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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
ACOMPANHAMENTO PASTORAL COM CRIANÇAS
EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL:
SOB A PERSPECTIVA DA TEOLOGIA DA CRIANÇA
MARLI PAUPITZ
São Bernardo do Campo — novembro de 2014
Umesp
2014
1
MARLI PAUPITZ
ACOMPANHAMENTO PASTORAL COM CRIANÇAS
EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL:
SOB A PERSPECTIVA DA TEOLOGIA DA CRIANÇA
Trabalho de Conclusão de Curso ao Colegiado de Curso para obtenção de grau — 4º. Ano, Período Matutino, do Curso de Bacharel em Teologia da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista — Universidade Metodista de São Paulo. Sob a orientação da Profª Dra. Blanches de Paula.
São Bernardo do Campo — novembro de 2014
2
FOLHA DE APROVAÇÃO
A Banca Examinadora considera o trabalho: __________________________________
E atribui o conceito: __________________________________
Orientador/a: __________________________________
Profa. Dra. Blanches de Paula
Leitor/a: __________________________________
Profa. Dra. Margarida Fátima Souza Ribeiro
Professor de TCC: __________________________________
Prof. Dr. Paulo Ayres de Matos
3
A criança é um projeto da encarnação, é a imagem e semelhança de Deus em seu modelo
mais original. Mais do que os adultos, ela está marcada pelo “sopro de Deus” – o hálito
impregnado na concepção da vida.
Felizes os homens e as mulheres que, recebendo uma criança, ou na convivência com ela, são
outra vez invadidos pelo sopro divino, e voltam a desfrutar a vida no seu projeto mais
original e singular. Por meio do testemunho de Jesus Cristo e por meio das crianças com
quem convivemos ou a quem servimos, O Espírito Santo nos ensina mais a respeito de Deus.
No reino de Deus a criança é agente do reino e protegida pelo Rei.
Carlos Queiroz.
Ó Deus da vida, ó Deus dos bebezinhos, dá-nos coragem a louvar de jeito pequeno, de boca
pequena. Perdoa, Deus vivo, quando vivemos no esquecimento de teus filhinhos prediletos.
Dá fortaleza à boca das criancinhas! Em Jesus. Amém.
Milton Schwantes.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus que em tudo tem me sustentado com seu amor, graça, misericórdia e provisão.
Aos meus pais, Asta e Nelson, que me apoiaram nesta nova etapa de minha vida,
mesmo passando por um momento tão delicado em nossa família, a enfermidade e
falecimento do meu irmão.
A todos da minha família, em especial a mais novinha, a Julia, hoje com 6 meses, pela
alegria que tem trazido a todos nós.
A todos e todas que intercederam pela minha vida, os quais não posso citar os nomes,
pois cometeria alguma injustiça em esquecer algum.
As crianças do Centro Educacional Santa Rita (hoje não mais em funcionamento),
onde trabalhei como voluntária para falar do amor de Deus por elas. Também as crianças
da Igreja Metodista em Campo Mourão, da Congregação Metodista no Carrãozinho e as
da Comunidade do Cigano em Santo André, e com todas que encontro no caminho, pois
com elas tenho aprendido mais sobre a graça de Deus e os valores do Seu Reino.
As amigas e amigos que me dão o privilégio de chamá-las(os) assim. Em especial,
nestes dois últimos anos a Fernanda Coelho, a qual muito tem me suportado e tolerado.
As professoras e professores da Faculdade de Teologia, que com dedicação
contribuíram em mais um processo de formação em minha vida.
E como não poderia faltar, agradeço especialmente a Professora e Doutora Blanches
de Paula, a qual pacientemente não apenas foi minha orientadora, mas também conselheira
nos momentos mais difíceis.
5
PAUPITZ, Marli. Acompanhamento pastoral com crianças em situação de risco social: sob
a perspectiva da Teologia da Criança. São Bernardo do Campo, 2014. 79 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Bacharelado em Teologia) – Universidade Metodista de São Paulo,
São Bernardo do Campo, 2014.
RESUMO
A presente pesquisa trata da temática do Acompanhamento Pastoral com crianças em
situação de risco social: sob a perspectiva da teologia da criança. Os objetivos da pesquisa
foram: apontar o valor intrínseco da criança e sua integralidade como ser humano;
apresentar o quadro atual da criança brasileira em situação de risco social; Despertar as
igrejas sobre a necessidade de uma ação preventiva e educativa em relação a essas crianças,
para que estas atuem junto à sociedade para a promoção da vida, tendo como base exemplos
de programas já em vigor que vem atuando desta forma em situações de violência,
exploração do trabalho e sexual, marginalização e outras, que possam colocar em risco a
integralidade da criança na sociedade. Como principais resultados destacaram-se que no
cenário brasileiro, apesar de haver uma preocupação quanto às questões sociais relacionadas
à infância e adolescência, há muito a ser desenvolvido em ações práticas. Além disso,
percebeu-se uma consonância de valores entre o Estatuto da Criança e do Adolescente com
os princípios bíblicos que dizem respeito às mesmas. A pesquisa também indicou alguns
modelos de projetos e a existência de redes sociais que tem atuado na área, que podem
servir como norte e base de apoio para o desenvolvimento de um trabalho nas igrejas locais.
Desta forma, as igrejas podem exercer uma ação voltada ao cuidado com as crianças de
forma mais abrangente, acompanhando àquelas que se encontram nesta situação de
vulnerabilidade, contando com o apoio jurídico, suporte técnico e também com recursos
financeiros na esfera pública para o desenvolvimento de projetos que buscam atender tais
necessidades.
Palavras chaves: Crianças, Risco Social, Teologia da Criança, Cuidado Pastoral.
6
SUMÁRIO
Introdução 8
Capítulo 1 Teologia da Criança: origem, conceituação e reflexões teológicas 10
1.1 Origem 10
1.1.1 No Brasil 11
1.2 Conceito 12
1.3 Reflexões Teológicas 15
1.3.1 Crianças no Antigo Testamento 16
1.3.2 Crianças no Novo Testamento 19
1.3.3 O menino Jesus 22
Capítulo 2 Perfil da criança em situação de risco social 25
2.1 Breve histórico da criança pobre e abandonada na sociedade brasileira 25
2.2 Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA 28
2.3 Criança em situação de risco social no contexto brasileiro 34
2.3.1 Conceito 34
2.3.2 Perfil da criança em situação de risco social no contexto brasileiro 35
Capítulo 3 Práxis pastoral com crianças em situação de risco social 40
3.1 Conscientização para uma prática pastoral com a infância 41
3.2 Redes sociais cristãs 43
3.2.1 RENAS 44
3.2.2 Projeto Sombra e Água Fresca 45
7
3.2.3 PEPE 46
3.3 Por uma práxis do cuidado 47
Considerações Finais 50
Referências Bibliográficas 52
Anexos 55
8
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa monográfica foi motivada diante do delicado quadro em que
vivem muitas crianças em nosso País, as quais se encontram em situação de risco social.
Sendo a igreja um agente de transformação na sociedade, percebeu-se a necessidade de
trazer este tema para ser discutido na academia, dentro do curso de teologia, bem como nas
igrejas locais. Para isso utilizou-se um instrumento de reflexão bíblico-teológica nascido de
um movimento recente chamado Teologia da Criança. O objetivo é despertar a igreja para
seu papel profético e da sua vocação de cuidado, protegendo e servindo àquelas que foram
tidas por Jesus como as mais importantes no Seu Reino.
Assim, o primeiro capítulo inicia-se com a apresentação da origem do movimento da
Teologia da Criança em âmbito internacional e nacional. A seguir, parte-se para sua
conceituação através de uma base bíblico-teológica, que é aprofundada nos tópicos
seguintes com reflexões a respeito das crianças no Antigo Testamento, Novo Testamento,
encerrando o capítulo refletindo sobre o menino Jesus.
O segundo capítulo se propõe a delinear um perfil da criança em situação de risco
social no Brasil. Para isso foi necessário apresentar antes um breve histórico da criança na
sociedade brasileira, especialmente as pobres e abandonadas. Nesta parte menciona-se a
criação do Código de Menores, que foi substituído pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente - ECA, um grande avanço à proteção e ao cuidado as mesmas, o qual é
apresentado no tópico seguinte, com destaque em alguns artigos, onde também é feita uma
correlação do ECA com os princípios cristãos. A seguir é conceituado o termo criança em
situação de risco social e apresentado através de dados estatísticos como se encontra sua
situação dentro do cenário brasileiro.
9
A partir da reflexão bíblico-teológica e apresentação do preocupante quadro em que se
encontra grande parte das crianças no País, o terceiro capítulo parte para uma proposta de
uma práxis pastoral voltada as crianças em situação de risco social. Nele são descritos
alguns projetos e programas já existentes direcionados a esta questão, servindo como auxílio
às igrejas locais para a conscientização e desenvolvimento de ações na área. Finaliza-se com
uma reflexão intitulada Por uma práxis do cuidado com o intuito de provocar líderes
eclesiásticos, bem como a comunidade cristã, a um acompanhamento voltado às crianças.
Por fim, nas considerações finais foram apresentadas a síntese da pesquisa
monográfica, assinalando os pontos de mais destaque, sugestões de ações reflexivas e
práticas direcionadas a comunidade eclesial e também indicações temáticas para a
continuidade da pesquisa em áreas relacionadas ao tema
10
CAPÍTULO 1
TEOLOGIA DA CRIANÇA: ORIGEM, CONCEITUAÇÃO
E REFLEXÕES TEOLÓGICAS
1.1 Origem
Sua origem resultou da parceria de organizações não governamentais cristãs, com
projetos voltados para crianças em situação de risco social, sob a iniciativa da Viva Network1,
que juntamente com a Visão Mundial Internacional2, a Tearfund
3 e outros colaboradores,
somaram esforços para melhor articular os princípios norteadores dentro de suas redes
afiliadas, devido ao grande crescimento das mesmas.
Assim, como entre outras iniciativas cristãs que se propõem a trabalhar juntas sob o
mesmo propósito, a Bíblia se tornou o denominador comum na elaboração destes princípios.
Dentre os textos bíblicos que apresentam as crianças, o que despertou a necessidade de uma
melhor reflexão sobre o assunto foi o de Mateus 19.14 encontrado também em Marcos 10.14-
15, em que Jesus ordena aos discípulos para que deixem as crianças virem até ele, quando
1 VIVA NETWORK, uma ONG Intercacional, que trabalha com crianças em situação de risco social, presente
em 21 países, apoiando projetos voltados para a segurança e o bem-estar da infância de forma integral,
formando redes que reúnem comunidades locais, igrejas, escolas, creches e outras organizações que visem
oferecer uma vida digna para as crianças.Disponível em <http://www.viva.org> Acesso em 28/01/2014. 2 VISÃO MUNDIAL INTERNACIONAL, é uma ONG, sem fins lucrativos que desenvolve programas e
projetos com o objetivo de erradicar a pobreza e promever a justiça. Fundada em 1950, hoje atua em cerca de
100 países, estando presente no Brasil desde 1975. Disponível em <http://www.visaomundial.org.br/> Acesso
em 28/01/2014. 3 TEARFUND, The Evangelical Alliance Rellief (TEAR) Fund, fundada em 1968, é uma organização cristã
que trabalha em países pobres, através das igrejas locais, desenvolvendo projetos que visam dar suporte e
capacitação para que as pessoas possam viver com dignidade. Disponível em <http://www.tearfund.org/>
Acesso em 28/01/2014.
11
estes as impediam. Houve uma profunda preocupação dos colaboradores/as dessas
organizações em ir além dos aspectos motivacionais diante da ordem de Jesus, principalmente
diante da segunda parte do texto que diz “... porque dos tais é o reino dos céus”. Era
necessário entender melhor esta ordem de Jesus. Isto resultou num esforço conjunto em
explorar os textos bíblicos, a fim de ampliar e aprofundar a compreensão da missão de Deus
com as crianças.
Durante o Simpósio Bienal da Cutting Edge III4, no ano 2000, patrocinado pela Viva
Network, as reflexões sobre o assunto puderam avançar, pois houve uma abertura no fórum
para discussão desta questão em específico.
Em 2001, Keith White, um dos colaboradores deste processo, apresentou um trabalho
intitulado Uma criança os guiará, no qual incentivou uma busca teológica mais profunda em
relação à infância, dentro de uma estrutura Cristocêntrica. Em 2002, ele e outros colegas,
lançaram o Child Theology Movement (Movimento da Teologia da Criança), do qual
atualmente ele é um dos diretores. O principal objetivo era explorar as vertentes das
discussões teológicas sobre a criança, onde o foco principal era a criança no meio5: como a
criança se torna a linguagem de Deus para nós, ou seja, como entendemos Deus a partir da
criança.
Este movimento estabeleceu uma importante iniciativa para explorar questões
teológicas, não como uma sub-disciplina da teologia sistemática, mas como mais uma
maneira inclusiva de pensar teologicamente. O trabalho do Movimento da Teologia da
Criança tem contribuído com novas percepções dentro da nossa compreensão tradicional de
igreja, da obra de Cristo, da natureza do reino de Deus e da missão de Deus.
1.1.1 No Brasil
Na cidade de Itu – SP, no ano de 2006, aconteceu a 1ª Consulta Teológica da Criança no
Brasil, liderada pela Rede Mãos Dadas6 e pela Visão Mundial, com o apoio da Compassion
4 CUTTING EDGE III, 2000 - Conferência Internacional de cristãos envolvidos com crianças em situação de
risco. Disponível em: <http://www.childtheology.org/about-us/history/>. Acesso em: 28 janeiro 2014. 5 Referindo-se as palavras de Jesus: E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles. (Mt 18.2)
6 REDE MÃOS DADAS, rede de instituições, igrejas e pessoas, atualmente com 36 parceiros, que trabalham
com o objetivo de fortalecer a resposta cristã dada aos problemas vividos pelas crianças e adolescentes mais
vulneráveis. Disponível em <http://ultimato.com.br/sites/maosdadas/quem-somos/a-rede/>. Acesso em 12
setembro 2014.
12
do Brasil7. Esta consulta reuniu teólogos/as, trabalhadores/as na área social, professores/as,
jornalistas e líderes de missão, totalizando 25 participantes. Neste evento além das meditações
e a troca de experiências, as crianças foram ouvidas na tentativa de avançar a reflexão
teológica a partir da criança. Este encontro também é fruto do Movimento Teologia da
Criança (CTM – sigla em inglês), já citado acima, que desde 2002 vem realizando encontros
em diferentes continentes com objetivo de refletir sobre o assunto.
1.2 Conceito
A Teologia da Criança surge de movimentos internacionais e nacionais de instituições
de serviços cristãos, objetivando sensibilizar a igreja e sua liderança para o ministério com a
infância. O Movimento Teologia da Criança define-a como Toda reflexão teológica, com a
criança sendo parte desta reflexão. Toda atividade cristã de atenção à criança informada
pela reflexão teológica.8
Esta reflexão é uma tentativa de compreender o reino de Deus a partir da criança, pois
o evangelho de Mateus 18.1-6, narra uma situação em que os discípulos querem saber quem
é o maior no reino dos céus. Jesus responde colocando uma criança no meio dos discípulos
fazendo dela um modelo, uma referência e um meio pelo qual podemos receber o próprio
Cristo. A respeito disso, Segura e Pereira dizem:
Trata-se de mostrar a centralidade da infância na narrativa bíblica, de
sustentar teologicamente este âmbito da pastoral; e também de convidar a
compromissos sociais concretos em prol da infância, sobretudo a que sofre
os efeitos devastadores da violência, da pobreza e da injustiça. As
comunidades de fé poderiam desenvolver – deveriam desenvolver –
ministérios mais efetivos em prol da infância.9
Esta nova proposta é necessária, pois a maioria dos discursos teológicos são
construídos numa visão de um Deus adulto e masculino, que colocou a mulher e a criança
na marginalidade silenciando-as, como muito bem expresso por Panotto:
7 COMPASSION NO BRASIL, organização evangélica interdenominacional que atua no auxílio de crianças
em situação de risco. Está presente no Brasil há 25 anos atendendo 37 mil crianças no nordeste e algumas
cidades no sudeste. Disponível em <http://www.compassion.org.br/_quem-somos.html>. Acesso em 12
setembro 2014. 8 CHILD THEOLOGY MOVEMENT. O que é Teologia da Criança? Disponível em:
<http://www.redemaosdadas.org/o-que-e-teologia-da-crianca/>. Acesso em: 28 janeiro 2014. 9 SEGURA, Harold e PEREIRA, Welinton. Para falar de criança: teologia, bíblia e pastoral para a infância. Rio
de Janeiro: Novos Diálogos, 2012. p. 7.
13
Esta masculinização do divino foi denunciada por muitos/as teólogos/as,
que vêem nisto um marco discursivo e ideológico que não faz mais que
subordinar o papel das mulheres e das crianças a uma posição de
inferioridade em relação ao homem. Esta visão teológica silencia toda voz
dissidente. Um tipo alternativo de discurso ou lógica, tal como seria a da
infância, não apenas questionaria esta visão teológica como seria uma
maneira de compreender o sócio-econômico (onde existem tarefas
determinadas para homens, mulheres e crianças, segundo seu lugar dentro
do sistema de produção), a família (onde o homem é “cabeça”, e a mulher
e filhos submetidos a ele) e o eclesial (onde os cargos de liderança
pertencem aos homens, enquanto as mulheres se calam e as crianças
desenham no salão anexo).10
A Teologia da Criança, conforme Panotto, propõe a quebra desse silenciamento,
dando voz ao que não tem voz, tanto na sociedade em geral, como na igreja. Assim,
questiona sobretudo a visão teológica adultocêntrica:
Integrar as crianças no fazer teológico significa um questionamento da
lógica adulta que mantém a ordem e a estabilidade institucional dos
poderes sociais e religiosos. Significa dar voz a um dos setores mais
marginalizados de nossa sociedade, o que denuncia e desarma uma prática
de poder e domínio por parte dos adultos, especificamente dos homens.
Implica, também, ressignificar as formas com as quais construímos nossas
percepções da realidade para dar-lhe sentido.11
O lugar que as crianças ocupam dentro da eclesiologia atual é marginal. Mesmo que
existam atividades voltadas para elas no contexto eclesial, pouco se vê de atividades com
elas, ou seja, não há ações que as empoderem e promovam o seu protagonismo, o que
contribui para sua vitimização, como afirma Panotto:
Desta maneira, as igrejas reforçam os mecanismos sociais de violência e
segregação em função da carência de um trabalho integral com a infância,
que permita um desenvolvimento que empodere e ressignifique seu lugar
no mundo. Estas dinâmicas institucionais (neste caso, educativas)
colaboram para o aprofundamento e a estigmatização – ou seja,
influenciam no desenvolvimento pessoal a médio e longo prazo – da
estratificação naturalizada que coloca os adultos acima das crianças, os
homens acima das mulheres e o institucional sobre o possivelmente novo e
transformador.12
Pensar Deus na perspectiva da criança implica em romper com esses paradigmas, que
legitimam os estigmas que expõem as crianças em uma situação de opressão e abusos. Isto
não requer ações paliativas, mas como diz Panotto é necessário tratar com a causa do
problema:
Por tudo isto, se a igreja cristã deseja se comprometer com os problemas
que afetam milhões de crianças, isto não se alcançará através de atividades
eclesiais centradas neste grupo ou com projetos que repercutem sobre as
10
PANOTTO, Nicolas. “Porque as revelaste”: o empoderamento da palavra frente a violência do silenciamento.
In: SEGURA e PEREIRA., 2012, p. 18. 11
SEGURA e PEREIRA, 2012, p. 19. 12
Idem, 2012, p. 20.
14
evidentes conseqüências. Requer-se ir ainda mais fundo: transformar
nossas imagens de Deus e o fazer teológico como o caminho para
questionar os imaginários sócio-culturais que facilitam tais ações e
condutas. Subverter a construção teológica desta perspectiva implica
viabilizar a própria infância como grupo discriminado, pôr sobre a mesa
suas problemáticas e promover ações concretas na busca da solução.13
A promoção dessas ações implica na prática inclusiva das crianças, criando espaços
que promovam sua participação na sua própria linguagem, percepções, um sistema que
inclua o lúdico, ao invés de centrar apenas o expositivo.
Estabelecer uma relação saudável, concreta e significativa com as crianças, implica
também num desenvolvimento sadio de sua fé. A psicóloga e teóloga Blanches de Paula diz:
A religião possui uma profunda relação com a confiança, sendo a mais
antiga e duradoura instituição a serviço desse sentimento. Quando a criança
encontra um ambiente propício para seu desenvolvimento como pessoa, ela
sairá desse estágio com esperança, que é um aspecto indispensável para
uma fé saudável. Porém, se ela encontra um mundo não-receptivo ao seu
desenvolvimento, poderá levar para o segundo estágio a desesperança. Sua
fé, portanto torna-se fragilizada.14
Esse desenvolvimento da sua fé se dá primeiramente na família, no contato com os
pais e responsáveis pelo seu cuidado. Paula diz que o hábito do diálogo constante, evitando
palavras de ironia e censura, procurando incluí-la em todos os assuntos de família, inclusive
na tomada de decisões, contribui para sua formação integral. A igreja como parte desse
processo, também deve estabelecer esse diálogo, procurando dar espaço para que ela
expresse sua fé. A busca de capacitação para compreender a vida da criança e dos adultos e
sua interação, assim como de recursos em outras áreas do conhecimento humano, como a
psicologia, pedagogia e a sociologia, são algumas orientações de Paula para ajudar pais e
educadores neste processo.15
A criança é um ser humano completo, pois atua na criação de relações sociais e nos
processos de aprendizagem e na produção de conhecimento, são sujeitos no presente.16
Portanto, não pode ser ignorada em seu contexto social que abrange família, comunidade,
igreja, escola, enfim, a sociedade como um todo. Ela está em nosso meio e não devemos nos
preocupar apenas em ensiná-la, mas também aprender com ela, pois ela é portadora de
valores que o ser humano adulto perdeu com o tempo. Ela é fonte de aprendizagem, modelo
do Reino de Deus e não um objeto de nossas ações, estudos, um nicho mercadológico ou
13
Idem, 2012, p. 25. 14
PAULA, Blanches de. A criança e a fé. In: DIAS, Lissander; FASSONI, Klênia; PEREIRA, Welinton
(Organizadores). Uma criança os guiará – por uma Teologia da Criança. Viçosa, MG: Ultimato, 2010. p.204. 15
Idem, p. 205, 208-209. 16
LAMB, Regene. Criança é presente: pistas para uma hermenêutica bíblica na perspectiva de crianças. São
Leopoldo:EST/IEPG, 2007. p. 14.
15
pior uma mercadoria sendo negociada e explorada em muitos lugares não apenas no nosso
país, mas em todo o mundo.
Contudo, Carlos Queiroz17
, afirma que a Teologia da Criança, não pretende considerá-
la como revelação absoluta de Deus. A Teologia da Criança não a sacraliza, mas reconhece
que a mesma tem prioridade no reino de Deus, sua recomendação é que ela seja vista como
uma das mais importantes mediações da revelação de Deus, juntamente com os pobres e os
oprimidos, pois a revelação plena de Deus na história só pode ser vista em Jesus. Ele
ressalta que Tê-la como mediação teológica é buscar a descoberta em teologia da vida e
com a vida.18
Outra consideração importante de Queiroz é que ter a criança como
paradigma, não se refere tão somente à idade cronológica, mas na perspectiva de que as
pessoas adultas tenham plenamente a criança viva e preservada dentro de si; como Jesus
ensinou, em Mateus 18.3, apenas aqueles que se tornam crianças podem herdar o reino de
Deus.
1.3 Reflexões teológicas
No contexto latino americano, as reflexões teológicas sobre a criança também contam
com a contribuição de diversos teólogos/as da Teologia da Libertação, os quais também
foram fontes de nossa pesquisa bibliográfica além dos teólogos/as e pastores/as da Missão
Integral.
As reflexões que seguem, estão divididas em três partes: Crianças no Antigo
Testamento, Crianças no Novo Testamento e O Menino Jesus. A reflexão sobre Jesus como
criança foi considerada como um ponto específico, pois existem textos tanto do Antigo
Testamento como do Novo, que referem-se ao tema.
17
QUEIROZ. Carlos. Deus na criança. In: DIAS; FASSONI; PEREIRA, 2010, p. 43-53. 18
Idem, p. 47.
16
1.3.1 Crianças no Antigo Testamento
A presença de crianças no Antigo Testamento é notória, são inúmeras as passagens
que narram não apenas o nascimento de uma criança, mas também fatos que norteiam sua
trajetória de vida.
No livro de Gênesis destacam-se quatro crianças. A primeira criança é o menino
Ismael (Gn 16 e 21), filho de Abraão com sua serva Agar. O significado do seu nome, Deus
escuta, já remete a sua história quando ele e sua mãe são mandados embora de casa por
Abraão, a pedido de sua esposa Sara. No deserto quando os mantimentos que tinham
acabam, mãe e filho estão condenados à morte. A mãe, não suportando a dor de ver seu
filho morrer, o deixa debaixo dos arbustos e se afasta para não ver seu sofrimento e chora
profundamente. Porém, Deus escuta o choro do menino e vem ao encontro de ambos,
providenciando água de um poço e a promessa de que faria de Ismael um grande povo.
Quando tudo isto aconteceu Ismael tinha aproximadamente 16 ou 17 anos.
A segunda criança é Isaque, filho de Abraão com Sara, o qual é a promessa de Deus
realizada na vida do casal (Gn 12.2; 15.5; 17.19,21; 18.10; 21.1). O cuidado de Deus para
com a criança é novamente evidenciado quando este não permite que Abraão ofereça Isaque
a Ele em sacrifício (Gn 22).
José, o décimo primeiro filho de Jacó, com 17 anos tem sonhos nos quais Deus já
mostrava que ele seria usado para ser instrumento de salvação não só de sua família como
de muitas nações. A história de José também retrata a vulnerabilidade da infância e da
adolescência, quando este é vendido pelos próprios irmãos aos mercadores de escravos, por
causa do ciúme que tinham dele (Gn 37).
A quarta criança é Benjamin, o filho mais novo de Jacó, o qual se destaca pelo seu
importante papel na reconciliação de José com seus outros irmãos (Gn 44, 45).
No livro de Êxodo, encontramos a denúncia de um sistema opressor com políticas
promotoras de morte, narrados nos capítulos 1 e 2, no qual ocorre o extermínio de crianças
por ordem do Faraó do Egito, onde a vida do bebê é preservada por meio da resistência
feminina representada pelas parteiras que desobedeceram as ordens de Faraó; por
Joquebede, mãe de Moisés que o escondeu e armou um plano para protegê-lo; pela irmã;
Miriã, que o protegeu e providenciou sua volta ao lar por um determinado período; e pela
filha de Faraó, que mesmo sabendo ser um menino hebreu o toma como filho. Fazendo uma
hermenêutica sobre este texto, Pinky Riva diz:
17
As políticas de opressão implementadas pelo Faraó em nosso texto devem
nos fazer refletir sobre as políticas implementadas em nossos países, sejam
elas públicas, eclesiais ou empresariais; políticas que de uma ou outra
maneira nos separam em homens e mulheres, urbanos e rurais, evangélicos
e católicos, pobres e ricos, imigrantes e residentes ou em pecadores e
salvos. [...] Hoje também as disparidades na mortalidade infantil marcam
linhas de raça, de povos, de crenças, sejam nativas, cristãs ou
afrodescendentes.19
No livro de Rute, capítulo 4 a história termina com o nascimento de um bebê muito
esperado, principalmente pela avó Noemi, que via nesta criança a bênção de ter sua
descendência continuada, seu nome era Obede, filho de Rute com Boaz, que significa
Servidor, que deu nova esperança ao povo (Rt 4.13-17).
E como não mencionar Samuel, filho de Ana, a qual ansiava pela bênção de ser mãe, a
tal ponto, que faz uma promessa de dedicar a vida do menino a Deus assim que o
desmamasse (I Sm 1 e 2). E Samuel ainda criança, ouve a voz de Deus e é usado para trazer
uma profecia a casa do sacerdote Eli (I Sm 3). Um pouco mais à frente no livro de I Samuel
16, Davi ainda muito jovem é ungido rei de Israel pelo próprio Samuel. Ambos Samuel e
Davi, ainda crianças, são instrumentos de moral, virtude espiritual e poder, quando tudo ao
redor parece falhar.
No livro de I Reis 17, o profeta Elias é usado por Deus para trazer provisão a uma
família, que estava condenada a morrer de fome devido à grande seca que Israel estava
enfrentando. No mesmo capítulo, o profeta ressuscita o filho de uma viúva em Sarepta, que
veio a morte devido uma enfermidade. No livro de II Reis capítulo 4 as histórias se repetem
agora com o profeta Eliseu, que através da multiplicação do azeite impede que crianças
sejam vendidas como escravas e permaneçam ao lado de sua mãe, e depois, ressuscita o
filho da mulher sunamita. Essas histórias refletem o cuidado de Deus com os órfãos e as
viúvas, preceito este citado em diversos textos bíblicos (Ex 22.22; Dt 10.18; 14.29;
16.11,14; 24.17-18,19-22; 26.12-13; 27.19; Sl 10.14,18; Sl 146.9; Is 1.17,23). Em todos os
textos é importante ressaltar que o nome de nenhuma dessas crianças é citado. Embora, os
escritores da narrativa não as tivessem nominado, Deus não permite que estas passem
desapercebidas agindo em favor de suas vidas.
Outra narrativa interessante de uma criança sem nome está em II Reis 5, em que uma
menina é arrancada do seio de sua família, de sua nação, e levada como prisioneira de
guerra para trabalhar como escrava na casa do comandante do exército da Síria, Naamã.
19
RIVA, Pinky. Resistência a políticas de morte, optando pela vida dos mais vulneráveis: releitura do Êxodo
1-2. In: SEGURA; PEREIRA, 2012, p.91.
18
Mas sua reação a situação é surpreendente, conforme o comentário de Edésio Cetina
Sánchez:
[...] a menina escrava, prisioneira de guerra, não se ensimesmou na sua
tristeza e vulnerabilidade, nem tampouco ignorou o crime produzido pelo
ódio entre nações e raças. Antes, superou-os e se lançou no caminho do
perdão e da reconciliação. E desse modo, libertou-se de suas amarguras e
ódios naturais e transformou a vida do homem que personificava a
definição de “inimigo” para todo israelita que havia sofrido a violência e a
opressão por parte do povo sírio.20
Esse é um exemplo do que as crianças podem nos ensinar. Como afirma Ariovaldo
Ramos que a criança concentra a maioria das virtudes que Deus gostaria que emanassem
da humanidade.21
No que diz respeito sobre a criança como fonte de reflexão teológica, ele
diz:
Temos de ter coragem de elaborar uma nova tese. Precisamos que muitos –
inclusive pesquisadores – chamam de fragilidade infantil e entender que é
nessa fragilidade que está a força. Nessa capacidade de perdoar facilmente,
de pedir ajuda, de chorar ao sentir dor, de correr atrás da mãe ao levar um
tombo, de reconhecer sua fraqueza e medo, de confessar que teme o que
não entende e o que não conhece, de reconhecer que precisa de ajuda e de
proteção. O que durante séculos tem sido entendido como uma fraqueza
deve ser resgatado e compreendido – nisto está a força e a profunda
realidade. As crianças não têm ilusões sobre si mesmas. Sabem que
precisam de ajuda, que têm medo do escuro. Sabem que o desconhecido
pode ser uma ameaça e que precisam de segurança.22
Assim deve ter sido com Joás (II Rs 11.1-12.2) e Josias (II Rs 22.1), que com sete e
oito anos de idade foram ungidos rei, com certeza eles receberam ajuda de seus tutores.
Ambos, em seus reinados, reformaram o templo, porém a reforma de Josias foi além do
templo, ele renovou a aliança com o Senhor, celebrou a Páscoa, restaurando o culto a Deus.
Dentre os profetas, temos a narrativa do chamado de Jeremias (Jr 1), o qual declara
não passar de uma criança, mas isto não impede de ter sido escolhido para ser um profeta de
Deus.
No Antigo Testamento, as crianças são consideradas bênçãos na vida dos pais (Sl
113.9; 127.3-5; 128.3). Deus instrui que elas devem ser ensinadas em todo o tempo (Dt 6.6-
7), porém um ensino participativo que acontece no caminhar da vida diária, mas ao mesmo
tempo nos revela que são as crianças que verdadeiramente sabem como adorar a Deus,
conforme Salmo 8.2, que diz que da boca de pequeninos e de crianças de peito Deus suscita
força.
20
SÁNCHEZ CETINA, Edesio. Uma menina: vítima e redentora em meio à violência. In: SEGURA;
PEREIRA, 2012, p.82. 21
RAMOS, Ariovaldo. A melhor parte da vida humana – entrevista com Ariovaldo Ramos. In: DIAS;
FASSONI; PEREIRA; 2010, p. 77. 22
Idem, p. 79.
19
E por último, cabe considerar que Deus, no Antigo Testamento, sempre se refere ao
povo de Israel como filhinhos, filhos de Israel, filhas de Sião. Deus sempre é comparado à
figura de um pai amoroso (Sl 103.13; Pv 1-7) e de uma mãe acolhedora e cuidadosa (Sl 131;
Is 66.13; Os 11.1-4). Portanto da ação do próprio Deus para com o povo de Israel no
cuidado e proteção, largamente exemplificados pelo papel de mãe e pai, temos o exemplo de
que é primordial cuidar, proteger, suprir as necessidades, dando condições de vida digna
para todas as crianças, principalmente àquelas que sofrem.
1.3.2 Crianças no Novo Testamento
No Novo Testamento, Jesus é o exemplo de como se deve tratar as crianças. Além dos
textos do Evangelho de Lc 18.15-17 e o de Mateus 18.1-5, o tratamento de Jesus para com
as crianças, sempre foi de empatia, amor, valorização e cuidado. Seguem os exemplos: as
ressurreições da filha de Jairo (Mc 5.21-24; 35-43) e do filho da viúva de Naim (Lc 7.11-
17), o menino que oferece seu lanche no episódio da multiplicação dos pães (Jo 6.1-13), a
libertação da filha da mulher siro-fenícia (Mt 15.21-28) e a cura do filho do oficial do Rei
(Jo 4.46-54). Apesar de novamente os nomes das crianças não serem citados pelos escritores
das narrativas bíblicas, Jesus é o Bom Pastor que cuida das suas ovelhinhas. A igreja é
responsável para que elas conheçam o direito do cuidado que lhes é oferecido. Sobre isto
Regene Lamb afirma:
Hoje esse cuidado do Bom Pastor pode chegar até as crianças através de
nossas mãos, nossa postura, nossa providência e cuidados. Então importa
revermos como elas são tratadas e valorizadas em nossas igrejas, como elas
desfrutam da comunhão e percebem essa vivência comunitária. E como as
de fora desse ajuntamento sentem esses efeitos e descobrem sobre esse
Jesus cuidadoso.23
Em uma hermenêutica sobre o texto de Jo 6.1-13, Lamb comenta que a criança não
passa desapercebida, embora naquele tempo, tanto elas como as mulheres fossem grupos
excluídos, pois nem sequer eram contados:
A criança tem em suas mãos pães e peixes. Jesus recebe esses alimentos e
são mencionados cinco mil homens para comê-los. Mulheres e crianças
não contam, mas esse menino denuncia a presença de crianças em meio à
multidão. Na construção desta narrativa, também Jesus não é descrito
como alguém que dá atenção ou valoriza a criança. Ele apenas faz uso do
que a criança tem para fazer os sinais e fazer a multidão reconhecer nele o
23
MACHADO, Tais. Promoção da vida e suas dimensões. In: SEGURA; PEREIRA; 2012, p. 139.
20
profeta que viria ao mundo. Contudo, ao não ignorar aquilo que a criança
tem, como observação do discípulo insinua, Jesus valoriza a sua presença.
E isso acontece explicitamente em outras narrativas no próprio Evangelho
de João “Quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. Precisa
tornar a ver como criança” (3.3-7)24
Ao expor o contexto na qual viviam as crianças nas narrativas dos Evangelhos e na
vida das primeiras comunidades cristãs, Lamb cita Carlos Mesters, em sua obra Meninos e
Meninas, onde ele enumera sete aspectos da ação de Jesus em favor das crianças, dos
pequenos, presentes nos Evangelhos25
. Resumidamente esses aspectos são: 1) acolher e não
escandalizar; 2) acolher e tocar; 3) tornar-se crianças; 4) identificar-se com os pequenos; 5)
defender o direito de gritar; 6) agradecer pelo Reino presente nos pequenos; 7) acolher e
curar.
Ela também cita Rodolfo Gaede Neto em sua obra Criança na Bíblia, na qual aponta
as precárias condições socioeconômicas da época, somadas a fatores culturais motivos pelos
quais Jesus evidencia e valoriza a criança, contrapondo-se aos costumes da época,
mostrando que o Reino de Deus é de acolhimento para todos e a missão de discípulos e
discípulas de Jesus deve ser de solidariedade para com os mais pequeninos/as.26
Assim, a
Igreja deve exercer ações diaconais, que dignifiquem as crianças:
As ações diaconais são necessárias para as crianças, tendo em vista sua
realidade socioeconômica e sua discriminação cultural. Na perspectiva de
uma hermenêutica das crianças, soma-se o aspecto do protagonismo delas
e daquilo que elas têm a ensinar àqueles que as acolhem ou até mesmo a
necessidade que as comunidades cristãs têm de interagir com as crianças
para compreender e entrar no Reino de Deus. Comunidade que não
conhece e não se dá a conhecer, não vê e não se deixa ver, não deixa a sua
mensagem. Não ouve e é não ouvida, não abraça e não é abraçada.
Comunidade que não partilha o que tem e não aceita o que as crianças
trazem, perde uma fundamental dimensão do Evangelho.27
No texto de Mateus 18.1-5, o próprio Jesus dá o exemplo de como promover o
protagonismo das crianças em nosso meio. Depois de uma discussão entre os discípulos
acerca de quem seria o maior no Reino dos céus, Jesus chama uma criança e a coloca no
meio, dizendo que aquele que não se convertesse e se tornasse como uma criança de maneira
nenhuma entraria no reino dos céus! Mas ele não para aí, ele ainda desafia todos a acolherem
as crianças, pois todos os que assim fizerem estarão O acolhendo. No aspecto da diaconia, ou
seja, do serviço, Jesus quebra com as barreiras socioeconômicas e de discriminação cultural,
24
LAMB, Regene. Criança é presente: pistas para uma hermenêutica bíblica na perspectiva de crianças. São
Leopoldo:EST/IEPG, 2007. p. 38. 25
MESTERS, 2001 apud. LAMB, 2007, p.58. 26
GAEDE NETO, 2004 apud LAMB, 2007, p.60. 27
Idem, p. 61.
21
quando em Mateus 19. 13-15, também relatado em Marcos 10.13-16, Jesus chama a atenção
dos discípulos que não queriam deixar as crianças se aproximarem dele, e as pega no colo e as
abençoa. Um maravilhoso exemplo de serviço e inclusão.
Nas Cartas Paulinas, apesar de não termos referência de crianças explicitamente, exceto
quando Paulo menciona que Timóteo desde pequeno foi ensinado nas Sagradas Escrituras
pela avó Lóide e a mãe Eunice (II Tm 1.5; 3.14), Romanos e Gálatas falam da filiação em
Deus por intermédio de Cristo, por meio da adoção, onde os filhos têm a liberdade de
chamarem seu Deus de Abba, ou seja, Paizinho. Outras referências são analogias que Paulo
faz da realidade da criança com a realidade da vida adulta (I Co 13.11), a relação paterna e
materna que Paulo mantém com a comunidade cristã (I Co 4.14-17; Gl 4.19; I Ts 2.7, 11) e as
instruções nas relações familiares (Ef. 6.1-4; Cl. 3.20-21).
Na carta de I Pedro, a figura da criança é retomada como analogia a vida cristã. Aqueles
que desfrutam da bondade do Senhor devem desejar se alimentar da Palavra de Deus, como
recém-nascidos desejam o leite materno (I Pe 2.1-2).
Nas cartas joaninas, o tratamento dispensado é de total afeto materno ou paterno, como
comenta Valmor da Silva em um estudo sobre as cartas:
As palavras empregadas para qualificar as pessoas às quais se destinam são
selecionadas do vocabulário da infância. Ora são exortadas como criancinhas
(paidión), ora como crianças (téknon), e principalmente como criancinhas
(téknion), diminutivo relacionado a creche.28
Esses termos são utilizados como um método pedagógico para solucionar os problemas
e conflitos da comunidade de forma afetuosa.
Concluindo, em Apocalipse 12.1-6, a figura da criança também aparece, conforme Silva
denota:
Mulher gerando vida e bebezinho nascendo! Por um lado a novidade que
irrompe, por outro o instante frágil que inspira cuidados. Bem defronte, o
dragão devorador de crianças! É a bestialidade imperial, além da repressão
das comunidades nascentes. Mas a vida é mais forte! Deus opta pela
parturiente e pelo seu recém-nascido. A salvação está assegurada.29
Mas ainda é necessário apresentar o Deus menino, o Deus que se encarnou, limitando-se
a fragilidade e vulnerabilidade de um bebê: Jesus.
28
SILVA, Valmor da. Crianças no Novo Testamento. In: SCHWANTES, Milton (Coordenador). Estudos
Bíblicos 54. Crianças na Bíblia. Petrópolis: Editora Vozes, 1997. p. 69. 29
Idem, p. 69.
22
1.3.3 O menino Jesus
No livro do profeta Isaías os capítulos 6.1 – 9.20 e 11.1-16 são considerados o Livro do
Emanuel30
. Em uma época em que se respiravam ameaças de guerra e domínio das nações
circunvizinhas, é anunciado um libertador, porém diferente do que o povo esperava. Tércio
Siqueira faz o seguinte comentário:
Diante de problemas tão volumosos, era normal que o profeta anunciasse
soluções adultas. Porém, surpreendentemente ele declara que a libertação
teria início com a concepção de uma jovem frágil e, ainda, imatura na arte de
educar filhos (7,14; conferir Mt 1,23). Para Isaías, isso não é importante,
pois ele tinha firme na memória que o ruah Espírito de Javé repousaria sobre
este rebento (I Sm 16,13). Javé estaria com Ele e com todo o povo. Muito
mais! Esse broto será uma semente santa (6,13). Apesar de ser um rebento,
um broto, um menino, ele será grande e será chamado filho do Altíssimo
(9,6; Mq 5,1; conferir Lc 1,32-33). Por isso seu nome seria Emanuel, Deus-
conosco...31
Assim, a ação salvadora de Deus manifesta-se no nascimento de um bebê, que seria luz
para aqueles que andavam em trevas, que viviam na região da sombra da morte (Is 9.2). À
criança também é dado o papel de liderança, o governo estaria sobre seus ombros (Is 9.6), e
este menino os guiaria (Is 11.6).
Na comunidade cristã, estas profecias se cumpriram no nascimento de Jesus narradas
textos de Mateus e Lucas capítulos 1 e 2. Mateus em sua narrativa refere-se ao texto de Isaías
7.14, já citado anteriormente. Ainda neste Evangelho é ressaltada a importância do papel do
pai para a criança, onde José seria o protetor da mãe e do bebê e mais tarde, conforme a
tradição judaica, ele que ensinaria ao menino os preceitos da Lei. Outro aspecto é a visita dos
magos do Oriente, que representam as demais nações que também anseiam por justiça e se
alegram com o nascimento do bebê. Porém a criança corre perigo, Herodes intenta matá-la,
assim como Faraó fez com Moisés. José, na função de pai que protege sua família, foge para o
Egito, conforme advertido em sonho por um anjo. Muitas crianças morrem devido ao déspota
que exerce o governo da época, oprimindo o povo, e vê na criança uma ameaça ao seu reinado
(Mt 2.16-18). Essa é uma realidade também presente em nossos dias.
Na narrativa de Lucas a mãe, uma jovem recebe a notícia de que será mãe do Salvador,
e aceita o desafio, ciente dos perigos que enfrentaria, mas confiante de que Deus era seu
protetor e libertador (Lc 1.46-55). Um aspecto interessante em Lucas é a presença de duas
crianças: João Batista e Jesus. A mãe de João, Isabel, sente a alegria de seu filho ainda no
30
SIQUEIRA, Tércio. O Rei Menino. In: SCHWANTES, 1997, p. 47. 31
Idem, p. 49.
23
ventre com a chegada de Maria, mãe de Jesus, que também se fazia presente na forma de um
feto de aproximadamente três meses. Impulsionada pela alegria de seu filho, Isabel adora a
Deus (Lc. 1.41-44). O nascimento do bebê se dá em lugar inapropriado, assim como muitas
crianças pobres em nosso mundo. Mas apesar da condição humilde da família de Jesus e o
lugar do seu nascimento, sua vinda é cercada de amor, cuidado e muita festa, pois anjos
anunciam o seu nascimento aos pastores no campo, que correm à sua procura para vê-lo e
adorá-lo. Lucas também dá detalhes da recepção de Jesus ao ser apresentado no templo por
seus pais, quando Simeão, descrito como um homem justo, piedoso, cheio do Espírito Santo,
que aguardava a consolação de Israel, toma-o no colo e se alegra, pois a criança é o
cumprimento das profecias, luz para os gentios e glória para Israel (Lc 2.32-35). Igualmente,
Ana a profetisa, se alegra e divulga a notícia a todos que aguardavam a redenção de Israel (Lc
2.38). É o Evangelho de Lucas que descreve a sabedoria do menino Jesus ao discutir com os
doutores no templo e deixá-los de “queixos caídos” (Lc 2.46-47). Mas duas frases similares
que merecem especial atenção são os versículos 40 e 52, do capítulo 2. Estes versos nos dão
referência para as condições ideais do desenvolvimento saudável de uma criança. Ele crescia
e se fortalecia, apontando para o seu desenvolvimento físico; em sabedoria, referindo-se ao
seu desenvolvimento intelectual; e graça diante de Deus e dos homens, ressaltando
primeiramente seu desenvolvimento espiritual no relacionamento que tinha com Deus, ao qual
já com doze anos, chamava de Pai. E também, aponta para o seu desenvolvimento social, no
relacionamento com os outros.
A ênfase dada no nascimento de Jesus, segundo White, está no fato de que Deus
escolheu vir ao mundo para revelar-se como um bebê e como uma criança.32
Este fato
transtornou a compreensão de muitos teólogos como Nestório (386-451), patriarca de
Constantinopla, conhecido pelos seus escritos cristológicos, o qual dizia que não conseguia
conceber que Deus tivesse dois ou três meses de idade, e também Karl Barth que escreveu:
Este é o seu Deus! O supremo Deus criador é uma criancinha tão pequena?Será isso
possível? Se é, o que significa?”33
A teologia ocidental, pouco se preocupou com esta questão, justamente pelo preconceito
e o descaso com as crianças. Mas o fato é que o Messias prometido é um bebezinho deitado
numa manjedoura! É preciso refletir mais profundamente sobre este fato, pois para se entrar
no Reino é necessário nascer de novo, se tornar bebê, ser criança! Isso significa a total
32
WHITE, Keith J.. Redescobrindo a criança no coração da missão. In: DIAS; FASSONI; PEREIRA, 2010, p.
29. 33
Idem, p. 29.
24
dependência de Deus, onde se tornar criança nos ajuda a compreender qual a lógica deste
reino, o da humildade. Assim, Jesus não apenas toma a criança como exemplo, mas ao
pensarmos na encarnação ele se torna o exemplo. A criança é dependente dos pais e se alegra
em agradá-los, porque reconhece sua condição de filho e de filha agradando àqueles a quem
ela ama. Nascer de novo então é reaprender a amar aquele que nos criou, reconhecendo nossa
filiação em Deus.
No próximo capítulo, além de conceituarmos o termo crianças em situação de risco
social, será apresentado um quadro com o objetivo de descrever o mais próximo possível, a
situação destas no Brasil, bem como apresentar a legislação vigente que visam garantir sua
proteção e seus direitos. Porém antes disso, será apresentado um panorama histórico das
crianças em nosso país, para se obter uma melhor compreensão da situação atual.
25
CAPÍTULO 2
PERFIL DA CRIANÇA EM SITUAÇÃO DE RISCO
SOCIAL NO BRASIL
Este capítulo pretende além de conceituar o termo crianças em situação de risco
social, apresentar também seu perfil através de dados estatísticos e artigos em livros e
periódicos, tanto denunciando o descaso em relação às mesmas como anunciando as ações
promovidas para mudança deste quadro, sendo uma das mais importantes a promulgação do
Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Porém, antes se fará um recorte histórico da
criança na sociedade brasileira, em especial as crianças pobres e abandonadas. Também será
apresentado como no decorrer da história, leis que foram criadas com o objetivo de
assegurar seus direitos, bem como promover sua proteção.
2.1 Breve histórico da criança pobre e abandonada na
sociedade brasileira
No Brasil, as informações sobre esse assunto começaram a ser levantadas em meados
da década de 1980, segundo a historiadora Maria Luiza Marcílio, a qual coordenou esse
projeto de pesquisa. Os dados obtidos pela pesquisa foram possibilitados através da
utilização dos recursos da Demografia Histórica, no Brasil, e da chamada “História
26
Nova”, ambas valorizando as pesquisas sobre os excluídos sociais, que possibilitou a
descoberta de realidades novas, inusitadas na nossa paisagem social histórica.34
O tratamento em relação à infância desvalida35
no Brasil, a partir da colonização, não
foi diferente do ocorrido na Europa. Cabe ressaltar que a prática do abandono foi
introduzida no Brasil pelos europeus, pois os nativos – os índios – considerados não
civilizados pelos colonizadores, não abandonavam seus filhos.
Até a Declaração dos Direitos Universais da Criança em 1959, promulgada pela ONU,
as crianças eram vistas como objetos, não tinham direitos. Seu abandono era tolerado e por
vezes até estimulado. A partir desta Declaração é que a criança é considerada como os
demais seres humanos, sujeitos de direito.
A evolução da assistência a infância abandonada brasileira, segundo Marcílio, se deu
em três fases, e como já dito anteriormente similar ao processo europeu. A primeira fase foi a
caritativa sob a responsabilidade da Igreja Católica, que ocorreu no Brasil colônia indo até
meados do século XIX, com conteúdo paternalista e sem pretensão de mudanças sociais. A
Igreja apesar de acolher as crianças abandonadas, nunca condenou a prática do abandono, ou
seja, nunca atacou o problema pela raiz. Apenas um padre jesuíta chamado Alexandre de
Gusmão que no fim do século XVII, em Portugal, pregava que o ato de abandono das crianças
não era bem visto aos olhos de Deus, sendo isto demonstrado na própria natureza, pois até os
próprios animais lutavam para proteger seus filhos até a morte.
No período colonial, as crianças abandonadas geralmente eram acolhidas por famílias,
ou simplesmente morriam desamparadas. Quando adotadas, ou essas crianças eram bem
tratadas, ou consideradas empregadas da família sem direito à herança, e em muitos casos
sofrendo maus tratos. Neste período, nem o Estado, nem a Igreja, apesar desta última ser a
que mais promoveu ações de amparo as crianças, assumiram diretamente a assistência e
apoio as mesmas.
No século XVIII, quando foram criadas as primeiras instituições de amparo as
crianças abandonadas, as principais foram as Rodas dos Expostos e os Recolhimentos de
meninas pobres. A Roda dos Expostos consistia num dispositivo de madeira onde se
colocavam os bebês. Tinha forma cilíndrica e uma divisória no meio. A Roda era fixada no
muro ou na janela da instituição. Marcílio descreve como ela funcionava:
34
MARCILIO, Maria Luiza.História social da criança abandonada.2. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.
(Criançaria; v. 2).p. 12. 35
Termo utilizado por Marcílio em seu texto. p. 12, 89, 127, 135 e outras.
27
No tabuleiro inferior da parte externa, o expositor colocava a criancinha que
enjeitava, girava a Roda e puxava um cordão com uma sineta para avisar à
vigilante – ou Rodeira – que um bebê acabara de ser abandonado, retirando-se
furtivamente do local, sem ser reconhecido.36
A segunda fase foi a filantrópica, que se iniciou na segunda metade do século XIX
vindo até metade do século XX. Foi uma fase em que diversos projetos de políticas públicas
sociais foram implementados. Esta fase teve forte influência dos médicos higienistas, que
atuavam no combate a mortalidade infantil, e de juristas, que atuavam com a infância
desvalida e delinquente. Nessa época aparece o termo menor, para se referir pejorativamente
as crianças abandonadas que estavam à margem da sociedade:
Do início do século, quando se começou a se pensar a infância pobre no Brasil, até
hoje, a terminologia mudou. De „santa infância‟, „expostos‟, „órfãos‟, „infância
desvalida‟, „infância abandonada‟, „petizes‟, „peraltas‟, „menores viciosos‟, „infância
em perigo moral‟, „pobrezinhos sacrificados‟, „vadios‟, „capoeiras‟, passou-se a uma
categoria dominante – menor. O termo menor aponta para a despersonalização e
remete à esfera do jurídico e portanto do público.37
Criança era utilizada para designar os filhos e filhas de pessoas bem postas socialmente.
Menor eram os filhos e filhas dos pobres, as crianças abandonadas, que representavam uma
possível ameaça à sociedade. A assistência filantrópica retirava essas crianças de suas famílias
e das ruas e as colocavam em instituições no modelo de internato onde seriam educadas,
formadas e disciplinadas. Assim, segundo a visão do Governo da época, sairiam dali prontas
para formar uma família e exercer uma profissão, tornando-se cidadãos normatizados e
disciplinados, úteis à nação.
A terceira fase, inaugurada em 1960, foi a do Estado do Bem- Estar Social, coexistindo
com as anteriores. Foi neste período em que foi criada a Funabem (1964), com objetivo de
formular e implantar a política nacional do bem-estar do menor da ICAR (Igreja Católica
Apostólica Romana), através do estudo do problema com vistas ao planejamento de ações que
visavam solucioná-lo, sendo também responsável em orientar, coordenar e fiscalizar as
entidades responsáveis pela execução dessa política.
Em 1979 foi criado o Estatuto do Menor, onde se regulamentou minuciosamente o
instituto da adoção:
Compreendia-se, por intermédio dele, que é no seio da família (ainda que esta seja
substituta) que a criança pode completar o complexo processo de socialização,
adquirir os valores de seu grupo, desenvolver a auto-estima e se capacitar para o
desempenho das funções sociais.38
Em 1980 surgiram diversos movimentos que defendiam os direitos da infância, como
a Pastoral do Menor, pois o crescimento urbano resultou no aumento da pobreza, que por
36
Idem, p. 57. 37
ALVIM, 1988 apud MARCILIO, 2006, p,195. 38
MARCÍLIO, 2006, p.226
28
sua vez elevou os índices de violência. Em decorrência disso, o Poder Público não
conseguia dar conta da situação e as instituições que seriam para proteger a infância, se
tornaram locais de violação dos seus direitos.
Em 1990 foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), destinado a este
público em todo território nacional, sem distinção. O ECA contribuiu para reformulação de
políticas públicas em favor da infância e da adolescência. Instituiu os Conselhos Tutelares,
formados por representantes da sociedade, encarregados de zelar e defender os direitos
destes, no caso de abusos do Poder Judiciário ou da Polícia. Sua elaboração teve
consonância com a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, de 1959, e a
Constituição do Brasil de 1988, deixando uma marca histórica em que a criança brasileira,
pela primeira vez, deixa de ser objeto passando a ser sujeito de direito.
Apesar deste avanço, a realidade das crianças e adolescentes em relação à promoção e
preservação dos seus direitos, continuou quase sem alterações, como afirma Marcílio:
Melancolicamente, em 1998, o País é detentor de alguns dos títulos de campeão
mundial em várias situações negativas relativas no que diz respeito à infância: da
intensa e aviltante exploração do trabalho infantil; da pior distribuição ou da
elevadíssima concentração de rendas (com graves repercussões sobre o
desenvolvimento e a vida da infância e da adolescência pobres); do turismo
internacional, pornográfico, de exploração sexual de menores; da delinqüência
juvenil; das altas taxas de prostituição infanto-juvenil; de episódios similares ao
do “massacre da Candelária”; da ação violenta das polícias, especialmente contra a
criança negra; e outros mais.39
A constatação de Marcílio datada em 1998, não é diferente dos dias de hoje,
reforçando o desafio que a sociedade brasileira precisa enfrentar pela luta dos Direitos da
Criança e do Adolescente. Há uma grande distância entre as leis estabelecidas e a triste
realidade da infância brasileira.
No próximo tópico será apresentado com mais detalhes o ECA, relacionando alguns
dos seus artigos com leis anteriores e concomitantes a ele.
2.2 Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA
Como mencionado anteriormente, em 13 de julho de 1990, através da Lei 8069 foi
constituído do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). Este teve por base os Artigos da
Constituição Federal de 1988, que apresentou direitos e garantias fundamentais à infância e
39
MARCÍLIO, 2006, p. 228.
29
adolescência, além de também estar em consonância com as leis internacionais de proteção
a infância, como a Declaração Internacional dos Direitos da Criança, resolução 1386 da
ONU em 20 de novembro de 1959, da qual o Brasil é signatário.
É importante salientar que o ECA é um avanço em relação ao Código de Menores, onde
a criança e o adolescente em conflito com a lei eram tratadas da mesma forma que um sujeito
adulto infrator. Cabe também observar, que a atual sociedade brasileira, parece estar
regredindo, quando fomenta a aprovação da lei que trata da redução da maioridade penal.
O ECA vem estabelecer bases e diretrizes para o tratamento adequado à criança e o
adolescente até 18 anos, pois por estes estarem em fase de desenvolvimento, necessitam de
uma maior atenção. Ele vem assegurar novamente à criança e ao adolescente as suas
condições de sujeitos de direito, sejam elas de qualquer cor, raça ou classe social, as quais
necessitam de proteção integral, que pode ser promovida em parceria com a família,
comunidade, sociedade e Estado. Assim elas devem ser prioridade tanto na formulação de
políticas públicas, como na aplicação de recursos para criar estruturas que proporcionem seu
desenvolvimento básico, principalmente nas áreas de saúde, educação e segurança.
O Estatuto está dividido em duas partes, a que trata dos direitos fundamentais das
crianças e adolescentes, seguida do estabelecimento dos órgãos que visam assegurar e
fiscalizar as medidas de proteção ao seu público alvo.
Como no presente trabalho monográfico não se tem o objetivo de comentar todos os
artigos, será discorrido a seguir alguns deles, sendo que os textos dos mesmos na íntegra se
encontram no ANEXO A.
O ECA inicia-se com o Livro I, Parte Geral, Título I que trata das disposições
preliminares onde no Art. 1º destaca-se o termo proteção integral à criança e ao
adolescente40
, o qual é novamente utilizado no Art. 3º, definindo o conceito de integralidade
mais a frente neste mesmo artigo, quando refere-se à promoção do seu desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.41
O Art. 2º define o conceito de criança e adolescente como sendo a pessoa até doze anos
de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.42
O Art. 4º define de quem é a responsabilidade de zelar pelos direitos da criança e do
adolescente, sendo estes a família, a comunidade, a sociedade em geral e do poder público,
40
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
outras providências. Art. 1º. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em
15 janeiro 2014. 41
Idem. 42
Idem.
30
para que o desenvolvimento integral referido no Art. 3º possa se concretizar. Além disso,
também coloca a criança e o adolescente como absoluta prioridade, explicando em quais
situações e ações essa prioridade deve ocorrer.
O Art. 5º trata da promoção da segurança e integridade das crianças destacando que
Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão...43
, sendo passível de punição
quem praticar estes atos.
O Título II do ECA, trata dos direitos fundamentais e está dividido em 5 capítulos. O
Capítulo I, do direito a vida e à saúde, discorre sobre as obrigações do poder público de
garantir condições dignas de cuidado com a saúde da criança, iniciando-se no ventre materno
e acompanhando o seu desenvolvimento no decorrer dos anos. Para isso, o texto coloca como
obrigatoriedade do governo através da rede de atendimento do Sistema Único de Saúde
(SUS), propiciar condições dignas de existência, na qual inclui a gratuidade de atendimento
integral à saúde da criança e do adolescente, que vai desde o atendimento médico como ao
especializado, como o fornecimento de medicamentos, próteses e demais recursos necessários
durante seu tratamento para sua recuperação, habilitação ou reabilitação. Em 2009, através da
Lei 12.010, foram inclusos no Artigo 8 mais dois parágrafos, que tratam do direito de
atendimento psicológico no período pré e pós-natal a gestante e a mãe, inclusive aquelas que
querem encaminhar a criança para a adoção. O Art. 12 traz uma inovação quanto a internação
das crianças e adolescentes em hospitais, garantido a permanência integral de um dos pais ou
responsáveis durante este período. No Art. 13 determina que os casos de suspeita e
confirmação de maus tratos devem ser comunicados ao Conselho Tutelar, sendo incluso o
texto do parágrafo único, através da Lei 12.010 de 2009, que as mães e gestantes que
manifestarem o desejo de encaminhar as crianças para adoção serão encaminhadas à Justiça
da Infância e da Juventude. O Art. 14 incluí a assistência médica odontológica preventiva, e
também campanhas de educação sanitária, para pais, educadores e alunos. Finaliza com o
parágrafo único que garante a vacinação gratuita dos casos recomendados pelas autoridades
sanitárias.
O Capítulo II, do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade inclui as crianças e
adolescentes a gozar de todos os direitos da pessoa adulta estabelecidos na Constituição do
país e outras leis de âmbito nacional ou internacional, desde que nesta última, o Brasil seja
signatário.
43
Idem.
31
O Capítulo III, do direito à convivência familiar e comunitária, dá a criança e ao
adolescente o direito de serem criadas no seio de sua família natural ou substituta, a qual
deverá propiciar seu sustento, guarda e educação, onde destaca-se no Art. 19 que o ambiente
deve ser livre de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. Outros temas abordados
são questões referentes à destituição do poder familiar que envolve temas como guarda, tutela
e adoção.
No Capítulo IV, do direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, o Governo tem a
obrigação de propiciar condições básicas de ensino as crianças e adolescentes desde a
educação infantil até o ensino fundamental, e também acesso aos níveis mais elevados de
ensino, conforme aptidões de cada um. Aos pais é dada a responsabilidade de matricular seus
filhos na rede pública de ensino, bem como o direito de acompanhar o processo pedagógico e
participar da formulação de propostas educacionais. As escolas da rede pública deverão
acompanhar e zelar junto aos pais a frequência das crianças as aulas, bem como reportar ao
Conselho Tutelar casos de maus tratos de seus alunos, faltas sem justificativa em demasia e
elevados níveis de repetência. É garantido também as crianças e adolescentes portadoras de
deficiência atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de
ensino. Quanto à cultura, esporte e lazer, o Art. 59 define como responsabilidade dos
municípios, apoiados pelos seus respectivos estados e a União, a promoção de atividades
culturais, esportivas e de lazer, voltados à criança e ao adolescente.
O Capítulo V, do direito a profissionalização e à proteção ao trabalho, no Art. 60 proíbe
o trabalho de menores, exceto os de 14 anos, na condição de menor aprendiz, conforme art.
7º, inciso XXXIII da Constituição Federal, considerada a Emenda Constitucional nº 20 de
16/12/1998. Cabe mencionar aqui, que esta lei está em consonância com a Convenção nº 138
da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da idade mínima para admissão de
emprego, Aprovada na 58ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho (Genebra –
1973), que entrou em vigor no plano internacional em 19/6/76, em que o Brasil é signatário.
Outros artigos deste capítulo normatizam as condições de trabalho quanto à segurança e seus
direitos trabalhistas, tanto do menor aprendiz como do adolescente.
O Título III, trata da prevenção quanto à violação dos direitos das crianças e
adolescentes estabelecidos nos artigos anteriores, encerrando o Livro I.
Antes de passar à descrição do Livro II do ECA, é importante destacar que os artigos
que tratam dos direitos fundamentais das crianças estão em consonância com os princípios
bíblicos de orientação prática para a vida tanto da comunidade judaica no Antigo Testamento,
como da comunidade cristã no Novo Testamento, como apresentado no capítulo 1, dentro da
32
reflexão teológica. Percebe-se a similaridade quanto à preocupação com a integralidade da
criança no âmbito da proteção, saúde, educação, convívio familiar e comunitário, justiça,
igualdade, inclusão. Enfim, tudo o que implica a preservação e a promoção de uma vida digna
a que estas têm direito. A inquietação que esta constatação nos traz é porque a maioria das
igrejas cristãs estão alheias a essa questão, não buscando a promoção de uma práxis pastoral,
que inclua este assunto tão importante aos olhos de Deus. A igreja se ocupa da criança quando
trata-se de vê-la como objeto de proselitismo e educação cristã, mas não se envolve nas
questões sociais que tem gerado desesperança e morte na vida de muitos pequeninos, mesmo
já dispondo de um instrumento tão valioso como o ECA, que permite uma ação pastoral
efetiva em favor da vida. Talvez a igreja ainda não veja a criança como sujeito de direito,
distanciando-se do seu propósito de ser cooperadora com a ação de Deus no mundo.
O Livro II, Parte Especial, Título I, da política de atendimento, o Capítulo I, nas
disposições gerais afirma que a mesma trata-se de um conjunto articulado de ações
governamentais e não governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios, que através de políticas básicas nas diversas áreas que envolvam a promoção dos
direitos das crianças e adolescentes apresentados neste Estatuto.
No Capítulo II, das entidades de atendimento, define-se as condições básicas essenciais
de tratamento as crianças e adolescentes nestes locais, especialmente as responsáveis por
crianças em situação de abandono, destituição do poder da família e abrigos de crianças e
adolescentes em conflito com a lei, bem como a fiscalização desses locais e punições cabíveis
para os responsáveis pelas mesmas que descumprirem com as normas estabelecidas.
O Titulo II, em seus dois capítulos, trata das medidas de proteção à criança e ao
adolescente caso seus direitos sejam ameaçados ou violados.
O Título III, da prática de ato infracional, discorre sobre as medidas punitivas aplicadas
em adolescentes em conflito com a lei. No Capítulo I, disposições gerais, no Art. 105 dá um
tratamento diferenciado às crianças, que devem ser acompanhadas pelos responsáveis,
auxiliadas por órgãos e instituições competentes, conforme Art. 101, do título anterior. Os
capítulos seguintes regulamentam as ações cabíveis durante o processo do ato infracional
desde seus direitos até as punições a serem aplicadas aos adolescentes infratores.
O Título IV, das medidas pertinentes aos pais e responsável, considera não apenas sobre
as responsabilidades destes em relação aos que estão sob seus cuidados, mas também auxílio
aos mesmos, no caso de alcoólatras e dependentes químicos, encaminhando-os ao tratamento
necessário. Atos punitivos como destituição do poder familiar, perda da guarda ou tutela,
33
afastamento dos pais ou responsáveis, constatada a prática de abuso sexual, estão presentes
neste título.
O Título V, do Conselho Tutelar, trata da criação deste órgão, definindo como devem
ser estabelecidos, suas atribuições e o perfil dos integrantes deste Conselho.
O Título VI, do acesso à justiça, Capítulo 1 disposições gerais garante às crianças e
adolescentes o direito de acesso à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder
Judiciário e a qualquer um dos seus órgãos, concedendo gratuidade à assessoria jurídica e
isenção das custas do processo, exceto em casos de má fé. No Capítulo II, da justiça da
infância e da juventude, regulamenta a criação de varas judiciais especiais no atendimento
destes, descrevendo as atribuições deste braço do poder judiciário. O Capítulo III, dos
procedimentos, orienta quais ações devem ser tomadas no desenrolar dos processos
concernentes à infância e adolescência. O Capítulo IV tratará dos recursos a serem utilizados
após a determinação de uma sentença. O Capítulo V explicita as funções do Ministério
Público referente ao tema. O Capítulo VI garante o direito do adolescente infrator a um
advogado. O Capítulo VII, da proteção judicial dos direitos individuais, difusos e coletivos,
discorre sobre os processos que poderão ser movidos, caso os direitos da criança e adolescente
prescritos neste estatuto forem negados ou negligenciados.
Título VII, dos crimes e das infrações administrativas, o Capítulo I traz a descrição dos
crimes cometidos contra a criança e o adolescente e a pena a ser aplicada mediante esta
infração. O Capítulo 2, das infrações administrativas, faz descrição destas, bem como a pena
aplicada aos profissionais e funcionários que as cometerem. E por fim, as disposições finais e
transitórias, que falam sobre deduções no imposto de renda referente a doações feitas ao
Fundo da Criança e do adolescente e regulamentação do uso desses recursos. Neste título
também são inseridas as alterações em artigos do Código Penal referente alguns crimes, que
se praticado contra crianças e adolescentes tem sua pena acrescida. O artigo final, 267,
revogam-se as leis anteriores ao Estatuto, inclusive o Código de Menores (1979).
A partir da criação do ECA foram sendo criados outros órgãos, além dos Conselhos
Tutelares, com o objetivo de efetivar o cumprimento do Estatuto, fiscalizar as ações do
governo e de outras instituições que envolvam as crianças e adolescentes, manter um banco de
dados atualizados da real situação da criança e adolescente no país, dentre outros. Exemplo
disso é o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA, que
entre suas funções está a de convocar a Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente. Hoje também existem diversos órgãos não-governamentais que também atuam
nesse sentido, contudo em temas mais específicos, como por exemplo, o Centro de Defesa da
34
Criança e Adolescente - CEDECA, instituído pela UNICEF que trata de todas as formas e
manifestações de violência contra as crianças e adolescentes.
Dentro do Livro II, também é possível identificar similaridades entre o ECA com os
princípios bíblicos, percebidos através das narrativas das histórias tanto do Antigo Testamento
como do Novo Testamento. Jetro, sogro de Moisés, aconselha-o a estabelecer chefes sobre
diversos grupos de pessoas para auxiliá-lo em julgar as causas que as pessoas lhe traziam (Ex.
18.19-26). Em Deuterenômio 16.18-20 é ordenado que se estabeleça juízes e oficiais em todas
as cidades e tribos do povo, para que a justiça e o direito não fossem distorcidos. No Novo
Testamento, entre os primeiros cristãos foram estabelecidos os diáconos para atenderem as
viúvas helenistas necessitadas. Assim, não é difícil a igreja buscar exercer o seu papel
profético e pastoral em favor das causas da infância e adolescência.
A seguir será apresentado o conceito de criança em situação de risco social, seguido
da descrição do perfil da mesma e como se encontra sua situação dentro da sociedade
brasileira.
2.3 Criança em situação de risco social no contexto brasileiro.
2.3.1 Conceito
Não há uma unanimidade no conceito sobre criança em situação de risco social. Alguns
autores consideram o termo pejorativo assim como o termo menor, colocando a criança em
situação de exclusão, pois dentro deste conceito classificam-se especialmente crianças pobres.
Outros, talvez para corrigir este conceito, abrangem todas as crianças que se encontram em
situação de risco, não importando qual a classe social.
Neste trabalho, será adotado a definição da UNICEF, acrescentando-se algumas
características da Viva Network. Assim estas instituições definem criança e adolescentes em
situações de risco como pessoas abaixo de 18 anos vivendo em situações como: escravidão ou
trabalho infantil descapacitado; guerra e outras formas de violência; abuso e exploração
35
sexual; doença grave; deficiência física ou mental; abandono, perda da família ou do lar
primário; pobreza extrema; e jugo de instituições opressivas.44
Cada uma das circunstâncias citadas acima coloca qualquer criança nela inserida em
desvantagem, prejudicando o seu pleno desenvolvimento físico, mental, emocional e
espiritual.
2.3.2 Perfil da criança em situação de risco social brasileiro.
Nas estatísticas mais recentes sobre a infância brasileira disponíveis no site da
UNICEF45
, no ANEXO B deste trabalho, são apresentados indicadores que servem para
medir o nível do bem-estar da criança.
O primeiro indicador, com base no ano de 2012, é a Taxa de Mortalidade de Menores
de 5 anos. O Brasil apresenta-se como 120º colocado no ranking mundial, onde de 1000
crianças nascidas nesta faixa etária, há a probabilidade de 14 morrerem anualmente. Este
índice teve uma melhora significativa considerando que em 1990 o número era de 62
crianças (Indicadores básicos, ANEXO B). Porém, existem disparidades relacionadas à
classe social e a etnia, pois crianças pobres e negras têm mais que o dobro de chance de
morrer em relação às crianças ricas e brancas (Indicadores de Iniquidade, ANEXO C). No
ano de 2012 morreram no Brasil 42.000 crianças nesta faixa etária. 46
Quanto à nutrição entre o período de 2008 a 2012, 8,4% das crianças estavam abaixo
do peso ao nascerem (Nutrição, ANEXO B). Considerando o número de nascimentos
registrados pelo IBGE que é de 2,8 milhões de nascimentos em 201247
, a taxa de
nascimento abaixo do peso foi de 8,4 %, o que representa em números 235.200 crianças
(Nutrição, ANEXO B).
Na área de saúde, as estatísticas gerais são favoráveis. No quesito de uso de água
potável de qualidade o índice é de 97,2% em 2011. Em relação ao uso de condições
44
O TAMANHO do desafio: Porque para Deus nada é impossível. Mãos Dadas. Ed. 2. Viçosa, MG, nov. 2001.
Disponível em <http://www.redemaosdadas.org/maos-dadas/ed-2-criancas-e-adolescentes-em-situacao-de-
risco-por-que-se-importar/capa/o-tamanho-do-desafio-porque-para-deus-nada-e-impossivel/>. Acesso em 11
junho 2013. 45
UNICEF. Brazil Statistics. Disponível em <http://www.unicef.org/infobycountry/brazil_statistics.html#0>
Acesso em 09 abril 2014. 46
UNICEF. Nossas Prioridades. Infância e adolescência no Brasil. Disponível em
<http://www.unicef.org/brazil/pt/activities.html>. Acesso em 15 janeiro 2014. 47
IBGE. Sala de imprensa. Comunicação Social, 20 dezembro 2013. Disponível em
<http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=2553>. Acesso em 14
abril 2014.
36
sanitárias adequadas esse índice já cai para 80,8%, sendo que na área rural a situação é mais
preocupante, o valor é de 48,4% contra 86,7% na área urbana. As vacinas de rotina são
100% financiadas pelo governo, e os índices de cobertura de vacinação pelo Programa
Ampliado de Imunização (PAI), para todas elas, no ano de 2012, estão acima dos 90%.
(Saúde, ANEXO B). Felizmente em relação ao tratamento de HIV/AIDS, o Brasil tem sido
referência mundial neste quesito e o índice de transmissão de mãe para filhos/as tem caído
significativamente, entre 1993 e 2005 a taxa caiu de 16% para 8%. Contudo, no nordeste e
no norte a realidade não é a mesma, são 12% no nordeste e 15% no norte.48
Na área da educação, apesar dos dados entre 2008 a 2012 apresentarem 98% das
crianças entre 7 a 14 anos estarem freqüentando uma escola, 535.000 crianças desta faixa
etária estão fora dela, sendo que destas, 330.000 são negras. As disparidades regionais no
país também devem ser consideradas, pois no Norte e Nordeste do Brasil, regiões mais
pobres, apenas 40% das crianças terminam a educação fundamental. Já nos estados do Sul e
Sudeste este índice aumenta para 70%.49
Com base no ano de 2012, a população de adolescentes (10 a 19 anos) é de
aproximadamente 34 milhões (Adolescentes, ANEXO B). Os dados mostram que de cada
100 estudantes que ingressam no ensino fundamental, somente 59 concluem a 8ª série e 40 o
ensino médio. A taxa de evasão escolar é alta devido a fatores dentre outros como a
violência e a gravidez na adolescência. São registrados anualmente no país 300.000 bebês,
filhos e filhas de mãe adolescentes. Em conseqüência disso é considerável a taxa de famílias
chefiadas por adolescentes menores de 18 anos, o índice é de 4,3 por mil.50
Outro índice importante a considerar é o da exploração do trabalho infantil. A
Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou em setembro de 2013 uma redução
neste número de 5,4 em 2008 para 4,7% em 201151
. Porém, segundo relatório do Fórum
Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), o número de trabalho
infantil doméstico a redução foi menor. Neste segmento, no período entre 2008 e 2011 a
redução foi de 325 mil crianças em 2008, para 258 mil em 2011, atingindo apenas de 0,2
pontos percentual de redução. Segundo Luana Reis, assessora de comunicação do FNPETI, o
perfil das crianças em situação de serviços domésticos é assim descrito:
48
Idem. 49
Idem. 50
Idem. 51
CHADE, Jamil. Meio milhão de crianças pararam de trabalhar no Brasil em três anos, diz OIT. Estadão, São
Paulo, 23 setembro 2013. Disponível em http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-brasil,meio-
milhao-de-criancas-pararam-de-trabalhar-no-brasil-em-tres-anos-diz-oit,165369,0.htm> Acesso em 24
setembro 2013
37
De acordo com a pesquisa de 2011, 93,7% do universo de crianças e adolescentes
ocupados no trabalho infantil doméstico são meninas (241 mil). Os meninos somam
16 mil. E 67% dos trabalhadores infantis domésticos são negros (172.666), enquanto
os não negros somam 85.026.52
A secretária executiva do FNPETI, Isa Oliveira, afirma que esses dados revelam a
iniqüidade de gênero e de raça neste segmento. Os números sobre esta estatística, segmentado
pelas regiões no Brasil encontram-se no ANEXO C, Proteção.
Em outro levantamento da UNICEF em 2006, dados não apresentados nesta última
pesquisa, foi mostrado que 50,3 % das crianças pobres no Brasil vivem com famílias com
renda per capta de até meio salário mínimo.53
O alto grau de violência contra as crianças e adolescentes no Brasil é outra situação
alarmante, que faz parte do cotidiano das mesmas. O disque denúncia 100, registra por dia
em média 129 casos de negligência, violência psicológica e física, incluindo a sexual, contra
criança e adolescentes. Porém, muito desses atos não são denunciados, o que torna a
situação ainda mais preocupante.54
Além disso tudo, há os casos de adolescentes em conflito com a lei. Esta tensão que
aumenta a cada dia se dá, principalmente, devido ao descaso com que as crianças, sobretudo
as mais pobres e negras, são tratadas pelo Governo com relação às políticas públicas
ineficientes, e também, da sociedade cada dia mais ensimesmada.
O diretor fundador da Associação Educacional Beneficente Vale da Benção, Pr.
Jonathan Ferreira dos Santos, em um artigo publicado na revista da Rede Mãos Dadas,
destinada as pessoas que trabalham com criança em situação de risco social, declarou:
Basta observar nossas estatísticas para percebermos que estamos montando um
barril de pólvora, que poderá explodir a qualquer momento. Quarenta por cento da
população brasileira vive na pobreza. Cerca de 300 mil crianças morrem de fome
anualmente no Brasil. Setenta por cento dos brasileiros já moram nas cidades. A
extrema precariedade de moradias atinge 12 milhões de famílias, o que equivale a
duas Argentinas. Milhões de crianças e adolescentes vivem em favelas. Em meio a
tudo isso, um número considerável de crianças e adolescentes faz parte dos 47
milhões de pessoas de nossa população que vivem em condições subumanas, em
que 15 milhões sofrem de desnutrição crônica. Aproximadamente 8 milhões de
crianças e adolescentes estão abandonados ou são órfãos desassistidos, algumas
vezes de pais vivos. Milhares estão confinados em internatos-prisões e 500 mil
meninas se prostituem.55
52
UNICEF. Imprensa. Números do trabalho infantil doméstico no Brasil preocupam diz FNPETI. Brasília, 12
junho 2013. Disponível em <http://www.unicef.org/brazil/pt/media_25610.htm>, acesso em 13/03/2014. 53
ALBUQUERQUE, C., et al. Situação Mundial da Infância 2008: Caderno Brasil. Brasília: Unicef, 2008. p.
57-60. Disponível em: <http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_11319.htm> Acesso em 14 agosto 2013. 54
UNICEF. Nossas Prioridades. Infância e adolescência no Brasil. Disponível em
<http://www.unicef.org/brazil/pt/activities.html>. Acesso em 15 janeiro 2014. 55
SANTOS, J. F. Por que se importar? Porque são muitas e estão sofrendo. Mãos Dadas. Ed. 2. Viçosa MG,
nov. 2001. Disponível em http://www.redemaosdadas.org/maos-dadas/ed-2-criancas-e-adolescentes-em-
situacao-de-risco-por-que-se-importar/capa/por-que-se-importar-porque-sao-muitas-e-estao-sofrendo/.
Acesso em 26 novembro 2012.
38
Este artigo, publicado em 1997, mostra que o barril de pólvora não está longe de
explodir ou quem sabe já explodiu. Em um trabalho realizado pelo Núcleo de Pesquisa em
Economia do Setor Público, juntamente com o Instituto de Segurança Pública do Estado do
Rio de Janeiro em 2006, 77,8% dos homicídios dolosos foram de crianças e jovens do sexo
masculino.56
O índice de homicídios na adolescência no Brasil (IHA) de 2009 e 2010, mostra que
houve um aumento da violência letal contra adolescentes no Brasil (Comparação do IHA de
2009 e 2010 por Unidade de Federação, ANEXO C). Em 2010 de cada mil pessoas de 12 a
18 anos, 2,98 foram assassinados. Se permanecerem as mesmas condições socioeconômicas,
de educação e demais fatores que influenciam no desenvolvimento da infância e
adolescência, estima-se que para 2016 serão vítimas de homicídio 36735 adolescentes.57
Mediante este quadro faz-se necessário boicotar as probabilidades, termo usado por
Klênia César Fassoni em um artigo publicado no site da Rede Evangélica Nacional de
Assistência Social (RENAS).58
A exploração sexual de crianças e adolescentes é outra triste realidade no Brasil. Dados
da Pesquisa Nacional sobre o Tráfico de Mulheres Crianças e Adolescentes (PESTRAF),
realizada pela ONG CECRIA59
, no país existem 241 rotas terrestres, marítimas e aéreas
utilizadas para exploração sexual de mulheres, adolescentes e crianças, sendo que 131 são
internacionais, 78 interestaduais e 32 intermunicipais. A maior concentração está no Norte
com 76, Nordeste com 69 e o Sudeste vem em terceiro com 35 dessas rotas. Apesar de fatores
como pobreza e desigualdade social serem um dos principais motivos que desencadeiam este
tipo de violência, cabe observar que ela ocorre com qualquer criança ou adolescente
independente de sua classe social. Outro fator desencadeador do tráfico de mulheres, crianças
e adolescentes é a violência familiar. O perfil das vítimas são mulheres e meninas
afrodescendentes, com baixo grau de escolaridades, provenientes de periferia onde a situação
econômica é de baixa renda.
56
AS MAIS invisíveis. Mãos Dadas. Ed. 21. Viçosa, MG, set. 2008. Disponível em
http://www.redemaosdadas.org/maos-dadas/ed-21-criancas-a-beira-do-caminho-tao-proximas-mesmo-assim-
invisiveis/capa/as-mais-invisiveis/. Acesso em: 21 junho 2013. 57
MELO, Doriam Luis Borges de; CANO, Inácio (Org.). Índice de homicídios na adolescência: IHA 2009-2010.
Rio de Janeiro: Observatório de Favelas, 2012. p. 11. Disponível em
<http://www.unicef.org/brazil/pt/br_indiceha10.pdf>. Acesso em 14 agosto 2013. 58
FASSONI, Klênia César. Boicotando as probabilidades. Renas. Artigos de Capacitação, 12 abril 2007.
Disponível em <http://renas.org.br/2007/04/12/boicotando-as-probabilidades/> acesso em 19/09/2013. 59
CECRIA (Centro de referência, estudos e ações sobre crianças e adolescentes), organização da sociedade
civil, fundade em 1993, constituída como ONG com o fim de subsidiar políticas públicas e organizações da
sociedade civil para a defesa e a garantia dos direitos da criança e do adolescente. Disponível em
<http://www.cecria.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=46&Itemid=28&lang=pt>.
Acesso em 15 setembro 2014.
39
Os dados apresentados acima são apenas um resumo do levantamento da pesquisa
bibliográfica realizada sobre as crianças em situação de risco social. Entretanto, essas
informações já servem para delinear a situação crítica que se encontra a infância brasileira,
especialmente as de baixa renda e afrodescendentes.
Diante desses, dados a UNICEF considera o integrante de instituições religiosas como
um dos atores sociais na defesa dos direitos das crianças:
Além de despertar na criança valores espirituais e morais, como o respeito à pessoa
humana, as instituições religiosas podem contribuir para o seu desenvolvimento
integral. Cabe a elas abrir seus espaços para que a comunidade e as famílias
fortaleçam a luta pelos direitos da primeira infância.60
Como exemplo desse reconhecimento a UNICEF promoveu um encontro com o
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC, e a Visão Mundial. Esse encontrou aconteceu
em 27 de maio de 2013 e teve como objetivo a discussão de um plano conjunto para proteção
de crianças e adolescentes. O plano terá como áreas prioritárias a promoção do direito ao
registro civil de nascimento e a prevenção da violência contra meninos e meninas.61
Dito isto, no próximo capítulo serão apresentadas algumas iniciativas dentro das
instituições religiosas cristãs, que dentre suas ações buscam promover uma conscientização
sobre o papel destas diante do tema, combater a violência contra a criança e o adolescente e
criar espaços para que estas possam crescer integralmente de maneira saudável.
60
GIRADE, Antonio Halim; DIDONET, Vital (Coord.)O município e a criança de até 6 anos: direitos
cumpridos, respeitados e protegidos. Brasília, DF: UNICEF, 2005.p. 172. Disponível em:
<http://www.unicef.org/brazil/pt/municipio.pdf> Acesso em 15 agosto 2013. 61
CAPARELLI, Estela. UNICEF reúne representantes de grupos religiosos para discutir plano de ação conjunto
pela proteção de crianças e adolescentes, Acessoria de Comunicação do UNICEF. Brasília, 27 de maio de
2013. Disponível em <http://www.unicef.org/brazil/pt/media_25510.htm> Acesso em 15 agosto 2013.
40
CAPÍTULO 3
POR UMA PRÁXIS PASTORAL VOLTADA ÀS
CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL
Este capítulo, além de ter por finalidade apresentar exemplos de programas e projetos
direcionados ao cuidado com as crianças em situação de risco social, visa provocar uma
reflexão junto a líderes de nossas igrejas locais, tanto clérigos/as como leigos/as, que leve-os a
um despertar missionário com ações práticas diante do tema em discussão.
Isto se dá devido à percepção de que a maioria das igrejas tem se ocupado em cuidar
apenas das crianças que freqüentam seus templos, o que realmente é necessário, mas o
comissionamento dado por Jesus é a proclamação das boas novas do Evangelho para todas as
nações, levando a notícia para todas as crianças que delas é o Reino de Deus.
Cabe ressaltar que o papel das igrejas não se resume a um assistencialismo filantrópico
que tem sido praticado no decorrer dos séculos, como já mencionado no Capítulo 2, mas na
vivência do evangelho do Reino onde o amor e a solidariedade, o desejo pela paz e a sede de
justiça devem emanar dos corações daqueles e daquelas que professam a sua fé no Cristo, e
assim pela ação do Espírito Santo, vidas poderão ser transformadas integralmente.
A igreja é considerada uma instituição social, dentro dos conceitos da sociologia. É um
grupo formado por indivíduos que interagem socialmente, regidos por normas
comportamentais, com base em valores e princípios pré-estabelecidos. Algumas de suas
funções são: a promoção da sociabilidade, o fortalecimento da coesão social e o aumento da
solidariedade grupal62
. Assim, cabe a ela se engajar em ações educativas com ênfase na
62
DIAS, Reinaldo. Introdução à Sociologia. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. p. 6, 108, 261-
263.
41
liberdade, igualdade e respeito entre as pessoas63
, podendo contribuir efetivamente para a
transformação dessa realidade.
3.1 Conscientização para uma prática pastoral com a infância
Diante da reflexão bíblico-teológica apresentada no Capítulo 1 e da descrição atual que
se encontra grande parte da infância do nosso País no Capítulo 2, nota-se que há muitos
desafios a serem enfrentados que evocam por parte das igrejas uma práxis mais incisiva.
Dentre esses desafios está a necessidade de uma mudança de postura no fazer teológico
(reflexão e práxis) que confronte a atual teologia que anda em concordância com o sistema
econômico capitalista vigente, onde as igrejas tem se amoldado às estruturas empresariais,
cuja finalidade principal é o lucro. E refletindo sobre isso, Carlos Queiroz afirma:
Se você quer saber se a igreja tem a maquete de um grande negócio, pergunte
quantas crianças participam das atividades. Como elas não pagam a conta, são
excluídas ou tidas como secundárias na empresa religiosa, que não se interessa pela
criança como cliente64
Ainda refletindo sobre a citação acima, talvez fosse correto afirmar que as crianças tidas
como secundárias sejam àquelas filhos/as de pais que podem contribuir financeiramente no
negócio religioso, as quais são retiradas das celebrações cúlticas para não atrapalhar os
adultos. As excluídas são os filhos/as de pessoas que vivem sem condições financeiras para
fazer parte deste novo modelo de igreja, o empresarial.
É necessário abrir um parágrafo aqui, quando se menciona a participação das crianças
nas celebrações cúlticas, embora este não seja o tema central abordado, mas percebe-se que
em muitas igrejas as crianças têm sido excluídas do momento do culto. Helena Maria Vieira
Borges Aredes, em sua dissertação de mestrado A criança como agente da ação de Deus no
Culto Metodista65
, descreve em uma pesquisa de campo, feita através da observação dos
cultos de quatro Igrejas Metodistas na cidade de Campinas, que sua participação é mínima e
por vezes, indiretamente inexistente. No relato de suas visitas aos cultos, o máximo que
63
MELO, Delâine Cavalcanti Santana de; Blackburn, Jane Menezes. Sobre políticas públicas. In: GORGAL,
Alicia Casas; GOYRET, Maria Eugenia (Organizadoras). Mãos à Oficina – Manual Metodológico do
Programa CLAVES: Brincando nos fortalecemos para enfrentar situações difíceis. Uma proposta de
Prevenção dos Maus-Tratos e da Violência Sexual por meio de oficinas com crianças e adolescentes. 3. ed.
São Paulo: LWC Gráfica e Editora Ltda., 2012. p. 109. 64
QUEIROZ, Carlos. Deus na criança. In:DIAS, Lissander; FASSONI, Klênia; PEREIRA, Welinton
(Organizadores). Uma criança os guiará – por uma Teologia da Criança. Viçosa, MG: Ultimato, 2010. p.53. 65
AREDES, Helena Maria Vieira Borges. A criança como agente da ação de Deus no culto metodista. 1997.
218p. Mestrado em CIENCIAS DA RELIGIAO, São Bernardo do Campo. p. 144-191.
42
acontecia era chamar as crianças até a frente para receberem oração e em seguida eram
encaminhadas para o culto infantil. Em nenhum momento foi dado às crianças a oportunidade
de participarem ativamente na liturgia, através da leitura de um texto bíblico, da oração, do
louvor ou apresentações de cânticos, salvo em datas comemorativas como Páscoa, Natal e Dia
das Crianças. A data da pesquisa se deu no ano de 1997, e atualmente o que observa-se é que
em muitas igrejas a participação da criança no culto é diretamente inexistente, porque assim
que chegam, em alguma igrejas, são levadas ao espaço reservado para o culto infantil. Ainda
que a justificativa seja de que elas possam ouvir a palavra em sua própria linguagem, o mais
adequado seria que apenas no momento da pregação elas fossem encaminhadas a outro
espaço, ou uma alternativa que demandaria maior preparo e esforço do pastor e da pastora é
que este/a pregasse primeiro na linguagem delas, deixando-as participar de todo o culto.
Sendo o culto público conceituado como ...uma parcela do serviço total do povo de Deus, no
qual o Senhor vem ao seu encontro...66
, é necessário que elas participem da liturgia, pois além
de fazerem parte deste povo, de acordo com as palavras de Jesus elas têm a prioridade. Nesta
prática, estará se promovendo o acolhimento e o empoderamento das crianças no seio da
comunidade. Porém, este assunto seria tema para outra pesquisa monográfica.
As igrejas precisam ser conscientizadas da sua responsabilidade para com as crianças,
do seu papel profético de denúncia dos pecados cometidos contra elas, promovendo e
defendendo seus direitos. Também é necessário que dentro do ensino pedagógico na igreja
estas sejam incluídas não apenas como alvo do ensino, mas que espaços se abram para que
elas possam expressar o que Deus tem a nos dizer através delas. Isso pode ser feito através da
sensibilização e capacitação primeiramente dos educadores/as (líderes eclesiásticos e
leigos/as), e após estender a visão a toda à comunidade de fé local, para que em unidade
possam atuar no bairro em que a igreja está inserida propagando sua ação, para que exerça
influência numa esfera mais ampla (outros bairros, alcançando por fim toda a cidade).
A seguir serão apresentados meios pelo qual o processo, que inicia-se na
conscientização através da sensibilização da necessidade da ação pastoral (entenda-se por
pastoral a poimênica que envolve toda a comunidade de fé), até sugestões de ações práticas
que já têm sido desenvolvidas.
66
IGREJA METODISTA. Cânones da Igreja Metodista 2012-2016. Piracicaba: Equilibrio, 2012. p. 68.
43
3.2 Redes Sociais cristãs
São iniciativas que visam reunir ONGs e diversas denominações religiosas cristãs com
projetos sociais com objetivos comuns, a fim de juntas trocarem experiências, somarem
esforços, compartilharem recursos e refletirem sobre temas relacionados aos problemas
sociais, dentre eles à proteção e a promoção dos direitos das crianças e adolescentes. Atuam
nas esferas local, regional, nacional e internacional, formando assim uma organização
estratégica e política mais ampla para estimular, articular e implementar ações conjuntas neste
âmbito.
Débora Fahur, coordenadora do Grupo Gestor da Rede Evangélica Nacional de Ação
Social, comenta: Essa tendência que se reforça a cada dia, é sustentada pelo esforço de cada
participante, evita a duplicação de esforços, a saída do isolamento e resulta em
fortalecimento e poder de influência no campo da ação social.67
Fahur também afirma que esta aproximação mostra um amadurecimento em suas ações,
pois ao invés de adotarem a lógica de uma política assistencialista pontual, promovem ações
alicerçadas nos princípios de direito e cidadania.68
Queiroz aponta algumas características necessárias para redes evangélicas, na qual ele
explica que o termo evangélica não se refere a uma denominação religiosa, mas a grupo de
pessoas comprometidas com o anúncio da boa nova sobre Jesus Cristo. Resumidamente
seriam: a) estarem sempre em movimento e transformação, buscando uma humanidade plena
e uma sociedade mais justa e fraterna; b) serem democráticas, onde todos tenham os mesmos
direitos de participação, independente de sua visibilidade; c) voltarem-se para suprir as
debilidades dos outros; e d) aliarem-se aos pobres, empobrecidos, marginalizados e oprimidos
como parceiros prioritários.69
A seguir serão apresentados alguns exemplos de redes sociais cristãs que tem firmado
um compromisso com a proteção e a promoção dos direitos das crianças em situação de risco
social.
67
FAHUR; Débora L. dos Santos. A natureza e o papel das ONGs e denominações evangélicas no terceiro
setor no Brasil. In: BRITO, Paulo Roberto B. de; Fahur; Débora L. dos Santos; Fassoni; Klênia César. ET
al. Jardim da Cooperação: evangelho, redes sociais e economia solidária. Viçosa, MG: Ultimato, 2008. p.
115. 68
Idem, p. 115. 69
Idem, p. 14-15.
44
3.2.1 RENAS
A RENAS – Rede Evangélica Nacional de Ação Social é uma ampla rede de
relacionamentos entre organizações evangélicas que tem atuação na área social. Tem como
principais propósitos: incentivo da criação de novas redes sociais locais, regionais e temáticas
em áreas onde a atuação social se faz necessária, promovendo seu fortalecimento; articular e
mobilizar as redes com ações pró-ativas transformadoras no campo das políticas públicas; ser
uma facilitadora na comunicação entre os atores sociais ligados a rede e a outros que se
interessarem no assunto; gerir o cumprimento da missão a que se propõe as quais estão
elencadas nestes propósitos; promover a capacitação dos atores sociais; servir como um
centro de informação a fim de facilitar os planejamentos estratégicos da Rede e seus filiados;
promover parcerias e alianças entre organizações e/ou pessoas que possuem objetivos comuns
aos da RENAS; organizar eventos e encontros que promovam a construção de novos
relacionamentos e um trabalho em conjunto; organizar e lançar campanhas com temáticas na
área social envolvendo diversos setores da sociedade como igrejas, organizações, escolas,
governo e outros. 70
São e podem ser integrantes da RENAS: organizações evangélicas de ação social
(associações filantrópicas, entidades, fundações, OSCIPs – Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público); igrejas evangélicas (departamentos de ação social); movimentos
evangélicos e organizações representativas e por segmento, que atuem na área social; redes
locais, regionais e temáticas.
Porém, para uma igreja local que não tenha uma organização consolidada na área de
ação social, a RENAS através de sua página na internet, disponibiliza informações, divulga
campanhas incentivando pessoas que querem se comprometer com a visão cristã de sinalizar o
Reino de Deus e promove conferências e seminários com temáticas sociais, sobretudo no que
se refere à proteção e a promoção dos direitos das crianças em situação de risco social.
Dois exemplos de campanhas divulgadas pela RENAS são a Campanha Bola na Rede,
que teve como objetivo o combate a exploração do turismo sexual de crianças e adolescentes,
no período da Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil; e a Campanha de Vacinação contra
os maus tratos às crianças e adolescentes, originada no Uruguai, através do Programa Claves
da Juventud para Cristo (JPC), com o fim de sensibilizar a comunidade sobre a violência
praticada no cotidiano contra as crianças e adolescentes. As informações sobre como fazer a
70
RENAS – Rede Evangélica Nacional de Ação Social. Disponível em <http://renas.org.br/nossa-missao/>.
Acesso em 10/06/2014.
45
última campanha mencionada, também encontram-se disponíveis no site da Rede Mãos
Dadas, filiada a RENAS.
Cursos de capacitação para se trabalhar com essas temáticas são oferecidos, havendo
uma programação anual com datas pré-estabelecidas para a realização dos mesmos em
diferentes cidades do Brasil, geralmente nas capitais dos Estados da Federação.
Diante da proposta da RENAS toda comunidade cristã pode se colocar a serviço do
Reino de Deus em meio àquelas que Jesus colocou no centro, as crianças.
3.2.2 Projeto Sombra e Água Fresca
O Projeto Sombra e Água Fresca é uma rede de projetos da Igreja Metodista, que
atende crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos, para ser desenvolvido nas igrejas locais,
que tem como missão formar uma rede de apoio e proteção à criança e ao adolescente. O
projeto acontece no mínimo duas vezes por semana, apresentando uma proposta pedagógica
extracurricular, através de oficinas que visam promover o desenvolvimento físico,
emocional, intelectual, espiritual e social do público alvo.
Envolver-se com a família da criança ou do adolescente que participa do projeto é
considerado como essencial na proposta de trabalho. No caderno motivador do projeto são
expostos os seguintes argumentos:
As ações e programas que vêm obtendo melhores resultados no atendimento à
criança e ao adolescente caracterizam-se pela interação regular com as famílias, seja
aliando-se a elas inicialmente para atender as crianças, seja organizando sua
participação sistemática nos trabalhos, seja conduzindo a reaproximação da criança
com sua família.
(...) não é possível contribuir para o desenvolvimento integral das crianças se não
conhecermos sua história de vida e seu contexto familiar. Na verdade, o
envolvimento da família é também crucial para o próprio conhecimento da
realidade, sem o qual não é possível deslanchar um programa ou ação e obter
êxito.71
O envolvimento com a família ocorre de diversas maneiras, desde o primeiro contato
através da inscrição da criança e o adolescente no projeto, até em reuniões onde os pais e
responsáveis são convidados para decidirem em conjunto com a equipe sobre ações a serem
desenvolvidas, para que se sintam co-responsáveis.
71
PROJETO SOMBRA E ÁGUA FRESCA. Geral dos Cadernos Motivadores. Disponível em
<http://200.98.140.165/wp-content/uploads/2014/02/geral_dos_cadernos_motivadores.pdf> p. 7. Acesso em
15/07/2014.
46
Crianças, adolescentes, educadores/as, famílias, igrejas e comunidade participam na
construção do projeto desde a elaboração, execução, desenvolvimento, sustento e avaliação.
No que se refere à proposta dos conteúdos programáticos estão a educação cristã,
acompanhamento escolar, esporte e recreação, cultura e expressão artística, saúde integral,
cidadania e informática. Cabe ressaltar que o projeto pode ser desenvolvido aos poucos, isto é,
não é obrigatório que se cumpra todo o conteúdo programático que foi exposto. O ideal é que
se comece com pelo menos dois desses conteúdos e vá se ampliando com o decorrer do
tempo.
O projeto tem na sua estrutura a equipe local, responsável pela organização do
planejamento e pelo treinamento e assistência aos voluntários/as, os/as quais desempenharão
as atividades referentes aos conteúdos programáticos estabelecidos. A equipe regional,
responsável pela análise da conjuntura regional, análise e avaliação dos projetos locais,
acompanhamento das equipes locais com seus voluntários/as, promoção de encontros de
capacitação para as equipes locais, levantamento de recursos financeiros e didáticos para
subsidiar as equipes locais e regionais. Por fim, a equipe nacional, que coordena e treina as
equipes regionais, produz o material educacional e avalia o projeto a nível nacional.
O projeto Sombra e Água Fresca também disponibiliza uma página na internet contendo
todas as informações necessárias para implantação do mesmo, disponibilizando os materiais
didáticos para aquisição das igrejas que tiverem o interesse de implantá-lo.
3.2.3 Pepe
O Programa de Educação Pré-Escolar – PEPE72
é um projeto desenvolvido por Igrejas
Batistas, criado pela missionária pedagoga Georgina Christine, da mesma denominação, e tem
o propósito de preparar crianças que vivem em comunidades carentes para entrarem no ensino
fundamental, sendo uma ação pró-ativa para que as crianças tenham êxito tanto no aspecto
educacional como social.
O programa tem como objetivo proporcionar dentro de um ambiente cristão uma
educação básica de boa qualidade e com princípios cristãos às crianças de 4 a 6 anos
provenientes de famílias de baixa renda, desenvolvendo sua autoconfiança e habilidades
sociais para que possam ser capacitadas a fazerem uma boa transição para o ensino
72
PEPE-NETWORK: Disponível em <http://www.pepe-network.org/index.php?page=downloads>. Acesso em
15/07/2014.
47
fundamental. Assim, o PEPE tem sido uma ferramenta útil para as igrejas sinalizarem o reino
de Deus em comunidades carentes.
Seu currículo tem como base o currículo nacional de educação e é desenvolvido através
de projetos com temas variados, que visam o desenvolvimento da identidade, auto-estima,
saúde física, emocional e espiritual e relacionamento social. Para aplicação do PEPE, os
educadores passam por um treinamento, além de receberem acompanhamento para reciclarem
os conhecimentos.
Este programa, que teve início em uma comunidade carente em São Paulo, atualmente
está sendo aplicado em diversos países como Moçambique, Senegal, Guiné Bissau, Guiné,
Conacri, Serra Leoa, Mali, Angola, África do Sul, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe, e Norte da África, Paraguai, Chile, Bolívia, Equador, Peru, Colômbia, Argentina,
Haiti, República Dominicana. A expansão do PEPE em nível global foi possível através da
parceria com a Junta de Missões Mundiais – JMM, Sociedade Missionária Britânica e a
ABIAH (Associação Batista de incentivo e apoio ao homem).
Dentro do programa, cabe destacar que os educadores/as, uma vez por mês, realizam
visitas as famílias das crianças. Isto é muito importante, pois assim conhecem melhor o
ambiente que a criança vive no seu dia a dia, ajudando a compreender melhor suas
necessidades. A multiplicação da implantação deste projeto se dá devido ao baixo custo,
sendo necessária uma sala apropriada para ensino, podendo ser da própria igreja local,
material escolar e espaço para as crianças brincarem. O material didático é fornecido pela
própria rede do PEPE, bem como todo o apoio técnico e orientação para a implementação
do programa.
A ABIAH responsável pelo suporte técnico e de treinamento é aberta a parcerias com
outras instituições que se interessarem em adotar o PEPE, possibilitando que o programa
atue também na dimensão interdenominacional.
3.3 Por uma práxis do cuidado.
O cuidado de Jesus com as crianças vai além do retrato registrado por vários artistas,
inspirados pela passagem bíblica de Jesus as abençoando e pegando algumas no colo. Vários
exemplos de passagens bíblicas que descreviam esse cuidado de Jesus para com os
pequeninos/as foram mencionados no primeiro capítulo.
48
Num tempo em que muito se fala sobre discipulado, faz-se necessário que aquilo que o
Mestre ensinou seja colocado em prática nas igrejas. As crianças não devem ser consideradas
como parte menos importante dentro de uma comunidade, ao contrário devem ter prioridade,
pois delas é o Reino. E aquelas que se encontram mais necessitadas tem o direito de
receberem maior atenção e cuidado, conforme os textos referidos no segundo capítulo da ação
de Jesus com as crianças nos Evangelhos, e também a instrução da carta de Tiago, capítulo 1
versículo 27, ao dizer que os órfãos (as crianças mais necessitadas daquela época) devem ser
assistidos por aqueles que buscam servir a Deus de maneira íntegra.
Cabe também assinalar que pastores e pastoras devem dispensar a elas o mesmo
cuidado que dispensam aos adultos. Assim como uma pessoa adulta, a criança também deve
ser ouvida em suas necessidades, receber oração, ser acompanhada, visitada, discipulada e
incluída nas celebrações cúlticas no caso de participar de uma comunidade eclesial.
Em qualquer trabalho que a igreja realize voltado para crianças, especialmente as que se
encontram em risco social, é importantíssimo que elas sejam participantes ativas,
principalmente ao tratar de questões que irão afetá-las. Glenn Miles afirma que elas além de
terem a percepção do por que se encontram em situação de risco, elas podem também apontar
possíveis soluções, pois elas convivem com o problema no seu dia a dia. Miles ainda afirma:
Crianças devem ser ouvidas não porque elas nunca estão erradas, mas porque os adultos
nem sempre estão certos e algumas vezes os adultos podem tomar decisões que visam manter
seu poder sobre as crianças do que considerar o que seria melhor para elas.73
Para isso se faz
necessário buscar métodos criativos para que a possibilidade de dar voz a elas seja alcançada.
Josephine-Joy Wright74
explica que ouvir é parte do processo dinâmico da
comunicação, o qual envolve compreensão e reações adequadas aos sinais usados para indicar
bem-estar emocional, intelectual, espiritual e físico no processo interativo. Se houver falha em
ouvir, haverá falha em se comunicar. Para ela ser testemunha de Cristo, consiste também em
ouvir o outro, sendo esta uma das dimensões do testemunho cristão.75
73
MILES, Glenn. Key Issues in Listening to Children. Introduction. In: MILES, Glenn; WRIGHT, Joy.
Celebrating children: equipping people working with children and young people living in difficult
circumstances around the world. 2. ed. Cumbria (UK): Paternoster, 2006. p. 63. Traduzido do inglês pela
autora. 74
JOSEPHINE-JOY WRIGHT: formada em psicologia e atua dentro da Viva Network desenvolvendo cursos
na área internacional para treinamento de voluntários que trabalham com crianças em situação de risco. Atua
também na National Health Service (NHS), na Inglaterra, como consultora de psicologia clínica com
crianças e adolescentes. 75
WRIGHT, Josephine-Joy. Listening to children and enabling their involvement. In: MILES, Glenn;
WRIGHT, Joy. Celebrating children: equipping people working with children and young people living in
difficult circumstances around the world. 2. ed. Cumbria (UK): Paternoster, 2006. p. 64.
49
Finalizando, Jesus é o exemplo maior de como se deve proceder. No seu relacionamento
com os discípulos o processo de ensino-aprendizagem era diário e Ele constantemente os
ouvia, compreendia suas reações e se comunicava com eles. Que o seu exemplo possa ser o
alvo para o desenvolvimento desta práxis pastoral com crianças em situação de risco social.
50
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Teologia da Criança tem contribuído de maneira inestimável, para um despertar da
igreja quanto aos valores do Reino. Seus articuladores/as têm atuado como voz profética no
meio eclesial, denunciando à omissão da ação da igreja com e entre os pequeninos/as, os/as
quais têm a prioridade no Reino de Deus.
Infelizmente, o sectarismo dentro das comunidades cristãs tem aumentado a cada dia.
A separação de grupos de homens e mulheres adultos, jovens, adolescentes, crianças e
atualmente terceira idade, justificada para um melhor atendimento e ensino pedagógico na
igreja, na verdade revela uma hierarquização de faixa etária e de gênero em seu contexto. E
nesta hierarquia a criança e o idoso estão em último lugar, mostrando a inversão dos valores
do Reino de Deus que tem como fundamento a igualdade, em que as crianças têm prioridade
e os idosos devem ser honrados.
Observa-se que muitas igrejas, além de não exercerem seu papel profético de denúncia
contra a injustiça praticada contra as crianças, quando não as excluem de sua agenda,
consideram-nas como instrumento de proselitismo de seus pais ou responsáveis, não
enxergando-as como seres humanos tão importantes quanto os adultos. Uma das razões para
tanto é que elas não apresentam retorno financeiro, dentro do atual modelo de igrejas
empresariais, cujo objetivo final, ainda que às vezes disfarçado, é o lucro. Assim, percebe-
se o quão equivocada está a compreensão e a ação missionária da igreja diante do
Evangelho do Reino de Deus.
Diante do atual quadro das crianças em situação de risco social no Brasil, seria correto
afirmar que a igreja é uma das responsáveis por esta situação degradante, pois em sua
grande maioria, não exercem seu papel como igreja cidadã, julgando que ações sociais são
responsabilidades apenas dos governantes, através das políticas públicas. Se fosse assim, a
51
igreja do primeiro século não teria sido tão respeitada e admirada, pois esta cuidava das
crianças abandonadas pelos romanos, devido suas imperfeições ou simplesmente pela sua
aparência indesejada, cumprindo assim seu papel testemunhal.
Cabe também considerar, que antes das ações voltadas a minimizar as conseqüências
desta realidade, é necessário que a igreja que deseja se comprometer com as questões que
afetam milhões de crianças, colocando-as em risco, uma nova perspectiva acerca do fazer
teológico não apenas acerca da criança, mas também com a criança. É fazer o que Jesus fez,
trazer a criança para o meio, para que ela seja empoderada e tratada com a devida
dignidade, pois também é imagem e semelhança de Deus.
Diante do que foi apresentado sugere-se que as comunidades cristãs estabeleçam uma
relação saudável, concreta e significativa com as crianças. Isso pode ter início através da
promoção da inclusão das crianças, onde estas tenham espaços que lhes dêem a
oportunidade participativa nas atividades usando sua própria linguagem e percepção diante
da compreensão do Evangelho do Reino. O exercício de uma igreja cidadã também é
importante, para que a comunidade assuma seu papel na luta e defesa dos direitos da
criança. Outra indicação é a adoção das práticas relacionadas com o cuidado com as
crianças, onde as igrejas podem buscar modelos já existentes, alguns mencionados no
Capítulo 3, e adaptá-los de acordo com sua realidade.
Como extensão desta pesquisa, sugere-se a abordagem de outros temas relacionados a
ela de maneira mais detalhada como a violência infantil, o abuso sexual praticado contra
crianças e adolescentes, os motivos que levam o crescimento da marginalização de crianças
e adolescentes, e também como referido em um dos parágrafos do Capítulo 3, a inclusão da
criança na participação da liturgia do culto. Outro assunto de extrema relevância que
também pode ser objeto de pesquisa é o Aconselhamento Pastoral com crianças,
pouquíssimo discutido no âmbito acadêmico.
Enfim, grandes são os desafios encontrados no acompanhamento pastoral com
crianças, especialmente as que se encontram em situação de risco social. Que esta pesquisa,
assim como outras já existentes possa ser uma ferramenta e um instrumento de inspiração
para que estes desafios sejam enfrentados.
52
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MILES, Glenn ; WRIGHT, Josephine-Joy. Celebrating children: equipping people working
with children and young people living in difficult circumstances around the world. 2. ed.
Cumbria (UK): Paternoster, 2006. 439 p.
54
O TAMANHO do desafio: Porque para Deus nada é impossível. Mãos Dadas. Ed. 2.
Viçosa, MG, nov. 2001. Disponível em <http://www.redemaosdadas.org/maos-dadas/ed-2-
criancas-e-adolescentes-em-situacao-de-risco-por-que-se-importar/capa/o-tamanho-do-
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PEPE-NETWORK: Disponível em <http://www.pepe-
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PEREIRA, Welinton; SEGURA, Harold (Organizadores). Para falar de criança: Teologia,
Bíblia e Pastoral da Criança. Rio de Janeiro: Novos Diálogos, 2012. 198 p.
PROJETO SOMBRA E ÁGUA FRESCA. Geral dos Cadernos Motivadores. Disponível em
<http://200.98.140.165/wp-content/uploads/2014/02/geral_dos_cadernos_motivadores.pdf>
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REDE MÃOS DADAS. Disponível em <http://ultimato.com.br/sites/maosdadas/quem-
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RENAS – Rede Evangélica Nacional de Ação Social. Disponível em
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SANTOS, J. F. Por que se importar? Porque são muitas e estão sofrendo. Mãos Dadas. Ed. 2.
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criancas-e-adolescentes-em-situacao-de-risco-por-que-se-importar/capa/por-que-se-importar-
porque-sao-muitas-e-estao-sofrendo/>, acesso em 26 novembro 2012.
SCHWANTES, Milton (Coordenador). Estudos Bíblicos 54. Crianças na Bíblia. Petrópolis:
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TEARFUND, The Evangelical Alliance Rellief (TEAR) Fund. Disponível em
<http://www.tearfund.org/> Acesso em 28/01/2014.
UNICEF. Imprensa. Números do trabalho infantil doméstico no Brasil preocupam diz
FNPETI. Brasília, 12 junho 2013. Disponível em
<http://www.unicef.org/brazil/pt/media_25610.htm>, acesso em 13/03/2014.
UNICEF. Nossas prioridades. Infância e adolescência no Brasil. Disponível em
http://www.unicef.org/brazil/pt/activities.html. Acesso em 15 janeiro 2014.
UNICEF. Situação da infância e da adolescência brasileira em 2009. Direito de Apender.
Mapas e Tabelas. Disponível em: <http://www.unicef.org/brazil/pt/Mapas_e_tabelas.pdf>.
Acesso em 15 janeiro 2014.
VISÃO MUNDIAL INTERNACIONAL. Disponível em <http://www.visaomundial.org.br/>
Acesso em 28/01/2014.
VIVA NETWORK. Disponível em <http://www.viva.org> Acesso em 28/01/2014.
55
Anexo A – Artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente referidos no Capítulo 2.
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às
pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes,
por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de
dignidade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à
infância e à juventude.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e
perinatal.
§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, segundo critérios
médicos específicos, obedecendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização do
Sistema.
56
§ 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a
acompanhou na fase pré-natal.
§ 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele
necessitem.
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe,
no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do
estado puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 5o A assistência referida no § 4
o deste artigo deverá ser também prestada a gestantes
ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar condições
para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação
de criança ou adolescente.
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou
degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente
comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras
providências legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014)
Parágrafo único. As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos
para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas à Justiça da Infância e da
Juventude. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e
odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população
infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.
Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas
autoridades sanitárias.
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e
comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias
entorpecentes.
§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento
familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses,
devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de
57
reintegração familiar ou colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades
previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2o A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento
institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que
atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade
judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3o A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à sua família terá
preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em
programas de orientação e auxílio, nos termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV
do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Incluído pela Lei
nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4o Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de
liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de
acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização
judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a
destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas
para a infância e a juventude.
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na
condição de aprendiz. (Vide Constituição Federal)
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente
poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino
fundamental;
IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao
adolescente;
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou
ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a
alcoólatras e toxicômanos;
58
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente
poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino
fundamental;
IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao
adolescente;
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou
ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a
alcoólatras e toxicômanos;
VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010,
de 2009) Vigência
IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e
excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo
esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de
liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de
violência ou abuso sexual e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento
da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade
judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha
legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao
responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.(Incluído pela Lei nº 12.010,
de 2009) Vigência
§ 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que
executam programas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma
Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará,
dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu responsável, se
conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
59
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos de
referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua
guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio familiar. (Incluído pela
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade
responsável pelo programa de acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano
individual de atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem
escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciária competente, caso em que
também deverá contemplar sua colocação em família substituta, observadas as regras e
princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 5o O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do
respectivo programa de atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou do
adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
§ 6o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente
acolhido e seus pais ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta
vedada por expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a serem tomadas
para sua colocação em família substituta, sob direta supervisão da autoridade
judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência
dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que
identificada a necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais de
orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato com a
criança ou com o adolescente acolhido. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 8o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o responsável pelo programa
de acolhimento familiar ou institucional fará imediata comunicação à autoridade judiciária,
60
que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual
prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 9o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do
adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou
comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao
Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a
expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução
da política municipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destituição do poder
familiar, ou destituição de tutela ou guarda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o
ingresso com a ação de destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização
de estudos complementares ou outras providências que entender indispensáveis ao
ajuizamento da demanda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro
contendo informações atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento
familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a
situação jurídica de cada um, bem como as providências tomadas para sua reintegração
familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor
da Assistência Social e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e
da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação de políticas
públicas que permitam reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do convívio
familiar e abreviar o período de permanência em programa de acolhimento.(Incluído pela Lei
nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10 de outubro de
1979 (Código de Menores), e as demais disposições em contrário.
Fonte: BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e
do Adolescente e dá outras providências. Art. 1º. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em 15 janeiro 2014.
61
ANEXO B - Estatísticas
Indicadores básicos Classificação por mortalidade de menores de 5 anos, 2012 120
Taxa de mortalidade menores de 5 anos, 1990 62
Taxa de mortalidade menores de 5 anos, 2012 14
Taxa de mortalidade menores de 5 anos por sexo, 2012, masculino 16
Taxa de mortalidade menores de 5 anos por sexo, 2012, feminino 13
Taxa de mortalidade infantil (menores de 1 ano), 1990 52
Taxa de mortalidade infantil (menores de 1 ano), 2012 13
Taxa de mortalidade neonatal, 2012 9
População Total (milhares), 2012 198656
Número anual de nascimentos (milhares), 2012 3008.5
Número anual de mortes de menores de 5 anos (milhares), 2012 42
RNB (Renda Nacional Bruta) per capita (US$), 2012 11630
Expectativa de vida ao nascer (anos), 2012 73.7
Taxa total de alfabetização de adultos (%) 2008-2012* 90.4
Taxa líquida de matrículas na escola primária (%) 2008-2011* –
DEFINIÇÃO DOS INDICADORES
Taxa de mortalidade de menores de 5 anos – Probabilidade de morrer entre o nascimento e exatamente
5 anos de idade, por mil nascidos vivos.
Taxa de mortalidade de bebês – Probabilidade de morrer entre o nascimento e exatamente 1 ano de
idade, por mil nascidos vivos.
Taxa de mortalidade neonatal – Probabilidade de morrer durante os primeiros 28 dias de vida, por mil
nascidos vivos.
RNB per capita – Renda Nacional Bruta (RNB) é a soma do valor da contribuição de todos os produtores
nacionais, acrescida de todos os impostos (menos subsídios) que não são incluídos na avaliação da
produção, mais as receitas líquidas de rendas primárias (pagamento de empregados e rendas de
propriedades) provenientes de fontes externas. A RNB per capita é a renda nacional bruta dividida pela
população na metade do ano. A RNB per capita é convertida em dólares americanos pelo método do
World Bank Atlas.
Expectativa de vida ao nascer – Número de anos que um recém-nascido viveria estando sujeito aos
riscos de morte que, no momento de seu nascimento, são prevalentes para aquele grupo representativo da
população.
Taxa de alfabetização de adultos – Número de indivíduos com 15 anos de idade ou mais que são
alfabetizados como porcentagem da população total nesse grupo etário.
Taxa líquida de matrículas na escola primária – Número de crianças matriculadas na escola primária ou
na escola secundária, com idade oficial para a escola primária, expresso como porcentagem do número
total de crianças na idade oficial para a escola primária. Devido à inclusão de crianças com idade de
frequentar a escola primária e que estão matriculadas na escola secundária, também é possível referir-se a
este indicador como razão líquida ajustada de matrículas na escola primária.
PRINCIPAIS FONTES DE DADOS
Taxas de mortalidade de menores de 5 anos e de bebês – Grupo Interagências das Nações Unidas para
Estimativas sobre Mortalidade Infantil (UNICEF, Organização Mundial da Saúde, Divisão de População
das Nações Unidas e Banco Mundial).
Taxa de mortalidade neonatal – Organização Mundial da Saúde, utilizando sistemas de registro civil,
sistemas de vigilância e levantamentos domiciliares.
População total e nascimentos – Divisão de População das Nações Unidas.
Mortes de menores de 5 anos – Grupo Interagências das Nações Unidas para Estimativas sobre
Mortalidade Infantil (UNICEF, Organização Mundial da Saúde, Divisão de População das Nações Unidas
e Banco Mundial).
RNB per capita – Banco Mundial.
Expectativa de vida ao nascer – Divisão de População das Nações Unidas.
Taxa de alfabetização de adultos e taxa líquida de matrículas na escola primária – Instituto da
Unesco para Estatísticas (IUE).
62
NOTAS
– Dados não disponíveis.
* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no item.
Nutrição
Baixo peso ao nascer (%) 2008-2012* 8.4
Início imediato do aleitamento materno (%), 2008-2012* 67.7
Aleitamento materno exclusivo < de 6 meses (%), 2008-2012* 41
Introdução de alimentos sólidos, semissólidos e macios 6-8 meses (%), 2008-2012* 69.9
Aleitamento materno aos 2 anos (%), 2008-2012* 25.2
Baixo peso (%) 2008-2012*, moderado & grave 2
Baixo peso (%) 2008-2012*, grave –
Retardo de crescimento (%) 2008-2012*, moderado & grave 7
Marasmo (%) 2008-2012*, moderado & grave 2
Sobrepeso (%) 2008-2012*, moderado & grave 7.3
Cobertura total de suplementação de vitamina A (%) 2012 –
Consumo de sal iodado (%) 2008-2012* 95.7
DEFINIÇÃO DOS INDICADORES
Baixo peso ao nascer – Porcentagem de bebês que pesam menos de 2,5 quilos ao nascer.
Início imediato do aleitamento materno – Porcentagem de bebês que começam a ser amamentados pela
mãe em até uma hora após o nascimento.
Aleitamento materno exclusivo (< 6 meses) – Porcentagem de crianças entre o nascimento e 5 meses de
idade que foram alimentadas exclusivamente com leite materno até o dia anterior à pesquisa.
Introdução de alimentos sólidos, semissólidos ou macios (6-8 meses) – Porcentagem de crianças entre 6
e 8 meses de idade que receberam alimentos sólidos, semissólidos ou macios até o dia anterior à pesquisa.
Aleitamento materno aos 2 anos de idade – Porcentagem de crianças entre 20 e 23 meses de idade que
foram alimentadas com leite materno até o dia anterior à pesquisa.
Baixo peso – Moderado e grave: porcentagem de crianças entre o nascimento e 59 meses de idade com
peso inferior a menos dois desvios-padrão do peso mediano para a idade, de acordo com os Padrões da
OMS para Crescimento Infantil. Grave: porcentagem de crianças entre o nascimento e 59 meses de idade
com peso inferior a menos três desvios-padrão do peso mediano para a idade, de acordo com os Padrões da
OMS para Crescimento Infantil.
Retardo de crescimento (OMS) – Moderado e grave: porcentagem de crianças entre o nascimento e 59
meses de idade com altura inferior a menos dois desvios-padrão da altura mediana para a idade, de acordo
com os Padrões da OMS para Crescimento Infantil.
Marasmo (OMS) – Moderado e grave: porcentagem de crianças entre o nascimento e 59 meses de idade
com peso inferior a menos dois desvios-padrão do peso mediano para a altura, de acordo com os Padrões
da OMS para Crescimento Infantil.
Sobrepeso – Moderado e grave: porcentagem de crianças entre o nascimento e 59 meses de idade com
peso superior a dois desvios-padrão do peso mediano para a altura, de acordo com os Padrões da OMS
para Crescimento Infantil.
Cobertura total da suplementação com vitamina A – Porcentagem estimada de crianças entre 6 e 59
meses de idade que receberam duas doses de suplemento de vitamina A.
Consumo de sal iodado – Porcentagem de famílias que consomem sal iodado em dose adequada (15
partes por milhão ou mais).
PRINCIPAIS FONTES DE DADOS
Baixo peso ao nascer – Pesquisas de Demografia e Saúde (DHS), Pesquisas por Agrupamento de
Indicadores Múltiplos (MICS), outros levantamentos domiciliares nacionais, dados extraídos de sistemas
de relatórios de rotina, UNICEF e OMS.
Aleitamento materno – DHS, MICS, outros levantamentos domiciliares nacionais e UNICEF.
Baixo peso, retardo de crescimento e marasmo – DHS, MICS, outros levantamentos domiciliares
nacionais, OMS e UNICEF.
Suplementação com vitamina A – UNICEF.
Consumo de sal iodado – DHS, MICS, outros levantamentos domiciliares nacionais e UNICEF.
NOTAS
− Dados não disponíveis.
63
* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no item.
Saúde Uso de fontes de água potável de qualidade (%) 2011, total 97.2 Uso de fontes de água potável de qualidade (%) 2011, urbana 99.5 Uso de fontes de água potável de qualidade (%) 2011, rural 84.5 Uso de instalações sanitárias adequadas (%) 2011, total 80.8 Uso de instalações sanitárias adequadas (%) 2011, urbana 86.7 Uso de instalações sanitárias adequadas (%) 2011, rural 48.4 Rotina de vacinas pelo PAI financiadas pelo governo (%) 2012 100 Cobertura de imunização (%) 2012, BCG 99 Cobertura de imunização (%) 2012, DPT1 99 Cobertura de imunização (%) 2012, DPT3 94 Cobertura de imunização (%) 2012, polio3 97 Cobertura de imunização (%) 2012, MCV 99 Cobertura de imunização (%) 2012, HepB3 97 Cobertura de imunização (%) 2012, Hib3 95 Cobertura de imunização (%) 2012, recém-nascidos protegidos contra o tétano 93 Pneumonia (%) 2008-2012*, procura por cuidado por suspeita de pneumonia 49.7 Pneumonia (%) 2008-2012*, tratamento com antibióticos para suspeita de pneumonia – Diarreia (%) 2008-2012*, tratamento com sais de reidratação oral (SRO) – Malária (%) 2008-2012*, tratamento antimalárico para crianças com febre – Malária (%) 2008-2012*, crianças que dormem sob o MTI – Malária (%) 2008-2012*, famílias com no mínimo um MTI –
DEFINIÇÃO DOS INDICADORES
Uso de fontes de água potável de qualidade – Porcentagem da população que utiliza uma das fontes a
seguir como principal fonte de água potável: abastecimento de água potável canalizada para habitação,
terreno, quintal próprio ou quintal do vizinho; torneira pública ou fontanário; poço de tubo ou sonda; poço
escavado protegido; nascentes protegidas, água de chuva, água engarrafada e mais uma das fontes anteriores
como fonte secundária.
Uso de instalações sanitárias adequadas – Porcentagem da população que utiliza um dos tipos de instalação
sanitária a seguir, não compartilhada com outras famílias: latrina com descarga mecânica ou manual
conectada a sistema de esgoto canalizado; fossa séptica ou latrina de fossa negra; latrina de fossa negra com
ventilação; latrina de fossa negra com laje (pedra); latrina de fossa negra coberta; bacia de compostagem.
Vacinas de rotina pelo PAI, financiadas pelo governo – Porcentagem de vacinas que são administradas
pelo PAI como rotina em um país para proteger crianças, e que são financiadas pelo governo nacional
(incluindo empréstimos).
PAI – Programa Ampliado de Imunização: Esse programa inclui imunização contra tuberculose (TB),
difteria, pertússis (coqueluche) e tétano (DPT), pólio e sarampo, assim como imunização de gestantes para
proteger bebês contra tétano neonatal. Em alguns países, outras vacinas podem ser incluídas no programa –
por exemplo, contra hepatite B (HepB),Haemophilus influenzae tipo B (Hib) ou febre amarela.
BCG – Porcentagem de nascidos vivos que receberam Bacilo de Calmette-Guérin (vacina contra
tuberculose).
DPT1 – Porcentagem de bebês que sobreviveram e receberam a primeira dose da vacina contra difteria,
pertússis e tétano.
DPT3 – Porcentagem de bebês que sobreviveram e receberam três doses da vacina contra difteria, pertússis e
tétano.
Pólio3 – Porcentagem de bebês que sobreviveram e receberam três doses da vacina contra pólio.
Sarampo – Porcentagem de bebês que sobreviveram e receberam a primeira dose da vacina contra sarampo.
HepB3 – Porcentagem de bebês que sobreviveram e receberam três doses da vacina contra hepatite B.
Hib3 – Porcentagem de bebês que sobreviveram e receberam três doses da vacina contra Haemophilus
influenzae tipo b.
Recém-nascidos protegidos contra tétano – Porcentagem de recém-nascidos que estão protegidos contra o
tétano no momento do nascimento.
Procura por cuidados devido a suspeita de pneumonia – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de
idade com suspeita de pneumonia (tosse ou dificuldade de respiração devido a problemas no tórax) nas duas
semanas anteriores à pesquisa e que foram levadas a um agente de saúde adequado.
Tratamento com antibióticos para suspeita de pneumonia – Porcentagem de crianças menores de 5 anos
64
de idade com suspeita de pneumonia (tosse ou com dificuldade de respiração devido a problemas no tórax)
nas duas semanas anteriores à pesquisa e que receberam antibióticos.
Tratamento da diarreia com Sais de Reidratação Oral (SRO) – Porcentagem de crianças menores de 5
anos de idade que, nas duas semanas anteriores à pesquisa, tiveram diarreia e receberam Sais de Reidratação
Oral (pacotes com SRO ou embalagens com solução de SRO).
Tratamento antimalárico para crianças com febre – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de idade
que,nas duas semanas anteriores à pesquisa, estavam doentes e com febre e receberam algum medicamento
antimalárico. Nota: Este indicador refere-se ao tratamento antimalárico para crianças febris, não para casos
confirmados de malária e, portanto, deve ser interpretado com cautela. Ver outras informações em:
http://www.childinfo.org/malaria_maltreatment.php.
Crianças que dormem sob MTI – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de idade que, na noite
anterior à pesquisa dormiram sob mosquiteiro tratado com inseticida.
Famílias que possuem no mínimo um MTI – Porcentagem de famílias que dispõem de, no mínimo, um
mosquiteiro tratado com inseticida.
PRINCIPAIS FONTES DE DADOS
Uso de fonte de água potável de qualidade e de instalações sanitárias adequadas – UNICEF e
Organização Mundial da Saúde (OMS), Programa de Monitoramento Conjunto.
Vacinas de rotina pelo PAI, financiadas pelo governo – De acordo com relatos governamentais em
Formulários de Relatos Conjuntos do UNICEF e da OMS.
Imunização – UNICEF e OMS.
Procura por cuidados e tratamento para suspeita de pneumonia – Pesquisas de Demografia e Saúde
(DHS), Pesquisas por Agrupamento de Indicadores Múltiplos (MICS) e outros levantamentos domiciliares
nacionais.
Tratamento para diarreia – DHS, MICS e outros levantamentos domiciliares nacionais.
Prevenção e tratamento da malária – DHS, MICS, Pesquisas sobre Indicadores de Malária e outros
levantamentos domiciliares nacionais.
NOTAS
– Dados não disponíveis.
* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no item.
HIV/AIDS
Prevalência do HIV entre adultos (%) 2012 –
Indivíduos de todas as idades vivendo com HIV (milhares) 2012, estimative –
Indivíduos de todas as idades vivendo com HIV (milhares) 2012, baixa 530
Indivíduos de todas as idades vivendo com HIV (milhares) 2012, alta 660
Mulheres vivendo com HIV (milhares) 2012 –
Crianças vivendo com HIV (milhares) 2012 –
Prevenção entre os jovens (15-24 anos), prevalência do HIV entre jovens (%) 2012, total –
Prevenção entre os jovens (15-24 anos), prevalência do HIV entre jovens (%) 2012, masculine –
Prevenção entre os jovens (15-24 anos), prevalência do HIV entre jovens (%) 2012, feminine –
Prevenção entre os jovens (15-24 anos), amplo conhecimento do HIV (%) 2008-2012*, masculine –
Prevenção entre os jovens (15-24 anos), amplo conhecimento do HIV (%) 2008-2012*, feminine –
Prevenção entre os jovens (15-24 anos), uso de preservativos entre jovens com múltiplos parceiros
(%) 2008-2012*, masculine
–
Prevenção entre os jovens (15-24 anos), uso de preservativos entre jovens com múltiplos
parceiros (%) 2008-2012*, feminine
–
Órfãos, crianças órfãs devido a AIDS (milhares) 2012 –
Orfãos, crianças órfãs devido todas as causas (milhares) 2012 –
Órfãos, taxa de freqüência escolar de órfãos (%), 2008-2012* –
DEFINIÇÃO DOS INDICADORES
Prevalência de HIV entre adultos – Porcentagem estimada de adultos (de 15 a 49 anos de idade) vivendo
com HIV em 2011.
Indivíduos vivendo com HIV – Número estimado de indivíduos (todas as idades) vivendo com HIV em
2011.
Mulheres vivendo com HIV – Número estimado de mulheres (acima de 15 anos de idade) vivendo com
HIV em 2011.
Crianças vivendo com HIV – Número estimado de crianças (do nascimento aos 14 anos de idade)
vivendo com HIV em 2011.
65
Prevalência de HIV entre jovens – Porcentagem de homens e mulheres jovens (de 15 a 24 anos de idade)
vivendo com HIV em 2011.
Amplo conhecimento sobre HIV – Porcentagem de homens e mulheres jovens (de 15 a 24 anos de idade)
que identificam corretamente os dois métodos principais para evitar a transmissão sexual de HIV (usar
preservativos e limitar as relações sexuais a um parceiro fiel e não infectado); que rejeitam os dois
conceitos locais errôneos mais comuns sobre a transmissão de HIV; e que sabem que uma pessoa
aparentemente saudável pode estar infectada por HIV.
Uso de preservativo entre jovens com múltiplos parceiros – Entre os jovens (de 15 a 24 anos de idade)
que afirmaram ter tido mais de um parceiro sexual nos últimos 12 meses, porcentagem daqueles que
relataram ter usado preservativo em sua relação sexual mais recente, com qualquer parceiro.
Crianças órfãs devido à aids – Número estimado de crianças (do nascimento aos 17 anos de idade) que
em 2011 já haviam perdido um ou ambos os genitores devido à aids.
Crianças órfãs devido a todas as causas – Número estimado de crianças (do nascimento aos 17 anos de
idade) que em 2011 já haviam perdido um ou ambos os genitores devido a qualquer causa.
Taxa de frequência escolar de órfãos – Porcentagem de crianças (de 10 a 14 anos de idade) que
perderam pais e mães biológicos e que atualmente estão freqüentando a escola, como porcentagem de
crianças não órfãs do mesmo grupo etário, que vivem com pelo menos um dos genitores e que estão
frequentando a escola.
PRINCIPAIS FONTES DE DADOS
Prevalência estimada de HIV entre adultos – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.
Número estimado de indivíduos vivendo com HIV – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.
Número estimado de mulheres vivendo com HIV – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.
Número estimado de crianças vivendo com HIV – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.
Prevalência de HIV entre jovens – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.
Amplo conhecimento sobre HIV – Pesquisas de Indicadores da Aids (AIS), Pesquisas de Demografia e
Saúde (DHS), Pesquisas por Agrupamento de Indicadores Múltiplos (MICS), outros levantamentos
domiciliares nacionais; HIV/AIDS Survey Indicators database, www.measuredhs.com/hivdata.
Uso de preservativo entre jovens com múltiplos parceiros – AIS, DHS, MICS e outros levantamentos
domiciliares nacionais; HIV/AIDS Survey Indicators Database, www.measuredhs.com/hivdata.
Crianças órfãs devido à aids – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.
Crianças órfãs devido a todas as causas – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.
Taxa de frequência escolar de órfãos – AIS, DHS, MICS e outros levantamentos domiciliares nacionais;
HIV/AIDS Survey Indicators Database, www.measuredhs.com/hivdata.
NOTAS
– Dados não disponíveis.
* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no item.
Educação
Taxa de alfabetização de jovens (15-24 anos) (%) 2008-2012*, masculine 96.7
Taxa de alfabetização de jovens (15-24 anos) (%) 2008-2012*, feminine 98.3
Número por 100 habitantes com telefones celulares, 2012 125.2
Número pro 100 habitantes usuários de internet, 2012 49.8
Frequência na pré-escola, taxa bruta de matrículas (%) 2008 -2012*, masculine –
Frequência na pré-escola, taxa bruta de matrículas (%) 2008 -2012*, feminine –
Frequência na escola primária, taxa bruta de matrículas (%) 2008 -2012*, masculine –
Frequência na escola primária, taxa bruta de matrículas (%) 2008 -2012*, feminine –
Frequência na escola primária, taxa líquida de matrículas (%) 2008 -2012*, masculino –
Frequência na escola primária, taxa líquida de matrículas (%) 2008 -2012*, feminine –
Frequência na escola primária, taxa líquida de presença (%) 2008 -2012*, masculine 94.5
Frequência na escola primária, taxa líquida de presença (%) 2008 -2012*, feminine 95.1
Frequência na escola primária,taxa de permanência até o último ano da escola primária (%) ,
2008-2012*, dados administrativos
–
Frequência na escola primária,taxa de permanência até o último ano da escola primária (%) ,
2008-2012*, dados de levantamento
87.6
Frequência na escola secundária, taxa líquida de matrículas (%) 2008-2012*, masculino –
Frequência na escola secundária, taxa líquida de matrículas (%) 2008-2012*, feminino –
Frequência na escola secundária, taxa líquida de presença (%) 2008-2012*, masculino 73.8
Frequência na escola secundária, taxa líquida de presença (%) 2008-2012*, feminine 79.6
66
DEFINIÇÃO DOS INDICADORES
Taxa de alfabetização de jovens – Número de indivíduos de 15 a 24 anos de idade que são alfabetizados,
expresso como porcentagem da população total nesse grupo etário.
Telefones celulares – Número de inscrições ativas em um serviço público de telefonia móvel, incluindo o
número de cartões SIM pré-pagos ativos durante os últimos três meses.
Usuários de internet – Número estimado de usuários de internet, incluindo aqueles que utilizaram a
internet a partir de algum dispositivo (por exemplo, telefone móvel) nos últimos 12 meses.
Taxa bruta de matrículas na escola pré-primária – Número de crianças matriculadas na escola pré-
primária, independentemente de idade, expresso como porcentagem do número total de crianças na idade
oficial para a escola pré-primária.
Taxa bruta de matrículas na escola primária – Número de crianças matriculadas na escola primária,
independentemente de idade, expresso como porcentagem do número total de crianças na idade oficial
para a escola primária.
Taxa líquida de matrículas na escola primária – Número de crianças matriculadas na escola primária ou
na escola secundária, com idade oficial para a escola primária, expresso como porcentagem do número
total de crianças na idade oficial para a escola primária. Devido à inclusão de crianças com idade de
frequentar a escola primária e que estão matriculadas na escola secundária, também é possível referir-se a
este indicador como razão líquida ajustada de matrículas na escola primária.
Taxa líquida de frequência à escola primária – Número de crianças que frequentam a escola primária
ou a escola secundária, com idade oficial para a escola primária, expresso como porcentagem do número
total de crianças na idade oficial para a escola primária. Devido à inclusão de crianças com idade de
frequentar a escola primária e que estão matriculadas na escola secundária, também é possível referir-se a
este indicador como taxa líquida ajustada de frequência na escola primária.
Taxa de permanência até o último ano da escola primária – Porcentagem de crianças que ingressam no
primeiro ano da escola primária e chegam ao último ano desse nível educacional.
Taxa líquida de matrículas na escola secundária – Número de crianças matriculadas na escola
secundária, com idade oficial para a escola secundária, expresso como porcentagem do número total de
crianças na idade oficial para a escola secundária. Devido a dificuldades para relatar e registrar a idade de
indivíduos que estão matriculados no ensino superior, mas com idade de frequentar o ensino secundário,
essa taxa não inclui crianças em idade de frequentar a escola secundária que estão matriculadas no ensino
superior.
Taxa líquida de frequência à escola secundária – Número de crianças que frequentam a escola
secundária ou o ensino superior, com idade oficial para a escola secundária, expresso como porcentagem
do número total de crianças na idade oficial para a escola secundária. Devido à inclusão de crianças em
idade de frequentar a escola secundária e que estão frequentando o ensino superior, também é possível
referir-se a este indicador como taxa líquida ajustada de matrículas na escola secundária.
Todos os dados referem-se à Classificação Internacional Padronizada da Educação (ISCED) oficial
para os níveis primário e secundário de educação e, portanto, é possível que não correspondam
diretamente ao sistema escolar específico de cada país.
PRINCIPAIS FONTES DE DADOS
Alfabetização de adultos – Instituto da Unesco para Estatísticas (IUE).
Uso de telefone celular e internet – Sindicato Internacional das Telecomunicações (Genebra).
Matrículas nos níveis pré-primário, primário e secundário – IUE. Estimativas baseadas em dados
administrativos provenientes de Sistemas Internacionais de Informações sobre Gestão da Educação
(International Education Management Information Systems -EMIS), com estimativas de população das
Nações Unidas.
Frequência à escola nos níveis primário e secundário – Pesquisas de Demografia e Saúde (DHS),
Pesquisas por Agrupamento de Indicadores Múltiplos (MICS) e outros levantamentos domiciliares
nacionais.
Taxa de permanência até o último ano da escola primária – Dados administrativos: IUE; dados de
pesquisas: DHS e MICS. Médias regionais e globais calculadas pelo UNICEF.
NOTAS
− Dados não disponíveis.
* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o periodo especificados no
item.
67
Proteção à infância
Trabalho infantil (%) + 2002-2012*, total 8.6
Trabalho infantil (%) + 2002-2012*, meninos 11.2
Trabalho infantil (%) + 2002-2012*, meninas 5.9
Casamento infantil (%) 2002-2012*, casadas aos 15 anos 10.5
Casamento infantil (%) 2002-2012*, casadas aos 18 anos 35.6
Registro de nascimento (%) 2005-2012*, total 93.4
Mutilação/corte genital feminino(%) 2002-2012*, prevalência, mulheres –
Mutilação/corte genital feminino (%) 2002-2012*, prevalência, filhas –
Mutilação/corte genital feminino (%) 2002-2012*, attitudes, apoio à prática –
Justificativa para violência contra a esposa (%) 2002-2012*, homens –
Justificativa para violência contra a esposa (%) 2002-2012*, mulheres –
Disciplina com violência (%) + 2005-2012*, total –
Disciplina com violência (%) + 2005-2012*, meninos –
Disciplina com violência (%) + 2005-2012*, meninas –
DEFINIÇÃO DOS INDICADORES
Trabalho infantil – Porcentagem de crianças de 5 a 14 anos de idade envolvidas em atividades de
trabalho infantil no momento da pesquisa. Considera-se que uma criança está envolvida em atividades de
trabalho infantil nas seguintes situações: crianças de 5 a 11 anos de idade que, durante a semana de
referência, desempenharam atividade econômica por pelo menos uma hora, ou trabalho doméstico por pelo
menos 28 horas; ou crianças de 12 a 14 anos de idade que, durante a semana de referência,
desempenharam atividade econômica por pelo menos 14 horas,ou trabalho doméstico por pelo menos 28
horas.
Casamento infantil – Porcentagem de mulheres de 20 a 24 anos de idade que estavam casadas pela
primeira vez ou já viviam em união antes de completar 15 anos de idade; e porcentagem de mulheres de 20
a 24 anos de idade que estavam casadas pela primeira vez ou já viviam em união antes de completar 18
anos de idade.
Registro de nascimento – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de idade que estavam registradas
no momento da pesquisa. O numerador deste indicador inclui crianças cujas certidões de nascimento foram
verificadas pelo entrevistador, ou cuja mãe ou responsável afirmou que o nascimento foi registrado.
Mutilação/corte genital feminino – (a) mulheres – porcentagem de mulheres de 15 a 49 anos de idade
que sofreram mutilação/corte genital; (b) filhas – porcentagem de mulheres entre 15 e 49 anos de idade
com pelo menos uma filha que sofreu mutilação/corte genital;(c) apoio à prática: porcentagem de
mulheres de 15 a 49 anos de idade que acham que a prática de mutilação/corte genital feminino deve
continuar.
Justificativa para violência contra a esposa – Porcentagem de mulheres e de homens de 15 a 49 anos de
idade que consideram justificável um marido bater em sua esposa por pelo menos uma das razões
especificadas, ou seja: se sua mulher queima a refeição, discute com ele, sai de casa sem sua permissão,
negligencia o cuidado com as crianças ou nega-se a ter relações sexuais.
Disciplina com violência – Porcentagem de crianças de 2 a 14 anos de idade que vivenciam qualquer
método violento de disciplina (agressão psicológica e/ou punição física).
PRINCIPAIS FONTES DE DADOS
Trabalho infantil – Pesquisas por Agrupamento de Indicadores Múltiplos (MICS), Pesquisas de
Demografia e Saúde (DHS) e outros levantamentos nacionais.
Casamento infantil – MICS, DHS e outros levantamentos nacionais.
Registro de nascimento – MICS, DHS, outros levantamentos nacionais e sistemas de registro civil.
Mutilação/corte genital feminino – MICS, DHS e outros levantamentos nacionais.
Justificativa em relação à violência contra a esposa – MICS, DHS e outros levantamentos nacionais.
Disciplina com violência – MICS, DHS e outros levantamentos nacionais.
NOTAS
– Dados não disponíveis.
* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no item.
Indicadores demográficos População (milhares) 2012, total 198656
População (milhares) 2012, menor de 18 anos 58867.2
68
População (milhares) 2012, menor de 5 anos 14563.3
Taxa anual de crescimento populacional (%), 1990-2012 1.3
Taxa anual de crescimento populacional(%), 2012-2030 0.6
Taxa bruta de mortalidade, 1970 10.4
Taxa bruta de mortalidade, 1990 7
Taxa bruta de mortalidade,2012 6.4
Taxa bruta de natalidade, 1970 35
Taxa bruta de natalidade, 1990 24.2
Taxa bruta de natalidade, 2012 15.1
Expectativa de vida, 1970 58.9
Expectativa de vida, 1990 66.5
Expectativa de vida, 2012 73.7
Taxa total de fertilidade, 2012 1.8
População urbanizada (%), 2012 84.9
Taxa média anual de crescimento da população urbana (%), 1990-2012 1.9
Taxa média anual de crescimento da população urbana (%), 2012-2030 0.9
DEFINIÇÃO DOS INDICADORES
Taxa bruta de mortalidade – Número de óbitos anuais por mil indivíduos.
Taxa bruta de natalidade – Número de nascimentos anuais por mil indivíduos.
Expectativa de vida – Número de anos que um recém-nascido viveria estando sujeito aos riscos de morte
prevalentes no momento de seu nascimento para o grupo representativo da população.
Taxa total de fertilidade – Número de crianças que nasceriam por mulher se esta vivesse até o fim de
seus anos férteis e tivesse filhos em cada idade de acordo com as taxas de fertilidade prevalentes para cada
faixa etária.
População urbanizada – Porcentagem da população que vive em áreas urbanas caracterizadas de acordo
com a definição nacional utilizada no censo demográfico mais recente.
PRINCIPAIS FONTES DE DADOS
População – Divisão de População das Nações Unidas. Taxas de crescimento calculadas pelo UNICEF
com base em dados da Divisão de População das Nações Unidas.
Taxas brutas de mortalidade e de natalidade – Divisão de População das Nações Unidas.
Expectativa de vida – Divisão de População das Nações Unidas.
Taxa total de fertilidade – Divisão de População das Nações Unidas.
Indicadores Econômicos
RNB per capita 2012, US$ 11630
RNB per capita 2012, em PPC US$ 11720
Taxa média de crescimento anual do PIB per capita (%), 1970-1990 2.3
Taxa média de crescimento anual do PIB per capita (%), 1990-2012 1.7
Taxa média anual de inflação (%) 1990-2012 45.4
População vivendo abaixo da linha internacional da pobreza, US$1.25 ao dia (%), 2007-2011* 6.1
Gastos públicos em % do PIB (2007-2011*) alocados para a saúde 3.8
Gastos públicos em % do PIB (2008-2010*) alocados para a educação 5.6
Gastos públicos em % do PIB (2008-2010*) alocados para a defesa 1.6
Fluxo de entrada de AOD em milhões de US$ 2010 826.5
Fluxo de entrada de AOD em % da RNB dos países recebedores, 2010 0
Serviço da dívida em % das exportações de bens e serviços, 2010 19
Participação da renda familiar (%, 2007-2011*), 40% mais pobres 10
Participação da renda familiar (%, 2007-2011*), 20% mais ricos 59
DEFINIÇÃO DOS INDICADORES
RNB per capita – Renda Nacional Bruta (RNB) é a soma do valor de contribuição de todos os produtores
nacionais, acrescida de todos os impostos sobre produtos (menos subsídios) que não são incluídos na
avaliação da produção, mais as receitas líquidas de rendas primárias (pagamento de empregados e rendas
de propriedades) provenientes de fontes externas. RNB per capita é a renda nacional bruta dividida pela
população na metade do ano. A RNB per capita é convertida em dólares americanos pelo método do
World Bank Atlas.
RNB per capita em US$ (convertidos por PPC, Paridade de Poder de Compra) – RNB per capita
convertida em dólares internacionais levando em consideração diferentes níveis de preço (poder de
compra) entre os países. É baseada em dados provenientes do Programa de Comparações Internacionais
69
(PCI).
PIB per capita – Produto Interno Bruto (PIB) é a soma do valor da contribuição de todos os produtores do
país, acrescida de todos os impostos sobre produtos (menos subsídios) que não são incluídos na avaliação
da produção. PIB per capita é o produto interno bruto dividido pela população na metade do ano. O
crescimento é calculado a partir de dados do PIB a preços constantes, em moeda local.
População vivendo abaixo da linha internacional da pobreza (US$1,25/dia) – Porcentagem da
população vivendo com menos de US$1,25 por dia, a preços de 2005 ajustados por Paridade de Poder de
Compra (PPC). O novo limite de pobreza reflete revisões nas taxas de câmbio de PPC, com base nos
resultados do PCI de 2005. As revisões revelam que o custo de vida nos países em desenvolvimento é mais
alto do que se estimava anteriormente. Como resultado dessas revisões, as taxas de pobreza para cada país
não podem ser comparadas com as taxas de pobreza relatadas em edições anteriores. Ver em
www.worldbank.org informações mais detalhadas sobre definição, metodologia e fontes dos dados
apresentados.
AOD – Assistência Oficial ao Desenvolvimento, líquida.
Serviço da dívida – Soma dos pagamentos dos juros e do principal de dívidas públicas externas de longo
prazo e reconhecidas publicamente.
Participação da renda familiar – Participação percentual da renda familiar recebida pela parcela de 20%
das famílias de renda mais alta e pela parcela de 40% das famílias de renda mais baixa.
PRINCIPAIS FONTES DE DADOS
RNB per capita – Banco Mundial.
PIB per capita – Banco Mundial.
Taxa de inflação – Banco Mundial.
População vivendo abaixo da linha internacional da pobreza (US$1,25/dia) – Banco Mundial.
Gastos com saúde, educação e defesa – Banco Mundial.
AOD – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE).
Serviço da dívida – Banco Mundial.
Participação da renda familiar – Banco Mundial.
Taxa de Progressos
Classificação por mortalidade de menores de 5 anos 120
Taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 1970 131
Taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 1990 62
Taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 2000 33
Taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 2012 14
Taxa média anual de redução (%) da taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 1970-1990 3.8
Taxa média anual de redução (%) da taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 1990-2000 6.2
Taxa média anual de redução (%) da taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 2000-2012 6.9
Taxa média anual de redução (%) da taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 1990-2012 6.6
Redução desde 1990 (%) 77
Redução desde 2000 (%) 56
Taxa média anual de crescimento do PIB per capita (%), 1970-1990 2.3
Taxa média anual de crescimento do PIB per capita (%), 1990-2012 1.7
Taxa total de fertilidade, 1970 5
Taxa total de fertilidade, 1990 2.8
Taxa total de fertilidade, 2012 1.8
Taxa média anual de redução (%) da taxa total de fertilidade, 1970-1990 2.9
Taxa média anual de redução (%) da taxa total de fertilidade, 1990-2012 2
DEFINIÇÃO DOS INDICADORES
Taxa de mortalidade de menores de 5 anos – Probabilidade de morrer entre o nascimento e exatamente 5 anos
de idade por mil nascidos vivos.
Redução desde 1990 – Redução percentual da taxa de mortalidade de menores de 5 anos (TMM5) de 1990 a
2011. A Declaração do Milênio, promulgada em 2000 pelas Nações Unidas, estabeleceu o objetivo de reduzir em
dois terços (67%) a TMM5 de 1990 até 2015. Este indicador fornece uma avaliação atualizada dos progressos
rumo a esse objetivo.
PIB per capita – Produto Interno Bruto (PIB) é a soma do valor da contribuição de todos os produtores do país,
acrescido de todos os impostos sobre produtos (menos subsídios) que não são incluídos na avaliação da
produção. PIB per capita é o PIB dividido pela população na metade do ano. O crescimento é calculado a partir
de dados do PIB a preços constantes, em moeda local.
70
Taxa total de fertilidade – Número de crianças que nasceriam por mulher se esta vivesse até o fim de seus anos
férteis e tivesse filhos em cada idade de acordo com as taxas de fertilidade prevalentes para cada faixa etária.
PRINCIPAIS FONTES DE DADOS
Mortalidade de menores de 5 anos – Grupo Interagências das Nações Unidas para Estimativas sobre
Mortalidade Infantil (UNICEF, Organização Mundial da Saúde, Divisão de População das Nações Unidas e
Banco Mundial).
PIB per capita – Banco Mundial.
Taxa total de fertilidade – Divisão de População das Nações Unidas.
Adolescentes População de 10-19 anos (milhares), 2012 34204.6
População de 10-19 anos, proporção da população total (%) 2012 17.2
Adolescentes atualmente casados/vivendo em união(%) 2002-2012* , meninos –
Adolescentes atualmente casados/vivendo em união (%) 2002-2012* , meninas 24.7
Partos até os 18 anos de idade (%) 2008-2012* –
Taxa de partos na adolescência, 2006-2010* 71.4
Justificativa para violência contra a esposa em meio aos adolescentes (%) 2002-2012*,
meninos
–
Justificativa para violência contra a esposa em meio aos adolescentes (%) 2002-2012*,
meninas
–
Uso de meios de comunicação por adolescentes (%) 2002-2012*, meninos –
Uso de meios de comunicação por adolescentes (%) 2002-2012*, meninas –
Taxa de escolaridade bruta no secundário inferior, 2008-2012* –
Taxa de escolaridade bruta no secundário superior, 2008-2012* –
Amplo conhecimento de HIV entre adolescentes (%) 2008-2012*, meninos –
Amplo conhecimento de HIV entre adolescentes (%) 2008-2012*, meninas –
DEFINIÇÃO DOS INDICADORES
Adolescentes atualmente casados/vivendo em união – Porcentagem de meninos e meninas de 15 a 19 anos de
idade que atualmente estão casados ou vivem em união. Este indicador tem por objetivo fornecer um quadro do
estado civil atual de meninos e meninas nesse grupo etário. No entanto, é preciso observar que aqueles que não
estavam casados no momento da pesquisa ainda
estão expostos ao risco de casar antes do final da adolescência.
Partos até os 18 anos de idade – Porcentagem de mulheres de 20 a 24 anos de idade que tiveram filhos antes de
completar 18 anos. Este indicador padronizado, extraído de pesquisas baseadas na população, capta os níveis de
fertilidade em meio a adolescentes até os 18 anos de idade. É importante observar que esses dados estão
baseados nas respostas dadas por mulheres de 20 a 24 anos de idade que correram o risco de dar à luz antes dos
18 anos.
Taxa de partos na adolescência – Número de nascimentos por mil meninas adolescentes de 15 a 19 anos de
idade.
Justificativa para violência contra a esposa em meio a adolescentes – Porcentagem de meninos e meninas de
15 a 19 anos de idade que consideram justificável um marido bater em sua esposa por pelo menos uma das
razões especificadas: se sua mulher queima a refeição, discute com ele, sai de casa sem sua permissão,
negligencia o cuidado com as crianças e nega-se a ter relações sexuais.
Uso de meios de comunicação por adolescentes – Porcentagem de meninos e meninas de 15 a 19 anos de idade
que utilizam, no mínimo uma vez por semana, pelo menos um dos seguintes tipos de meios de comunicação:
jornal, revista, televisão ou rádio.
Taxa bruta de escolaridade bruta no secundário inferior – Número de crianças matriculadas no secundário
inferior, independentemente de idade, expresso como porcentagem do número total de crianças na idade oficial
para esse nível de educação.
Taxa bruta de escolaridade no secundário superior – Número de crianças matriculadas no secundário
superior, independentemente de idade, expresso como porcentagem do número total de crianças na idade oficial
para esse nível de educação.
Amplo conhecimento sobre HIV em meio a adolescentes – Porcentagem de homens e mulheres jovens (de 15
a 19 anos de idade) que identificam corretamente os dois métodos principais para evitar a transmissão sexual de
HIV (usar preservativos e limitar as relações sexuais a um parceiro fiel e não infectado); que rejeitam os dois
conceitos locais errôneos mais comuns sobre a transmissão de HIV; e que sabem que uma pessoa aparentemente
saudável pode estar infectada por HIV.
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PRINCIPAIS FONTES DE DADOS
População de adolescentes – Divisão de População das Nações Unidas.
Adolescentes atualmente casados/vivendo em união – Pesquisas de Demografia e Saúde (DHS), Pesquisas por
Agrupamento de Indicadores Múltiplos (MICS) e outros levantamentos nacionais.
Partos até os 18 anos de idade – DHS e MICS.
Taxa de partos na adolescência – Divisão de População das Nações Unidas.
Justificativa para violência contra a esposa – DHS, MICS e outros levantamentos nacionais.
Uso de meios de comunicação por adolescentes – Pesquisas de Indicadores da Aids (AIS), DHS, MICS e
outros levantamentos nacionais.
Taxa bruta de matrículas – Instituto da Unesco para Estatísticas (IUE).
Amplo conhecimento sobre HIV em meio a adolescentes – AIS, DHS, MICS, Pesquisas
sobre Saúde Reprodutiva (RHS) e outros levantamentos nacionais; HIV/AIDS Survey
Indicators Database, www.measuredhs.com/hivdata.
NOTAS
– Dados não disponíveis.
* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no item .
Disparidades por residência
Registro de nascimento (%) 2005-2012*, urbana –
Registro de nascimento (%) 2005-2012*, rural –
Registro de nascimento (%) 2005-2012*, razão urbana/rural –
Agentes de saúde capacitados presentes no parto (%) 2008-2012*, urbana 97.7
Agentes de saúde capacitados presentes no parto (%) 2008-2012*, rural 94
Agentes de saúde capacitados presentes no parto (%) 2008-2012*, razão urbana/rural 1
Prevalência de baixo peso em crianças menores de 5 anos (%) 2008-2012*, urbana 2
Prevalência de baixo peso em crianças menores de 5 anos (%) 2008-2012*, rural 2
Prevalência de baixo peso em crianças menores de 5 anos (%) 2008-2012*, razão urbana/rural 1
Tratamento da diarréia com sais de rehidratação oral (SRO) (%) 2008-2012*, urbana –
Tratamento da diarréia com sais de rehidratação oral (SRO) (%) 2008-2012*, rural –
Tratamento da diarréia com sais de rehidratação oral (SRO) (%) 2008-2012*, razão urbana/rural –
Taxa líquida de freqüência à escola primária, 2008-2012*, urbana –
Taxa líquida de freqüência à escola primária 2008-2012*, rural –
Taxa líquida de freqüência à escola primária 2008-2012*, razão urbana/rural –
Amplo conhecimento sobre HIV (%) mulheres de 15-24 anos, 2008-2012*, urbana –
Amplo conhecimento sobre HIV (%) mulheres de 15-24 anos, 2008-2012*, rural –
Amplo conhecimento sobre HIV (%) mulheres de 15-24 anos, 2008-2012*, razão urbana/rural –
Uso de instalações sanitárias adequadas (%) 2010, urbana 86.7
Uso de instalações sanitárias adequadas (%) 2010, rural 48.4
Uso de instalações sanitárias adequadas (%) 2010, razão urbana/rural 1.8
DEFINIÇÃO DOS INDICADORES
Registro de nascimento – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de idade que estavam registradas no
momento da pesquisa. O numerador deste indicador inclui crianças cujas certidões de nascimento foram
verificadas pelo entrevistador, ou cuja mãe ou responsável afirmou que o nascimento foi registrado.
Agentes de saúde capacitados presentes no parto – Porcentagem de partos assistidos por agentes de saúde
capacitados (médicos, enfermeiros ou parteiras).
Prevalência de baixo peso em meio a menores de 5 anos – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de
idade com peso inferior a menos dois desvios - padrão do peso mediano para a idade, de acordo com os Padrões
da OMS para Crescimento Infantil.
Tratamento da diarreia com sais de reidratação oral – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de idade
que, nas duas semanas que precederam a pesquisa, tiveram diarreia e receberam sais de reidratação oral (pacotes
com Sais de Reidratação Oral ou embalagens com solução SRO).
Taxa líquida de frequência à escola primária – Número de crianças que frequentam a escola primária ou a
escola secundária, com idade oficial para a escola primária, expresso como porcentagem do número total de
crianças na idade oficial para a escola primária. Devido à inclusão de crianças com idade de frequentar a escola
primária que frequentam a escola secundária, também é possível referir-se a este indicador como taxa líquida
ajustada de frequência à escola primária.
Amplo conhecimento sobre HIV – Porcentagem de mulheres jovens (de 15 a 24 anos de idade) que identificam
corretamente os dois métodos principais para evitar a transmissão sexual de HIV (usar preservativos e limitar as
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relações sexuais a um parceiro fiel e não infectado); que rejeitam os dois conceitos locais errôneos mais comuns
sobre a transmissão de HIV; e que sabem que uma pessoa aparentemente saudável pode estar infectada por HIV.
Uso de instalações sanitárias adequadas – Porcentagem da população que utiliza um dos tipos de instalação
sanitária a seguir, não compartilhada com outras famílias: latrina com descarga mecânica ou manual conectada a
sistema de esgoto canalizado; fossa séptica ou latrina de fossa negra; latrina de fossa negra com ventilação;
latrina de fossa negra com laje (pedra); latrina de fossa negra coberta; bacia de compostagem.
PRINCIPAIS FONTES DE DADOS
Registro de nascimento – Pesquisas de Demografia e Saúde (DHS), Pesquisas por Agrupamento de Indicadores
Múltiplos (MICS), outros levantamentos nacionais e sistemas de registro civil.
Agentes de saúde capacitados presentes no parto – DHS, MICS e outras fontes representativas em termos
nacionais.
Prevalência de baixo peso em meio a crianças menores de 5 anos de idade – DHS, MICS, outros
levantamentos domiciliares nacionais, OMS e UNICEF.
Tratamento da diarreia com sais de reidratação oral (SRO) – DHS, MICS e outros levantamentos
domiciliares nacionais.
Razão líquida de frequência à escola primária – DHS, MICS e outros levantamentos domiciliares nacionais.
Amplo conhecimento sobre HIV – Pesquisas de Indicadores da Aids (AIS), DHS, MICS e outros
levantamentos domiciliares nacionais; HIV/AIDS Survey Indicators Database, <www.measuredhs.com/hivdata>
Uso de instalações sanitárias adequadas – Programa de Monitoramento Conjunto do UNICEF e da OMS.
Dados sobre disparidades apresentados em itálico provêm de fontes diferentes dos demais dados para os
mesmos indicadores apresentados em outras seções deste relatório: Tabela 2 (Nutrição – Prevalência de
baixo peso), Tabela 3 (Saúde – Tratamento de diarreia), Tabela 4 (HIV/aids – Amplo conhecimento sobre
HIV); e Tabela 8 (Mulheres – Agentes de saúde capacitados presentes no parto).
NOTAS
− Dados não disponíveis.
* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no título do
item.
Atualizado: 18 de dezembro de 2013.
Fonte: ESTATÍTICAS. Unicef. Brasil. Disponível em
<http://www.unicef.org/infobycountry/brazil_statistics.html#0>. Acesso em 09 de abril de 2014. A tradução foi
feita pela autora do presente trabalho.
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PROTEÇÃO - Continuação
Fonte: UNICEF. Situação da infância e da adolescência brasileira em 2009. Direito de Apender. Mapas e
Tabelas. Disponível em: <http://www.unicef.org/brazil/pt/Mapas_e_tabelas.pdf>. Acesso em 15 janeiro 2014.
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Comparação entre o IHA* 2009 e 2010 por Unidade de Federação
Fonte: Índice de homicídios na adolescência: IHA 2009-2010. Rio de Janeiro: Observatório de Favelas, 2012. p. 11. Disponível em <http://www.unicef.org/brazil/pt/br_indiceha10.pdf>. Acesso em 14 agosto 2013. *Nota: IHA – Índice de Homicídio na adolescência.