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0 ACOMPANHAMENTO PASTORAL COM CRIANÇAS EM SITUAÇAO DE RISCO SOCIAL: SOB A PERSPECTIVA DA TEOLOGIA DA CRIANÇA Marli Paupitz UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ACOMPANHAMENTO PASTORAL COM CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL: SOB A PERSPECTIVA DA TEOLOGIA DA CRIANÇA MARLI PAUPITZ São Bernardo do Campo novembro de 2014 Umesp 2014

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

ACOMPANHAMENTO PASTORAL COM CRIANÇAS

EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL:

SOB A PERSPECTIVA DA TEOLOGIA DA CRIANÇA

MARLI PAUPITZ

São Bernardo do Campo — novembro de 2014

Umesp

2014

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MARLI PAUPITZ

ACOMPANHAMENTO PASTORAL COM CRIANÇAS

EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL:

SOB A PERSPECTIVA DA TEOLOGIA DA CRIANÇA

Trabalho de Conclusão de Curso ao Colegiado de Curso para obtenção de grau — 4º. Ano, Período Matutino, do Curso de Bacharel em Teologia da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista — Universidade Metodista de São Paulo. Sob a orientação da Profª Dra. Blanches de Paula.

São Bernardo do Campo — novembro de 2014

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FOLHA DE APROVAÇÃO

A Banca Examinadora considera o trabalho: __________________________________

E atribui o conceito: __________________________________

Orientador/a: __________________________________

Profa. Dra. Blanches de Paula

Leitor/a: __________________________________

Profa. Dra. Margarida Fátima Souza Ribeiro

Professor de TCC: __________________________________

Prof. Dr. Paulo Ayres de Matos

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A criança é um projeto da encarnação, é a imagem e semelhança de Deus em seu modelo

mais original. Mais do que os adultos, ela está marcada pelo “sopro de Deus” – o hálito

impregnado na concepção da vida.

Felizes os homens e as mulheres que, recebendo uma criança, ou na convivência com ela, são

outra vez invadidos pelo sopro divino, e voltam a desfrutar a vida no seu projeto mais

original e singular. Por meio do testemunho de Jesus Cristo e por meio das crianças com

quem convivemos ou a quem servimos, O Espírito Santo nos ensina mais a respeito de Deus.

No reino de Deus a criança é agente do reino e protegida pelo Rei.

Carlos Queiroz.

Ó Deus da vida, ó Deus dos bebezinhos, dá-nos coragem a louvar de jeito pequeno, de boca

pequena. Perdoa, Deus vivo, quando vivemos no esquecimento de teus filhinhos prediletos.

Dá fortaleza à boca das criancinhas! Em Jesus. Amém.

Milton Schwantes.

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AGRADECIMENTOS

A Deus que em tudo tem me sustentado com seu amor, graça, misericórdia e provisão.

Aos meus pais, Asta e Nelson, que me apoiaram nesta nova etapa de minha vida,

mesmo passando por um momento tão delicado em nossa família, a enfermidade e

falecimento do meu irmão.

A todos da minha família, em especial a mais novinha, a Julia, hoje com 6 meses, pela

alegria que tem trazido a todos nós.

A todos e todas que intercederam pela minha vida, os quais não posso citar os nomes,

pois cometeria alguma injustiça em esquecer algum.

As crianças do Centro Educacional Santa Rita (hoje não mais em funcionamento),

onde trabalhei como voluntária para falar do amor de Deus por elas. Também as crianças

da Igreja Metodista em Campo Mourão, da Congregação Metodista no Carrãozinho e as

da Comunidade do Cigano em Santo André, e com todas que encontro no caminho, pois

com elas tenho aprendido mais sobre a graça de Deus e os valores do Seu Reino.

As amigas e amigos que me dão o privilégio de chamá-las(os) assim. Em especial,

nestes dois últimos anos a Fernanda Coelho, a qual muito tem me suportado e tolerado.

As professoras e professores da Faculdade de Teologia, que com dedicação

contribuíram em mais um processo de formação em minha vida.

E como não poderia faltar, agradeço especialmente a Professora e Doutora Blanches

de Paula, a qual pacientemente não apenas foi minha orientadora, mas também conselheira

nos momentos mais difíceis.

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PAUPITZ, Marli. Acompanhamento pastoral com crianças em situação de risco social: sob

a perspectiva da Teologia da Criança. São Bernardo do Campo, 2014. 79 f. Trabalho de

Conclusão de Curso (Bacharelado em Teologia) – Universidade Metodista de São Paulo,

São Bernardo do Campo, 2014.

RESUMO

A presente pesquisa trata da temática do Acompanhamento Pastoral com crianças em

situação de risco social: sob a perspectiva da teologia da criança. Os objetivos da pesquisa

foram: apontar o valor intrínseco da criança e sua integralidade como ser humano;

apresentar o quadro atual da criança brasileira em situação de risco social; Despertar as

igrejas sobre a necessidade de uma ação preventiva e educativa em relação a essas crianças,

para que estas atuem junto à sociedade para a promoção da vida, tendo como base exemplos

de programas já em vigor que vem atuando desta forma em situações de violência,

exploração do trabalho e sexual, marginalização e outras, que possam colocar em risco a

integralidade da criança na sociedade. Como principais resultados destacaram-se que no

cenário brasileiro, apesar de haver uma preocupação quanto às questões sociais relacionadas

à infância e adolescência, há muito a ser desenvolvido em ações práticas. Além disso,

percebeu-se uma consonância de valores entre o Estatuto da Criança e do Adolescente com

os princípios bíblicos que dizem respeito às mesmas. A pesquisa também indicou alguns

modelos de projetos e a existência de redes sociais que tem atuado na área, que podem

servir como norte e base de apoio para o desenvolvimento de um trabalho nas igrejas locais.

Desta forma, as igrejas podem exercer uma ação voltada ao cuidado com as crianças de

forma mais abrangente, acompanhando àquelas que se encontram nesta situação de

vulnerabilidade, contando com o apoio jurídico, suporte técnico e também com recursos

financeiros na esfera pública para o desenvolvimento de projetos que buscam atender tais

necessidades.

Palavras chaves: Crianças, Risco Social, Teologia da Criança, Cuidado Pastoral.

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SUMÁRIO

Introdução 8

Capítulo 1 Teologia da Criança: origem, conceituação e reflexões teológicas 10

1.1 Origem 10

1.1.1 No Brasil 11

1.2 Conceito 12

1.3 Reflexões Teológicas 15

1.3.1 Crianças no Antigo Testamento 16

1.3.2 Crianças no Novo Testamento 19

1.3.3 O menino Jesus 22

Capítulo 2 Perfil da criança em situação de risco social 25

2.1 Breve histórico da criança pobre e abandonada na sociedade brasileira 25

2.2 Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA 28

2.3 Criança em situação de risco social no contexto brasileiro 34

2.3.1 Conceito 34

2.3.2 Perfil da criança em situação de risco social no contexto brasileiro 35

Capítulo 3 Práxis pastoral com crianças em situação de risco social 40

3.1 Conscientização para uma prática pastoral com a infância 41

3.2 Redes sociais cristãs 43

3.2.1 RENAS 44

3.2.2 Projeto Sombra e Água Fresca 45

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3.2.3 PEPE 46

3.3 Por uma práxis do cuidado 47

Considerações Finais 50

Referências Bibliográficas 52

Anexos 55

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa monográfica foi motivada diante do delicado quadro em que

vivem muitas crianças em nosso País, as quais se encontram em situação de risco social.

Sendo a igreja um agente de transformação na sociedade, percebeu-se a necessidade de

trazer este tema para ser discutido na academia, dentro do curso de teologia, bem como nas

igrejas locais. Para isso utilizou-se um instrumento de reflexão bíblico-teológica nascido de

um movimento recente chamado Teologia da Criança. O objetivo é despertar a igreja para

seu papel profético e da sua vocação de cuidado, protegendo e servindo àquelas que foram

tidas por Jesus como as mais importantes no Seu Reino.

Assim, o primeiro capítulo inicia-se com a apresentação da origem do movimento da

Teologia da Criança em âmbito internacional e nacional. A seguir, parte-se para sua

conceituação através de uma base bíblico-teológica, que é aprofundada nos tópicos

seguintes com reflexões a respeito das crianças no Antigo Testamento, Novo Testamento,

encerrando o capítulo refletindo sobre o menino Jesus.

O segundo capítulo se propõe a delinear um perfil da criança em situação de risco

social no Brasil. Para isso foi necessário apresentar antes um breve histórico da criança na

sociedade brasileira, especialmente as pobres e abandonadas. Nesta parte menciona-se a

criação do Código de Menores, que foi substituído pelo Estatuto da Criança e do

Adolescente - ECA, um grande avanço à proteção e ao cuidado as mesmas, o qual é

apresentado no tópico seguinte, com destaque em alguns artigos, onde também é feita uma

correlação do ECA com os princípios cristãos. A seguir é conceituado o termo criança em

situação de risco social e apresentado através de dados estatísticos como se encontra sua

situação dentro do cenário brasileiro.

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A partir da reflexão bíblico-teológica e apresentação do preocupante quadro em que se

encontra grande parte das crianças no País, o terceiro capítulo parte para uma proposta de

uma práxis pastoral voltada as crianças em situação de risco social. Nele são descritos

alguns projetos e programas já existentes direcionados a esta questão, servindo como auxílio

às igrejas locais para a conscientização e desenvolvimento de ações na área. Finaliza-se com

uma reflexão intitulada Por uma práxis do cuidado com o intuito de provocar líderes

eclesiásticos, bem como a comunidade cristã, a um acompanhamento voltado às crianças.

Por fim, nas considerações finais foram apresentadas a síntese da pesquisa

monográfica, assinalando os pontos de mais destaque, sugestões de ações reflexivas e

práticas direcionadas a comunidade eclesial e também indicações temáticas para a

continuidade da pesquisa em áreas relacionadas ao tema

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CAPÍTULO 1

TEOLOGIA DA CRIANÇA: ORIGEM, CONCEITUAÇÃO

E REFLEXÕES TEOLÓGICAS

1.1 Origem

Sua origem resultou da parceria de organizações não governamentais cristãs, com

projetos voltados para crianças em situação de risco social, sob a iniciativa da Viva Network1,

que juntamente com a Visão Mundial Internacional2, a Tearfund

3 e outros colaboradores,

somaram esforços para melhor articular os princípios norteadores dentro de suas redes

afiliadas, devido ao grande crescimento das mesmas.

Assim, como entre outras iniciativas cristãs que se propõem a trabalhar juntas sob o

mesmo propósito, a Bíblia se tornou o denominador comum na elaboração destes princípios.

Dentre os textos bíblicos que apresentam as crianças, o que despertou a necessidade de uma

melhor reflexão sobre o assunto foi o de Mateus 19.14 encontrado também em Marcos 10.14-

15, em que Jesus ordena aos discípulos para que deixem as crianças virem até ele, quando

1 VIVA NETWORK, uma ONG Intercacional, que trabalha com crianças em situação de risco social, presente

em 21 países, apoiando projetos voltados para a segurança e o bem-estar da infância de forma integral,

formando redes que reúnem comunidades locais, igrejas, escolas, creches e outras organizações que visem

oferecer uma vida digna para as crianças.Disponível em <http://www.viva.org> Acesso em 28/01/2014. 2 VISÃO MUNDIAL INTERNACIONAL, é uma ONG, sem fins lucrativos que desenvolve programas e

projetos com o objetivo de erradicar a pobreza e promever a justiça. Fundada em 1950, hoje atua em cerca de

100 países, estando presente no Brasil desde 1975. Disponível em <http://www.visaomundial.org.br/> Acesso

em 28/01/2014. 3 TEARFUND, The Evangelical Alliance Rellief (TEAR) Fund, fundada em 1968, é uma organização cristã

que trabalha em países pobres, através das igrejas locais, desenvolvendo projetos que visam dar suporte e

capacitação para que as pessoas possam viver com dignidade. Disponível em <http://www.tearfund.org/>

Acesso em 28/01/2014.

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estes as impediam. Houve uma profunda preocupação dos colaboradores/as dessas

organizações em ir além dos aspectos motivacionais diante da ordem de Jesus, principalmente

diante da segunda parte do texto que diz “... porque dos tais é o reino dos céus”. Era

necessário entender melhor esta ordem de Jesus. Isto resultou num esforço conjunto em

explorar os textos bíblicos, a fim de ampliar e aprofundar a compreensão da missão de Deus

com as crianças.

Durante o Simpósio Bienal da Cutting Edge III4, no ano 2000, patrocinado pela Viva

Network, as reflexões sobre o assunto puderam avançar, pois houve uma abertura no fórum

para discussão desta questão em específico.

Em 2001, Keith White, um dos colaboradores deste processo, apresentou um trabalho

intitulado Uma criança os guiará, no qual incentivou uma busca teológica mais profunda em

relação à infância, dentro de uma estrutura Cristocêntrica. Em 2002, ele e outros colegas,

lançaram o Child Theology Movement (Movimento da Teologia da Criança), do qual

atualmente ele é um dos diretores. O principal objetivo era explorar as vertentes das

discussões teológicas sobre a criança, onde o foco principal era a criança no meio5: como a

criança se torna a linguagem de Deus para nós, ou seja, como entendemos Deus a partir da

criança.

Este movimento estabeleceu uma importante iniciativa para explorar questões

teológicas, não como uma sub-disciplina da teologia sistemática, mas como mais uma

maneira inclusiva de pensar teologicamente. O trabalho do Movimento da Teologia da

Criança tem contribuído com novas percepções dentro da nossa compreensão tradicional de

igreja, da obra de Cristo, da natureza do reino de Deus e da missão de Deus.

1.1.1 No Brasil

Na cidade de Itu – SP, no ano de 2006, aconteceu a 1ª Consulta Teológica da Criança no

Brasil, liderada pela Rede Mãos Dadas6 e pela Visão Mundial, com o apoio da Compassion

4 CUTTING EDGE III, 2000 - Conferência Internacional de cristãos envolvidos com crianças em situação de

risco. Disponível em: <http://www.childtheology.org/about-us/history/>. Acesso em: 28 janeiro 2014. 5 Referindo-se as palavras de Jesus: E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles. (Mt 18.2)

6 REDE MÃOS DADAS, rede de instituições, igrejas e pessoas, atualmente com 36 parceiros, que trabalham

com o objetivo de fortalecer a resposta cristã dada aos problemas vividos pelas crianças e adolescentes mais

vulneráveis. Disponível em <http://ultimato.com.br/sites/maosdadas/quem-somos/a-rede/>. Acesso em 12

setembro 2014.

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do Brasil7. Esta consulta reuniu teólogos/as, trabalhadores/as na área social, professores/as,

jornalistas e líderes de missão, totalizando 25 participantes. Neste evento além das meditações

e a troca de experiências, as crianças foram ouvidas na tentativa de avançar a reflexão

teológica a partir da criança. Este encontro também é fruto do Movimento Teologia da

Criança (CTM – sigla em inglês), já citado acima, que desde 2002 vem realizando encontros

em diferentes continentes com objetivo de refletir sobre o assunto.

1.2 Conceito

A Teologia da Criança surge de movimentos internacionais e nacionais de instituições

de serviços cristãos, objetivando sensibilizar a igreja e sua liderança para o ministério com a

infância. O Movimento Teologia da Criança define-a como Toda reflexão teológica, com a

criança sendo parte desta reflexão. Toda atividade cristã de atenção à criança informada

pela reflexão teológica.8

Esta reflexão é uma tentativa de compreender o reino de Deus a partir da criança, pois

o evangelho de Mateus 18.1-6, narra uma situação em que os discípulos querem saber quem

é o maior no reino dos céus. Jesus responde colocando uma criança no meio dos discípulos

fazendo dela um modelo, uma referência e um meio pelo qual podemos receber o próprio

Cristo. A respeito disso, Segura e Pereira dizem:

Trata-se de mostrar a centralidade da infância na narrativa bíblica, de

sustentar teologicamente este âmbito da pastoral; e também de convidar a

compromissos sociais concretos em prol da infância, sobretudo a que sofre

os efeitos devastadores da violência, da pobreza e da injustiça. As

comunidades de fé poderiam desenvolver – deveriam desenvolver –

ministérios mais efetivos em prol da infância.9

Esta nova proposta é necessária, pois a maioria dos discursos teológicos são

construídos numa visão de um Deus adulto e masculino, que colocou a mulher e a criança

na marginalidade silenciando-as, como muito bem expresso por Panotto:

7 COMPASSION NO BRASIL, organização evangélica interdenominacional que atua no auxílio de crianças

em situação de risco. Está presente no Brasil há 25 anos atendendo 37 mil crianças no nordeste e algumas

cidades no sudeste. Disponível em <http://www.compassion.org.br/_quem-somos.html>. Acesso em 12

setembro 2014. 8 CHILD THEOLOGY MOVEMENT. O que é Teologia da Criança? Disponível em:

<http://www.redemaosdadas.org/o-que-e-teologia-da-crianca/>. Acesso em: 28 janeiro 2014. 9 SEGURA, Harold e PEREIRA, Welinton. Para falar de criança: teologia, bíblia e pastoral para a infância. Rio

de Janeiro: Novos Diálogos, 2012. p. 7.

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Esta masculinização do divino foi denunciada por muitos/as teólogos/as,

que vêem nisto um marco discursivo e ideológico que não faz mais que

subordinar o papel das mulheres e das crianças a uma posição de

inferioridade em relação ao homem. Esta visão teológica silencia toda voz

dissidente. Um tipo alternativo de discurso ou lógica, tal como seria a da

infância, não apenas questionaria esta visão teológica como seria uma

maneira de compreender o sócio-econômico (onde existem tarefas

determinadas para homens, mulheres e crianças, segundo seu lugar dentro

do sistema de produção), a família (onde o homem é “cabeça”, e a mulher

e filhos submetidos a ele) e o eclesial (onde os cargos de liderança

pertencem aos homens, enquanto as mulheres se calam e as crianças

desenham no salão anexo).10

A Teologia da Criança, conforme Panotto, propõe a quebra desse silenciamento,

dando voz ao que não tem voz, tanto na sociedade em geral, como na igreja. Assim,

questiona sobretudo a visão teológica adultocêntrica:

Integrar as crianças no fazer teológico significa um questionamento da

lógica adulta que mantém a ordem e a estabilidade institucional dos

poderes sociais e religiosos. Significa dar voz a um dos setores mais

marginalizados de nossa sociedade, o que denuncia e desarma uma prática

de poder e domínio por parte dos adultos, especificamente dos homens.

Implica, também, ressignificar as formas com as quais construímos nossas

percepções da realidade para dar-lhe sentido.11

O lugar que as crianças ocupam dentro da eclesiologia atual é marginal. Mesmo que

existam atividades voltadas para elas no contexto eclesial, pouco se vê de atividades com

elas, ou seja, não há ações que as empoderem e promovam o seu protagonismo, o que

contribui para sua vitimização, como afirma Panotto:

Desta maneira, as igrejas reforçam os mecanismos sociais de violência e

segregação em função da carência de um trabalho integral com a infância,

que permita um desenvolvimento que empodere e ressignifique seu lugar

no mundo. Estas dinâmicas institucionais (neste caso, educativas)

colaboram para o aprofundamento e a estigmatização – ou seja,

influenciam no desenvolvimento pessoal a médio e longo prazo – da

estratificação naturalizada que coloca os adultos acima das crianças, os

homens acima das mulheres e o institucional sobre o possivelmente novo e

transformador.12

Pensar Deus na perspectiva da criança implica em romper com esses paradigmas, que

legitimam os estigmas que expõem as crianças em uma situação de opressão e abusos. Isto

não requer ações paliativas, mas como diz Panotto é necessário tratar com a causa do

problema:

Por tudo isto, se a igreja cristã deseja se comprometer com os problemas

que afetam milhões de crianças, isto não se alcançará através de atividades

eclesiais centradas neste grupo ou com projetos que repercutem sobre as

10

PANOTTO, Nicolas. “Porque as revelaste”: o empoderamento da palavra frente a violência do silenciamento.

In: SEGURA e PEREIRA., 2012, p. 18. 11

SEGURA e PEREIRA, 2012, p. 19. 12

Idem, 2012, p. 20.

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evidentes conseqüências. Requer-se ir ainda mais fundo: transformar

nossas imagens de Deus e o fazer teológico como o caminho para

questionar os imaginários sócio-culturais que facilitam tais ações e

condutas. Subverter a construção teológica desta perspectiva implica

viabilizar a própria infância como grupo discriminado, pôr sobre a mesa

suas problemáticas e promover ações concretas na busca da solução.13

A promoção dessas ações implica na prática inclusiva das crianças, criando espaços

que promovam sua participação na sua própria linguagem, percepções, um sistema que

inclua o lúdico, ao invés de centrar apenas o expositivo.

Estabelecer uma relação saudável, concreta e significativa com as crianças, implica

também num desenvolvimento sadio de sua fé. A psicóloga e teóloga Blanches de Paula diz:

A religião possui uma profunda relação com a confiança, sendo a mais

antiga e duradoura instituição a serviço desse sentimento. Quando a criança

encontra um ambiente propício para seu desenvolvimento como pessoa, ela

sairá desse estágio com esperança, que é um aspecto indispensável para

uma fé saudável. Porém, se ela encontra um mundo não-receptivo ao seu

desenvolvimento, poderá levar para o segundo estágio a desesperança. Sua

fé, portanto torna-se fragilizada.14

Esse desenvolvimento da sua fé se dá primeiramente na família, no contato com os

pais e responsáveis pelo seu cuidado. Paula diz que o hábito do diálogo constante, evitando

palavras de ironia e censura, procurando incluí-la em todos os assuntos de família, inclusive

na tomada de decisões, contribui para sua formação integral. A igreja como parte desse

processo, também deve estabelecer esse diálogo, procurando dar espaço para que ela

expresse sua fé. A busca de capacitação para compreender a vida da criança e dos adultos e

sua interação, assim como de recursos em outras áreas do conhecimento humano, como a

psicologia, pedagogia e a sociologia, são algumas orientações de Paula para ajudar pais e

educadores neste processo.15

A criança é um ser humano completo, pois atua na criação de relações sociais e nos

processos de aprendizagem e na produção de conhecimento, são sujeitos no presente.16

Portanto, não pode ser ignorada em seu contexto social que abrange família, comunidade,

igreja, escola, enfim, a sociedade como um todo. Ela está em nosso meio e não devemos nos

preocupar apenas em ensiná-la, mas também aprender com ela, pois ela é portadora de

valores que o ser humano adulto perdeu com o tempo. Ela é fonte de aprendizagem, modelo

do Reino de Deus e não um objeto de nossas ações, estudos, um nicho mercadológico ou

13

Idem, 2012, p. 25. 14

PAULA, Blanches de. A criança e a fé. In: DIAS, Lissander; FASSONI, Klênia; PEREIRA, Welinton

(Organizadores). Uma criança os guiará – por uma Teologia da Criança. Viçosa, MG: Ultimato, 2010. p.204. 15

Idem, p. 205, 208-209. 16

LAMB, Regene. Criança é presente: pistas para uma hermenêutica bíblica na perspectiva de crianças. São

Leopoldo:EST/IEPG, 2007. p. 14.

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pior uma mercadoria sendo negociada e explorada em muitos lugares não apenas no nosso

país, mas em todo o mundo.

Contudo, Carlos Queiroz17

, afirma que a Teologia da Criança, não pretende considerá-

la como revelação absoluta de Deus. A Teologia da Criança não a sacraliza, mas reconhece

que a mesma tem prioridade no reino de Deus, sua recomendação é que ela seja vista como

uma das mais importantes mediações da revelação de Deus, juntamente com os pobres e os

oprimidos, pois a revelação plena de Deus na história só pode ser vista em Jesus. Ele

ressalta que Tê-la como mediação teológica é buscar a descoberta em teologia da vida e

com a vida.18

Outra consideração importante de Queiroz é que ter a criança como

paradigma, não se refere tão somente à idade cronológica, mas na perspectiva de que as

pessoas adultas tenham plenamente a criança viva e preservada dentro de si; como Jesus

ensinou, em Mateus 18.3, apenas aqueles que se tornam crianças podem herdar o reino de

Deus.

1.3 Reflexões teológicas

No contexto latino americano, as reflexões teológicas sobre a criança também contam

com a contribuição de diversos teólogos/as da Teologia da Libertação, os quais também

foram fontes de nossa pesquisa bibliográfica além dos teólogos/as e pastores/as da Missão

Integral.

As reflexões que seguem, estão divididas em três partes: Crianças no Antigo

Testamento, Crianças no Novo Testamento e O Menino Jesus. A reflexão sobre Jesus como

criança foi considerada como um ponto específico, pois existem textos tanto do Antigo

Testamento como do Novo, que referem-se ao tema.

17

QUEIROZ. Carlos. Deus na criança. In: DIAS; FASSONI; PEREIRA, 2010, p. 43-53. 18

Idem, p. 47.

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16

1.3.1 Crianças no Antigo Testamento

A presença de crianças no Antigo Testamento é notória, são inúmeras as passagens

que narram não apenas o nascimento de uma criança, mas também fatos que norteiam sua

trajetória de vida.

No livro de Gênesis destacam-se quatro crianças. A primeira criança é o menino

Ismael (Gn 16 e 21), filho de Abraão com sua serva Agar. O significado do seu nome, Deus

escuta, já remete a sua história quando ele e sua mãe são mandados embora de casa por

Abraão, a pedido de sua esposa Sara. No deserto quando os mantimentos que tinham

acabam, mãe e filho estão condenados à morte. A mãe, não suportando a dor de ver seu

filho morrer, o deixa debaixo dos arbustos e se afasta para não ver seu sofrimento e chora

profundamente. Porém, Deus escuta o choro do menino e vem ao encontro de ambos,

providenciando água de um poço e a promessa de que faria de Ismael um grande povo.

Quando tudo isto aconteceu Ismael tinha aproximadamente 16 ou 17 anos.

A segunda criança é Isaque, filho de Abraão com Sara, o qual é a promessa de Deus

realizada na vida do casal (Gn 12.2; 15.5; 17.19,21; 18.10; 21.1). O cuidado de Deus para

com a criança é novamente evidenciado quando este não permite que Abraão ofereça Isaque

a Ele em sacrifício (Gn 22).

José, o décimo primeiro filho de Jacó, com 17 anos tem sonhos nos quais Deus já

mostrava que ele seria usado para ser instrumento de salvação não só de sua família como

de muitas nações. A história de José também retrata a vulnerabilidade da infância e da

adolescência, quando este é vendido pelos próprios irmãos aos mercadores de escravos, por

causa do ciúme que tinham dele (Gn 37).

A quarta criança é Benjamin, o filho mais novo de Jacó, o qual se destaca pelo seu

importante papel na reconciliação de José com seus outros irmãos (Gn 44, 45).

No livro de Êxodo, encontramos a denúncia de um sistema opressor com políticas

promotoras de morte, narrados nos capítulos 1 e 2, no qual ocorre o extermínio de crianças

por ordem do Faraó do Egito, onde a vida do bebê é preservada por meio da resistência

feminina representada pelas parteiras que desobedeceram as ordens de Faraó; por

Joquebede, mãe de Moisés que o escondeu e armou um plano para protegê-lo; pela irmã;

Miriã, que o protegeu e providenciou sua volta ao lar por um determinado período; e pela

filha de Faraó, que mesmo sabendo ser um menino hebreu o toma como filho. Fazendo uma

hermenêutica sobre este texto, Pinky Riva diz:

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17

As políticas de opressão implementadas pelo Faraó em nosso texto devem

nos fazer refletir sobre as políticas implementadas em nossos países, sejam

elas públicas, eclesiais ou empresariais; políticas que de uma ou outra

maneira nos separam em homens e mulheres, urbanos e rurais, evangélicos

e católicos, pobres e ricos, imigrantes e residentes ou em pecadores e

salvos. [...] Hoje também as disparidades na mortalidade infantil marcam

linhas de raça, de povos, de crenças, sejam nativas, cristãs ou

afrodescendentes.19

No livro de Rute, capítulo 4 a história termina com o nascimento de um bebê muito

esperado, principalmente pela avó Noemi, que via nesta criança a bênção de ter sua

descendência continuada, seu nome era Obede, filho de Rute com Boaz, que significa

Servidor, que deu nova esperança ao povo (Rt 4.13-17).

E como não mencionar Samuel, filho de Ana, a qual ansiava pela bênção de ser mãe, a

tal ponto, que faz uma promessa de dedicar a vida do menino a Deus assim que o

desmamasse (I Sm 1 e 2). E Samuel ainda criança, ouve a voz de Deus e é usado para trazer

uma profecia a casa do sacerdote Eli (I Sm 3). Um pouco mais à frente no livro de I Samuel

16, Davi ainda muito jovem é ungido rei de Israel pelo próprio Samuel. Ambos Samuel e

Davi, ainda crianças, são instrumentos de moral, virtude espiritual e poder, quando tudo ao

redor parece falhar.

No livro de I Reis 17, o profeta Elias é usado por Deus para trazer provisão a uma

família, que estava condenada a morrer de fome devido à grande seca que Israel estava

enfrentando. No mesmo capítulo, o profeta ressuscita o filho de uma viúva em Sarepta, que

veio a morte devido uma enfermidade. No livro de II Reis capítulo 4 as histórias se repetem

agora com o profeta Eliseu, que através da multiplicação do azeite impede que crianças

sejam vendidas como escravas e permaneçam ao lado de sua mãe, e depois, ressuscita o

filho da mulher sunamita. Essas histórias refletem o cuidado de Deus com os órfãos e as

viúvas, preceito este citado em diversos textos bíblicos (Ex 22.22; Dt 10.18; 14.29;

16.11,14; 24.17-18,19-22; 26.12-13; 27.19; Sl 10.14,18; Sl 146.9; Is 1.17,23). Em todos os

textos é importante ressaltar que o nome de nenhuma dessas crianças é citado. Embora, os

escritores da narrativa não as tivessem nominado, Deus não permite que estas passem

desapercebidas agindo em favor de suas vidas.

Outra narrativa interessante de uma criança sem nome está em II Reis 5, em que uma

menina é arrancada do seio de sua família, de sua nação, e levada como prisioneira de

guerra para trabalhar como escrava na casa do comandante do exército da Síria, Naamã.

19

RIVA, Pinky. Resistência a políticas de morte, optando pela vida dos mais vulneráveis: releitura do Êxodo

1-2. In: SEGURA; PEREIRA, 2012, p.91.

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18

Mas sua reação a situação é surpreendente, conforme o comentário de Edésio Cetina

Sánchez:

[...] a menina escrava, prisioneira de guerra, não se ensimesmou na sua

tristeza e vulnerabilidade, nem tampouco ignorou o crime produzido pelo

ódio entre nações e raças. Antes, superou-os e se lançou no caminho do

perdão e da reconciliação. E desse modo, libertou-se de suas amarguras e

ódios naturais e transformou a vida do homem que personificava a

definição de “inimigo” para todo israelita que havia sofrido a violência e a

opressão por parte do povo sírio.20

Esse é um exemplo do que as crianças podem nos ensinar. Como afirma Ariovaldo

Ramos que a criança concentra a maioria das virtudes que Deus gostaria que emanassem

da humanidade.21

No que diz respeito sobre a criança como fonte de reflexão teológica, ele

diz:

Temos de ter coragem de elaborar uma nova tese. Precisamos que muitos –

inclusive pesquisadores – chamam de fragilidade infantil e entender que é

nessa fragilidade que está a força. Nessa capacidade de perdoar facilmente,

de pedir ajuda, de chorar ao sentir dor, de correr atrás da mãe ao levar um

tombo, de reconhecer sua fraqueza e medo, de confessar que teme o que

não entende e o que não conhece, de reconhecer que precisa de ajuda e de

proteção. O que durante séculos tem sido entendido como uma fraqueza

deve ser resgatado e compreendido – nisto está a força e a profunda

realidade. As crianças não têm ilusões sobre si mesmas. Sabem que

precisam de ajuda, que têm medo do escuro. Sabem que o desconhecido

pode ser uma ameaça e que precisam de segurança.22

Assim deve ter sido com Joás (II Rs 11.1-12.2) e Josias (II Rs 22.1), que com sete e

oito anos de idade foram ungidos rei, com certeza eles receberam ajuda de seus tutores.

Ambos, em seus reinados, reformaram o templo, porém a reforma de Josias foi além do

templo, ele renovou a aliança com o Senhor, celebrou a Páscoa, restaurando o culto a Deus.

Dentre os profetas, temos a narrativa do chamado de Jeremias (Jr 1), o qual declara

não passar de uma criança, mas isto não impede de ter sido escolhido para ser um profeta de

Deus.

No Antigo Testamento, as crianças são consideradas bênçãos na vida dos pais (Sl

113.9; 127.3-5; 128.3). Deus instrui que elas devem ser ensinadas em todo o tempo (Dt 6.6-

7), porém um ensino participativo que acontece no caminhar da vida diária, mas ao mesmo

tempo nos revela que são as crianças que verdadeiramente sabem como adorar a Deus,

conforme Salmo 8.2, que diz que da boca de pequeninos e de crianças de peito Deus suscita

força.

20

SÁNCHEZ CETINA, Edesio. Uma menina: vítima e redentora em meio à violência. In: SEGURA;

PEREIRA, 2012, p.82. 21

RAMOS, Ariovaldo. A melhor parte da vida humana – entrevista com Ariovaldo Ramos. In: DIAS;

FASSONI; PEREIRA; 2010, p. 77. 22

Idem, p. 79.

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19

E por último, cabe considerar que Deus, no Antigo Testamento, sempre se refere ao

povo de Israel como filhinhos, filhos de Israel, filhas de Sião. Deus sempre é comparado à

figura de um pai amoroso (Sl 103.13; Pv 1-7) e de uma mãe acolhedora e cuidadosa (Sl 131;

Is 66.13; Os 11.1-4). Portanto da ação do próprio Deus para com o povo de Israel no

cuidado e proteção, largamente exemplificados pelo papel de mãe e pai, temos o exemplo de

que é primordial cuidar, proteger, suprir as necessidades, dando condições de vida digna

para todas as crianças, principalmente àquelas que sofrem.

1.3.2 Crianças no Novo Testamento

No Novo Testamento, Jesus é o exemplo de como se deve tratar as crianças. Além dos

textos do Evangelho de Lc 18.15-17 e o de Mateus 18.1-5, o tratamento de Jesus para com

as crianças, sempre foi de empatia, amor, valorização e cuidado. Seguem os exemplos: as

ressurreições da filha de Jairo (Mc 5.21-24; 35-43) e do filho da viúva de Naim (Lc 7.11-

17), o menino que oferece seu lanche no episódio da multiplicação dos pães (Jo 6.1-13), a

libertação da filha da mulher siro-fenícia (Mt 15.21-28) e a cura do filho do oficial do Rei

(Jo 4.46-54). Apesar de novamente os nomes das crianças não serem citados pelos escritores

das narrativas bíblicas, Jesus é o Bom Pastor que cuida das suas ovelhinhas. A igreja é

responsável para que elas conheçam o direito do cuidado que lhes é oferecido. Sobre isto

Regene Lamb afirma:

Hoje esse cuidado do Bom Pastor pode chegar até as crianças através de

nossas mãos, nossa postura, nossa providência e cuidados. Então importa

revermos como elas são tratadas e valorizadas em nossas igrejas, como elas

desfrutam da comunhão e percebem essa vivência comunitária. E como as

de fora desse ajuntamento sentem esses efeitos e descobrem sobre esse

Jesus cuidadoso.23

Em uma hermenêutica sobre o texto de Jo 6.1-13, Lamb comenta que a criança não

passa desapercebida, embora naquele tempo, tanto elas como as mulheres fossem grupos

excluídos, pois nem sequer eram contados:

A criança tem em suas mãos pães e peixes. Jesus recebe esses alimentos e

são mencionados cinco mil homens para comê-los. Mulheres e crianças

não contam, mas esse menino denuncia a presença de crianças em meio à

multidão. Na construção desta narrativa, também Jesus não é descrito

como alguém que dá atenção ou valoriza a criança. Ele apenas faz uso do

que a criança tem para fazer os sinais e fazer a multidão reconhecer nele o

23

MACHADO, Tais. Promoção da vida e suas dimensões. In: SEGURA; PEREIRA; 2012, p. 139.

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20

profeta que viria ao mundo. Contudo, ao não ignorar aquilo que a criança

tem, como observação do discípulo insinua, Jesus valoriza a sua presença.

E isso acontece explicitamente em outras narrativas no próprio Evangelho

de João “Quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. Precisa

tornar a ver como criança” (3.3-7)24

Ao expor o contexto na qual viviam as crianças nas narrativas dos Evangelhos e na

vida das primeiras comunidades cristãs, Lamb cita Carlos Mesters, em sua obra Meninos e

Meninas, onde ele enumera sete aspectos da ação de Jesus em favor das crianças, dos

pequenos, presentes nos Evangelhos25

. Resumidamente esses aspectos são: 1) acolher e não

escandalizar; 2) acolher e tocar; 3) tornar-se crianças; 4) identificar-se com os pequenos; 5)

defender o direito de gritar; 6) agradecer pelo Reino presente nos pequenos; 7) acolher e

curar.

Ela também cita Rodolfo Gaede Neto em sua obra Criança na Bíblia, na qual aponta

as precárias condições socioeconômicas da época, somadas a fatores culturais motivos pelos

quais Jesus evidencia e valoriza a criança, contrapondo-se aos costumes da época,

mostrando que o Reino de Deus é de acolhimento para todos e a missão de discípulos e

discípulas de Jesus deve ser de solidariedade para com os mais pequeninos/as.26

Assim, a

Igreja deve exercer ações diaconais, que dignifiquem as crianças:

As ações diaconais são necessárias para as crianças, tendo em vista sua

realidade socioeconômica e sua discriminação cultural. Na perspectiva de

uma hermenêutica das crianças, soma-se o aspecto do protagonismo delas

e daquilo que elas têm a ensinar àqueles que as acolhem ou até mesmo a

necessidade que as comunidades cristãs têm de interagir com as crianças

para compreender e entrar no Reino de Deus. Comunidade que não

conhece e não se dá a conhecer, não vê e não se deixa ver, não deixa a sua

mensagem. Não ouve e é não ouvida, não abraça e não é abraçada.

Comunidade que não partilha o que tem e não aceita o que as crianças

trazem, perde uma fundamental dimensão do Evangelho.27

No texto de Mateus 18.1-5, o próprio Jesus dá o exemplo de como promover o

protagonismo das crianças em nosso meio. Depois de uma discussão entre os discípulos

acerca de quem seria o maior no Reino dos céus, Jesus chama uma criança e a coloca no

meio, dizendo que aquele que não se convertesse e se tornasse como uma criança de maneira

nenhuma entraria no reino dos céus! Mas ele não para aí, ele ainda desafia todos a acolherem

as crianças, pois todos os que assim fizerem estarão O acolhendo. No aspecto da diaconia, ou

seja, do serviço, Jesus quebra com as barreiras socioeconômicas e de discriminação cultural,

24

LAMB, Regene. Criança é presente: pistas para uma hermenêutica bíblica na perspectiva de crianças. São

Leopoldo:EST/IEPG, 2007. p. 38. 25

MESTERS, 2001 apud. LAMB, 2007, p.58. 26

GAEDE NETO, 2004 apud LAMB, 2007, p.60. 27

Idem, p. 61.

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quando em Mateus 19. 13-15, também relatado em Marcos 10.13-16, Jesus chama a atenção

dos discípulos que não queriam deixar as crianças se aproximarem dele, e as pega no colo e as

abençoa. Um maravilhoso exemplo de serviço e inclusão.

Nas Cartas Paulinas, apesar de não termos referência de crianças explicitamente, exceto

quando Paulo menciona que Timóteo desde pequeno foi ensinado nas Sagradas Escrituras

pela avó Lóide e a mãe Eunice (II Tm 1.5; 3.14), Romanos e Gálatas falam da filiação em

Deus por intermédio de Cristo, por meio da adoção, onde os filhos têm a liberdade de

chamarem seu Deus de Abba, ou seja, Paizinho. Outras referências são analogias que Paulo

faz da realidade da criança com a realidade da vida adulta (I Co 13.11), a relação paterna e

materna que Paulo mantém com a comunidade cristã (I Co 4.14-17; Gl 4.19; I Ts 2.7, 11) e as

instruções nas relações familiares (Ef. 6.1-4; Cl. 3.20-21).

Na carta de I Pedro, a figura da criança é retomada como analogia a vida cristã. Aqueles

que desfrutam da bondade do Senhor devem desejar se alimentar da Palavra de Deus, como

recém-nascidos desejam o leite materno (I Pe 2.1-2).

Nas cartas joaninas, o tratamento dispensado é de total afeto materno ou paterno, como

comenta Valmor da Silva em um estudo sobre as cartas:

As palavras empregadas para qualificar as pessoas às quais se destinam são

selecionadas do vocabulário da infância. Ora são exortadas como criancinhas

(paidión), ora como crianças (téknon), e principalmente como criancinhas

(téknion), diminutivo relacionado a creche.28

Esses termos são utilizados como um método pedagógico para solucionar os problemas

e conflitos da comunidade de forma afetuosa.

Concluindo, em Apocalipse 12.1-6, a figura da criança também aparece, conforme Silva

denota:

Mulher gerando vida e bebezinho nascendo! Por um lado a novidade que

irrompe, por outro o instante frágil que inspira cuidados. Bem defronte, o

dragão devorador de crianças! É a bestialidade imperial, além da repressão

das comunidades nascentes. Mas a vida é mais forte! Deus opta pela

parturiente e pelo seu recém-nascido. A salvação está assegurada.29

Mas ainda é necessário apresentar o Deus menino, o Deus que se encarnou, limitando-se

a fragilidade e vulnerabilidade de um bebê: Jesus.

28

SILVA, Valmor da. Crianças no Novo Testamento. In: SCHWANTES, Milton (Coordenador). Estudos

Bíblicos 54. Crianças na Bíblia. Petrópolis: Editora Vozes, 1997. p. 69. 29

Idem, p. 69.

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22

1.3.3 O menino Jesus

No livro do profeta Isaías os capítulos 6.1 – 9.20 e 11.1-16 são considerados o Livro do

Emanuel30

. Em uma época em que se respiravam ameaças de guerra e domínio das nações

circunvizinhas, é anunciado um libertador, porém diferente do que o povo esperava. Tércio

Siqueira faz o seguinte comentário:

Diante de problemas tão volumosos, era normal que o profeta anunciasse

soluções adultas. Porém, surpreendentemente ele declara que a libertação

teria início com a concepção de uma jovem frágil e, ainda, imatura na arte de

educar filhos (7,14; conferir Mt 1,23). Para Isaías, isso não é importante,

pois ele tinha firme na memória que o ruah Espírito de Javé repousaria sobre

este rebento (I Sm 16,13). Javé estaria com Ele e com todo o povo. Muito

mais! Esse broto será uma semente santa (6,13). Apesar de ser um rebento,

um broto, um menino, ele será grande e será chamado filho do Altíssimo

(9,6; Mq 5,1; conferir Lc 1,32-33). Por isso seu nome seria Emanuel, Deus-

conosco...31

Assim, a ação salvadora de Deus manifesta-se no nascimento de um bebê, que seria luz

para aqueles que andavam em trevas, que viviam na região da sombra da morte (Is 9.2). À

criança também é dado o papel de liderança, o governo estaria sobre seus ombros (Is 9.6), e

este menino os guiaria (Is 11.6).

Na comunidade cristã, estas profecias se cumpriram no nascimento de Jesus narradas

textos de Mateus e Lucas capítulos 1 e 2. Mateus em sua narrativa refere-se ao texto de Isaías

7.14, já citado anteriormente. Ainda neste Evangelho é ressaltada a importância do papel do

pai para a criança, onde José seria o protetor da mãe e do bebê e mais tarde, conforme a

tradição judaica, ele que ensinaria ao menino os preceitos da Lei. Outro aspecto é a visita dos

magos do Oriente, que representam as demais nações que também anseiam por justiça e se

alegram com o nascimento do bebê. Porém a criança corre perigo, Herodes intenta matá-la,

assim como Faraó fez com Moisés. José, na função de pai que protege sua família, foge para o

Egito, conforme advertido em sonho por um anjo. Muitas crianças morrem devido ao déspota

que exerce o governo da época, oprimindo o povo, e vê na criança uma ameaça ao seu reinado

(Mt 2.16-18). Essa é uma realidade também presente em nossos dias.

Na narrativa de Lucas a mãe, uma jovem recebe a notícia de que será mãe do Salvador,

e aceita o desafio, ciente dos perigos que enfrentaria, mas confiante de que Deus era seu

protetor e libertador (Lc 1.46-55). Um aspecto interessante em Lucas é a presença de duas

crianças: João Batista e Jesus. A mãe de João, Isabel, sente a alegria de seu filho ainda no

30

SIQUEIRA, Tércio. O Rei Menino. In: SCHWANTES, 1997, p. 47. 31

Idem, p. 49.

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ventre com a chegada de Maria, mãe de Jesus, que também se fazia presente na forma de um

feto de aproximadamente três meses. Impulsionada pela alegria de seu filho, Isabel adora a

Deus (Lc. 1.41-44). O nascimento do bebê se dá em lugar inapropriado, assim como muitas

crianças pobres em nosso mundo. Mas apesar da condição humilde da família de Jesus e o

lugar do seu nascimento, sua vinda é cercada de amor, cuidado e muita festa, pois anjos

anunciam o seu nascimento aos pastores no campo, que correm à sua procura para vê-lo e

adorá-lo. Lucas também dá detalhes da recepção de Jesus ao ser apresentado no templo por

seus pais, quando Simeão, descrito como um homem justo, piedoso, cheio do Espírito Santo,

que aguardava a consolação de Israel, toma-o no colo e se alegra, pois a criança é o

cumprimento das profecias, luz para os gentios e glória para Israel (Lc 2.32-35). Igualmente,

Ana a profetisa, se alegra e divulga a notícia a todos que aguardavam a redenção de Israel (Lc

2.38). É o Evangelho de Lucas que descreve a sabedoria do menino Jesus ao discutir com os

doutores no templo e deixá-los de “queixos caídos” (Lc 2.46-47). Mas duas frases similares

que merecem especial atenção são os versículos 40 e 52, do capítulo 2. Estes versos nos dão

referência para as condições ideais do desenvolvimento saudável de uma criança. Ele crescia

e se fortalecia, apontando para o seu desenvolvimento físico; em sabedoria, referindo-se ao

seu desenvolvimento intelectual; e graça diante de Deus e dos homens, ressaltando

primeiramente seu desenvolvimento espiritual no relacionamento que tinha com Deus, ao qual

já com doze anos, chamava de Pai. E também, aponta para o seu desenvolvimento social, no

relacionamento com os outros.

A ênfase dada no nascimento de Jesus, segundo White, está no fato de que Deus

escolheu vir ao mundo para revelar-se como um bebê e como uma criança.32

Este fato

transtornou a compreensão de muitos teólogos como Nestório (386-451), patriarca de

Constantinopla, conhecido pelos seus escritos cristológicos, o qual dizia que não conseguia

conceber que Deus tivesse dois ou três meses de idade, e também Karl Barth que escreveu:

Este é o seu Deus! O supremo Deus criador é uma criancinha tão pequena?Será isso

possível? Se é, o que significa?”33

A teologia ocidental, pouco se preocupou com esta questão, justamente pelo preconceito

e o descaso com as crianças. Mas o fato é que o Messias prometido é um bebezinho deitado

numa manjedoura! É preciso refletir mais profundamente sobre este fato, pois para se entrar

no Reino é necessário nascer de novo, se tornar bebê, ser criança! Isso significa a total

32

WHITE, Keith J.. Redescobrindo a criança no coração da missão. In: DIAS; FASSONI; PEREIRA, 2010, p.

29. 33

Idem, p. 29.

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dependência de Deus, onde se tornar criança nos ajuda a compreender qual a lógica deste

reino, o da humildade. Assim, Jesus não apenas toma a criança como exemplo, mas ao

pensarmos na encarnação ele se torna o exemplo. A criança é dependente dos pais e se alegra

em agradá-los, porque reconhece sua condição de filho e de filha agradando àqueles a quem

ela ama. Nascer de novo então é reaprender a amar aquele que nos criou, reconhecendo nossa

filiação em Deus.

No próximo capítulo, além de conceituarmos o termo crianças em situação de risco

social, será apresentado um quadro com o objetivo de descrever o mais próximo possível, a

situação destas no Brasil, bem como apresentar a legislação vigente que visam garantir sua

proteção e seus direitos. Porém antes disso, será apresentado um panorama histórico das

crianças em nosso país, para se obter uma melhor compreensão da situação atual.

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25

CAPÍTULO 2

PERFIL DA CRIANÇA EM SITUAÇÃO DE RISCO

SOCIAL NO BRASIL

Este capítulo pretende além de conceituar o termo crianças em situação de risco

social, apresentar também seu perfil através de dados estatísticos e artigos em livros e

periódicos, tanto denunciando o descaso em relação às mesmas como anunciando as ações

promovidas para mudança deste quadro, sendo uma das mais importantes a promulgação do

Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Porém, antes se fará um recorte histórico da

criança na sociedade brasileira, em especial as crianças pobres e abandonadas. Também será

apresentado como no decorrer da história, leis que foram criadas com o objetivo de

assegurar seus direitos, bem como promover sua proteção.

2.1 Breve histórico da criança pobre e abandonada na

sociedade brasileira

No Brasil, as informações sobre esse assunto começaram a ser levantadas em meados

da década de 1980, segundo a historiadora Maria Luiza Marcílio, a qual coordenou esse

projeto de pesquisa. Os dados obtidos pela pesquisa foram possibilitados através da

utilização dos recursos da Demografia Histórica, no Brasil, e da chamada “História

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26

Nova”, ambas valorizando as pesquisas sobre os excluídos sociais, que possibilitou a

descoberta de realidades novas, inusitadas na nossa paisagem social histórica.34

O tratamento em relação à infância desvalida35

no Brasil, a partir da colonização, não

foi diferente do ocorrido na Europa. Cabe ressaltar que a prática do abandono foi

introduzida no Brasil pelos europeus, pois os nativos – os índios – considerados não

civilizados pelos colonizadores, não abandonavam seus filhos.

Até a Declaração dos Direitos Universais da Criança em 1959, promulgada pela ONU,

as crianças eram vistas como objetos, não tinham direitos. Seu abandono era tolerado e por

vezes até estimulado. A partir desta Declaração é que a criança é considerada como os

demais seres humanos, sujeitos de direito.

A evolução da assistência a infância abandonada brasileira, segundo Marcílio, se deu

em três fases, e como já dito anteriormente similar ao processo europeu. A primeira fase foi a

caritativa sob a responsabilidade da Igreja Católica, que ocorreu no Brasil colônia indo até

meados do século XIX, com conteúdo paternalista e sem pretensão de mudanças sociais. A

Igreja apesar de acolher as crianças abandonadas, nunca condenou a prática do abandono, ou

seja, nunca atacou o problema pela raiz. Apenas um padre jesuíta chamado Alexandre de

Gusmão que no fim do século XVII, em Portugal, pregava que o ato de abandono das crianças

não era bem visto aos olhos de Deus, sendo isto demonstrado na própria natureza, pois até os

próprios animais lutavam para proteger seus filhos até a morte.

No período colonial, as crianças abandonadas geralmente eram acolhidas por famílias,

ou simplesmente morriam desamparadas. Quando adotadas, ou essas crianças eram bem

tratadas, ou consideradas empregadas da família sem direito à herança, e em muitos casos

sofrendo maus tratos. Neste período, nem o Estado, nem a Igreja, apesar desta última ser a

que mais promoveu ações de amparo as crianças, assumiram diretamente a assistência e

apoio as mesmas.

No século XVIII, quando foram criadas as primeiras instituições de amparo as

crianças abandonadas, as principais foram as Rodas dos Expostos e os Recolhimentos de

meninas pobres. A Roda dos Expostos consistia num dispositivo de madeira onde se

colocavam os bebês. Tinha forma cilíndrica e uma divisória no meio. A Roda era fixada no

muro ou na janela da instituição. Marcílio descreve como ela funcionava:

34

MARCILIO, Maria Luiza.História social da criança abandonada.2. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

(Criançaria; v. 2).p. 12. 35

Termo utilizado por Marcílio em seu texto. p. 12, 89, 127, 135 e outras.

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No tabuleiro inferior da parte externa, o expositor colocava a criancinha que

enjeitava, girava a Roda e puxava um cordão com uma sineta para avisar à

vigilante – ou Rodeira – que um bebê acabara de ser abandonado, retirando-se

furtivamente do local, sem ser reconhecido.36

A segunda fase foi a filantrópica, que se iniciou na segunda metade do século XIX

vindo até metade do século XX. Foi uma fase em que diversos projetos de políticas públicas

sociais foram implementados. Esta fase teve forte influência dos médicos higienistas, que

atuavam no combate a mortalidade infantil, e de juristas, que atuavam com a infância

desvalida e delinquente. Nessa época aparece o termo menor, para se referir pejorativamente

as crianças abandonadas que estavam à margem da sociedade:

Do início do século, quando se começou a se pensar a infância pobre no Brasil, até

hoje, a terminologia mudou. De „santa infância‟, „expostos‟, „órfãos‟, „infância

desvalida‟, „infância abandonada‟, „petizes‟, „peraltas‟, „menores viciosos‟, „infância

em perigo moral‟, „pobrezinhos sacrificados‟, „vadios‟, „capoeiras‟, passou-se a uma

categoria dominante – menor. O termo menor aponta para a despersonalização e

remete à esfera do jurídico e portanto do público.37

Criança era utilizada para designar os filhos e filhas de pessoas bem postas socialmente.

Menor eram os filhos e filhas dos pobres, as crianças abandonadas, que representavam uma

possível ameaça à sociedade. A assistência filantrópica retirava essas crianças de suas famílias

e das ruas e as colocavam em instituições no modelo de internato onde seriam educadas,

formadas e disciplinadas. Assim, segundo a visão do Governo da época, sairiam dali prontas

para formar uma família e exercer uma profissão, tornando-se cidadãos normatizados e

disciplinados, úteis à nação.

A terceira fase, inaugurada em 1960, foi a do Estado do Bem- Estar Social, coexistindo

com as anteriores. Foi neste período em que foi criada a Funabem (1964), com objetivo de

formular e implantar a política nacional do bem-estar do menor da ICAR (Igreja Católica

Apostólica Romana), através do estudo do problema com vistas ao planejamento de ações que

visavam solucioná-lo, sendo também responsável em orientar, coordenar e fiscalizar as

entidades responsáveis pela execução dessa política.

Em 1979 foi criado o Estatuto do Menor, onde se regulamentou minuciosamente o

instituto da adoção:

Compreendia-se, por intermédio dele, que é no seio da família (ainda que esta seja

substituta) que a criança pode completar o complexo processo de socialização,

adquirir os valores de seu grupo, desenvolver a auto-estima e se capacitar para o

desempenho das funções sociais.38

Em 1980 surgiram diversos movimentos que defendiam os direitos da infância, como

a Pastoral do Menor, pois o crescimento urbano resultou no aumento da pobreza, que por

36

Idem, p. 57. 37

ALVIM, 1988 apud MARCILIO, 2006, p,195. 38

MARCÍLIO, 2006, p.226

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28

sua vez elevou os índices de violência. Em decorrência disso, o Poder Público não

conseguia dar conta da situação e as instituições que seriam para proteger a infância, se

tornaram locais de violação dos seus direitos.

Em 1990 foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), destinado a este

público em todo território nacional, sem distinção. O ECA contribuiu para reformulação de

políticas públicas em favor da infância e da adolescência. Instituiu os Conselhos Tutelares,

formados por representantes da sociedade, encarregados de zelar e defender os direitos

destes, no caso de abusos do Poder Judiciário ou da Polícia. Sua elaboração teve

consonância com a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, de 1959, e a

Constituição do Brasil de 1988, deixando uma marca histórica em que a criança brasileira,

pela primeira vez, deixa de ser objeto passando a ser sujeito de direito.

Apesar deste avanço, a realidade das crianças e adolescentes em relação à promoção e

preservação dos seus direitos, continuou quase sem alterações, como afirma Marcílio:

Melancolicamente, em 1998, o País é detentor de alguns dos títulos de campeão

mundial em várias situações negativas relativas no que diz respeito à infância: da

intensa e aviltante exploração do trabalho infantil; da pior distribuição ou da

elevadíssima concentração de rendas (com graves repercussões sobre o

desenvolvimento e a vida da infância e da adolescência pobres); do turismo

internacional, pornográfico, de exploração sexual de menores; da delinqüência

juvenil; das altas taxas de prostituição infanto-juvenil; de episódios similares ao

do “massacre da Candelária”; da ação violenta das polícias, especialmente contra a

criança negra; e outros mais.39

A constatação de Marcílio datada em 1998, não é diferente dos dias de hoje,

reforçando o desafio que a sociedade brasileira precisa enfrentar pela luta dos Direitos da

Criança e do Adolescente. Há uma grande distância entre as leis estabelecidas e a triste

realidade da infância brasileira.

No próximo tópico será apresentado com mais detalhes o ECA, relacionando alguns

dos seus artigos com leis anteriores e concomitantes a ele.

2.2 Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA

Como mencionado anteriormente, em 13 de julho de 1990, através da Lei 8069 foi

constituído do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). Este teve por base os Artigos da

Constituição Federal de 1988, que apresentou direitos e garantias fundamentais à infância e

39

MARCÍLIO, 2006, p. 228.

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adolescência, além de também estar em consonância com as leis internacionais de proteção

a infância, como a Declaração Internacional dos Direitos da Criança, resolução 1386 da

ONU em 20 de novembro de 1959, da qual o Brasil é signatário.

É importante salientar que o ECA é um avanço em relação ao Código de Menores, onde

a criança e o adolescente em conflito com a lei eram tratadas da mesma forma que um sujeito

adulto infrator. Cabe também observar, que a atual sociedade brasileira, parece estar

regredindo, quando fomenta a aprovação da lei que trata da redução da maioridade penal.

O ECA vem estabelecer bases e diretrizes para o tratamento adequado à criança e o

adolescente até 18 anos, pois por estes estarem em fase de desenvolvimento, necessitam de

uma maior atenção. Ele vem assegurar novamente à criança e ao adolescente as suas

condições de sujeitos de direito, sejam elas de qualquer cor, raça ou classe social, as quais

necessitam de proteção integral, que pode ser promovida em parceria com a família,

comunidade, sociedade e Estado. Assim elas devem ser prioridade tanto na formulação de

políticas públicas, como na aplicação de recursos para criar estruturas que proporcionem seu

desenvolvimento básico, principalmente nas áreas de saúde, educação e segurança.

O Estatuto está dividido em duas partes, a que trata dos direitos fundamentais das

crianças e adolescentes, seguida do estabelecimento dos órgãos que visam assegurar e

fiscalizar as medidas de proteção ao seu público alvo.

Como no presente trabalho monográfico não se tem o objetivo de comentar todos os

artigos, será discorrido a seguir alguns deles, sendo que os textos dos mesmos na íntegra se

encontram no ANEXO A.

O ECA inicia-se com o Livro I, Parte Geral, Título I que trata das disposições

preliminares onde no Art. 1º destaca-se o termo proteção integral à criança e ao

adolescente40

, o qual é novamente utilizado no Art. 3º, definindo o conceito de integralidade

mais a frente neste mesmo artigo, quando refere-se à promoção do seu desenvolvimento físico,

mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.41

O Art. 2º define o conceito de criança e adolescente como sendo a pessoa até doze anos

de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.42

O Art. 4º define de quem é a responsabilidade de zelar pelos direitos da criança e do

adolescente, sendo estes a família, a comunidade, a sociedade em geral e do poder público,

40

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá

outras providências. Art. 1º. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em

15 janeiro 2014. 41

Idem. 42

Idem.

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30

para que o desenvolvimento integral referido no Art. 3º possa se concretizar. Além disso,

também coloca a criança e o adolescente como absoluta prioridade, explicando em quais

situações e ações essa prioridade deve ocorrer.

O Art. 5º trata da promoção da segurança e integridade das crianças destacando que

Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência,

discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão...43

, sendo passível de punição

quem praticar estes atos.

O Título II do ECA, trata dos direitos fundamentais e está dividido em 5 capítulos. O

Capítulo I, do direito a vida e à saúde, discorre sobre as obrigações do poder público de

garantir condições dignas de cuidado com a saúde da criança, iniciando-se no ventre materno

e acompanhando o seu desenvolvimento no decorrer dos anos. Para isso, o texto coloca como

obrigatoriedade do governo através da rede de atendimento do Sistema Único de Saúde

(SUS), propiciar condições dignas de existência, na qual inclui a gratuidade de atendimento

integral à saúde da criança e do adolescente, que vai desde o atendimento médico como ao

especializado, como o fornecimento de medicamentos, próteses e demais recursos necessários

durante seu tratamento para sua recuperação, habilitação ou reabilitação. Em 2009, através da

Lei 12.010, foram inclusos no Artigo 8 mais dois parágrafos, que tratam do direito de

atendimento psicológico no período pré e pós-natal a gestante e a mãe, inclusive aquelas que

querem encaminhar a criança para a adoção. O Art. 12 traz uma inovação quanto a internação

das crianças e adolescentes em hospitais, garantido a permanência integral de um dos pais ou

responsáveis durante este período. No Art. 13 determina que os casos de suspeita e

confirmação de maus tratos devem ser comunicados ao Conselho Tutelar, sendo incluso o

texto do parágrafo único, através da Lei 12.010 de 2009, que as mães e gestantes que

manifestarem o desejo de encaminhar as crianças para adoção serão encaminhadas à Justiça

da Infância e da Juventude. O Art. 14 incluí a assistência médica odontológica preventiva, e

também campanhas de educação sanitária, para pais, educadores e alunos. Finaliza com o

parágrafo único que garante a vacinação gratuita dos casos recomendados pelas autoridades

sanitárias.

O Capítulo II, do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade inclui as crianças e

adolescentes a gozar de todos os direitos da pessoa adulta estabelecidos na Constituição do

país e outras leis de âmbito nacional ou internacional, desde que nesta última, o Brasil seja

signatário.

43

Idem.

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31

O Capítulo III, do direito à convivência familiar e comunitária, dá a criança e ao

adolescente o direito de serem criadas no seio de sua família natural ou substituta, a qual

deverá propiciar seu sustento, guarda e educação, onde destaca-se no Art. 19 que o ambiente

deve ser livre de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. Outros temas abordados

são questões referentes à destituição do poder familiar que envolve temas como guarda, tutela

e adoção.

No Capítulo IV, do direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, o Governo tem a

obrigação de propiciar condições básicas de ensino as crianças e adolescentes desde a

educação infantil até o ensino fundamental, e também acesso aos níveis mais elevados de

ensino, conforme aptidões de cada um. Aos pais é dada a responsabilidade de matricular seus

filhos na rede pública de ensino, bem como o direito de acompanhar o processo pedagógico e

participar da formulação de propostas educacionais. As escolas da rede pública deverão

acompanhar e zelar junto aos pais a frequência das crianças as aulas, bem como reportar ao

Conselho Tutelar casos de maus tratos de seus alunos, faltas sem justificativa em demasia e

elevados níveis de repetência. É garantido também as crianças e adolescentes portadoras de

deficiência atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de

ensino. Quanto à cultura, esporte e lazer, o Art. 59 define como responsabilidade dos

municípios, apoiados pelos seus respectivos estados e a União, a promoção de atividades

culturais, esportivas e de lazer, voltados à criança e ao adolescente.

O Capítulo V, do direito a profissionalização e à proteção ao trabalho, no Art. 60 proíbe

o trabalho de menores, exceto os de 14 anos, na condição de menor aprendiz, conforme art.

7º, inciso XXXIII da Constituição Federal, considerada a Emenda Constitucional nº 20 de

16/12/1998. Cabe mencionar aqui, que esta lei está em consonância com a Convenção nº 138

da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da idade mínima para admissão de

emprego, Aprovada na 58ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho (Genebra –

1973), que entrou em vigor no plano internacional em 19/6/76, em que o Brasil é signatário.

Outros artigos deste capítulo normatizam as condições de trabalho quanto à segurança e seus

direitos trabalhistas, tanto do menor aprendiz como do adolescente.

O Título III, trata da prevenção quanto à violação dos direitos das crianças e

adolescentes estabelecidos nos artigos anteriores, encerrando o Livro I.

Antes de passar à descrição do Livro II do ECA, é importante destacar que os artigos

que tratam dos direitos fundamentais das crianças estão em consonância com os princípios

bíblicos de orientação prática para a vida tanto da comunidade judaica no Antigo Testamento,

como da comunidade cristã no Novo Testamento, como apresentado no capítulo 1, dentro da

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reflexão teológica. Percebe-se a similaridade quanto à preocupação com a integralidade da

criança no âmbito da proteção, saúde, educação, convívio familiar e comunitário, justiça,

igualdade, inclusão. Enfim, tudo o que implica a preservação e a promoção de uma vida digna

a que estas têm direito. A inquietação que esta constatação nos traz é porque a maioria das

igrejas cristãs estão alheias a essa questão, não buscando a promoção de uma práxis pastoral,

que inclua este assunto tão importante aos olhos de Deus. A igreja se ocupa da criança quando

trata-se de vê-la como objeto de proselitismo e educação cristã, mas não se envolve nas

questões sociais que tem gerado desesperança e morte na vida de muitos pequeninos, mesmo

já dispondo de um instrumento tão valioso como o ECA, que permite uma ação pastoral

efetiva em favor da vida. Talvez a igreja ainda não veja a criança como sujeito de direito,

distanciando-se do seu propósito de ser cooperadora com a ação de Deus no mundo.

O Livro II, Parte Especial, Título I, da política de atendimento, o Capítulo I, nas

disposições gerais afirma que a mesma trata-se de um conjunto articulado de ações

governamentais e não governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos

municípios, que através de políticas básicas nas diversas áreas que envolvam a promoção dos

direitos das crianças e adolescentes apresentados neste Estatuto.

No Capítulo II, das entidades de atendimento, define-se as condições básicas essenciais

de tratamento as crianças e adolescentes nestes locais, especialmente as responsáveis por

crianças em situação de abandono, destituição do poder da família e abrigos de crianças e

adolescentes em conflito com a lei, bem como a fiscalização desses locais e punições cabíveis

para os responsáveis pelas mesmas que descumprirem com as normas estabelecidas.

O Titulo II, em seus dois capítulos, trata das medidas de proteção à criança e ao

adolescente caso seus direitos sejam ameaçados ou violados.

O Título III, da prática de ato infracional, discorre sobre as medidas punitivas aplicadas

em adolescentes em conflito com a lei. No Capítulo I, disposições gerais, no Art. 105 dá um

tratamento diferenciado às crianças, que devem ser acompanhadas pelos responsáveis,

auxiliadas por órgãos e instituições competentes, conforme Art. 101, do título anterior. Os

capítulos seguintes regulamentam as ações cabíveis durante o processo do ato infracional

desde seus direitos até as punições a serem aplicadas aos adolescentes infratores.

O Título IV, das medidas pertinentes aos pais e responsável, considera não apenas sobre

as responsabilidades destes em relação aos que estão sob seus cuidados, mas também auxílio

aos mesmos, no caso de alcoólatras e dependentes químicos, encaminhando-os ao tratamento

necessário. Atos punitivos como destituição do poder familiar, perda da guarda ou tutela,

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afastamento dos pais ou responsáveis, constatada a prática de abuso sexual, estão presentes

neste título.

O Título V, do Conselho Tutelar, trata da criação deste órgão, definindo como devem

ser estabelecidos, suas atribuições e o perfil dos integrantes deste Conselho.

O Título VI, do acesso à justiça, Capítulo 1 disposições gerais garante às crianças e

adolescentes o direito de acesso à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder

Judiciário e a qualquer um dos seus órgãos, concedendo gratuidade à assessoria jurídica e

isenção das custas do processo, exceto em casos de má fé. No Capítulo II, da justiça da

infância e da juventude, regulamenta a criação de varas judiciais especiais no atendimento

destes, descrevendo as atribuições deste braço do poder judiciário. O Capítulo III, dos

procedimentos, orienta quais ações devem ser tomadas no desenrolar dos processos

concernentes à infância e adolescência. O Capítulo IV tratará dos recursos a serem utilizados

após a determinação de uma sentença. O Capítulo V explicita as funções do Ministério

Público referente ao tema. O Capítulo VI garante o direito do adolescente infrator a um

advogado. O Capítulo VII, da proteção judicial dos direitos individuais, difusos e coletivos,

discorre sobre os processos que poderão ser movidos, caso os direitos da criança e adolescente

prescritos neste estatuto forem negados ou negligenciados.

Título VII, dos crimes e das infrações administrativas, o Capítulo I traz a descrição dos

crimes cometidos contra a criança e o adolescente e a pena a ser aplicada mediante esta

infração. O Capítulo 2, das infrações administrativas, faz descrição destas, bem como a pena

aplicada aos profissionais e funcionários que as cometerem. E por fim, as disposições finais e

transitórias, que falam sobre deduções no imposto de renda referente a doações feitas ao

Fundo da Criança e do adolescente e regulamentação do uso desses recursos. Neste título

também são inseridas as alterações em artigos do Código Penal referente alguns crimes, que

se praticado contra crianças e adolescentes tem sua pena acrescida. O artigo final, 267,

revogam-se as leis anteriores ao Estatuto, inclusive o Código de Menores (1979).

A partir da criação do ECA foram sendo criados outros órgãos, além dos Conselhos

Tutelares, com o objetivo de efetivar o cumprimento do Estatuto, fiscalizar as ações do

governo e de outras instituições que envolvam as crianças e adolescentes, manter um banco de

dados atualizados da real situação da criança e adolescente no país, dentre outros. Exemplo

disso é o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA, que

entre suas funções está a de convocar a Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do

Adolescente. Hoje também existem diversos órgãos não-governamentais que também atuam

nesse sentido, contudo em temas mais específicos, como por exemplo, o Centro de Defesa da

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Criança e Adolescente - CEDECA, instituído pela UNICEF que trata de todas as formas e

manifestações de violência contra as crianças e adolescentes.

Dentro do Livro II, também é possível identificar similaridades entre o ECA com os

princípios bíblicos, percebidos através das narrativas das histórias tanto do Antigo Testamento

como do Novo Testamento. Jetro, sogro de Moisés, aconselha-o a estabelecer chefes sobre

diversos grupos de pessoas para auxiliá-lo em julgar as causas que as pessoas lhe traziam (Ex.

18.19-26). Em Deuterenômio 16.18-20 é ordenado que se estabeleça juízes e oficiais em todas

as cidades e tribos do povo, para que a justiça e o direito não fossem distorcidos. No Novo

Testamento, entre os primeiros cristãos foram estabelecidos os diáconos para atenderem as

viúvas helenistas necessitadas. Assim, não é difícil a igreja buscar exercer o seu papel

profético e pastoral em favor das causas da infância e adolescência.

A seguir será apresentado o conceito de criança em situação de risco social, seguido

da descrição do perfil da mesma e como se encontra sua situação dentro da sociedade

brasileira.

2.3 Criança em situação de risco social no contexto brasileiro.

2.3.1 Conceito

Não há uma unanimidade no conceito sobre criança em situação de risco social. Alguns

autores consideram o termo pejorativo assim como o termo menor, colocando a criança em

situação de exclusão, pois dentro deste conceito classificam-se especialmente crianças pobres.

Outros, talvez para corrigir este conceito, abrangem todas as crianças que se encontram em

situação de risco, não importando qual a classe social.

Neste trabalho, será adotado a definição da UNICEF, acrescentando-se algumas

características da Viva Network. Assim estas instituições definem criança e adolescentes em

situações de risco como pessoas abaixo de 18 anos vivendo em situações como: escravidão ou

trabalho infantil descapacitado; guerra e outras formas de violência; abuso e exploração

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sexual; doença grave; deficiência física ou mental; abandono, perda da família ou do lar

primário; pobreza extrema; e jugo de instituições opressivas.44

Cada uma das circunstâncias citadas acima coloca qualquer criança nela inserida em

desvantagem, prejudicando o seu pleno desenvolvimento físico, mental, emocional e

espiritual.

2.3.2 Perfil da criança em situação de risco social brasileiro.

Nas estatísticas mais recentes sobre a infância brasileira disponíveis no site da

UNICEF45

, no ANEXO B deste trabalho, são apresentados indicadores que servem para

medir o nível do bem-estar da criança.

O primeiro indicador, com base no ano de 2012, é a Taxa de Mortalidade de Menores

de 5 anos. O Brasil apresenta-se como 120º colocado no ranking mundial, onde de 1000

crianças nascidas nesta faixa etária, há a probabilidade de 14 morrerem anualmente. Este

índice teve uma melhora significativa considerando que em 1990 o número era de 62

crianças (Indicadores básicos, ANEXO B). Porém, existem disparidades relacionadas à

classe social e a etnia, pois crianças pobres e negras têm mais que o dobro de chance de

morrer em relação às crianças ricas e brancas (Indicadores de Iniquidade, ANEXO C). No

ano de 2012 morreram no Brasil 42.000 crianças nesta faixa etária. 46

Quanto à nutrição entre o período de 2008 a 2012, 8,4% das crianças estavam abaixo

do peso ao nascerem (Nutrição, ANEXO B). Considerando o número de nascimentos

registrados pelo IBGE que é de 2,8 milhões de nascimentos em 201247

, a taxa de

nascimento abaixo do peso foi de 8,4 %, o que representa em números 235.200 crianças

(Nutrição, ANEXO B).

Na área de saúde, as estatísticas gerais são favoráveis. No quesito de uso de água

potável de qualidade o índice é de 97,2% em 2011. Em relação ao uso de condições

44

O TAMANHO do desafio: Porque para Deus nada é impossível. Mãos Dadas. Ed. 2. Viçosa, MG, nov. 2001.

Disponível em <http://www.redemaosdadas.org/maos-dadas/ed-2-criancas-e-adolescentes-em-situacao-de-

risco-por-que-se-importar/capa/o-tamanho-do-desafio-porque-para-deus-nada-e-impossivel/>. Acesso em 11

junho 2013. 45

UNICEF. Brazil Statistics. Disponível em <http://www.unicef.org/infobycountry/brazil_statistics.html#0>

Acesso em 09 abril 2014. 46

UNICEF. Nossas Prioridades. Infância e adolescência no Brasil. Disponível em

<http://www.unicef.org/brazil/pt/activities.html>. Acesso em 15 janeiro 2014. 47

IBGE. Sala de imprensa. Comunicação Social, 20 dezembro 2013. Disponível em

<http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=2553>. Acesso em 14

abril 2014.

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sanitárias adequadas esse índice já cai para 80,8%, sendo que na área rural a situação é mais

preocupante, o valor é de 48,4% contra 86,7% na área urbana. As vacinas de rotina são

100% financiadas pelo governo, e os índices de cobertura de vacinação pelo Programa

Ampliado de Imunização (PAI), para todas elas, no ano de 2012, estão acima dos 90%.

(Saúde, ANEXO B). Felizmente em relação ao tratamento de HIV/AIDS, o Brasil tem sido

referência mundial neste quesito e o índice de transmissão de mãe para filhos/as tem caído

significativamente, entre 1993 e 2005 a taxa caiu de 16% para 8%. Contudo, no nordeste e

no norte a realidade não é a mesma, são 12% no nordeste e 15% no norte.48

Na área da educação, apesar dos dados entre 2008 a 2012 apresentarem 98% das

crianças entre 7 a 14 anos estarem freqüentando uma escola, 535.000 crianças desta faixa

etária estão fora dela, sendo que destas, 330.000 são negras. As disparidades regionais no

país também devem ser consideradas, pois no Norte e Nordeste do Brasil, regiões mais

pobres, apenas 40% das crianças terminam a educação fundamental. Já nos estados do Sul e

Sudeste este índice aumenta para 70%.49

Com base no ano de 2012, a população de adolescentes (10 a 19 anos) é de

aproximadamente 34 milhões (Adolescentes, ANEXO B). Os dados mostram que de cada

100 estudantes que ingressam no ensino fundamental, somente 59 concluem a 8ª série e 40 o

ensino médio. A taxa de evasão escolar é alta devido a fatores dentre outros como a

violência e a gravidez na adolescência. São registrados anualmente no país 300.000 bebês,

filhos e filhas de mãe adolescentes. Em conseqüência disso é considerável a taxa de famílias

chefiadas por adolescentes menores de 18 anos, o índice é de 4,3 por mil.50

Outro índice importante a considerar é o da exploração do trabalho infantil. A

Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou em setembro de 2013 uma redução

neste número de 5,4 em 2008 para 4,7% em 201151

. Porém, segundo relatório do Fórum

Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), o número de trabalho

infantil doméstico a redução foi menor. Neste segmento, no período entre 2008 e 2011 a

redução foi de 325 mil crianças em 2008, para 258 mil em 2011, atingindo apenas de 0,2

pontos percentual de redução. Segundo Luana Reis, assessora de comunicação do FNPETI, o

perfil das crianças em situação de serviços domésticos é assim descrito:

48

Idem. 49

Idem. 50

Idem. 51

CHADE, Jamil. Meio milhão de crianças pararam de trabalhar no Brasil em três anos, diz OIT. Estadão, São

Paulo, 23 setembro 2013. Disponível em http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-brasil,meio-

milhao-de-criancas-pararam-de-trabalhar-no-brasil-em-tres-anos-diz-oit,165369,0.htm> Acesso em 24

setembro 2013

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De acordo com a pesquisa de 2011, 93,7% do universo de crianças e adolescentes

ocupados no trabalho infantil doméstico são meninas (241 mil). Os meninos somam

16 mil. E 67% dos trabalhadores infantis domésticos são negros (172.666), enquanto

os não negros somam 85.026.52

A secretária executiva do FNPETI, Isa Oliveira, afirma que esses dados revelam a

iniqüidade de gênero e de raça neste segmento. Os números sobre esta estatística, segmentado

pelas regiões no Brasil encontram-se no ANEXO C, Proteção.

Em outro levantamento da UNICEF em 2006, dados não apresentados nesta última

pesquisa, foi mostrado que 50,3 % das crianças pobres no Brasil vivem com famílias com

renda per capta de até meio salário mínimo.53

O alto grau de violência contra as crianças e adolescentes no Brasil é outra situação

alarmante, que faz parte do cotidiano das mesmas. O disque denúncia 100, registra por dia

em média 129 casos de negligência, violência psicológica e física, incluindo a sexual, contra

criança e adolescentes. Porém, muito desses atos não são denunciados, o que torna a

situação ainda mais preocupante.54

Além disso tudo, há os casos de adolescentes em conflito com a lei. Esta tensão que

aumenta a cada dia se dá, principalmente, devido ao descaso com que as crianças, sobretudo

as mais pobres e negras, são tratadas pelo Governo com relação às políticas públicas

ineficientes, e também, da sociedade cada dia mais ensimesmada.

O diretor fundador da Associação Educacional Beneficente Vale da Benção, Pr.

Jonathan Ferreira dos Santos, em um artigo publicado na revista da Rede Mãos Dadas,

destinada as pessoas que trabalham com criança em situação de risco social, declarou:

Basta observar nossas estatísticas para percebermos que estamos montando um

barril de pólvora, que poderá explodir a qualquer momento. Quarenta por cento da

população brasileira vive na pobreza. Cerca de 300 mil crianças morrem de fome

anualmente no Brasil. Setenta por cento dos brasileiros já moram nas cidades. A

extrema precariedade de moradias atinge 12 milhões de famílias, o que equivale a

duas Argentinas. Milhões de crianças e adolescentes vivem em favelas. Em meio a

tudo isso, um número considerável de crianças e adolescentes faz parte dos 47

milhões de pessoas de nossa população que vivem em condições subumanas, em

que 15 milhões sofrem de desnutrição crônica. Aproximadamente 8 milhões de

crianças e adolescentes estão abandonados ou são órfãos desassistidos, algumas

vezes de pais vivos. Milhares estão confinados em internatos-prisões e 500 mil

meninas se prostituem.55

52

UNICEF. Imprensa. Números do trabalho infantil doméstico no Brasil preocupam diz FNPETI. Brasília, 12

junho 2013. Disponível em <http://www.unicef.org/brazil/pt/media_25610.htm>, acesso em 13/03/2014. 53

ALBUQUERQUE, C., et al. Situação Mundial da Infância 2008: Caderno Brasil. Brasília: Unicef, 2008. p.

57-60. Disponível em: <http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_11319.htm> Acesso em 14 agosto 2013. 54

UNICEF. Nossas Prioridades. Infância e adolescência no Brasil. Disponível em

<http://www.unicef.org/brazil/pt/activities.html>. Acesso em 15 janeiro 2014. 55

SANTOS, J. F. Por que se importar? Porque são muitas e estão sofrendo. Mãos Dadas. Ed. 2. Viçosa MG,

nov. 2001. Disponível em http://www.redemaosdadas.org/maos-dadas/ed-2-criancas-e-adolescentes-em-

situacao-de-risco-por-que-se-importar/capa/por-que-se-importar-porque-sao-muitas-e-estao-sofrendo/.

Acesso em 26 novembro 2012.

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38

Este artigo, publicado em 1997, mostra que o barril de pólvora não está longe de

explodir ou quem sabe já explodiu. Em um trabalho realizado pelo Núcleo de Pesquisa em

Economia do Setor Público, juntamente com o Instituto de Segurança Pública do Estado do

Rio de Janeiro em 2006, 77,8% dos homicídios dolosos foram de crianças e jovens do sexo

masculino.56

O índice de homicídios na adolescência no Brasil (IHA) de 2009 e 2010, mostra que

houve um aumento da violência letal contra adolescentes no Brasil (Comparação do IHA de

2009 e 2010 por Unidade de Federação, ANEXO C). Em 2010 de cada mil pessoas de 12 a

18 anos, 2,98 foram assassinados. Se permanecerem as mesmas condições socioeconômicas,

de educação e demais fatores que influenciam no desenvolvimento da infância e

adolescência, estima-se que para 2016 serão vítimas de homicídio 36735 adolescentes.57

Mediante este quadro faz-se necessário boicotar as probabilidades, termo usado por

Klênia César Fassoni em um artigo publicado no site da Rede Evangélica Nacional de

Assistência Social (RENAS).58

A exploração sexual de crianças e adolescentes é outra triste realidade no Brasil. Dados

da Pesquisa Nacional sobre o Tráfico de Mulheres Crianças e Adolescentes (PESTRAF),

realizada pela ONG CECRIA59

, no país existem 241 rotas terrestres, marítimas e aéreas

utilizadas para exploração sexual de mulheres, adolescentes e crianças, sendo que 131 são

internacionais, 78 interestaduais e 32 intermunicipais. A maior concentração está no Norte

com 76, Nordeste com 69 e o Sudeste vem em terceiro com 35 dessas rotas. Apesar de fatores

como pobreza e desigualdade social serem um dos principais motivos que desencadeiam este

tipo de violência, cabe observar que ela ocorre com qualquer criança ou adolescente

independente de sua classe social. Outro fator desencadeador do tráfico de mulheres, crianças

e adolescentes é a violência familiar. O perfil das vítimas são mulheres e meninas

afrodescendentes, com baixo grau de escolaridades, provenientes de periferia onde a situação

econômica é de baixa renda.

56

AS MAIS invisíveis. Mãos Dadas. Ed. 21. Viçosa, MG, set. 2008. Disponível em

http://www.redemaosdadas.org/maos-dadas/ed-21-criancas-a-beira-do-caminho-tao-proximas-mesmo-assim-

invisiveis/capa/as-mais-invisiveis/. Acesso em: 21 junho 2013. 57

MELO, Doriam Luis Borges de; CANO, Inácio (Org.). Índice de homicídios na adolescência: IHA 2009-2010.

Rio de Janeiro: Observatório de Favelas, 2012. p. 11. Disponível em

<http://www.unicef.org/brazil/pt/br_indiceha10.pdf>. Acesso em 14 agosto 2013. 58

FASSONI, Klênia César. Boicotando as probabilidades. Renas. Artigos de Capacitação, 12 abril 2007.

Disponível em <http://renas.org.br/2007/04/12/boicotando-as-probabilidades/> acesso em 19/09/2013. 59

CECRIA (Centro de referência, estudos e ações sobre crianças e adolescentes), organização da sociedade

civil, fundade em 1993, constituída como ONG com o fim de subsidiar políticas públicas e organizações da

sociedade civil para a defesa e a garantia dos direitos da criança e do adolescente. Disponível em

<http://www.cecria.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=46&Itemid=28&lang=pt>.

Acesso em 15 setembro 2014.

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Os dados apresentados acima são apenas um resumo do levantamento da pesquisa

bibliográfica realizada sobre as crianças em situação de risco social. Entretanto, essas

informações já servem para delinear a situação crítica que se encontra a infância brasileira,

especialmente as de baixa renda e afrodescendentes.

Diante desses, dados a UNICEF considera o integrante de instituições religiosas como

um dos atores sociais na defesa dos direitos das crianças:

Além de despertar na criança valores espirituais e morais, como o respeito à pessoa

humana, as instituições religiosas podem contribuir para o seu desenvolvimento

integral. Cabe a elas abrir seus espaços para que a comunidade e as famílias

fortaleçam a luta pelos direitos da primeira infância.60

Como exemplo desse reconhecimento a UNICEF promoveu um encontro com o

Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC, e a Visão Mundial. Esse encontrou aconteceu

em 27 de maio de 2013 e teve como objetivo a discussão de um plano conjunto para proteção

de crianças e adolescentes. O plano terá como áreas prioritárias a promoção do direito ao

registro civil de nascimento e a prevenção da violência contra meninos e meninas.61

Dito isto, no próximo capítulo serão apresentadas algumas iniciativas dentro das

instituições religiosas cristãs, que dentre suas ações buscam promover uma conscientização

sobre o papel destas diante do tema, combater a violência contra a criança e o adolescente e

criar espaços para que estas possam crescer integralmente de maneira saudável.

60

GIRADE, Antonio Halim; DIDONET, Vital (Coord.)O município e a criança de até 6 anos: direitos

cumpridos, respeitados e protegidos. Brasília, DF: UNICEF, 2005.p. 172. Disponível em:

<http://www.unicef.org/brazil/pt/municipio.pdf> Acesso em 15 agosto 2013. 61

CAPARELLI, Estela. UNICEF reúne representantes de grupos religiosos para discutir plano de ação conjunto

pela proteção de crianças e adolescentes, Acessoria de Comunicação do UNICEF. Brasília, 27 de maio de

2013. Disponível em <http://www.unicef.org/brazil/pt/media_25510.htm> Acesso em 15 agosto 2013.

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40

CAPÍTULO 3

POR UMA PRÁXIS PASTORAL VOLTADA ÀS

CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL

Este capítulo, além de ter por finalidade apresentar exemplos de programas e projetos

direcionados ao cuidado com as crianças em situação de risco social, visa provocar uma

reflexão junto a líderes de nossas igrejas locais, tanto clérigos/as como leigos/as, que leve-os a

um despertar missionário com ações práticas diante do tema em discussão.

Isto se dá devido à percepção de que a maioria das igrejas tem se ocupado em cuidar

apenas das crianças que freqüentam seus templos, o que realmente é necessário, mas o

comissionamento dado por Jesus é a proclamação das boas novas do Evangelho para todas as

nações, levando a notícia para todas as crianças que delas é o Reino de Deus.

Cabe ressaltar que o papel das igrejas não se resume a um assistencialismo filantrópico

que tem sido praticado no decorrer dos séculos, como já mencionado no Capítulo 2, mas na

vivência do evangelho do Reino onde o amor e a solidariedade, o desejo pela paz e a sede de

justiça devem emanar dos corações daqueles e daquelas que professam a sua fé no Cristo, e

assim pela ação do Espírito Santo, vidas poderão ser transformadas integralmente.

A igreja é considerada uma instituição social, dentro dos conceitos da sociologia. É um

grupo formado por indivíduos que interagem socialmente, regidos por normas

comportamentais, com base em valores e princípios pré-estabelecidos. Algumas de suas

funções são: a promoção da sociabilidade, o fortalecimento da coesão social e o aumento da

solidariedade grupal62

. Assim, cabe a ela se engajar em ações educativas com ênfase na

62

DIAS, Reinaldo. Introdução à Sociologia. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. p. 6, 108, 261-

263.

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41

liberdade, igualdade e respeito entre as pessoas63

, podendo contribuir efetivamente para a

transformação dessa realidade.

3.1 Conscientização para uma prática pastoral com a infância

Diante da reflexão bíblico-teológica apresentada no Capítulo 1 e da descrição atual que

se encontra grande parte da infância do nosso País no Capítulo 2, nota-se que há muitos

desafios a serem enfrentados que evocam por parte das igrejas uma práxis mais incisiva.

Dentre esses desafios está a necessidade de uma mudança de postura no fazer teológico

(reflexão e práxis) que confronte a atual teologia que anda em concordância com o sistema

econômico capitalista vigente, onde as igrejas tem se amoldado às estruturas empresariais,

cuja finalidade principal é o lucro. E refletindo sobre isso, Carlos Queiroz afirma:

Se você quer saber se a igreja tem a maquete de um grande negócio, pergunte

quantas crianças participam das atividades. Como elas não pagam a conta, são

excluídas ou tidas como secundárias na empresa religiosa, que não se interessa pela

criança como cliente64

Ainda refletindo sobre a citação acima, talvez fosse correto afirmar que as crianças tidas

como secundárias sejam àquelas filhos/as de pais que podem contribuir financeiramente no

negócio religioso, as quais são retiradas das celebrações cúlticas para não atrapalhar os

adultos. As excluídas são os filhos/as de pessoas que vivem sem condições financeiras para

fazer parte deste novo modelo de igreja, o empresarial.

É necessário abrir um parágrafo aqui, quando se menciona a participação das crianças

nas celebrações cúlticas, embora este não seja o tema central abordado, mas percebe-se que

em muitas igrejas as crianças têm sido excluídas do momento do culto. Helena Maria Vieira

Borges Aredes, em sua dissertação de mestrado A criança como agente da ação de Deus no

Culto Metodista65

, descreve em uma pesquisa de campo, feita através da observação dos

cultos de quatro Igrejas Metodistas na cidade de Campinas, que sua participação é mínima e

por vezes, indiretamente inexistente. No relato de suas visitas aos cultos, o máximo que

63

MELO, Delâine Cavalcanti Santana de; Blackburn, Jane Menezes. Sobre políticas públicas. In: GORGAL,

Alicia Casas; GOYRET, Maria Eugenia (Organizadoras). Mãos à Oficina – Manual Metodológico do

Programa CLAVES: Brincando nos fortalecemos para enfrentar situações difíceis. Uma proposta de

Prevenção dos Maus-Tratos e da Violência Sexual por meio de oficinas com crianças e adolescentes. 3. ed.

São Paulo: LWC Gráfica e Editora Ltda., 2012. p. 109. 64

QUEIROZ, Carlos. Deus na criança. In:DIAS, Lissander; FASSONI, Klênia; PEREIRA, Welinton

(Organizadores). Uma criança os guiará – por uma Teologia da Criança. Viçosa, MG: Ultimato, 2010. p.53. 65

AREDES, Helena Maria Vieira Borges. A criança como agente da ação de Deus no culto metodista. 1997.

218p. Mestrado em CIENCIAS DA RELIGIAO, São Bernardo do Campo. p. 144-191.

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acontecia era chamar as crianças até a frente para receberem oração e em seguida eram

encaminhadas para o culto infantil. Em nenhum momento foi dado às crianças a oportunidade

de participarem ativamente na liturgia, através da leitura de um texto bíblico, da oração, do

louvor ou apresentações de cânticos, salvo em datas comemorativas como Páscoa, Natal e Dia

das Crianças. A data da pesquisa se deu no ano de 1997, e atualmente o que observa-se é que

em muitas igrejas a participação da criança no culto é diretamente inexistente, porque assim

que chegam, em alguma igrejas, são levadas ao espaço reservado para o culto infantil. Ainda

que a justificativa seja de que elas possam ouvir a palavra em sua própria linguagem, o mais

adequado seria que apenas no momento da pregação elas fossem encaminhadas a outro

espaço, ou uma alternativa que demandaria maior preparo e esforço do pastor e da pastora é

que este/a pregasse primeiro na linguagem delas, deixando-as participar de todo o culto.

Sendo o culto público conceituado como ...uma parcela do serviço total do povo de Deus, no

qual o Senhor vem ao seu encontro...66

, é necessário que elas participem da liturgia, pois além

de fazerem parte deste povo, de acordo com as palavras de Jesus elas têm a prioridade. Nesta

prática, estará se promovendo o acolhimento e o empoderamento das crianças no seio da

comunidade. Porém, este assunto seria tema para outra pesquisa monográfica.

As igrejas precisam ser conscientizadas da sua responsabilidade para com as crianças,

do seu papel profético de denúncia dos pecados cometidos contra elas, promovendo e

defendendo seus direitos. Também é necessário que dentro do ensino pedagógico na igreja

estas sejam incluídas não apenas como alvo do ensino, mas que espaços se abram para que

elas possam expressar o que Deus tem a nos dizer através delas. Isso pode ser feito através da

sensibilização e capacitação primeiramente dos educadores/as (líderes eclesiásticos e

leigos/as), e após estender a visão a toda à comunidade de fé local, para que em unidade

possam atuar no bairro em que a igreja está inserida propagando sua ação, para que exerça

influência numa esfera mais ampla (outros bairros, alcançando por fim toda a cidade).

A seguir serão apresentados meios pelo qual o processo, que inicia-se na

conscientização através da sensibilização da necessidade da ação pastoral (entenda-se por

pastoral a poimênica que envolve toda a comunidade de fé), até sugestões de ações práticas

que já têm sido desenvolvidas.

66

IGREJA METODISTA. Cânones da Igreja Metodista 2012-2016. Piracicaba: Equilibrio, 2012. p. 68.

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43

3.2 Redes Sociais cristãs

São iniciativas que visam reunir ONGs e diversas denominações religiosas cristãs com

projetos sociais com objetivos comuns, a fim de juntas trocarem experiências, somarem

esforços, compartilharem recursos e refletirem sobre temas relacionados aos problemas

sociais, dentre eles à proteção e a promoção dos direitos das crianças e adolescentes. Atuam

nas esferas local, regional, nacional e internacional, formando assim uma organização

estratégica e política mais ampla para estimular, articular e implementar ações conjuntas neste

âmbito.

Débora Fahur, coordenadora do Grupo Gestor da Rede Evangélica Nacional de Ação

Social, comenta: Essa tendência que se reforça a cada dia, é sustentada pelo esforço de cada

participante, evita a duplicação de esforços, a saída do isolamento e resulta em

fortalecimento e poder de influência no campo da ação social.67

Fahur também afirma que esta aproximação mostra um amadurecimento em suas ações,

pois ao invés de adotarem a lógica de uma política assistencialista pontual, promovem ações

alicerçadas nos princípios de direito e cidadania.68

Queiroz aponta algumas características necessárias para redes evangélicas, na qual ele

explica que o termo evangélica não se refere a uma denominação religiosa, mas a grupo de

pessoas comprometidas com o anúncio da boa nova sobre Jesus Cristo. Resumidamente

seriam: a) estarem sempre em movimento e transformação, buscando uma humanidade plena

e uma sociedade mais justa e fraterna; b) serem democráticas, onde todos tenham os mesmos

direitos de participação, independente de sua visibilidade; c) voltarem-se para suprir as

debilidades dos outros; e d) aliarem-se aos pobres, empobrecidos, marginalizados e oprimidos

como parceiros prioritários.69

A seguir serão apresentados alguns exemplos de redes sociais cristãs que tem firmado

um compromisso com a proteção e a promoção dos direitos das crianças em situação de risco

social.

67

FAHUR; Débora L. dos Santos. A natureza e o papel das ONGs e denominações evangélicas no terceiro

setor no Brasil. In: BRITO, Paulo Roberto B. de; Fahur; Débora L. dos Santos; Fassoni; Klênia César. ET

al. Jardim da Cooperação: evangelho, redes sociais e economia solidária. Viçosa, MG: Ultimato, 2008. p.

115. 68

Idem, p. 115. 69

Idem, p. 14-15.

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3.2.1 RENAS

A RENAS – Rede Evangélica Nacional de Ação Social é uma ampla rede de

relacionamentos entre organizações evangélicas que tem atuação na área social. Tem como

principais propósitos: incentivo da criação de novas redes sociais locais, regionais e temáticas

em áreas onde a atuação social se faz necessária, promovendo seu fortalecimento; articular e

mobilizar as redes com ações pró-ativas transformadoras no campo das políticas públicas; ser

uma facilitadora na comunicação entre os atores sociais ligados a rede e a outros que se

interessarem no assunto; gerir o cumprimento da missão a que se propõe as quais estão

elencadas nestes propósitos; promover a capacitação dos atores sociais; servir como um

centro de informação a fim de facilitar os planejamentos estratégicos da Rede e seus filiados;

promover parcerias e alianças entre organizações e/ou pessoas que possuem objetivos comuns

aos da RENAS; organizar eventos e encontros que promovam a construção de novos

relacionamentos e um trabalho em conjunto; organizar e lançar campanhas com temáticas na

área social envolvendo diversos setores da sociedade como igrejas, organizações, escolas,

governo e outros. 70

São e podem ser integrantes da RENAS: organizações evangélicas de ação social

(associações filantrópicas, entidades, fundações, OSCIPs – Organização da Sociedade Civil

de Interesse Público); igrejas evangélicas (departamentos de ação social); movimentos

evangélicos e organizações representativas e por segmento, que atuem na área social; redes

locais, regionais e temáticas.

Porém, para uma igreja local que não tenha uma organização consolidada na área de

ação social, a RENAS através de sua página na internet, disponibiliza informações, divulga

campanhas incentivando pessoas que querem se comprometer com a visão cristã de sinalizar o

Reino de Deus e promove conferências e seminários com temáticas sociais, sobretudo no que

se refere à proteção e a promoção dos direitos das crianças em situação de risco social.

Dois exemplos de campanhas divulgadas pela RENAS são a Campanha Bola na Rede,

que teve como objetivo o combate a exploração do turismo sexual de crianças e adolescentes,

no período da Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil; e a Campanha de Vacinação contra

os maus tratos às crianças e adolescentes, originada no Uruguai, através do Programa Claves

da Juventud para Cristo (JPC), com o fim de sensibilizar a comunidade sobre a violência

praticada no cotidiano contra as crianças e adolescentes. As informações sobre como fazer a

70

RENAS – Rede Evangélica Nacional de Ação Social. Disponível em <http://renas.org.br/nossa-missao/>.

Acesso em 10/06/2014.

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última campanha mencionada, também encontram-se disponíveis no site da Rede Mãos

Dadas, filiada a RENAS.

Cursos de capacitação para se trabalhar com essas temáticas são oferecidos, havendo

uma programação anual com datas pré-estabelecidas para a realização dos mesmos em

diferentes cidades do Brasil, geralmente nas capitais dos Estados da Federação.

Diante da proposta da RENAS toda comunidade cristã pode se colocar a serviço do

Reino de Deus em meio àquelas que Jesus colocou no centro, as crianças.

3.2.2 Projeto Sombra e Água Fresca

O Projeto Sombra e Água Fresca é uma rede de projetos da Igreja Metodista, que

atende crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos, para ser desenvolvido nas igrejas locais,

que tem como missão formar uma rede de apoio e proteção à criança e ao adolescente. O

projeto acontece no mínimo duas vezes por semana, apresentando uma proposta pedagógica

extracurricular, através de oficinas que visam promover o desenvolvimento físico,

emocional, intelectual, espiritual e social do público alvo.

Envolver-se com a família da criança ou do adolescente que participa do projeto é

considerado como essencial na proposta de trabalho. No caderno motivador do projeto são

expostos os seguintes argumentos:

As ações e programas que vêm obtendo melhores resultados no atendimento à

criança e ao adolescente caracterizam-se pela interação regular com as famílias, seja

aliando-se a elas inicialmente para atender as crianças, seja organizando sua

participação sistemática nos trabalhos, seja conduzindo a reaproximação da criança

com sua família.

(...) não é possível contribuir para o desenvolvimento integral das crianças se não

conhecermos sua história de vida e seu contexto familiar. Na verdade, o

envolvimento da família é também crucial para o próprio conhecimento da

realidade, sem o qual não é possível deslanchar um programa ou ação e obter

êxito.71

O envolvimento com a família ocorre de diversas maneiras, desde o primeiro contato

através da inscrição da criança e o adolescente no projeto, até em reuniões onde os pais e

responsáveis são convidados para decidirem em conjunto com a equipe sobre ações a serem

desenvolvidas, para que se sintam co-responsáveis.

71

PROJETO SOMBRA E ÁGUA FRESCA. Geral dos Cadernos Motivadores. Disponível em

<http://200.98.140.165/wp-content/uploads/2014/02/geral_dos_cadernos_motivadores.pdf> p. 7. Acesso em

15/07/2014.

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Crianças, adolescentes, educadores/as, famílias, igrejas e comunidade participam na

construção do projeto desde a elaboração, execução, desenvolvimento, sustento e avaliação.

No que se refere à proposta dos conteúdos programáticos estão a educação cristã,

acompanhamento escolar, esporte e recreação, cultura e expressão artística, saúde integral,

cidadania e informática. Cabe ressaltar que o projeto pode ser desenvolvido aos poucos, isto é,

não é obrigatório que se cumpra todo o conteúdo programático que foi exposto. O ideal é que

se comece com pelo menos dois desses conteúdos e vá se ampliando com o decorrer do

tempo.

O projeto tem na sua estrutura a equipe local, responsável pela organização do

planejamento e pelo treinamento e assistência aos voluntários/as, os/as quais desempenharão

as atividades referentes aos conteúdos programáticos estabelecidos. A equipe regional,

responsável pela análise da conjuntura regional, análise e avaliação dos projetos locais,

acompanhamento das equipes locais com seus voluntários/as, promoção de encontros de

capacitação para as equipes locais, levantamento de recursos financeiros e didáticos para

subsidiar as equipes locais e regionais. Por fim, a equipe nacional, que coordena e treina as

equipes regionais, produz o material educacional e avalia o projeto a nível nacional.

O projeto Sombra e Água Fresca também disponibiliza uma página na internet contendo

todas as informações necessárias para implantação do mesmo, disponibilizando os materiais

didáticos para aquisição das igrejas que tiverem o interesse de implantá-lo.

3.2.3 Pepe

O Programa de Educação Pré-Escolar – PEPE72

é um projeto desenvolvido por Igrejas

Batistas, criado pela missionária pedagoga Georgina Christine, da mesma denominação, e tem

o propósito de preparar crianças que vivem em comunidades carentes para entrarem no ensino

fundamental, sendo uma ação pró-ativa para que as crianças tenham êxito tanto no aspecto

educacional como social.

O programa tem como objetivo proporcionar dentro de um ambiente cristão uma

educação básica de boa qualidade e com princípios cristãos às crianças de 4 a 6 anos

provenientes de famílias de baixa renda, desenvolvendo sua autoconfiança e habilidades

sociais para que possam ser capacitadas a fazerem uma boa transição para o ensino

72

PEPE-NETWORK: Disponível em <http://www.pepe-network.org/index.php?page=downloads>. Acesso em

15/07/2014.

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fundamental. Assim, o PEPE tem sido uma ferramenta útil para as igrejas sinalizarem o reino

de Deus em comunidades carentes.

Seu currículo tem como base o currículo nacional de educação e é desenvolvido através

de projetos com temas variados, que visam o desenvolvimento da identidade, auto-estima,

saúde física, emocional e espiritual e relacionamento social. Para aplicação do PEPE, os

educadores passam por um treinamento, além de receberem acompanhamento para reciclarem

os conhecimentos.

Este programa, que teve início em uma comunidade carente em São Paulo, atualmente

está sendo aplicado em diversos países como Moçambique, Senegal, Guiné Bissau, Guiné,

Conacri, Serra Leoa, Mali, Angola, África do Sul, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e

Príncipe, e Norte da África, Paraguai, Chile, Bolívia, Equador, Peru, Colômbia, Argentina,

Haiti, República Dominicana. A expansão do PEPE em nível global foi possível através da

parceria com a Junta de Missões Mundiais – JMM, Sociedade Missionária Britânica e a

ABIAH (Associação Batista de incentivo e apoio ao homem).

Dentro do programa, cabe destacar que os educadores/as, uma vez por mês, realizam

visitas as famílias das crianças. Isto é muito importante, pois assim conhecem melhor o

ambiente que a criança vive no seu dia a dia, ajudando a compreender melhor suas

necessidades. A multiplicação da implantação deste projeto se dá devido ao baixo custo,

sendo necessária uma sala apropriada para ensino, podendo ser da própria igreja local,

material escolar e espaço para as crianças brincarem. O material didático é fornecido pela

própria rede do PEPE, bem como todo o apoio técnico e orientação para a implementação

do programa.

A ABIAH responsável pelo suporte técnico e de treinamento é aberta a parcerias com

outras instituições que se interessarem em adotar o PEPE, possibilitando que o programa

atue também na dimensão interdenominacional.

3.3 Por uma práxis do cuidado.

O cuidado de Jesus com as crianças vai além do retrato registrado por vários artistas,

inspirados pela passagem bíblica de Jesus as abençoando e pegando algumas no colo. Vários

exemplos de passagens bíblicas que descreviam esse cuidado de Jesus para com os

pequeninos/as foram mencionados no primeiro capítulo.

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Num tempo em que muito se fala sobre discipulado, faz-se necessário que aquilo que o

Mestre ensinou seja colocado em prática nas igrejas. As crianças não devem ser consideradas

como parte menos importante dentro de uma comunidade, ao contrário devem ter prioridade,

pois delas é o Reino. E aquelas que se encontram mais necessitadas tem o direito de

receberem maior atenção e cuidado, conforme os textos referidos no segundo capítulo da ação

de Jesus com as crianças nos Evangelhos, e também a instrução da carta de Tiago, capítulo 1

versículo 27, ao dizer que os órfãos (as crianças mais necessitadas daquela época) devem ser

assistidos por aqueles que buscam servir a Deus de maneira íntegra.

Cabe também assinalar que pastores e pastoras devem dispensar a elas o mesmo

cuidado que dispensam aos adultos. Assim como uma pessoa adulta, a criança também deve

ser ouvida em suas necessidades, receber oração, ser acompanhada, visitada, discipulada e

incluída nas celebrações cúlticas no caso de participar de uma comunidade eclesial.

Em qualquer trabalho que a igreja realize voltado para crianças, especialmente as que se

encontram em risco social, é importantíssimo que elas sejam participantes ativas,

principalmente ao tratar de questões que irão afetá-las. Glenn Miles afirma que elas além de

terem a percepção do por que se encontram em situação de risco, elas podem também apontar

possíveis soluções, pois elas convivem com o problema no seu dia a dia. Miles ainda afirma:

Crianças devem ser ouvidas não porque elas nunca estão erradas, mas porque os adultos

nem sempre estão certos e algumas vezes os adultos podem tomar decisões que visam manter

seu poder sobre as crianças do que considerar o que seria melhor para elas.73

Para isso se faz

necessário buscar métodos criativos para que a possibilidade de dar voz a elas seja alcançada.

Josephine-Joy Wright74

explica que ouvir é parte do processo dinâmico da

comunicação, o qual envolve compreensão e reações adequadas aos sinais usados para indicar

bem-estar emocional, intelectual, espiritual e físico no processo interativo. Se houver falha em

ouvir, haverá falha em se comunicar. Para ela ser testemunha de Cristo, consiste também em

ouvir o outro, sendo esta uma das dimensões do testemunho cristão.75

73

MILES, Glenn. Key Issues in Listening to Children. Introduction. In: MILES, Glenn; WRIGHT, Joy.

Celebrating children: equipping people working with children and young people living in difficult

circumstances around the world. 2. ed. Cumbria (UK): Paternoster, 2006. p. 63. Traduzido do inglês pela

autora. 74

JOSEPHINE-JOY WRIGHT: formada em psicologia e atua dentro da Viva Network desenvolvendo cursos

na área internacional para treinamento de voluntários que trabalham com crianças em situação de risco. Atua

também na National Health Service (NHS), na Inglaterra, como consultora de psicologia clínica com

crianças e adolescentes. 75

WRIGHT, Josephine-Joy. Listening to children and enabling their involvement. In: MILES, Glenn;

WRIGHT, Joy. Celebrating children: equipping people working with children and young people living in

difficult circumstances around the world. 2. ed. Cumbria (UK): Paternoster, 2006. p. 64.

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49

Finalizando, Jesus é o exemplo maior de como se deve proceder. No seu relacionamento

com os discípulos o processo de ensino-aprendizagem era diário e Ele constantemente os

ouvia, compreendia suas reações e se comunicava com eles. Que o seu exemplo possa ser o

alvo para o desenvolvimento desta práxis pastoral com crianças em situação de risco social.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Teologia da Criança tem contribuído de maneira inestimável, para um despertar da

igreja quanto aos valores do Reino. Seus articuladores/as têm atuado como voz profética no

meio eclesial, denunciando à omissão da ação da igreja com e entre os pequeninos/as, os/as

quais têm a prioridade no Reino de Deus.

Infelizmente, o sectarismo dentro das comunidades cristãs tem aumentado a cada dia.

A separação de grupos de homens e mulheres adultos, jovens, adolescentes, crianças e

atualmente terceira idade, justificada para um melhor atendimento e ensino pedagógico na

igreja, na verdade revela uma hierarquização de faixa etária e de gênero em seu contexto. E

nesta hierarquia a criança e o idoso estão em último lugar, mostrando a inversão dos valores

do Reino de Deus que tem como fundamento a igualdade, em que as crianças têm prioridade

e os idosos devem ser honrados.

Observa-se que muitas igrejas, além de não exercerem seu papel profético de denúncia

contra a injustiça praticada contra as crianças, quando não as excluem de sua agenda,

consideram-nas como instrumento de proselitismo de seus pais ou responsáveis, não

enxergando-as como seres humanos tão importantes quanto os adultos. Uma das razões para

tanto é que elas não apresentam retorno financeiro, dentro do atual modelo de igrejas

empresariais, cujo objetivo final, ainda que às vezes disfarçado, é o lucro. Assim, percebe-

se o quão equivocada está a compreensão e a ação missionária da igreja diante do

Evangelho do Reino de Deus.

Diante do atual quadro das crianças em situação de risco social no Brasil, seria correto

afirmar que a igreja é uma das responsáveis por esta situação degradante, pois em sua

grande maioria, não exercem seu papel como igreja cidadã, julgando que ações sociais são

responsabilidades apenas dos governantes, através das políticas públicas. Se fosse assim, a

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igreja do primeiro século não teria sido tão respeitada e admirada, pois esta cuidava das

crianças abandonadas pelos romanos, devido suas imperfeições ou simplesmente pela sua

aparência indesejada, cumprindo assim seu papel testemunhal.

Cabe também considerar, que antes das ações voltadas a minimizar as conseqüências

desta realidade, é necessário que a igreja que deseja se comprometer com as questões que

afetam milhões de crianças, colocando-as em risco, uma nova perspectiva acerca do fazer

teológico não apenas acerca da criança, mas também com a criança. É fazer o que Jesus fez,

trazer a criança para o meio, para que ela seja empoderada e tratada com a devida

dignidade, pois também é imagem e semelhança de Deus.

Diante do que foi apresentado sugere-se que as comunidades cristãs estabeleçam uma

relação saudável, concreta e significativa com as crianças. Isso pode ter início através da

promoção da inclusão das crianças, onde estas tenham espaços que lhes dêem a

oportunidade participativa nas atividades usando sua própria linguagem e percepção diante

da compreensão do Evangelho do Reino. O exercício de uma igreja cidadã também é

importante, para que a comunidade assuma seu papel na luta e defesa dos direitos da

criança. Outra indicação é a adoção das práticas relacionadas com o cuidado com as

crianças, onde as igrejas podem buscar modelos já existentes, alguns mencionados no

Capítulo 3, e adaptá-los de acordo com sua realidade.

Como extensão desta pesquisa, sugere-se a abordagem de outros temas relacionados a

ela de maneira mais detalhada como a violência infantil, o abuso sexual praticado contra

crianças e adolescentes, os motivos que levam o crescimento da marginalização de crianças

e adolescentes, e também como referido em um dos parágrafos do Capítulo 3, a inclusão da

criança na participação da liturgia do culto. Outro assunto de extrema relevância que

também pode ser objeto de pesquisa é o Aconselhamento Pastoral com crianças,

pouquíssimo discutido no âmbito acadêmico.

Enfim, grandes são os desafios encontrados no acompanhamento pastoral com

crianças, especialmente as que se encontram em situação de risco social. Que esta pesquisa,

assim como outras já existentes possa ser uma ferramenta e um instrumento de inspiração

para que estes desafios sejam enfrentados.

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Anexo A – Artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente referidos no Capítulo 2.

LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade

incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às

pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à

pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes,

por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o

desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de

dignidade.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público

assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao

respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à

infância e à juventude.

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência,

discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer

atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e

perinatal.

§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, segundo critérios

médicos específicos, obedecendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização do

Sistema.

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§ 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a

acompanhou na fase pré-natal.

§ 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele

necessitem.

§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe,

no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do

estado puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 5o A assistência referida no § 4

o deste artigo deverá ser também prestada a gestantes

ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção. (Incluído pela Lei nº

12.010, de 2009) Vigência

Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar condições

para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação

de criança ou adolescente.

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou

degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente

comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras

providências legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014)

Parágrafo único. As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos

para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas à Justiça da Infância e da

Juventude. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e

odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população

infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.

Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas

autoridades sanitárias.

Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua

família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e

comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias

entorpecentes.

§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento

familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses,

devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe

interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de

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reintegração familiar ou colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades

previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 2o A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento

institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que

atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade

judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 3o A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à sua família terá

preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em

programas de orientação e auxílio, nos termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV

do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Incluído pela Lei

nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 4o Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de

liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de

acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização

judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)

Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a

destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas

para a infância e a juventude.

Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na

condição de aprendiz. (Vide Constituição Federal)

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente

poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:

I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;

III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino

fundamental;

IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao

adolescente;

V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou

ambulatorial;

VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a

alcoólatras e toxicômanos;

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Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente

poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:

I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;

III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino

fundamental;

IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao

adolescente;

V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou

ambulatorial;

VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a

alcoólatras e toxicômanos;

VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010,

de 2009) Vigência

IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 1o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e

excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo

esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de

liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de

violência ou abuso sexual e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento

da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade

judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha

legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao

responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.(Incluído pela Lei nº 12.010,

de 2009) Vigência

§ 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que

executam programas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma

Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará,

dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu responsável, se

conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos de

referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua

guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio familiar. (Incluído pela

Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade

responsável pelo programa de acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano

individual de atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem

escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciária competente, caso em que

também deverá contemplar sua colocação em família substituta, observadas as regras e

princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 5o O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do

respectivo programa de atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou do

adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de

2009) Vigência

§ 6o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de

2009) Vigência

I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei nº 12.010, de

2009) Vigência

II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e (Incluído pela Lei nº

12.010, de 2009) Vigência

III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente

acolhido e seus pais ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta

vedada por expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a serem tomadas

para sua colocação em família substituta, sob direta supervisão da autoridade

judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência

dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que

identificada a necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais de

orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato com a

criança ou com o adolescente acolhido. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 8o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o responsável pelo programa

de acolhimento familiar ou institucional fará imediata comunicação à autoridade judiciária,

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que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual

prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 9o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do

adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou

comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao

Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a

expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução

da política municipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destituição do poder

familiar, ou destituição de tutela ou guarda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o

ingresso com a ação de destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização

de estudos complementares ou outras providências que entender indispensáveis ao

ajuizamento da demanda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro

contendo informações atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento

familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a

situação jurídica de cada um, bem como as providências tomadas para sua reintegração

familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28

desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor

da Assistência Social e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e

da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação de políticas

públicas que permitam reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do convívio

familiar e abreviar o período de permanência em programa de acolhimento.(Incluído pela Lei

nº 12.010, de 2009) Vigência

Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10 de outubro de

1979 (Código de Menores), e as demais disposições em contrário.

Fonte: BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e

do Adolescente e dá outras providências. Art. 1º. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em 15 janeiro 2014.

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ANEXO B - Estatísticas

Indicadores básicos Classificação por mortalidade de menores de 5 anos, 2012 120

Taxa de mortalidade menores de 5 anos, 1990 62

Taxa de mortalidade menores de 5 anos, 2012 14

Taxa de mortalidade menores de 5 anos por sexo, 2012, masculino 16

Taxa de mortalidade menores de 5 anos por sexo, 2012, feminino 13

Taxa de mortalidade infantil (menores de 1 ano), 1990 52

Taxa de mortalidade infantil (menores de 1 ano), 2012 13

Taxa de mortalidade neonatal, 2012 9

População Total (milhares), 2012 198656

Número anual de nascimentos (milhares), 2012 3008.5

Número anual de mortes de menores de 5 anos (milhares), 2012 42

RNB (Renda Nacional Bruta) per capita (US$), 2012 11630

Expectativa de vida ao nascer (anos), 2012 73.7

Taxa total de alfabetização de adultos (%) 2008-2012* 90.4

Taxa líquida de matrículas na escola primária (%) 2008-2011* –

DEFINIÇÃO DOS INDICADORES

Taxa de mortalidade de menores de 5 anos – Probabilidade de morrer entre o nascimento e exatamente

5 anos de idade, por mil nascidos vivos.

Taxa de mortalidade de bebês – Probabilidade de morrer entre o nascimento e exatamente 1 ano de

idade, por mil nascidos vivos.

Taxa de mortalidade neonatal – Probabilidade de morrer durante os primeiros 28 dias de vida, por mil

nascidos vivos.

RNB per capita – Renda Nacional Bruta (RNB) é a soma do valor da contribuição de todos os produtores

nacionais, acrescida de todos os impostos (menos subsídios) que não são incluídos na avaliação da

produção, mais as receitas líquidas de rendas primárias (pagamento de empregados e rendas de

propriedades) provenientes de fontes externas. A RNB per capita é a renda nacional bruta dividida pela

população na metade do ano. A RNB per capita é convertida em dólares americanos pelo método do

World Bank Atlas.

Expectativa de vida ao nascer – Número de anos que um recém-nascido viveria estando sujeito aos

riscos de morte que, no momento de seu nascimento, são prevalentes para aquele grupo representativo da

população.

Taxa de alfabetização de adultos – Número de indivíduos com 15 anos de idade ou mais que são

alfabetizados como porcentagem da população total nesse grupo etário.

Taxa líquida de matrículas na escola primária – Número de crianças matriculadas na escola primária ou

na escola secundária, com idade oficial para a escola primária, expresso como porcentagem do número

total de crianças na idade oficial para a escola primária. Devido à inclusão de crianças com idade de

frequentar a escola primária e que estão matriculadas na escola secundária, também é possível referir-se a

este indicador como razão líquida ajustada de matrículas na escola primária.

PRINCIPAIS FONTES DE DADOS

Taxas de mortalidade de menores de 5 anos e de bebês – Grupo Interagências das Nações Unidas para

Estimativas sobre Mortalidade Infantil (UNICEF, Organização Mundial da Saúde, Divisão de População

das Nações Unidas e Banco Mundial).

Taxa de mortalidade neonatal – Organização Mundial da Saúde, utilizando sistemas de registro civil,

sistemas de vigilância e levantamentos domiciliares.

População total e nascimentos – Divisão de População das Nações Unidas.

Mortes de menores de 5 anos – Grupo Interagências das Nações Unidas para Estimativas sobre

Mortalidade Infantil (UNICEF, Organização Mundial da Saúde, Divisão de População das Nações Unidas

e Banco Mundial).

RNB per capita – Banco Mundial.

Expectativa de vida ao nascer – Divisão de População das Nações Unidas.

Taxa de alfabetização de adultos e taxa líquida de matrículas na escola primária – Instituto da

Unesco para Estatísticas (IUE).

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NOTAS

– Dados não disponíveis.

* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no item.

Nutrição

Baixo peso ao nascer (%) 2008-2012* 8.4

Início imediato do aleitamento materno (%), 2008-2012* 67.7

Aleitamento materno exclusivo < de 6 meses (%), 2008-2012* 41

Introdução de alimentos sólidos, semissólidos e macios 6-8 meses (%), 2008-2012* 69.9

Aleitamento materno aos 2 anos (%), 2008-2012* 25.2

Baixo peso (%) 2008-2012*, moderado & grave 2

Baixo peso (%) 2008-2012*, grave –

Retardo de crescimento (%) 2008-2012*, moderado & grave 7

Marasmo (%) 2008-2012*, moderado & grave 2

Sobrepeso (%) 2008-2012*, moderado & grave 7.3

Cobertura total de suplementação de vitamina A (%) 2012 –

Consumo de sal iodado (%) 2008-2012* 95.7

DEFINIÇÃO DOS INDICADORES

Baixo peso ao nascer – Porcentagem de bebês que pesam menos de 2,5 quilos ao nascer.

Início imediato do aleitamento materno – Porcentagem de bebês que começam a ser amamentados pela

mãe em até uma hora após o nascimento.

Aleitamento materno exclusivo (< 6 meses) – Porcentagem de crianças entre o nascimento e 5 meses de

idade que foram alimentadas exclusivamente com leite materno até o dia anterior à pesquisa.

Introdução de alimentos sólidos, semissólidos ou macios (6-8 meses) – Porcentagem de crianças entre 6

e 8 meses de idade que receberam alimentos sólidos, semissólidos ou macios até o dia anterior à pesquisa.

Aleitamento materno aos 2 anos de idade – Porcentagem de crianças entre 20 e 23 meses de idade que

foram alimentadas com leite materno até o dia anterior à pesquisa.

Baixo peso – Moderado e grave: porcentagem de crianças entre o nascimento e 59 meses de idade com

peso inferior a menos dois desvios-padrão do peso mediano para a idade, de acordo com os Padrões da

OMS para Crescimento Infantil. Grave: porcentagem de crianças entre o nascimento e 59 meses de idade

com peso inferior a menos três desvios-padrão do peso mediano para a idade, de acordo com os Padrões da

OMS para Crescimento Infantil.

Retardo de crescimento (OMS) – Moderado e grave: porcentagem de crianças entre o nascimento e 59

meses de idade com altura inferior a menos dois desvios-padrão da altura mediana para a idade, de acordo

com os Padrões da OMS para Crescimento Infantil.

Marasmo (OMS) – Moderado e grave: porcentagem de crianças entre o nascimento e 59 meses de idade

com peso inferior a menos dois desvios-padrão do peso mediano para a altura, de acordo com os Padrões

da OMS para Crescimento Infantil.

Sobrepeso – Moderado e grave: porcentagem de crianças entre o nascimento e 59 meses de idade com

peso superior a dois desvios-padrão do peso mediano para a altura, de acordo com os Padrões da OMS

para Crescimento Infantil.

Cobertura total da suplementação com vitamina A – Porcentagem estimada de crianças entre 6 e 59

meses de idade que receberam duas doses de suplemento de vitamina A.

Consumo de sal iodado – Porcentagem de famílias que consomem sal iodado em dose adequada (15

partes por milhão ou mais).

PRINCIPAIS FONTES DE DADOS

Baixo peso ao nascer – Pesquisas de Demografia e Saúde (DHS), Pesquisas por Agrupamento de

Indicadores Múltiplos (MICS), outros levantamentos domiciliares nacionais, dados extraídos de sistemas

de relatórios de rotina, UNICEF e OMS.

Aleitamento materno – DHS, MICS, outros levantamentos domiciliares nacionais e UNICEF.

Baixo peso, retardo de crescimento e marasmo – DHS, MICS, outros levantamentos domiciliares

nacionais, OMS e UNICEF.

Suplementação com vitamina A – UNICEF.

Consumo de sal iodado – DHS, MICS, outros levantamentos domiciliares nacionais e UNICEF.

NOTAS

− Dados não disponíveis.

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* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no item.

Saúde Uso de fontes de água potável de qualidade (%) 2011, total 97.2 Uso de fontes de água potável de qualidade (%) 2011, urbana 99.5 Uso de fontes de água potável de qualidade (%) 2011, rural 84.5 Uso de instalações sanitárias adequadas (%) 2011, total 80.8 Uso de instalações sanitárias adequadas (%) 2011, urbana 86.7 Uso de instalações sanitárias adequadas (%) 2011, rural 48.4 Rotina de vacinas pelo PAI financiadas pelo governo (%) 2012 100 Cobertura de imunização (%) 2012, BCG 99 Cobertura de imunização (%) 2012, DPT1 99 Cobertura de imunização (%) 2012, DPT3 94 Cobertura de imunização (%) 2012, polio3 97 Cobertura de imunização (%) 2012, MCV 99 Cobertura de imunização (%) 2012, HepB3 97 Cobertura de imunização (%) 2012, Hib3 95 Cobertura de imunização (%) 2012, recém-nascidos protegidos contra o tétano 93 Pneumonia (%) 2008-2012*, procura por cuidado por suspeita de pneumonia 49.7 Pneumonia (%) 2008-2012*, tratamento com antibióticos para suspeita de pneumonia – Diarreia (%) 2008-2012*, tratamento com sais de reidratação oral (SRO) – Malária (%) 2008-2012*, tratamento antimalárico para crianças com febre – Malária (%) 2008-2012*, crianças que dormem sob o MTI – Malária (%) 2008-2012*, famílias com no mínimo um MTI –

DEFINIÇÃO DOS INDICADORES

Uso de fontes de água potável de qualidade – Porcentagem da população que utiliza uma das fontes a

seguir como principal fonte de água potável: abastecimento de água potável canalizada para habitação,

terreno, quintal próprio ou quintal do vizinho; torneira pública ou fontanário; poço de tubo ou sonda; poço

escavado protegido; nascentes protegidas, água de chuva, água engarrafada e mais uma das fontes anteriores

como fonte secundária.

Uso de instalações sanitárias adequadas – Porcentagem da população que utiliza um dos tipos de instalação

sanitária a seguir, não compartilhada com outras famílias: latrina com descarga mecânica ou manual

conectada a sistema de esgoto canalizado; fossa séptica ou latrina de fossa negra; latrina de fossa negra com

ventilação; latrina de fossa negra com laje (pedra); latrina de fossa negra coberta; bacia de compostagem.

Vacinas de rotina pelo PAI, financiadas pelo governo – Porcentagem de vacinas que são administradas

pelo PAI como rotina em um país para proteger crianças, e que são financiadas pelo governo nacional

(incluindo empréstimos).

PAI – Programa Ampliado de Imunização: Esse programa inclui imunização contra tuberculose (TB),

difteria, pertússis (coqueluche) e tétano (DPT), pólio e sarampo, assim como imunização de gestantes para

proteger bebês contra tétano neonatal. Em alguns países, outras vacinas podem ser incluídas no programa –

por exemplo, contra hepatite B (HepB),Haemophilus influenzae tipo B (Hib) ou febre amarela.

BCG – Porcentagem de nascidos vivos que receberam Bacilo de Calmette-Guérin (vacina contra

tuberculose).

DPT1 – Porcentagem de bebês que sobreviveram e receberam a primeira dose da vacina contra difteria,

pertússis e tétano.

DPT3 – Porcentagem de bebês que sobreviveram e receberam três doses da vacina contra difteria, pertússis e

tétano.

Pólio3 – Porcentagem de bebês que sobreviveram e receberam três doses da vacina contra pólio.

Sarampo – Porcentagem de bebês que sobreviveram e receberam a primeira dose da vacina contra sarampo.

HepB3 – Porcentagem de bebês que sobreviveram e receberam três doses da vacina contra hepatite B.

Hib3 – Porcentagem de bebês que sobreviveram e receberam três doses da vacina contra Haemophilus

influenzae tipo b.

Recém-nascidos protegidos contra tétano – Porcentagem de recém-nascidos que estão protegidos contra o

tétano no momento do nascimento.

Procura por cuidados devido a suspeita de pneumonia – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de

idade com suspeita de pneumonia (tosse ou dificuldade de respiração devido a problemas no tórax) nas duas

semanas anteriores à pesquisa e que foram levadas a um agente de saúde adequado.

Tratamento com antibióticos para suspeita de pneumonia – Porcentagem de crianças menores de 5 anos

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de idade com suspeita de pneumonia (tosse ou com dificuldade de respiração devido a problemas no tórax)

nas duas semanas anteriores à pesquisa e que receberam antibióticos.

Tratamento da diarreia com Sais de Reidratação Oral (SRO) – Porcentagem de crianças menores de 5

anos de idade que, nas duas semanas anteriores à pesquisa, tiveram diarreia e receberam Sais de Reidratação

Oral (pacotes com SRO ou embalagens com solução de SRO).

Tratamento antimalárico para crianças com febre – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de idade

que,nas duas semanas anteriores à pesquisa, estavam doentes e com febre e receberam algum medicamento

antimalárico. Nota: Este indicador refere-se ao tratamento antimalárico para crianças febris, não para casos

confirmados de malária e, portanto, deve ser interpretado com cautela. Ver outras informações em:

http://www.childinfo.org/malaria_maltreatment.php.

Crianças que dormem sob MTI – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de idade que, na noite

anterior à pesquisa dormiram sob mosquiteiro tratado com inseticida.

Famílias que possuem no mínimo um MTI – Porcentagem de famílias que dispõem de, no mínimo, um

mosquiteiro tratado com inseticida.

PRINCIPAIS FONTES DE DADOS

Uso de fonte de água potável de qualidade e de instalações sanitárias adequadas – UNICEF e

Organização Mundial da Saúde (OMS), Programa de Monitoramento Conjunto.

Vacinas de rotina pelo PAI, financiadas pelo governo – De acordo com relatos governamentais em

Formulários de Relatos Conjuntos do UNICEF e da OMS.

Imunização – UNICEF e OMS.

Procura por cuidados e tratamento para suspeita de pneumonia – Pesquisas de Demografia e Saúde

(DHS), Pesquisas por Agrupamento de Indicadores Múltiplos (MICS) e outros levantamentos domiciliares

nacionais.

Tratamento para diarreia – DHS, MICS e outros levantamentos domiciliares nacionais.

Prevenção e tratamento da malária – DHS, MICS, Pesquisas sobre Indicadores de Malária e outros

levantamentos domiciliares nacionais.

NOTAS

– Dados não disponíveis.

* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no item.

HIV/AIDS

Prevalência do HIV entre adultos (%) 2012 –

Indivíduos de todas as idades vivendo com HIV (milhares) 2012, estimative –

Indivíduos de todas as idades vivendo com HIV (milhares) 2012, baixa 530

Indivíduos de todas as idades vivendo com HIV (milhares) 2012, alta 660

Mulheres vivendo com HIV (milhares) 2012 –

Crianças vivendo com HIV (milhares) 2012 –

Prevenção entre os jovens (15-24 anos), prevalência do HIV entre jovens (%) 2012, total –

Prevenção entre os jovens (15-24 anos), prevalência do HIV entre jovens (%) 2012, masculine –

Prevenção entre os jovens (15-24 anos), prevalência do HIV entre jovens (%) 2012, feminine –

Prevenção entre os jovens (15-24 anos), amplo conhecimento do HIV (%) 2008-2012*, masculine –

Prevenção entre os jovens (15-24 anos), amplo conhecimento do HIV (%) 2008-2012*, feminine –

Prevenção entre os jovens (15-24 anos), uso de preservativos entre jovens com múltiplos parceiros

(%) 2008-2012*, masculine

Prevenção entre os jovens (15-24 anos), uso de preservativos entre jovens com múltiplos

parceiros (%) 2008-2012*, feminine

Órfãos, crianças órfãs devido a AIDS (milhares) 2012 –

Orfãos, crianças órfãs devido todas as causas (milhares) 2012 –

Órfãos, taxa de freqüência escolar de órfãos (%), 2008-2012* –

DEFINIÇÃO DOS INDICADORES

Prevalência de HIV entre adultos – Porcentagem estimada de adultos (de 15 a 49 anos de idade) vivendo

com HIV em 2011.

Indivíduos vivendo com HIV – Número estimado de indivíduos (todas as idades) vivendo com HIV em

2011.

Mulheres vivendo com HIV – Número estimado de mulheres (acima de 15 anos de idade) vivendo com

HIV em 2011.

Crianças vivendo com HIV – Número estimado de crianças (do nascimento aos 14 anos de idade)

vivendo com HIV em 2011.

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Prevalência de HIV entre jovens – Porcentagem de homens e mulheres jovens (de 15 a 24 anos de idade)

vivendo com HIV em 2011.

Amplo conhecimento sobre HIV – Porcentagem de homens e mulheres jovens (de 15 a 24 anos de idade)

que identificam corretamente os dois métodos principais para evitar a transmissão sexual de HIV (usar

preservativos e limitar as relações sexuais a um parceiro fiel e não infectado); que rejeitam os dois

conceitos locais errôneos mais comuns sobre a transmissão de HIV; e que sabem que uma pessoa

aparentemente saudável pode estar infectada por HIV.

Uso de preservativo entre jovens com múltiplos parceiros – Entre os jovens (de 15 a 24 anos de idade)

que afirmaram ter tido mais de um parceiro sexual nos últimos 12 meses, porcentagem daqueles que

relataram ter usado preservativo em sua relação sexual mais recente, com qualquer parceiro.

Crianças órfãs devido à aids – Número estimado de crianças (do nascimento aos 17 anos de idade) que

em 2011 já haviam perdido um ou ambos os genitores devido à aids.

Crianças órfãs devido a todas as causas – Número estimado de crianças (do nascimento aos 17 anos de

idade) que em 2011 já haviam perdido um ou ambos os genitores devido a qualquer causa.

Taxa de frequência escolar de órfãos – Porcentagem de crianças (de 10 a 14 anos de idade) que

perderam pais e mães biológicos e que atualmente estão freqüentando a escola, como porcentagem de

crianças não órfãs do mesmo grupo etário, que vivem com pelo menos um dos genitores e que estão

frequentando a escola.

PRINCIPAIS FONTES DE DADOS

Prevalência estimada de HIV entre adultos – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.

Número estimado de indivíduos vivendo com HIV – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.

Número estimado de mulheres vivendo com HIV – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.

Número estimado de crianças vivendo com HIV – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.

Prevalência de HIV entre jovens – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.

Amplo conhecimento sobre HIV – Pesquisas de Indicadores da Aids (AIS), Pesquisas de Demografia e

Saúde (DHS), Pesquisas por Agrupamento de Indicadores Múltiplos (MICS), outros levantamentos

domiciliares nacionais; HIV/AIDS Survey Indicators database, www.measuredhs.com/hivdata.

Uso de preservativo entre jovens com múltiplos parceiros – AIS, DHS, MICS e outros levantamentos

domiciliares nacionais; HIV/AIDS Survey Indicators Database, www.measuredhs.com/hivdata.

Crianças órfãs devido à aids – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.

Crianças órfãs devido a todas as causas – Unaids, Report on the Global Aids Epidemic, 2012.

Taxa de frequência escolar de órfãos – AIS, DHS, MICS e outros levantamentos domiciliares nacionais;

HIV/AIDS Survey Indicators Database, www.measuredhs.com/hivdata.

NOTAS

– Dados não disponíveis.

* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no item.

Educação

Taxa de alfabetização de jovens (15-24 anos) (%) 2008-2012*, masculine 96.7

Taxa de alfabetização de jovens (15-24 anos) (%) 2008-2012*, feminine 98.3

Número por 100 habitantes com telefones celulares, 2012 125.2

Número pro 100 habitantes usuários de internet, 2012 49.8

Frequência na pré-escola, taxa bruta de matrículas (%) 2008 -2012*, masculine –

Frequência na pré-escola, taxa bruta de matrículas (%) 2008 -2012*, feminine –

Frequência na escola primária, taxa bruta de matrículas (%) 2008 -2012*, masculine –

Frequência na escola primária, taxa bruta de matrículas (%) 2008 -2012*, feminine –

Frequência na escola primária, taxa líquida de matrículas (%) 2008 -2012*, masculino –

Frequência na escola primária, taxa líquida de matrículas (%) 2008 -2012*, feminine –

Frequência na escola primária, taxa líquida de presença (%) 2008 -2012*, masculine 94.5

Frequência na escola primária, taxa líquida de presença (%) 2008 -2012*, feminine 95.1

Frequência na escola primária,taxa de permanência até o último ano da escola primária (%) ,

2008-2012*, dados administrativos

Frequência na escola primária,taxa de permanência até o último ano da escola primária (%) ,

2008-2012*, dados de levantamento

87.6

Frequência na escola secundária, taxa líquida de matrículas (%) 2008-2012*, masculino –

Frequência na escola secundária, taxa líquida de matrículas (%) 2008-2012*, feminino –

Frequência na escola secundária, taxa líquida de presença (%) 2008-2012*, masculino 73.8

Frequência na escola secundária, taxa líquida de presença (%) 2008-2012*, feminine 79.6

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DEFINIÇÃO DOS INDICADORES

Taxa de alfabetização de jovens – Número de indivíduos de 15 a 24 anos de idade que são alfabetizados,

expresso como porcentagem da população total nesse grupo etário.

Telefones celulares – Número de inscrições ativas em um serviço público de telefonia móvel, incluindo o

número de cartões SIM pré-pagos ativos durante os últimos três meses.

Usuários de internet – Número estimado de usuários de internet, incluindo aqueles que utilizaram a

internet a partir de algum dispositivo (por exemplo, telefone móvel) nos últimos 12 meses.

Taxa bruta de matrículas na escola pré-primária – Número de crianças matriculadas na escola pré-

primária, independentemente de idade, expresso como porcentagem do número total de crianças na idade

oficial para a escola pré-primária.

Taxa bruta de matrículas na escola primária – Número de crianças matriculadas na escola primária,

independentemente de idade, expresso como porcentagem do número total de crianças na idade oficial

para a escola primária.

Taxa líquida de matrículas na escola primária – Número de crianças matriculadas na escola primária ou

na escola secundária, com idade oficial para a escola primária, expresso como porcentagem do número

total de crianças na idade oficial para a escola primária. Devido à inclusão de crianças com idade de

frequentar a escola primária e que estão matriculadas na escola secundária, também é possível referir-se a

este indicador como razão líquida ajustada de matrículas na escola primária.

Taxa líquida de frequência à escola primária – Número de crianças que frequentam a escola primária

ou a escola secundária, com idade oficial para a escola primária, expresso como porcentagem do número

total de crianças na idade oficial para a escola primária. Devido à inclusão de crianças com idade de

frequentar a escola primária e que estão matriculadas na escola secundária, também é possível referir-se a

este indicador como taxa líquida ajustada de frequência na escola primária.

Taxa de permanência até o último ano da escola primária – Porcentagem de crianças que ingressam no

primeiro ano da escola primária e chegam ao último ano desse nível educacional.

Taxa líquida de matrículas na escola secundária – Número de crianças matriculadas na escola

secundária, com idade oficial para a escola secundária, expresso como porcentagem do número total de

crianças na idade oficial para a escola secundária. Devido a dificuldades para relatar e registrar a idade de

indivíduos que estão matriculados no ensino superior, mas com idade de frequentar o ensino secundário,

essa taxa não inclui crianças em idade de frequentar a escola secundária que estão matriculadas no ensino

superior.

Taxa líquida de frequência à escola secundária – Número de crianças que frequentam a escola

secundária ou o ensino superior, com idade oficial para a escola secundária, expresso como porcentagem

do número total de crianças na idade oficial para a escola secundária. Devido à inclusão de crianças em

idade de frequentar a escola secundária e que estão frequentando o ensino superior, também é possível

referir-se a este indicador como taxa líquida ajustada de matrículas na escola secundária.

Todos os dados referem-se à Classificação Internacional Padronizada da Educação (ISCED) oficial

para os níveis primário e secundário de educação e, portanto, é possível que não correspondam

diretamente ao sistema escolar específico de cada país.

PRINCIPAIS FONTES DE DADOS

Alfabetização de adultos – Instituto da Unesco para Estatísticas (IUE).

Uso de telefone celular e internet – Sindicato Internacional das Telecomunicações (Genebra).

Matrículas nos níveis pré-primário, primário e secundário – IUE. Estimativas baseadas em dados

administrativos provenientes de Sistemas Internacionais de Informações sobre Gestão da Educação

(International Education Management Information Systems -EMIS), com estimativas de população das

Nações Unidas.

Frequência à escola nos níveis primário e secundário – Pesquisas de Demografia e Saúde (DHS),

Pesquisas por Agrupamento de Indicadores Múltiplos (MICS) e outros levantamentos domiciliares

nacionais.

Taxa de permanência até o último ano da escola primária – Dados administrativos: IUE; dados de

pesquisas: DHS e MICS. Médias regionais e globais calculadas pelo UNICEF.

NOTAS

− Dados não disponíveis.

* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o periodo especificados no

item.

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Proteção à infância

Trabalho infantil (%) + 2002-2012*, total 8.6

Trabalho infantil (%) + 2002-2012*, meninos 11.2

Trabalho infantil (%) + 2002-2012*, meninas 5.9

Casamento infantil (%) 2002-2012*, casadas aos 15 anos 10.5

Casamento infantil (%) 2002-2012*, casadas aos 18 anos 35.6

Registro de nascimento (%) 2005-2012*, total 93.4

Mutilação/corte genital feminino(%) 2002-2012*, prevalência, mulheres –

Mutilação/corte genital feminino (%) 2002-2012*, prevalência, filhas –

Mutilação/corte genital feminino (%) 2002-2012*, attitudes, apoio à prática –

Justificativa para violência contra a esposa (%) 2002-2012*, homens –

Justificativa para violência contra a esposa (%) 2002-2012*, mulheres –

Disciplina com violência (%) + 2005-2012*, total –

Disciplina com violência (%) + 2005-2012*, meninos –

Disciplina com violência (%) + 2005-2012*, meninas –

DEFINIÇÃO DOS INDICADORES

Trabalho infantil – Porcentagem de crianças de 5 a 14 anos de idade envolvidas em atividades de

trabalho infantil no momento da pesquisa. Considera-se que uma criança está envolvida em atividades de

trabalho infantil nas seguintes situações: crianças de 5 a 11 anos de idade que, durante a semana de

referência, desempenharam atividade econômica por pelo menos uma hora, ou trabalho doméstico por pelo

menos 28 horas; ou crianças de 12 a 14 anos de idade que, durante a semana de referência,

desempenharam atividade econômica por pelo menos 14 horas,ou trabalho doméstico por pelo menos 28

horas.

Casamento infantil – Porcentagem de mulheres de 20 a 24 anos de idade que estavam casadas pela

primeira vez ou já viviam em união antes de completar 15 anos de idade; e porcentagem de mulheres de 20

a 24 anos de idade que estavam casadas pela primeira vez ou já viviam em união antes de completar 18

anos de idade.

Registro de nascimento – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de idade que estavam registradas

no momento da pesquisa. O numerador deste indicador inclui crianças cujas certidões de nascimento foram

verificadas pelo entrevistador, ou cuja mãe ou responsável afirmou que o nascimento foi registrado.

Mutilação/corte genital feminino – (a) mulheres – porcentagem de mulheres de 15 a 49 anos de idade

que sofreram mutilação/corte genital; (b) filhas – porcentagem de mulheres entre 15 e 49 anos de idade

com pelo menos uma filha que sofreu mutilação/corte genital;(c) apoio à prática: porcentagem de

mulheres de 15 a 49 anos de idade que acham que a prática de mutilação/corte genital feminino deve

continuar.

Justificativa para violência contra a esposa – Porcentagem de mulheres e de homens de 15 a 49 anos de

idade que consideram justificável um marido bater em sua esposa por pelo menos uma das razões

especificadas, ou seja: se sua mulher queima a refeição, discute com ele, sai de casa sem sua permissão,

negligencia o cuidado com as crianças ou nega-se a ter relações sexuais.

Disciplina com violência – Porcentagem de crianças de 2 a 14 anos de idade que vivenciam qualquer

método violento de disciplina (agressão psicológica e/ou punição física).

PRINCIPAIS FONTES DE DADOS

Trabalho infantil – Pesquisas por Agrupamento de Indicadores Múltiplos (MICS), Pesquisas de

Demografia e Saúde (DHS) e outros levantamentos nacionais.

Casamento infantil – MICS, DHS e outros levantamentos nacionais.

Registro de nascimento – MICS, DHS, outros levantamentos nacionais e sistemas de registro civil.

Mutilação/corte genital feminino – MICS, DHS e outros levantamentos nacionais.

Justificativa em relação à violência contra a esposa – MICS, DHS e outros levantamentos nacionais.

Disciplina com violência – MICS, DHS e outros levantamentos nacionais.

NOTAS

– Dados não disponíveis.

* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no item.

Indicadores demográficos População (milhares) 2012, total 198656

População (milhares) 2012, menor de 18 anos 58867.2

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População (milhares) 2012, menor de 5 anos 14563.3

Taxa anual de crescimento populacional (%), 1990-2012 1.3

Taxa anual de crescimento populacional(%), 2012-2030 0.6

Taxa bruta de mortalidade, 1970 10.4

Taxa bruta de mortalidade, 1990 7

Taxa bruta de mortalidade,2012 6.4

Taxa bruta de natalidade, 1970 35

Taxa bruta de natalidade, 1990 24.2

Taxa bruta de natalidade, 2012 15.1

Expectativa de vida, 1970 58.9

Expectativa de vida, 1990 66.5

Expectativa de vida, 2012 73.7

Taxa total de fertilidade, 2012 1.8

População urbanizada (%), 2012 84.9

Taxa média anual de crescimento da população urbana (%), 1990-2012 1.9

Taxa média anual de crescimento da população urbana (%), 2012-2030 0.9

DEFINIÇÃO DOS INDICADORES

Taxa bruta de mortalidade – Número de óbitos anuais por mil indivíduos.

Taxa bruta de natalidade – Número de nascimentos anuais por mil indivíduos.

Expectativa de vida – Número de anos que um recém-nascido viveria estando sujeito aos riscos de morte

prevalentes no momento de seu nascimento para o grupo representativo da população.

Taxa total de fertilidade – Número de crianças que nasceriam por mulher se esta vivesse até o fim de

seus anos férteis e tivesse filhos em cada idade de acordo com as taxas de fertilidade prevalentes para cada

faixa etária.

População urbanizada – Porcentagem da população que vive em áreas urbanas caracterizadas de acordo

com a definição nacional utilizada no censo demográfico mais recente.

PRINCIPAIS FONTES DE DADOS

População – Divisão de População das Nações Unidas. Taxas de crescimento calculadas pelo UNICEF

com base em dados da Divisão de População das Nações Unidas.

Taxas brutas de mortalidade e de natalidade – Divisão de População das Nações Unidas.

Expectativa de vida – Divisão de População das Nações Unidas.

Taxa total de fertilidade – Divisão de População das Nações Unidas.

Indicadores Econômicos

RNB per capita 2012, US$ 11630

RNB per capita 2012, em PPC US$ 11720

Taxa média de crescimento anual do PIB per capita (%), 1970-1990 2.3

Taxa média de crescimento anual do PIB per capita (%), 1990-2012 1.7

Taxa média anual de inflação (%) 1990-2012 45.4

População vivendo abaixo da linha internacional da pobreza, US$1.25 ao dia (%), 2007-2011* 6.1

Gastos públicos em % do PIB (2007-2011*) alocados para a saúde 3.8

Gastos públicos em % do PIB (2008-2010*) alocados para a educação 5.6

Gastos públicos em % do PIB (2008-2010*) alocados para a defesa 1.6

Fluxo de entrada de AOD em milhões de US$ 2010 826.5

Fluxo de entrada de AOD em % da RNB dos países recebedores, 2010 0

Serviço da dívida em % das exportações de bens e serviços, 2010 19

Participação da renda familiar (%, 2007-2011*), 40% mais pobres 10

Participação da renda familiar (%, 2007-2011*), 20% mais ricos 59

DEFINIÇÃO DOS INDICADORES

RNB per capita – Renda Nacional Bruta (RNB) é a soma do valor de contribuição de todos os produtores

nacionais, acrescida de todos os impostos sobre produtos (menos subsídios) que não são incluídos na

avaliação da produção, mais as receitas líquidas de rendas primárias (pagamento de empregados e rendas

de propriedades) provenientes de fontes externas. RNB per capita é a renda nacional bruta dividida pela

população na metade do ano. A RNB per capita é convertida em dólares americanos pelo método do

World Bank Atlas.

RNB per capita em US$ (convertidos por PPC, Paridade de Poder de Compra) – RNB per capita

convertida em dólares internacionais levando em consideração diferentes níveis de preço (poder de

compra) entre os países. É baseada em dados provenientes do Programa de Comparações Internacionais

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69

(PCI).

PIB per capita – Produto Interno Bruto (PIB) é a soma do valor da contribuição de todos os produtores do

país, acrescida de todos os impostos sobre produtos (menos subsídios) que não são incluídos na avaliação

da produção. PIB per capita é o produto interno bruto dividido pela população na metade do ano. O

crescimento é calculado a partir de dados do PIB a preços constantes, em moeda local.

População vivendo abaixo da linha internacional da pobreza (US$1,25/dia) – Porcentagem da

população vivendo com menos de US$1,25 por dia, a preços de 2005 ajustados por Paridade de Poder de

Compra (PPC). O novo limite de pobreza reflete revisões nas taxas de câmbio de PPC, com base nos

resultados do PCI de 2005. As revisões revelam que o custo de vida nos países em desenvolvimento é mais

alto do que se estimava anteriormente. Como resultado dessas revisões, as taxas de pobreza para cada país

não podem ser comparadas com as taxas de pobreza relatadas em edições anteriores. Ver em

www.worldbank.org informações mais detalhadas sobre definição, metodologia e fontes dos dados

apresentados.

AOD – Assistência Oficial ao Desenvolvimento, líquida.

Serviço da dívida – Soma dos pagamentos dos juros e do principal de dívidas públicas externas de longo

prazo e reconhecidas publicamente.

Participação da renda familiar – Participação percentual da renda familiar recebida pela parcela de 20%

das famílias de renda mais alta e pela parcela de 40% das famílias de renda mais baixa.

PRINCIPAIS FONTES DE DADOS

RNB per capita – Banco Mundial.

PIB per capita – Banco Mundial.

Taxa de inflação – Banco Mundial.

População vivendo abaixo da linha internacional da pobreza (US$1,25/dia) – Banco Mundial.

Gastos com saúde, educação e defesa – Banco Mundial.

AOD – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE).

Serviço da dívida – Banco Mundial.

Participação da renda familiar – Banco Mundial.

Taxa de Progressos

Classificação por mortalidade de menores de 5 anos 120

Taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 1970 131

Taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 1990 62

Taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 2000 33

Taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 2012 14

Taxa média anual de redução (%) da taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 1970-1990 3.8

Taxa média anual de redução (%) da taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 1990-2000 6.2

Taxa média anual de redução (%) da taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 2000-2012 6.9

Taxa média anual de redução (%) da taxa de mortalidade de menores de 5 anos, 1990-2012 6.6

Redução desde 1990 (%) 77

Redução desde 2000 (%) 56

Taxa média anual de crescimento do PIB per capita (%), 1970-1990 2.3

Taxa média anual de crescimento do PIB per capita (%), 1990-2012 1.7

Taxa total de fertilidade, 1970 5

Taxa total de fertilidade, 1990 2.8

Taxa total de fertilidade, 2012 1.8

Taxa média anual de redução (%) da taxa total de fertilidade, 1970-1990 2.9

Taxa média anual de redução (%) da taxa total de fertilidade, 1990-2012 2

DEFINIÇÃO DOS INDICADORES

Taxa de mortalidade de menores de 5 anos – Probabilidade de morrer entre o nascimento e exatamente 5 anos

de idade por mil nascidos vivos.

Redução desde 1990 – Redução percentual da taxa de mortalidade de menores de 5 anos (TMM5) de 1990 a

2011. A Declaração do Milênio, promulgada em 2000 pelas Nações Unidas, estabeleceu o objetivo de reduzir em

dois terços (67%) a TMM5 de 1990 até 2015. Este indicador fornece uma avaliação atualizada dos progressos

rumo a esse objetivo.

PIB per capita – Produto Interno Bruto (PIB) é a soma do valor da contribuição de todos os produtores do país,

acrescido de todos os impostos sobre produtos (menos subsídios) que não são incluídos na avaliação da

produção. PIB per capita é o PIB dividido pela população na metade do ano. O crescimento é calculado a partir

de dados do PIB a preços constantes, em moeda local.

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Taxa total de fertilidade – Número de crianças que nasceriam por mulher se esta vivesse até o fim de seus anos

férteis e tivesse filhos em cada idade de acordo com as taxas de fertilidade prevalentes para cada faixa etária.

PRINCIPAIS FONTES DE DADOS

Mortalidade de menores de 5 anos – Grupo Interagências das Nações Unidas para Estimativas sobre

Mortalidade Infantil (UNICEF, Organização Mundial da Saúde, Divisão de População das Nações Unidas e

Banco Mundial).

PIB per capita – Banco Mundial.

Taxa total de fertilidade – Divisão de População das Nações Unidas.

Adolescentes População de 10-19 anos (milhares), 2012 34204.6

População de 10-19 anos, proporção da população total (%) 2012 17.2

Adolescentes atualmente casados/vivendo em união(%) 2002-2012* , meninos –

Adolescentes atualmente casados/vivendo em união (%) 2002-2012* , meninas 24.7

Partos até os 18 anos de idade (%) 2008-2012* –

Taxa de partos na adolescência, 2006-2010* 71.4

Justificativa para violência contra a esposa em meio aos adolescentes (%) 2002-2012*,

meninos

Justificativa para violência contra a esposa em meio aos adolescentes (%) 2002-2012*,

meninas

Uso de meios de comunicação por adolescentes (%) 2002-2012*, meninos –

Uso de meios de comunicação por adolescentes (%) 2002-2012*, meninas –

Taxa de escolaridade bruta no secundário inferior, 2008-2012* –

Taxa de escolaridade bruta no secundário superior, 2008-2012* –

Amplo conhecimento de HIV entre adolescentes (%) 2008-2012*, meninos –

Amplo conhecimento de HIV entre adolescentes (%) 2008-2012*, meninas –

DEFINIÇÃO DOS INDICADORES

Adolescentes atualmente casados/vivendo em união – Porcentagem de meninos e meninas de 15 a 19 anos de

idade que atualmente estão casados ou vivem em união. Este indicador tem por objetivo fornecer um quadro do

estado civil atual de meninos e meninas nesse grupo etário. No entanto, é preciso observar que aqueles que não

estavam casados no momento da pesquisa ainda

estão expostos ao risco de casar antes do final da adolescência.

Partos até os 18 anos de idade – Porcentagem de mulheres de 20 a 24 anos de idade que tiveram filhos antes de

completar 18 anos. Este indicador padronizado, extraído de pesquisas baseadas na população, capta os níveis de

fertilidade em meio a adolescentes até os 18 anos de idade. É importante observar que esses dados estão

baseados nas respostas dadas por mulheres de 20 a 24 anos de idade que correram o risco de dar à luz antes dos

18 anos.

Taxa de partos na adolescência – Número de nascimentos por mil meninas adolescentes de 15 a 19 anos de

idade.

Justificativa para violência contra a esposa em meio a adolescentes – Porcentagem de meninos e meninas de

15 a 19 anos de idade que consideram justificável um marido bater em sua esposa por pelo menos uma das

razões especificadas: se sua mulher queima a refeição, discute com ele, sai de casa sem sua permissão,

negligencia o cuidado com as crianças e nega-se a ter relações sexuais.

Uso de meios de comunicação por adolescentes – Porcentagem de meninos e meninas de 15 a 19 anos de idade

que utilizam, no mínimo uma vez por semana, pelo menos um dos seguintes tipos de meios de comunicação:

jornal, revista, televisão ou rádio.

Taxa bruta de escolaridade bruta no secundário inferior – Número de crianças matriculadas no secundário

inferior, independentemente de idade, expresso como porcentagem do número total de crianças na idade oficial

para esse nível de educação.

Taxa bruta de escolaridade no secundário superior – Número de crianças matriculadas no secundário

superior, independentemente de idade, expresso como porcentagem do número total de crianças na idade oficial

para esse nível de educação.

Amplo conhecimento sobre HIV em meio a adolescentes – Porcentagem de homens e mulheres jovens (de 15

a 19 anos de idade) que identificam corretamente os dois métodos principais para evitar a transmissão sexual de

HIV (usar preservativos e limitar as relações sexuais a um parceiro fiel e não infectado); que rejeitam os dois

conceitos locais errôneos mais comuns sobre a transmissão de HIV; e que sabem que uma pessoa aparentemente

saudável pode estar infectada por HIV.

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PRINCIPAIS FONTES DE DADOS

População de adolescentes – Divisão de População das Nações Unidas.

Adolescentes atualmente casados/vivendo em união – Pesquisas de Demografia e Saúde (DHS), Pesquisas por

Agrupamento de Indicadores Múltiplos (MICS) e outros levantamentos nacionais.

Partos até os 18 anos de idade – DHS e MICS.

Taxa de partos na adolescência – Divisão de População das Nações Unidas.

Justificativa para violência contra a esposa – DHS, MICS e outros levantamentos nacionais.

Uso de meios de comunicação por adolescentes – Pesquisas de Indicadores da Aids (AIS), DHS, MICS e

outros levantamentos nacionais.

Taxa bruta de matrículas – Instituto da Unesco para Estatísticas (IUE).

Amplo conhecimento sobre HIV em meio a adolescentes – AIS, DHS, MICS, Pesquisas

sobre Saúde Reprodutiva (RHS) e outros levantamentos nacionais; HIV/AIDS Survey

Indicators Database, www.measuredhs.com/hivdata.

NOTAS

– Dados não disponíveis.

* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no item .

Disparidades por residência

Registro de nascimento (%) 2005-2012*, urbana –

Registro de nascimento (%) 2005-2012*, rural –

Registro de nascimento (%) 2005-2012*, razão urbana/rural –

Agentes de saúde capacitados presentes no parto (%) 2008-2012*, urbana 97.7

Agentes de saúde capacitados presentes no parto (%) 2008-2012*, rural 94

Agentes de saúde capacitados presentes no parto (%) 2008-2012*, razão urbana/rural 1

Prevalência de baixo peso em crianças menores de 5 anos (%) 2008-2012*, urbana 2

Prevalência de baixo peso em crianças menores de 5 anos (%) 2008-2012*, rural 2

Prevalência de baixo peso em crianças menores de 5 anos (%) 2008-2012*, razão urbana/rural 1

Tratamento da diarréia com sais de rehidratação oral (SRO) (%) 2008-2012*, urbana –

Tratamento da diarréia com sais de rehidratação oral (SRO) (%) 2008-2012*, rural –

Tratamento da diarréia com sais de rehidratação oral (SRO) (%) 2008-2012*, razão urbana/rural –

Taxa líquida de freqüência à escola primária, 2008-2012*, urbana –

Taxa líquida de freqüência à escola primária 2008-2012*, rural –

Taxa líquida de freqüência à escola primária 2008-2012*, razão urbana/rural –

Amplo conhecimento sobre HIV (%) mulheres de 15-24 anos, 2008-2012*, urbana –

Amplo conhecimento sobre HIV (%) mulheres de 15-24 anos, 2008-2012*, rural –

Amplo conhecimento sobre HIV (%) mulheres de 15-24 anos, 2008-2012*, razão urbana/rural –

Uso de instalações sanitárias adequadas (%) 2010, urbana 86.7

Uso de instalações sanitárias adequadas (%) 2010, rural 48.4

Uso de instalações sanitárias adequadas (%) 2010, razão urbana/rural 1.8

DEFINIÇÃO DOS INDICADORES

Registro de nascimento – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de idade que estavam registradas no

momento da pesquisa. O numerador deste indicador inclui crianças cujas certidões de nascimento foram

verificadas pelo entrevistador, ou cuja mãe ou responsável afirmou que o nascimento foi registrado.

Agentes de saúde capacitados presentes no parto – Porcentagem de partos assistidos por agentes de saúde

capacitados (médicos, enfermeiros ou parteiras).

Prevalência de baixo peso em meio a menores de 5 anos – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de

idade com peso inferior a menos dois desvios - padrão do peso mediano para a idade, de acordo com os Padrões

da OMS para Crescimento Infantil.

Tratamento da diarreia com sais de reidratação oral – Porcentagem de crianças menores de 5 anos de idade

que, nas duas semanas que precederam a pesquisa, tiveram diarreia e receberam sais de reidratação oral (pacotes

com Sais de Reidratação Oral ou embalagens com solução SRO).

Taxa líquida de frequência à escola primária – Número de crianças que frequentam a escola primária ou a

escola secundária, com idade oficial para a escola primária, expresso como porcentagem do número total de

crianças na idade oficial para a escola primária. Devido à inclusão de crianças com idade de frequentar a escola

primária que frequentam a escola secundária, também é possível referir-se a este indicador como taxa líquida

ajustada de frequência à escola primária.

Amplo conhecimento sobre HIV – Porcentagem de mulheres jovens (de 15 a 24 anos de idade) que identificam

corretamente os dois métodos principais para evitar a transmissão sexual de HIV (usar preservativos e limitar as

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relações sexuais a um parceiro fiel e não infectado); que rejeitam os dois conceitos locais errôneos mais comuns

sobre a transmissão de HIV; e que sabem que uma pessoa aparentemente saudável pode estar infectada por HIV.

Uso de instalações sanitárias adequadas – Porcentagem da população que utiliza um dos tipos de instalação

sanitária a seguir, não compartilhada com outras famílias: latrina com descarga mecânica ou manual conectada a

sistema de esgoto canalizado; fossa séptica ou latrina de fossa negra; latrina de fossa negra com ventilação;

latrina de fossa negra com laje (pedra); latrina de fossa negra coberta; bacia de compostagem.

PRINCIPAIS FONTES DE DADOS

Registro de nascimento – Pesquisas de Demografia e Saúde (DHS), Pesquisas por Agrupamento de Indicadores

Múltiplos (MICS), outros levantamentos nacionais e sistemas de registro civil.

Agentes de saúde capacitados presentes no parto – DHS, MICS e outras fontes representativas em termos

nacionais.

Prevalência de baixo peso em meio a crianças menores de 5 anos de idade – DHS, MICS, outros

levantamentos domiciliares nacionais, OMS e UNICEF.

Tratamento da diarreia com sais de reidratação oral (SRO) – DHS, MICS e outros levantamentos

domiciliares nacionais.

Razão líquida de frequência à escola primária – DHS, MICS e outros levantamentos domiciliares nacionais.

Amplo conhecimento sobre HIV – Pesquisas de Indicadores da Aids (AIS), DHS, MICS e outros

levantamentos domiciliares nacionais; HIV/AIDS Survey Indicators Database, <www.measuredhs.com/hivdata>

Uso de instalações sanitárias adequadas – Programa de Monitoramento Conjunto do UNICEF e da OMS.

Dados sobre disparidades apresentados em itálico provêm de fontes diferentes dos demais dados para os

mesmos indicadores apresentados em outras seções deste relatório: Tabela 2 (Nutrição – Prevalência de

baixo peso), Tabela 3 (Saúde – Tratamento de diarreia), Tabela 4 (HIV/aids – Amplo conhecimento sobre

HIV); e Tabela 8 (Mulheres – Agentes de saúde capacitados presentes no parto).

NOTAS

− Dados não disponíveis.

* Dados referem-se ao ano mais recente com informações disponíveis para o período especificado no título do

item.

Atualizado: 18 de dezembro de 2013.

Fonte: ESTATÍTICAS. Unicef. Brasil. Disponível em

<http://www.unicef.org/infobycountry/brazil_statistics.html#0>. Acesso em 09 de abril de 2014. A tradução foi

feita pela autora do presente trabalho.

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PROTEÇÃO - Continuação

Fonte: UNICEF. Situação da infância e da adolescência brasileira em 2009. Direito de Apender. Mapas e

Tabelas. Disponível em: <http://www.unicef.org/brazil/pt/Mapas_e_tabelas.pdf>. Acesso em 15 janeiro 2014.

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77

Comparação entre o IHA* 2009 e 2010 por Unidade de Federação

Fonte: Índice de homicídios na adolescência: IHA 2009-2010. Rio de Janeiro: Observatório de Favelas, 2012. p. 11. Disponível em <http://www.unicef.org/brazil/pt/br_indiceha10.pdf>. Acesso em 14 agosto 2013. *Nota: IHA – Índice de Homicídio na adolescência.