (2004), os grupos de autoajuda vêm

dar suporte às Pessoas com Transtornos Mentais, bem como aos familiares de

Pessoas com Transtornos Mentais, pois com a Reforma Psiquiátrica percebe-se que

cada vez mais os grupos de autoajuda podem ser um instrumento que venha a

somar diante de grandes desafios que ainda se enfrenta.

Um dos grupos de autoajuda mais reconhecido é o Alcoólicos Anônimos (AA).

Segundo Burns (1995), a origem dos Alcoólicos Anônimos é pouco conhecida,

porém sabe-se que o “fundador primordial” tenha sido Carl Jung com seus co-

fundadores Bill W. e Dr. Bob S. em 1935. São grupos formados por homens e

mulheres que compartilham experiências, fortaleza e esperança para resolverem

seus problemas emocionais comuns e dessa forma se reabilitarem da doença

mental. Assim sendo, partem de um pressuposto de que a identificação e o

compartilhamento de experiências entre pessoas que são acometidas por um

mesmo problema tem grande eficácia terapêutica, (Loeck, 2009).

Seguindo a linha de pensamento de Loeck (2009), esses grupos não são

compostos por profissionais, pois participam deles apenas os indivíduos que se

identificam com a condição a ser tratada, a mesma condição de doença.

Ainda sobre o surgimento desses tipos de grupos pode-se citar Katz, apud Loeck

(2009):

Os grupos de Autoajuda são pequenas estruturas grupais e voluntárias, criadas para a assistência mútua e para o cumprimento de um propósito especial. São normalmente formados por iguais que se juntaram para a assistência mútua no propósito de satisfazer uma necessidade comum, procurando superar uma deficiência ou algum problema relacionado à interrupção do ciclo normal da vida e proporcionando mudanças sociais e/ou pessoais desejadas. Grupos de autoajuda enfatizam a interação social face a face e presumem comprometimento individual por parte dos membros.

Ainda segundo Loeck (2009), os principais serviços que os grupos de autoajuda

oferecem são: as reuniões ou encontros, onde os indivíduos que ali se identificam,

trocam suas experiências a respeito de suas doenças e, também do “processo de

recuperação”, servindo-se também de uma literatura de autoajuda que os mesmos

grupos disponibilizem contendo os principais elementos do programa de

recuperação.

Page 15: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

Assim, compreendendo a necessidade de formas mais dignas e humanas de

tratamento da pessoa portadora de Transtornos Mentais, e a escassez de literatura,

principalmente brasileira, que embase cientificamente grupos específicos de

autoajuda, justifica-se a importância de estudos sobre os impactos deste tipo de

grupo sobre a vida de pessoas portadoras destes transtornos e familiares que os

frequentam.

Page 16: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

2 . OBJETIVOS GERAIS

O presente estudo tem como objetivo geral verificar a importância e o impacto

da participação em grupos de autoajuda em pessoas portadoras de transtorno

mental e seus familiares.

Page 17: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

3. MÉTODO

Para este trabalho foi realizado a revisão bibliográfica sobre o assunto grupo

de autoajuda. As bases de dados utilizadas foram: Scielo, Lilacs e Ebsco Discovery

Service. As palavras chaves foram “grupos de auto- ajuda OR grupos de autoajuda”.

Fora, determinados como critérios de inclusão artigos completos e em português,

que tratem sobre o impacto dos grupos de autoajuda na vida de portadores de

transtornos mentais ou de seus familiares.

Page 18: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na base de dados Scielo foram encontrados 15 artigos com as palavras

chaves “grupos de auto-ajuda OR grupos de autoajuda”, dos quais a partir de

análise dos resumos, foram excluídos os artigos que não tratavam especificamente

de grupos de auto-ajuda (10); artigos que traziam concepções teóricas de doença de

grupos de auto-ajuda (2). Dos 15 artigos encontrados, foram 12 descartados, ficando

assim o total de três deles que nos foram úteis.

Na base de dados Lilacs foram encontrados 16 artigos com as palavras

chaves “grupos de auto-ajuda OR grupos de autoajuda” dos quais a partir de análise

dos resumos, foram excluídos todos os artigos, uma vez que o acesso ao texto

completo não era em português (1); artigos iguais aos do Scielo (2); artigos sobre

grupos de autoajuda que não destinados a portadores de transtornos mentais ou

seus familiares (6); não tratavam especificamente de grupos de auto-ajuda (5); artigo

que não disponibiliza texto completo de forma gratuita (1); artigos que tratem da

concepção teórica de grupo de autoajuda (1).

Na base de dados Ebsco Discovery Service foram encontrados 67 artigos

com as palavras chaves “grupos de auto-ajuda OR grupos de autoajuda” dos quais a

partir de análise dos resumos, foram excluídos artigos que traziam concepções

teóricas de doença de grupos de auto-ajuda (1); não tratavam especificamente de

grupos de auto-ajuda (36); que não tratavam de saúde mental (24); artigos que

abordaram uma perspectiva de saúde pública/ política dos grupos de autoajuda (1);

artigos sobre grupos de autoajuda que não destinados a portadores de transtornos

mentais ou seus familiares (2); texto de apresentação de livro (1); Descartados os

demais, foram selecionados apenas 2 artigos. Assim foram selecionados 05 artigos

que contribuíram para essa revisão bibliográfica sobre a importância de grupos de

autoajuda no acompanhamento terapêutico para pessoas com transtornos mentais e

seus familiares. Segue abaixo tabela com resumo dos artigos selecionados com

discussão de caso.

Page 19: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

Tabela 1- Artigos sobre autoajuda

Autores. Ano. Título Tipo de

Grupo.

Amostra

Metodologia Resultados Conclusão

ROEHE.

2004.

Experiência

religiosa em

grupos de auto-

ajuda: o

exemplo de

neuróticos

anônimos.

Neuróticos

Anônimos

(N/A). 06

participantes.

Observação de

reuniões de

N/A e

entrevista com

participantes

do grupo.

A religião é fator

determinante no

processo de

pessoas em

grupos de

autoajuda.

A experiência

religiosa pode ser

requisito para

“cura” em grupos

de autoajuda.

FILZOLA et al.

2009.

Alcoolismo e

família: a

vivência de

mulheres

participantes do

grupo de

autoajuda Al-

Anon.

AL-Anon. 06

mulheres.

Entrevistas

simiestruturada

s

Resultados em

três categorias

estruturais: 1)

Negando o

alcoolismo e

sofrendo suas

consequências ;

2) Buscando

ajuda,

aprendendo

com o grupo; 3)

Esperando a

cura,

experimentando

a sobriedade e

enfrentando as

recaídas.

Além do apoio da

família e da

religião, as

mulheres

apontaram a

importância do

grupo de

autoajuda para

ampará-las no

enfrentamento

dos problemas

decorrentes do

alcoolismo.

REBELO.

2005.

Importância da

entreajuda no

apoio a pais em

luto.

Grupos de

entreajuda.

19 membros.

Observação de

Encontros

temáticos

sobre as fases

de progressão

do luto,

moderados por

dois pais com

lutos muito

experientes.

Pais que

chegaram ao

GEA com lutos

menores do que

um ano,

encontraram um

suporte social

eficaz, enquanto

os que

chegaram no

segundo ano

Os grupos de

pessoas em luto

é um auxiliar

terapêutico eficaz

no sentido de

evolução

saudável do

processo

individual do luto.

Page 20: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

apresentavam

desorganização

emocional muito

intensa.

Loeck, J. F.

2009

Adicção e ajuda

mútua: Estudo

Antropológico

de Grupos

Narcóticos

Anônimos na

Cidade de Porto

Alegre (RS).

Narcóticos

Anônimos

(AA).

Pesquisa

etnográfica

junto aos

grupos de

Narcóticos

Anônimos

Usuários de

substâncias

psicoativas

lícitas ou ilícitas,

são muitas

vezes são vistos

como

desviantes em

relação ao

padrão de

comportamento

considerado

normal, ou seja,

estão sujeitos a

sofrer

estigmatização

social.

O anonimato

proposto pelo

grupo funciona

justamente como

uma espécie de

proteção aos

seus membros e

que o fato de

estarem

participando de

um “programa de

recuperação”

muitas vezes,

pode ser um fator

mantenedor do

estigma, quando

consideramos a

sociedade mais

ampla.

LIMA, Helder

de Pádua et

al. 2010

Grupo de

Autoajuda como

modalidade de

tratamento para

pessoas com

dependência de

álcool

Alcoólicos

Anônimos

(AA). 20

membros.

Estudo

descritivo com

abordagem

qualitativa com

entrevistas

individuais

O grupos de

auto ajuda são

respostas

positivas para

sujeitos

encontrão

dificuldades

para mudar

comportamento

sozinhos e que

com isso

buscaram por

serviços da rede

de atenção e

grupos de apio.

Os grupos de

autoajuda

possibilitam obter

apoio afetivo e

emocional

Fatores

fundamentais

para respostas

positivas e

afetivas que

geram bem-estar.

Esse bem estar

esse que é

proporcionado

pela oportunidade

de expressar

sentimentos

Page 21: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

como: angústia,

medo, ganhos e

perdas.

Como podemos observar pela pesquisa de artigos sobre o tema Grupos de

Autoajuda, vários são os trabalhos apresentados, mas especificamente dentro do

modelo de autoajuda, sem a presença de um profissional, pouco material foi

encontrado. O objetivo específico desse trabalho é apresentar a importância dos

grupos de autoajuda coordenados pelos próprios membros portadores de

Transtornos Mentais e seus familiares. Sendo assim a base de sustentação é

escassa, mas os grupos aqui observados veem dar um sustento para a teoria da

importância dos grupos de autoajuda.

Como resultado da pesquisa foi identificado o trabalho de Roehe (2004), que

traz um estudo sobre a experiência religiosa em grupos de autoajuda, tendo como

amostra participantes do Neuróticos Anônimos. Seu intuito foi investigar como estes

integrantes percebem seu processo de recuperação, a fim de contribuir para uma

aproximação entre psicologia e grupos de autoajuda. Foi possível ver como se dá o

entendimento e o “tratamento” da “neurose” num contexto leigo como o da

autoajuda. Entendeu-se que são grupos de autoajuda na medida em que mantêm

total autonomia em relação à instituição e profissionais, onde o grupo ajuda a si

mesmo, e ainda são grupos de ajuda mútua porque baseiam sua atuação na

mutualidade onde os participantes ajudam uns aos outros.

Dentro da mesma linha de grupos de auto ajuda podemos observar o trabalho

de pesquisa de Filzola e colaboradores (2009), sobre a vivência de mulheres

participantes do grupo de auto-juda Al-Anon. Os dados resultaram em 3 categorias

conceituais: 1) Negando o alcoolismo e sofrendo suas consequências; 2) Buscando

ajuda, aprendendo com o grupo; 3) Esperando a cura, experimentando a sobriedade

e enfrentando as recaídas. Além do apoio da própria família e da religião, as

mulheres apontaram a importância do grupo de autoajuda para ampará-las no

enfrentamento dos problemas decorrentes do alcoolismo. Os grupos passaram a ser

fontes de apoio, pois reuniram pessoas com os mesmos objetivos, dificuldades e

necessidades que serviram de suporte necessários às pessoas e suas famílias.

Apresentam, além de uma compreensão maior do problema, uma melhor aceitação

Page 22: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

(convivência) com a doença (síndrome). Foi possível perceber que o suporte

proporcionado pelos grupos é importante a estes familiares, pois apresentam ainda

uma certa efetividade. Fica claro aqui que o apoio e troca de experiências

propiciadas pelos grupos trazem às famílias novas formas de lidar com o alcoolismo.

A pesquisa de Rebelo (2005), sobre a importância da entreajuda no apoio a

pais em luto, Levou-se também em consideração que entreajuda, ou autoajuda, é

um meio de intervenção comunitária que visa o apoio a problemas individuais muitas

vezes com repercussões sociais. Sánches-Vital (apud REBELO 2005), define que

esses grupos de entreajuda abrangem diversas problemáticas como luto,

alcoolismo, toxicodependência, transtornos mentais, obesidade, cancro, mulheres

maltratadas e homossexualidade. A pesquisa buscou observar a participação no

grupo de entreajuda de pais com experiências de luto normal e pais em luto não

resolvido ou patológico, tardio. Percebe-se que a participação não se processa do

mesmo modo em qualquer fase do luto. A chegada no grupo quando já foram vividos

isoladamente muitos sentimentos do luto e se atravessa a fase de desorganização

emocional, tem, em regra, por objetivo a busca de respostas prontas para a angústia

que está a ser vivida. A pessoa tende a ser mais agressiva em relação aos seus

sentimentos. Percebeu-se que os grupos de autoajuda são igualmente úteis para a

reorganização emocional do luto. A pessoa em luto, passados todos os momentos

de percepção negativa sobre a vida, encontra no grupo um auxiliar precioso para

recolocar, de modo positivo, o filho perdido no seio dos seus sentimentos.

Reconcilia-se com a vida e parte para novos vínculos. O grupo funciona com duplo

sentido: como elemento de partilha solidária de experiência de dor sofrida e como

fator de completa arrumação das suas emoções, conseguindo reconciliar o passado

e apaziguado o futuro. Os pais encontram no grupo um suporte social de apoio

bastante eficaz.

Uma outra pesquisa observada que serve ainda de sustento nessa revisão

bibliográfica foi a de Brusmarello e colaboradores (2010), sobre redes sociais de

apoio de pessoas com transtornos mentais e familiares. As redes sociais aqui são

vistas como teias de relações que circundam o indivíduo e, desta forma, permitem

que ocorra união, comutação, troca e transformação. Dentro das redes a

aprendizagem é desenvolvida em grupos, de modo a fortalecer os vínculos entre

seus componentes e, sobretudo, a ampliação do poder de decisão dos vários nós

que as constituem. Eles também favorecem o desenvolvimento humano e tem como

Page 23: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

um de seus objetivos preencher a necessidade que a pessoa tem de relacionar-se

com o outro, tanto em aspectos físicos como afetivos, proporciona o conforto de

pertencer a um grupo, de ser amado, e, sob esta ótica, é de suma importância para

a manutenção da autoestima. A pesquisa ofereceu elementos para reflexão a

respeito do tema de pessoas com transtornos mentais e seus familiares mediante

encontros, discussões possibilitando ainda a construção do conhecimento acerca

dessa temática.

Loeck (2009) ajuda-nos a colocar uma posição crítica aos grupos de auto

ajuda com a pesquisa “Adicção e ajuda mútua: estudo antropológico de grupos

Narcóticos Anônimos na cidade de Porto Alegre (RS)”. São grupos que surgiram

como agrupamento de pessoas que descobriram uma maneira de se manter longe

do consumo de substancias psicoativas, em resposta a uma série de problemas que

enfrentavam associados a essa prática. Segundo a visão do mesmo autor esse

grupos hoje são interpretados como um tipo de instituição que detém os direitos

sobre o conjunto de símbolos, ideias e práticas que funcionam como tipo de

tratamento para esta doença. A eficácia do seu “programa de recuperação” é

autoevidente, pois se um participante conseguir passar 24 horas sem consumir

qualquer substância psicoativa já será considerado vitorioso. Passa a ser um

eficácia “simbólica Lévi Strauss” (2003) in Loeck (2009). O grupo terá maior eficácia

se antes o indivíduo nele acreditar, ficando o desejo, de antemão, do indivíduo com

a recuperação. Sendo assim, qualquer tipo de abordagem do ponto de vista social,

humano ou cultural contribuem drasticamente para desenvolvimento da solução que

não estigmatizem ou classifiquem como desviantes uma parcela da população

apenas por um tipo de prática ou doença. Em âmbito geral Loeck (2009) pode ainda

concluir que o anonimato proposto pelo grupo funciona justamente como uma

espécie de proteção aos seus membros e que o fato de estarem participando de um

“programa de recuperação” muitas vezes, pode ser um fator mantenedor do estigma,

quando consideramos a sociedade mais ampla.

LIMA, Helder de Pádua et al. (2010), em “Grupo de Autoajuda como

modalidade de tratamento para pessoas com dependência de álcool”, apresentam

um trabalho de entrevista com participantes de grupos de AA em que os informantes

resaltam pontos positivos promovidos pelos mesmos grupos quando proporcionam

acolhimento, respeito, reinserção social, troca de experiências, possibilidade de

expressarem o que sentiam e alcance da abstinência. Reportando-se ao setor da

Page 24: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

saúde, o acolhimento possibilita a inclusão social como uma escuta clínica solidária

e a construção da cidadania, que por sua vez, contribui para a humanização. O

encontro entre esses sujeitos, nos grupos de autoajuda, possibilita a criação de um

espaço no qual se produz vínculos e compromissos que norteiam os projetos de

intervenção. Os grupos passam a ser espaço de ajuda na tomada de consciência

como ser social, favorecendo o convívio e a interação social, a inserção em círculo

de amigos com atitudes positivas em relação ao uso do álcool e a partilha das

experiências. Obter apoio afetivo e emocional durante esse processo poder ser

fundamental para respostas positivas e afetivas que geram bem-estar. Esse bem-

estar é proporcionado pela oportunidade de expressar sentimentos como: angústia,

medo, ganhos e perdas.

Ainda no âmbito de grupos de auto ajuda, Simões e Stipp (2006) contribuem

com uma pesquisa feita com grupos de enfermeiros aplicando as diversas teorias de

trabalhos de grupos. Conseguem identificar a necessidade de trabalhos educativos

para a população através de grupos de auto ajuda. O grupos facilitam e ajudam a

promover a saúde a baixo custo e de forma eficaz. Assim faz-se sempre necessário

ampliar as terminologias e tipos de abordagem, bem como os fundamentos teóricos

que sustentam os trabalhos de grupo é condição sine qua non para que os grupos

contribuam na qualidade de trabalhos nas áreas da saúde.

Page 25: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

CONCLUSÕES

Percebe-se então que os grupos de autoajuda são de grande valia para o

tratamento psicoterapêutico. Compostos de pessoas com uma mesma problemática,

os grupos favorecem a autoajuda, ou a mútua ajuda, pois são partilhados as

mesmas dificuldades diante do enfretamento de uma doença. Foi possível concluir

que os trabalhos que concebem o modelo de grupos de autoajuda, coordenados por

membros do grupo, são raros no contexto brasileiro, e por esse motivo não foi

possível encontrar muito material bibliográfico que contribuísse no aprofundamento

da temática. Mas isso não vem diminuir sua importância para os participantes.

Os resultados apresentados pelos grupos são eficazes e ao mesmo tempo

não dispensam os tratamentos convencionais. A revisão bibliográfica mostrou ainda

que os grupos de autoajuda contribuem como bons instrumentos para trabalhos

educativos para a população e promovem a saúde a baixo custo. Também podem

funcionar justamente como uma espécie de proteção aos seus membros. Como

posição crítica, pode-se dizer também que um indivíduo, por estar participando de

um “programa de recuperação”, muitas vezes, pode ser um fator mantenedor do

estigma, quando consideramos a sociedade mais ampla.

Foi ainda possível perceber, dentro dos resultados de pesquisa, uma grande

predominância de grupos de autoajuda com ênfase em álcool e drogas. Não sendo

fator comum em outros tipos de tratamento. Conclui-se com isso que esse método

dos grupos de autoajuda são pouco usados para outros tipos de tratamento. Não

encontramos nenhum trabalho específico na área de transtornos mentais.

Entre os grupos estudados fica nítido uma predominância do uso de

espiritualidade em alguns grupos. Existe aqui a proposta de ser feito um

aprofundamento sobre o tema da espiritualidade dentro de grupos de autoajuda e de

como a mesma pode ser um forte fator de ajuda na cura de pessoas, em especial

relacionados a grupos de álcool e drogas. Junto aos trabalhos de grupo, a

espiritualidade, independente da religião, passa a ser um ponto de apoio, uma

Page 26: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

alavanca, um complemento, um suporte de prefigura um preenchimento da falta de

alguma coisa que antes era ocupado pelo vício, por exemplo.

Com esse olhar e com essas perspectivas em aberto, percebe-se que novas

pesquisas podem ser feitas e apresentadas, pois existe um vasto campo ainda a ser

explorado.

Page 27: A Importância dos Grupos de Autoajuda no Acompanhamento Terapêutico de Pessoas com Transtornos Mentais e Familiares

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