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Libras

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Apresentação

Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Fazer é demonstrar o que você

sabe. Ensinar é lembrar os outros que eles sabem tanto quanto você. Somos,

todos, aprendizes, fazedores, professores. Richard Bach.

O que é aprender? O que é ensinar? Qual a relação entre ensino e aprendizagem? São esses os principais questionamentos presentes nesta matéria.

Queridos alunos: vamos dar início a uma disciplina muito importante para quem

já é professor, porque lhe dá oportunidade de refletir sobre a sua prática

pedagógica e para o que ainda não o é, de entrar em contato com um campo da

ciência discriminado (que é o campo das ciências humanas) pelos que adentram

nas áreas experimentais laboratoriais, mas que nos permite um conhecimento

das teorias que regem o ensino e a aprendizagem.

Um professor que desconhece os saberes fundamentais que cercam os princípios

da aprendizagem, como poderá oferecer um ensino que dê oportunidades de

construção e produção do conhecimento de uma maneira metódica, crítica,

científica e ética?

Começaremos o estudo sobre a Didática, registrando que ela sempre existiu na

história da humanidade porque o homem sempre ensinou e aprendeu. No

entanto, a escola como uma instituição para todos só foi instituída socialmente,

como forma de transmitir o legado cultural construído pela humanidade, somente

há pouco mais de duzentos anos.

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1. COMUNICAÇÃO GESTUAL

Existem várias formas de

comunicação gestual: Português

sinalizado; Libras; mímica; pantomima,

alfabeto manual, comunicação total,

bilinguismo e outros.

2. UNIVERSALIDADE

Ao contrário do que muitos

pensam, a língua de sinais não é

universal, nem mesmo a nível nacional

existe uma padronização, inda mais em

um país de grandes dimensões como o

nosso. Em uma cidade como São Paulo

podemos observar até certos "bairrismos".

Grupos de surdos possuem sinais

diferentes para uma mesma situação.

3. LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA

DE SINAIS

LIBRAS, ou Língua Brasileira de

Sinais, é a língua materna dossurdos

brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa

interessada pela comunicação com essa

comunidade. Como língua, esta é

composta de todos os componentes

pertinentes às línguas orais, como

gramática semântica, pragmática sintaxe

e outros elementos, preenchendo, assim,

os requisitos científicos para ser

considerada instrumental linguístico de

poder e força. Possui todos os elementos

classificatórios identificáveis de uma

língua e demanda de prática para seu

aprendizado, como qualquer outra língua.

Foi na década de 60 que as línguas de

sinais foram estudadas e analisadas,

passando então a ocupar um status de

língua.

É uma língua viva e autônoma,

reconhecida pela linguística. Pesquisas

com filhos surdos de pais surdos

estabelecem que a aquisição precoce da

Língua de Sinais dentro do lar é um

benefício e que esta aquisição contribui

para o aprendizado da língua oral como

Segunda língua para os surdos.

Os estudos em indivíduos surdos

demonstram que a Língua de Sinais

apresenta uma organização neural

semelhante à língua oral, ou seja, que

esta se organiza no cérebro da mesma

maneira que as línguas faladas. A Língua

de Sinais apresenta, por ser uma língua,

um período crítico precoce para sua

aquisição, considerando-se que a forma

de comunicação natural é aquela para o

qual o sujeito está mais bem preparado,

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levando-se em conta a noção de conforto

estabelecido diante de qualquer tipo de

aquisição na tenra idade.

LEI Nº 10.436, de 24 de abril de

2002.

Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais

- Libras e dá outras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso

Nacional decreta e eu sanciono a seguinte

Lei:

Art. 1o É reconhecida como meio

legal de comunicação e expressão a Língua

Brasileira de Sinais - Libras e outros

recursos de expressão a ela associados.

Parágrafo único. Entende-se como Língua

Brasileira de Sinais - Libras a forma de

comunicação e expressão, em que o sistema

linguístico de natureza visual-motora, com

estrutura gramatical própria, constituem

um sistema linguístico de transmissão de

ideias e fatos, oriundos de comunidades de

pessoas surdas do Brasil.

Art. 2o Deve ser garantido, por

parte do poder público em geral e

empresas concessionárias de serviços

públicos, formas institucionalizadas de

apoiar o uso e difusão da Língua

Brasileira de Sinais - Libras como meio de

comunicação objetiva e de utilização

corrente das comunidades surdas do

Brasil.

Art. 3o As instituições públicas e

empresas concessionárias de serviços

públicos de assistência à saúde devem

garantir atendimento e tratamento

adequado aos portadores de deficiência

auditiva, de acordo com as normas legais

em vigor.

Art. 4o O sistema educacional

federal e os sistemas educacionais

estaduais, municipais e do Distrito Federal

devem garantir a inclusão nos cursos de

formação de Educação Especial, de

Fonoaudiologia e de Magistério, em seus

níveis médio e superior, do ensino da

Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros

Curriculares Nacionais - PCNs, conforme

legislação vigente. Parágrafo único. A

Língua Brasileira de Sinais - Libras não

poderá substituir a modalidade escrita da

língua portuguesa.

Art. 5o Esta Lei entra em vigor na

data de sua publicação.

Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da

Independência e 114o da República.

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FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

4. CONSELHOS ÚTEIS NO

APRENDIZADO E USO DA LIBRAS

Estude o material recebido, sempre que

possível, com a presença deu ma pessoa

surda. O estudo em grupo poderá facilitar o

aprendizado, bem como o estímulo

individual. Para que um sinal seja produzido

corretamente, é necessário observar:

configuração de mão, ponto de

articulação, movimento e expressão.

Focalize o rosto do usuário da LIBRAS, não

as mãos. Como usuário da LIBRAS, você

aprenderá a ampliar seu campo visual. Caso não encontre um sinal para uma

determinada palavra, lembre-se deque

somente a comunidade surda poderá

criá-lo. Certifique-se de que haja claridade

suficiente no momento da conversa em

LIBRAS. Não tenha receio de sinalizar e errar. O

erro faz parte do processo de

aprendizagem. Pode ser que em sua

cidade, devido ao regionalismo, os surdos

sutilizem alguns sinais diferentes para a

mesma palavra. Caso isto ocorra, busque

conhecê-los também com o próprio surdo.

Nem sempre você encontrará um sinal que

signifique exatamente apalavra que deseja

empregar. Caso isso ocorra, procure um

sinal que mais se aproxime. EX.:

CONFECCIONAR (FAZER - sinal em

LIBRAS). Os termos técnicos, possivelmente, não

terão sinais específicos que os represente

exatamente. Portanto, é recomendável

digitá-lo para os urdo e tentar "interpretá-

lo", até que ele, entendendo o contexto, crie

o sinal correspondente. Informe aos surdos sobre o que acontece

ao seu redor. Procure dar ao surdo o máximo de

informações visuais. Ex.: campainha

luminosa para início e término de qualquer

atividade. Se você quiser chamar a atenção de um

surdo, procure tocá-lo no ombrose estiver

próximo, ou acene com os braços se estiver

distante.

O contato com a comunidade surda

é fundamental nesse processo de

aprendizado da língua, pois além do

grande exercício que se pode fazer,

é uma preciosa oportunidade de se

conhecer também a cultura dessa

comunidade.

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5. EXEMPLOS DE SINAIS

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6. ALFABETO DE LIBRAS

7. ALFABETO NUMÉRICO DE

LIBRAS

8. OS CINCO PARÂMETROS:

1. Configuração das Mãos

1. Pontos de Articulação

1. Orientação

1. Movimento

1. Expressão Facial e/ou corporal

2. SINAIS

Os sinais são formados a partir da

combinação do movimento das mãos com

um determinado formato em um

determinado lugar, podendo este lugar

ser uma parte do corpo ou um espaço em

frente ao corpo. Estas articulações das

mãos, que podem ser comparadas aos

fonemas e às vezes aos morfemas, são

chamadas de parâmetros.

Nas línguas de sinais podem ser

encontrados os seguintes parâmetros:

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São formas das mãos, que podem

ser da datilologia (alfabeto manual) ou

outras formas feitas pela mão

predominante (mão direita para os

destros), ou pelas duas mãos do emissor ou sinalizador. Os sinais APRENDER,

LARANJA e ADORAR t em a mesma

configuração de mão.

Mãos “S” Aprender Laranja

Aprender

1. CM: “C” e “S”

2. PA: Testa

3. M: Abrir e Fechar

Laranja

4. CM: “C” e “S”

5. PA: Frente à boca

6. M: Abrir e Fechar

CM: Configuração de mãos

PA:Pontos de Articulação

M: Movimentos

3. PPONTO DE ARTICULAÇÃO

É o lugar onde incide a mão

predominante configurada, podendo esta

tocar alguma parte do corpo ou estar em

um espaço neutro vertical (do meio do

corpo até à cabeça) e horizontal (à frente do emissor). Os sinais TRABALHAR,

BRINCAR, CONSER TAR é feitos no

espaço neutro e os sinais ESQUECER,

APRENDER e PENSA R são feitos na

testa.

4. MOVIMENTO

Os sinais podem ter um movimento

ou não. Os sinais citados acima tem

movimento, com exceção de PENSAR que,

como os sinais AJOELHAR, EM-PÉ, não

tem movimento.

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5. ORIENTAÇÃO

Os sinais podem ter uma direção e

a inversão desta pode significar ideia de

oposição, contrário ou concordância número-pessoal, como os sinais QUERER

e QUERER-NÃO; IR e VIR.

6. EXPRESSÃO FACIAL

E/OU CORPORAL

Muitos sinais, além dos quatro

parâmetros mencionados acima, em sua

configuração têm como traço diferenciador

também a expressão facial e/ou corporal,

como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há

sinais feitos somente com a bochecha

como LADRÃO, ATO-SEXUAL.

7. ALFABETO DE LIBRAS

O alfabeto de Libras (Língua

Brasileira de Sinais) teve sua origem ainda

no Império. Em 1856, o conde francês

Ernest Huet desembarcou no Rio de

Janeiro com o alfabeto manual francês e

alguns sinais. O material trazido pelo

conde, que era surdo, foi adaptado e deu

origem à Libras. Este sistema foi

amplamente difundido e assimilado no

Brasil. No entanto, a oficialização em lei da

Libras só ocorreu um século e meio depois,

em abril de 2002 – nesse período, o Brasil

trocou a monarquia pela república, teve

seis Constituições e viveu a ditadura

militar. O longo intervalo deve-se a uma

decisão tomada no Congresso Mundial de

Surdos, na cidade italiana de Milão em

1880. No evento, ficou decidido que a

língua de sinais deveria ser abolida, ação

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que o Brasil implementou em 1881. A

Libras quase mudou o nome e só voltou a

vigorar em 1991, no Estado de Minas

Gerais, com uma lei estadual. Só em

agosto de 2001, com o Programa Nacional

de Apoio à Educação do Surdo, os primeiros 80 professores foram

preparados para lecionar a língua

brasileira de sinais. A regulamentação da

Libras em âmbito federal só se deu em 24

de abril de 2002, com a lei nº 10.436.

8. BREVE HISTÓRICO DA

EDUCAÇÃO DOS SURDOS

A história da educação dos surdos é cheia de controvérsias e descontinuidades.

A primeira notícia que temos é do século

XII, quando os surdos não eram

considerados humanos, não tinham direito

à herança, não frequentavam nenhum meio

social e eram proibidos de se casarem. Na

Idade Média, com o feudalismo, os surdos

começaram a ter atenção diferenciada pelo

clero (Igreja), que estava muito preocupado

com o que tais pessoas faziam e por que

não vinham se confessar. As pessoas não

iam se confessar porque não apresentavam

uma língua estruturante para seu

pensamento.

Mas a igreja também estava muito

preocupada, pois nasciam muitos surdos

nos castelos dos nobres, devido à

frequência dos casamentos

consanguíneos, comuns na época, visto

que a nobreza não queria dividir sua

herança com outras famílias e acabavam

casando-se entre primos, sobrinhas, tios

e até irmãos. Como nos mosteiros da

Igreja havia padres, monges e frades que

utilizavam de uma língua gestual

rudimentar, porque nesses ambientes

existia o voto do silêncio, esses religiosos

foram deslocados para esses castelos com

a missão de educar os filhos surdos dos

nobres em troca de grandes fortunas.

Quanto ao método utilizado na época

não temos registros, mas sabe-se que

alguns acreditavam que deveriam priorizar

a língua falada, outros, a língua de sinais e

outros, ainda, o método combinado. Em

1880, aconteceu o Congresso Mundial de

Professores de Surdos em Milão, na Itália,

onde foi discutido qual seria o melhor

método para a educação dos surdos. Nesse

congresso ficou resolvido que o melhor

método era o

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oral puro, sendo proibida a utilização da

língua de sinais a partir desta data.

A partir daí, as crianças surdas,

muitas vezes, tinha suas mãos

amarradas para trás e eram obrigadas a

sentarem em cima das mãos ao irem para

a escola, para que não usassem a língua

de sinais. Tal opressão perdurou por mais

de um século, trazendo uma série de

consequências sociais e educacionais

negativas. No Brasil, a primeira lei que

viabiliza o uso da Língua Brasileira de

Sinais como a primeira língua dos surdos

foi assinada em novembro de 2002 pelo

Presidente Fernando Henrique Cardoso.

9. LIBRAS - SINAIS

CORES

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REFERÊNCIAS

Atividades Ilustradas em Sinais da LIBRAS. Copyright 2004 by Livraria e Editora

Revinter Ltda.

FELIPE, Tanya A. Libras em Contexto: Curso Básico: Livro do Estudante. Brasília: Ministério

da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005. 6ª Edição 188 p.: il.

Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Departamento de Educação Especial.

Falando com as Mãos.

DICIONÁRIO LIBRAS.Disponível em: <http://www.dicionariolibras.com.br>. Acesso em 01

jul. 2007.

FENEIS-Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos: Disponível em

:< http://www.feneis.com.br/>Acesso em 01 jul. 2007.

INES –Instituto Nacional de Educação de Surdos: Disponível

em <http://www.ines.org.br/ >. Acesso em 01 jul. 2007.

FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Inclusão do Educando surdo

no ensino regular – Caderno de atividades. Florianópolis:FCEE, 2001.

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