acessibilidade em produtos e serviÇos educacionais · nível superior com habilitação em...
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ACESSIBILIDADE EM
PRODUTOS E SERVIÇOS EDUCACIONAIS
Unidade de Capacitação Empresarial e Cultura Empreendedora
Brasília – DF
2016
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Empreendedora
Mirela Malvestiti
Coordenação Nacional e Revisão de Conteúdo
Edleide Epaminondas de Freitas Alves
Revisão Ortográfica -
Editoração Eletrônica –
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Sumário
APRESENTAÇÃO .............................................................................................. 4
ACESSIBILIDADE – LEGISLAÇÃO ................................................................... 5
Termos e definições........................................................................................ 5
Mobilidade ...................................................................................................... 7
Edificações de uso coletivo ............................................................................. 8
Pessoa com deficiência e o direito à educação .............................................. 8
Pessoa com deficiência e o direito ao trabalho ............................................... 9
Pessoa com deficiência e o acesso à comunicação e à informação ............ 10
ACESSIBILIDADE: CENÁRIO .......................................................................... 12
CONSTRUÇÃO DE CONTEÚDOS DIDÁTICOS ACESSÍVEIS ....................... 16
Tipos de deficiência ...................................................................................... 16
Exemplos de tecnologias assistivas ............................................................. 16
Barreiras de acesso ...................................................................................... 18
Texto: clareza e legibilidade ......................................................................... 19
Conteúdos impressos ................................................................................... 19
Conteúdos digitais ........................................................................................ 20
Avaliação de acessibilidade .......................................................................... 22
PRESSUPOSTOS DE ACESSIBILIDADE NO SEBRAE ................................. 23
Premissa ....................................................................................................... 23
Adaptações ................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 29
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APRESENTAÇÃO
Em seus Referenciais Educacionais o “Sebrae propõe-se a orientar sua visão
educacional com base em princípios que contemplem as múltiplas dimensões
do ser humano e que entendam a regularidade do processo formativo
construído a partir de experiências individuais e coletivas”. O Sebrae, assim,
se compromete a desenvolver o conteúdo de seus produtos e serviços em um
contexto no qual a empresa seja vista de forma global e sistêmica e não de
forma fragmentada por departamentos ou atividades específicos. Esse foco
favorece a identificação de ações individuais e coletivas dos colaborados e a
sinergia nas dinâmicas de trabalho realizadas nos diversos ambientes
(SEBRAE, 2015).
Esse documento de referência sobre acessibilidade objetiva complementar os
referenciais educacionais, com orientações específicas aos profissionais que
trabalham com educação no sistema – gerentes, consultores, técnicos,
prestadores de serviços e parceiros –, sobre adaptações na produção e
reutilização dos materiais didáticos, ferramentas e objetos educacionais com o
propósito de torná-los apropriados à utilização mediada por tecnologias
assistivas.
Tornar processo educacional acessível significa reduzir as barreiras que
impossibilitem ou limitem a formação de pessoas com deficiência ou
desabilidade. Essas barreiras compreendem questões como deslocamento,
acesso a ambientes educacionais, barreiras cognitivas relacionadas à
linguagem, deficiência de dispositivo de acesso entre outras.
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ACESSIBILIDADE – LEGISLAÇÃO
Em 06 de julho de 2015 foi sancionada a Lei de inclusão da pessoa com
deficiência de número 13.146, que no seu capítulo I, Art. 1°, dispõe que:
É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.
A Lei 13.146 substitui decretos anteriores, já que foi desenvolvida com base na
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
Facultativo, ratificados pelo Congresso Nacional por meio do Decreto
Legislativo n° 186 de 2008, promulgado pelo Decreto no 6.949, de 25 de
agosto de 2009.
Consideram-se pessoas com deficiência aqueles indivíduos que possuem
impedimento de longo prazo adicionado de alguma barreira, que impossibilitem
ou limitem sua participação, em igualdade de condições, de forma plena e
efetiva na sociedade. Esse impedimento pode ter natureza física, mental,
intelectual ou sensorial.
Determina a aplicação do desenho universal baseado em normas de
acessibilidade na concepção e implantação de projetos que tratem do meio
físico, de transporte, de informação e comunicação, bem como produtos e
serviços de uso público ou privado de uso coletivo, em zonas rurais e urbanas.
Termos e definições
O conceito de acessibilidade proposto pela NBR 9050:2004, item 3.1 da ABNT
– Associação Brasileira de Normas Técnicas é a “possibilidade e condição de
alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e
autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e
elementos.”
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A Lei 13.143, por sua vez, considera acessibilidade a garantia da pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida a “possibilidade e condição de alcance
para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários,
equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação,
inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e
instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo,
tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com
mobilidade reduzida”.
Para a melhor compreensão das diretrizes propostas no presente documento é
essencial que se esclareçam alguns conceitos relacionados ao contexto da
inclusão da Pessoa com Deficiência – PCD, relacionados aos aspectos
considerados no desenvolvimento de produtos e serviços de capacitação
acessíveis ou adaptados, descritos no Capítulo I, Art. 3° da Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência.
Quadro 01: Definições
Acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com deficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente pessoal;
Adaptações razoáveis: adaptações, modificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais;
Barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em:
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao
Comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações;
Desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva.
Pessoa com deficiência: aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas;
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público ou de uso coletivo;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação;
Pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso;
Tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social;
Fonte: Art. 3° da Lei 13.146.
Mobilidade
A mobilidade diz respeito ao deslocamento do indivíduo garantindo o convívio
social e o acesso a serviços. A lei 13.146 garante à pessoa com deficiência ou
com mobilidade reduzida, a mobilidade, por meio de identificação e de
eliminação de todos os obstáculos e barreiras aos espaços físicos e ao
transporte.
Compete ao poder público a garantia dos meios públicos de transporte coletivo
terrestre, aquaviário e aéreo, incluindo-se os veículos, os terminais, as
estações, os pontos de parada, o sistema viário e a prestação do serviço.
É determinado que 2% (dois por cento) das vagas de estacionamento próximas
aos acessos a edificações ou circulação de pedestres, em áreas de
estacionamento público ou privado de uso coletivo e nas vias públicas, devem
ser reservadas às pessoas com deficiência que tenham comprometimento de
mobilidade. Para o uso das vagas reservadas os veículos devem ser
identificados, em local de ampla visibilidade, com a credencial de beneficiário.
A credencial deve ser confeccionada e fornecida pelos órgãos de trânsito.
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Edificações de uso coletivo
Edificações públicas e privadas de uso coletivo devem garantir acessibilidade
em todas as suas dependências e serviços, observando as condições de
acesso e circulação no edifício. O processo de construção, adaptação e
sinalização deve seguir as normas vigentes de acessibilidade.
A NBR 9050:2015 da ABNT- Associação brasileira de Normas Técnicas tem
por objetivo estabelecer os parâmetros técnicos necessários em projetos de
construção, instalação e adaptação de edificações, incluindo mobiliário, para
garantia da acessibilidade. As observações técnicas consideram as diversas
condições de mobilidade e de percepção do ambiente com ou sem a utilização
de aparelhos acessórios como cadeiras de roda, bengalas etc. A norma
destaca que ambientes de acesso restrito, como casas de máquina ou
passagens de uso técnico não precisam ser acessíveis.
Pessoa com deficiência e o direito à educação
A Lei 13.146 de 2015 garante à pessoa com deficiência acesso à educação por
meio de sistema educacional inclusivo em qualquer nível de aprendizado, ao
longo da vida. Isso significa condições de acesso ao ensino formal escolar e
não escolar, na educação gradual ou na educação continuada. A pessoa com
deficiência deve alcançar o máximo de desenvolvimento possível, ampliar
competências e reconhecer seus talentos. Desenvolver habilidades físicas
sensoriais, intelectuais e sociais, conforme suas necessidades de
aprendizagem.
Estabelece a responsabilidade de todos os atores envolvidos no processo de
desenvolvimento da pessoa com deficiência, incluindo-se família, comunidade
escolar e sociedade, em pensar na acessibilidade como forma de garantir
educação de qualidade e um ambiente livre de violência, negligência e
discriminação.
É obrigação tanto do poder público quanto das instituições privadas assegurar,
criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar um sistema
educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, assim como o
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aprendizado ao longo da vida. Tais instituições devem buscar o aprimoramento
constante dos sistemas educacionais ofertando recursos de acessibilidade que
propiciem a plena inclusão, favorecendo o acesso, a permanência, a
participação e a aprendizagem.
As instituições de ensino devem adotar práticas pedagógicas inclusivas. Para
tanto, professores devem participar de programas de formação continuada
voltadas ao atendimento educacional especializado. Além da especialização de
docentes deverão ser disponibilizados tradutores e intérpretes de Libras, guias
intérpretes e profissionais de apoio.
A Lei garante e inexistência da cobrança de valores adicionais de qualquer
natureza em mensalidades, anuidades e matrículas quando da disponibilização
das garantias acima citadas.
Quanto à formação dos interpretes de Libras para atendimento à pessoa com
deficiência, a lei observa que aqueles que atuarem na educação básica
deverão possuir, como escolaridade mínima, o ensino médio completo
acrescido de uma certificação de proficiência em Libras. Já os que atuem em
cursos de graduação e pós-graduação necessitam de escolaridade mínima de
nível superior com habilitação em tradução e interpretação em Libras.
Os processos seletivos ou de acesso ao ensino superior, educação
profissional, tecnológica em instituições públicas ou privadas, devem prever
adaptações razoáveis em todas as suas etapas para que se tornem acessíveis
à Pessoa Com Deficiência.
Pessoa com deficiência e o direito ao trabalho
Com relação ao direito ao trabalho, em seu Capítulo VI, Art. 34 a lei assegura
à pessoa com deficiência livre escolha e aceitação, obrigando os
empregadores (pessoas jurídicas de direito público ou privado) a oferecer em
condições de igualdade de oportunidades (seleção, condições de trabalho e
remuneração) com as demais pessoas nas oportunidades de trabalho. Ao
realizar a contratação de uma pessoa com deficiência, empregadores deverão
disponibilizar um ambiente acessível e inclusivo. A Lei proíbe qualquer tipo de
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restrição ou discriminação, em todas as fases de seleção, na contratação de
pessoas com deficiência.
Aos empregadores cabe oferecer à pessoa com deficiência em caráter de
igualdade com as demais pessoas, a participação em cursos de capacitação,
educação continuada, planos de carreira, bonificações, incentivos. Dessa
forma, as orientações para desenvolvimento de soluções em educação
continuada no Sebrae também deverão seguir as diretrizes de acessibilidade.
Sobre as políticas públicas relacionadas ao trabalho a lei determina em seu Art.
35. como finalidade primordial a promoção e garantia de condições de acesso
e permanência da pessoa com deficiência no campo do trabalho. E reforça aos
programas de empreendedorismo, cooperativismo e associativismo o dever de
inclusão da pessoa com deficiência, garantindo inclusive acesso a
disponibilização de linhas de crédito sempre que houver necessidade. Dessa
forma, além das capacitações sobre as temáticas citadas, todas as orientações
de acesso às linhas de crédito deverão seguir as diretrizes de acessibilidades.
Pessoa com deficiência e o acesso à comunicação e à informação
As tecnologias assistivas propiciam a acessibilidade num sentido lato já que
permitem que pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida, ou
ainda, com alguma desabilidade, acessem com facilidade todos os recursos
disponibilizados no processo de aprendizagem.
Internet
O capítulo II, Art. 63, torna obrigatório a acessibilidade nos sítios da internet
mantidos por instituições públicas e privadas de forma a garantir o acesso a
todo conteúdo informativo disponibilizado conforme práticas e diretrizes de
acessibilidade adotadas internacionalmente.
Os recursos de acessibilidade devem ser sinalizados por meio de símbolos
(ícones). Todos os recursos tecnológicos disponibilizados em ambiente
presencial ou a distância devem ser acessíveis. Se houver uso de
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computadores ou quaisquer dispositivos, pelo menos 10% dos equipamentos
deverão conter recursos de acessibilidade.
Audiovisual
O artigo Art. 67. determina que os serviços de radiodifusão de sons e imagens
devem permitir o uso dos seguintes recursos, entre outros:
I - subtitulação por meio de legenda oculta;
II - janela com intérprete da Libras;
III - audiodescrição.
Essa recomendação deve ser prevista na produção audiovisual para veiculação
em mídia massiva realizadas com recursos próprios, licitações pra produção ou
em parceria com entidades públicas e privadas. Para os casos em que o
conteúdo é inserido em programas próprios de emissoras comerciais ou
públicas a responsabilidade pelas diretrizes de acessibilidade será da
instituição produtora.
Livros
O artigo Art. 68. versa sobre a adoção pelo poder público de mecanismos de
incentivo à produção, à edição, à difusão, à distribuição e à comercialização de
livros em formatos acessíveis. A Lei 13.146 determina que editais para a
produção de livros educativos prevejam diretrizes de acessibilidade e destaca
no Art. 68, parágrafo 2º que “consideram-se formatos acessíveis os arquivos
digitais que possam ser reconhecidos e acessados por softwares leitores de
telas ou outras tecnologias assistivas que vierem a substituí-los, permitindo
leitura com voz sintetizada, ampliação de caracteres, diferentes contrastes e
impressão em Braille”.
Eventos, oficinas, congressos
O Art. 70, aborda a realização de congressos, oficinas e demais eventos de
natureza científico-cultural, estabelecendo que as instituições promotoras
desses eventos devem garantir os recursos de tecnologia assistiva quando da
participação de pessoas com deficiência.
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ACESSIBILIDADE: CENÁRIO
Os dados do Censo 2010, do IBGE, apontam que 45.606.048 brasileiros
possuem algum tipo de deficiência. A classificação adota pelo IBGE aponta
para cada tipo de deficiência (auditiva, visual ou motora, excluindo-se a
mental/intelectual) o grau de impedimento na realização de ações da seguinte
forma “Não consegue de jeito algum”, “consegue com grande dificuldade”,
“consegue com alguma dificuldade”, “não possui a deficiência”. De acordo com
os dados apontados as deficiências com maior incidência no Brasil são a
deficiência visual e motora, conforme demonstra a tabela a seguir:
Tabela 1. Tabela 01: IBGE: Indivíduos com algum tipo de deficiência
Tipo de deficiência Brasil
Deficiência auditiva severa 2.143.173 Deficiência intelectual 2.611.536 Deficiência visual severa 6.562.910 Deficiência motora severa 4.433.350 Pelo menos uma deficiência severa 12.748.663
Fonte: Censo 2010, IBGE
Quanto à escolaridade verifica-se que 24,4% da população com deficiência,
seja qual for o graus, possuem ensino médio, no mínimo, e o percentual de
pessoas com deficiência sem instrução ou apenas com ensino fundamental
completo é de 61%.
O Censo aponta, ainda, que 41,1% das pessoas com algum grau de deficiência
no Brasil não estavam economicamente ativas em 2010. Esse dado aponta um
público de potenciais empreendedores e empresários a ser capacitado.
As pesquisas sobre empreendedorismo e pessoas com deficiência são
escassas, por esse motivo apontaremos os dados de um levantamento
realizado pelo Sebrae Mato Grosso do Sul para contextualizar o cenário sobre
o público e suas principais necessidades. A pesquisa intitulada Identificação do
nível de empreendedorismo e demanda por produtos e serviços do Sebrae em
versão acessível para portadores de necessidades especiais do Sebrae/MS, é
do tipo qualitativa e foi realizada por levantamento amostral, com pessoas com
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deficiência localizadas em Campo Grande – MS, presencialmente, por meio de
questionário estruturado, contendo perguntas abertas e fechadas.
A pesquisa foi estruturada com base em três cenários: Cenário um, com 100
pessoas com deficiência entrevistadas; cenário dois, com 89 pessoas que não
tinham impedimento de trabalhar pela sua deficiência; Cenário 3, com 67
pessoas com deficiência entrevistadas, que têm algum negócio próprio ou tem
intenção de abrir um negócio próprio. Utilizou como pressupostos para análise
do resultado a quantidade de entrevistas realizadas e a estrutura das
pesquisas realizadas a saber: Perfil Socioeconômico; Perfil Profissional; Nível
de Empreendedorismo; Capacitações Relacionadas à Área do Negócio; Nível
de Conhecimento e Avaliação do Sebrae.
Verificou-se que quanto ao perfil da pessoa com deficiência, a maioria são
homens (66%), adultos, com faixa etária média entre 37 e 42 anos e
escolaridade elevada (ensino médio completo ou superior incompleto). Quanto
à ocupação, 93% têm renda própria, com média de um salário mínimo. A renda
familiar, em sua maioria, varia de um a cinco salários mínimos. Quanto ao tipo
de deficiência, 35% possuem deficiência visual, 31% motora, 25% auditiva e
9% intelectual. Destaca-se que 11% dos entrevistados são impedidos de
trabalhar por conta da deficiência, sendo que os auditivos são menos afetados,
pois para 45% dos casos, a deficiência não interfere em sua capacidade
laborativa.
Em relação ao nível de empreendedorismo, entre os portadores de deficiências
aptos ao trabalho, 34,8% são ou já foram empreendedores em alguma
oportunidade. O indicador alcança 44,8% entre deficientes visuais, 44,4% entre
aqueles com deficiência motora e 20% entre os auditivos. Dentre aqueles que
são empresários atualmente a maioria possuem limitações motoras. Os
negócios estão distribuídos basicamente nos setores de serviços e comércio,
com atividades variadas. A maioria, está no mercado há mais de 5 anos, mas
apenas 53,8% são formalizados. Aqueles que já empreenderam, tiveram
atividades com duração inferior a 5 anos. Dos entrevistados que encerraram ou
venderam suas empresas, em 30% dos casos o motivo foi algum problema
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direta ou indiretamente relacionado à gestão. Esses entrevistados se
mostraram potenciais empresários, pois 78% pretendem voltar a empreender.
Entre aqueles entrevistados que tem negócio próprio e os que nunca tiveram,
apurou-se que 67% são potenciais clientes do Sebrae. Esse segmento é em
sua maioria formado por homens entre 30 e 49 anos, com ensino médio
completo ou superior incompleto com predominância das deficiências motora e
visual. Os menores níveis de empreendedorismo foram apontados entre os
deficientes auditivos e intelectuais.
A pesquisa aponta que os potenciais empreendedores investem na própria
formação, sendo que 52% já realizou algum tipo de capacitação. No entanto,
não foram atendidos pelo Sebrae, mas por instituições especializadas em
atendimento aos portadores de deficiência.
Entre os que nunca fizeram qualquer tipo de capacitação, 25% alegam a falta
de acessibilidade em algum ponto (meios de transporte, acesso ao local e
material didático acessível a sua deficiência). Já 9% disseram desconhecer
como encontrar tais capacitações. A maioria desses potenciais empresários
atribui à deficiência a maior dificuldade de conduzir um negócio próprio. Além
da deficiência foram apontados outros quesitos tais como: falta de capacitação
(35%), falta de capital - seja para giro, linhas de financiamento direcionadas a
portadores de deficiência (30%), burocracia e elevada carga tributária (26%).
Esse público também aponta o preconceito sofrido por conta de suas
limitações. Os temas de capacitação mais apontados como sendo de interesse
desse público foram: administração financeira, contábil, economia,
empreendedorismo, gerenciamento e gestão, gestão de vendas, gestão
comercial, industrial e pública, liderança, logística e marketing.
A pesquisa apontou que os serviços do Sebrae são pouco conhecidos para
esse público, mas que a imagem da instituição é positiva.
Apesar de apontar uma realidade local, a pesquisa nos ajuda a contextualizar
um cenário de empresários de pequenos negócios e potenciais
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empreendedores a serem atendidos pelo Sebrae em todas as regiões do
Brasil.
O papel do empreendedorismo na inclusão social da pessoa com deficiência,
para além do desenvolvimento das competências empreendedoras e de
gestão, é o de elevar a sua autoestima e a sua autoconfiança. Primeiramente
resgatando sua capacidade de sonhar e posteriormente tornando-o
protagonista no seu processo de realização pessoal, na busca pela
sustentabilidade e independência financeira e na contribuição ativa para a
economia do país.
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CONSTRUÇÃO DE CONTEÚDOS DIDÁTICOS ACESSÍVEIS
Tipos de deficiência
Para construir um conteúdo didático acessível faz-se necessário reconhecer as
necessidades de adaptação aos diversos formatos (texto, áudio, vídeo, imagem
estática, imagem em movimento etc.) de acordo com o tipo de deficiência.
Nesse referencial abordaremos aspectos de acessibilidade relacionados às
seguintes deficiências:
Deficiência visual: Nesse grupo são considerados os cegos, pessoas com
baixa visão e daltônicos1.
Deficiência auditiva: Nesse grupo encontramos os surdos e pessoas com
deficiência de fala e de idiomas (alguns surdos não compreendem a língua
portuguesa, ou seja, a sua primeira língua é a Linguagem Brasileira de Sinais -
LIBRAS).
Deficiência de dispositivos de acesso: Consideram-se as dificuldades com o
uso de teclados alternativos ou mouses, comando de voz, conexão muito lenta,
mãos e olhos ocupados, sistemas operacionais e browsers pouco utilizados,
telas pequenas entre outros.
Exemplos de tecnologias assistivas
Complementando o disposto na Lei 13.146, a seguir citamos alguns exemplos
de tecnologias assistivas:
1 Daltonismo é a dificuldade de perceber as cores. Também é conhecido como acromatopsia e
defeitos da sensibilidade cromática. O daltônico pode enxergar as imagens de forma
monocromática, confundir cores análogas ou até mesmo trocar a cor pela sua complementar
no círculo cromático. Fonte: <http://www.daltonicos.com.br/>, Acesso em Julho de 2016.
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Leitores de Tela: software que decodifica o texto que está na tela do
microcomputador e o transforma em voz por meio de um sintetizador ou um
display em Braile lido por meio de um dispositivo onde os pontos são
salientados ou rebaixados para permitir a leitura. Alguns exemplos são: Jaws2,
NVDA e o DOSVOX.
Navegador Textual: navegador que utiliza texto no lugar de uma interface
gráfica é um navegador baseado em texto, diferente dos navegadores com
interface gráfica. Utilizado por pessoas cegas. Um exemplo é Lynx3.
Navegador com voz: sistema comumente utilizado em dispositivos móveis,
mas também disponível em sistemas operacionais para desktop que permite a
navegação orientada pela voz.
Tradutores de textos digitais: aplicativos desenvolvidos com o objetivo de
traduzir textos digitais em Libras e áudio. A tradução em libras é realizada por
baseados em animações com expressões humanas, desenvolvidas com base
no mapeamento das expressões da linguagem de sinais. Utilizados em portais
na Web, dispositivos móveis, caixas eletrônicos. Exemplos são o Handtalk4 e a
Rybená5.
2 Jaws. Software capaz de ler alto o que esta aparecendo na tela do PC. Permite o acesso
eficaz aos aplicativos do PC através de voz e Braille.
3 Lynx. Criado pela Universidade de Kansas. É capaz de exibir texto apenas, substituindo a
interface gráfica.
4 Solução digital para Web e dispositivos móveis que realiza tradução digital e automática para
Língua de Sinais, utilizada pela comunidade surda, por meio de um personagem ilustrado (Hugo). Disponível em: www.handtalk.me
5 Solução que realiza a tradução textos do português para LIBRAS e converte português escrito
para voz falada no Brasil, oferecendo às pessoas com deficiência leitura dos textos na Web.
Disponível em: http://www.rybena.com.br/site-rybena/
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Barreiras de acesso
As barreiras encontradas por pessoas com deficiência ou desabilidades para
acesso aos produtos e serviços educacionais devem ser consideradas em três
níveis:
1. Acesso à instituição
O acesso à instituição se refere ao deslocamento da pessoa com deficiência ou
desabilidade até as instalações da instituição e à circulação nesse ambiente
(acesso a espaços internos, banheiros, bebedouros, lanchonetes etc).
Virtualmente acesso é feito via portal da instituição ou páginas específicas de
produtos, serviços, entre outros canais digitais. Considera-se também a sua
navegação nesse ambiente.
2. Acesso à sala de aula
Presencialmente, o acesso à sala de aula se refere ao deslocamento da
pessoa com deficiência ou desabilidade no ambiente físico interno de sala de
aula, e aos recursos tecnológicos disponíveis.
Virtualmente, se refere ao acesso à plataforma de Learning Management
System – LMS e a todos os recursos e dinâmicas presentes no Ambiente
Virtual de Aprendizagem (Interlocução com o tutor ou palestrante nas
dinâmicas didático-pedagógicas;Fóruns; Chats; Tutoria; entre outros).
1. Acesso à instituição
2. Acesso à sala de aula
3. Acesso à informação, recursos de aprendizagem e objetos educacionais.
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3. Acesso à informação, recursos de aprendizagem e objetos educacionais
Refere-se aos conteúdos disponibilizados tanto em situações presenciais
quanto virtuais em diversos formatos: áudio, vídeo, imagem, texto etc.
Texto: clareza e legibilidade
Ao desenvolver os materiais didáticos os conteudistas deverão garantir a
clareza e legibilidade do texto. A legibilidade tem relação com a forma e com o
conteúdo da informação. O primeiro passo para tornar um material didático
acessível é cuidar para que o maior número de pessoas possa compreender o
conteúdo que está sendo desenvolvido. Para tanto, devem-se observar os
seguintes aspectos gerais:
a) Tipografia: Deve-se observar o tamanho, e tipo de fonte utilizada nos
materiais. Disponibilizar uma versão em texto ampliado e impresso para
atendimento de pessoas com baixa visão. Nos materiais online, optar
por fontes facilmente reconhecidas pelos leitores de voz.
b) Contraste de cores (figura e fundo): Utilizar contraste para garantir a
leitura por pessoas que possuem baixa visão e evitar identificar itens ou
conceitos somente por cores, para evitar dificuldades por parte de
daltônicos.
c) Linguagem (terminologias): Jargões, palavras estrangeiras, Siglas,
devem ser acompanhadas de texto explicativo, no caso de materiais
impressos, e por descrições reconhecidas pelas tecnologias acessíveis
(leitores de tela).
Conteúdos impressos
Destacamos no quadro a seguir alguns critérios de acessibilidade na produção
de materiais impressos relacionados a cada tipo de deficiência:
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Quadro 01: Critérios de acessibilidade em conteúdos impressos
DEFICIÊNCIA VISUAL
Disponibilização do material em Braile.
Disponibilização do conteúdo acessível em formato digital para acesso por meio de tecnologias assitivas.
DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Se a pessoa com deficiência for alfabetizada em língua portuguesa não haverá necessidade de adaptação.
Na ausência de alfabetização em língua portuguesa deverá haver acompanhamento da leitura por um intérprete de libras ou disponibilização do conteúdo acessível em formato digital para acesso por meio de tecnologias assitivas.
DEFICIÊNCIA DE DISPOSITIVOS DE ACESSO
Disponibilização do conteúdo acessível em formato digital para acesso por meio de tecnologias assitivas.
Conteúdos digitais
Luephattanasuk et al. (2011) e Macedo (2010) destacam que os dispositivos e
ferramentas relacionados às novas tecnologias de comunicação e informação
ampliam o alcance da educação por meio de formações a distância, eliminando
barreiras de tempo, deslocamento e linguagem. Cabe ressaltar que, para tanto,
esses aprendentes necessitam de acesso à tecnologia e um letramento digital
mínimo. Macedo e Ulbricht (2012) pontuam que alguns desenvolvedores
acreditam que tornar um conteúdo acessível seria simplesmente disponibilizá-
lo em formato textual, mas que o que diferencia um conteúdo acessível, na
verdade, é o fato de o aprendente com deficiência compreendê-lo da mesma
forma que aqueles que consomem o conteúdo da mídia original (tabela, vídeo,
imagem).
A disponibilização de textos digitais alternativos para imagens e gráficos, por
exemplo, possibilitam a utilização de aplicativos desenvolvidos para tradução
em áudio ou em libras. Como, os citados anteriormente, Handtalk e Rybená.
Macedo (2010) e Ferreira et al (2015) estabelecem algumas diretrizes para
acessibilização de conteúdos em diversos formatos observando os padrões
internacionais de objetos de aprendizagem IMS (Instructional Management
System) e SCORM (Sharable Content Object Reference Model), associados
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aos padrões de acessibilidade do W3CWC 1.06 e WCAG 2.07 e aos princípios
do design universal.
No quadro a seguir apresentamos algumas diretrizes ou critérios de
acessibilidade para desenvolvimento de conteúdos digitais.
Quadro 02: Critérios de acessibilidade em conteúdos digitais
DEFICIÊNCIA VISUAL
Texto como imagem (Descrever situações, expressões, pessoas objetos)
Transformação em páginas somente textual;
Linguagem;
Estrutura de texto;
Palavras, abreviaturas e expressões não visuais
Descrição sonora das palavras
Fundo de cor sólida e contrastante
Cores alteráveis
Imagem simplificada para impressão tátil
Imagem escalonável
Imagem em P&B
Alto contraste
Descrição completa equivalente
Texto alternativo
Áudio descritivo sincronizado com o vídeo
Transcrição textual do vídeo
Audiodescrição estendida.
DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Áudio descritivo sincronizado com o vídeo (Sem áudio de fundo)
Transcrição textual do vídeo
Audiodescrição estendida.
Interpretação em linguagem de sinais
Legendas ou Caption para o som.
DEFICIÊNCIA DE DISPOSITIVOS DE ACESSO
Cores alteráveis
Imagem em P&B
Alto contraste
Descrição completa equivalente
Texto alternativo
Transcrição textual do vídeo
Áudio descrição estendida.
6 Web Content Accessibility Guidelines 1.0, disponível em: https://www.w3.org/TR/WCAG10/.
7 Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) 2.0, disponível em
https://www.w3.org/Translations/WCAG20-pt-PT/.
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Fonte: Adaptado de Macedo (2010) e Ferreira et al (2015)
Avaliação de acessibilidade
Todo o conteúdo digital desenvolvido deve passar por uma avaliação de
acessibilidade. As recomendações de avaliação estão presentes nas legilações
vigentes de acessibilidade na Web, mas também ferramentas de uso gratuito
para verificação de acessibilidade. Alguns exemplos: Acessibility Checker,
ferramenta integrada ao MS Office. Visicheck e o Color Oracle - plugins para
teste de cores e contraste em sites e imagens como plugins.
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PRESSUPOSTOS DE ACESSIBILIDADE NO SEBRAE
Ao abordar a temática acessibilidade normalmente nos reportamos à pessoa
com deficiência plena, mas, como citado anteriormente, acessibilidade se
refere à eliminação de barreiras acesso a pessoas com graus diferenciados de
deficiência ou alguma desabilidade.
Para efeito do presente referencial consideraremos acessibilidade a redução de
barreiras oferecendo condições às pessoas para exercerem sua cidadania e
obter participação social, com igualdade de oportunidades, garantindo de forma
segura e autônoma a sua mobilidade e acesso ao mundo do trabalho, aos
meios de comunicação e informação, educação, e outros serviços.
Premissa
A premissa da acessibilidade no Sebrae não é criar materiais específicos para
pessoas com deficiência, mas vislumbrar um processo educativo que possa ser
livremente acessado por todas as pessoas, respeitando as suas subjetividades.
Para tanto, é imprescindível que toda a equipe multidisciplinar envolvida no
processo de concepção de novos produtos e serviços de capacitação ou
aqueles que reutilizam materiais já produzidos sejam sensibilizados a pensar a
partir da ótica da criação de materiais didáticos e situações de aprendizagem
acessíveis ou adaptadas.
O SEBRAE se compromete a garantir atendimento e capacitação para os
potenciais empreendedores e empresários com deficiência em condições de
igualdade com as demais pessoas, observando na oferta de produtos, serviços
e informações, os aspectos citados na lei geral de acessibilidade, bem como as
normas técnicas e padrões internacionais.
Os aspectos do desenho universal deverão ser observados tanto nas ofertas
de produtos e serviços presenciais quanto virtuais. O foco de atendimento
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serão os deficientes visuais e auditivos, por representarem o maior percentual
de pessoas com deficiência no Brasil. As condições de acesso direcionadas a
esse público favorecem, ainda, aquelas pessoas com deficiência de dispositivo
de acesso.
Observa-se que, considerando a facilidade de acesso à informação por
pessoas com deficiência ou desabilidades por meio de tecnologias assistivas,
para o atendimento a esse público privilegiaremos a disponibilização de
materiais didáticos e informativos em formato digital (para acesso por meio de
dispositivo móvel), disponibilização de informações nos canais digitais do
Sebrae e capacitações na modalidade a distância.
Adaptações
Em função das naturezas de adaptações que podem alcançar aspectos físicos,
de mobilidade, edificações ou de comunicação e informação, as
recomendações serão organizadas com base em dinâmicas presenciais e
virtuais.
DINÂMICAS PRESENCIAIS
Acesso à instituição e à sala de aula
Presencialmente caberá ao Sebrae UF identificar a pessoa com deficiência ou
desabilidade e necessidade de adaptação no ato da inscrição e garantir o
acesso à instituição e sala de aula, por meio do desenho universal ou de
adaptações razoáveis em seu projeto arquitetônico e recursos, considerando
os aspectos apontados na Lei 13.146, bem como as orientações da ABNT,
NBR 9050.
Inclua-se no âmbito da sala de aula a presença de intérprete de Libras quando
for necessário à garantia do atendimento..
Acesso à informação, recursos de aprendizagem e objetos educacionais
Conteúdos utilizados nas situações presenciais deverão ser fornecidos pelas
unidades produtoras de conhecimento em seu formato original acompanhado
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por uma versão em formato acessível ou razoavelmente adaptado (formato
digital) para acesso por meio de tecnologias assistivas.
DINÂMICAS VIRTUAIS
Acesso à instituição (Portal)
Em situações virtuais é responsabilidade do gestor do portal do Sebrae (ou da
página inicial de acesso) oferecer condições de navegabilidade seguindo os
padrões nacionais e internacionais de acessibilidade na Web.
Acesso à sala de aula (LMS)
Da mesma forma, o acesso à sala de aula será de responsabilidade do gestor
da plataforma de LMS (Learning Management System), incluindo-se todos os
recursos de interação inerentes à plataforma ou ao Ambiente Virtual de
Aprendizagem oferecer condições de navegabilidade seguindo os padrões
internacionais de acessibilidade na Web.
Acesso à informação, recursos de aprendizagem e objetos educacionais
Os materiais didáticos e objetos de aprendizagem utilizados nas situações de
aprendizagem, presenciais e a distância, deverão ser fornecidos pelas
unidades produtoras de conhecimento em formato acessível ou em versão
razoavelmente adaptada para consumo por meio de tecnologias assistivas.
Todo o conteúdo disponibilizado pelas unidades produtoras de conhecimento
aos estados deve vir acompanhado de arquivo com o conteúdo em formato
acessível (Textos, apresentações, áudios, vídeos, formulários etc.);
Cada formato de conteúdo deverá sofrer adaptações conforme a
recomendação abaixo:
TEXTO:
Nas situações presenciais o SEBRAE Nacional deverá disponibilizar aos
Sebrae UF uma versão em formato digital.
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Os materiais textuais digitais devem possuir as seguintes características:
Fundo de cor sólida;
Cores alteráveis, perceptível sem cor;
Texto aberto adaptável a e-books, por exemplo;
Estrutura e formatação apropriadas para leitura por meio de tecnologias
assistivas (leitores de tela e aplicativos de tradução em Libras;
TABELA:
Os dados de tabelas deverão ser transformados em textos descritivos lineares
para facilitar a leitura por leitores de tela e aplicativos de tradução em libras,
observando os seguintes aspectos:
Identificação clara do título da tabela e itens abordados;
As tabelas complexas devem ser divididas em textos simples.
GRÁFICO
Gráficos de barra, de linha ou pizza devem seguir as mesmas recomendações
referentes às tabelas.
IMAGEM ESTÁTICA
Materiais que apresentarem imagens com intencionalidade didática deverão
ser fornecidos em formato digital observando as seguintes recomendações:
Descrição do conteúdo das imagens;
Legenda nas imagens ilustrativas;
Alto contraste;
Escalável (Até 200%);
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VÍDEOS
Vídeos produzidos para veiculação em meios de radiodifusão deverão
considerar os aspectos apontados pela Lei 13.146:
subtitulação por meio de legenda oculta;
janela com intérprete de Libras;
audiodescrição.
As mesmas recomendações devem ser seguidas para vídeos disponibilizados
em sala de aula, quando for identificada a inscrição de pessoas com
deficiência.
Vídeos disponibilizados nos diversos canais digitais do Sebrae (Portal, Youtube
etc.) deverão ser acompanhados de uma versão acessível.
Em caso vídeos utilizados em eventos virtuais ou quando não for viável a
disponibilização de vídeo com subtitulação por meio de legenda oculta, janela
com intérprete de Libras e audiodescrição, será acompanhado por resumo
textual adaptado, escrito em parágrafos, discurso direto e linear.
ÁUDIO
O conteúdo em áudio deverá ser acompanhado de versão textual para leitura
por meio de tecnologia assistiva.
HTML, XML, PHP ou demais linguagens de programação.
Desenvolvido conforme protocolos e diretrizes de acessibilidade na Web
adotadas internacionalmente e avaliado. Os recursos de acessibilidade
necessitarão ser sinalizados por meio de símbolos (ícones).
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Esse documento de referência descreve conceitos e critérios gerais de
acessibilidade, como ponto de partida para a oferta de produtos e serviços,
assim como a adaptação de ambientes.
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REFERÊNCIAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Norma de Acessibilidade a
Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos NBR 9050. 2015.
BRASIL. LEI No 13.146 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência), 2016.
MACEDO, C.M.S. DE. Diretrizes para criação de objetos de aprendizagem
acessíveis, 2010. Universidade Federal de Santa Catarina.
SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e pequenas Empresas.
Referenciais Educacionais, 2015.
SEBRAE MS. Pesquisa: identificação do nível de empreendedorismo e
demanda por produtos e serviços do Sebrae em versão acessível, para
empresários e potenciais empresários portadores de necessidades especiais
do mato grosso do sul. 2015.
W3C Brasil. Cartilha de acessibilidade na Web. Fascículo 1, 2013.
USP, Universidade de São Paulo. Manual de Acessibilidade: Diretrizes de
acessibilidade física e digital em ambientes didáticos. São Carlos, 2014.