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"Acessibilidade à Informação - Um poder para a mudança" Ficaria tão feliz se Eu fizesse esta apresentação na Língua de Sinais de Moçambique Por: Nehemia Gilberto Zandamela

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Education


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A abordagem do tema estará centrada no acesso à informação das pessoas Surdas em Moçambique, e duma forma geral a sua marginalização. O termo - acessibilidade - , que muitas vezes é abordado quando se discute as questões da deficiência, exclui a necessidade da comunicação, que é o pior mal a que as Pessoas Surdas estão sujeitas, seja nas suas famílias, na escola, enfim, em toda parte. Na verdade a situação do atendimento aos Surdos é totalmente ignorado, e para a mudança deste cenário, é necessária uma mudança de atitude de todos nós, como membros de uma sociedade, e aceitar as pessoas surdas como uma comunidade minoritária linguística. Com uma estimativa de cerca de 12% da população moçambicana Surda, se concedermos o acesso à informação, estes podem vir a ser os sujeitos transformadores da sociedade Moçambicana e não só. “Vedar alguém da informação, é o pior castigo que este Homem pode estar sujeito”

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Page 1: Acessibilidade a informação

"Acessibilidade à Informação -Um poder para a mudança"

Ficaria tão feliz se Eu fizesse esta apresentação na Língua de Sinais de Moçambique

Por: Nehemia Gilberto Zandamela

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"Acessibilidade à Informação - Um poder para a mudança"

Quanto tempo podemos ficar sem falar/ouvir (seo telefone não despertar/se não consigo efectuaruma chamada/se de todas chamadas que recebo,não consigo perceber absolutamente nada/Se omeu aparelho de TV não tirar som???!!!

É assim como nós os Surdos sentimos a vidainteira, dentro duma garrafa de vidro, sem sabero significado dos sons de cada uma das coisas…

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O que me chamou para esta comunidade?

• Foi saber que meus amigos Surdos com 7ª classe,e mesma idade com a minha (22 anos) nãosabiam ler, nem escrever;

• Eram tratados como “cães”, guardando a casa,sem direito a uma roupa nova para a festa donatal ou aniversario, vestindo sempre o que osirmãos já não precisavam;

• Não poder rir quando os outros gargalham emcasa, na rua, e em outros lugares…

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O que decidi fazer? Minha decisão foi:

• Trocar meus planos e meus melhores amigos ecolegas do turma, pelos Surdos…

• Abandonar a comunidade maioritária de ouvintese migrar para a comunidade minoritárialinguística…

• Desafiar a aprender uma nova Língua e assumiruma nova Cultura sem um mestre pela frente…

• Arquitectar desafios, assumir ofensas e permitirhumilhações da sociedade e das famílias…

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Por onde começar?

• Conversei com ex-professores dos e familiares para sentir a dimensão do problema…

• Converti todos sentimentos numa “Peça teatral” apresentado em Língua de Sinais no dia 1 de Junho de 99 em Nampula;

• Parti para a guerra… (contando para as pessoas a dimensão do problema, procurando mais apoios, e buscando estratégias e recursos)

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O que começou a mudar

• Nas famílias, a forma de convivência mudou…

• O CMCN abriu um espaço, e passamos a serconvidados especiais para o sarau cultural daSNV, os surdos compartilhando o palco eapresentando vários números com outrosgrandes artistas

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De tudo já realizado, não me senti satisfeito, pois precisei que

os Surdos tivessem uma educação como a minha.

Page 8: Acessibilidade a informação

Desafiando a Educação

• Em coordenação com um Padre e Ancião daIgreja católica, criei 3 turma para surdos, comassistência da DPEC, e a ECA

• Actualmente existe uma Escola em Nampula,com turma Especial para Surdos

• Formei alguns ILS, que alguns continuamnesta actividade.

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Desafiando a Educação (Continuação)

• Passando para Xai-Xai em Gaza, criei turma dealfabetização de jovens e adultos Surdos, e umaturma de catecúmenos Surdos.

• Passei ao CREI da Macia para atender uma turmade crianças Surdas. Este convite foi como realizarum sonho, porque já em Nampula, desenhou emprojecto do Centro de recursos, que contava comapoio da UDEBA, que não chegou de sermaterializado

Page 10: Acessibilidade a informação

Não bata frequentar, mais qualidade…

• No CREI descobri umanova estratégia deensino ás criançassurdas.

• Fui organizando asaulas em vídeos, e empouco tempo,comecei a caminharpara qualidade.

Page 11: Acessibilidade a informação

Satisfeito?

• A pesar dos avanços, a pesar de satisfeito comresultado, não me senti realizado,

• Precisei de mais espaço, dai que comecei adesenhar um projecto para Formação deprofessores para surdos e interpretes de LS.

• E mais espaço para a expansão da iniciativa.

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Realizações a comemorar

• Colegas interpretes formados e em exercício;

• Reintegração de jovens e adultos Surdos nas suas famílias;

• Escolarização dos Surdos em Nampula;

• Reintegração e alfabetização dos surdos em Xai-Xai;

• Introdução da Licenciatura em Língua de Sinais na UEM na vertentes de Ensino e Interpretação

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Constrangimentos

• A lenta aceitação da comunidade relativamenteas diferenças da comunidade minoritárialinguística surda,

• Mudança lenta da consciência por parte dalgunsactores da sociedade em assumir a Língua deSinais cimo Língua da comunidade Surda

• Menor abertura dos Organismos Internacionaisem tratar assuntos ligados aos direitos daspessoas Surdas

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Projectos

• Aumentar meus conhecimentos nesta área daCiência;

• Lançar obras literárias sobre a situação dacomunidade surda em Moçambique;

• Trazer a reflexão a situação real das vida daspessoas Surdas nas várias esferas da vida;

• Expandir o circulo para formação de profissionaisde Língua de Sinais

• Buscar e produzir recursos para educação dosSurdos

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Conclusão:

• Se as Pessoas Surdas fossem a maioria, os ouvintes seriam todo deficientes;

• Se garantirmos o acesso a informação aos Surdos, estes mudarão o País;

• Se acharmos que a Língua de sinais é só para os Surdos, recordamos que amanha poderemos ser ou ter um parente surdo

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“Vedar alguma pessoa à informação, é o pior castigo que

este pode estar sujeito”

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“Vedar alguém da informação, é o pior castigo que este Homem pode estar sujeito”

pela vossa especial atenção