acessibilidade em produtos e serviÇos educacionais · nível superior com habilitação em...

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1 ACESSIBILIDADE EM PRODUTOS E SERVIÇOS EDUCACIONAIS Unidade de Capacitação Empresarial e Cultura Empreendedora Brasília DF 2016

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ACESSIBILIDADE EM

PRODUTOS E SERVIÇOS EDUCACIONAIS

Unidade de Capacitação Empresarial e Cultura Empreendedora

Brasília – DF

2016

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© 2016. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae

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Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae

Unidade de Capacitação Empresarial e Cultura Empreendedora

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Telefone (61) 3348-7529 – Fax (61) 3348-7585

Home: www.sebrae.com.br

Presidente do Conselho Deliberativo

Robson Braga de Andrade

Presidente do Sebrae

Guilherme Afif Domingos

Diretora Técnica

Heloisa Menezes

Diretor de Administração e Finanças do SEBRAE

Vinicius Lages

Gerente da Unidade de Capacitação Empresarial e Cultura

Empreendedora

Mirela Malvestiti

Coordenação Nacional e Revisão de Conteúdo

Edleide Epaminondas de Freitas Alves

Revisão Ortográfica -

Editoração Eletrônica –

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Sumário

APRESENTAÇÃO .............................................................................................. 4

ACESSIBILIDADE – LEGISLAÇÃO ................................................................... 5

Termos e definições........................................................................................ 5

Mobilidade ...................................................................................................... 7

Edificações de uso coletivo ............................................................................. 8

Pessoa com deficiência e o direito à educação .............................................. 8

Pessoa com deficiência e o direito ao trabalho ............................................... 9

Pessoa com deficiência e o acesso à comunicação e à informação ............ 10

ACESSIBILIDADE: CENÁRIO .......................................................................... 12

CONSTRUÇÃO DE CONTEÚDOS DIDÁTICOS ACESSÍVEIS ....................... 16

Tipos de deficiência ...................................................................................... 16

Exemplos de tecnologias assistivas ............................................................. 16

Barreiras de acesso ...................................................................................... 18

Texto: clareza e legibilidade ......................................................................... 19

Conteúdos impressos ................................................................................... 19

Conteúdos digitais ........................................................................................ 20

Avaliação de acessibilidade .......................................................................... 22

PRESSUPOSTOS DE ACESSIBILIDADE NO SEBRAE ................................. 23

Premissa ....................................................................................................... 23

Adaptações ................................................................................................... 24

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 29

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APRESENTAÇÃO

Em seus Referenciais Educacionais o “Sebrae propõe-se a orientar sua visão

educacional com base em princípios que contemplem as múltiplas dimensões

do ser humano e que entendam a regularidade do processo formativo

construído a partir de experiências individuais e coletivas”. O Sebrae, assim,

se compromete a desenvolver o conteúdo de seus produtos e serviços em um

contexto no qual a empresa seja vista de forma global e sistêmica e não de

forma fragmentada por departamentos ou atividades específicos. Esse foco

favorece a identificação de ações individuais e coletivas dos colaborados e a

sinergia nas dinâmicas de trabalho realizadas nos diversos ambientes

(SEBRAE, 2015).

Esse documento de referência sobre acessibilidade objetiva complementar os

referenciais educacionais, com orientações específicas aos profissionais que

trabalham com educação no sistema – gerentes, consultores, técnicos,

prestadores de serviços e parceiros –, sobre adaptações na produção e

reutilização dos materiais didáticos, ferramentas e objetos educacionais com o

propósito de torná-los apropriados à utilização mediada por tecnologias

assistivas.

Tornar processo educacional acessível significa reduzir as barreiras que

impossibilitem ou limitem a formação de pessoas com deficiência ou

desabilidade. Essas barreiras compreendem questões como deslocamento,

acesso a ambientes educacionais, barreiras cognitivas relacionadas à

linguagem, deficiência de dispositivo de acesso entre outras.

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ACESSIBILIDADE – LEGISLAÇÃO

Em 06 de julho de 2015 foi sancionada a Lei de inclusão da pessoa com

deficiência de número 13.146, que no seu capítulo I, Art. 1°, dispõe que:

É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.

A Lei 13.146 substitui decretos anteriores, já que foi desenvolvida com base na

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo

Facultativo, ratificados pelo Congresso Nacional por meio do Decreto

Legislativo n° 186 de 2008, promulgado pelo Decreto no 6.949, de 25 de

agosto de 2009.

Consideram-se pessoas com deficiência aqueles indivíduos que possuem

impedimento de longo prazo adicionado de alguma barreira, que impossibilitem

ou limitem sua participação, em igualdade de condições, de forma plena e

efetiva na sociedade. Esse impedimento pode ter natureza física, mental,

intelectual ou sensorial.

Determina a aplicação do desenho universal baseado em normas de

acessibilidade na concepção e implantação de projetos que tratem do meio

físico, de transporte, de informação e comunicação, bem como produtos e

serviços de uso público ou privado de uso coletivo, em zonas rurais e urbanas.

Termos e definições

O conceito de acessibilidade proposto pela NBR 9050:2004, item 3.1 da ABNT

– Associação Brasileira de Normas Técnicas é a “possibilidade e condição de

alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e

autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e

elementos.”

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A Lei 13.143, por sua vez, considera acessibilidade a garantia da pessoa com

deficiência ou com mobilidade reduzida a “possibilidade e condição de alcance

para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários,

equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação,

inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e

instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo,

tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com

mobilidade reduzida”.

Para a melhor compreensão das diretrizes propostas no presente documento é

essencial que se esclareçam alguns conceitos relacionados ao contexto da

inclusão da Pessoa com Deficiência – PCD, relacionados aos aspectos

considerados no desenvolvimento de produtos e serviços de capacitação

acessíveis ou adaptados, descritos no Capítulo I, Art. 3° da Lei Brasileira de

Inclusão da Pessoa com Deficiência.

Quadro 01: Definições

Acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com deficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente pessoal;

Adaptações razoáveis: adaptações, modificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais;

Barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em:

a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao

Comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações;

Desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva.

Pessoa com deficiência: aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas;

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público ou de uso coletivo;

b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;

c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes;

d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação;

Pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso;

Tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social;

Fonte: Art. 3° da Lei 13.146.

Mobilidade

A mobilidade diz respeito ao deslocamento do indivíduo garantindo o convívio

social e o acesso a serviços. A lei 13.146 garante à pessoa com deficiência ou

com mobilidade reduzida, a mobilidade, por meio de identificação e de

eliminação de todos os obstáculos e barreiras aos espaços físicos e ao

transporte.

Compete ao poder público a garantia dos meios públicos de transporte coletivo

terrestre, aquaviário e aéreo, incluindo-se os veículos, os terminais, as

estações, os pontos de parada, o sistema viário e a prestação do serviço.

É determinado que 2% (dois por cento) das vagas de estacionamento próximas

aos acessos a edificações ou circulação de pedestres, em áreas de

estacionamento público ou privado de uso coletivo e nas vias públicas, devem

ser reservadas às pessoas com deficiência que tenham comprometimento de

mobilidade. Para o uso das vagas reservadas os veículos devem ser

identificados, em local de ampla visibilidade, com a credencial de beneficiário.

A credencial deve ser confeccionada e fornecida pelos órgãos de trânsito.

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Edificações de uso coletivo

Edificações públicas e privadas de uso coletivo devem garantir acessibilidade

em todas as suas dependências e serviços, observando as condições de

acesso e circulação no edifício. O processo de construção, adaptação e

sinalização deve seguir as normas vigentes de acessibilidade.

A NBR 9050:2015 da ABNT- Associação brasileira de Normas Técnicas tem

por objetivo estabelecer os parâmetros técnicos necessários em projetos de

construção, instalação e adaptação de edificações, incluindo mobiliário, para

garantia da acessibilidade. As observações técnicas consideram as diversas

condições de mobilidade e de percepção do ambiente com ou sem a utilização

de aparelhos acessórios como cadeiras de roda, bengalas etc. A norma

destaca que ambientes de acesso restrito, como casas de máquina ou

passagens de uso técnico não precisam ser acessíveis.

Pessoa com deficiência e o direito à educação

A Lei 13.146 de 2015 garante à pessoa com deficiência acesso à educação por

meio de sistema educacional inclusivo em qualquer nível de aprendizado, ao

longo da vida. Isso significa condições de acesso ao ensino formal escolar e

não escolar, na educação gradual ou na educação continuada. A pessoa com

deficiência deve alcançar o máximo de desenvolvimento possível, ampliar

competências e reconhecer seus talentos. Desenvolver habilidades físicas

sensoriais, intelectuais e sociais, conforme suas necessidades de

aprendizagem.

Estabelece a responsabilidade de todos os atores envolvidos no processo de

desenvolvimento da pessoa com deficiência, incluindo-se família, comunidade

escolar e sociedade, em pensar na acessibilidade como forma de garantir

educação de qualidade e um ambiente livre de violência, negligência e

discriminação.

É obrigação tanto do poder público quanto das instituições privadas assegurar,

criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar um sistema

educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, assim como o

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aprendizado ao longo da vida. Tais instituições devem buscar o aprimoramento

constante dos sistemas educacionais ofertando recursos de acessibilidade que

propiciem a plena inclusão, favorecendo o acesso, a permanência, a

participação e a aprendizagem.

As instituições de ensino devem adotar práticas pedagógicas inclusivas. Para

tanto, professores devem participar de programas de formação continuada

voltadas ao atendimento educacional especializado. Além da especialização de

docentes deverão ser disponibilizados tradutores e intérpretes de Libras, guias

intérpretes e profissionais de apoio.

A Lei garante e inexistência da cobrança de valores adicionais de qualquer

natureza em mensalidades, anuidades e matrículas quando da disponibilização

das garantias acima citadas.

Quanto à formação dos interpretes de Libras para atendimento à pessoa com

deficiência, a lei observa que aqueles que atuarem na educação básica

deverão possuir, como escolaridade mínima, o ensino médio completo

acrescido de uma certificação de proficiência em Libras. Já os que atuem em

cursos de graduação e pós-graduação necessitam de escolaridade mínima de

nível superior com habilitação em tradução e interpretação em Libras.

Os processos seletivos ou de acesso ao ensino superior, educação

profissional, tecnológica em instituições públicas ou privadas, devem prever

adaptações razoáveis em todas as suas etapas para que se tornem acessíveis

à Pessoa Com Deficiência.

Pessoa com deficiência e o direito ao trabalho

Com relação ao direito ao trabalho, em seu Capítulo VI, Art. 34 a lei assegura

à pessoa com deficiência livre escolha e aceitação, obrigando os

empregadores (pessoas jurídicas de direito público ou privado) a oferecer em

condições de igualdade de oportunidades (seleção, condições de trabalho e

remuneração) com as demais pessoas nas oportunidades de trabalho. Ao

realizar a contratação de uma pessoa com deficiência, empregadores deverão

disponibilizar um ambiente acessível e inclusivo. A Lei proíbe qualquer tipo de

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restrição ou discriminação, em todas as fases de seleção, na contratação de

pessoas com deficiência.

Aos empregadores cabe oferecer à pessoa com deficiência em caráter de

igualdade com as demais pessoas, a participação em cursos de capacitação,

educação continuada, planos de carreira, bonificações, incentivos. Dessa

forma, as orientações para desenvolvimento de soluções em educação

continuada no Sebrae também deverão seguir as diretrizes de acessibilidade.

Sobre as políticas públicas relacionadas ao trabalho a lei determina em seu Art.

35. como finalidade primordial a promoção e garantia de condições de acesso

e permanência da pessoa com deficiência no campo do trabalho. E reforça aos

programas de empreendedorismo, cooperativismo e associativismo o dever de

inclusão da pessoa com deficiência, garantindo inclusive acesso a

disponibilização de linhas de crédito sempre que houver necessidade. Dessa

forma, além das capacitações sobre as temáticas citadas, todas as orientações

de acesso às linhas de crédito deverão seguir as diretrizes de acessibilidades.

Pessoa com deficiência e o acesso à comunicação e à informação

As tecnologias assistivas propiciam a acessibilidade num sentido lato já que

permitem que pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida, ou

ainda, com alguma desabilidade, acessem com facilidade todos os recursos

disponibilizados no processo de aprendizagem.

Internet

O capítulo II, Art. 63, torna obrigatório a acessibilidade nos sítios da internet

mantidos por instituições públicas e privadas de forma a garantir o acesso a

todo conteúdo informativo disponibilizado conforme práticas e diretrizes de

acessibilidade adotadas internacionalmente.

Os recursos de acessibilidade devem ser sinalizados por meio de símbolos

(ícones). Todos os recursos tecnológicos disponibilizados em ambiente

presencial ou a distância devem ser acessíveis. Se houver uso de

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computadores ou quaisquer dispositivos, pelo menos 10% dos equipamentos

deverão conter recursos de acessibilidade.

Audiovisual

O artigo Art. 67. determina que os serviços de radiodifusão de sons e imagens

devem permitir o uso dos seguintes recursos, entre outros:

I - subtitulação por meio de legenda oculta;

II - janela com intérprete da Libras;

III - audiodescrição.

Essa recomendação deve ser prevista na produção audiovisual para veiculação

em mídia massiva realizadas com recursos próprios, licitações pra produção ou

em parceria com entidades públicas e privadas. Para os casos em que o

conteúdo é inserido em programas próprios de emissoras comerciais ou

públicas a responsabilidade pelas diretrizes de acessibilidade será da

instituição produtora.

Livros

O artigo Art. 68. versa sobre a adoção pelo poder público de mecanismos de

incentivo à produção, à edição, à difusão, à distribuição e à comercialização de

livros em formatos acessíveis. A Lei 13.146 determina que editais para a

produção de livros educativos prevejam diretrizes de acessibilidade e destaca

no Art. 68, parágrafo 2º que “consideram-se formatos acessíveis os arquivos

digitais que possam ser reconhecidos e acessados por softwares leitores de

telas ou outras tecnologias assistivas que vierem a substituí-los, permitindo

leitura com voz sintetizada, ampliação de caracteres, diferentes contrastes e

impressão em Braille”.

Eventos, oficinas, congressos

O Art. 70, aborda a realização de congressos, oficinas e demais eventos de

natureza científico-cultural, estabelecendo que as instituições promotoras

desses eventos devem garantir os recursos de tecnologia assistiva quando da

participação de pessoas com deficiência.

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ACESSIBILIDADE: CENÁRIO

Os dados do Censo 2010, do IBGE, apontam que 45.606.048 brasileiros

possuem algum tipo de deficiência. A classificação adota pelo IBGE aponta

para cada tipo de deficiência (auditiva, visual ou motora, excluindo-se a

mental/intelectual) o grau de impedimento na realização de ações da seguinte

forma “Não consegue de jeito algum”, “consegue com grande dificuldade”,

“consegue com alguma dificuldade”, “não possui a deficiência”. De acordo com

os dados apontados as deficiências com maior incidência no Brasil são a

deficiência visual e motora, conforme demonstra a tabela a seguir:

Tabela 1. Tabela 01: IBGE: Indivíduos com algum tipo de deficiência

Tipo de deficiência Brasil

Deficiência auditiva severa 2.143.173 Deficiência intelectual 2.611.536 Deficiência visual severa 6.562.910 Deficiência motora severa 4.433.350 Pelo menos uma deficiência severa 12.748.663

Fonte: Censo 2010, IBGE

Quanto à escolaridade verifica-se que 24,4% da população com deficiência,

seja qual for o graus, possuem ensino médio, no mínimo, e o percentual de

pessoas com deficiência sem instrução ou apenas com ensino fundamental

completo é de 61%.

O Censo aponta, ainda, que 41,1% das pessoas com algum grau de deficiência

no Brasil não estavam economicamente ativas em 2010. Esse dado aponta um

público de potenciais empreendedores e empresários a ser capacitado.

As pesquisas sobre empreendedorismo e pessoas com deficiência são

escassas, por esse motivo apontaremos os dados de um levantamento

realizado pelo Sebrae Mato Grosso do Sul para contextualizar o cenário sobre

o público e suas principais necessidades. A pesquisa intitulada Identificação do

nível de empreendedorismo e demanda por produtos e serviços do Sebrae em

versão acessível para portadores de necessidades especiais do Sebrae/MS, é

do tipo qualitativa e foi realizada por levantamento amostral, com pessoas com

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deficiência localizadas em Campo Grande – MS, presencialmente, por meio de

questionário estruturado, contendo perguntas abertas e fechadas.

A pesquisa foi estruturada com base em três cenários: Cenário um, com 100

pessoas com deficiência entrevistadas; cenário dois, com 89 pessoas que não

tinham impedimento de trabalhar pela sua deficiência; Cenário 3, com 67

pessoas com deficiência entrevistadas, que têm algum negócio próprio ou tem

intenção de abrir um negócio próprio. Utilizou como pressupostos para análise

do resultado a quantidade de entrevistas realizadas e a estrutura das

pesquisas realizadas a saber: Perfil Socioeconômico; Perfil Profissional; Nível

de Empreendedorismo; Capacitações Relacionadas à Área do Negócio; Nível

de Conhecimento e Avaliação do Sebrae.

Verificou-se que quanto ao perfil da pessoa com deficiência, a maioria são

homens (66%), adultos, com faixa etária média entre 37 e 42 anos e

escolaridade elevada (ensino médio completo ou superior incompleto). Quanto

à ocupação, 93% têm renda própria, com média de um salário mínimo. A renda

familiar, em sua maioria, varia de um a cinco salários mínimos. Quanto ao tipo

de deficiência, 35% possuem deficiência visual, 31% motora, 25% auditiva e

9% intelectual. Destaca-se que 11% dos entrevistados são impedidos de

trabalhar por conta da deficiência, sendo que os auditivos são menos afetados,

pois para 45% dos casos, a deficiência não interfere em sua capacidade

laborativa.

Em relação ao nível de empreendedorismo, entre os portadores de deficiências

aptos ao trabalho, 34,8% são ou já foram empreendedores em alguma

oportunidade. O indicador alcança 44,8% entre deficientes visuais, 44,4% entre

aqueles com deficiência motora e 20% entre os auditivos. Dentre aqueles que

são empresários atualmente a maioria possuem limitações motoras. Os

negócios estão distribuídos basicamente nos setores de serviços e comércio,

com atividades variadas. A maioria, está no mercado há mais de 5 anos, mas

apenas 53,8% são formalizados. Aqueles que já empreenderam, tiveram

atividades com duração inferior a 5 anos. Dos entrevistados que encerraram ou

venderam suas empresas, em 30% dos casos o motivo foi algum problema

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direta ou indiretamente relacionado à gestão. Esses entrevistados se

mostraram potenciais empresários, pois 78% pretendem voltar a empreender.

Entre aqueles entrevistados que tem negócio próprio e os que nunca tiveram,

apurou-se que 67% são potenciais clientes do Sebrae. Esse segmento é em

sua maioria formado por homens entre 30 e 49 anos, com ensino médio

completo ou superior incompleto com predominância das deficiências motora e

visual. Os menores níveis de empreendedorismo foram apontados entre os

deficientes auditivos e intelectuais.

A pesquisa aponta que os potenciais empreendedores investem na própria

formação, sendo que 52% já realizou algum tipo de capacitação. No entanto,

não foram atendidos pelo Sebrae, mas por instituições especializadas em

atendimento aos portadores de deficiência.

Entre os que nunca fizeram qualquer tipo de capacitação, 25% alegam a falta

de acessibilidade em algum ponto (meios de transporte, acesso ao local e

material didático acessível a sua deficiência). Já 9% disseram desconhecer

como encontrar tais capacitações. A maioria desses potenciais empresários

atribui à deficiência a maior dificuldade de conduzir um negócio próprio. Além

da deficiência foram apontados outros quesitos tais como: falta de capacitação

(35%), falta de capital - seja para giro, linhas de financiamento direcionadas a

portadores de deficiência (30%), burocracia e elevada carga tributária (26%).

Esse público também aponta o preconceito sofrido por conta de suas

limitações. Os temas de capacitação mais apontados como sendo de interesse

desse público foram: administração financeira, contábil, economia,

empreendedorismo, gerenciamento e gestão, gestão de vendas, gestão

comercial, industrial e pública, liderança, logística e marketing.

A pesquisa apontou que os serviços do Sebrae são pouco conhecidos para

esse público, mas que a imagem da instituição é positiva.

Apesar de apontar uma realidade local, a pesquisa nos ajuda a contextualizar

um cenário de empresários de pequenos negócios e potenciais

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empreendedores a serem atendidos pelo Sebrae em todas as regiões do

Brasil.

O papel do empreendedorismo na inclusão social da pessoa com deficiência,

para além do desenvolvimento das competências empreendedoras e de

gestão, é o de elevar a sua autoestima e a sua autoconfiança. Primeiramente

resgatando sua capacidade de sonhar e posteriormente tornando-o

protagonista no seu processo de realização pessoal, na busca pela

sustentabilidade e independência financeira e na contribuição ativa para a

economia do país.

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CONSTRUÇÃO DE CONTEÚDOS DIDÁTICOS ACESSÍVEIS

Tipos de deficiência

Para construir um conteúdo didático acessível faz-se necessário reconhecer as

necessidades de adaptação aos diversos formatos (texto, áudio, vídeo, imagem

estática, imagem em movimento etc.) de acordo com o tipo de deficiência.

Nesse referencial abordaremos aspectos de acessibilidade relacionados às

seguintes deficiências:

Deficiência visual: Nesse grupo são considerados os cegos, pessoas com

baixa visão e daltônicos1.

Deficiência auditiva: Nesse grupo encontramos os surdos e pessoas com

deficiência de fala e de idiomas (alguns surdos não compreendem a língua

portuguesa, ou seja, a sua primeira língua é a Linguagem Brasileira de Sinais -

LIBRAS).

Deficiência de dispositivos de acesso: Consideram-se as dificuldades com o

uso de teclados alternativos ou mouses, comando de voz, conexão muito lenta,

mãos e olhos ocupados, sistemas operacionais e browsers pouco utilizados,

telas pequenas entre outros.

Exemplos de tecnologias assistivas

Complementando o disposto na Lei 13.146, a seguir citamos alguns exemplos

de tecnologias assistivas:

1 Daltonismo é a dificuldade de perceber as cores. Também é conhecido como acromatopsia e

defeitos da sensibilidade cromática. O daltônico pode enxergar as imagens de forma

monocromática, confundir cores análogas ou até mesmo trocar a cor pela sua complementar

no círculo cromático. Fonte: <http://www.daltonicos.com.br/>, Acesso em Julho de 2016.

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Leitores de Tela: software que decodifica o texto que está na tela do

microcomputador e o transforma em voz por meio de um sintetizador ou um

display em Braile lido por meio de um dispositivo onde os pontos são

salientados ou rebaixados para permitir a leitura. Alguns exemplos são: Jaws2,

NVDA e o DOSVOX.

Navegador Textual: navegador que utiliza texto no lugar de uma interface

gráfica é um navegador baseado em texto, diferente dos navegadores com

interface gráfica. Utilizado por pessoas cegas. Um exemplo é Lynx3.

Navegador com voz: sistema comumente utilizado em dispositivos móveis,

mas também disponível em sistemas operacionais para desktop que permite a

navegação orientada pela voz.

Tradutores de textos digitais: aplicativos desenvolvidos com o objetivo de

traduzir textos digitais em Libras e áudio. A tradução em libras é realizada por

baseados em animações com expressões humanas, desenvolvidas com base

no mapeamento das expressões da linguagem de sinais. Utilizados em portais

na Web, dispositivos móveis, caixas eletrônicos. Exemplos são o Handtalk4 e a

Rybená5.

2 Jaws. Software capaz de ler alto o que esta aparecendo na tela do PC. Permite o acesso

eficaz aos aplicativos do PC através de voz e Braille.

3 Lynx. Criado pela Universidade de Kansas. É capaz de exibir texto apenas, substituindo a

interface gráfica.

4 Solução digital para Web e dispositivos móveis que realiza tradução digital e automática para

Língua de Sinais, utilizada pela comunidade surda, por meio de um personagem ilustrado (Hugo). Disponível em: www.handtalk.me

5 Solução que realiza a tradução textos do português para LIBRAS e converte português escrito

para voz falada no Brasil, oferecendo às pessoas com deficiência leitura dos textos na Web.

Disponível em: http://www.rybena.com.br/site-rybena/

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Barreiras de acesso

As barreiras encontradas por pessoas com deficiência ou desabilidades para

acesso aos produtos e serviços educacionais devem ser consideradas em três

níveis:

1. Acesso à instituição

O acesso à instituição se refere ao deslocamento da pessoa com deficiência ou

desabilidade até as instalações da instituição e à circulação nesse ambiente

(acesso a espaços internos, banheiros, bebedouros, lanchonetes etc).

Virtualmente acesso é feito via portal da instituição ou páginas específicas de

produtos, serviços, entre outros canais digitais. Considera-se também a sua

navegação nesse ambiente.

2. Acesso à sala de aula

Presencialmente, o acesso à sala de aula se refere ao deslocamento da

pessoa com deficiência ou desabilidade no ambiente físico interno de sala de

aula, e aos recursos tecnológicos disponíveis.

Virtualmente, se refere ao acesso à plataforma de Learning Management

System – LMS e a todos os recursos e dinâmicas presentes no Ambiente

Virtual de Aprendizagem (Interlocução com o tutor ou palestrante nas

dinâmicas didático-pedagógicas;Fóruns; Chats; Tutoria; entre outros).

1. Acesso à instituição

2. Acesso à sala de aula

3. Acesso à informação, recursos de aprendizagem e objetos educacionais.

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3. Acesso à informação, recursos de aprendizagem e objetos educacionais

Refere-se aos conteúdos disponibilizados tanto em situações presenciais

quanto virtuais em diversos formatos: áudio, vídeo, imagem, texto etc.

Texto: clareza e legibilidade

Ao desenvolver os materiais didáticos os conteudistas deverão garantir a

clareza e legibilidade do texto. A legibilidade tem relação com a forma e com o

conteúdo da informação. O primeiro passo para tornar um material didático

acessível é cuidar para que o maior número de pessoas possa compreender o

conteúdo que está sendo desenvolvido. Para tanto, devem-se observar os

seguintes aspectos gerais:

a) Tipografia: Deve-se observar o tamanho, e tipo de fonte utilizada nos

materiais. Disponibilizar uma versão em texto ampliado e impresso para

atendimento de pessoas com baixa visão. Nos materiais online, optar

por fontes facilmente reconhecidas pelos leitores de voz.

b) Contraste de cores (figura e fundo): Utilizar contraste para garantir a

leitura por pessoas que possuem baixa visão e evitar identificar itens ou

conceitos somente por cores, para evitar dificuldades por parte de

daltônicos.

c) Linguagem (terminologias): Jargões, palavras estrangeiras, Siglas,

devem ser acompanhadas de texto explicativo, no caso de materiais

impressos, e por descrições reconhecidas pelas tecnologias acessíveis

(leitores de tela).

Conteúdos impressos

Destacamos no quadro a seguir alguns critérios de acessibilidade na produção

de materiais impressos relacionados a cada tipo de deficiência:

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Quadro 01: Critérios de acessibilidade em conteúdos impressos

DEFICIÊNCIA VISUAL

Disponibilização do material em Braile.

Disponibilização do conteúdo acessível em formato digital para acesso por meio de tecnologias assitivas.

DEFICIÊNCIA AUDITIVA

Se a pessoa com deficiência for alfabetizada em língua portuguesa não haverá necessidade de adaptação.

Na ausência de alfabetização em língua portuguesa deverá haver acompanhamento da leitura por um intérprete de libras ou disponibilização do conteúdo acessível em formato digital para acesso por meio de tecnologias assitivas.

DEFICIÊNCIA DE DISPOSITIVOS DE ACESSO

Disponibilização do conteúdo acessível em formato digital para acesso por meio de tecnologias assitivas.

Conteúdos digitais

Luephattanasuk et al. (2011) e Macedo (2010) destacam que os dispositivos e

ferramentas relacionados às novas tecnologias de comunicação e informação

ampliam o alcance da educação por meio de formações a distância, eliminando

barreiras de tempo, deslocamento e linguagem. Cabe ressaltar que, para tanto,

esses aprendentes necessitam de acesso à tecnologia e um letramento digital

mínimo. Macedo e Ulbricht (2012) pontuam que alguns desenvolvedores

acreditam que tornar um conteúdo acessível seria simplesmente disponibilizá-

lo em formato textual, mas que o que diferencia um conteúdo acessível, na

verdade, é o fato de o aprendente com deficiência compreendê-lo da mesma

forma que aqueles que consomem o conteúdo da mídia original (tabela, vídeo,

imagem).

A disponibilização de textos digitais alternativos para imagens e gráficos, por

exemplo, possibilitam a utilização de aplicativos desenvolvidos para tradução

em áudio ou em libras. Como, os citados anteriormente, Handtalk e Rybená.

Macedo (2010) e Ferreira et al (2015) estabelecem algumas diretrizes para

acessibilização de conteúdos em diversos formatos observando os padrões

internacionais de objetos de aprendizagem IMS (Instructional Management

System) e SCORM (Sharable Content Object Reference Model), associados

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aos padrões de acessibilidade do W3CWC 1.06 e WCAG 2.07 e aos princípios

do design universal.

No quadro a seguir apresentamos algumas diretrizes ou critérios de

acessibilidade para desenvolvimento de conteúdos digitais.

Quadro 02: Critérios de acessibilidade em conteúdos digitais

DEFICIÊNCIA VISUAL

Texto como imagem (Descrever situações, expressões, pessoas objetos)

Transformação em páginas somente textual;

Linguagem;

Estrutura de texto;

Palavras, abreviaturas e expressões não visuais

Descrição sonora das palavras

Fundo de cor sólida e contrastante

Cores alteráveis

Imagem simplificada para impressão tátil

Imagem escalonável

Imagem em P&B

Alto contraste

Descrição completa equivalente

Texto alternativo

Áudio descritivo sincronizado com o vídeo

Transcrição textual do vídeo

Audiodescrição estendida.

DEFICIÊNCIA AUDITIVA

Áudio descritivo sincronizado com o vídeo (Sem áudio de fundo)

Transcrição textual do vídeo

Audiodescrição estendida.

Interpretação em linguagem de sinais

Legendas ou Caption para o som.

DEFICIÊNCIA DE DISPOSITIVOS DE ACESSO

Cores alteráveis

Imagem em P&B

Alto contraste

Descrição completa equivalente

Texto alternativo

Transcrição textual do vídeo

Áudio descrição estendida.

6 Web Content Accessibility Guidelines 1.0, disponível em: https://www.w3.org/TR/WCAG10/.

7 Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) 2.0, disponível em

https://www.w3.org/Translations/WCAG20-pt-PT/.

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Fonte: Adaptado de Macedo (2010) e Ferreira et al (2015)

Avaliação de acessibilidade

Todo o conteúdo digital desenvolvido deve passar por uma avaliação de

acessibilidade. As recomendações de avaliação estão presentes nas legilações

vigentes de acessibilidade na Web, mas também ferramentas de uso gratuito

para verificação de acessibilidade. Alguns exemplos: Acessibility Checker,

ferramenta integrada ao MS Office. Visicheck e o Color Oracle - plugins para

teste de cores e contraste em sites e imagens como plugins.

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PRESSUPOSTOS DE ACESSIBILIDADE NO SEBRAE

Ao abordar a temática acessibilidade normalmente nos reportamos à pessoa

com deficiência plena, mas, como citado anteriormente, acessibilidade se

refere à eliminação de barreiras acesso a pessoas com graus diferenciados de

deficiência ou alguma desabilidade.

Para efeito do presente referencial consideraremos acessibilidade a redução de

barreiras oferecendo condições às pessoas para exercerem sua cidadania e

obter participação social, com igualdade de oportunidades, garantindo de forma

segura e autônoma a sua mobilidade e acesso ao mundo do trabalho, aos

meios de comunicação e informação, educação, e outros serviços.

Premissa

A premissa da acessibilidade no Sebrae não é criar materiais específicos para

pessoas com deficiência, mas vislumbrar um processo educativo que possa ser

livremente acessado por todas as pessoas, respeitando as suas subjetividades.

Para tanto, é imprescindível que toda a equipe multidisciplinar envolvida no

processo de concepção de novos produtos e serviços de capacitação ou

aqueles que reutilizam materiais já produzidos sejam sensibilizados a pensar a

partir da ótica da criação de materiais didáticos e situações de aprendizagem

acessíveis ou adaptadas.

O SEBRAE se compromete a garantir atendimento e capacitação para os

potenciais empreendedores e empresários com deficiência em condições de

igualdade com as demais pessoas, observando na oferta de produtos, serviços

e informações, os aspectos citados na lei geral de acessibilidade, bem como as

normas técnicas e padrões internacionais.

Os aspectos do desenho universal deverão ser observados tanto nas ofertas

de produtos e serviços presenciais quanto virtuais. O foco de atendimento

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serão os deficientes visuais e auditivos, por representarem o maior percentual

de pessoas com deficiência no Brasil. As condições de acesso direcionadas a

esse público favorecem, ainda, aquelas pessoas com deficiência de dispositivo

de acesso.

Observa-se que, considerando a facilidade de acesso à informação por

pessoas com deficiência ou desabilidades por meio de tecnologias assistivas,

para o atendimento a esse público privilegiaremos a disponibilização de

materiais didáticos e informativos em formato digital (para acesso por meio de

dispositivo móvel), disponibilização de informações nos canais digitais do

Sebrae e capacitações na modalidade a distância.

Adaptações

Em função das naturezas de adaptações que podem alcançar aspectos físicos,

de mobilidade, edificações ou de comunicação e informação, as

recomendações serão organizadas com base em dinâmicas presenciais e

virtuais.

DINÂMICAS PRESENCIAIS

Acesso à instituição e à sala de aula

Presencialmente caberá ao Sebrae UF identificar a pessoa com deficiência ou

desabilidade e necessidade de adaptação no ato da inscrição e garantir o

acesso à instituição e sala de aula, por meio do desenho universal ou de

adaptações razoáveis em seu projeto arquitetônico e recursos, considerando

os aspectos apontados na Lei 13.146, bem como as orientações da ABNT,

NBR 9050.

Inclua-se no âmbito da sala de aula a presença de intérprete de Libras quando

for necessário à garantia do atendimento..

Acesso à informação, recursos de aprendizagem e objetos educacionais

Conteúdos utilizados nas situações presenciais deverão ser fornecidos pelas

unidades produtoras de conhecimento em seu formato original acompanhado

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por uma versão em formato acessível ou razoavelmente adaptado (formato

digital) para acesso por meio de tecnologias assistivas.

DINÂMICAS VIRTUAIS

Acesso à instituição (Portal)

Em situações virtuais é responsabilidade do gestor do portal do Sebrae (ou da

página inicial de acesso) oferecer condições de navegabilidade seguindo os

padrões nacionais e internacionais de acessibilidade na Web.

Acesso à sala de aula (LMS)

Da mesma forma, o acesso à sala de aula será de responsabilidade do gestor

da plataforma de LMS (Learning Management System), incluindo-se todos os

recursos de interação inerentes à plataforma ou ao Ambiente Virtual de

Aprendizagem oferecer condições de navegabilidade seguindo os padrões

internacionais de acessibilidade na Web.

Acesso à informação, recursos de aprendizagem e objetos educacionais

Os materiais didáticos e objetos de aprendizagem utilizados nas situações de

aprendizagem, presenciais e a distância, deverão ser fornecidos pelas

unidades produtoras de conhecimento em formato acessível ou em versão

razoavelmente adaptada para consumo por meio de tecnologias assistivas.

Todo o conteúdo disponibilizado pelas unidades produtoras de conhecimento

aos estados deve vir acompanhado de arquivo com o conteúdo em formato

acessível (Textos, apresentações, áudios, vídeos, formulários etc.);

Cada formato de conteúdo deverá sofrer adaptações conforme a

recomendação abaixo:

TEXTO:

Nas situações presenciais o SEBRAE Nacional deverá disponibilizar aos

Sebrae UF uma versão em formato digital.

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Os materiais textuais digitais devem possuir as seguintes características:

Fundo de cor sólida;

Cores alteráveis, perceptível sem cor;

Texto aberto adaptável a e-books, por exemplo;

Estrutura e formatação apropriadas para leitura por meio de tecnologias

assistivas (leitores de tela e aplicativos de tradução em Libras;

TABELA:

Os dados de tabelas deverão ser transformados em textos descritivos lineares

para facilitar a leitura por leitores de tela e aplicativos de tradução em libras,

observando os seguintes aspectos:

Identificação clara do título da tabela e itens abordados;

As tabelas complexas devem ser divididas em textos simples.

GRÁFICO

Gráficos de barra, de linha ou pizza devem seguir as mesmas recomendações

referentes às tabelas.

IMAGEM ESTÁTICA

Materiais que apresentarem imagens com intencionalidade didática deverão

ser fornecidos em formato digital observando as seguintes recomendações:

Descrição do conteúdo das imagens;

Legenda nas imagens ilustrativas;

Alto contraste;

Escalável (Até 200%);

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VÍDEOS

Vídeos produzidos para veiculação em meios de radiodifusão deverão

considerar os aspectos apontados pela Lei 13.146:

subtitulação por meio de legenda oculta;

janela com intérprete de Libras;

audiodescrição.

As mesmas recomendações devem ser seguidas para vídeos disponibilizados

em sala de aula, quando for identificada a inscrição de pessoas com

deficiência.

Vídeos disponibilizados nos diversos canais digitais do Sebrae (Portal, Youtube

etc.) deverão ser acompanhados de uma versão acessível.

Em caso vídeos utilizados em eventos virtuais ou quando não for viável a

disponibilização de vídeo com subtitulação por meio de legenda oculta, janela

com intérprete de Libras e audiodescrição, será acompanhado por resumo

textual adaptado, escrito em parágrafos, discurso direto e linear.

ÁUDIO

O conteúdo em áudio deverá ser acompanhado de versão textual para leitura

por meio de tecnologia assistiva.

HTML, XML, PHP ou demais linguagens de programação.

Desenvolvido conforme protocolos e diretrizes de acessibilidade na Web

adotadas internacionalmente e avaliado. Os recursos de acessibilidade

necessitarão ser sinalizados por meio de símbolos (ícones).

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Esse documento de referência descreve conceitos e critérios gerais de

acessibilidade, como ponto de partida para a oferta de produtos e serviços,

assim como a adaptação de ambientes.

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REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Norma de Acessibilidade a

Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos NBR 9050. 2015.

BRASIL. LEI No 13.146 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência

(Estatuto da Pessoa com Deficiência), 2016.

MACEDO, C.M.S. DE. Diretrizes para criação de objetos de aprendizagem

acessíveis, 2010. Universidade Federal de Santa Catarina.

SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e pequenas Empresas.

Referenciais Educacionais, 2015.

SEBRAE MS. Pesquisa: identificação do nível de empreendedorismo e

demanda por produtos e serviços do Sebrae em versão acessível, para

empresários e potenciais empresários portadores de necessidades especiais

do mato grosso do sul. 2015.

W3C Brasil. Cartilha de acessibilidade na Web. Fascículo 1, 2013.

USP, Universidade de São Paulo. Manual de Acessibilidade: Diretrizes de

acessibilidade física e digital em ambientes didáticos. São Carlos, 2014.