acervo iconogrÁfico da escola de mÚsica … docentes do curso de biblioteconomia da universidade...

49
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA Carla Beatriz Marques Felipe ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA DA UFRN: CONSIDERAÇÕES SOBRE A ORGANIZAÇÃO DOCUMENTAL Orientadora: Prof. MSc. Mônica Marques Carvalho NATAL - RN 2012

Upload: hoangphuc

Post on 28-Jun-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

Carla Beatriz Marques Felipe

ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA DA UFRN:

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ORGANIZAÇÃO DOCUMENTAL

Orientadora: Prof. MSc. Mônica Marques Carvalho

NATAL - RN

2012

Page 2: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

CARLA BEATRIZ MARQUES FELIPE

ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA DA UFRN:

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ORGANIZAÇÃO DOCUMENTAL

Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Profª. M.Sc. Mônica Marques Carvalho

NATAL - RN

2012

Page 3: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

Catalogação da Publicação na Fonte

F315 Felipe, Carla Beatriz Marques. Acervo Iconográfico da Escola de Música da UFRN: considerações sobre a organização documental / Carla Beatriz Marques Felipe. – Natal, RN, 2012.

48 f.: il.

Orientadora: Mônica Marques Carvalho. Monografia (Bacharelado) – Departamento de

Biblioteconomia, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

1. Informação. 2. Bibliotecas. 3. Acervos iconográficos. I.

Escola de Música da UFRN. II. Carvalho, Mônica Marques. III.

Título.

Page 4: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

CARLA BEATRIZ MARQUES FELIPE

ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA DA UFRN:

CONSIDERAÇÕES SOBRE ORGANIZAÇÃO DOCUMENTAL

Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia.

MONOGRAFIA APROVADA EM 12/12/2012

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Profª. M.Sc. Mônica Marques Carvalho (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

____________________________________________________

Profª. Drª. Nadia Aurora Vanti Vitulo (Membro)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

____________________________________________________

Profª Eponina Eilde da Silva Pereira (Membro)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Page 5: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

Dedico a meus pais pelo amor, força e

educação a mim dada.

A minha tia Josefa pelo amor e incentivo

dado ao longo da minha vida.

Page 6: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por me guiar sempre nas minhas escolhas e por me

dar todas as pessoas pela qual eu vou agradecer nos próximos parágrafos. Thank

you God !!

A meus pais pela educação a mim dada, me ensinado a escolher sempre o

melhor caminho. Pelo apoio e incentivo em relação a tudo na minha vida. A minha

irmã por me agüentar.

A minha tia Josefa por ser a minha maior incentivadora no escolher e fazer

Biblioteconomia. A minha prima Claudia por se fazer um exemplo biblioteconômico e

acima de tudo por todo apoio dado a mim nestes anos de curso.

A todos da minha família que me apoiaram direta ou indiretamente nesta

minha escolha.

Ao quarteto fantástico Viviane, Rhena, Kássia e Ienânda que tanto me

apoiaram e incentivaram a continuar caminhando e ao chegar à reta final sempre

perguntando “como vai sua monografia??”. Obrigada meninas!

As superpoderosas Midinai, Patrícia, Bruna e Malkene pelas resenhas,

viagens e aprendizado. Meninas vocês foram 10 em tudooooooo. Ah!! Obrigada por

me ouvir reclamar e cantar também né!?

Aos Avengers pelo incentivo, mas também pelos momentos de descontração,

sem esses momentos eu teria enlouquecido de tanto estudar (rsrsrs).

A Renata, Daniele, Janaina, Paulo, pela força dada. A Vespaziano pelas

orações. A Diego Maradonna por se transformar ao longo do curso no irmão que eu

não tive. A Renato pelas palavras que sempre me levaram a ir mais longe. A David

por me incentivar, apoiar ou simplesmente pelo fato de ouvir sobre os meus

“aperreios” do curso, mesmo não entendendo nada ou quase nada de

Biblioteconomia.

A todos que fizeram parte da turma biblioteconomia 2009.1. Gente como eu

aprendi com vocês! Nossaaaaaa sou um ser humano melhor porque cada um de

vocês entrou na minha vida!!

Page 7: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

A minha orientadora Mônica Carvalho por aceitar meu convite e pelo exercício

da paciência. Sem você essa monografia não teria nascido.

A professora Nadia pela oportunidade de aprendizado na iniciação científica.

Obrigada professora pelo voto de confiança.

A todos que fazem parte da Biblioteca Setorial da Escola de Música lugar do

qual jamais esquecerei, onde eu realmente aprendi o que é ser um Bibliotecário.

Especialmente por ter conhecido os Bibliotecários Everton Rodrigues (que não é só

um chefe, mas um amigo!), Audinez Barreto pela ajuda nos conectivos utilizados

nesta monografia e Elizabeth pela ajuda na escolha do tema. Gente vocês são os

melhores chefes que tive, eu realmente admiro vocês e quando eu crescer quero ser

igual aos três.

Aos Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte que pelos ensinamentos e conhecimento transmitido.

Enfim, obrigada a todos que participaram deste momento tão especial da

minha vida.

Thank you!

Page 8: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

“O doce da vida é a gente que faz.

Tente e veja... você é capaz.”

(Autor desconhecido)

Page 9: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

RESUMO

Apresenta o que vem a ser informação e a importância de sua socialização.

Descreve as bibliotecas como instituições de preservação e disseminação da

informação. Enfatiza a importância da indexação para a recuperação da informação.

Descreve o que vem a ser um acervo iconográfico. Analisa os acervos iconográficos

como fonte de informação. Descreve o tratamento técnico dispensado aos acervos

iconográficos. Descreve a importância da socialização da informação contida no

acervo iconográfico da Escola da Musica da UFRN. A metodologia utilizada foi a de

pesquisa em fontes de informação pertinentes ao assunto tais como livros, revistas

cientificas, websites, bases de dados. Foi realizado um estudo do acervo

iconográfico da biblioteca especializada da Escola da Musica da UFRN. O objetivo

desta pesquisa visa em geral analisar a questão tratamento técnico realizando no

acervo iconográfico da Escola de Música da EMUFRN com vistas a propor

alternativas para a socialização de informação iconográfica. Especificamente o

trabalho visa dissertar a respeito da importância da informação na atualidade;

Identificar os tipos de bibliotecas e seus acervos; conceituar e descrever os acervos

iconográficos; identificar qual o tratamento técnico dispensado aos acervos

iconográficos; deliberar sobre alternativas visando a socialização da informação

contida no acervo iconográfico da EMUFRN. Conclui que a indexação é de suma

importância para a recuperação da informação e que o acervo iconográfico da

Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado.

Palavras-Chave: Informação. Bibliotecas. Acervo iconográfico. Indexação.

Page 10: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Processo de objetivação da informação .......................... 17

Quadro 2 – Tipos de bibliotecas......................................................... 22

Quadro 3 – Características dos documentos..................................... 23

Page 11: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

EMUFRN – Escola de Música da UFRN

CCHLA – Centro de Ciências Sociais, História, Letras e Artes

TICs - Tecnologias de Informação e Comunicação

Page 12: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 11

2 O PAPEL DA INFORMAÇÃO NA ATUALIDADE......................................... 14

3 BIBLIOTECA COMO INSTITUIÇÃO DE PRESERVAÇÃO E

DISSEMINAÇÃODA INFORMAÇÃO .............................................................

20

4 ACERVOS ICONOGRÁFICOS .................................................................... 27

4.1 TRATAMENTOS TÉCNICOS DOS ACERVOS ICONOGRÁFICOS ............. 29

5 O ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA MÚSICA DA

UFRN...........................................................................................................

34

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 40

REFERÊNCIAS............................................................................................... 42

ANEXO A - Formulário de identificação do acervo iconográfico............. 46

Page 13: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

11

1 INTRODUÇÃO

Ao longo da história a sociedade passou por várias transformações, passando

por eras distintas. A sociedade atual é conhecida como sociedade da informação, na

qual a informação é base para economia. Mas segundo alguns autores o que

caracteriza a sociedade da informação é o avanço das Tecnologias de Informação.

O avanço das Tecnologias de Informação permite que a informação seja gerada de

forma muito rápida, gerando uma explosão de informação.

A informação se faz importante no cotidiano do homem desde o início da sua

história, quando através das pinturas rupestres, ocorreram os primeiros registros dos

acontecimentos que o cercavam. Com a necessidade de se registrar a informação,

surgem os suportes da informação e as bibliotecas. Com a informação em

abundancia, nem toda informação que chega até o usuário é pertinente a ele. A

informação é algo que só adquire valor se for transmitida, se caracterizando como

insumo nas tomadas de decisão.

Nesse contexto, é necessário à elaboração de estratégias de recuperação da

informação. É de suma importância que estas estratégias gerem produtos e

mecanismos que filtrem, organizem a informação. Os processos técnicos dentro das

unidades de informação surgem como meios de condensação da informação a fim

de sua recuperação. A catalogação e a indexação são meios pelos os quais a

informação é tratada a fim de sua recuperação.

Através da indexação o usuário consegue receber a informação pela a qual

necessita, visto que, a indexação permite a transmissão da informação de forma

condensada, concisa, organizada, remetendo ao usuário termos chaves sobre a

representação do conteúdo dos documentos. Sobre documentos, estes existem

sobre vários aspectos e de diversas formas, como os documentos textuais e não

textuais.

Os documentos não textuais existem em larga escala, pois são formados por

documentos sonoros, audiovisuais, iconográficos e outros. Os documentos pela a

qual a imagem é a fonte principal de informação, damos o nome de iconográfico.

Esta tipologia de documento pode ser apresentada em vários suportes, como a

fotografia, folders, pinturas, radiografias, desenhos. O acumulo deste tipo de material

por parte das unidades de informação ou mesmo por indivíduos podem gerar

grandes acervos.

Page 14: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

12

Neste caso encontra-se a Escola de Música da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (EMUFRN). Que ao longo dos seus 50 anos acumulou um acervo

riquíssimo de fotografias, folders, programas de concerto, desenhos e outros

documentos, todos relacionados à sua memória. Porém, o mesmo não recebeu

nenhum tratamento técnico, visando a sua disseminação.

Diante do exposto na presente pesquisa indagamos como se dá o tratamento

de acervos iconográficos? Quais são as técnicas e procedimentos empregados no

tratamento técnico de acervos iconográficos? Quais as ferramentas utilizadas na

indexação de materiais iconográficos? Porquê tratar e divulgar as fotografias do

acervo da Escola de Música? Quais as contribuições que isto trará para a

sociedade, não só á EMUFRN, mas à sociedade em geral? Quais as ferramentas

utilizar na indexação de materiais iconográficos?.

Para que estas indagações pudessem ser respondidas realizamos esta

pesquisa que visa em geral analisar a questão do tratamento técnico realizado no

acervo iconográfico da Escola de Música da EMUFRN, com vistas a confecção

futura de um projeto de organização e socialização da informação iconográfica.

Especificamente o trabalho visa dissertar a respeito da importância da

informação na atualidade; identificar os tipos de bibliotecas e seus acervos;

conceituar e descrever os acervos iconográficos; identificar qual o tratamento técnico

dispensado aos acervos iconográficos; deliberar sobre alternativas visando a

socialização da informação contida no acervo iconográfico da EMUFRN.

A escolha do referido tema se deu por meio de um interesse pessoal, que

surgiu durante o trabalho como bolsista de apoio técnico na Biblioteca da EMUFRN.

Através do estagio foi possível perceber a existência do rico acervo inconografico da

EMUFRN e a necessidade de melhor socializar as informações nele contidas. Com a

realização da pesquisa, pretende-se dar uma contribuição social, cultural e acima de

tudo proporcionar mecanismos de resgate e disseminação da história de umas das

instituições mais importantes do Estado. Acredita-se que possibilitar a recuperação e

a disseminação da informação contida neste acervo, trará novos olhares sobre a

informação imagética, e sobretudo á história da EMUFRN.

A metodologia utilizada foi a de pesquisa em fontes de informação pertinentes

ao assunto tais como livros, revistas científicas, websites, bases de dados, entre

outros. Foi realizado um estudo do acervo iconográfico da biblioteca especializada

da Escola da Musica da UFRN a fim de se identificar a sua composição básica,

Page 15: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

13

tipologia documental, formas de tratamento da informação, organização documental,

formas de recuperação da informação com vistas a estabelecer um diagnostico e se

traçar proposições para a socialização da informação contida no referido acervo.

Para uma melhor disposição dos temas abordados, esta pesquisa de dividiu

em capítulos. No primeiro capítulo foi abordada a questão da informação, sua

importância, seus suportes e porque de sua socialização. No seguinte capítulo,

abordamos a questão das bibliotecas como instituições de preservação e

disseminação da informação. O terceiro capítulo trata os acervos iconográficos como

fontes de informação e seu tratamento técnico. No quarto capítulo dissertamos sobre

o acervo iconográfico da EMUFRN, sua importância e o devido tratamento, a fim da

disseminação da informação.

Page 16: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

14

2 O PAPEL DA INFORMAÇÃO NA ATUALIDADE

Durante o percurso histórico da humanidade a informação sempre existiu. A

informação sempre fez parte do cotidiano do homem, como um insumo básico para

a sua sobrevivência em sociedade. Percebe-se que ao longo da evolução humana a

informação teve um importante papel. A informação desde os primórdios funcionou

como um elemento para a tomada de decisão em sociedade e influencia os vários

aspectos sejam sociais, políticos ou econômicos.

Como a informação sempre fez parte do cotidiano do homem, este sentiu a

necessidade de registrá-la. Se antes a necessidade era apenas de preservá-la, é

pertinente dizer que, nos dias atuais a necessidade maior é de disseminar e gerar

conhecimento. Esta necessidade foi evidenciada através da evolução de vários

suportes da informação, ao longo da evolução da sociedade.

Inicialmente, o homem na pré-história, buscou registrar suas vivencias através

dos mecanismos de que dispunha. Portanto, no período do Paleolítico Superior

(40.000 a.C) surgiram as pinturas rupestres nas cavernas, que se configuravam

como tentativas de se registrar o cotidiano, como a caça, descobertas, os animais

entre outras ações.

Em seguida, a civilização evolui para o registro de informação em suporte de

argila. Estas iniciativas se deram nas primeiras grandes cidades que se tem registro.

As tábuas de argila cozidas em que a escrita possuía caracteres cuneiformes, estes

remotam o século IX a.C., assim encontramos este tipo de registro nas bibliotecas

da antiguidade.

Um dos mais importantes suportes da informação existente é o Papiro,

fabricado através de fibras vegetais. Produzido inicialmente no Egito, este também

foi elaboado na Síria e nas águas do Rio Eufrates. “O texto era escrito em colunas e

cada uma delas se colava, em seguida, pela extremidade à folha seguinte, de forma

que se obtinham fitas de papiro.” (MARTINS, 2001, p. 62) Não se sabe ao certo

quando este se tornou material de escrita. Os mais antigos papiros que se tem

registro datam de 3 500 a.C. anos.

Ao contrário do Papiro, o Pergaminho era extraído de material do reino

animal. A origem do seu nome se dá pelo o material o qual era produzido: a

membrana pergamena, pergamenum. Os primeiros Pergaminhos que se tem notícia

Page 17: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

15

datam do ano 301, na cidade de Pérgamo, este podia conter inscrições dos dois

lados da folha.

Na Idade Média houve várias mudanças relacionadas ao aspecto material dos

suportes informacionais. Conforme Martins (2001), a Idade Média consagra a

substituição do rolo (que eram papiros enrolados em um cilindro de madeira) pelo

codex (tábulas retangulares de madeira, revestidas de cera e unidas por cordões ou

anéis), da mesma forma por que substitui o papiro pelo pergaminho, e já na

transição para a Renascença, o pergaminho pelo papel.

Papel vem etimologicamente de “papiro”, que era papyrus em latim e papuros

em grego. Mas o papel não é derivado do Papiro, mas sim do seu rival. De acordo

com Martins (2001), os chineses fabricavam livros desde uns dois séculos antes de

Cristo. Mas esses livros não eram feitos nem de papel, de papiro, ou pergaminho:

eram feitos de seda, material que, mesmo na China, sempre foi notavelmente caro.

Os chineses, naturalmente inventivos, tentaram substituí-la por qualquer outro

produto e passaram a fabricar o “papel de seda”, menos custoso porque permitia, na

criação do processo que seria o da fabricação do papel até hoje, o aproveitamento

de trapos e tecidos usados. Entretanto, é nos albores da Idade Média que o papel

faz a sua aparição na Europa: foram necessários mais de mil anos, para que a

invenção chinesa chegasse ao Ocidente. Foi a partir da invenção do papel que toda

a humanidade pode ter acesso aos suportes informacionais, visto que este novo

material era mais barato.

Um grande marco na história da difusão da informação é a invenção da

prensa de Guttenberg de 1452. Esta invenção facilitou a difusão do conhecimento

existente na época, visto que a igreja e a monarquia eram detentores dos livros.

“Esse fato ocasionou o rompimento do monopólio que a Igreja exercia na geração e

guarda dos conhecimentos.” (ARAÚJO; OLIVEIRA, 2005, p. 33). Os livros já não

eram armazenados nos mosteiros e a sociedade em geral pode ter acesso a estes.

Uma vez que os suportes da informação evoluíram, a sociedade evolui também e

com isto, a importância da informação para a sociedade.

Ao longo da história, a sociedade evoluiu passando por eras distintas como: a

Era Agrícola, a Era Industrial e a Sociedade da Informação. A primeira das etapas

da sociedade foi a Era Agrícola onde a terra e tudo que era produzido na agricultura

foram à base da economia. Cabe frisar que tudo que a sociedade produzia era

voltado para assegurar a subsistência da população e o comércio, assim como o

Page 18: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

16

conhecemos atualmente, não existia ou era pouco desenvolvido. “O aparecimento

da agricultura foi o primeiro ponto decisivo do desenvolvimento social humano, [...] a

Revolução Industrial foi a segunda grande ruptura [social]” (TOFFLER, 1995, p. 27).

Em linhas gerais, estes dois fatos marcam a divisão de comportamento da

sociedade e o seu modo de produção e consumo.

Em seguida, surge a Era Industrial que tinha como base econômica a

indústria. Assim, o trabalho manual deu lugar ao trabalho feito com as máquinas.

Grandes fábricas começaram a surgir nesta era, sobretudo, na Europa onde ocorreu

a Revolução Industrial, que foi um marco na história. “[ ] a sociedade industrial

caracterizou-se essencialmente pela aplicação e criação de tecnologia, maquinário

para a racionalização das operações para a produção em larga escala de artefatos

de consumo.” (BEZERRA, 2010, p. 13). Na Era Industrial a agricultura perdeu força

e produção dos bens de consumo eram produzidos em massa.

A terceira etapa desse fenômeno foi a Sociedade da Informação (SI) que é a

sociedade atual, que tem como recurso principal a informação. Mas o que é

informação? O que é este bem, tão precioso para sociedade atual? O Dictionnaire

encyclopédique de l’information et de la documentation (2001 apud ROBREDO,

2003, p. 3) define informação como :

“registro de conhecimentos para sua transmissão. Essa finalidade implica que os conhecimentos sejam inscritos num suporte, objetivando sua conservação, e codificados, toda representação

sendo simbólica por natureza.”

Nesse sentido, para que a informação exista e, seja transmitida, necessita-

se de um suporte, seja ele papel, fotografias, partituras, Cd’s, computador e etc.De

acordo com Le Coadic (2004, p. 4),

A informação é um conhecimento inscrito (registrado) em forma escrita (impressa ou digital), oral ou audiovisual, em um suporte. A informação comporta um elemento de sentido. É um significado transmitido a um ser consciente por meio de uma mensagem inscrita em um suporte espacial-temporal: impresso, sinal elétrico, onda sonora, etc. Inscrição feita graças a um sistema de signos (a linguagem), signo este que é um elemento da linguagem que associa um significante a um significado: signo alfabético, palavra, sinal de pontuação.

Page 19: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

17

Como se pode ver a informação é algo que só adquire significado e passa a

ter importância se for transmitida, uma vez que, ao entrar em contato com outra

informação já conhecida pelo individuo, torna-se conhecimento. A informação é tão

importante nos dias atuais que se caracteriza como insumo para o desenvolvimento

da sociedade atual.

A sociedade atual é conhecida como Sociedade da Informação (SI) onde a

base para o desenvolvimento da economia é a informação, não mais os produtos

industrializados.

Essa noção de Sociedade da Informação se formaliza na sequencia das máquinas inteligentes criadas ao longo da Segunda Guerra Mundial. Ela entra nas referências acadêmicas, políticas e econômicas a partir do final dos anos 1960. (MATTELART, 2002, p. 8).

No que se refere a SI é algo que já vem sendo estudado há algum tempo, isto

é, não surgiu de uma hora para outra.

Para Araújo (2005, p. 113) a Sociedade da Informação é a “etapa do

desenvolvimento da sociedade que se caracteriza pela abundância de informação

organizada”. Nesta sociedade surgem novos modos de como a economia é

desenvolvida de forma mais global, mas especificamente por causa da globalização.

As grandes empresas da atualidade tem como insumo para seu desenvolvimento a

informação.

Dessa forma a informação atualmente é um dos bens mais preciosos que

existe para a sociedade. Em linhas gerais, houve uma substituição da produção

industrial pela informação. Massuda (1982 apud ARAÚJO, 2005, p. 116) define esta

substituição como “processo de objetivação da informação.” Abaixo, veremos o

quadro que representa este processo.

Page 20: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

18

Quadro 1: Processo de objetivação da informação

REVOLUÇÃO DA IMAGEM

REVOLUÇÃO DA

ESCRITA

REVOLUÇÃO DA

IMPRENSA

REVOLUÇÃO DO COMPUTADOR

INFORMAÇÃO

LINGUÍSTICA

SUJEITO

INFORMAÇÃO

ESCRITA

SUJEITO

INSTRUMENTOS

(Caneta, Papel)

INFORMAÇÃO

ESCRITA TIPOGRÁFICA

SUJEITO

- INSTRUMENTOS

- PRELO

INFORMAÇÃO

ELETRÔNICA

SUJEITO

- INSTRUMENTOS

- PRELO

- COMPUTADOR

A INFORMAÇÃO

AINDA NÃO ESTÁ

SEPARADA DO

SEU SUJEITO

COMEÇA A

OBJETIVAÇÃO

PRIMÁRIA EM

RELAÇÃO AO

SUJEITO

A INFORMAÇÃO PROGRIDE

PARA O ESTÁGIO DE

OBJETIVAÇÃO SECUNDÁRIA

A INFORMAÇÃO AVANÇA

PARA O ESTÁGIO DE

OBJETIVAÇÃO TERCIÁRIA

PASSANDO À INFORMAÇÃO

TIPOGRÁFICA E DESTA

PARA A INFORMAÇÃO

ELETRÔNICA

Fonte: Massuda (1982 apud ARAÚJO, 2005, p.117).

Observando o Quadro 1 nota-se que o “processo de objetivação da

informação” ocorreu de acordo com as mudanças nos suportes da informação e que,

com a revolução do computador, a Tecnologia da Informação tornou-se fundamental

para o desenvolvimento da SI. As Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs) surgem como uma maneira de aperfeiçoar o fluxo de

informação existente na sociedade. Morigi; Pavan (2004, p. 117) afirmam que o

“impacto das TICs é sentido sobre toda a vida social, seja no trabalho, no lazer e nas

relações entre os indivíduos, principalmente na maneira com que se comunicam.”

Com as mudanças causadas pelas TICs as pessoas passam a criar novas formas de

intercâmbio da informação e comunicação.

Assim, podemos definir as TICs como conjunto de atividades fornecidas

pelos meios computacionais com a finalidade de facilitar o armazenamento, o

acesso e a recuperação da informação uma vez que para a utilização destes

mecanismos é necessário o manuseio humano. “As tecnologias de informação e

comunicação exercem influências profundas na vida cotidiana. Contudo elas não

são autônomas e, portanto, não podem ser desvinculadas do contexto social em que

foram produzidas.” (MORIGI; PAVAN, 2004, p.119).

Page 21: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

19

As TICs facilitam a preservação e disseminação da informação devido a sua

capacidade em guardar, processar e transferir a informação. Ao manuseá-la de

forma correta as empresas obtém lucros, agregando valor à informação coletada.

Com o auxilio das TICs a informação passou a ser gerada muito rapidamente.

Torna-se evidente que a informação existe em abundância. Contudo, muitas

informações que chegam aos indivíduos não são pertinentes para este. Nesse caso

faz-se necessário que a informação seja disseminada de forma prudente, visto que

esta se insere em muitos aspectos da vida do individuo, quanto na sociedade. Dessa

maneira, com o acesso a informação correta as pessoas tomam conhecimento do

seu papel dentro da sociedade. Segundo Pinheiro (1997 apud OLIVEIRA 2005, p.

19) a informação possui vários atributos:

A informação tem o efeito de transformar ou reforçar o que é conhecido, ou julgado conhecido, por um ser humano;

É utilizada como coadjuvante da decisão;

É a liberdade de escolha que se tem ao selecionar uma mensagem;

É algo necessário quando enfrentamos uma escolha (a quantidade de informação requerida depende da complexidade da decisão a tomar);

É matéria-prima de que deriva o conhecimento;

É trocada com o mundo exterior, e não meramente recebida;

Pode ser definida em termos de seus efeitos no receptor.

Isso permite afirmar que a informação também é entendida como redutora de

incertezas, provocadora de mudanças, auxilia o desenvolvimento do trabalho e da

vida social, entre tantas outras concepções. Mas a informação só pode provocar

mudanças no indivíduo se a informação for útil. Alves (1997, p. 15) reconhece a

importância deste tipo de ação, quando diz:

O processo de veiculação da informação é capaz, dentre outras coisas, de promover modificações na forma de olhar e explorar o mundo. Desta forma, quanto maior for a circulação e usufruição da informação, mais abundantes serão as revoluções e transformações que ocorrerão na sociedade. Deste modo, a circulação da informação também tem sido responsável pela efusão das revoluções científicas e constantes quebras de paradigmas.

Page 22: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

20

Parece claro afirmar que a socialização da informação se faz necessária não

só porque esta é matéria-prima para todas as áreas do conhecimento, mas também

é agente de transformação da sociedade. A partir desta afirmação, cabe frisar que

se faz necessário o desenvolvimento de mecanismos de acesso à informação para

todos bem, como torná-los conhecidos. Um dos órgãos da sociedade que se

preocupa com a disseminação da informação é a Biblioteca, criada inicialmente com

o intuito de apenas preservar a informação, mas que, com o passar do tempo,

mudou totalmente seus objetivos. Em seguida, dissertaremos a respeito.

Page 23: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

21

3 BIBLIOTECA COMO INSTITUIÇÃO DE PRESERVAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DA

INFORMAÇÃO

A sociedade sempre se preocupou em guardar informação, por sua vez, ao

longo de sua evolução, a informação conquistou um grande espaço na sociedade e

atualmente se faz necessário não mais a sua guarda, mas sim, sua disseminação.

No que se refere à disseminação da informação ou conhecimento, as bibliotecas tem

um papel importante na sociedade. As bibliotecas historicamente têm a função de

preservar, organizar e disseminar as informações acumuladas em sociedade.

Inicialmente entenderemos o que significa Biblioteca e posteriormente nos

deteremos a respeito de sua evolução. Podemos definir Biblioteca como:

Uma coleção de documentos bibliográficos (livros, periódicos etc.) e

não bibliográficos (gravuras, mapas, filmes, discos etc.) organizada e

administrada para formação, consulta e recreação de todo o público

ou de determinadas categorias de usuários. (ARAÚJO; OLIVEIRA,

2005, p. 36)

Em suma Biblioteca é um espaço onde não só á informação, a cultura é

armazenada, mas sim, um espaço onde a informação é disseminada. Inicialmente

esta se apresenta na forma física, e mais modernamente de forma virtual e digital,

onde a sua coleção é constituída por documentos digitais. Segundo o Aurélio (2004,

p. 175), “biblioteca significa coleção pública ou privada de livros e documentos

congêneres, organizada para o estudo, leitura e consulta”. Em suma a Biblioteca é

um espaço organizado por muitos ou poucos com a possibilidade de se encontrar o

que se deseja e que se tem vontade de utilizá-la várias vezes.

Com relação ao surgimento das bibliotecas, não se sabe ao certo uma data

específica. A existência das bibliotecas se materializou antes dos livros e até mesmo

dos manuscritos, ou seja, o surgimento destas se deu muito antes da existência dos

livros.

A origem exata das bibliotecas, assim como a da linguagem e a da escrita, é desconhecida. Entretanto, podemos considerar que, diferentemente da linguagem e da escrita, as bibliotecas aparecem na era histórica, ou seja, quando tem início a preservação de registros escritos de conhecimento. (ARAÚJO; OLIVEIRA, 2005, p. 31)

Page 24: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

22

Desde a Antiguidade se tem noticias de grandes bibliotecas. A Biblioteca de

Nipur, na Babilônia continha seus registros em tábuas de argila e em escrita

cuneiforme. Dentre as mais importantes Bibliotecas da Antiguidade citamos a de

Nínive, a de Pérgamo, as gregas, as romanas e, principalmente, a Biblioteca de

Alexandria, a mais famosa e importante do mundo antigo. “As grandes bibliotecas da

Antiguidade [...] de que se tem notícia eram formadas por grandes conquistadores

ou se localizavam em cidades que exerciam poder econômico e/ou político.”

(ARAÚJO, OLIVEIRA, 2005, p. 32).

As grandes Bibliotecas surgiram numa forma de armazenar toda a produção

do conhecimento da região ao qual pertencia e geralmente estas regiões ou cidades

eram os grandes centros urbanos da época. Outra grande biblioteca foi a Biblioteca

de Alexandria, que reuniu o maior acervo de cultura e ciência que existiu na

antiguidade.

A Biblioteca de Alexandria chegou a ter 700 mil rolos de pergaminho,

um dos destaques do acervo era a Septuaginta, mais antiga tradução

em grego do texto hebreu do Antigo Testamento, realizada em

Alexandria por 72 tradutores. Os volumes da biblioteca foram

divididos em 2 partes, que ficavam em bairros diferentes da cidade,

onde 400 mil volumes foram depositados em Bruchium que era

conhecida pelos alexandrinos como “Biblioteca Mãe” e sofreu um

incêndio acidental no momento da entrada de César em Alexandria e

300 mil volumes foram depositados em Serápio, que era conhecida

como “Biblioteca Filha” que foi enriquecida com os livros da biblioteca

de Pérgamo, saqueados por Antônio e doados a Cleópatra. Em 392,

a biblioteca sofreu outro incêndio que foi atribuído a ordens dadas

pelo Imperador Teodósio I, juntamente com outros edifícios pagãos.

(MARTINS, 2001. p. 75).

A Biblioteca de Alexandria tornou-se uma importante fonte de pesquisa, com

um dos maiores acervos e mais importantes que já se tenha tido notícia. O seu

desenvolvimento foi de suma importância para os que fazem parte da ciência.

Durante a Idade Média, a Europa Ocidental esteve sob o domínio cultural da

Igreja Católica. Por essa razão, as bibliotecas ficaram restritas aos mosteiros. Neste

período, a maioria das pessoas não sabia ler e escrever. Com a invenção da

imprensa por Guttenberg a informação passou a ser disseminada de forma mais

Page 25: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

23

rápida, com isso passou a ser produzida em larga escala. Através da criação de

Guttenberg houve o livre acesso das bibliotecas ao público. A imprensa levou assim

a disseminação e acesso a informação e a transmissão de conhecimento a uma

escala nunca antes vistas, gerando uma democratização da informação.

Com a informação produzida em larga escala, as bibliotecas foram se

firmando ao longo do tempo e passaram a atender diversos públicos com

necessidades especificas. Convém ressaltar, que ao longo dos anos, vários tipos de

conhecimentos específicos foram descobertos ou criados, a informação passou a

ser transmitida com grande avanço, em diferentes tipos de materiais e para

determinado púbico. Segundo (ARAÚJO; OLIVEIRA, 2005, p. 37) existem vários

tipos de bibliotecas atualmente e estão organizadas de acordo com seu público:

Quadro 2: Tipos de bibliotecas

TIPOS

FUNÇÃO

Nacionais

Têm como principal finalidade a preservação da memória nacional, isto é, da produção bibliográfica e documental de uma nação.

Públicas

Surgiram com a missão de atender às necessidades de estudo, consulta e recreação de determinada comunidade, independentemente de classe social, cor, religião ou profissão.Seus objetivos principais são: - estimular nas comunidades o hábito de leitura; - preservar o acervo cultural.

Universitárias A finalidade desse tipo de biblioteca é atender às necessidades de estudo, consulta e pesquisa de professores e alunos universitários .

Especializadas São aquelas dedicadas à reunião e organização de conhecimentos sobre um só tema ou de grupos temáticos em um campo específico do conhecimento humano.

Escolares São destinadas a fornecer material bibliográfico necessário às atividades de professores e alunos de uma escola.

Infantis Devem estar mais voltadas para a recreação e proporcionar outras atividades como: escolinhas de arte, exposição, dramatizações etc. Necessitam de um acervo bem selecionado para seus usuários.

Especiais São aquelas que se destinam a atender a um tipo especial de leitor e, por isso, detêm um acervo especial, como por exemplo, as bibliotecas para deficientes visuais, presidiários e pacientes.

Fonte: Autoria própria, 2012.

Page 26: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

24

Podemos observar que de acordo com finalidade das bibliotecas, o seu

acervo é totalmente voltado para este fim. Em uma biblioteca infantil é necessário

livros que ajudem no incentivo à leitura. Em biblioteca de música é interessante

que o acervo seja formado não só por livros da área, mas por multimeios como

os Cd’s, DVD’s e partituras e assim por diante, cada Biblioteca deve formar seu

acervo de acordo com seu público.

De forma geral o acervo é primordial para a existência da biblioteca, pois

este é o acumulo daquilo que é produzido, o acervo deve atender às

necessidades, desejo de seu público.

Para cada grupo humano segmentado em interesses deve haver

uma organização delineada não por especialistas em técnicas, mas

especialmente conhecedores do público específico e do universo de

conhecimento que a ele possa interessar. (MILANESI, 2002, p. 56).

Os tipos de acervo são determinados tanto pelo público tanto pelos tipos de

documentação. Para Guinchat e Menou (1994, p.41), documento “é um objeto

que fornece um dado ou uma informação”. Em linhas gerais, podemos afirmar

que o documento é em si uma fonte de informação. Desse modo, de acordo com

Guinchat e Menou (1994), uma das formas de caracterizar um documento, é de

acordo com suas especificidades físicas:

Quadro 3: Características dos documentos

Fonte: Autoria própria, 2012.

ESPECIFICIDADE FÍSICA

CARACTERÍSTICAS

Natureza Textuais ou não textuais (iconográficos, sonoros, audiovisuais etc.);

Material (suporte físico): pedra, tijolo, madeira, papel, suportes digitais;

Formas de produção

Documentos brutos (plantas, ossos etc) ou manufaturados

Modalidades de utilização

Podem ser usados diretamente pelo homem ou precisar de equipamentos especiais (leitor de microformas, projetor etc);

Periodicidade Podem ser documentos únicos, produzidos em série ou periodicamente

Forma de publicação

Publicados ou não-publicados.

Page 27: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

25

Dessa forma, a quantidade de especificações que existe em cada tipo de

documento e cada tipo de público, permite a existência de vários tipos de acervo,

como os sonoros, iconográficos ou até mesmo de brinquedos.

Para que a informação, na Biblioteca esteja de fácil acesso ao usuário, não é só

a composição do acervo que importa, mas também, como este acervo estará

desenvolvido e organizado para o seu público. Dessa forma, a Biblioteca possui o

processo de desenvolvimento de coleções, que é o processo de organização e

crescimento do acervo, que engloba as seguintes etapas: planejamento, seleção,

aquisição, avaliação.

A partir do seu desenvolvimento, o acervo passa por um tratamento técnico, que

ocorre sempre no setor de processamento técnico. O tratamento técnico favorece a

recuperação da informação, visto que, inclui processos que tratam da descrição do

material física e informacional. Dentro deste tratamento existem vários processos,

dentre os quais cabe destacar a catalogação e a indexação. Estes processos se

derivam da representação da informação.

A representação da informação existe para que o usuário tenha acesso a

informação na sua forma mais completa e está ação esta totalmente ligada a

geração do conhecimento.

O conhecimento inclui e pressupõe a representação. A

representação de um objeto é um ato muito diferente de seu simples

manuseio. (...) Para representarmos alguma coisa não basta

manipulá-la corretamente e utilizá-la com finalidades práticas.

Precisamos ter uma concepção geral do objeto e considera-lo de

ângulos diferentes, a fim de descobrir-lhe as relações com outros

objetos; e localiza-lo determinando sua posição em um sistema geral.

(CASSIRER, 1977, p. 31 apud AZEVEDO NETTO, 2001, p. 80)

Como se pode ver a representação não é algo que acontece de qualquer

maneira, o objeto a ser representado deve ser estudado de vários ângulos, para que

a informação contida em si possa alcançar o seu objetivo, o de gerar um novo

conhecimento. “A questão da representação, no âmbito da Ciência da Informação

trabalha na ótica da organização do conhecimento [...] e a dos estudos de análise de

assuntos [...].” (AZEVEDO NETTO, 2001, p.88). Convém ressaltar que na área da

Ciência da Informação, foram criados vários mecanismos para a representação da

Page 28: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

26

informação, como as tabelas de classificação bibliográficas, CDD, CDU e outros. No

que tange a representação da informação os processos de catalogação e indexação

também fazem partes destes mecanismos.

A catalogação é a representação descritivo/física do material. “Este trabalho pode

se desdobrar na elaboração de catálogos impressos ou on-line e ainda na chamada

catalogação na fonte, que consiste na inserção da descrição física do documento no

próprio documento.” (ARAÚJO, OLIVEIRA, 2005, p. 39) Através da catalogação o

usuário tem acesso às informações físicas do material, como por exemplo, o autor,

ano em que a obra foi escrita, quantidade de paginas, qual tipo de material, entre

outros.

Enquanto a catalogação trata da representação física do material, a Indexação

trata da descrição temática da informação, que segundo Vieira (1988, p. 43), “é uma

técnica de análise de conteúdo que condensa a informação significativa de um

documento, através da atribuição de termos, criando uma linguagem intermediária

entre o usuário e o documento”. Pode ser realizada pelo homem (indexação

manual), ou por programas de computador (indexação automática).

Em suma a indexação é a representação da informação através de termos

controlados. Ainda sobre indexação Manini (2002, p. 40) disserta:

[...] que vem a ser o levantamento de descritores (termos controlados) ou de palavras-chave (levantamento livre) que o identifiquem e que servirão como ponto de partida para a posterior recuperação de suas informações. A indexação dá origem aos índices, listas alfabéticas de temas de que trata o documento.

Neste contexto, o profissional da informação é capaz de gerar através da

indexação produtos voltados de forma mais precisa para a recuperação da

informação, reduzindo o tempo de busca por parte do usuário.

O processo de indexação produzindo uma lista de descritores visa à representação dos conteúdos dos documentos. Ou seja, este processo tem como objetivo extrair as informações contidas nos documentos, organizando-as para permitir a recuperação destes últimos. (KURAMOTO, 1995, p. 3)

Visto que a informação existente é muito variada e existe em larga escala, se faz

necessário a utilização da indexação. Dessa forma, após a realização desse

procedimento o usuário será capaz de encontrar a informação contida nos

Page 29: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

27

documentos, de forma precisa, organizada e padronizada. Sobre a recuperação da

informação permitida pela indexação, Kuramoto (1995, p. 2) afirma “[...] é preciso

que os documentos constantes da base de dados sejam submetidos a um

tratamento prévio. Este procedimento permite a extração dos descritores e sua

estruturação com vistas a um acesso rápido às informações.” A indexação deve

permitir que na hora da busca pela informação por parte do usuário, essa seja

relevante, eficaz, para ele.

Para o bibliotecário de processo técnico cabe a ele conhecer estes processos e

elaborar uma melhor maneira de representar a informação. Partindo deste suposto o

bibliotecário tem que estar preparado para trabalhar com a informação em vários

suportes. Este deve saber representar a informação dos mais distintos suportes da

informação, seja ele físico ou digital, esteja à informação contida em um livro, em

uma música ou numa fotografia.

Como foi visto anteriormente existem vários tipos de bibliotecas estabelecidas de

acordo com a necessidade do usuário e com determinado tipo de documentação.

Quanto a formação do acervo das bibliotecas, estes podem ser constituídos por

vários tipos de documentos ou apenas por um material específico. A exemplo disto

existem os acervos iconográficos, constituídos por um tipo de massa documental

especifica.

Page 30: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

28

4 ACERVOS ICONOGRÁFICOS

Uma vez que a informação surge de forma abundante, esta pode estar

contida em vários suportes, gerando assim diferentes tipos de documentos. Com

relação a sua forma de apresentação, esta pode apresentar-se de várias formas,

seja escrita, através da música ou imagens, em linhas gerais podemos encontrar a

informação em toda parte e de várias formas.

Isso permite afirmar que a imagem se apresenta como uma importante fonte

de informação, que esta contida em vários suportes como as fotografias, folders,

gravuras e outros. Conforme Rodrigues (2007, p. 2):

A imagem sempre foi um dos principais meios de comunicação na história da humanidade, ainda que por longo período a escrita a tenha sobrepujado em importância. Nos dias atuais ganhou grande destaque, em especial com o advento da Internet e a difusão da comunicação global, em virtude da hipermidiação, que consiste na combinação da informação em suas múltiplas dimensões: texto, imagem e áudio.

Parece claro afirmar que a imagem sempre foi uma importante fonte de

informação, mas só agora com o avanço das tecnologias de informação, essa está

ganhando o devido reconhecimento e importância como fonte de informação.

Atualmente, esta se apresenta em diversos formatos. Segundo Estorniolo Filho

(2004, p. 12),

As imagens estão presentes no mundo cultural (exposições de fotos, indústria cinematográfica, identificação e difusão de objetos de museu...); no mundo científico (visualização de processos, estudos climáticos, medições e localizações geográficas e arqueológicas, observações e diagnósticos médicos, identificações legais...); e os processos educacionais hoje se apóiam cada vez mais na imagem.

Nesse sentido, a imagem está presente em toda parte e engloba os mais

diversos tipos de materiais. Aos materiais que tem como fonte principal de

informação imagens, ícones, e não a escrita damos o nome de materiais

iconográficos. Consideram-se materiais iconográficos:

Imagens em duas dimensões, opacas, tais como originais ou reproduções de arte, quadros, gravuras, selos, fotografias, desenhos artísticos ou técnicos.

Page 31: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

29

Imagens transparentes (destinadas à projeção para serem vistas)

tais como: diapositivos (slides), radiografias, transparências. (PEROTA, 1997, p.109)

Desta forma os materiais iconográficos têm como base para sua existência a

imagem, não importando sua origem e finalidade. De acordo com ABNT 6023 (2012,

p.10) o documento iconográfico “inclui pintura, gravura, ilustração fotografia,

desenho técnico, diapositivo, diafilme, material estereográfico, transparência, cartaz

entre outros.”

À medida que as instituições armazenam os materiais iconográficos, estes

tornam-se acervos. Acervo iconográfico é o “conjunto de imagens e fotografias que

registram as diversidades e mudanças nos modos de representação da figura

humana, da natureza e das cidades” (IPHAN)1. Em suma podemos afirmar que um

acervo iconográfico é constituído por um banco iconográfico, isto é, uma forma de

linguagem visual que utiliza imagens para representar determinado tema.

Dependendo da instituição a qual pertence o acervo, este pode ser constituído

apenas por um tipo de material iconográfico e contenha uma temática especifica.

Geralmente estes acervos são formados por grandes instituições e em sua

maioria contam a história da instituição, sendo os acervos compostos em sua

maioria por fotografias. De modo similar os acervos iconográficos podem contar a

história de uma personalidade. Convém citar aqui dois exemplos de acervos

iconográficos que possuem temáticas diferentes: Instituto do Patrimônio Histórico e

Artístico Nacional (IPHAN) e o acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa

O IPHAN foi criado com o intuito de proteger o patrimônio histórico e artístico

nacional. Este possui um acervo iconográfico constituído por um banco de dados

com imagens que estão relacionadas ao desenvolvimento artístico do país.

Por sua vez o banco de dados do acervo iconográfico da Fundação Casa de

Rui Barbosa reúne imagens provenientes do Arquivo Histórico e Institucional

(Arquivo) e do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB). Constituído por

imagens relacionadas à trajetória de Rui Barbosa e sua época, e de personalidades

relevantes da virada do século XIX e XX; contem também registros do museu casa e

seu jardim e de atividades da instituição2.

1 Documento on-line, não datado e não paginado.

2 Fonte: Fundação Rui Barbosa.

Page 32: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

30

No que se refere à disseminação da informação contida neste tipo de

material, deve-se aplicar o devido tratamento técnico a fim de recuperar e

disseminar a informação.

4.1 TRATAMENTOS TÉCNICOS DOS ACERVOS ICONOGRÁFICOS

Com o avanço das tecnologias, a informação passou a ser gerada de forma

muito rapida, gerando assim uma explosão de informação. Para a condensação e

recuperação da informação, foram criados vários mecanismos.

Conforme a informação se apresenta e de acordo com seu usuário, o seu

tratamento, quanto a sua recuperação se modifica. O tratamento dado a um livro é

diferente ao dado a uma partitura, o usuário da partitura é diferente do usuário do

livro. Processos técnicos como a catalogação e a indexação existem para auxiliar a

recuperação da informação. É de suma importância para a recuperação da

informação dos materiais iconográficos que estes sejam bem tratados.

“É necessário se fazer uma descrição de forma além do conteúdo, de modo a garantir a recuperação da imagem por outras formas, além da textual, criando a necessidade da construção de diversificadas formas de representação”. (SIMIONATO, [20--])3.

Neste contexto a catalogação e a indexação surgem como mecanismos de

recuperação da informação.

O bibliotecário que cataloga e indexa os materiais iconográficos deve ter o

conhecimento que este tipo de material apresenta algumas características

específicas, dado a relevância que a informação é transmitida através das imagens.

“A utilização da imagem fotográfica (e da imagem em geral) não se baliza

unicamente por seu conteúdo informacional, mas também por sua expressão

fotográfica.” (SMIT, 1996, p.29). Assim sendo o seu tratamento técnico possui um

maior cuidado, visto que a informação é transmitida de forma diferente da escrita.

Em princípio para que ocorra tratamento técnico de algum material, o primeiro

passo é a catalogação. Sobre a catalogação dos materiais iconográficos estes

seguem as mesmas regras do AACR2 para os outros tipos de matérias, apenas com

3 Documento on-line, não datado e não paginado.

Page 33: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

31

maior destaque na descrição física e nas notas, pois estas áreas possuem

informações de maior relevância para a identificação do material. Para Ribeiro

(2003, p. 8-5) “estes materiais gráficos, algumas vezes de natureza efêmera, podem

ter um tratamento mais simplificado, ou mesmo uma catalogação, mas em primeiro

nível de descrição, com um menor número de especificações.”

Em suma, o tratamento dado a este tipo de material não é complicado,

apenas um pouco diferente de um material em que a informação é transmitida

através da escrita. O bibliotecário que cataloga materiais iconográficos deve saber

que, a principal fonte de informação é o próprio material. Com esta informação em

mente, o bibliotecário será capaz de extrair o máximo de informações contido no

material. Há de convir que se o material vier adicionado a algum item que contenha

informações sobre si, como etiquetas, este deve ser considerado como fonte extra

de informação.

Se o item que está sendo descrito for constituído de várias partes físicas, por exemplo, um conjunto de diapositivos, se o seu contêiner apresenta um título coletivo não fornecido pelas partes, este serve como elemento unificador, ou seja, como fonte principal de informação. Se não existe este elemento, um material adicional constituído de texto, manual ou folheto pode ser considerado como fonte de informação. Neste caso, faça uma nota indicando a fonte de

informação. (PEROTA, 1997, p. 115)

Isso permite afirmar que para uma catalogação precisa, o material como um

todo e seus anexos devem ser considerados como fonte de informação. Segundo

Gehke (2008,) a informação nos materiais iconográficos é tanto intrínseca

(informações retiradas do próprio material) quanto extrínseca (informações obtidas

através de pesquisa). Saber quem doou, quando e se o indivíduo fez parte do

momento retratado, também é importante para a descrição da imagem. A imagem

deve ser investigada, analisada, interpretada.

Embora a catalogação se faça como um importante processo de recuperação

e disseminação da informação, só esta não basta para que a recuperação da

informação seja completa. Como um auxílio e complemento da catalogação surge

aindexação. Processo no qual é retirado do material termos chaves para a sua

representação, a fim da recuperação da informação.

Page 34: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

32

Com relação à indexação de imagens, este tem como principio para a

recuperação da informação o próprio item. “O grande desafio é representar a

imagem com finalidade documental, propiciando a sua recuperação apropriada em

resposta a uma demanda cada vez mais especializada do usuário.” (ESTORNIOLO

FILHO, 2004, p. 2). Cabe frisar que ao indexar imagens se objetiva identificar a

própria imagem em si, o seu conteúdo informacional, mas também o objeto no qual

esta sendo representado nela.

Com base em Panofsky (1979 apud SMIT, 1996, p.30) para que ocorra

realmente a recuperação da informação das imagens, estas devem ser analisadas

em três níveis:

Nível pré-iconográfico: nele são descritos, genericamente, os objetos e ações representados pela imagem;

Nível iconográfico: estabelece o assunto secundário ou convencional ilustrado pela imagem. Trata-se, em suma, da determinação do significado mítico, abstrato ou simbólico da imagem, sintetizado a partir de seus elementos componentes, detectados pela análise pré-iconográfica;

Nível icológico: propõe uma interpretação do significado intrínseco do conteúdo da imagem. A análise iconológica constrói-se a partir das anteriores, mas recebe fortes influências do conhecimento do analista sobre o ambiente cultural, artístico e social no qual a imagem foi gerada.

Isso faz supor que, tudo o que é retratado na imagem deve ser levado em

consideração no momento de sua análise, tanto as informações intrínsecas quanto

extrínseca. Desse modo nenhuma informação será perdida pelo indexador. Como a

imagem geralmente não traz algo escrito sobre si, se faz necessário alguns

questionamentos. De acordo com Panofsky (1979 apud SMIT, 1996, p.32):

QUEM Identificação dos objetos e personagens.

ONDE Lugar, localização geográfica.

QUANDO Localização da imagem no tempo, datas.

COMO/QUE Descrição de detalhes do objeto focado.

Dessa forma, a indexação responderia a todos os questionamentos

relacionados à recuperação da informação da imagem. Ao se indexar imagens o

Page 35: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

33

bibliotecário deve levar em conta os detalhes, são nestes que a informação esta

realmente contida.

A fotografia é uma manifestação visual. Nela sempre há um foco central, uma razão de ser que motivou aquela tomada fotográfica. Há que se considerar, contudo, que este motivo central está cercado de informações que a ele se entrelaçam de diversas maneiras. Pode ser importante saber, por exemplo, que prédio é aquele ao fundo de uma fotografia de corpo inteiro de determinada personalidade. E algumas vezes é também importante considerar o extracampo: o que girava em torno deste recorte espaço-temporal que se transformou em fotografia? (MANINI, [20--?]).

4

Como se pode ver, com o recolhimento de informações adicionais sobre a

imagem, a informação sobre a mesma será recuperada de forma completa, não se

perdendo nenhum detalhe, representando todo o contexto ao qual a imagem

pertence. Para uma indexação mais precisa ainda é necessário um conhecimento

prévio da temática do acervo por parte do catalogador, dessa forma a recuperação

da informação ocorreria de forma mais clara.

A socialização da informação contida em imagens é de suma importância,

mas nem todos dão o devido valor. A imagem como fonte de informação vem aos

poucos conquistado seu espaço. “Com a instauração de um novo paradigma do

conhecimento, a imagem passa a ser tratada como um significativo repositório de

informações que antes passava despercebida.” (AZEVEDO NETTO, FREIRE,

PEREIRA, 2004, p. 17). Com relação à informação imagética, como foi afirmado

anteriormente, com o advento das tecnologias de informação estas passaram a ter

um lugar de destaque.

Além da própria natureza complexa do objeto imagético, as diferentes possibilidades de uso desse registro, que podem ir da mera ilustração de textos, passar pela importância como fonte de informações para diversas áreas do conhecimento, até o deleite absoluto da pura fruição estética, encanta e apaixona aqueles que se dedicam em conhecê-lo (SILVA, 2000, p. 169).

Dada à relevância que as informações imagéticas possuem como fonte de

informação, a sua recuperação e disseminação se faz necessária. Por tudo isso a

criação de mecanismos e o surgimento de fontes de recuperação de informação

através de imagens se fazem importante. As fontes imagéticas servem muitas vezes 4 Documento on-line, não datado e não paginado.

Page 36: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

34

para a construção de opinião, reconstrução da identidade e da história. Neste caso

encontramos o Acervo Iconográfico da Escola de Música da UFRN, que contém um

acervo riquíssimo de imagens que contam a história da EMUFRN, mas que

atualmente não se encontra tratado e socializado.

Page 37: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

35

5 O ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA MÚSICA DA UFRN

A Escola de Música foi fundada no ano de 1962 e incorporada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte nesse mesmo ano, no dia 04 de outubro. Compôs o

antigo Instituto de Letras e Artes em janeiro de 1968, e em seguida, passou a ser

órgão integrante do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHLA). A Escola

de Música da UFRN (EMUFRN) se tornou, ao longo de sua história, uma rica fonte

para a música no Rio Grande do Norte (RN), pois a maioria dos músicos do Estado é

formada através dessa Instituição.

A EMUFR ao longo de história aparece como uma instituição importante para

a difusão da cultura, sobretudo da música do Rio Grande do Norte. “Durante as três

primeiras décadas de sua atuação, a EMUFRN movimentou a cultura musical no

estado: promoveu seminários, recitais, festivais, encontros de bandas, ciclos de

conferências e apresentações de professores e alunos.” (HISTÓRICO, 2005).

A sua criação também foi fundamental na difusão da música. Elaborando

eventos de extensão, a EMUFRN pode levar a música aos quatro cantos do Estado.

Em 2002, a EMUFRN tornou-se Unidade Acadêmica Especializada, cumprindo

assim objetivos especiais de ensino, pesquisa e extensão. Atualmente, a EMUFRN

oferece vários cursos, atendendo desde o público infantil com a Iniciação Musical

até a Pós-graduação.

Como Unidade de Informação, a EMUFRN dispõe de uma Biblioteca setorial

especializada em Música integrada ao Sistema de Bibliotecas da UFRN.

Subordinada à direção da EMUFRN, segue as diretrizes técnicas da Biblioteca

Central Zila Mamede (BCZM). Tem como missão dar suporte informacional a toda

comunidade acadêmica da EMUFRN quanto às atividades de ensino, pesquisa e

extensão. Seu acervo é constituído por obras de referências, livros, folhetos, teses,

dissertações, monografias e multimeios, notadamente, partituras, cd’s e dvd’s.

A Biblioteca Padre Jaime Diniz conta com um considerável acervo sonoro. O

referido acervo é composto por CDs. Salientamos que todo o acervo encontra-se

digitalizado permitindo o seu acesso ao usuário de forma on-line através do catálogo

da biblioteca, que remete a uma página na web exclusiva do acervo. Nesta

modalidade o usuário tem a facilidade de recuperar a informação que deseja.

Apesar dessa diversidade em seu acervo, a EMUFRN ainda não havia

despertado para a inclusão de um acervo iconográfico em sua Unidade de

Page 38: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

36

Informação. Ao longo dos anos, a EMUFRN acumulou um acervo de fotografias,

programas de concertos, desenhos, caricaturas, anotações e diversos outros

materiais iconográficos significativos, caracterizando uma importante fonte

documental, capaz de subsidiar o resgate da história da Instituição.

Atualmente, esse acervo iconográfico encontra-se na Biblioteca Setorial de

Música sem nenhum tratamento técnico adequado. Contudo, exalta-se a sua

importância quanto ao resgate da memória da Instituição e, consequentemente, a

sua socialização. “Como a imagem assume um papel cada vez mais importante

como meio de expressão em nossa sociedade, o profissional documentalista deve

considerar a imagem fotográfica como documento, como informação a ser tratada e

recuperada” (ESTORNIOLO FILHO, 2004, p. 12).

Diante do exposto, é perceptível que o tratamento técnico deste acervo é

bastante pertinente, visto que, a catalogação e a indexação permitem a recuperação

da informação por parte do usuário. Segundo Barthes (1984) é função do

bibliotecário demonstrar a variada presença de signos representados, nem sempre

explicitamente, em uma imagem, com o objetivo de tornar acessíveis os documentos

de uma coleção. Essa demonstração ocorre através da catalogação e indexação.

Consequentemente, o acervo iconográfico da EMUFRN está sendo reunido

na Biblioteca Setorial com intuito da sua digitalização e, consequentemente, a

difusão da informação contida neste. Para tanto, a direção da Biblioteca Setorial

necessita tratamento técnico do acervo, elaborado através da catalogação, mas

sobre tudo com ênfase na indexação destas imagens.

O Acervo da EMUFRN é composto por vários materiais iconográficos, mas

80% desse é composto por fotografias, que retratam fatos e acontecimentos

marcantes na história da EMUFRN, com a participação das personalidades que

compuseram esta história, então se dará ênfase a este material. O tratamento do

acervo foi iniciado com essas fotografias.

Para que ocorra então, a catalogação e a indexação do acervo se faz

necessário, uma pesquisa de campo, com aqueles que fizeram parte desta história.

O primeiro passo foi dado com coleta da memória oral, através de depoimentos e

entrevistas de pessoas participantes da história da EMUFRN.

Sabemos que a catalogação deste tipo de material segue as mesmas regras

que os outros materiais, mas com a ênfase na área das notas, pois constam as

informações extras do material. Uma dificuldade talvez encontrada na catalogação

Page 39: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

37

deste tipo de material seja na escolha da entrada principal, visto que, diferentemente

de livros e outros materiais escritos, a fotografia não possui um autor e um título

principal. Cabe ao catalogador colher informações necessária sobre as fotografias

para assim realizar a escolha dos melhores termos para a representação do item.

Em suma, a catalogação ou representação descritiva do item é bastante

necessária para a recuperação da informação, mas para um melhor entendimento

por parte do usuário sobre o item é necessário também que ocorra a sua indexação.

Sobre a importância da indexação Manini (2002, p.24) nos diz que “os principais

objetivos da operação de indexação de documentos é tornar a sua recuperação

eficiente, precisa e rápida.” É através dos termos gerados pela indexação que o

usuário recupera a informação que esta precisando. Quanto mais profundo for a

análise do documento, melhores serão as chances de sua recuperação.

O tratamento da informação gera produtos que podem ser um número, descritores e/ou resumo, relacionados a uma referência. O processo de análise do conteúdo do documento é importantíssimo para a recuperação da informação, pois é dela que resultarão a

indexação e o resumo. (MANINI, 2002, p. 32)

Diante do exposto, fica evidenciado que, assim como os outros materiais, as

fotografias devem ser analisadas no todo, gerando a possibilidade da recuperação

da informação através da indexação. As fotografias da EMUFRN geralmente

retratam um evento organizado pela Escola, como recitais, recital de conclusão de

curso, Semana da Música e outros. Diante do exposto, foi elaborado um formulário

de identificação para cada fotografia com os seguintes questionamentos:

1. (Quem) identifique os personagens que compõem a fotografia

2. (Onde) Identifique o local onde foi tirada a fotografia.

3. (Quando) Identifique quando aconteceu esta fotografia. (Uma possível data, ano, estação do ano e/ou década de ocorrência).

4. Você consegue descrever o que os personagens estão fazendo? (Ações,

eventos, emoções)

5. Acréscimo de alguma informação complementar a este formulário

Refletindo Panofsky, citado no capítulo anterior, sobre os seguintes

questionamentos: o que, que, quando, onde e quem, pode-se adquirir informações

Page 40: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

38

importantes sobre a imagem. A partir do momento em que o catalogador conseguir

extrair das imagens estas repostas se pode dizer que serão pertinentes a sua

transmissão. Observemos a figura abaixo:

Fonte: Acervo iconográfico da EMUFRN

Vejamos um exemplo de uma fotografia sem tratamento técnico. Ao

observarmos a fotografia acima o que podemos ver, qual a informação é

transmitida? Os que entendem de música dirão que é uma orquestra, e muito

provavelmente, tocando dentro de uma igreja. Mas se acrescentarmos as

informações recolhidas, catalogarmos e indexarmos a fotografia fará mais sentido

para quem a observa. Do que realmente se trata esta imagem?

Aplicando o questionário acima citado e as recomendações de Panofsky em que

se deve responder alguns questionamentos sobre a fotografia, poderemos passar a

verdadeira informação da fotografia acima:

Quem: Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRN

O que: Encerramento do ano letivo

Quando: ano de 1970

Onde: Na Igreja Santo Antônio, mais conhecida como Igreja do galo

Sobre a fotografia acima ainda podemos relatar fatos ligados a ela, para que a

informação do fato ocorrido chegue até ao usuário de forma completa, como por

Page 41: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

39

exemplo, que: o aluno Glênio Manso Maciel figura como Spalla5 em substituição ao

professor Pietro que havia falecido recentemente em acidente de carro no trajeto

Natal/Recife, no dia 30 de setembro de 1970 (carro chocou-se com trem em

Parnamirim, RN), cujos passageiros eram: prof. Clóvis Pereira dirigindo o carro

(fusca azul pertencente aos três professores), prof. Pietro no banco de trás e prof.

Emílio Sobel.

Em suma estes questionamentos servem de base para a indexação, mas não

pode ser o todo. O recolhimento de toda a informação ligada ao material é de suma

importância para a recuperação da informação. Quanto mais informação coletada

sobre o item melhor será sua recuperação.

A quantidade de dados e/ou características de fotografias com os quais queiramos ou possamos trabalhar dentro de um acervo é ilimitada, mas a delimitação é sempre exigida ao profissional da informação. Fazer remissivas, anotar relações entre documentos, criar conjuntos fotográficos, padronizar, classificar, colocar em ordem, controlar um vocabulário, etc.: tudo isto é realizado tendo em vista o usuário.(MANINI, 2002, p. 125)

Dessa forma, o usuário do acervo com certeza sairá satisfeito com a

recuperação da informação. Muitos autores também afirmam que se deve levar em

consideração o porquê da produção da imagem.

Visando a socialização do acervo iconográfico da EMUFRN, sugerimos que

as imagens que já se encontram digitalizadas, sejam incorporadas ao catálogo do

acervo da biblioteca, assim como o acervo sonoro citado acima , obviamente depois

de receberem o tratamento técnico devido.

Parece pertinente afirmar que após o exposto, o acervo iconográfico da

EMUFRN, merece ser tratado e posteriormente divulgado, sendo este uma fonte

riquíssima de informação relacionada à história de uma das instituições mais

importantes para a música do Estado.

Neste contexto a indexação surge como um meio, um mecanismo de

recuperação, e consequentemente de disseminação da informação. Mas em relação

à indexação de imagens toda a informação que se poder coletar será de grande

5 Afinador da orquestra.

Page 42: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

40

utilidade., visto que, a forma de apresentação da imagem possui características

próprias.

Page 43: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

41

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A informação sempre acompanhou o homem durante seu percurso histórico e

o auxiliou nas tomadas de decisão. Ao longo da história a informação passou a

ganhar mais força entre os homens, isto fica evidenciado através da evolução dos

seus suportes, como o papiro, pergaminho, papel e meios digitais.

Como instituições de preservação da informação surgem às bibliotecas,

criadas na antiguidade para a preservação cultural dos grandes centros urbanos.

Com a mudança do paradigma da informação as bibliotecas passaram de lugares de

preservação e se tornaram lugares de disseminação da informação. Para que a

biblioteca atenda as necessidades de seus usuários, sua coleção é formada e

organizada para seu público. A política de desenvolvimento de coleções garante isso

à biblioteca.

Para que a informação pudesse ser transmitida não basta estar contida dentro

da biblioteca, é necessária a criação de mecanismos de recuperação da informação.

Neste contexto surgem a catalogação e a indexação, entre outras alternativas.

Portanto faz-se necessário trabalhar em torno de mecanismos que visam

representar a informação na sua forma física ou temática, a fim de sua recuperação.

A indexação surge como um processo técnico capaz de representar a informação de

forma sucinta, padronizada e organizada, permitindo assim, a recuperação eficaz da

informação por parte do usuário.

Cabe frisar que a informação se apresenta de várias formas, escrita, oral,

musical e imagética. Sobre a informação imagética esta tem ganhado força como

fonte de informação através do surgimento das TICs. Com sua vasta expansão, em

alguns centros de informação estas podem gerar coleções ou acervos, mais

conhecidos como acervos iconográficos, formados por bancos de imagens. E é claro

com determinadas características. A catalogação e a indexação deste tipo de acervo

merecem um cuidado especial por parte do bibliotecário, visto que, a informação é

transmitida através de imagens.

O tratamento técnico dado às imagens deve ser elaborado além do conteúdo,

visto que a imagem possui características próprias. Na catalogação deve-se dar uma

maior ênfase na área de notas e de descrição física. A indexação surge como um

complemento da catalogação.

Page 44: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

42

Em relação à indexação de imagens, esta ocorre de melhor forma quando se

tenta responder os seguintes questionamentos: quem, onde, quando, como e o que.

Porém é necessário observar a imagem no todo, seu foco e tudo o que está a sua

volta, o porque da existência da imagem.

A EMUFRN ao longo de sua história acumulou um vasto acervo formado por

gravuras, folders, fotos e outros materiais, que contem em si registros dos 50 anos

da escola, capaz de permitir a reconstrução desta história.

Diante do exposto conclui-se que a informação existe de forma abundante e

que a sua socialização é importante, visto que a informação só ganha sentido de for

transmitida. O usuário em contato com a informação é capaz de tomar decisões,

reduzir suas incertezas, resgatar sua história ou memória.

A informação imagética ganha cada vez mais espaço como fonte de

informação, a formação de acervos iconográficos por instituições ou pessoas são a

prova disto. Com isso, cabe frisar que seu tratamento técnico se faz importante para

a sociedade, pois só através deste tratamento o usuário recuperará a informação no

todo.

Percebendo a importância da informação contida no acervo iconográfico da

EMUFRN, foi proposto a sua socialização. Nesse sentido, a organização do acervo

já foi elaborado, pela Biblioteca Setorial da EMUFRN. É perceptível afirmar que, a

recuperação e disseminação da informação, só ocorrerá de forma completa, se este

for tratado tecnicamente, através de uma catalogação e posteriormente indexação.

Recomendamos que a partir dessa análise inicial do acervo sejam elaboradas

propostas de socialização das informações contidas neste rico acervo.

Page 45: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

43

REFERÊNCIAS

ABNT 6023.

ACERVO ICONOGRÁFICO. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional(IPHAN). Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/montar DetalheConteudo.do?id=12316&sigla=Institucional&retorno=detalheInstitucional>. Acesso em: 04 out. 2012.

ALVES, Erinaldo. A informação, a cidadania e a arte: elos para a emancipação. Informação & Sociedade: estudos, João Pessoa, v. 7, n. 1, p. 12-25, jan./dez. 1997. Disponível em: http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/351/1598. Acesso em: 18 jun. 2012. ARAÚJO, Eliany Alvarenga;DIAS, Guilherme Atayde. A atuação profissional do Bibliotecário no contexto da sociedade da informação: os novos espaços de informação. In: OLIVEIRA, Marlene (Cor.).Ciência da Informação e Biblioteconomia : novos conteúdos e espaços de atuação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. ARAÚJO, Eliany Alvarenga; OLIVEIRA, Marlene de . A produção de conhecimentos e a origem das bibliotecas. In: OLIVEIRA, Marlene (Cor.).Ciência da Informação e Biblioteconomia : novos conteúdos e espaços de atuação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. AZEVEDO NETTO, Carlos Xavier. A arte rupestre no Brasil; Questões de transferência e representação da informação como caminho para interpretação. Tese.Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: < http://tede-dep.ibict.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=22 >. Acesso em: 02 nov. 2012. AZEVEDO NETTO, Carlos Xavier de. FREIRE, B. Maria J. PEREIRA, Perpétua. A representação de imagens no acervo da Biblioteca Digital Paulo Freire – proposta e percursos. Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 3, p.17-25, set./dez. 2004. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ci/v33n3/a03v33n3.pdf. Acesso em: 15 out. 2012. BARTHES, Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. 185 p. BEZERRA, Carlos André Cruz. Digitalização como alternativa para a preservação documental: caso do projeto catálogo virtual da carnaúba do Núcleo Temático da Seca e do Semi-árido da UFRN. 54f. Monografia (Bacharelado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2010. ESTORNIOLO FILHO, José. A representação da imagem: indexação por conceito e por conteúdo. Monografia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2004. Disponível em: <rabci.org/rabci/sites/default/files/Estorniolo-Imagem.pdf>. Acesso em: 10 out. 2012.

Page 46: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

44

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 6.ed. Curitiba: Positivo, 2004. GEHRKE, Cristiano. SILVEIRA, Graciela. CERQUEIRA, Fábio. Metodologia de catalogação e conservação do acervo fotográfico do museu etnográfico da colônia Maciel. [S. l]: [s.n], <2008.http://www.ufpel.edu.br/cic /2008/cd/pages/ pdf/CH/CH _00300.pdf>. Acesso em: 15 out. 2012. GUINCHAT, Claire; MENOU, Michel. Introdução geral às ciências e técnicas da informação e documentação. Brasília: IBICT, 1994.

HISTÓRICO: A Escola de Música da UFRN. 2005. Disponível em: <http://www.musica.ufrn.br/em/?page_id=50>. Acesso em: 12 set. 2012.

ICONOGRAFIA. Fundação da casa Rui Barbosa. Disponível em: http://iconografia.casaruibarbosa.gov.br/fotoweb/default.fwx. Acesso em: 04 out. 2012. KURAMOTO, Hélio. Uma abordagem alternativa para o tratamento e a recuperação de informação textual: os sintagmas nominais. Revista Ciência da Informação, v. 25, n. 2, 1995. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/ index.php/cii nf/article/view /435/393. Acesso em 15 out. 2012.

LE COADIC, Yves-Francois. O objeto: a informação. In: ______. A ciência da informação. Tradução Maria Yêda F.S. de Filgueiras Gomes. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2004. Cap. 1, p. 3-12. MANINI, Mirian Paulo. Análise documentária de fotografias: um referencial de leitura de imagens fotográficas para fins documentários. Tese. 231 f. 2002. São Paulo. Universidade de São Paulo. Disponível em:< http://jforni.jor.br/forni/files/An%C3%A1lise%20document%C3%A1ria%20de%20fotografias%20-%20Miriam%20Manini.pdf>. Acesso 15 nov. 2012. MARTINS, Wilson. A palavra escrita: história do livro, da imprensa e das bibliotecas. 3. ed. São Paulo: Ática, 2001.

MATTELART, Armand. História da Sociedade da Informação. Tradução de Nicolás Nyimi Campanário. São Paulo: Loyola, 2002. MILANESI, Luis. Biblioteca. Cotia, SP: Ateliê Ed, c2002. 116 p.

MORIGI, Valdir José. PAVAN, Cleusa .Tecnologias de informação e comunicação: novas sociabilidades nas bibliotecas universitárias. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 1, p. 117-125, jan./abr. 2004. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/view/72/69. Acesso em: 15 ago. 2012.

Page 47: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

45

OLIVEIRA, Marlene. Origens e evolução da Ciência da Informação In: OLIVEIRA, Marlene (Cor.).Ciência da Informação e Biblioteconomia : novos conteúdos e espaços de atuação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.

PEROTA, Maria Luzia Loures Rocha . Materiais iconográficos. In: ------. Multimeios: seleção, aquisição, processamento, armazenagem, empréstimo. 4. ed. Vitória, ES: EDUFES, 1997. 183 p. RIBEIRO, Antonia Motta de Castro Memória. Materiais gráficos. In: -------

.Catalogação de recursos bibliográficos pelo AACR2R 2002. Brasília: Ed. Do

Autor, 2003.

ROBREDO, Jaime. Da ciência da informação revisitada aos sistemas humanos de informação. Brasília, D.F: Thesaurus; SSRR Informações, 2003. xii, 262 p. ISBN: 857062381. RODRIGUES, Ricardo Crisafulli. Análise e tematização da imagem fotográfica. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 36, n. 3, set./dez. 2007. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-196520070 00300008&s cript=sci_artt ext>. Acesso em: 03 out. 2012. SILVA, Cássia M. M. Imagem x palavra: a recuperação da informação imagética. Interdiscursos da ciência da informação: arte, museu e imagem. Rio de Janeiro : IBICT/DEP, 2000. SIMIONATO, Ana Carolina. Catalogação de imagens digitais. [20--?]. Disponível em:<http://rabci.org/rabci/sites/default/files/Cataloga%C3%A7%C3%A3o%20de%20imagens%20digitais_id.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2012. SMIT, Johanna W. A representação da imagem. Informare – Cadernos da Pós-Graduação, Ci. Inf., Rio de Janeiro, v.2, n.2, p. 28-36, jul./dez. 1996. Disponível em:< http://ibict.phlnet.com.br/anexos/smitv2n2.pdf>. Acesso em: 25 out. 2012. TOFFLER, Alvin. Uma colisão de ondas. In: -----. A terceira onda. Tradução de João Távora. 21.ed. Rio de Janeiro: Record, 1995. VIEIRA, Simone Bastos. Indexação automática e manual: revisão de literatura. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 17, n. 1, jan./jun. 1988. Disponível em<: http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/view/1391/1017>. Acesso em: 13 set. 2012.

Page 48: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

46

Page 49: ACERVO ICONOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA … Docentes do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio ... Escola da Musica da UFRN deve ser tratado e posteriormente socializado

47

ANEXO A - Formulário de identificação do acervo iconográfico

EMUFRN

FORMULÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DO ACERVO ICONOGRÁFICO Álbum / Foto

Nome do colaborador:

FOTOGRAFIA

2) (Onde) Identifique o local

onde foi tirada a fotografia.

3) (Quando) Identifique quando

aconteceu esta fotografia.

(Uma possível data, ano,

estação do ano e/ou década de

ocorrência).

1) (Quem) Identifique os personagens que compõem a fotografia.

PERSONAGEM FUNÇÃO/ATIVIDADE NA ÉPOCA

ORQUESTRA SINFÔNICA DA ESCOLA DE MÚSICA DA UFRN

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

4) Você consegue descrever o que os personagens estão fazendo? (Ações, eventos, emoções)

5) Acréscimo de alguma informação complementar a este formulário