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21X28 CM

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EDITORIAL

Mercado em Foco é uma publicação da Associação Comercial e Industrial de Londrina. Distribuição gratuita. Correspondências, inclusive reclamações e sugestões de reportagens, devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo e-mail [email protected]

DIRETORIA DA ACIL – GESTÃO 2014/2016

Fundada em 5 de junho de 1937

Rua Minas Gerais 297 – 1º andarEd. Palácio do ComércioLondrina (PR) – CEP 86010-905Telefone (43) 3374-3000Fax (43) 3374-3060E-mail [email protected]

Valter Luiz OrsiPresidenteRogerio Pena ChinezeVice-PresidenteFabricio Massi SallaDiretor SecretárioAlexandra de Paula Yusiasu dos Santos2º Diretor SecretárioRodolfo Tramontini ZanluchiDiretor FinanceiroAngelo Pamplona da Costa

2º Diretor FinanceiroFernando Mauricio de MoraesDiretor ComercialMarcus Vinicius GimenesDiretor IndustrialMarcia Regina Vieira Mocelin ManfrinDiretor de ServiçosClaudio Sergio TedeschiDiretor de Comércio InternacionalLuigi Carrer FilhoDiretor de Produtos

Adelino Favoretto JuniorDiretor Institucional

CONSELHO DELIBERATIVOAry SudanCarlos Alberto Dorotheu MascarenhasEduardo Yoshimura AjitaFlávio Montenegro BalanGeorge HiraiwaHerson Rodrigues Figueiredo Jr.

José Augusto RapchamKatsumi Sergio OtaguiriLuiz Carlos I. AdatiNivaldo BenvenhoOswaldo PitolPaulo Fernando OzelameWilson Geraldo Cavina

CONSELHO FISCAL

TitularesAdoniro Prieto MathiasMarcus Vinicius Bossa GrassanoRafael de Giovanni Netto

SuplentesCarlos Alberto de Souza FariaRafael LopesRogério Silvano da Silva

Paulo BriguetCoordenaçãoVinicius BersiEdiçãoJosoé de CarvalhoFotografiaThiago MazzeiProjeto gráfico

Diego Rigon MenãoSuperintendenteClaudia Motta PechinGerente ComercialBarbara Della LiberaAnalista de Marketing

ColaboradoresCristiane OyaFelipe BrandãoFernanda Bressan

Giovana ChiquimJosé Antonio PedrialiJosé Pires

ImpressãoMidiografTiragem8 mil exemplares

LONDRINA DE VERDADE“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” A ACIL (há 77 anos) e o Fórum Desenvolve Londrina (há 10 anos) procuram seguir o preceito bíblico em todos os momentos. Conhecer a realidade é o primeiro passo para transformá-la e desenvolver o que há de melhor em cada um de nós.Neste mês comemoramos os 80 anos de nossa querida Londrina. Nestas oito décadas, a cidade se tornou um fenômeno único de desenvolvimento social, econômico e cultural. No passado, fomos a Capital Mundial do Café. No presente, somos a Cidade Genial em TI. No futuro, seremos um polo industrial do Paraná e do Brasil. O que era café se transformou em conhecimento; o que é conhecimento está se transformando em produtividade e valor adicionado. Temos orgulho por nosso passado, entusiasmo com o nosso presente e otimismo para o nosso futuro.A industrialização é um fator básico para o desenvolvimento do que há de melhor em Londrina. E essa não é apenas a opinião dos especialistas; é a voz do povo. Pesquisa realizada pelo Fórum Desenvolve

Londrina em 2014 mostra que 63% dos londrinenses não consideram que Londrina é uma cidade industrializada. Por outro lado, 82% concordam que industrializar a cidade é uma boa alternativa para o desenvolvimento local. Isso desfaz o mito de que a população local rejeita as indústrias. A verdade é que nossa comunidade já está consciente da importância de desenvolver o setor industrial.A consolidação de Londrina como Cidade Genial em TI vai facilitar e dinamizar o processo de industrialização do município. Os nossos ativos em tecnologia da informação – como o Instituto Senai, a Sercomtel, os grandes nomes do setor e as certificações de alto nível – criam um ambiente propício para a atração de empresas de alto valor adicionado. Só a indústria pode gerar os empregos qualificados, os recursos fiscais e a dinamização econômica de que dependemos para superar a crise que se avizinha. Sim, a verdade nos libertará. E teremos um novo ciclo de desenvolvimento.

Valter Luiz OrsiPresidente da ACIL

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Agenda janeiro e fevereiro 2015

FINANÇAS GESTÃO DE RH DIVERSOSMARKETINGATENDIMENTO E VENDAS WEB

• Identificaramelhorparadivulgarasuaempresa

• Criaroperfildaempresanasredessociais

• Elaborarasestratégiasparaobtermelhorresultadonasredes

Nãoassociados: R$ 157,00Associadoseestudantes:R$ 81,00

Técnicas de cobrança: como cobrar e receber dívidasBraz Vendramini09, 10 e 11 de fevereiro19h às 23h• Relacionamentocrédito/cobrança• Comoobtermaioresresultadosnas

cobrançasdeclientesinadimplentes• Comoorganizarumacarteirade

atrasadosdeformaprodutiva• ComolidarcomsituaçõesdifíceisNãoassociados:R$ 200,00Associadoseestudantes:R$ 100,00

Intensivo em substituição tributária do ICMS Paraná – 5ª EdiçãoRosângela da Silveira11 e 12 de fevereiro19h às 23h• Conceitos,legislaçãoemodalidadesde

substituiçãotributária• BasedecálculodoICMSdevidopor

substituiçãotributária• CálculosdaSTporoperações

interestaduais• Procedimentoseobrigaçõesdo

substitutotributárioNãoassociados:R$ 250,00Associadoseestudantes:R$ 195,00

Qualidade no atendimento ao cliente como diferencial competitivoNiceia C. Henrichsen23 e 24 de fevereiro19h às 23h• Conhecendooperfildocliente-Oque

motivaoseucomportamento?• Comoatrair,reterefidelizarclientes• Administrandoconflitosno

atendimento• Atitude:Diferencialcompetitivono

atendimentoNãoassociados:R$ 157,00Associadoseestudantes:R$ 81,00

Intensivo em assistente contábil: formação e atualizaçãoElisangela da Silveira25 e 26 de fevereiro19h às 23h• Obrigatoriedadedeapuraçãopelolucro

real• Conceitoetécnicasdolucropresumido• ApuraçãodaPISeCOFINS• Obrigaçõesacessóriascomênfaseno

SPED:SPEDContábil,SPEDFiscal,EFD-Contribuições.FCONT

Nãoassociados:R$ 250,00Associadoseestudantes:R$ 195,00

PALESTRA: Otimize a sua empresa com um planejamento de marketingSheila Dal Ry26 de fevereiro19h às 21h• Aimportânciaebenefíciosdo

planejamento• Definindoosobjetivosdaempresa• Identificandoopúblico-alvo• ElaboraçãodeestratégiasNãoassociados:R$ 70,00Associadoseestudantes:R$ 37,00

Gestão de projetos: Como coordenar projetos de forma prática e eficiente – 3ª EdiçãoRodrigo Giraldelli28 de fevereiro8h30 às 12h e das 13h às 17h30• Iniciaçãodoprojeto• Planejamentodoprojeto• Execuçãoeelaboraçãodoprojeto• Gerenciamentodacomunicaçãodos

riscosNãoassociados:R$ 250,00Associadoseestudantes:R$ 195,00

Saiba mais:[email protected] ou3374.3082 com Mariana Reche:[email protected]

Associação Comercial e Industrial de Londrina Rua Minas Gerais, 297, 1º andar, Londrina, PR

Av. Saul Elkind, 1820 | Regional Nortewww.acil.com.br Curta

Comunicação para vendedoresCarmen Benedetti19, 20 e 21 de janeiro19h às 23h• Oqueéprecisoparaserumbom

vendedor?• Comunicaçãoevendas• Característicasebenefícios• AcomunicaçãoportelefoneNãoassociados:R$ 178,00Associadoseestudantes:R$ 91,00

Desenvolvendo líderesMaria Cristina Consalter26, 27, 28 e 29 de janeiro19h às 23h• Definindoosprodutos/serviçosda

minhaempresa• Identificandoopúblico-alvo• Elaborandoestratégiasparafortalecer

minhaempresaNãoassociados:R$200,00Associadoseestudantes:R$ 100,00

Intensivo em assistente fiscal: formação e atualização – 4ª Edição Rosângela da Silveira28 e 29 de janeiro19h às 23h• Introduçãoao:ICMS,IPI,PISECOFINS,

ISSQN• RegimesdeTributação• BenefíciosFiscais:Isenção,Redução

daBasedeCálculo,Diferimento,Suspensão,Imunidade,DiferencialdeAlíquota

• PrincipaisOperaçõescomNotaFiscal:Vendas,DevoluçãodeMercadoria,Bonificação,RemessaParaconserto,AmostraGrátis

Nãoassociados:R$ 250,00Associadoseestudantes:R$ 195,00

Vendendo ServiçosNatasha Bacchi02 e 03 de fevereiro19h às 22h• Entendendoosserviços• Oqueasempresasdeserviçosdevemter• Apresentaçãodosserviços• PersonalizaçãoNãoassociados:R$ 135,00Associadoseestudantes:R$ 70,00

Como divulgar sua empresa através das redes sociaisSheila Dal Ry05 e 06 de fevereiro19h às 23h• Comoconhecerasredessociaismais

utilizadasnoBrasil

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Associação Comercial e Industrial de Londrina 7

MIGRAR PARA O SIMPLES?Conheça as vantagens e desvantagens do regime tributário ............................................................ 12

ARTIGO10 dicas para o novo líder .................................................. 20

THIAGO ARANCAM IN CONCERTUm das vozes mais prestigiadas docanto lírico em Londrina ..................................................... 21

COMÉRCIO AQUECIDO Londrinenses devem gastar R$ 115,5 bilhões com presentes de Natal ....................................................... 26

O BRASIL TEM REMÉDIO Ao completar dez anos, fábrica da Sandoz mostra importância dapesquisa ........................................ 28

A HORA DE PARAR Os riscos de trabalhar por longos períodos sem férias ............................................... 32

EMPREENDEDORISMO SOCIAL Livro reúne iniciativas de empreendedorismo quemelhoraram a vida dos londrinenses ................................ 34

CONSELHO DA MULHER EMPRESÁRIA A força feminina nos negócios ............................................ 36

COLUNAA beleza da festa de lançamento do Londrinatal Encantado .................................................. 40

ÍNDICE8

O DESAFIO DA PRODUTIVIDADEComo otimizar recursos para ter os melhores resultados?

22

ENTREVISTA Alexandre Kireeff faz balanço dos dois anos de governo eprojeta mudanças no perfil econômico da cidade

38

PERFIL Délio César é personagem fundamental para o jornalismo, a política e as artes em Londrina

80 ANOS DE COMPETITIVIDADE Londrina teve espetaculares ciclos deprosperidade e se reinventou a cada crise

16

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DESAFIO DA PRODUTIVIDADE

dezembro de 2014 | www.acil.com.br8

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Associação Comercial e Industrial de Londrina 9

Por Giovana Chiquim

Nos últimos anos, a indústria brasileira cresceu menos que a economia e sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) é de 25% - dez pontos percentuais a menos em comparação com os anos 1990. As informações foram divulgadas no último mês de novembro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o órgão, a produção industrial está abaixo do índice registrado na pré-crise de 2008 e o Brasil está se comportando como “mero coadjuvante” no cenário industrial mundial. O presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL), Valter Orsi, enfatiza que o desempenho da indústria está piorando ano a ano. No período de 2000 a 2013 a indústria brasileira ficou praticamente estagnada e os números de 2014 apontam queda na produção.De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a falta de chuva já começou a afetar a indústria. Em setembro a produção diminuiu 0,2% em relação a agosto. Os índices desse mês são negativos em todas as comparações feitas pelo IBGE. Os números caíram em relação a setembro de 2013 (-2,1%), além de apontarem queda no índice acumulado do ano (-2,9%) e no dos últimos 12 meses encerrados em setembro (-2,2%). O setor de alimentos foi o mais prejudicado: 4,1% a menos em relação ao mês de agosto. O vilão foi o açúcar, afetado pela antecipação da safra da cana.A falta de chuva é apenas mais um motivo sazonal que contribui com a fragilidade da atividade industrial no Brasil. Na opinião do presidente da ACIL, a baixa produtividade é uma consequência de um conjunto de situações. A primeira seria a questão da logística. “O país tem dificuldades no transporte rodoviário, ferroviário e aéreo”, relata Valter Orsi. A capacitação também é citada por ele como um problema que precisa ser resolvido. “Nesta área, deixamos muito a desejar. A capacitação dos

nossos colaboradores é aquém das nossas necessidades. Não oferecemos ferramentas para aumentar a produtividade e acabamos perdendo competitividade por essa razão”, destaca o presidente da ACIL.Por fim, Orsi salienta que a defasagem na infraestrutura do parque fabril brasileiro é outro fator que afeta a produção. “Faltam investimentos e modernização nas fábricas. As indústrias não estão evoluindo. O índice de produtividade está próximo de zero. Somos um dos países com menor produtividade do mundo.”Enquanto o Brasil vive um momento de estagnação no crescimento, os outros países se recuperam. A crise mundial de 2008 estimulou as economias avançadas a reavaliarem suas estratégias, entre elas, a produção industrial. Nesses países, a indústria do futuro já está no presente. As impressoras em 3D e a massificação de robôs provoca uma revolução nos métodos de produção. A atividade industrial nos Estados Unidos, epicentro da crise, já retoma sua capacidade de competir e se reestrutura. A maioria dos países emergentes faz o mesmo: se torna mais competitivo e se insere no mercado global. Essa também deve ser a prioridade do Brasil, na visão da CNI.

Efeito dominó“O grande problema é que quando a produtividade cai, a renda também despenca”, afirma Marcos Rambalducci, economista da ACIL. Ele explica que o salário real da população brasileira está ligado à produtividade. “Quando a produtividade cai, o valor do produto aumenta. Se aumentar a capacidade de renda de uma família em 20%, é preciso aumentar em 20% o ganho de produtividade.”Para Rambalducci, os programas de transferência de renda, como o “Bolsa Família”, são ilusórios. “Os programas de transferência de renda só são viáveis se houver aumento da produtividade. No

As indústrias não estão evoluindo. O índice de produtividade está próximo de zero. Somos um dos países com menor produtividade do mundo

““

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primeiro momento pareceu um ganho, mas na verdade, o poder de compra se esvaiu. A produtividade brasileira não acompanha as transferências de renda unilaterais. A transferência de renda foi consumida pela inflação porque não houve aumento na produção brasileira”, salienta.

“Tripé” do crescimento industrial Marcos Rambalducci aponta os caminhos que podem mudar os rumos da produtividade brasileira. As melhorias na infraestrutura, principalmente no que diz respeito à logística, são observadas pelo economista como fundamentais para que o país seja capaz de produzir mais. “Se ao invés de construírem estádios fossem feitos investimentos no sistema modal de transportes, teríamos um efeito multiplicador na cadeia produtiva”, avalia. Outra questão que deve ser priorizada é a educação. “O capital nas mãos de quem tem conhecimento agrega valor aos produtos desenvolvidos. A inovação dos processos está associada à educação e permite que, com os mesmos produtos disponíveis, o índice de produtividade seja maior. Quanto maior o nível de escolaridade, maiores serão

as chances de inovar e, consequentemente, de aumentar a produtividade”, analisa Rambalducci.O último fator é a criação de políticas públicas, entre elas, um maior estímulo à atividade industrial. Na visão do economista, especialmente em Londrina, é possível perceber incentivos na prestação de serviços, cujo campo de atuação está circunscrito a uma área delimitada. Por outro lado, a atividade industrial oferece um ganho em escala e aumenta a produtividade. “Um cabelereiro, por exemplo, tem sua produção diária limitada. Esse é um exemplo de produto “no tradable”, expressão em inglês para produtos “não negociáveis”, isto é, que não podem ser exportados”, frisa o economista. Valter Orsi ressalta que todas essas medidas dependem da participação do governo. Além de readequar a infraestrutura, é preciso equilibrar as contas para motivar novos investimentos por parte dos empresários. “Os empresários precisam de segurança para investir, aumentar os postos de trabalho. Além disso, de nada adianta o empreendedor investir se não houver a contrapartida do governo. É preciso criar um ambiente favorável para aumentar a competitividade, trabalhar fortemente para diminuir o custo Brasil e a inflação. Por que não competimos com a China? Apenas mandamos matéria-prima para lá”, observa.

Valter Orsi: “Investimento em logística, modernização das fábricas e criação

de um ambiente de negócios favorável são alternativas para melhorar a

produtividade”

Marcos Rambauducci, economista da ACIL, alerta que quando a

produtividade cai, o valor dos produtos aumenta

dezembro de 2014 | www.acil.com.br10

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O CAPITAL NAS MÃOS DE QUEM TEM CONHECIMENTO AGREGA VALOR AOS PRODUTOS

LONDRINA 2014

A marca maisamada por quem

facebook.com/casasajita

A capacitação é a alma do negócioSer uma empresa produtiva significa fazer mais com o mesmo, na definição de Marcos Rambalducci. Em Londrina, a Confeitaria Hachimitsu é a prova de que, independente do porte, todas as empresas são capazes de aumentar a produtividade. A “cereja do bolo” é a capacitação. “Podemos falar o que for, mas acabamos retornando para o simples: treinamento e capacitação. A tecnologia é importante, mas o primordial é a capacitação”, diz Nilo Kato, proprietário da Hachimitsu. Desde a inauguração do empreendimento, há nove anos, a Hachimitsu investe em treinamento. Hoje, com quatro lojas, a rede possui 25 funcionários que produzem quase o dobro em relação ao padrão

Nilo Kato – Na Hachimitsu, a capacitação e o hábito de inovar são os responsáveis pela alta produtividade dos colaboradores

brasileiro. “O normal seria termos 40 funcionários. Entendemos que aprendizado sem a prática é informação e o aprendizado somado a pratica é know how. Nossos colaboradores têm know how, aprendem a acertar errando. Saímos da nossa zona de conforto, fazemos mudanças constantes, somos insistentes, incansáveis e não vamos pelo caminho mais fácil. Tudo isso se traduz em resultados. Somos movidos por hábitos e, na Hachimitsu, somos habituados a inovar”, acrescenta Nilo Kato. A expertise de Nilo Kato vem do Japão. Lá ele trabalhou por 15 anos numa montadora automobilística. O conhecimento do modus operandi japonês foi fundamental para construir uma trajetória de sucesso. “Adaptamos a metodologia da linha de montagem à realidade da nossa empresa”, conta.

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dezembro de 2014 | www.acil.com.br12

TRIBUTAÇÃO

AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SIMPLESLei sancionada pelo governo federal incluiu 142 atividades profissionais no Simples Nacional mas especialistas afirmam que é preciso analisar caso a caso antes de optar pelo regime unificado de tributação

A Lei Complementar 147/2014, possibilita o ingresso no sistema

simplificado de tributação de 450 MIL

MICROEMPRESAS OU EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

em todo o país, de 142 ATIVIDADES

Por Cristiane Oya

A partir do dia primeiro de janeiro de 2015, microempresas (MEs) com receita bruta de até R$ 360 mil, e Empresas de Pequeno Porte (EPPs), com receita bruta de até R$ 3,6 milhões, de todo o país, poderão optar pelo Simples Nacional.A possibilidade de aderir ao Simples está prevista na lei complementar 147/2014, sancionada no mês de agosto, que incluiu 142 atividades intelectuais, técnicas e científicas nesse regime de tributação.O Simples Nacional se caracteriza pelo recolhimento unificado

de todos os tributos devidos pelas empresas - Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), PIS/Pasep, Contribuição Previdenciária, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto Sobre Serviços (ISS), além da simplificação das obrigações acessórias.Conforme dados da sessão de fiscalização da

Delegacia da Receita Federal em Londrina, nos 63 municípios da área de jurisdição, há 172.321 empresas ativas e inativas,

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Associação Comercial e Industrial de Londrina 13

NEM SEMPRE O SUPER SIMPLES É MAIS VANTAJOSO

sendo que 91.560 já estão no Simples Nacional. A estimativa é a de que com a nova lei, outras 46.290 empresas possam migrar para o regime. A janela para opção pelo Simples Nacional vai de 1º a 31 de janeiro de 2015.“Com a lei, o Simples foi aberto para praticamente todos os setores, inclusive serviços, como por exemplo, corretagem de seguros, medicina, que não podiam anteriormente. O percentual de tributação sobre a receita bruta segue tabelas específicas. São vários anexos e vai alterando o percentual de acordo com o tipo de prestação de serviço”, explicou o delegado da Receita Federal em Londrina, Luiz Fernando da Silva Costa.O delegado ainda destacou vantagens de se aderir ao regime. “A principal vantagem é a facilidade para o contribuinte que paga sobre o percentual da receita bruta. Na hora de participar de licitações na área pública, por exemplo, as microempresas e as EPPs tem preferência. Quanto mais fácil, mais motivação a pessoa terá para pagar os impostos.”No entanto, o delegado alerta que há outras formas de tributação e que a opção pelo Simples deve ser precedida de uma análise da situação financeira da empresa. “Para empresas que dão prejuízo é mais vantagem fazer [o cálculo da tributação] pelo lucro real, por exemplo. Ás vezes, neste caso, o empresário não paga nada de imposto ou paga muito pouco.”O diretor do Sindicato das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações, Pesquisas e de Serviços Contábeis de Londrina e Região (Sescap), Wiliam Aparecido Gimenez, destacou que os três tipos de tributação mais usados por microempresas e por empresas de pequeno porte são o Simples Nacional, pelo lucro real e pelo lucro presumido.“Cada empresa se enquadra em um anexo [da Lei Complementar 147/2014]. Tem anexos que começam com um percentual de imposto maior do que no lucro presumido ou no real. É aí que estamos vendo um problema. Apesar da empresa ter condições de estar enquadrada no Simples, pode ser que não seja interessante em função do anexo que ela vai entrar”, explicou.

Gimenez deu como exemplo os jornalistas, que poderão aderir ao Simples a partir de janeiro. No lucro presumido, a tributação para a categoria é de 10%. No Simples, a atividade entra no anexo 6, em que a tributação é de 16,93%.De acordo com o

diretor do Sescap, para muitas outras categorias, não compensa a migração para o regime unificado de tributação. “Acredito que para em torno de 30% das atividades não vale a pena mudar para o Simples, como o representante comercial, por exemplo, que também entra no anexo 6. A decisão depende de um estudo entre o empresário e o seu contador.”Gimenez ainda destacou outro aspecto do Simples, que gera economia substancial nos encargos previdenciários. “Uma empresa que não está no Simples, paga 20% do salário do empregado de INSS e no Simples não paga o INSS”, explicou.

Alíquotas progressivasO presidente do Sescap, Jaime Júnior Silva Cardoso, da Vitória Consultores Associados, ainda alerta para a progressividade da alíquota de tributação prevista na nova tabela criada pela lei. “Além das cinco tabelas progressivas já existentes, o governo criou ainda uma sexta tabela progressiva, que por sinal é mais desvantajosa de

todas. Por se tratar de uma tabela progressiva, ou seja, quanto mais a empresa fatura, mais alta será a alíquota a ser aplicada, o empresário precisa avaliar em que ponto da tabela sua empresa estará posicionada.”Segundo Cardozo, apesar do Simples Nacional nem sempre representar economia nos tributos, outras vantagens do regime também devem ser levadas em consideração. “As empresas optantes pelo Simples podem ter alguns benefícios, como por exemplo, o tratamento diferenciado junto a fiscalização federal, estadual e municipal, a redução de obrigações acessórias mensais e anuais, acesso facilitado a participação em licitações inclusive no município de Londrina, podendo aderir ao Programa Compras Londrina, que permite ao

micro e ao pequeno empresário participar de forma segura nas licitações com o município de Londrina”, disse.O presidente do Sescap ainda sugere a mobilização dos empresários - cujas atividades foram incluídas no Simples - para que lutem por alíquotas mais favoráveis. “Essas empresas devem exigir atuação de suas entidades de classes representativas, junto à Câmara Federal, Senado e do próprio Governo Federal, solicitando mais apoio para um melhor enquadramento de suas atividades”, concluiu.

O delegado da Receita Federal em Londrina, Luiz Fernando da Silva Costa,

destaca as vantagens do Simples Nacional, mas lembra que a adesão é opcional

Nos 63 MUNICÍPIOS abrangidos pela

Delegacia da Receita Federal em Londrina,

há 172.321 CNPJs ativos e inativos, 91.560 já

inscritos no SIMPLES NACIONAL. Com a

nova lei, outras 46.290 EMPRESAS poderão

aderir ao regime.

O presidente do Sescap, Jaime Cardozo, alerta

para a progressividade da alíquota de tributação na

nova tabela do Simples

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Confira as atividades abrangidas pelo Simples Nacional, conforme a Lei Complementar 147/2014:

1 - medicina, inclusive laboratorial e enfermagem;

2 - medicina veterinária;

3 - odontologia;

4 - psicologia, psicanálise, terapia ocupacional, acupuntura, podologia, fonoaudiologia e de clínicas de nutrição, de vacinação e bancos de leite;

5 - fisioterapia;

6 - advocacia;

7 - serviços de comissaria, de despachantes, de tradução e de interpretação;

8 - arquitetura, engenharia, medição, cartografia, topografia, geologia, geodésia, testes, suporte e análises técnicas e tecnológicas, pesquisa, design, desenho e agronomia;

9 - corretagem;

10 - representação comercial e demais atividades de intermediação de negócios e serviços de terceiros;

11- perícia, leilão e avaliação;

12 - auditoria, economia, consultoria, gestão, organização, controle e administração;

13 - jornalismo e publicidade;

14 - agenciamento, exceto de mão-de-obra;

15 - outras atividades do setor de serviços que tenham por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural;

16 - produção ou venda no atacado de refrigerantes, inclusive águas saborizadas gaseificadas;

17 - produção ou venda no atacado de preparações compostas, não alcoólicas (extratos concentrados ou sabores concentrados), para elaboração de bebida refrigerante.

Fonte: Receita Federal

Com a economia gerada pelo Simples, empresário deve contratar funcionárioAssim que soube da Lei Complementar 147/2014, o corretor de seguros e empresário César Nascimento, 41 anos, buscou as orientações do seu contador sobre as possibilidades e as vantagens de migrar para o Simples Nacional.A corretagem de imóveis é uma das 142 atividades que poderão optar pelo regime unificado de tributação a partir de janeiro de 2015.Segundo Nascimento, um dos proprietários da DLC Corretora de Seguros, há 13 anos no mercado, a decisão de mudar para o Simples se deu após a análise do faturamento da empresa e das tabelas de tributação da lei. “No meu caso compensa aderir ao regime. Acredito que, no geral, provavelmente a adesão ao Simples me dê uma economia de uns 10%”, calculou. A corretagem de imóveis foi enquadrada no anexo III da Lei Complementar. “A nossa classe está há 12 anos na luta para poder entrar nessa tributação. A redução da carga tributária e a simplificação ajudam muito a nossa classe”, avaliou.De acordo com o empresário, a economia com os impostos deverá ser revertida em mais um posto de trabalho na empresa. “Como essa mudança tributária nos favorece vamos poder investir um pouco mais na corretora e vamos contratar mais um funcionário já no ano que vem.”Além da economia, o corretor ainda destacou a desburocratização do regime. “Hoje eu pago seis guias de impostos e agora resumirá tudo a uma única via”, comemorou.Já para o representante comercial Arlindo Miyazaki, 54 anos, da A.T.Miyazaki e Cia Ltda., o Simples não seria a melhor opção.Contribuinte na modalidade lucro presumido, o empresário paga atualmente uma alíquota de 13,33%. “Se eu for para o

Simples, a alíquota subiria para 17,72%. Não compensa, sobe mais de 4%. Para o prestador de serviço não beneficiou o enquadramento (no Simples)”, calculou. A atividade se enquadra no anexo VI da tabela do Simples.“Tanta conversa do governo e ele está aumentando a carga tributára para o representante comercial. Não entendo o pensamento do governo. É um absurdo”, desabafou Miyazaki, cuja empresa está há 20 anos no mercado.

Cesar Nascimento, corretor de imóveis: “A redução da carga

tributária e a simplificação ajudam muito a nossa classe”

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HISTÓRIA ECONÔMICA DO MUNICÍPIO

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Associação Comercial e Industrial de Londrina 17

Por José Antonio Pedriali Seu destino foi traçado antes do nascimento por seus idealizadores, um grupo de investidores ingleses: ser um polo agropecuário e de prestação de serviços, com indústrias de produtos semielaborados, despontando-se nesse setor, no primeiro estágio de sua história, a madeira. Oito décadas, desastres climáticos e transformações radicais depois de sua emancipação, Londrina superou os planos de seus colonizadores em tudo – população, volume de negócios, importância regional –, mas se mantém fiel ao destino, embora a ordem dos fatores tenha se alterado.A agropecuária, que deu impulso à expansão vertiginosa do município e do Norte do Paraná, tendo o café como carro-chefe, ocupa a terceira colocação na produção de riquezas. Em 2011, última data de referência, produziu R$ 133, 9 milhões, o equivalente a 1,52% do Produto Interno Bruto do município. A indústria ocupa a segunda colocação, tendo gerado R$ 1,6 bilhão, ou 18,3% do total. Disparado na dianteira está o setor de serviços, que produziu R$ 7,1 bilhões – 80,1% de nossas riquezas.Os números falam por si, mas comparados aos de 1999 mostram a estabilidade do setor agropecuário, que correspondeu naquele ano a 1,63% do PIB, oscilando ligeiramente para mais ou para menos nos subsequentes; mostram também o encolhimento da indústria – 23,1% e em ritmo descendente – e a expansão dos serviços - 75,3% e em ritmo ascendente.A primeira década de existência formal, que remonta a 1930, Londrina lançou as bases de seu núcleo urbano, do comércio – em 1937 foi fundada a Associação Comercial - e da produção agropecuária, com a venda de lotes a agricultores paulistas, mineiros e estrangeiros – mais de trinta etnias fincaram raízes aqui. Na década seguinte, ao mesmo tempo em que se ampliava a área cultivada, desenvolvia-

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se o comércio, com a instalação de empresas paulistas – cerealistas, comércio em geral e financeiras. E a indústria de semielaborados – madeira e beneficiamento de café e cereais – se consolidava. Estavam, assim, criadas as condições para o salto populacional que o município teria na década de 1950, chegando a 75 mil habitantes (metade na área rural), 55 mil a mais que na década anterior. A cidade, então, se projetava nacionalmente como a Capital Mundial do Café. O aeroporto local era o terceiro em pousos e decolagens do país. Surgiram o moinho de trigo, a Maltaria e Cervejaria Londrina (extinta) e a Companhia Cacique de Café Solúvel. O processo continuou na década seguinte, com a expansão de seu núcleo urbano e abertura de faculdades, culminando com o grande salto tecnológico que foi a criação da Sercomtel – era a alforria das comunicações telefônicas – pelo prefeito José Hosken de Novaes. Em 1970, quando sua população era de 230 mil, surgiu a Universidade Estadual de Londrina, instalou-se, por iniciativa do prefeito Dalton Paranaguá, o primeiro parque industrial e o setor de prestação de serviços teve forte expansão. Como contraponto, a geada de 1975 exterminou o café. E a cidade recebeu milhares de refugiados do campo.Era preciso encontrar alternativa a este produto, alternativa, aliás, desejada com ansiedade desde a década anterior para livrar Londrina e região da dependência da monocultura cafeeira. Começaram, então, os primeiros cultivos em larga escala de milho, soja e trigo, que se consolidaram na década de 1980, período em que o núcleo urbano expandiu-se na periferia para abrigar os deserdados das lavouras de café. Os anos 90 foram marcados pela consolidação do setor de serviços. Londrina se consolidou como a terceira mais importante cidade do sul do país.E o setor de serviços agregou a tecnologia da informação. Londrina e Região Metropolitana concentram hoje 1,2 mil empresas desta área, que geram 14 mil empregos. A

consolidação dessa atividade levou a Codel, ACIL, Sebrae, Senai, APL-TI, Cintec e Sinfor a proporem a Lei Municipal de Inovação, sancionada em outubro pelo prefeito Alexandre Kireeff. A lei estimula a cooperação entre poder o público, empresas e instituições de ensino no setor de tecnologia da informação e faz de Londrina, como definiram as entidades, uma Cidade Genial. “Na área de tecnologia da informação”, disse na solenidade de assinatura da lei o presidente da ACIL, Valter Orsi, “muitos querem ser e não são; Londrina já é um grande centro tecnológico, mas precisa mostrar que é.”

Do apogeu à agonia do café“Abundante e altamente compensadora vai sendo a safra atual no município. O arroz teve uma produção surpreendente e capaz de satisfazer os mais exigentes quanto ao tipo comercial de alta qualidade. O algodão já está sendo colhido fartamente e em condições econômicas de lucros invejáveis (...). O feijão, a batata e o milho, além de outros produtos, foi colhido na proporção dos desejos dos agricultores.Temos agora o café. Este começou a ser produzido no ano passado. Apesar da pouca idade das lavouras, custa crer ou fazer acreditar, sem ver, a carga enorme e maravilhosa que nelas se ostenta, como um atestado (...) palpável do que seja a terra roxa do norte paranaense.”

A menção à primeira safra de café em Londrina, feita pelo jornal “Paraná Norte” na edição de 11 de abril de 1936, é o

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registro público de nascimento deste cultivo na região de mais de 500 mil alqueires colonizada pela Companhia de Terras do Norte do Paraná e, pela segunda vez, marcava uma reviravolta nos planos de seus proprietários – ao mesmo tempo em que delineava o futuro da região.A vasta propriedade adquirida no início da década anterior, e ampliada com a incorporação de mais e mais lotes, destinava-se ao plantio de algodão para abastecer a dinâmica e monopolista indústria têxtil britânica, mas os investimentos exigidos eram altos demais e a rentabilidade do negócio pequena – então o projeto, idealizado e tocado pela Brasil Plantation, com sede em Londres, foi adaptado. As terras seriam vendidas em pequenos lotes, e em longo prazo, incentivando-se o cultivo do algodão, e para isso foi criada a Paraná Plantation, também com sede naquela cidade, e sua subsidiária brasileira, a Cia. de Terras, com matriz em São Paulo e filial no acanhado, mas promissor, distrito de Três Bocas, de Jataizinho, o embrião de Londrina.A extração de madeira e o plantio de cereais permitiram que os primeiros colonos se mantivessem, quitassem e investissem em suas propriedades, destinadas a abastecer o ávido mercado inglês. E eis que a comunidade japonesa, a primeira a se estabelecer no local, abismada com a produtividade do solo de coloração vermelha, resolveu plantar café com mudas da vizinha Sertanópolis e a história seguiu seu curso. Havia

3,6 milhões de cafeeiros de até quatro anos e cinquenta mil com mais de quatro anos, informou, em 1936, o serviço de estatísticas da Prefeitura. A produção agrícola daquele ano foi de 2.610 sacas (60 quilos) de café, 80.715 arrobas de algodão, 4.081 sacas de milho, 8.023 de feijão, 3.188 de arroz e oitenta arrobas de fumo. Em 1941, as estatísticas apontavam a consolidação da agricultura e o potencial do café: 110 mil sacas desse produto, três milhões de arrobas de algodão, 1,2 milhão de sacas de milho, 360 mil sacas de feijão e oitenta mil de arroz. O extrativismo ainda era uma atividade rentável: foram exportados 82.703 metros cúbicos de madeira e 1.555 dúzias de palmito.Oito décadas depois, as propriedades de pequeno porte ainda prevalecem no município de Londrina. Levantamento feito em 2006 contabilizou 4.151 propriedades rurais, totalizando 159.143 hectares. Somente 15% dessas propriedades têm acima de mil hectares. A maior concentração – 40% - está na faixa de 200 a 500 hectares. O café perdeu definitivamente seu trono: é cultivado em apenas 3,4 mil hectares. O milho é o seu sucessor, com 53 mil hectares plantados; a soja ocupa a posição de rainha, com 45 mil; e o trigo ocupa o terceiro lugar, com 9,5 mil hectares. O café permanece, no entanto, como símbolo de uma cidade que orgulhosamente soube se reinventar.

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ARTIGO

Por Wellington Moreira

Uma pesquisa realizada pelas consultorias Affero Lab, Clave e Etalent revelou que apenas 15% dos gestores brasileiros recebem algum tipo de treinamento formal antes de assumirem cargos de gestão. Ou seja, a imensa maioria dos líderes recém-promovidos aprende a cumprir seu papel no dia a dia e enquanto enfrenta os problemas típicos de quem passa a conduzir uma área, projeto ou equipe pela primeira vez.

Isso me faz lembrar o diálogo que tive há dois anos com o diretor de uma empresa que me convidou para conduzir seu programa de formação de lideranças. Segundo ele, o método adotado até então se resumia àquilo que chamavam ironicamente de batismo. “Eu o batizo em nome do Pai... Agora pode ir trabalhar, pois o cargo é seu”.

Heresias à parte, é possível alcançar sucesso nesse importante processo de transição da carreira com alguns cuidados bastante simples:

1) Pactue as prioridades Antes de assumir o seu cargo de liderança tenha uma conversa franca com o superior imediato para combinar com ele os resultados específicos que você terá de entregar nos próximos meses e mantenha o foco.

2) Compreenda o contexto no qual você irá liderarPrimeiramente, entenda bem o momento pelo qual a empresa está passando e a

sua cultura organizacional; só depois promova as mudanças necessárias. Muitos neolíderes acumulam fracassos iniciais por serem afobados demais.

3) Conheça as pessoas que trabalham contigoNos primeiros dias à frente do time converse privadamente com cada colaborador para entender o que fazem no dia a dia, ter uma ideia do seu potencial e medir o nível de motivação que apresentam.

4) Não se comprometa demaisSe está substituindo alguém que não deixou saudades, é bem provável que as pessoas depositem muita expectativa em você. Contudo, evite fazer promessas desmedidas ou terá de lidar com uma equipe frustrada logo adiante.

5) Assuma a postura de líderNão se comporte como o “amigão do time” tampouco como aquele cujo cargo “subiu à cabeça”. Você precisará cobrar os resultados e servir seus liderados sem descuidar das palavras e do tom de voz.

6) Vença a resistência inicialÉ quase certo que algumas pessoas fiquem incomodadas com a sua chegada por acreditarem que poderiam ocupar a mesma posição que você ou por temer as mudanças que você pretende implementar. Procure demonstrar desde o início que seu objetivo é ajudá-las.

7) DelegueQuanto mais acumular trabalho em suas mãos, menos eficaz você será. Por isso,

procure distribuir as atividades de menor importância junto aos liderados a fim de ter tempo para se dedicar àquilo que realmente faz diferença.

8) Lute pelo sucesso do timeVocê não precisa mais sair por aí resolvendo todos os problemas que aparecem, igual a um super-herói. A partir de agora o seu trabalho é capacitar e inspirar os liderados para que eles mesmos deem conta daquilo que precisa ser feito.

9) Busque um mentorEscolha uma pessoa experiente – na empresa ou fora dela – com a qual você possa se abrir de verdade, discutir as agruras do novo cargo e também levar uns puxões de orelha de vez em quando.

10) Não esqueça a vida pessoalA sobrecarga de trabalho no início é normal, pois você precisará “organizar a casa”, mas não faça disso uma rotina. O líder deve ser o primeiro a mostrar à sua equipe que sucesso profissional e uma vida equilibrada são compatíveis.

A competência técnica até pode levar as pessoas ao primeiro cargo de liderança, porém o sucesso na nova posição depende, principalmente, da capacidade de lidar com gente. Portanto, de ser um especialista em gestão de pessoas.

Wellington Moreira é palestrante e consultor empresarial

[email protected]

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Associação Comercial e Industrial de Londrina 21

CANTO LÍRICO

Por Vinícius Bersi

Na comemoração dos 80 anos da cidade, a voz brasileira mais famosa do canto lírico no mundo atualmente será ouvida em Londrina. O tenor paulistano Thiago Arancam, que já se apresentou em 40 países, fará um concerto acompanhado, ao piano, pelo maestro italiano Alessandro Sangiorgi. Ele também divide o palco com a cantora mezzo-soprano paranaense Ariadne Oliveira. Arancam foi o primeiro brasileiro a ingressar na prestigiada Academia de Canto Lírico do Teatro Scala de Milão, na Itália. Depois de encerrar sua formação em 2007, estabeleceu residência em Mônaco e aos 32 anos já coleciona vários prêmios, entre eles, o Operalia 2008, promovido pelo tenor espanhol Plácido Domingo. Em entrevista, por e-mail, Thiago fala do concerto e da relação com Londrina, onde vive seu pai.

Mercado em Foco: Qual é a sua relação com Londrina e como você se sente de poder cantar aqui?

Thiago Arancam: Eu nasci em São Paulo capital, mas posso considerar Londrina a minha segunda casa, pois foi onde passei a maior parte da minha infância e adolescência. Meu pai mora aí e grande parte da minha família é londrinense. Poder cantar em Londrina é um enorme prazer ainda mais na ocasião do aniversário de 80 anos do município, na realidade é um duplo presente: meu concerto para a cidade e um presente para mim essa ocasião! Mercado em Foco: O que nós vamos ver e ouvir nessa sua apresentação na cidade?

Thiago Arancam: Em Londrina, vou apresentar um programa dividido em duas partes, sendo a primeira baseada na minha carreira operística, apresentando árias de óperas, destacando-se “E Lucevan le Stelle” da ópera Tosca de Puccini e também uma sessão com “Highlights” da ópera Carmen de Bizet. A segunda parte trará canções populares do repertório italiano e espanhol, como “O Sole Mio”,

Foto: Gabriel Wickbold

A VOZBRASILEIRA QUE CONQUISTOUA EUROPATENOR THIAGO ARANCAM SE APRESENTA EM LONDRINA NO MÊS EM QUE A CIDADE COMEMORA 80 ANOS

“Core’Ngrato”, “Granada” entre outras. Também teremos uma surpresa muito especial...

Mercado em Foco: As pessoas associam ópera à pompa, à erudição e ao elitismo mas na Itália, por exemplo, vemos famílias lotarem a Arena de Verona sem nenhuma formalidade para assistir aos espetáculos. Qual seria o caminho para popularizar o canto lírico no Brasil e por que isso seria importante?

Thiago Arancam: O nome ópera em italiano quer dizer obra e esse tipo de arte nos séculos passados foi desenvolvida para integrar o povo, nada mais era do que um grande “circo”, onde a plateia ia informalmente para se divertir e ter uma forma de entretenimento. Para se ter uma ideia, as pessoas comiam durante as apresentações.. Com o passar dos anos a ópera foi ganhando formalidade, as produções foram encarecendo, estrelas da música aparecendo e o espetáculo ficou caro, o acesso ao espetáculo custava e ainda hoje em determinadas ocasiões custa caro. Hoje iniciativas são feitas para a repopularização da ópera e as casas do gênero estão enchendo novamente em alguns países, como exemplo no Brasil.

Mercado em Foco: Como brasileiro teve alguma dificuldade para conquistar o público europeu. Que momentos você considera decisivos para a sua história de sucesso?

Thiago Arancam: Todo início de carreira não é fácil. Venho de família italiana, porém nasci no Brasil e ainda hoje não somos conhecidos como País da ópera, mas isso não foi uma barreira para mim, pois sempre fui consistente nos meus estudos e determinado a conquistar o público e levar a minha arte através do canto onde quer que fosse. Costumo ter um lema comigo: Cante sempre com o coração e você jamais irá perder!

Serviço:Thiago Arancam in Concert

Local: Colégio MaristaData: 19 de dezembro

Horário: 20:30Produção: Grupo Memória Viva e Hylea Ferraz

Ingressos antecipados: Junt.Us Espaço Colaborativo, Pátio San Miguel e no site:

www.diskingressos.com.br

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BALANÇO

DE OLHO NO FUTUROAlexandre Kireeff faz um balanço dos dois anos de governo na Prefeitura de Londrina com o olhar voltado às alterações no perfil econômico da cidade

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Associação Comercial e Industrial de Londrina 23

Por Cristiane Oya

O prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD), conclui este mês a metade do seu mandato à frente do Executivo municipal.Nesta entrevista, o prefeito destacou os principais obstáculos enfrentados e os desafios dos próximos 24 meses, em meio à dúvida sobre a votação do projeto de lei que prevê a revisão da Planta Genérica de Valores (PGV), o que permitiria uma receita adicional para 2015.Ao longo de toda entrevista, o prefeito elencou obras e inciativas internas que visam a mudar o perfil econômico da cidade e não escondeu a satisfação com os resultados obtidos até agora. Questionado sobre uma eventual candidatura à reeleição, negou – mas deixando uma janela em aberto.

Mercado em Foco: Qual a sua avaliação destes dois anos de administração?

Alexandre Kireeff: Temos algumas metas e estamos cumprindo todas elas. Evidente que no primeiro ano tivemos que tratar das urgências e das emergências. O segundo ano foi voltado à estruturação da Prefeitura para viabilizar a implementação de melhorias. O terceiro e quarto ano estão voltados à entrega dessas melhorias. É claro que se trata de um processo que muitas vezes envolve o Legislativo, e estamos com essa agenda no Legislativo finalizada e encaminhada.

Mercado em Foco: Quais foram os principais obstáculos?

Alexandre Kireeff: O primeiro foi o reequilíbrio das contas públicas. Iniciamos o ano de 2013 com a expectativa de déficit de R$ 70 milhões e conseguimos reverter essa situação. Também a situação da Sercomtel, que teve um prejuízo de R$ 65 milhões em 2012, e este ano fecha com lucro. Havia falta de servidores na Educação e na Saúde; contratamos mais 650

professores e 450 na área médica, além das substituições. Também retomamos as obras que estavam paradas e iniciamos novos empreendimentos.

Mercado em Foco: Toda essa reestruturação esbarra no orçamento. Hoje o percentual de investimento é muito baixo e o incremento no quadro de servidores também vai demandar mais recursos. Como fechar essa equação?

Alexandre Kireeff: A reforma administrativa tem um impacto pequeno no curto prazo, mas é importante – e a primeira etapa está na Câmara. Eliminamos os contratos emergenciais. Mas vamos lidar com o orçamento que temos. Nós nos alinhamos às políticas públicas federais e estaduais para garantir investimentos através desses programas, em especial os federais. Além disso, temos também uma condição de gestão da dívida pública bem sólida. Podemos avançar com muita prudência e a garantir investimentos na cidade.

Mercado em Foco: O Executivo sinaliza algumas alterações no projeto que propõe a revisão da Planta Genérica de Valores retirando pelo menos parte do incremento da receita previsto pela Prefeitura. Como fica essa situação?

Alexandre Kireeff: A minha motivação no envio da Planta de Valores é realmente promover a justiça fiscal. Não dá para ter uma cidade onde uma parte da população financia a outra parte de forma desproporcional. Cada um tem que cumprir a sua parte de contribuição. É claro que arrecadação acessória, evidente que abriria um leque de possibilidades fantástico para a cidade, mas eu preciso desse entendimento da sociedade civil e do Legislativo. Se tivermos uma receita acessória modesta, a contrapartida adicional em favor da sociedade é modesta. Mas a gente sabe trabalhar tanto com mais quanto com menos recurso, sem problema.

Iniciamos o ano de 2013 com a expectativa de déficit de R$ 70 milhões e conseguimos reverter essa situação

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Alexandre Kireeff: A gente chega. Tem o azul financeiro e o azul contábil. O importante é chegar no azul financeiro, com dinheiro para pagar as contas. A isso a gente chega com muito esforço, austeridade, tolerância zero com o desperdício, combate radical contra a corrupção e, evidentemente, uma negociação permanente com a sociedade que demanda por mais serviços. Londrina está no limite. Londrina não tem capacidade de ampliar serviços em ritmos elevados com esse perfil arrecadatório/orçamentário.

Mercado em Foco: Há projetos que podem destravar a industrialização, a tramitação dos processos aqui dentro?

Alexandre Kireeff: O Londrina Pra Frente é um programa bem amplo que pretende racionalizar as ações, promover o desenvolvimento econômico e reverter isso na forma de serviços públicos de qualidade. Esse programa tem uma série de interferências no marco regulatório e que estão todos em andamento. A aprovação do Plano Diretor; o decreto regulamentador do EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) que está em vigor; o projeto de lei do fluxograma do EIV que está em tramitação na Casa; o projeto de lei da outorga onerosa; o decreto que institucionaliza a Política Municipal de Industrialização que está em vigor e que sustentou dois projetos de lei, o que garante o parcelamento de solo industrial às margens de rodovias; o que normatiza a questão do licenciamento de indústrias 1, 2 e 3 no Município; e, por fim, a decretação de utilidade pública de um parque industrial na Zona Noroeste e outro na Zona Sul. Há também a autorização de serviços de iluminação em favor da Sercomtel que já está aprovado, depois a Arselon (Agência de Regulação de Serviços de Londrina) que a gente espera que seja aprovada; a primeira etapa da reforma administrativa com a diminuição das unidades gestoras de 30 para 20, também já na primeira etapa com a redução de 50% das unidades. A

tendência que esse conjunto de ações gere resultados importantes no médio e longo prazo.

Mercado em Foco: Como o senhor disse tudo passa pela Câmara. Como o senhor avaliou a relação com o Legislativo até hoje e como deverá ser nos próximos dois anos?

Alexandre Kireeff: A relação até o momento foi boa. A oposição pela oposição não existiu em linhas gerais, a não ser agora, quando os setores vinculados ao belinatismo e ao PT se colocaram com um viés mais político do que realmente em favor da cidade.

Mercado em Foco: Mais por conta da eleição, dos apoios?

Alexandre Kireeff: Eu acho que é mais pensando nas reeleições deles próprios. Mas em geral, não. A Câmara de Vereadores tratou das matérias em função do mérito. Mas pode ser uma impressão equivocada minha também. A relação com o Legislativo foi impecável.

Mercado em Foco: Há projetos de revitalização do centro da cidade, iluminação, calçadas?

Alexandre Kireeff: Sim, eu acabei de assinar um contrato de revitalização das calçadas da área central. Temos a parceria com os comerciantes da Sergipe, terminamos a quarta etapa da reforma do Calçadão. Vamos fazer agora a última etapa mantendo as características originais. E agora a Sercomtel assumindo a iluminação pública vamos desenvolver projetos específicos para que possamos avançar.

Mercado em Foco: O senhor falou sobre a criação de mais dois parques industriais. Quais as diretrizes do processo de industrialização?

Alexandre Kireeff: O primeiro deles é ali na Zona Noroeste. Uma área de 1,2 milhão de metros quadrados já decretada

Mercado em Foco: A atual presidente e o governador do Estado foram reeleitos. Qual a sua expectativa, muda alguma coisa em relação a Londrina?

Alexandre Kireeff: O debate político criou agendas distintas obrigatórias para ambos. Aqui na interface com o município de Londrina o compromisso do governo do Estado com a industrialização foi firmado, com investimentos, com a colaboração na mudança da matriz econômica. O que muda é a agenda do governo federal no sentido de discutir um rumo da economia distinto, porque neste segundo ano de mandato percebemos claramente um desaquecimento da economia, um impacto muito severo, o orçamento do município sentiu. Percebemos isso e em abril tomamos algumas medidas. Implementamos a contenção de despesas para chegar no final do ano com as contas minimamente equilibradas.

Mercado em Foco: Em setembro houve mais um corte de custos. Hoje dá para garantir que Londrina chega ao final do ano com as contas no azul?

Alexandre Kireeff na obra de duplicação da Avenida Angelina Ricci Vezozzo: “Diretrizes

para Londrina avançar estão sendo implementadas”

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de utilidade pública e que devemos desapropriar em 2015. A área pertence à Cohab então os recursos voltam-se em favor da companhia. O projeto é autossustentável, autofinanciável, gera receita porque os terrenos não serão doados, serão vendidos, o que permite depois com a receita acessória, promover a instalação do segundo polo industrial na Zona Sul, onde já existe a área decretada de utilidade pública. Uma área que tem o dobro dessas dimensões e onde pretendemos implementar indústrias com perfil próprio.

Mercado em Foco: A doação de terrenos foi a forma utilizada nas últimas administrações para atração de investimentos. Há uma mudança nessa política de atração?

Alexandre Kireeff: Sim. Isso acabou. Nós temos um estoque voltado para esse fim, mas daqui por diante a política é outra. É de comercialização, evidentemente com custos subsidiados e, em casos em que se faça necessário, por evidentes vantagens em favor do município, pode-se sim promover a doação. Mas a linha agora é a aquisição. É para garantir o compromisso da realização do empreendimento. Os terrenos têm um histórico de doação e depois a não concretização do empreendimento.

Mercado em Foco: A demanda existe por Londrina?

Alexandre Kireeff: Nós temos talvez 150 indústrias querendo se instalar em Londrina. Eles querem área, querem regras claras, padrão de normatização – e é isso que estamos promovendo. Londrina tem que ser amigável ao empreendedorismo e essa amistosidade se cria através de marcos regulatórios e não apenas através de ações de marketing, ou de convencimento que não estejam fundamentados em aspectos objetivos. Agora a mudança é de médio e longo prazo, mas se não percorrermos esse caminho não vai acontecer jamais.

Mercado em Foco: Mais dois anos de governo, quais os principais desafios e objetivos?

Alexandre Kireeff: Nós temos que manter as contas públicas equilibradas. Isso é fundamental e não é fácil. O cenário econômico nacional não é favorável. Não vamos viver um momento de expansão econômica exuberante. Então é manter as contas equilibradas, dar continuidade às obras que iniciamos e entregá-las dentro do prazo, garantir que esse processo de qualificação da nossa matriz econômica continue acontecendo, promover as reformas administrativas para tornar a nossa máquina mais eficiente e enxuta e entregar a cidade em uma condição melhor do que eu peguei. 

Mercado em Foco: Existe alguma obra que o senhor avalia que ainda seja possível fazer nesses dois anos, seja com incremento de receita...

Alexandre Kireeff: Não, a nossa agenda está pronta. A nossa agenda é o Arco Leste, que pretendemos finalizar, a Angelina Ricci Vezozzo, a Castelo Branco, as pontes da Mábio Gonçalves Palhano, da Antonio Carvalho Lage. Vindo do governo do Estado, a duplicação da PR-445, e a mais importante obra que ninguém está enxergando que é duplicação da captação da água do Tibagi, que é a principal obra de infraestrutura de Londrina nos últimos 20 anos, que vai nos dar de 15 a 20 anos de paz e competitividade industrial, porque sem água você não faz indústria.

Mercado em Foco: A administração também avalia a manutenção ou não do contrato de água e esgoto com a Sanepar...

Alexandre Kireeff: Estamos contratando a empresa para fazer a avaliação patrimonial e acredito que a gente consiga superar esse negócio que se arrasta desde 2003. Eu herdei muita coisa antiga. O Plano Diretor, a questão da Sanepar, finalizamos a Praça da Juventude da

Zona Sul, da Zona Norte, duplicação da Lucílio de Held, finalização do viaduto do Nova Olinda, a creche do Maria Celina que está em licitação, o Calçadão, a Casa da Cultura que já está em obras, a reforma do Terminal Urbano também em andamento, as cinco escolas que a gente pegou com bastante dificuldade de continuidade, a abertura da UPA. Estou muito satisfeito com o ritmo das obras, dos projetos, está tudo dentro do cronograma. Na área habitacional, temos 1,4 mil casas em construção e queremos finalizar com 7,5 mil.

Mercado em Foco: Pode-se dizer que o senhor está satisfeito?

Alexandre Kireeff: Muito satisfeito. Porque a gente está fazendo o que tinha que fazer, concluindo meta por meta. Bem satisfeito mesmo e acho que as diretrizes para Londrina avançar estão sendo implementadas. Nós mais do que dobramos a oferta de serviços em saúde desde que entramos. Temos 3,1 mil vagas a mais na Educação. Talvez a maior conquista nesses dois anos foi ter melhorado o Ideb do ensino fundamental. São números impossíveis de serem contestados. Queria deixar registrado o profundo agradecimento à sociedade civil organizada no processo de desenvolvimento de soluções. A ACIL, por exemplo, tem sido uma grande parceira no sentido de sugerir caminhos, apontar deficiências da nossa gestão e lutar por avanços. Outras instituições também têm feito isso. Tem sido muito importante, definitivo.

Mercado em Foco: 2015 está aí e o processo eleitoral se inicia em 2016. O prefeito disputa mais um governo?

Alexandre Kireeff: Eu sou contra a reeleição, não gosto da ideia de jeito nenhum, todo mundo sabe disso. Eu sempre falei que sou contra, mas sei que corro o risco de ser candidato à reeleição. Mas que é verdade que sou contra é real.

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EXPECTATIVA

A LITZ Estratégia e Marketing ouviu 320 londrinenses com mais de 18 anos de todas as regiões da cidade. O resultado da pesquisa encomendada pela ACIL mostra que 57,2% dos consumidores pretendem comprar presentes de Natal em 2014 e que 67,8% vão gastar com alimentos e bebidas para as festas de fim de ano. Só os gastos com presentes devem injetar no comércio da cidade R$ 115, 5 milhões.O valor médio que cada consumidor deve gastar é de R$ 491,00 e cada item deve custar em média R$ 127,00. 50,8% dos que vão presentear afirmaram que vão dar presentes para os filhos. No segundo lugar de presenteados vem os pais com 40,4% das intenções e em terceiro marido/esposa/companheiro (a) com 33,3%. O número médio de pessoas a serem presenteadas por entrevistado é de 3,6. O valor médio dos gastos com alimentos e bebidas para as festas de fim de ano ficou em R$ 354,10 por consumidor.É a primeira vez que a ACIL realiza uma pesquisa com base nas intenções

do consumidor e não na expectativa do lojista. “Embora não tenhamos um comparativo por causa do ineditismo da metodologia, consideramos o resultado bastante positivo. Um gasto médio de R$ 491,00 é um valor muito bom”, afirma o diretor comercial da ACIL, Fernando Moraes.A maioria das compras deve ser feita nas lojas da região central. O centro é o local preferido de 54,6% dos entrevistados. Em seguida estão os shopping centers com 39,3% das preferências. 4,4% dos entrevistados declararam que irão comprar em lojas de bairros ou pela Internet.

Compra à vista é a modalidade preferida

70,4% dos entrevistados demonstraram intenção de comprar à vista, sendo que 51,4% pagarão em cheque ou em dinheiro, 9,3% com cartão de débito e 9,7% com cartão de crédito. 36,1% dos consumidores pretendem parcelar a

compra com o cartão de crédito e 1,1% querem fazer o parcelamento com talões de cheque. Dentre os que optam pelo parcelamento 65,3% vão parcelar as compras em até no máximo cinco vezes. Para o diretor comercial da ACIL, a preferência pela compra à vista é reflexo de um comportamento mais prudente do consumidor. “Durante o ano, o consumidor foi mais conservador por causa das incertezas da Copa do Mundo e das eleições. Agora quem economizou quer comprar à vista. Os comerciantes devem considerar esse comportamento mais prudente e oferecer mais vantagens na compra à vista.”

Comércio preparado

A rede O Boticário em Londrina espera vender 8% mais que o mesmo mês do ano passado. “Estamos sempre otimistas, trabalhamos com produtos que promovem beleza e autoestima e isso traz sim um otimismo”, explica Regina Tirola,

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gerente da rede em Londrina. Para atrair os clientes as lojas oferecem brindes e descontos para quem compra os kits de Natal. O Boticário tem preços tabelados e não há desconto na compra à vista. “Apesar de não oferecer vantagens nas compras à vista, em dezembro nosso percentual de pagamento nessa modalidade varia de 50 a 55%”, comenta.A Bolivar Calçados também se preparou

para as vendas de Natal. 30 funcionários temporários foram contratados para dar conta do trabalho. Depois de um ano magro para o comércio a expectativa é de recuperação no Natal. “Aumentamos nosso investimento em publicidade offline e online para atrair o cliente que está dentro de casa para a loja”, conta a gerente de marketing da rede, Fernanda Boechat.O investimento em mídia online também foi uma estratégia para rejuvenescer a marca. Para atingir o público de até 35 anos, a rede contratou a blogueira de moda paulistana Mari Flor que no site todoscomestilo.com.br dá dicas de moda e indica produtos da loja para a composição dos looks. “Hoje as blogueiras e os sites de moda estão muito em alta. Com as dicas da Mari, a gente acaba atingindo todos os perfis de público que podemos atender”, explica a gerente de marketing. A Bolivar também vai sortear um vale-compra de R$ 1,5 mil para os clientes que fizerem uma selfie dos pés e postarem a foto nas

redes sociais.As lojas da rede ainda não sentem demanda por venda à vista. “Pelo contrário, com o desaquecimento da economia, os clientes optam pelas compras parceladas. Estamos ampliando o parcelamento das nossas vendas”, conclui.

“Estamos sempre otimistas, trabalhamos com produtos que promovem beleza e autoestima

e isso traz sim um otimismo”, gerente da rede O Boticário em Londrina

Selfie dos pés é uma das ações da Bolivar para atingir o público online

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O BRASIL TEM REMÉDIOFábrica da Sandoz em Cambé completa dez anos, bate recordes de crescimento e prova que investimento em industrialização e pesquisa é essencial para melhorar a vida das pessoas

Por Paulo Briguet Se você olha o noticiário e pensa que o Brasil não tem remédio, está redondamente enganado: tem remédio, sim senhor. A Sandoz do Brasil, cuja fábrica de Cambé acaba de fazer dez anos, está aí para provar que o País, apesar de alguns efeitos colaterais e reações adversas, em certos casos vai muito bem, obrigado. O centro produtivo de Cambé é a única fábrica de genéricos da Sandoz na América Latina, ocupa uma área total de 298 mil metros quadrados e tem capacidade para produzir 2,1 bilhões de comprimidos por ano. Ali trabalham 458 pessoas, na maioria funcionários especializados ou com formação superior. “Em dez anos, conseguimos evoluir bastante”, comemora o diretor da Sandoz do Brasil, André Brázay. “Por isso, celebramos o

INDÚSTRIAFARMACÊUTICA

aniversário da fábrica de Cambé com muita alegria. Afinal, temos crescido mais do que o dobro do mercado.”“O farmacêutico faz misturas agradáveis, compõe unguentos úteis à saúde, e seu trabalho não terminará, até que a paz divina se estenda sobre a face da Terra”, diz o Livro do Eclesiástico, no capítulo 38, versículos 7 e 8. A passagem bíblica tem uma curiosa semelhança com a missão da Sandoz: “Ser provedor de medicamentos acessíveis de alta qualidade para a maior parte da população do mundo”. Com 45 fábricas ao redor do planeta, a empresa é uma das poucas empresas de medicamentos genéricos com presença em todos os continentes – e presença forte. Faz parte do maior grupo farmacêutico mundial, a Novartis.As notícias econômicas do Brasil não são nada promissoras. Este ano teremos

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André Brázay, diretor-geral da Sandoz do Brasil: Em dez

anos, conseguimos evoluir bastante. E celebramos o aniversário da fábrica de

Cambé com muita alegria. Afinal, temos crescido mais do

que o dobro do mercado

pibinho, e no ano que vem é muito provável que a situação se repita. Mas a Sandoz do Brasil nada contra a corrente do pessimismo: as vendas devem crescer 20% neste ano e cresceram 15% em 2013. De 2010 para cá, a fábrica de Cambé passou de uma produção anual de 689 milhões para 1,364 bilhão de comprimidos. Em número de caixinhas embaladas, isso quer dizer um salto de 37 milhões para 59,4 milhões de unidades em cinco anos. O diretor da unidade em Cambé, o espanhol Santiago Palanques, afirma que o próximo objetivo é alcançar 2 bilhões de comprimidos produzidos por ano. “Além da alta produção, precisamos de alta produtividade, para que a Sandoz possa atender ao mercado brasileiro, sempre oferecendo qualidade e acesso ao consumidor.”A Sandoz hoje é a segunda marca fabricante de genéricos no mundo,

ficando atrás apenas da Teva, de capital israelense. Se na Europa e nos Estados Unidos o mercado de genéricos já não se expande mais, no Brasil e outros países emergentes ainda há muito espaço para crescer. “Em nosso país, a penetração dos genéricos ainda não é aquela que poderia ser. Acreditamos que os genéricos poderão ser mais aceitos, fazendo com que a população tenha medicamentos a preços mais acessíveis no futuro próximo”, comenta André Brázay. Noventa por cento da produção em Cambé é voltada para o mercado brasileiro. Os remédios que saem daqui chegam às prateleiras de farmácias em todos os estados do País.O genérico só não é mais barato no Brasil por conta de uma enfermidade nacional: a elevada carga tributária. No balcão das nossas farmácias, cerca de 40% do preço dos genéricos é imposto. “Isso não ocorre

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no exterior”, diz Brázay. “A maioria dos países subsidia o paciente e está preocupada em oferecer medicamentos mais baratos para o consumidor. Aqui é o contrário: o paciente tem que pagar imposto para comprar remédio.” Além disso, a complexidade tributária de Estado para Estado obriga os distribuidores a adotarem tortuosos caminhos logísticos para pagar menos impostos. Isso, evidentemente, encarece o custo logístico. “O medicamento na Europa é muito mais barato do que aqui.”Enquanto as taxas tributárias continuam elevadas, a Sandoz combate as taxas de colesterol. O carro-chefe da fábrica em Cambé é a Sinvastatina, usada para quem sofre de colesterol alto. “Somos o líder disparado em venda de Sinvastatina”, diz André Brázay. Mas também há investimento forte na produção de hormônios biossimilares.

A Sandoz hoje possui o maior portfólio de anticoncepcionais genéricos no Brasil. E produz também o hormônio Somatropina, utilizado por crianças que têm problemas de crescimento. Outros produtos que merecem destaque são medicamentos usados em tratamento contra diversos tipos de câncer.Fabricar todos esses medicamentos demanda investimento em pesquisa e rígido controle de qualidade. Na unidade de Cambé, 70 funcionários trabalham exclusivamente para garantir a qualidade do produto final. Na visita à Sandoz, o repórter da Mercado em Foco viu de perto a produção dos medicamentos e acompanhou a preocupação com todos os detalhes do processo. O cenário da fábrica em Cambé lembra filmes de ficção científica dos anos 60 e 70, caracterizados pela absoluta assepsia dos ambientes e presença de equipamentos

O centro produtivo de Cambé, a única fábrica de genéricos da Sandoz na América Latina, ocupa uma área total de 298 mil metros quadrados

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sofisticados.Pergunto a André Brázay: – Por que Cambé? Por que a Sandoz escolheu o Norte do Paraná para instalar sua única fábrica na América Latina? A resposta é simples: pela presença de cursos universitários nas proximidades. Nestes dez anos, 291 estagiários, advindos em sua maioria da UEL, foram admitidos, treinados e contratados na fábrica local. Mais uma prova de que investir em conhecimento é um forte fator na atração de indústrias. Que venham muitas outras décadas de Sandoz...

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TEMPO

Por Fernanda Bressan

Todo ano muitos empresários - sejam grandes ou pequenos - se debruçam sobre a mesma dificuldade, a de programar as férias. Alguns chegam a emendar ano após ano sem descanso por medo de prejudicar os negócios. O problema é que essa atitude traz prejuízos para a vida! Trabalhar sem pausas eleva o estresse, que aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Quem atesta essa afirmação é o cardiologista Laércio Uemura. “O estresse constante aumenta a frequência cardíaca, eleva a pressão arterial, piora a qualidade de vida e também do sono. Essas alterações podem levar ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares”, diz. Segundo ele, trabalhar como uma máquina sem parar é deixar aberto um espaço para que as doenças cheguem e se instalem.Com o verão batendo à porta, as férias parecem ser convidativas. Mas não se

preocupe se janeiro e fevereiro não forem os meses adequados para se afastar das suas atividades. “Devemos ter momentos de descanso, tem que ter a hora de se desligar do trabalho. Quem vive sem férias costuma ser aquela pessoa que não se desliga das suas atividades, que leva trabalho para a casa, e isso mantém o estresse constante. Tem que ter um tempo, mas não precisa ser a fórmula tradicional de parar um mês. O importante é sair da rotina por 10, 15 dias. Pessoas que têm essas características não conseguem ficar 30 dias afastadas, para quem tem esse perfil, depois de 15 dias de férias começa a acontecer o estresse ao contrário”, comenta Dr. Laércio Uemura. Entretanto, ele frisa que não adianta parar por 2 ou 3 dias. “É preciso uns 15 dias para recarregar as baterias”, acrescenta. Além disso, o cardiologista alerta para a importância de incluir atividades prazerosas à rotina. “Dentro da qualidade de vida é importante encaixar atividades que você gosta

todos os dias. O ideal é um esporte, uma atividade física, mas pode ser também uma música, coisas que te deem prazer”, reforça. Além disso, dormir pelo menos 7 horas é fundamental para viver bem. “Muitos empresários acham que a empresa não anda sem eles, até que vem uma doença e eles veem que as coisas podem ser resolvidas sem eles, que existe solução para os problemas”, pontua.A psicóloga Elsie Silva reforça a importância de parar por pelo menos 15 dias. “As férias nos ajudam a manter o equilíbrio emocional, renovar as energias, encontrar solução para os problemas. Se pensarmos que existe nos seres humanos uma quantidade de energia, se ela só for gasta trabalhando, se doando e não a repusermos com lazer e atividades prazerosas, a conta não fecha, existirá um prejuízo que pode ser físico ou emocional. As pessoas precisam de 15 dias para sair da rotina, segundo os pesquisadores, esse é o tempo para se desligarem do relógio, dos

Laércio Uemura, cardiologista: "Muitos empresários acham que a empresa não anda

sem eles, até que vem uma doença e eles veem que as coisas podem ser resolvidas

sem eles, que existe solução para os problemas"

Elsie Silva, psicóloga: “As férias nos ajudam a manter o equilíbrio emocional, renovar as energias, encontrar solução para os

problemas”

Augusto Rapcham, empresário: “Férias boas são aquelas que você esquece até a senha

do banco e do e-mail quando volta”

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compromissos”, descreve.Para ela, tão importante como esse tempo de duas semanas é como nós usufruímos das férias. “Tem que ser com qualidade. Para isto seria aconselhável que saíssem de férias em um lugar que os tirassem da sua rotina diária, em que pudessem mudar o ritmo. Se o ritmo normalmente é agitado devido ao excesso de atividades, deve-se procurar um lugar onde é possível ter calma, ter contato com a natureza, enfim que proporcionasse um verdadeiro descanso. Se a qualidade das férias for boa, ela pode ser sem problema fracionada, duas vezes de quinze dias, por exemplo”, garante.Elsie Silva diz que nosso corpo vai dando sinais de que está na hora de parar. “Os sintomas mais frequentes que aparecem quando passamos do limite são falta de motivação, baixa tolerância à frustração, irritabilidade, dificuldade de concentração e até quadro depressivo. A legislação garante este direito, por que não se permitir tirar férias? A vida não é provisória e é necessário viver bem o hoje para ter um futuro com saúde física e emocional”, conclui.O empresário Augusto Rapcham valoriza os momentos de pausa. Segundo ele, essa é a fórmula para render bem ao longo do ano. “Vamos acumulando cansaço, o estresse da rotina e com isso cai o desempenho, as coisas começam a ficar mais pesadas e difíceis de serem executadas. Se não tira férias, você acaba se desgastando muito mais para fazer a mesma coisa e ainda começa a aparecer dor nas costas, dificuldade para dormir. Nas férias você muda esses hábitos e retorna com fôlego”, declara.

Como todo empresário, ele tem diversas atribuições a fazer na Indrell. Mas nada que não possa ser programado. “Meu limite de férias são 12 dias, costumo fazer 3 paradas por ano. Esse é o tempo que eu fico sem sentir saudade de casa. Sou muito centralizador, o empresário em geral é assim. Por isso não adianta tentar ficar um mês. Entre 10 e 15 dias fora é exequível, a partir daí começo a misturar e a olhar email, aí não adianta”, diz. A fala já mostra que férias, para ele, são férias mesmo. Nada de ficar olhando e-mails ou ligando para a empresa. “Quando tiro férias, deixo um contato só para emergências, e emergência é aquilo que ninguém consegue resolver a não ser eu. Fora isso, não vejo nada. Férias boas são aquelas que você esquece até a senha do banco e do e-mail quando volta”, diz Rapcham.Mas nem sempre foi assim. Até entender a importância das férias, o empresário era workaholic. “No passado eu tirava férias obrigado e achava que férias era turnê de banda de roque, viajava 12 horas, ficava 3 horas no lugar e viajava mais 8. Voltava precisando descansar. Além disso, como não tirava férias com frequência, estava sempre estressado, o humor ia lá no pé, acumulava muita tensão, era excessivamente prático, e a vida não é assim, é para ser vivida! O diferencial é: quando você trabalha alopradamente, você fica imaginando que um dia vai ter chance de desfrutar a vida. Quando você vive a vida a cada dia, você descobre que felicidade é caminho e não destino, e você vai sendo feliz”, ensina.

O diferencial é: quando você trabalha alopradamente, você fica imaginando que um dia vai ter chance de desfrutar a vida. Quando você vive a vida a cada dia, você descobre que felicidade é caminho e não destino, e você vai sendo feliz”, ensina

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EMPREENDEDORISMO SOCIAL

Por Felipe Brandão

O empreendedorismo está no DNA de Londrina. A história da cidade atesta a criatividade, atitude e espírito inovador do londrinense em diversos setores da vida privada e pública. Nada mais natural, portanto, que a escolha do “Empreendedorismo Social” como tema do novo livro da Cátedra Ozires Silva de Empreendedorismo e Inovação Sustentáveis, cujo lançamento oficial aconteceu no dia 2 de dezembro, no Buffet Planalto, durante a programação do simpósio Londrina 80 Anos, promovido pela Rede Massa. Os artigos, escritos pelos membros da cátedra e reunidos na obra, tratam de ideias e programas que se destacaram por inovar na promoção do bem-estar social e da cidadania, sem deixar de lado o viés empresarial.A Cátedra Ozires Silva é uma iniciativa do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com atuação em Londrina e Curitiba. Criada em fevereiro de 2011 na capital do Estado, chegou no final de 2012 a Londrina, com formação própria e atuação adaptada ao contexto e necessidades locais. Formada por um grupo rotativo de 30 a 35 membros, que incluem estudantes de pós-graduação da ISAE-FGV, profissionais liberais e

Cátedra Ozires Silva lança novo livro sobre empreendedorismo social. A publicação mostra que é possível conciliar o crescimento das empresas com o interesse público

EMPREENDER PARADESENVOLVER

“O sonho do Dr. Ozires, nas palavras dele, é ver a educação no Brasil

crescer em qualidade e com maior participação do empresariado – algo

que se relaciona diretamente com os nossos objetivos” - Rosi Sabino,

membro da cátedra desde a fundação

empresários, a cátedra tem por objetivo se tornar uma referência na disseminação de conceitos de empreendedorismo e inovação sustentáveis como pilares da sociedade do futuro.O nome do grupo é uma homenagem a seu patrono, o engenheiro aeronáutico Dr. Ozires Silva, ex-presidente da Varig, atual reitor do Centro Universitário Unimonte, em Santos-SP, e referência internacional no tocante aos temas debatidos no projeto. “A cátedra, como o próprio nome diz, é uma instância de estudos que visa a disseminação de alguns conceitos, no caso, de empreendedorismo, inovação e sustentabilidade. O sonho do Dr. Ozires, nas palavras dele, é ver a educação no Brasil crescer em qualidade e com maior participação do empresariado – algo que se relaciona diretamente com os nossos objetivos”, conta a professora universitária e administradora Rosi Sabino, diretora-executiva da Associação de Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região (Adetec) e membro do grupo desde sua fundação.Rosi é uma das autoras da coletânea “Empreendedorismo Social” e desenvolveu, em parceria com Paulo Varela Sendin, o artigo que trata da Maratona de Empreendedorismo, evento anual organizado pela Adetec desde 2006. Na visão dela, as pessoas ainda têm

dificuldade de enxergar uma associação real entre o crescimento empresarial e o desenvolvimento social. “A ideia de união entre esses dois conceitos ainda não está consolidada. Quando a maratona começou a ser trabalhada, o objetivo era incentivar a inclusão do tema empreendedorismo na educação, ou seja, nas universidades e escolas. Acredito que esse propósito nós alcançamos. Hoje já vemos essa ementa inserida em alguns cursos universitários, projetos de Pedagogia Empreendedora voltados a alunos do Ensino Fundamental. Essa

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“Desenvolve raciocínio, metas para alcançar de maneira ordenada, conjunta, um objetivo almejado. É algo simples, mas muito valioso para a formação dessas crianças como cidadãos” - Maíra Calzavara, sobre o Programa Empreendedorismo na Escola

realidade já mudou e é perceptível”, analisa.A preocupação com o empreendedorismo no âmbito escolar também aparece no trabalho da advogada Maíra Calzavara, sócia-proprietária da Priori Consultoria. Seu artigo no livro trata do Programa Empreendedorismo na Escola, implantado por meio de parceria entre a Agência de Inovação Tecnológica da Universidade Estadual de Londrina

(AINTEC) e a Prefeitura do Município de Londrina, com o objetivo de desenvolver a vocação empreendedora entre crianças em idade escolar. “Esse projeto é muito interessante porque atinge crianças de todas as idades, despertando nelas o espírito empreendedor. Desenvolve raciocínio, metas para alcançar de maneira ordenada, conjunta, um objetivo almejado. É algo simples, mas muito valioso para a formação dessas crianças como cidadãos”, detalha.

As reuniões da Cátedra Ozires Silva são mensais e se desenvolvem a partir de um pequeno grupo operacional rotativo, que compõe de 30 a 35 pessoas. A cada ano, são eleitos temas de interesse da sociedade, que servem de norteadores para as discussões dos meses subsequentes e para a organização de debates e palestras, cujos resultados eventualmente dão origem a um livro. “Para desenvolvermos os artigos, o ISAE ofereceu aos membros da cátedra uma oficina gratuita sobre a metodologia de escrita de cases. Tínhamos a escolha livre de escrever sobre a entidade ou sobre um projeto elencado pela entidade como valioso, como se vê nos demais artigos – o importante era envolver empreendedorismo e terceiro setor”, relata Maíra. Para ela, a obra tem tudo a ver com o momento atual vivido pelos londrinenses. “O objetivo é trazer para Londrina, na comemoração de seus 80 anos, uma pequena amostra do que representa o terceiro setor no contexto da cidade”, conclui.

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PODER FEMININO

Por Paulo Briguet “Se você quer que digam algo, peça a um homem. Se você quer que façam algo, peça a mulher.” A frase da primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher, uma das mais importantes lideranças do século XX, poderia ser usada para definir a nova gestão do Conselho da Mulher Empresária da ACIL. Escolhida para assumir a Presidência do CME nos próximos dois anos, a empresária e nutricionista Marisol Chiesa pretende combinar experiência e renovação para realizar projetos inéditos e ao mesmo tempo consolidar as ações já existentes. Ao lado de Marisol, como vice-presidente, está a advogada Rosangela Khater, que presidiu o Conselho da Mulher Empresária por oito anos. Caminhando lado a lado, as mulheres e homens do associativismo vão dizer o que precisa ser dito e fazer o que precisa ser feito.

Na primeira reunião executiva da nova gestão, realizada em novembro, Marisol e as 20 integrantes do Conselho definiram a missão da entidade representativa feminina: “Fomentar o associativismo, buscando a ampliação da representatividade das mulheres em todos os segmentos da sociedade, por meio do desenvolvimento de lideranças que propiciem o exercício pleno da cidadania”. O objetivo central do CME é contribuir para que haja um efetivo aumento da participação das mulheres na vida econômica e comunitário de Londrina e região.

O primeiro passo para cumprir essa missão é a campanha Londrinatal Solidário. Com apoio de outras entidades representativas e organizações de Londrina, o CME vai arrecadar alimentos não perecíveis para doação a uma entidade beneficente – a Associação Ajuda Fraterna – no dia de Natal. A distribuição dos alimentos à população carente será feita no almoço de 25 de dezembro, na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Vila Siam. A campanha já está nas ruas e vai contar com o apoio da mídia local. Postos de coleta de alimentos serão instalados em supermercados e outros pontos da cidade.

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O CME já definiu um plano de metas e um calendário de ações para todo o ano de 2015. A agenda inclui palestras magnas e cursos de interesse comum; eventos de premiação para mulheres de destaque na comunidade; comemorações especiais na Semana e no Mês da Mulher; realização do 1º Encontro de Mulheres Empreendedoras de Londrina; ações integradas de apoio à campanha Outubro Rosa (para prevenção do câncer de mama) e de combate à violência contra a mulher.

Marisol Chiesa acredita que a rosa é um símbolo perfeito para definir o trabalho do Conselho da Mulher Empresária da ACIL. “A imagem da rosa nos faz lembrar a beleza, suavidade e encanto. Mas uma rosa não tem apenas beleza e perfume; ela também possui espinhos que servem para defendê-la. Além disso, a rosa necessita de cuidados. Ela deve ser cultivada e protegida para que possa ser admirada.”

O lema do CME, na visão da nova presidente, é simples e forte: “Ser participativa e solidária”. Para Marisol, “a prontidão e a dedicação de nossas diretoras vão gerar reciprocidade e ampliar o efeito

de nosso trabalho voluntário”. Ela destaca ainda que as ações do CME estão em consonância com os ideais e valores que há 77 anos movem a ACIL e a transformaram numa instituição de referência para a comunidade de Londrina e do Paraná.

É bom lembrar que a participação feminina na ACIL tem aumentado gradativamente. Hoje as mulheres constituem maioria absoluta na equipe de colaboradores da entidade. O número de associadas no comando de empresas cresce dia após dia. E a Diretoria Executiva da ACIL conta com três mulheres: além de Marisol Chiesa, as diretoras Alexandra de Paula Yusiasu dos Santos e Márcia Regina Vieira Mocelin Manfrin, que têm tido grande participação nos rumos da entidade. Quem sabe, um dia, a ACIL venha a ser como a Associação Comercial e Empresarial de Corbélia, em que os 12 cargos da Diretoria Executiva são ocupados por mulheres.

Para refletirmos melhor sobre os desafios do CME, vale recordar as palavras de uma grande mulher, a filósofa alemã Hannah Arendt: “O poder só é efetivado enquanto a palavra e o ato não se divorciam, quando

as palavras não são vazias e os atos não são brutais, quando as palavras não são empregadas para velar intenções, mas para revelar realidades e os atos não são usados para violar e destruir, mas para criar relações e novas realidades”.

Há 30 anos, a tarefa do Conselho da Mulher Empresária da ACIL vem sendo esta: consolidar um poder feminino ético, solidário e livre. Como sempre acontece, entre homens ou mulheres, a união faz a diferença.

Nova diretoria do Conselho da Mulher

Empresária da ACIL

Presidente: Marisol ChiesaVice-presidente: Rosangela Khater

Diretores:Adriana Fontin Goreti Ferrarri

Maria do Carmo LandinAlzira Elizabeth Oliveira

Hylea FerrazMitue Ishikawa Martins

Ana Maria ArenghiLilian Azevedo Miranda

Nely CamargoCreusa Maria Rodrigues Leonhardt

Sheila Dal-Ry IssaLydia FredericoNelma Liberato

Fabiana Beatriz VasconcelosMaria Aparecida Prandini

Sonia MedeirosGisela FonsecaMaria BortoniVania Queiroz

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PERFIL

Por José Pires

A história da internet no Brasil tem um pé fincado em Londrina, onde o jornalista Délio César marcou época entre 1999 e o ano 2000 com um blog diário que está entre os pioneiros do jornalismo brasileiro. A cidade vivia então uma situação política explosiva, com o prefeito Antonio Belinati sob denúncias do Ministério Público Estadual no escândalo de corrupção que ficou conhecido como Caso AMA/Comurb. Já estava também em andamento a união de londrinenses que se organizavam para acompanhar o trabalho dos promotores e criar uma mobilização política entre a sociedade civil. De caráter apartidário, esta organização ficou conhecida como movimento Pé Vermelho! Mãos Limpas e teve no blog de Délio César um meio de divulgação essencial, já que quase a totalidade da imprensa local nada noticiava sobre as denúncias contra o prefeito. Belinati acabaria sendo cassado pela Câmara Municipal em junho de 2000, mas nos dias em que o jornalista inventou de experimentar a internet para desenvolver o trabalho que já vinha

Em 75 anos de vida e realizações, Délio César é um personagem fundamental para o jornalismo, a política, a cultura e até a internet de nossa cidade

O HOMEM QUE ESCREVE A HISTÓRIA

fazendo no jornal impresso o prefeito ainda estava muito forte, fazendo inclusive o uso do poder político e econômico da prefeitura para impedir a veiculação de notícias desfavoráveis.Para se ter uma ideia da capacidade de visão deste jornalista – que chegou a Londrina com a família em 1954 aos 14 anos de idade e hoje está com 75 anos – no ano em que Délio entrou na internet eram raros os computadores pessoais. No

Brasil, ainda estava no início o hábito de se comunicar por email e eram poucos os sites noticiosos. É de 1996 a fundação do UOL, um dos primeiros sites brasileiros. E o primeiro jornal de âmbito nacional que disponibilizou seu conteúdo na internet foi o Jornal do Brasil, com a abertura do site JB Online, em maio de 1995. A ousadia de Délio pode ser comprovada pelo livro “A primavera de Londrina”, que reúne os textos publicados neste blog e que dão um

Foto: Devanir Parra

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Associação Comercial e Industrial de Londrina 39

histórico vibrante dos acontecimentos em torno da cassação do prefeito. O lançamento é de 2001, o que faz dele com certeza o primeiro livro brasileiro editado inteiramente com material de um blog. Fazer um blog naquela época era tão inédito que não havia nenhum modelo para se pautar. Como escreveu o próprio Délio, “o fundamental era começar” para as coisas irem acontecendo aos poucos.Um pouco antes de colocar na internet os primeiros textos, em setembro de 1999, ele havia pedido demissão do Jornal de Londrina, diário fundado por ele dez anos antes. Nascia então um dos primeiros blogs de opinião política surgidos no Brasil, alguns anos antes de blogs que são referência hoje em dia, como o Blog do Noblat (que é de 2005), o blog de Reinaldo Azevedo (de 2007), entre outros que vieram muito tempo depois dessa ousadia londrinense.Em razão da qualidade jornalística e a liberdade no tratamento dos fatos políticos, em pouco tempo o blog ficou sendo o veículo de maior leitura e credibilidade da cidade. Délio dava então seguimento ao que fazia anteriormente na sua coluna no Jornal de Londrina, diário criado por ele também de forma bastante original, com a sua famosa força de vontade que é reconhecida até por seus inimigos – ou principalmente estes.

Fundador de jornalO JL, sigla pela qual o jornal ficou conhecido, foi viabilizado a partir da associação entre mais de 60 empresários, convencidos pessoalmente pelo jornalista da viabilidade do negócio e da necessidade da cidade ter mais um jornal diário, quebrando o monopólio da Folha de Londrina nesta área. E Délio estava certo. O JL existe até hoje, sendo atualmente propriedade da Gazeta do Povo, tradicional jornal paranaense com sede em Curitiba.Délio já disse uma vez que o grande projeto de sua vida foi o JL, mas são tantas suas realizações em Londrina que é difícil fazer uma lista sem o risco de deixar algo de fora. No jornalismo, outra criação

sua foi o Panorama, diário lançado em março de 1975 e que embora tenha durado pouco mais de um ano, tornou-se uma lenda do jornalismo brasileiro, influenciando todo o desenvolvimento posterior da imprensa londrinense. Délio montou uma redação composta da equipe mais impressionante que já se viu numa publicação do interior do Brasil. Trazidos de São Paulo para Londrina, na redação trabalhavam jornalistas com carreiras brilhantes em publicações nacionais de altíssimo prestígio, como Realidade, Veja, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. A influência sobre os jovens jornalistas locais foi decisiva como um impulso à qualidade do jornalismo londrinense e por extensão da cultura da cidade.

Criador de festivaisFoi com esta capacidade de convencimento na realização de projetos que, além dessas boas marcas deixadas no jornalismo, Délio teve anteriormente um papel determinante na criação de eventos no final dos anos 60 que foram a base para a concretização do FILO, um dos mais reconhecidos festivais de teatro do país, e o Festival de Música, também respeitado nacionalmente como uma das atividades mais importantes do circuito cultural do Brasil. Ambos nasceram do Festival Universitário, ideia que o jornalista levou à frente em 1969, juntando artes plásticas, teatro e música, num evento que mudou a cabeça do londrinense e abriu espaço para a renovação política e cultural da cidade.

Militante da democraciaEsta produção cultural acontecia em paralelo com a participação direta de Délio na política, atividade que ele sempre tocou com paixão parecida com a do jornalismo. A partir da segunda metade dos anos 60 ele foi uma liderança ativa do antigo Movimento Democrático Brasileiro, o MDB, que era o único partido de oposição à ditadura, fazendo

contraponto à Arena, representação governista no Congresso Nacional. Londrina tornou-se referência nacional na política, com a formação de um diretório local muito forte do partido e a eleição de influentes deputados federais e do candidato londrinense José Richa, eleito na primeira eleição direta para governador de Estado, em 1982. O jornalista foi também vereador pelo MDB – durante a legislatura de 1969 a 1973 – e teve uma importância decisiva na eleição do prefeito Wilson Moreira (com mandato de 1983 a 1988), de quem foi um vice-prefeito atuante. Entre as marcas da administração que saíram diretamente da cabeça de Délio está o espaço do Zerão e seu anfiteatro.Outra marca política da prefeitura de Wilson Moreira foi o conceito de qualidade ética e administrativa, em contraste com a característica populista e repleta de malfeitos das administrações de Antonio Belinati, adversário político histórico de Délio desde o tempo em que os dois foram vereadores na mesma legislatura. Este foco no bom uso do dinheiro público é uma referência em toda a carreira jornalística do jornalista e na sua visão da política. Neste aspecto, primeiro sua coluna no jornal e depois o blog foram imprescindíveis no movimento que levou à cassação de Belinati, com as manifestações de rua e atividades políticas de mobilização da sociedade. Como o movimento Pé Vermelho Mãos Limpas se ocupou também dos aspectos legais na denúncia dos desmandos do prefeito, a contribuição do jornalista foi decisiva em muitos momentos, em razão da sua experiência até mesmo prática na administração pública. Com o audacioso blog lançado numa internet ainda dando os primeiros passos, Délio deu um fecho notável numa batalha de décadas, trazendo de forma pioneira uma nova marca de qualidade para Londrina, desta vez na área de tecnologia de ponta. E no plano político, depois de tantas transformações culturais e políticas, ele ainda deu a Londrina a referência ética de uma cidade que não tolera o abuso com o dinheiro público.

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dezembro de 2014 | www.acil.com.br40

COLUNA DA ACIL

Este final de ano está sendo duplamente especial em Londrina. No dia 10 de dezembro, festejaremos os 80 anos da cidade. Quinze dias depois, vem o Natal, data universal da esperança e da união. Por isso, a ACIL preparou cuidadosamente o Londrinatal Encantado, cujo lançamento foi marcado por uma grande festa no Buffet Planalto. Quando trocamos presentes, estamos mostrando a nossa proximidade e o nosso respeito pelas pessoas. Com a campanha Londrinatal Encantado, toda cidade se envolve no clima natalino, estimulando a economia e contribuindo para o bem de nossa cidade.

NATAL DE ENCANTAMENTO

Ariana Quelho, Marcelo Quelho, Valter Orsi, Arthur Versoza

Roberto Hara e Tadamasa Ajimura

Conselho Deliberativo da ACIL

Angelo e Mônica Pamplona

Sara Presoto

Parte da equipe que organizou a festa

Sorteio do carro

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Rogério e Angela Chineze

Júnior e Mônica Favoretto

Fabricio Salla, Luigi Carrer Filho e Diego Menão

Rafael e Patrícia Teló, ganhadores do carro zero km

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NOVOSASSOCIADOS

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TRANSPORTADORAVictoria TransportesRua Ouro, 69

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ACADEMIASEnergy GYMRua Bento Munhoz da Rocha Neto, 515

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COBRANÇASCobralon Cobranças LondrinaAvenida Maringá, 725

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IND/COM

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